O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia...

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1 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL JORNALISMO O crescimento do jornalismo popular no Rio de Janeiro: Um estudo de caso do jornal Meia Hora. Monografia apresentada à Universidade Castelo Branco como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Orientador: Prof. Ms. Hiran Roedel Rio de Janeiro 2013 Jonathan de Souza Borquet

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

JORNALISMO

O crescimento do jornalismo popular no Rio de Janeiro:

Um estudo de caso do jornal Meia Hora.

Monografia apresentada à Universidade

Castelo Branco como requisito parcial

para obtenção do título de bacharel em

Comunicação Social, com habilitação em

Jornalismo.

Orientador: Prof. Ms. Hiran Roedel

Rio de Janeiro

2013

Jonathan de Souza Borquet

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O crescimento do jornalismo popular no Rio de Janeiro:

Um estudo de caso do jornal Meia Hora.

Orientador: Prof. Ms. Hiran Roedel

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________

_________________________________

____________________________

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Dedicatória

Dedico este trabalho a minha mãe, Ildnéia

do Couto de Souza, que possibilitou com

que isso acontecesse.

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Agradecimentos

Agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização

deste trabalho, agradeço imensamente aos meus colegas de curso, em ordem

alfabética para que não haja nenhum comentário de predileção: Emanuele

Cardoso, Jéssica Araújo, Lorena Brum, Marcus Vinícius Celano e Úrsula Souza,

sem eles jamais chegaria a onde estou.

Agradeço a minha família, minha mãe Ildnéia Souza, minha Irmã Aline

Correa, meu cunhado Alexandre Correa, e aos meus três afilhados, Igor Correa,

Hugo Correa e Caio Correa.

Agradeço aos meus amigos, que estão sempre do meu lado nos dias difíceis

e nas alegrias também, novamente em ordem alfabética para evitar qualquer

imbróglio. Carlos Lopes, Clauder Sousa, Pedro Gomes, Talita Santiago, Rafael

Brügger, Raphael Sousa e Wanessa Ribeiro Sousa.

Agradeço especialmente a minha namorada e futura esposa Rayane Pereira

do Nascimento, que me passa alegria, força e tudo que uma mulher pode

transmitir ao seu parceiro.

Agradeço aos entrevistados nas matérias e trabalhos acadêmicos ao longo do

curso, que possibilitaram a conclusão das mesma.

E finalmente, agradeço à Deus que me guia e ajuda sempre.

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Resumo

No início do século XX, surgiram diversos jornais ditos populares, direcionados para

um público de menor poder aquisitivo e também para uma parcela da população

desacostumada com o hábito de leitura de jornal impresso. Os jornais populares

estreitam relações com o seu leitor através de prestação de serviços, no

entretenimento e com temas ligados ao cotidiano de seus leitores. No ano de 2005

surge no Rio de Janeiro o jornal popular Meia Hora, que se tornou o jornal mais lido

da cidade. Este trabalho avalia as capas do jornal Meia Hora para verificar se

realmente de trata de um jornal realmente popular ou faz uso sensacionalismo para

ser o jornal de sucesso e muito vendido.

Palavras-chave: Jornalismo, jornalismo popular, Meia Hora.

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Sumário

INTRODUÇÃO...........................................................................................................08

CAPÍTULO 1 - JORNALISMO POPULAR...............................................................09

1.1 Notícia x Sensacionalismo................................................................................10

1.2 Jornalismo Popular pelo mundo......................................................................12

CAPÍTULO 2 - A IMPRENSA E A CHEGADA DO JORNALISMO POPULAR NO

BRASIL......................................................................................................................14

2.1 O início do jornalismo popular no Brasil.........................................................15

2.2 Jornalismo popular atual...................................................................................17

CAPÍTULO 3 -SENSACIONALISMO x JORNALISMO POPULAR..........................19

3.1 Estudo de caso do jornal Meia Hora.................................................................22

CONCLUSÃO............................................................................................................28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................29

ANEXOS....................................................................................................................31

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INTRODUÇÃO

Com o passar dos anos e da evolução jornalística verificamos em meados do

século XX um crescimento considerável no surgimento dos jornais impressos

chamados de populares. E o objetivo deste trabalho é verificar as formas de

jornalismo popular e sensacionalismo presente atualmente no jornalismo popular

impresso.

Como um todo o termo sensacionalismo quer dizer criar sensações no leitor,

com objetivo de atrai-lo. E, no jornalismo, especificamente, essas ações indicam

audácia, irreverência, questionamento e, muitas vezes podem levar, a inversão da

realidade, erro na apuração ou imprecisão no que diz respeito ao conteúdo das

informações.

A escolha do tema surge em decorrência de discussões acadêmicas levadas

em torno do jornal impresso que circular na cidade do Rio de Janeiro, Meia Hora,

devidos suas características que as vezes muitas vezes ficam entre o popular e o

sensacionalismo. “Cabe ao jornalismo popular ser interessante ao público e não só

responder ao que imagina que seja o desejo do público” (AMARAL, 2006, p. 131).

O principal objetivo da imprensa sensacionalista é satisfazer as necessidades

do público e não informar. Para isso utilizam de formas grotescas, apelativas, é um

tipo de jornalismo que emite sensações exageradas ao leitor. Com esta pesquisa foi

possível obter um embasamento sobre os jornais populares e sensacionalistas, e

por qual motivo eles utilizam linguagens semelhantes. Analisando as diferenças

entre formas, layout, assuntos, abordagem, temática e fotografia de ambos, será

possível distinguir no que se diferenciam o jornalismo popular e sensacionalista.

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A metodologia utilizada abrangeu a análise do assunto estudado, juntamente

com o levantamento bibliográfico e documental, observação direta. Esta análise

pretendeu contribuir para o jornalismo, diferenciando o caráter sensacionalista do

popular, identificando as diferenças de cada um, pontuando o que os torna

sensacionalistas ou populares.

CAPÍTULO 1

JORNALISMO POPULAR

Conceituando jornalismo popular, também conhecido como alternativo,

verificamos que a forma como se escreve e se trata o jornalismo, vemos que as

notícias populares combinam propriamente com a democracia. Na ausência da

mesma não há possibilidade de popularizar a notícia.

