O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência...

24
O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico e psicológico que causa às vítimas, aumento da morbilidade e sobrecarga dos serviços de saúde. Para debater, prevenir e sensibilizar os cidadãos e, em particular, os profissionais de saúde – de forma a prestarem melhores cuidados às vítimas –, o Ministério da Saúde promoveu uma palestra este mês em Luanda. Conheça o essencial. |Pag.14 Henrique Malungo Só no Josina Machel são cinco a oito pacientes atendidos, por dia, que necessitam de hemodiá- lise. E, em média, quatro crianças por semana. Leia a entrevista com o nefrologista Álvaro Male- ga, a propósito do Dia Mundial do Rim que se comemorou este mês. |Pags.12 e 13 Mais unidades de saúde com nor- mas, metas e programas padroni- zados, num quadro de desconcen- tração administrativa, vai ser uma realidade na capital, já em 2015. Saiba tudo o que se irá passar na entrevista à directora provincial de Saúde, Rosa Bessa. |Pags.6 e 8 Insuficiência renal Luanda melhora rede sanitária Foi no dia 11 de Março de 2010, em Luanda, que o Jornal da Saúde foi lançado na presença das mais altas individualidades do Ministério da Saúde e Ordem dos Médicos. O projecto, inova- dor em África, constituía um grande desafio. Hoje, ao come- morarmos cinco anos de vida, com um reconhecimento e audiência crescentes, sentimos que temos cumprido a nossa missão. Mas ainda há muito que caminhar. |Pags.20 e 21 jornal Ano 6 - Nº 59 Março 2015 Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá MINISTÉRIO DA SAÚDE GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude a saúde nas suas mãos A N G O L A da Aniversário jornal da saúde celebra º O impacto é significativo na formação e desempenho dos futuros médicos O país registou mais de seis mil casos, em 2014 Inaugurado na Faculdade de Medicina da UAN Laboratório de simulação médica aumenta conhecimentos e habilidades dos estudantes Os estudantes de medicina podem agora treinar manobras médicas em manequins dotados de alta tecnologia – que “falam” e interagem – como se de verdadeiras pessoas se tratassem. O laboratório de simulação médica vai aperfeiçoar as habilidades dos alunos perante situações médico-cirúrgicas com que irão deparar-se na sua vida profissional, diminuindo o erro médico. Na imagem, o ministro da Saúde, José Van-Dúnem, experimenta o equipamento, acompanhado pelo ministro do Ensino Superior, Adão do Nascimento, e o olhar atento de professores e estudantes. O projecto foi financiado pela BP Angola, Sonangol e demais parceiros do bloco 18, no âmbito das suas práticas de responsabilidade social. |Pag. 4 Kilamba com farmácia Os moradores do Kilamba passa- ram a beneficiar da abertura de uma nova farmácia, que funcio- na 24 horas por dia, deixando assim de percorrer longas distân- cias para adquirir medicamen- tos. A iniciativa foi do grupo Moniz Silva. Pág. 10 Violência doméstica

Transcript of O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência...

Page 1: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

O Céu é o Limite

A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físicoe psicológico que causa às vítimas, aumento da morbilidade e sobrecarga dos serviços de saúde. Para debater, prevenir e sensibilizar os cidadãos e, em particular, os profissionais de saúde – de formaa prestarem melhores cuidados às vítimas –, o Ministério da Saúde promoveu uma palestra este mêsem Luanda. Conheça o essencial. |Pag.14

Hen

riqu

e M

alun

go Só no JosinaMachel sãocinco a oitopacientesatendidos, pordia, que necessitam de hemodiá-lise. E, em média, quatro criançaspor semana. Leia a entrevistacom o nefrologista Álvaro Male-ga, a propósito do Dia Mundialdo Rim que se comemorou estemês. |Pags.12 e 13

Mais unidades de saúde com nor-mas, metas e programas padroni-zados, num quadro de desconcen-tração administrativa, vai ser umarealidade na capital, já em 2015.Saiba tudo o que se irá passar naentrevista à directora provincial deSaúde, Rosa Bessa. |Pags.6 e 8

Insuficiência renal

Luanda melhorarede sanitária

Foi no dia 11 de Março de 2010,em Luanda, que o Jornal daSaúde foi lançado na presençadas mais altas individualidadesdo Ministério da Saúde e Ordemdos Médicos. O projecto, inova-dor em África, constituía umgrande desafio. Hoje, ao come-morarmos cinco anos de vida,com um reconhecimento eaudiência crescentes, sentimosque temos cumprido a nossamissão. Mas ainda há muito quecaminhar. |Pags.20 e 21

jornalAno 6 - Nº 59Março2015Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá

MINISTÉRIO DA SAÚDE

GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA audea saúde nas suas mãos

A N G O L A

da

Aniversário

jornal da saúdecelebra

º

O impacto é significativo na formação e desempenho dos futuros médicos

O país registou mais de seis mil casos, em 2014

Inaugurado na Faculdade de Medicina da UAN

Laboratório de simulação médica aumenta conhecimentos e habilidades dos estudantes

Os estudantes de medicina podem agora treinar manobras médicas em manequins dotados de alta tecnologia – que

