O Corpo Humano ao longo da História

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O Corpo Humano ao longo da História O desenho pode ser definido como a interpretação de qualquer realidade, visual, emocional, intelectual, ou outra, através da representação gráfica. O Desenho de Observação assenta em quatro conceitos básicos: enquadramento, Composição, Perspectiva e Proporções O desenho de observação é sobretudo um meio para se adquirir o domínio sobre os fundamentos do desenho (que não são regras), sobre a percepção visual e sobre o espaço no qual se desenvolve, seja ela bi ou tridimensional. No exercício do desenho de observação desenvolve-se o pensamento analógico e concreto, o senso de proporção, espaço, volume e planos. A sensibilidade e a intuição são espicaçadas enquanto se passa a apreciar melhor os outros elementos da linguagem gráfica: textura, linha, cor, estrutura, ponto e composição. Desde os primórdios da arte, desde as fantásticas pinturas rupestres da antiguidade, que o ser humano demonstra um grande fascínio pela sua própria imagem. Artistas renascentistas como Michelangelo, Leonardo da Vinci ou Rafael, aprofundaram esse estudo da figura humana, aplicando os seus conhecimentos anatómicos à arte clássica. Observando a evolução da história da arte, compreendemos que não existe uma linha progressiva e contínua, onde os artistas teriam evoluído na compreensão e representação da anatomia (e também em outras matérias, como perspectiva e técnica). Ocorreram oscilações em épocas diversas, quando os artistas tiveram maior ou menor interesse na representação anatómica e, suponho, conhecimento desta matéria. Para ilustrar este fato, vale lembrar que a L.da

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O Corpo Humano ao longo da História

O desenho pode ser definido como a interpretação de qualquer realidade, visual, emocional, intelectual, ou outra, através da representação gráfica.

O Desenho de Observação assenta em quatro conceitos básicos: enquadramento, Composição, Perspectiva e Proporções

O desenho de observação é sobretudo um meio para se adquirir o domínio sobre os fundamentos do desenho (que não são regras), sobre a percepção visual e sobre o espaço no qual se desenvolve, seja ela bi ou tridimensional.

No exercício do desenho de observação desenvolve-se o pensamento analógico e concreto, o senso de proporção, espaço, volume e planos.

A sensibilidade e a intuição são espicaçadas enquanto se passa a apreciar melhor os outros elementos da linguagem gráfica: textura, linha, cor, estrutura, ponto e composição.

Desde os primórdios da arte, desde as fantásticas pinturas rupestres da antiguidade, que o ser humano demonstra um grande fascínio pela sua própria imagem. Artistas renascentistas como Michelangelo, Leonardo da Vinci ou Rafael, aprofundaram esse estudo da figura humana, aplicando os seus conhecimentos anatómicos à arte clássica.

Observando a evolução da história da arte, compreendemos que não existe uma linha progressiva e contínua, onde os artistas teriam evoluído na compreensão e representação da anatomia (e também em outras matérias, como perspectiva e técnica). Ocorreram oscilações em épocas diversas, quando os artistas tiveram maior ou menor interesse na representação anatómica e, suponho, conhecimento desta matéria. Para ilustrar este fato, vale lembrar que a estética Bizantina, onde a realidade anatómica é deixada em segundo plano, é posterior à Arte Grega e Romana, que atingiu altos níveis de compreensão

e representação do corpo humano, representados nos baixo-relevo e esculturas. A anatomia acompanha o homem há milhares de anos; existem descrições anatómicas em textos antigos, como no evangelho de São Lucas da Bíblia, e na Ilíada de Homero. Dante Alighieri descreve a "anatomia do diabo" na Divina Comédia, e Cervantes utiliza termos anatómicos em Dom Quixote. A anatomia acompanha a civilização, desenvolvendo-se ao lado do

conhecimento do corpo humano. A Medicina surge no Egipto, no período 2700 - 2200 a.C.

L.da Vinci

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através dos antigos médicos e cirurgiões dos Faraós, mesclada com a magia, ocultismo e crenças em divindades.

A dissecação humana era um tabu nas sociedades antigas e medievais até que, no início do século XV, algumas universidades Italianas permitiram que seus médicos de maior credibilidade e pessoas imunes aos comentários gerais, promovessem dissecações públicas de criminosos executados, atraindo grande público. Durante o Renascimento, "Artista" era uma designação atribuída somente aos seres dotados não somente de grande adestramento da mão e conhecimentos dos materiais artísticos mas, também, de conhecimentos em matérias diversas. Para se transformar uma criança talentosa em um grande artista, era necessário muito

estudo, adestramento da mão, do olhar e do intelecto, trabalho e sensibilidade. Leonardo da Vinci, nascido em 15 de Abril de 1452, em Vinci, Itália, é quem melhor se enquadra na definição renascentista de "Artista", por ter sido mestre em matérias tão diversas quanto matemática, botânica, arquitectura, física, geometria, aerodinâmica, música, pintura, desenho, anatomia e outras. Realizou estudos anatómicos, unificando o conhecimento anatómico

obtido através da dissecação ao conhecimento da representação artística, focalizando os detalhes da forma externa do corpo humano. Em 1495, abandonou seus estudos anatómicos, para retomá-los em 1508-10, iniciando uma nova metodologia de investigação, registando o que via,

e depois, a função da estrutura, observada através da dissecação. Foi o primeiro a perceber que os órgãos internos deveriam ter uma função. Da Vinci tinha a intenção de publicar um tratado científico de anatomia e, para isso, executou 600 folhas contendo milhares de desenhos.

É esse estudo dos músculos, do esqueleto, do gesto e da expressão, que constitui a anatomia artística. Essa, por sua vez, aprofunda o nosso conhecimento acerca da figura humana, dando-nos conhecimento e técnica muito úteis à prática da arte.

Desde então, a representação da figura humana tem-se transformado, alterado, desenvolvido (para o bem e para o mal). Artistas impressionistas como Degas estudaram os mais distintos pintores do renascimento, para assim poderem criar as suas obras com uma

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mais ampla visão. Degas misturava o estilo impressionista, inspirado em Manet, com bases assentes na Renascença Italiana.

Outros artistas, como Salvador Dalí, aplicaram o estudo da anatomia, da figura humana, de modo a superarem o "real". Este artista catalão teve uma infância muito ocupada, em que estudou afincadamente o corpo humano, a sua forma, expressão e movimento. Foi esse estudo que lhe permitiu criar as suas fantásticas obras surrealistas.

M. Ângelo

Estudo de Miguel Ângelo

Estudo de Rafael

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Salvador Dali

Assim podemos concluir que o estudo da figura humana, teve e tem, um gigantesco peso na arte ao longo dos séculos. É incrivelmente difícil criar qualquer imagem que represente o Homem, sem ter em conta o que fizeram os grandes mestres renascentistas. Todos estamos, directa ou indirectamente, influenciados pelo estudo meticuloso de Michelangelo, ou pelo génio de Rafael.

Manet

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