“O jornalismo é a síntese do espírito moderno: a razão (a “verdade”, a

transparência) impondo-se diante da tradição obscurantista, o

questionamento de todas as autoridades, a crítica da política e a confiança

irrestrita no progresso, no aperfeiçoamento contínuo da espécie. Mas por

incorporar tão energicamente esse espírito, ele se viu órfão quando

balançaram os alicerces da modernidade (falência do discurso humanista

depois de Auschwitz e Hiroshima) e desorientado quanto esta (o “progresso

do homem”) começou a perder terreno diante da sedução mediática

irracional e mágica (TV) e da hegemonia das técnicas do fim do século.”

(MARCONDES FILHO, 2000: p. 9)”

Ao longo da história, a linguagem popular é usada através do séculos pelos

meios de comunicação para a narrar o sensacional, ou seja, narrar o que o povo se

identifica. No jornalismo é possível perceber indícios populares-sensacionalistas a

partir do surgimento da imprensa.

O jornalismo popular que é destinado as classes mais populares e com o menor

poder aquisitivo. Através dos estudos, não possui exatamente uma data de

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surgimento, pois desde a origem do jornalismo há indícios dessa popularização da

notícia e uso do sensacionalismo para descrever os fatos.

1.1 Notícia x Sensacionalismo

Segundo Angrimani (1994), transformar um fato jornalístico que não merece tal

tratamento em sensacional traduz-se em sensacionalismo. A emocionalidade, a

subjetividade e a proximidade com o leitor não são apenas maneiras que façam o

jornal vender mais, também dão suporte de psicanalítico e correspondem as

necessidades do leitor de acordo com o autor. Todavia, o termo de sensacionalismo

está sendo usado sem o devido critério e utiliza-se tal expressão como sinônimos de

apelos gráficos, linguísticos, mentiras e exageros. Cabendo ainda neste conceito

imprecisão e erro na apuração, como indica o autor.

O sensacionalismo como principal ferramenta de atuação jornalística pode tornar

o jornalismo impreciso, pois a procura de audiência e público faz com que as

informações fiquem incorretas e às vezes vagas em decorrência do não

aprofundamento da questão. Isso pode ir de encontro à ética jornalística devido a

utilização de artifícios inaceitáveis para a ética jornalística.

“O sensacionalismo manifesta-se em vários graus, muitas vezes integra o

rol de valores notícia de uma publicação e, portanto, é equivocado tratar do

fenômeno in totum. Rotular um jornal de sensacionalista é afirmar apenas

que ele se dedica a provocar sensações. (AMARAL, 2003, p.135)”

Marcondes Filho (1989) descreve o sensacionalismo a partir da economia

política e da psicanálise. Segundo ele o jornal, com base na informação, que é sua

matéria-prima, cria a notícia como uma mercadoria e à coloca a venda de forma que

o leitor se interesse mais, tornando a mais chamativa e atraente.

A imprensa sensacionalista tem como base fundamental o modelo clássico do

modo liberal de informação e possui as mesmas técnicas de manipulação. De

acordo com Marcondes Filho, as notícias sensacionalistas mobilizam questões

sociais, fazem juízo de valor sobre determinado fato. A pratica do jornalismo

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sensacionalista e popular é para que o jornal tenha uma maior tiragem e está

localizada na diretriz do entretenimento. Para o autor, a única diferença entre o

jornal sensacionalista e o jornal sério é a intensidade com que a notícia é veiculada.

“o grau mais radical de mercantilização da informação: tudo o que se vende

é aparência e, na verdade vende-se aquilo que a informação interna não irá

desenvolver melhor do que a manchete.” (MARCONDES FILHO, 1989, p.

66).

Para a total compreensão de todos os tipos de jornalismo é preciso, se

familiarizar com as divisões dos jornalismo nas publicações impressas. Em relação

ao "sensacionalismo" é correto afirmar que a imprensa de um modo geral utiliza-se

do recurso sensacionalista é a opinião de Amaral(2006).

O próprio lead é um recurso desse tipo, por sublinhar os elementos mais

palpitantes da história para seduzir o leitor. (...) O sensacionalismo (divide-

se) em três grupos: o sensacionalismo gráfico, o sensacionalismo linguístico

e o sensacionalismo temático. O gráfico ocorre quando há uma

desproporção entre a importância do fato e a ênfase visual; o linguístico é

baseado no uso de determinadas palavras; e o temático caracteriza-se pela

procura de emoções e sensações sem considerar a responsabilidade social

da matéria jornalística (apud AMARAL, 2006, p.20).

Partindo do sensacionalismo para o popular, percebemos que a diferença

entre a sedução do leitor e responsabilidade pública é muito tênue. O jornalismo

popular tenta se diferenciar do sensacionalismo, chegando ao leitor utilizando

recursos como prestação de serviços e também através do entretenimento. Para

esse tipo de jornalismo a cobertura e a apuração dos fatos jornalísticos devem ser

mais precisas, porém não tanto quanto no jornalismo de referência.

Segundo Amaral(2006), jornalismo popular é o jornalismo com os mesmos

fundamentos dos jornais de referência, apenas com uma mudança de linguagem e

mais simples e didática. Afirma também que privilegia a cobertura de esporte,

policia, lazer(fofocas) e serviço, temas que diferenciam dos jornais de referência.

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Partindo do popular ao jornalismo de referência (entenda-se como de

referência, os jornais mais conceituados pela mídia de um modo geral. No Rio de

Janeiro, exemplo é o jornal O Globo). Há uma questão a ser discutida, os jornais

mais vendidos do Rio de Janeiro, em banca de jornal, são o Extra e o Meia Hora,

sendo o segundo, o mais vendido em seu segmento (informação dada pelo jornalista

Humberto Tziolas, diretor executivo do jornal Meia Hora, em entrevista ao programa

Agora é Tarde, no dia 13/10/2012). Quem será a referência no jornalismo impresso

atualmente? Anteriormente à década de 1990, a realidade jornalística da época

imputava ao O Globo e ao Jornal do Brasil (falido em 2010) essa referência. Hoje,

pode se dizer que um jornal popular é o mais vendido do Rio de Janeiro, como fica

essa referência?

1.2 Jornalismo Popular pelo Mundo

Entre os séculos XVI e XVII surgiram os primeiros jornais da França –

Nouvelles Ordinaires e Gazette de France. Angrimani (1994) argumenta que

principalmente o Gazette, trazia em seu conteúdo fait divers (fatos diversos –

notícias sem editorias pré-estabelecias, como artes ou política) e notícias

sensacionalistas bem parecidas como que se vê atualmente.