“falam” e interagem – como se de verdadeiras pessoas se tratassem. O laboratório de simulação médica vai aperfeiçoar as

habilidades dos alunos perante situações médico-cirúrgicas com que irão deparar-se na sua vida profissional, diminuindo oerro médico. Na imagem, o ministro da Saúde, José Van-Dúnem, experimenta o equipamento, acompanhado pelo ministro

do Ensino Superior, Adão do Nascimento, e o olhar atento de professores e estudantes. O projecto foi financiado pela BP

Angola, Sonangol e demais parceiros do bloco 18, no âmbito das suas práticas de responsabilidade social. |Pag. 4

Kilamba

com farmácia

Os moradores do Kilamba passa-

ram a beneficiar da abertura de

uma nova farmácia, que funcio-

na 24 horas por dia, deixando

assim de percorrer longas distân-

cias para adquirir medicamen-

tos. A iniciativa foi do grupo

Moniz Silva.

Pág. 10

Violência doméstica

Page 2: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

2 EDITORIAL Março 2015 JSA

Conselho editorial: Prof. Dr. MiguelBettencourt Mateus, decano da Fa-culdade de Medicina a UAN (coor-denador), Dra. Adelaide Carvalho,Prof. Dra. Arlete Borges, Dr. Carlos(Kaka) Alberto, Enf. Lic. ConceiçãoMartins, Dra. Filomena Wilson, Dra.Helga Freitas, Dra. Isabel Massocolo,Dra. Isilda Neves, Dr. Joaquim Van-Dúnem, Dra. Joseth de Sousa, Prof.Dr. Josinando Teófilo, Prof. Dra. Ma-ria Manuela de Jesus Mendes, Dr. Mi-guel Gaspar, Dr. Paulo Campos.

Director Editorial: Rui Moreira de Sá [email protected]; Redacção: Cláudia Pinto; FranciscoCosme dos Santos; Luís Óscar; Ma-dalena Moreira de Sá.Correspon-dentes provinciais: Elsa Inakulo(Huambo); Diniz Simão (CuanzaNorte); Casimiro José (Cuanza Sul);Victor Mayala (Zaire) Publicida-de: Eileen Salvação Barreto Tel.: +244 945046312 E-mail: [email protected] Edição deste nú-mero: Cláudia Pinto, Magda Viana e

Luís Óscar; Fotografia:António PauloManuel (Paulo dos Anjos). Editor:Mar-keting For You, Lda - Rua Dr. Alves daCunha, nº 3, 1º andar - Ingombota,Luanda, Angola, Tel.: +(244) 935432 415 / 914 780 462,[email protected]. Con-servatória Registo Comercial de Luan-da nº 872-10/100505, NIF5417089028, Registo no Ministérioda Comunicação Social nº141/A/2011, Folha nº 143.Delegação em Portugal: Beloura Of-

fice Park, Edif.4 - 1.2 - 2710-693 Sin-tra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247670 Fax: + (351) 219 247 679E-mail: [email protected] Geral: Eduardo Luís MoraisSalvação BarretoPeriodicidade:mensal Design e maquetagem:Fernando Al-meida; Impressão e acabamento: DamerGráficas, SATransportes: Francisco Carlos de An-

drade (Loy) Tiragem: 20 000 exemplares. Audiência estimada: 80 mil leitores.

FICHA TÉCNICA

Parceria:

O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças

ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente

responsáveis que contribuem para o bem-estar dos angolanos

e o desenvolvimento sustentável do país.

QUADRO DE HONRAEmpresas Socialmente Responsáveis

www.jornaldasaude.org

Especialistas em saúde, entremédicos, professores univer-sitários e outros, estão deacordo em reconhecer quesó através da informação, edo direito de acesso da po-pulação à saúde, será possí-vel chegar a um sistema desaúde eficaz e abrangente,conforme as conclusões dorecente Congresso Interna-cional dos Médicos em An-gola.

A literacia em saúde éuma importante componen-te da política do sector sema qual um sistema de saúdenão poderá funcionar bem.

Um nível inadequado de literacia emsaúde pode ter implicações muito negati-vas. Sem a educação e a informação ade-quadas a população não se previne e difi-

cilmente tomará consciên-cia de sintomas, ou sinais dedoença, e da necessidade dese dirigir a um posto de saú-de, ou a um hospital. Doen-ças como a diabetes, oVIH/Sida e a hipertensão,por exemplo, poderiam serevitadas. O cancro, se detec-tado numa fase precoce,tem cura.

O Jornal da Saúde – queeste mês celebra o seu 5ºaniversário – tem procura-do contribuir para aumen-tar a literacia em saúde. Emcinco anos foram mais de1.800 páginas, distribuídas

por 59 edições, lidas mensalmente porcerca de 80 mil pessoas. Nos próximosanos queremos chegar a mais profissionaisde saúde, a mais cidadãos, em todo o país.

Literacia em saúde é fundamental

Paz e tolerânciaA Fundação Lwini lançou o Programade Intervenção Social “Educar é a NossaMissão” – ao qual o Jornal da Saúde seassociou – conforme noticiado nas últi-mas edições. O programa promovecampanhas de sensibilização para a mu-dança de comportamento e de boaspráticas no seio das famílias e da socie-dade. As palestras têm um tema mensalpara debate. Convidamos os leitores doJS a desmultiplicarem este esforço juntoàs suas unidades de saúde, empresas einstituições, promovendo um encontrode divulgação e debate sobre cada tema.

O tema central de Abril

é a paz e a tolerância

Paz é geralmente definida como umestado de calma ou tranquilidade, umaausência de perturbações e agitação,violência ou guerra, como por exem-plo paz entre as nações e dentro delas.É um dos grandes objectivos das Na-ções Unidas.No plano pessoal, paz significa um es-tado de espírito isento de ira, raiva,desconfiança e, de um modo geral, to-dos os sentimentos negativos.Tolerância significa aceitar um malmenor por um bem maior. Define ograu de aceitação diante daquilo que écontrário a uma regra moral, cultural,civil ou física. Devemos entender quenem tudo é perfeito. Parte do proces-so de uma vida exitosa e feliz é buscarsempre o melhor; mas nesse processopor vezes surgem falhas, erros e omis-sões, pelo que devemos aprender a va-lorizar a gravidade de uma falta parasancioná-la ou não.Do ponto de vista da sociedade, a to-lerância é a capacidade de uma pessoaou grupo social aceitar outrem quetem uma atitude diferente das que sãoa norma no seu próprio grupo social ecomunitário.A tolerância é necessária para não vi-vermos de maneira rígida e em exces-so. É através da tolerância que pode-mos chegar ao mesmo ponto, atravésdo consenso. Quando não há tolerân-cia, o dialogo é mais difícil.

Temas colaterais para o mês de Abril:Compreensão, Flexibilidade Calma

Rui MoReiRa de Sá

Director [email protected]

“Sem aeducação e ainformaçãoadequadas apopulaçãodificilmentetomaráconsciência desintomas ousinais de doençae da necessidadede se dirigir aum posto desaúde ou a umhospital”

Page 3: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

3ACTUALIDADEJSA Março 2015

As autoridades sanitárias

iniciaram este mês, em

Viana, a primeira fase de

uma vasta campanha de

vacinação contra a raiva

visando imunizar cerca de

235.638 animais e contro-

lar o surto que afecta a

província de Luanda.

Durante esta campanha, pre-tende-se vacinar 70% da popu-lação animal (cães, gatos e ma-cacos), consciencializar a popu-lação sobre a importância davacina, reforçar as acções de vi-gilância humana e animal e re-duzir a zero o número de óbi-tos causados pela raiva.

Viana foi a área escolhidapara o arranque desta campa-nha por liderar este ano os óbi-tos (13 um total de 34) por rai-va na Província de Luanda, se-guindo-se os municípios de Ca-zenga (7 óbitos), Cacuaco (6),Belas (3), Kilamba kiaxi (3),Sambizanga (1) e Icolo e Bengo(1). Em todos os municípios deLuanda a taxa de letalidade foide 100%, e as autoridades es-tão particularmente preocupa-das porque 80% das vítimasabandonam o tratamento.

A iniciativa está a ser coor-denada por uma Comissão Na-cional contra a Raiva que incluios Ministérios da Saúde, Agri-

cultura, Polícia Nacional, ForçasArmadas, Comunicação Sociale as Administrações Munici-pais, com o apoio técnico da

OMS e da FAO.Segundo a Directora do

Gabinete Provincial de SaúdePública de Luanda, Rosa Bessa,«Estas campanhas passarão aser anuais até se alcançar ocontrolo e a eliminação da rai-va, como problema de saúdepública».

O Representante da OMSem Angola, Hernando Agudelo,felicitou as autoridades nacio-nais por esta iniciativa e exor-tou os proprietários de cães,gatos e macacos a vacinaremos seus animais. «A raiva é umadoença que podemos facilmen-te prevenir através de campa-nhas regulares de vacinação ede sensibilização comunitária,mas cujo impacto na vida daspopulações já te tornou um sé-rio problema de saúde públi-ca», alertou ainda.

O Governador Provincialde Luanda, Graciano Domin-gos, acentuou igualmente que«a raiva é um grave problemade saúde pública para cujo con-trolo se exige a interacção dosserviços de saúde, agricultura,serviços comunitários, a polícianacional, a Sociedade Civil e ascomunidades».

A tuberculose em Angola,

doença que, em 2013,

afetou 60.807 pessoas,

é um problema prio-

ritário de saúde pú-

blica, considerou es-

te mês em Luanda o

coordenador do pro-

grama de luta contra

a enfermidade.

Celestino Teixeira fazia o retratoda situação em Angola, no âmbito do DiaMundial de Combate à Tuberculose, que se assinalou a 24 de Mar-ço.

No ano passado, Angola registou um aumento de 11 por centodo número de casos de tuberculose comparativamente a 2012.

Segundo Celestino Teixeira, as autoridades sanitárias estima-vam a notificação de 50 mil casos, mas os números ultrapassaramos 60 mil.

"Deste número, 2,3 por cento acabou por morrer", disse Ce-lestino Teixeira, sublinhando que do total de casos destacam-se osde tuberculose extra pulmonar e os retratamentos (reincidên-cias).

O abandono de tratamento é outra situação que preocupa asautoridades sanitárias, focou o responsável, salientando que nototal de casos de 2013 há a registar o retratamento de 7.553doentes.