“Antes mesmo desses dois jornais, já haviam surgido brochuras, que eram

chamadas de occasionnels, onde predominavam “o exagero, a falsidade ou

inverossimilhança (...) imprecisões e inexatidões”. Esses occasionnels

relatavam também fait divers (ANGRIMANI, 1994, p. 19)”

O sensacionalismo como inspiração para o jornalismo está caracterizado

desde os séculos mais longínquos. Segundo Angrimanni (1994), jornais franceses

do século XIX, já exploravam a violência, as catástrofes e os fenômenos

inexplicáveis da natureza ou de crença religiosa. Antes disso o jornal americano

Publick Occurrences, já possuía características sensacionalistas.

Nos Estados Unidos, surgiu no final do século XVII o primeiro jornal

americano chamado de Publick Occurrences, que também possui grande

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característica popular e é apontado pelos especialistas como exemplo de jornalismo

popular. E no fim do século XIX, dois outros jornais surgiram e são responsáveis

pelas características de jornalismo visto ainda hoje. Os jornais de Joseph Pulitzer e

de Willian Hearst, são eles o New York World e Morning Journal.

Atualmente o jornal de maior circulação na Europa é Bild da Alemanha,

(World Association of Newspaper – Associação Mundial de Jornais,2005) e também

sexto em circulação mundial. Os assuntos mais explorados pela capa do Bild, são

variedades, economia e política, porém em todas as capas possuem pelo menos

uma notícia referente a variedades, é o que afirma o editor-chefe do jornal, Mathias

Onken.

Segundo Prevedello (2008 p.30) é no final do século XIX que se provoca a

ascensão do sensacionalismo como faceta intrínseca ao jornalismo, após

publicações de artigos de Brito Broca e Afonso Lima Barreto. Há quem defenda que

o sensacionalismo é uma característica constante no jornalismo, no entanto, o

entendimento que compartilhamos, é que o modo sensacionalista é uma

apropriação, de um modo geral, das desgraças da vida, com o único propósito de

alavancar as vendas do jornal, sem compromisso total com a verdade.

São muitas as formas de popularização da mídia costumeiramente tratadas

sobre o rótulo sensacionalista. O sensacionalismo tem servido para

caracterizar inúmeras estratégias da mídia em geral, como a superposição

do interesse público; a exploração do sofrimento humano; a deformação; a

banalização da violência, da sexualidade e do consumo, a ridicularização

das pessoas humildes; o mau gosto; a ocultação de fatos públicos

relevantes; a fragmentação e descontextualização do fato; o denuncismo;

os prejulgamentos e a invasão de privacidade tanto de pessoas pobres

quanto de celebridades, entre tantas outras.(AMARAL, 2006, p.21).

O sensacionalismo tem sido retratado como forma de jornalismo, onde narrar

o sensacional deixou de ser prioridade e o fato de criar sensações a qualquer preço,

acaba deixando de lado, o próprio jornalismo e caracteriza as notícias como

entretenimento.

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Capítulo 2

A imprensa e a chegada do jornalismo popular no Brasil

O surgimento da comunicação está diretamente ligada a origem de uma nova

cultura de massa no século XIX. Barbero (2009) afirma que a comunicação de

massa é dada a partir do surgimento de uma nova cultura denominada popular.

Os folhetins podem ser vistos como o início de uma mudança na

comunicação, possível graças à emergência dessa cultura de massa. Antes de se

referir a publicações inteiras, o termo folhetim designava o rodapé das capas dos

jornais que traziam conteúdos de „variedades‟ não admitidos em seu corpo (Ibidem).

A definição faz referência a outro conceito: os fait-divers, “que de marginal nos

jornais „sérios‟ torna-se básico nos „populares‟” (SERRA, 1980, p. 13).

A expressão folhetim refere-se a um conteúdo novo, que por si só não possui

a necessidade de referência externa a si mesmo, ou seja, é autônomo. A dita

imprensa popular surge somente após a adaptação do folhetim, de rodapé a

publicação que mistura literatura e jornalismo: “Entre a linguagem da notícia e a do

folhetim há mais de uma corrente subterrânea que virá à tona ao se configurar

aquela outra imprensa que, para ser diferenciada da „séria‟, chama-se

sensacionalista ou popular” (MARTÍN-BARBERO, 2009, p. 188).

2.1 O início do Jornalismo Popular no Brasil

O crescimento dos jornais ditos populares, destinados ao público de menor

poder aquisitivo, chamado popularmente de classe C, D e E começou entre 1996 e

2000, após o lançamento do plano Real. As vendas aumentaram consideravelmente,

e passaram de 6,4 milhões para 7,8 milhões de exemplares por dia. Os jornais ditos

de referência tiveram uma perda consistente de mercado, passaram de 25% para

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20%, dados da Agência Nacional de Jornalismo (ANJ) em 2001. Com isso, podemos

afirmar que a estabilidade econômica trazida pelo plano real, colocou no mercado,

ou seja, capacitou quem antes não conseguia comprar, e a partir daquele período a

aquisição ficou facilitada pois uma edição dos jornais populares custava entre R$

0,25 a R$ 1,00. Outro índice que pode ter ajudado no aumento das vendas dos

jornais populares é que a taxa de analfabetismo do país diminuiu. A Pesquisa

Nacional por Amostras de Domicílios 2003 (PNAD), do IBGE, mostra um

analfabetismo de 11,6%, uma queda de 32% desde 1992.

O cenário para renovação da mídia impressa no brasileira, como dito

anteriormente, começou a mudar na década de 1990, devido as mudanças

econômicas que impulsionaram um público que não consumia jornal impresso,

passaram a consumir. Com a advento da internet, a necessidade de adaptação do

impresso para textos mais curtos cresce, o que torna o jornalismo mais próximo do

leitor, com apelo visual mais forte. Essa adaptação não se enquadra nem no

sensacionalismo, praticado no meio do século XIX, com base em objetivos políticos

e na ridicularização humana, nem no jornalismo de referência, caracterizado pela

noção convencional e costumeira do interesse público.