Considerando o atual quadro da doença, o responsável disseque a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima um aumentodo índice de tuberculose em Angola até 2017.

Luanda

Autoridades iniciam campanha para combater a raiva Todos a vacinar os seus animais de estimação!

Tuberculose em Angola é problema prioritário de saúdepública

De Janeiro a Março de 2015, a Província de Luanda no-tificou mais de quatro mil e duzentas mordeduras poranimais. Se esta tendência continuar, acredita-se que oscustos anuais para assegurar a vacina das pessoas mor-didas por animais com raiva, só em Luanda, ultrapas-sem os seis milhões de dólares. A vacina contra a raivaestá avaliada em 120 kwanzas, mas o seu tratamento é100 vezes mais dispendioso.

Tratamento custa 100 vezesmais do que a vacina

Page 4: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

4 ActuAlidAde Março 2015 JSA

Laboratório de simulação médica melhora ensino da medicina e contribui para diminuir erro médico

n“O laboratório de simula-ção médica vai melhorar ashabilidades dos estudantesperante situações médico-ci-rúrgicas que possam ocorrerem determinadas etapas dasua formação e, mais tarde,no exercício da sua profissão,diminuindo o erro médico”.A afirmação é do ministro doEnsino Superior, Adão doNascimento, na cerimóniade inauguração, a 3 de Mar-ço, do primeiro laboratóriode simulação médica instala-do na Faculdade de Medici-na, da Universidade Agosti-nho Neto, em Luanda.

O laboratório tem váriascomponentes práticas simu-ladoras, com as quais os estu-dantes, com recurso a bone-cos (manequins) adaptadosa situações clínicas, desen-volvem manobras médicasmuitas vezes de alto risco. Osmanequins são de alta tecno-logia e de programação elec-trónica avançada, o que lhespermite falar e interagir comos estudantes e técnicos desaúde como se de verdadei-ras pessoas se tratassem.

De acordo com Adão doNascimento “a criação destelaboratório vai aproximar osestudantes, dotados de co-nhecimentos teóricos, do

mundo real da profissão mé-dica”.

Para o ministro “trata-sede um ganho vital que fará adiferença com o passadoporque permitirá a melhoriada actividade docente, dadoque os formandos terão umespaço à altura e, de maneiraorganizada, ensaiarão méto-dos laboratoriais práticosque lhes permite adquiriremconhecimentos no âmbitoda medicina, de modo a sen-tirem-se preparados para,mais tarde, darem o seu con-tributo nas unidades hospi-talares do país”.

Por sua vez, o ministro daSaúde, José Van-Dúnem,que “cortou a fita” conjunta-mente com o seu homólogodo ensino superior, disse queo laboratório de simulaçãomédica irá permitir aos estu-

dantes adquirirem maioresconhecimentos e habilida-des que farão com que os tra-balhos sejam de maior quali-dade primando-se na con-fiança e na diminuição doserros médicos.

Afirmou ainda ser da

maior importância o surgi-mento do laboratório para oensino, porque o mesmoconstitui “uma mais-valiapara os alunos da licenciatu-ra e para os de pós- gradua-ção”.

Agradeceu à BP Angola, à

Sonangol e demais parceirosdo bloco 18, o patrocínioconcedido ao projecto, queascendeu a cerca de 25 mi-lhões de kwanzas.

É sempre mais fácil experimentar no manequim

do que no doenteNo laboratório vão ser estu-dados vários quadros clíni-cos e outras aplicações médi-cas, como a falta de ar, tensãoalta, convulsão, crise de dia-betes e trabalho de parto. O laboratório tem tambémsimuladores que permitemavaliar a evolução de deter-minado quadro clínico apósa ingestão de medicamentos.

No laboratório, o profis-sional de saúde pode treinar,por exemplo, a canalizaçãoda veia para a aplicação de

injecção ou introduzir um tu-bo até ao estômago para fa-zer a lavagem gástrica. Ésempre mais fácil experi-mentar no manequim doque no doente. O laboratóriode simulação médica, alémde melhorar as competên-cias dos estudantes, dos mé-dicos e de outros profissio-nais de saúde, está tambémpreparado para apoiar cur-sos diferenciados de forma-ção.

O laboratório conta comseis salas com diversos ma-nequins e dispositivos parapossibilitarem a experimen-tação em procedimentos ci-rúrgicos e clínicos de entre asquais constam as salas decompetência, partos, discus-sões sobre casos clínicos, cui-dados intensivos, consultó-rio e armazém.

FRANCISCO COSME

com RUI MOREIRA DE SÁ

O seu impacto é significativo

na formação e desempenho

dos futuros médicos

Estudantes de medicina treinam manobras médicas, algumas de alto risco, nos manequins de alta tecnologia e programação electrónica avançada

O auditório da Faculdade de Medicina da UAN foi pequeno para acolher as individualidades,

profissionais de saúde e estudantes

Os ministros do Ensino Superior, Adão do Nascimento, e da Saú-

de, José Van-Dúnem, "cortam a fita" no acto de inauguração

O director de Relações Governamentais da BP Angola, Adalber-

to Fernandes, no uso da palavra quando se dirigia à plateia

Março 2010 O dia 11 amanheceuquente, com o sol a brilhar. No Centrode Saúde da Ilha do Cabo, em Luanda,um conjunto de individualidadesresistiu ao calor para presenciar o

nascimento do Jornal da Saúde de Angola,projecto inovador no país e em África. Asua primeira edição incluiu entrevistas aoministro da Saúde, José Van-Dúnem e aobastonário da Ormed, Pinto de Sousa.