Os novos populares se encaixam na faixa intermediária do sensacionalismo e

do jornalismo de referência. Procura conquistar o leitor pela leitura fácil, pelo visual

mais moderno e pela velocidade dos textos (tornando os muito próximos de um texto

de internet), dão ênfase aos acontecimentos do dia-a-dia e se aproximam de seu

leitor pelo que é de interesse do público, mas sempre evitando exageros e as

fórmulas já consagradas anteriormente.

Os novos jornais apresentam uma gama de cores maior, textos curtos,

inúmeras secções de prestação de serviços, e uma mistura entre entretenimento,

casos policiais e praticamente a exclusão de temas considerados mais densos,

como economia e política. Os populares disseminam ao jornalismo o método de

harmonizar o interesse do público ao que se dirige ao interesse público.

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Por terem que aproximar-se de uma camada de público com baixo poder

aquisitivo e pouco hábito de leitura, os jornais, muitas vezes, transformam-

se em mercadoria de todos os sentidos. Com frequência deixam o bom

jornalismo de lado para simplesmente agradarem ao leitor, em vez de

buscarem novos padrões de jornalismo que reforcem os compromissos

sociais com a população de renda mais baixa. (AMARAL, 2006 p. 30)

Anteriormente os jornais voltados para o grande público, eram pautados ou

pelo interesse político ou somente pelo uso do sensacionalismo, porém atualmente

os jornais populares escolhem se aproximar do público através do entretenimento e

prestação de serviços, através das cartas do leitor. Todo e qualquer jornal

atualmente dedica pelo menos uma página de seu interior às reclamações escrita

pelos seus leitores, a fim de se aproximar dos mesmos. O crescimento do poder

aquisitivo do povo em geral, e como o hábito de leitura não é devidamente

estimulada na população, os jornais populares e sensacionalistas, optam por um

marketing e editorias especificas e com a utilização de promoções, usam somente a

venda avulsa (sem a opção de assinatura mensal), apropriam-se de textos curtos -

de fácil compreensão e interpretação, com menos páginas (o que diminui o preço da

impressão) e dando foco ao que acontece no dia-a-dia. Destaque para violência e

esportes.

2.2. O Jornalismo Popular Atual

O jornalismo popular possui claras referencias do sensacionalismo, como:

preferência a fotos em relação a textos, diagramação carregada em cores fortes e

chamativas, uso de elementos para facilitar a leitura porém outros recursos

fortemente utilizados no sensacionalismo são enfraquecidos no jornalismo popular,

como a predileção por temas impactantes, no momento em que imagens de

degradação humana ou de um crime brutal é substituída por percepções geradas

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por temas esportistas ou pelo entretenimento. É necessário enfatizar, portanto, que

existe uma diferença considerável entre os jornais populares sensacionalistas do

início da década de 1950 em relação aos contemporâneos. Os jornais anteriores

surgiram com objetivos políticos bem definidos, diferente do atual que buscam

incessantemente uma identificação com o leitor para assegurar acima de tudo um

sucesso de mercado, muitas vezes deixando de lado o contexto político.

As empresas apostam não somente em novas estratégias de marketing ou

gestão de negócios, mas também numa formula renovada de produtos

jornalísticos. (...) Um gênero renovado estrategicamente para alcançar um

público massivo e atrair investimentos publicitários também massivos. Um

gênero que não é puramente comercial, ou sensacionalista, ou popular, mas

uma conjugação de diferentes fórmulas com o intuito de ser bem recebido

por classes tradicionalmente excluídas do hábito de compra e leitura dos

jornais. (BERNADES, 2004, p.17)

No Brasil, as várias empresas que possuem um jornal dito de referência,

optam por lançar um jornal popular, que é o caso do Meia Hora, que é lançado pela

empresa O Dia que possui um jornal de referência de mesmo nome. Um diferencial

importante neste caso é referente aos públicos de cada jornal, estes públicos são

diferentes, e variam de jornal a jornal. Jornais de uma mesma empresa não tomam o

espaço do outro, e sim os se completam. Jornais existem pois há público suficiente

para ambos. A modo de distribuição é quem determina isto. O jornal de referencia

além de ser vendidos em bancas, podem ser consumidos através de assinatura e os

jornais populares possuem preços menores e a única opção de compra é nas

bancas.

Os veículos devem encontrar os estímulos de venda de anúncios

apropriados aos seus novos jornais populares, partindo da relação público-

leitor com os produtos. Um público bastante específico, com muitas

semelhanças em estilo de vida e classe social, que se contenta com

informações correntes cotidianas, voltadas para os acontecimentos da

cidade, de crimes, artistas, televisão e futebol, mas que, mesmo assim,

busca informação, satisfaz-se com ela, encontra entretenimento e,

certamente, a sensação de estar em maior sintonia com que acontece em

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seu mundo. São milhares de pontos de contato estabelecidos diariamente,

que têm seu potencial, que podem ser bem aproveitados, mas em sua

dimensão própria, que não pode ser comparada à dos jornais tradicionais,

que já tiveram até a pretensão, ou a possibilidade, em outras épocas, de

mudar os rumos do país. (PRAZERES, 2005, online).

Os jornais populares atualmente tratam a notícia de maneira irreverente, não

necessariamente faltando com a verdade. Segundo Tziolas (2013), as informações

dadas são verdadeiras porém passadas de maneira popularesca. A verdade, pelo

princípio da profissão, está sempre à frente, o que muda é a forma de noticiar os

fatos.

Capítulo 3

Sensacionalismo x Jornalismo popular

Levando em consideração as ideias da cultura popular, do que realmente é

interessante na notícia e a forma como ela é divulgada, podemos obter os conceitos

de popular e sensacionalismo. Como vimos os mesmos se confundem no jornalismo.

Segundo AMARAL (2006, p.141) a base principal para um bom jornalismo é a

notícia relevante ao público. Porém para cativar o leitor e conquistar mercado cada

vez mais os jornais se transformam em mercadorias, em todos os lugares

segmentos e especificidades.

O uso da palavra sensacionalismo para meios de comunicação implica num

certo tipo de postura editorial onde fica caracterizado o uso do exagero, de apelo

emotivo e pelo uso de imagens fortes generalizando o tema abordado. Esse artifício

é utilizado para ganhar audiência, pois normalmente as sensações criadas são

chocantes e de impacto muito forte em quem está lendo, portanto o sensacionalismo

pode ser entendido como uma produção noticiosa que vai além do real, muitas

vezes aumentado e exagerado e por consequência com credibilidade discutível.

O termo popular tem sua origem no povo, portanto tudo está ligado a um

pessoa ou algo conhecido. Segundo Tziolas (editor-chefe do jornal Meia Hora em

entrevista dada no dia 14/11/2013) o jornal popular não se diferencia dos jornais da

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grande imprensa apenas por romper com os modelos tradicionais de produção e

distribuição predominantes, mas porque cria suas próprias condições de existência e

realiza uma nova concepção de comunicação entre jornal e leitor, há qual é possível

o acesso do leitor no processo de decisão do jornal.

Os jornais populares obtêm uma característica própria utilizando parâmetros

que os sensacionalistas também usam.

Relacionando-se de uma forma peculiar com o mundo do leitor. Precisam

falar do universo dos leitores, interpelam uma estética pragmática, pouco

importando se as informações são do âmbito do privado, do local ou do

entretenimento. Além disso, são obrigados, por interesses mercadológicos,

a utilizar determinados recursos temáticos, estéticos e estilísticos, que,

mesmo deslocados do discurso jornalístico tradicional, servem para

legitimar a fala do jornal entre seu público-alvo (AMARAL, 2004, p.66).

Para ser consumido o jornal precisa saber os gostos, a linguagem, a estética

e os estilos de vida de seus leitores. Da mesma forma que na imprensa de

referência, o jornalismo popular é um modo de conhecimento, mas no segmento

popular ele se configura melhor como um modo de entretenimento afirma

Amaral(2006).

Com intuito de aumentar o número de exemplares vendidos é característica

dominante entre os jornais populares utilizar assuntos em sua capa, como: violência,

perversões, morte, entretenimento, cidade, para chamar atenção de seu leitor. O

que define o coeficiente de sensacionalismo empregado é principalmente a

linguagem que os jornais usam para abordar esses assuntos.

As pessoas lêem jornais não apenas para se informar, mas também pelo

senso de pertencimento, pela necessidade de se sentirem partícipes da

história cotidiana e poderem falar das mesmas coisas que “todo mundo

fala”. O ato de ler um jornal e de assistir a um programa também está

associado a um ritual que reafirma cotidianamente a ligação das pessoas

com o mundo (AMARAL, 2006, p. 59).

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Amaral(2006) mostra as qualidades que um jornal popular deve ter, enumerando-as,

pois um jornal popular de qualidade viável nos moldes de uma empresa jornalista é

o que segue as seguintes atitudes:

(i) Leva em consideração a posição econômica, social e cultural do leitor,

e por isso fala deste determinado ponto de vista.

(ii) Expõe as necessidades individuais das pessoas, para servir como

gancho para aquelas de interesse público;

(iii) Representa as pessoas do povo de forma digna;

(iv) Publica notícias de forma didática, sem perder seu contexto e sua

profundidade

(v) Agrega o conceito de responsabilidade social da imprensa ao de

utilidade social;

(vi) Define-se sua proximidade com o público, pela adoção de elementos

do universo cultural do leitor e conexão com o local e o imediato;

(vii) É composto de notícias de interesse público, relatadas de maneira

humanizada;

(viii) Busca ampliar o conhecimento do leitor sobre o mundo e substituir o

ponto de vista individual pelo ponto de vista do cidadão ou da

comunidade, sem se dirigir para o campo do entretenimento e do

espetacular.

O jornalismo popular surgiu em ligados a interesses políticos e mantem

relação histórica com o entretenimento, porém o jornalismo popular só poderá ser

feito com qualidade se for realizado sem se subordinar a interesses mercadológicos

ou políticos.

Um jornalismo popular de qualidade só será viável se souber construir seus

contornos sem subordinar-se a determinados interesses mercadológicos ou

políticos. Cabe ao jornalismo popular trabalhar com dispositivos de

reconhecimento e dar conta de algumas características culturais de seus

leitores, sem perder seus propósitos de vista (AMARAL, 2006, p. 133-134)

Page 20: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

20

3.1 Estudo de Caso do Jornal Meia Hora

O jornal Meia Hora é veiculado no Rio de Janeiro no valor de R$ 0,70, teve

sua primeira edição no dia 19 de setembro de 2005. Em 2005 ocorreu uma pesquisa

que apontava um nicho de mercado aberto na cidade do Rio de Janeiro e a empresa

que é dona do jornal e possui um impresso de referência no mercado, chamado O

DIA, resolveu apostar nesse ramo.

Teve um a pesquisa em 2005 que mostrava que

muita gente no Rio de Janeiro não lia jornal nenhum,

que as pessoas não gostavam dos jornais, não se

identificavam com nenhum, reclamavam que os

jornais são grandes, que eram impossível manuseá-

los nos trens e transportes públicos. E mediante a

isso a empresa decidiu criar o jornal. E foi um

sucesso logo de cara. Muito a cima do esperado. E

não por acaso o maior grupo de comunicação do país

lançou três meses depois o um jornal que é a cópia

do Meia Hora. TZIOLAS, 2013.

O Meia Hora é um jornal do segmento popular com tiragem diária média de

duzentos mil exemplares, afirma Tziolas em entrevista realizada no dia 14/11/2013

anexada à esta monografia. Para este estudo de caso foram analisados os índices

das capas do jornal Meia Hora na semana entre os dias 10 e 18 de novembro de

2013. Serão analisados as capas do jornal a fim de mostrar os assuntos com mais

destaques nas capas e se o jornal possui as características de jornalismo popular ou

sensacionalista.

Para analisar o caso de pesquisa de um impresso popular, é de suma

importância observar que as principais características desse estilo jornalístico são: a

construção textual, a linguagem escrita, fotográfica e a abordagem de diagramação.

O jornalismo popular possui uma fala informal e de fácil entendimento.

Verifica-se que nas capas do jornal Meia Hora são utilizados textos curtos e

de fácil entendimento e com cores chamativas para que prenda a atenção do leitor.

Page 21: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

21

De acordo com Tziolas (2013) o Meia Hora é um jornal superpopular, com

ideia inicial de direcionamento para as classes B, C e D, porém se consolidou nas

classes B e C. Por outro lado, acontece algo que surpreende a instituição, é que

esta possui um público classe A, que gosta do meia hora mais pela internet, que

gosta das capas, curte pelo facebook, entretanto não compra o jornal, consome mais

pela internet. O publicão mesmo está entre as classes B e C mas também tem a

classe A que no modo geral não compra o jornal mas curte pela internet.