Inaugurado na Universidade Agostinho Neto

Aniversáriojornal da saúde

º

Fotos d

e Hen

riqu

e Malun

go

Page 5: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

5publicidAdeJSA Março 2015

Page 6: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

6 ActuAlidAde Março 2015 JSA

Província de Luanda vai ter rede sanitária aumentada

nEm entrevista ao Jornal daSaúde, a directora provincialde saúde de Luanda, RosaBessa, apresentou em deta-lhes as principais vertentesdo plano para 2015.

Saúde materno-infantilNo âmbito da saúde maternaserão realizados semináriosde informação para planea-mento familiar, doenças se-xualmente transmissíveis,incluindo VIH/SIDA, parto epós-parto, e também produ-zida informação destinada aparteiras.Faz parte dos planos dos

responsáveis da saúde deLuanda criar condições, noshospitais municipais, para arealização de rastreio do can-cro do colo do útero atravésde exames citológicos. “Uma das grandes preo-

cupações é a reactivação doscomités de prevenção demorte materno-hospitalar emunicipal”, afirmou a res-ponsável, adiantando que“em relação ao atendimentopediátrico será dada especialatenção à reanimação do re-cém-nascido e à formação deenfermeiras para uma assis-tência integrada à criança”.“Será também acompa-

nhada a obrigatoriedade davacinação de rotina dascrianças menores de um anoe de mulheres em idade fértil,grávidas ou não, que não fre-quentam as unidades sanitá-rias”, disse. “Está nos nossos planos a

actualização das normas detratamento pediátrico para

as principais doenças, comoa malária, a pneumonia, asdoenças diarreicas e a tuber-culose, entre outras”, garan-tiu.

Saúde escolarEm relação aos programasde saúde escolar, serão cum-pridas as campanhas, já ini-ciadas, de desparasitação,vacinação contra o tétano,expansão da profilaxia e tra-tamento das afecções bucais,rastreio de doenças micóti-cas, auditivas e oculares.

Meios de diagnóstico eapetrechamento de cen-

tros de saúdeEntre as medidas previstasestá a criação ou melhoriados meios de diagnóstico. Oaspecto logístico, que inclui olevantamento do número depostos existentes nos muni-cípios e nos hospitais devemerecer atenção.

Formação de quadrosNo âmbito da desconcentra-ção proceder-se-á ao levan-tamento dos quadros deapoio em função da área deresidência. Será dada aten-ção à assistência integradaaos idosos nos centros e nasunidades de acolhimentoque já existem.

Acidentes rodoviáriosTrabalhar nas campanhas deprevenção de acidentes deviação.

Doenças crónicasNo Hospital Geral, serão cria-dasmelhores condições paratratamento das doenças cró-nicas. Estamos a falar de ras-treio e prevenção de diabe-tes, lepra, oncocercose, ex-pansão dos serviços de tu-berculose e seu diagnósticode tuberculose em todos osmunicípios.

Doenças infecciosas e prevenção

Em relação às doenças infec-ciosas, irá trabalhar-se nocontrolo das normas do tra-tamento organizado para amalária e a intervenção con-junta com um grupo de lutaanti-vectorial na comunida-de. Será realizada uma cam-panha de sensibilização dacomunidade para o controlode vectores que transmitema malária.Vamos também trabalhar

com as administrações paraa melhoria das condiçõesambientais na comunidadeno sentido de uma melhorprevenção de doenças.

Neste âmbito, há tambéma necessidade de aumentar aquantidade de água potávela distribuir à população, e adistribuição de mosquiteirospara as grávidas e criançasmenores de cinco anos.

Vigilância activa das unidades de saúde públicas e privadas.

ImunizaçãoRealizar as campanhas devacinação contra a poliomie-lite, a introdução da vacinada hepatite B no recém-nas-cido em todas as salas de par-to e a introdução da vacinada HPV (vacina contra o can-cro do colo do útero) nas uni-dades sanitárias.

Raiva Trabalhar para baixar a per-centagem dos casos de raivaem pessoas através de cam-panhas de informação gene-ralizada sobre as causas dadoença, e incentivar campa-nhas de vacinação contra araiva canina.

Plano financeiro para a desconcentração administrativa

Trabalhar no controlo dagestão e planificação dosmeios financeiros.

A melhoria da rede está já

em fase adiantada e, ainda

em 2015, deverá estar con-

cluído o Plano de Desenvol-

vimento Sanitário, com a

construção do centro de

saúde do Zango. O plano é

ambicioso e cobre áreas

prioritárias.

O número de consultas pré-natais nos hospitais de

Luanda aumentou quase 60 por cento em 2014 face

ao ano anterior, ultrapassando as 700 mil

Os números, que acompanham o aumento do número de

unidades de saúde e de partos na província capital, foram di-

vulgados no III Encontro Metodológico sobre Gestão da

Saúde em Luanda, durante a apresentação do Relatório

Anual Estatístico de 2014.