As capas de jornais populares são bastante chamativas e muitas vezes

engraçadas e podem até ofender alguém. O jornalismo popular é como visto

anteriormente é pautado principalmente no dia-a-dia de seu leitor. Conforme Tziolas

(2013) vale de tudo na capa do Meia Hora, a edição que mais vendeu cópias na

história do Meia Hora tinha como principal assunto a política que é um assunto não

se cobre com muita frequência, que não consta muito em suas capas. No entanto há

Figura 1. Capa do Meia Hora dia 07/11/2013

Page 22: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

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quatro principais assuntos: Cidade, o Rio de Janeiro, o que acontece no Rio de

Janeiro. Esportes, principalmente o futebol.

Cultura/Celebridades/Entretenimento/Televisão colocando tudo no mesmo pacote,

definido por Tziolas como diversão e o quarto assunto seria a parte de serviços.

Em onze das doze capas analisadas o futebol tinha um espaço na capa, em

dez era o principal assunto, juntamente com o pacote que Humberto Tziolas chama

de diversão que tem espaço nas doze capas.

Toda capa é para chamar a atenção e com o Meia Hora não é diferente.

Como o Meia Hora é somente vendido na banca, isso se intensifica. Pois o cara que

vai comprar na banca pode gostar mais da capa do outro jornal e não comprar o

seu. Diz Tziolas.

Figura 2. Capa do dia 13/11/2013

Capas como a demostrada a cima são extremamente utilizadas pelo

jornalismo popular e principalmente pelo objeto de estudo que é o jornal Meia Hora.

Porém deve-se tomar cuidado com a exibição de tal capa, pois brinca com o fato dos

Page 23: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

23

times terem pouco pontos no campeonato brasileiro de futebol, o que pode

desagradar quem o próprio leitor.

Houve um momento que o jornal tinha uma revista adulta e na

semana do lançamento fizemos um aperitivo no miolo do

jornal e repercutiu muito mal. E houve também uma piada

referente ao falecimento do cantor Chorão do Charlie Brown

Junior, onde falamos que o Chorão trocou a banda dele o

Charlie Brown, por outra banda de rock o Sepultura e foi

bastante negativa a repercussão dessa capa. Há quem

aprove e também há que reprove. O Meia Hora tem tudo que

os outros jornais tem, o resultado do jogo, onde foi, quem

levou cartão amarelo ou vermelho, tem tudo lá. Só que além

disso a gente tenta levar ao leitor a zoação, a brincadeira que

acontece na mesa do bar para dentro do jornal.

Tziolas(2013).

Os jornais populares muitas vezes são chamados de sensacionalista e com

pouco compromisso com a verdade. De acordo com Tziolas(2013) “Toda capa é

para chamar a atenção e com o Meia Hora não é diferente. Como o Meia Hora é

somente vendido na banca, isso se intensifica. Pois o cara que vai comprar na

banca pode gostar mais da capa do outro jornal e não comprar o seu”. Pode-se

verificar que no caso do Meia Hora o que muda é o jeito como a notícia é passada,

representada na figura a seguir.

Figura 3. Capa do jornal Meia Hora do dia 18/11/2013

Page 24: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

24

Na capa representada na figura 3, onde o destaque é a vitória do Fluminense,

temos uma forma diferenciada de veicular a notícia, poderia ser somente,

“Fluminense luta até o fim e ganha o jogo!”. Porém como o jornal popular tenta se

aproximar de seu público, foi feito uma anedota em referência ao orixá guerreiro

Ogum, em relação ao nome do jogador que fez o gol, “O Gum é muito guerreiro!”.

O Meia Hora nunca falta com a verdade. O que acontece com

o Meia Hora é que a noticia é dada de maneira irreverente,

diferente. As informações que são dadas são verdadeiras,

porém de uma forma mais popularesca. A verdade está

sempre na frente pelo princípio da nossa profissão o que

muda é a maneira noticiar os fatos. No caso do meia hora e

nos jornais populares em geral os textos são menores as

fotos maiores mas não se falta com a verdade. O Meia Hora,

como o próprio nome diz, é para ser lido em meia hora, então

as notícias são mais curtas mas de jeito nenhum falsas ou

mal apuradas. O Meia Hora tem um público que não estava

acostumado a ler jornal nenhum. E o meia hora conquistou

esse leitor, tem um dado da MARPLAN de 2006, que o índice

de leitores de jornal nas capitais do Brasil, após o início do

Meia Hora, o Rio de Janeiro era a terceira capital que mais lia

jornal, depois veiculação do Meia Hora o Rio passou a ser a

primeira capital que mais lê jornal, ou seja, o meia hora

atingiu um público que não lia jornal. (TZIOLAS, 2013).

Quando se coloca em questão se o jornal é sensacionalista ou não, tende-se

a entender que caracteriza-lo como sensacionalista é ruim e depreciativo, porém de

acordo com AMARAL (2006, p.20), “todo jornal é sensacionalista, pois busca

prender o leitor para ser lido e, consequentemente, alcançar boa tiragem”.

Essa denominação ser sensacionalista é vista de uma forma

depreciativa, mas se formos ver o significado da palavra

sensacionalismo no dicionário, vimos que sensacionalismo é

o ato de provocar sensações. Nesse quesito o Meia Hora é

sim sensacionalista, pois é escandaloso, é engraçado quando

possível. Quando se usa o sensacionalismo para depreciar a

jornal isso é ruim, pois parece que o jornal exagera nas

Page 25: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

25

notícias, força uma barra, falta com a verdade, isso o Meia

Hora não faz. Exageros acontecem no Meia Hora acontecem

mas não faltando com a verdade. É muito mais fácil errar

fazendo o Meia Hora do que qualquer outro jornal, pois os

demais falam simplesmente o que acontece, e o meia hora é

sempre mais criativo, o que te deixa no limite de errar alguma

coisa. Nós não concordamos em geral com a etiqueta de

sensacionalista pois não utilizamos de ferramentas

sensacionalistas para a venda do jornal a qualquer custo. Nós

obedecemos uma norma de bom-senso. TZIOLAS (2013)

Os jornais populares tem a necessidade de atrair seu público, e se aproximar

desse público e segundo Tzioloas, o Meia Hora narra todos os assuntos que os

outros jornais narram só que esses assuntos são adaptados à realidade dos leitores.

Isso é de suma importância para o sucesso do jornal. Isso se deve a ideia que cada

jornal tem a sua característica.

No Rio o jornal meia hora, é o segundo jornal mais lido,

porém existe uma conta, também da MARPLAN, que o Meia

Hora é o jornal mais lido, não o mais vendido. Pois quem

compra o Meia Hora, lê e passa para a mãe, namorada,

amigo. Esse sucesso vem do empenho, pois lutamos para

que sempre agrade os leitores, como o Meia Hora é.

Engraçado e próximo ao público. O público acaba se sentido

representado pelo jornal. TZIOLAS 2013.

Antes da criação dos jornais populares, os jornais mais vendidos eram

chamados de referências, que tinham como características principais o fato de

serem pautados por notícias de interesse público com assuntos como economia e

política, No entanto, atualmente os jornais mais populares são os mais vendidos.

Inclusive mais vendidos que os jornais mais “sérios”, ou de referencia, conforme

Tziolas o jornalismo hoje não tem uma referência definida, temos hoje um mercado

para todo o tipo de jornal, do mais sério até o mais popular. Tem jornais para todos

os gostos.

Com isso verificamos que o jornalismo impresso está sofrendo uma

reformulação, segundo Tziolas os gráficos de vendas de jornal impresso são

decrescentes no mundo inteiro e estamos participando efetivamente de uma

reformulação no jornalismo impresso.

Page 26: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

26

Conclusão

O crescimento de vendas dos jornais populares mudou a forma de leitura dos

brasileiros das classes B, C e D, principalmente no Rio de Janeiro. O texto, com

suas características específicas, cumpriu a sua missão e potencializou este público

para o jornalismo impresso.

As comunidades e o povo também nunca tiveram tanto espaço e volume de

notícias nesses jornais populares como o Meia Hora. Esta questão demonstra que o

povo está lendo mais jornal e as periferias estão ganhando mais importância nesse

novo tipo de jornalismo, gerando assim interesse nos leitores.

Verificamos que após a análise fria dos fatos, o Meia Hora é um jornal popular

que não caminha com o sensacionalismo, é de fato um jornal inteiramente popular

que consegue responder a todos os quesitos citados por AMARAL (2006). Onde se

refere que o jornalismo popular deve ter respeito aos leitores e saber exatamente

para que tipo de leitor está sendo escrito o jornal e principalmente sem faltar com a

realidade.

Podemos perceber que o jornalismo popular e o sensacionalismo são

separados por uma linha tênue, e que em ambos há o exagero nas notícias, porém

no jornalismo popular o cuidado com a verdade é maior, e evita-se por exemplo

condenar alguém que ainda não foi condenado judicialmente.

O jornal Meia Hora tratou muito bem das questões do sensacionalismo

apresentadas e se apropriou dessas estratégias, sem se tornar sensacionalista de

forma depreciativo, para se tornar um jornal popular de grande tiragem e o mais lido

do Rio de Janeiro.

Concluímos portanto que é possível analisar o segmento popular da grande

imprensa, desde que para isso possamos retirar o preconceito intrínseco que o

sensacionalismo nos traz, para conseguir nos apropriar de suas estratégias e poder

trata-las criticamente assim como fez o jornal Meia Hora.

Page 27: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

27

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12/09/2013.

Page 29: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

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Anexos

Lista de Figuras

Figura 4. Capa do Meia Hora dia 07/11/2013

Figura 5. Capa do dia 13/11/2013

Figura 6. Capa do jornal Meia Hora do dia 18/11/2013

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Entrevista

Entrevista com o Editor Chefe do jornal Meia Hora: Humberto Tziolas realizada no

dia 14/11/2013.

Jonathan Borquet: O quando foi fundado o Meia Hora?

Humberto Tziolas: O meia hora foi fundado no dia 19 de setembro de 2005. A

primeira impressão foi nesse dia.

Jonathan Borquet: O Meia Hora é direcionado para um público específico, que

público é esse?

Humberto Tziolas: É um jornal superpopular, com ideia inicial de direcionamento

para as classes B, C e D, porém se consolidou nas classes B e C. Por outro lado,

acontece algo que surpreende a instituição, é que temos um público classe A, que

gosta do meia hora mais pela internet, que gosta das capas, curte pelo facebook,

entretanto não compra o jornal, consome mais pela internet, o que é uma pena. O

publicão mesmo está entre as classes B e C mas também tem a classe A que no

modo geral não compra o jornal mas curte pela internet.

Jonathan Borquet: Qual a tiragem diária do Meia Hora em média?

Humberto Tziolas: A tiragem é cerca de duzentos mil impressos, vendidos em média

cento e oitenta mil.

Jonathan Borquet: As capas do Meia Hora são bastante chamativas. Quais os

principais assuntos que são abordados nas capas do Meia Hora?

Humberto Tziolas: Obviamente vale de tudo na capa do Meia Hora, para que você

tenha uma ideia a capa da edição que mais vendeu cópias na história do Meia Hora

Page 31: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

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tinha como principal assunto a política que é um assunto não cobrimos com muita

frequência, que não consta muito nossas capas. No entanto temos quatro principais

assuntos: Cidade, o Rio de Janeiro, o que acontece no Rio de Janeiro. Esportes

principalmente o futebol. Cultura/Celebridades/Entretenimento/Televisão colocando

tudo no mesmo pacote e o quarto assunto seria a parte de serviços.

Jonathan Borquet: A internet pauta o Meia Hora?

Humberto Tziolas: Com certeza a internet hoje passa por tudo. Todos tem internet

atualmente. Já aproveitamos ideias bem humoradas que apareceram na internet que

a gente acabou aproveitando.

Jonathan Borquet: Alguma vez houve alguma capa que não foi bem aceita?