O documento, apresentado pela diretora provincial da Saú-

de de Luanda, Rosa Bessa, refere ainda que em 2014 foram

realizados 165.355 partos em hospitais, um indicador do au-

mento de partos em instituições de saúde.

PartosOs dados das autoridades provinciais de saúde indicam que

do total de partos registados no ano passado, 62% foram

realizados em hospitais da periferia e 38% nas unidades de

referência.

Saúde maternaEm termos de saúde materna, aumentou o acompanha-

mento pré-natal, passando das 442.450 consultas em 2013

para 704.440 em 2014. A malária continua a ser a principal

causa de morte indirecta e os acidentes hemorrágicos a

principal causa de morte directa nas mulheres grávidas.

Malária No que diz respeito à morbilidade infantil, a malária foi a

principal doença reportada nas crianças em 2014, com

561.372 casos, seguida das doenças respiratórias agudas

(192.186), doenças diarreicas agudas (91.861), febre tifóide

(29.002) e infeções de transmissão sexuais (3.260).

Doenças respiratórias, diarreicas e disenteria As doenças respiratórias agudas e as diarreicas agudas são

as que mais afetam crianças menores de cinco anos, adianta

o relatório, salientando que os casos de febre tifóide são

mais frequente quando as crianças têm mais idade.

A disenteria predomina em crianças entre os 10 e os 14

anos e vai diminuindo com a idade.

Recomendações Ao nível das recomendações, o documento aponta para o

aumento do número de unidades sanitárias na capital ango-

lana, para dar resposta à crescente procura de cuidados de

saúde por parte da população.

Luanda tinha até 2014 um total de 158 unidades públicas de

saúde, mais cinco do que no ano anterior, sendo 14 hospi-

tais, 65 centros de saúde e 79 postos de saúde.

Luanda contava também com 611 unidades sanitárias priva-

das, sendo 32 clínicas, 308 centros médicos, 68 postos médi-

cos e 203 postos de enfermagem.

Equipamentos de meios de diagnóstico A necessidade de aquisição de equipamentos de radiografia

e ecografia é outra recomendação, bem como a humaniza-

ção no atendimento, a dinamização das equipas que traba-

lham para a melhoria da qualidade a nível provincial e muni-

cipal.

Aumentar o número de recursos humanos foi igualmente

recomendado, solicitando aos órgãos competentes a aber-

tura de vagas nos concursos públicos de ingresso "de forma

a colmatar a insuficiência do pessoal de acordo com as ne-

cessidades das unidades sanitárias e da expansão da rede".

Consultas pré-natais nos hospitais de Luanda aumentaram 60% em 2014

Janeiro 2011 A primeira das dozeedições deste ano foi dedicada edistribuída no Congresso da Ordemdos Médicos de Angola. Entreoutras matérias, destacou-se o

artigo da autoria de Arlete Borges sobre a importância do exame médico de saúde ocupacional como melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores.

Aniversáriojornal da saúde

º

Page 7: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

7publicidAdeJSA Março 2015

Page 8: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

8 ActuAlidAde Março 2015 JSA

Outubro 2012 O JS manteverigorosamente a sua periodicidademensal. Este ano de 2012 tratou de muitos temas, entre os quais o glaucoma, malária, saúde

materno-infantil, determinantes da saúde, VIH/Sida, pólio, doença do sono, dermatologia, vacinação, o início da radioterapia na Girassol e saúde mental.

Aniversáriojornal da saúde

º

Francisco Cosme dos Santos

com Magda Cunha Viana

A análise do complexo modelo

de desconcentração adminis-

trativa que confere maior po-

der às administrações munici-

pais reuniu em Luanda respon-

sáveis e profissionais da saúde.

Autoridades governamentais

do sector e responsáveis e pro-

fissionais municipais planea-

ram, no III Encontro Metodoló-

gico sobre Gestão da Saúde,

realizado este mês de Março,

pelo gabinete provincial da saú-

de de Luanda, a forma de unifor-

mizar o funcionamento da rede

sanitária.

A redução da taxa de mortalidade

materno-infantil e o acesso universal

à saúde reprodutiva devem constar da

lista de prioridades do sistema de saú-

de já a partir de 2015, afirmou na aber-

tura do encontro a vice-governadora

provincial para a esfera política e so-

cial, Jovelina Imperial.

A responsável apontou vários as-

pectos que envolvem a padronização

do funcionamento da rede sanitária,

no âmbito clínico, financeiro e admi-

nistrativo.

Segundo a vice-governadora, o

acesso ao serviço universal de saúde

reprodutiva que faz parte do sistema

único de saúde, deverá contemplar

novos desafios como, por exemplo, o

combate a situações que põem em

perigo a saúde pública.

Para que tal seja possível, os respon-

sáveis devem reforçar as infra-estrutu-

ras de saúde, focando o seu trabalho

no aumento da produção e qualificação

dos profissionais, sem esquecer a sus-

tentabilidade financeira dos serviços de

saúde, dando prioridade ao acesso a

tecnologias necessárias na saúde.

Para permitir que todos os cida-

dãos tenham acesso a cuidados de

saúde de qualidade, estes deverão be-

neficiar de gratuitidade.

Jovelina Imperial apelou aos profis-

sionais para se empenharem nas boas

práticas deontológicas e ética médi-

cas, sem esquecer a gestão adminis-

trativa.

No encontro, o Secretário de Esta-

do da Saúde, Carlos Masseca reco-

mendou uma melhoria na articulação

entre as diferentes dependências do

Governo da Província de Luanda com

a administração central, o que poderia

evitar muitos problemas.

Unidades de saúde mais

próximas da população

Por sua vez, a directora do gabinete de

saúde de Luanda, Rosa Bessa, afirmou

que foi efectuado um trabalho amplo

para aproximar as unidades sanitárias

das populações de forma a permitir

uma assistência médica mais abran-

gente e controlada.

Rosa Bessa adiantou que, devido a

este esforço, foram realizadas em

Luanda um milhão e quatrocentas mil

consultas, e mil cesarianas, na mater-

nidade Lucrécia Paim e Ngangula.

A responsável anunciou que em

2015 será inaugurado o Hospital Ge-

ral de Luanda, que conta com 200 ca-

mas e um serviço de Tomografia Axial

Computorizada (TAC).

Um estudo realizado por

um prestigiado instituto

britânico de investigação

de cancro, e publicado

num jornal de medicina do

Reino Unido, concluiu que

os sintomas susceptíveis

de indiciar algum tipo de

doença oncológica são fre-

quentemente ignorados.

No estudo, realizado pelo insti-

tuto britânico de investigação

do cancro Cancer Research UK

e publicado no jornal britânico

de medicina, foram entrevista-

das cerca de 1 700 pessoas com

mais de 50 anos.

Todos os inquiridos negli-

genciavam sintomas que fre-

quentemente estão associados

ao cancro, tais como tosse per-

sistente, rouquidão, caroços, al-

terações do funcionamento in-

testinal, da bexiga, uma ferida

que não sara, entre outros.

Medo da consulta

Segundo Katriina Whitaker, uma

investigadora que participou no

estudo, há pessoas que se aper-

cebem dos sintomas mas que

têm medo de que uma consulta

ao clínico geral confirme os seus

receios.

Por outro, existem pessoas

que evitam uma ida ao médico

para não ouvir do clínico que es-

tão a valorizar algo sem impor-

tância.

“Muitas pessoas que entre-

vistámos tinham sintomas de

alerta vermelho mas pensaram

que não lhes deviam dar impor-

tância e que não precisavam de

atenção médica, principalmente

se não tivessem dores ou se as

dores fossem intermitentes”,

disse.

“Outros sentiram que não

deviam desperdiçar o tempo do

médico com coisas de somenos

importância”, afirmou investiga-

dora.

Adiar exames

Segundo o estudo, a maioria das

pessoas vai adiando os exames

e as consultas. São muitos os

testemunhos dos participantes

que revelam medo.

A investigação conclui ainda

que os pacientes precisam de

um incentivo para consultar o

médico, quer seja o conselho de

alguém próximo ou o apareci-

mento de um novo sintoma.

O questionário que foi apre-

sentado aos entrevistados não

mencionava o cancro, mas in-

cluía entre as perguntas uma lis-

ta de 17 sintomas, entre os quais

10 alerta de cancro.

Mais de 900 pessoas afirma-

ram ter tido pelo menos um

dos sinais de alerta durante os

últimos três meses.

Consultar o médico

Os investigadores aprofundaram

o estudo e entrevistaram 50 das

900 pessoas com pelo menos

um sinal de alarme. Quase meta-

de (45 por cento) não tinha con-

sultado o médico.

Uma mulher com dores ab-

dominais persistentes não efec-

tuou um exame de diagnóstico

prescrito.

“Por vezes pensava que podia

ser algo de mau …mas quando a

dor desaparecia achava que não

valia a pena continuar a fazer os

exames”, disse esta mulher.

Um homem que sofria de al-

terações persistentes do funcio-

namento da bexiga disse que era

preciso viver com isso. “Se fosse

ao médico demasiadas vezes po-

deria estar a demonstrar fraque-

za”, disse.

Algumas pessoas – afirmou a

investigadora – esperam por um

outro motivo para ir ao médico

e, nessa consulta, mencionam um

sinal de alerta.

O médico Richard Roope, do

Instituto Investigação do Cancro

do Reino Unido recomendou vi-

vamente que, em caso de dúvida,

se deve consultar o médico.

Muitas vezes o sinal apresen-

tado pelo doente não confirmará

a existência de cancro, mas se for

diagnosticada uma doença onco-

lógica, quanto mais rapidamente

isso acontecer melhor será para

o doente.

Uma boa notícia é que mais

de metade dos doentes diagnos-

ticados com cancro sobrevivem

actualmente mais de 10 anos

após o diagnóstico, informam os

especialistas.

Unidades de Saúde de Luanda com normas, metas e programas padronizados

Esteja atento aos sinais do corpo para detectar precocemente o cancro

A história do Hospital Geral de Luanda (HGL), em Angola,

começou a ser contada em 2006, com a inauguração do seu

primeiro edifício. Todavia, o hospital acabaria por encerrar,

uns anos depois, e o edifício demolido, devido a problemas de-

tectados na construção.

A segunda vida do HGL começou em Abril de 2012, quando

Angola e China assinaram em Pequim um memorando de

entendimento que formalizou a revisão do plano de constru-

ção do projecto de reabilitação, construção e ampliação da

nova unidade, para substituir a construída em 2006.