Humberto Tziolas: Já sim. Houve um momento que o jornal tinha uma revista adulta

e na semana do lançamento fizemos um aperitivo no miolo do jornal e repercutiu

muito mal. E houve também uma piada referente ao falecimento do cantor Chorão

do Charlie Brown Junior, onde falamos que o Chorão trocou a banda dele o Charlie

Brown, por outra banda de rock o Sepultura e foi bastante negativa a repercussão

dessa capa. Há quem aprove e também há que reprove. O Meia Hora tem tudo que

os outros jornais tem, o resultado do jogo, onde foi, quem levou cartão amarelo ou

vermelho, tem tudo lá. Só que além disso a gente tenta levar ao leitor a zoação, a

brincadeira que acontece na mesa do bar para dentro do jornal.

Jonathan Borquet: O que faz a capa do Meia Hora ser como ela é? A intenção é

chamar a atenção?

Humberto Tziolas: Toda capa é para chamar a atenção e com o Meia Hora não é

diferente. Como o Meia Hora é somente vendido na banca, isso se intensifica. Pois o

cara que vai comprar na banca pode gostar mais da capa do outro jornal e não

comprar o seu.

Page 32: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

32

Jonathan Borquet: Alguns especialistas em jornalismo popular, falam que os jornais

populares acabam tentando se aproximar do público com tanto ímpeto que acabam

deixando de lado o jornalismo “sério” de “referencia” de lado, sem muita apuração.

Qual a sua opinião sobre isso?

Humberto Tziolas: O Meia Hora nunca falta com a verdade. O que acontece com o

Meia Hora é que a noticia é dada de maneira irreverente, diferente. As informações

que são dadas são verdadeiras, porém de uma forma mais popularesca. A verdade

está sempre na frente pelo princípio da nossa profissão o que muda é a maneira

noticiar os fatos. No caso do meia hora e nos jornais populares em geral os textos

são menores as fotos maiores mas não se falta com a verdade. O Meia Hora, como

o próprio nome diz, é para ser lido em meia hora, então as notícias são mais curtas

mas de jeito nenhum falsas ou mal apuradas. O Meia Hora tem um público que não

estava acostumado a ler jornal nenhum. E o meia hora conquistou esse leitor, tem

um dado da MARPLAN de 2006, que o índice de leitores de jornal nas capitais do

Brasil, após o início do Meia Hora, o Rio de Janeiro era a terceira capital que mais lia

jornal, depois veiculação do Meia Hora o Rio passou a ser a primeira capital que

mais lê jornal, ou seja, o meia hora atingiu um público que não lia jornal.

Jonathan Borquet: Há quem diga que o Meia Hora faz um jornalismo

sensacionalista. A instituição se considera sensacionalista?

Humberto Tziolas: Essa denominação ser sensacionalista é vista de uma forma

depreciativa, mas se formos ver o significado da palavra sensacionalismo no

dicionário, vimos que sensacionalismo é o ato de provocar sensações. Nesse

quesito o Meia Hora é sim sensacionalista, pois é escandaloso, é engraçado quando

possível. Quando se usa o sensacionalismo para depreciar a jornal isso é ruim, pois

parece que o jornal exagera nas notícias, força uma barra, falta com a verdade, isso

o Meia Hora não faz. Exageros acontecem no Meia Hora acontecem mas não

faltando com a verdade. É muito mais fácil errar fazendo o Meia Hora do que

qualquer outro jornal, pois os demais falam simplesmente o que acontece, e o meia

hora é sempre mais criativo, o que te deixa no limite de errar alguma coisa. Nós não

concordamos em geral com a etiqueta de sensacionalista pois não utilizamos de

Page 33: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

33

ferramentas sensacionalistas para a venda do jornal a qualquer custo. Nós

obedecemos uma norma de bom-senso.

Jonathan Borquet: Para a criação do Meia Hora houve a inspiração em algum outro

jornal? Foi para preencher um nicho de mercado?

Humberto Tziolas: Teve um a pesquisa em 2005 que mostrava que muita gente no

Rio de Janeiro não lia jornal nenhum, que as pessoas não gostavam dos jornais, não

se identificavam com nenhum, reclamavam que os jornais são grandes, que eram

impossível manuseá-los nos trens e transportes públicos. E mediante a isso a

empresa decidiu criar o jornal. E foi um sucesso logo de cara. Muito a cima do

esperado. E não por acaso o maior grupo de comunicação do país lançou três

meses depois o um jornal que é a cópia do Meia Hora.

Jonathan Borquet: Qual a importância que você agrega, ao jornal popular que narra

o que o povo se identifica?

Humberto Tziolas: O meia hora narra todos os assuntos que os outros jornais

narram só que esses assuntos são adaptados à realidade dos leitores. Isso é de

suma importância para o sucesso do jornal. Isso se deve a ideia que cada jornal tem

a sua característica.

Jonathan Borquet: O Meia Hora é o jornal mais vendido em seu segmento. Há que

você atribui esse sucesso de vendas?

Humberto Tziolas: No Rio o jornal meia hora, é o segundo jornal mais lido, porém

existe uma conta, também da MARPLAN, que o Meia Hora é o jornal mais lido, não

o mais vendido. Pois quem compra o Meia Hora, lê e passa para a mãe, namorada,

amigo. Esse sucesso vem do empenho, pois lutamos para que sempre agrade os

leitores, como o Meia Hora é. Engraçado e próximo ao público. O público acaba se

sentido representado pelo jornal.

Page 34: O Crescimento Do Jornalismo Popular No Rio de Janeiro_ Um Estudo de Caso Do Jornal Meia Hora_Jonathan Borquet

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Jonathan Borquet: Antes da criação dos jornais populares, os jornais mais vendidos

eram chamados de referências ou referencias. Hoje os jornais mais populares são

os mais vendidos. Inclusive mais vendidos que os jornais mais “sérios” ou menos

engraçados, ou mais engessados. Você acha que essa referência está mudando?

Humberto Tziolas: Eu não acredito que o jornalismo hoje tenha uma referência,

temos hoje um mercado para todo o tipo de jornal, do mais sério até o mais popular.

Tem jornais para todos os gostos.

Jonathan Borquet: Com o crescimento da internet, e você mesmo falou que a

internet as vezes pauta o Meia Hora. Você acha que os dias do jornal impresso

estão contados ou estamos acompanhando apenas uma formulação no jornalismo?

Humberto Tziolas: Essa é uma dúvida mundial, os gráficos de vendas de jornal

impresso são decrescentes no mundo inteiro. Há impacto da internet sim, pois a

jornais no mundo inteiro que chegaram a fechar as portas mas acredito que acabar

não, o que vai haver é uma reformulação.