O local é o mesmo da primeira versão, a comuna de Cama-

ma, no município de Belas. O HGL vai servir uma área em

que vive actualmente um milhão de pessoas, com tendência

para aumentar muito mais à medida que as novas centralida-

des forem sendo concluídas. Por esta razão foi decidido de-

molir a antiga unidade e construir de raiz uma nova, aprovei-

tando ainda para alterar profundamente muitas das caracte-

rísticas da versão de 2006. O HGL será inaugurado este ano.

Page 9: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

9publicidAdeJSA Março 2015

Page 10: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

10 FARMÁCIA Março 2015 JSA

Moradores do Kilamba deixam de percorrerlongas distâncias para adquirir medicamentos

n A abertura da farmáciaHanga, pertencente ao grupoMoniz Silva, foi inauguradacom a promessa de forneci-mento de medicamentos se-guros, a preços competitivos.

Moradores entrevistadospelo Jornal da Saúde afirma-ram que a abertura de umafarmácia na localidade “émuito importante”, dadoque para adquirir produtosfarmacêuticos deixam de terde se deslocar ao centro dacidade.

Responsabilidade socialSegundo o presidente dogrupo, Moniz Silva, a farmá-cia Hanga surgiu para col-matar o défice que existiaem termos de infraestrutu-ras farmacêuticas na centra-lidade, mas também paracumprir responsabilidadessociais.“Temos que continuar a ga-

rantir emprego aos nossosjovens (…) para ajudar aatravessar este momentomenos bom”.

A farmácia Hanga “foiuma necessidade que fomossentindo. Era essencial paraque as pessoas não tivessemde ir até à cidade comprarprodutos básicos”, disseMoniz Silva, adiantando quea farmácia foi criada no âm-bito do projecto de expan-são do grupo.

“Nós sabemos que mui-tos investidores vão cancelarprojectos nesta fase que opaís atravessa, e despedirpessoal, mas nós queremosdar o sinal contrário.

“Garantimos à popula-ção, ao contrário do que di-zem outras pessoas, que nãohá falta de medicamentosno nosso mercado. Houveum momento de uma certadificuldade nos pagamentos

ao exterior (…) mas nós as-seguramos que no nossogrupo não sentimos falta demedicamentos”.

O grupo vai continuar aexpandir-se, disse MonizSilva, anunciando a abertura

de uma nova farmácia emViana e, outra, de seguida,em Cacuaco.

Esta 12ª farmácia do gru-po orçou os 800 mil dólares ecriou 20 postos de trabalhos,dos quais 13 farmacêuticos

formados.A cerimónia de inaugura-

ção da farmácia Hanga con-tou com a presença do basto-nário da Ordem dos Farma-cêuticos de Angola, Boaven-tura Moura, funcionários e

moradores do Kilamba.Para Boaventura Moura,

a abertura da farmácia noKilamba “orgulha a classefarmacêutica” e deve ser umexemplo a seguir por outrosgrupos.

FrANCiSCo CoSMe DoS SANToS

com MAGDA CuNhA ViANA

Os moradores do Kilamba

passaram a beneficiar de

uma nova farmácia, que fun-

cionará 24 horas por dia, dei-

xando assim de percorrer

longas distâncias para adqui-

rir medicamentos.

“Garantimos àpopulação quenão há falta demedicamentosno nossomercado”

Outubro 2013 Nesta edição, o PCA da Multiperfil, Dias dosSantos, antecipou o que seria o 2º Congresso organizado por esta clínica de renome que

reuniu cerca de 1 300 profissionais. Temas abordados ao longo do ano:hipertensão, colesterol, raiva, cólera,oftalmologia, imagiologia, entre muitosoutros.

Aniversáriojornal da saúde

º

O bastonário da Ordem

dos Farmacêuticos de An-

gola (OFA), Boaventura

Moura, foi eleito vice-pre-

sidente da Associação dos

Farmacêuticos dos Países

de Língua Portuguesa

(AFPLP), durante o XI

Congresso Mundial, a 26 e

27 de Março, no Maputo.

A comitiva angolana, constituída

por 22 farmacêuticos, esteve re-

presentada ao mais alto nível. En-

tre outras individualidades, mar-

cou presença o Secretário Pro-

vincial da Saúde de Cabinda, Pau-

lo Zengui Alexandre, o Director

da CECOMA, Mateus Sebastião

Fernandes e o Director Nacional

de Medicamentos e Equipamen-

tos, Boaventura Moura.

Na véspera do Congresso,

realizou-se a reunião do Conse-

lho Directivo do Fórum das

Agências Reguladoras do Espaço

Lusófono (FARMED), onde An-

gola ocupa também a vice-presi-

dência, através do Director Na-

cional de Medicamentos e Equi-

pamentos. Em 2016, o nosso país

passará a deter a presidência des-

ta organização.

Das conclusões destacam-se

a recomendação aos países que

fazem parte do FARMED para

uniformizarem procedimentos

no sentido de haver uma base co-

mum, como por exemplo a nível

da regulamentação e combate à

contrafacção, bem como da par-

tilha de dossiers das avaliações de

medicamentos.

Outro aspecto a salientar é a

sugestão para que as Direcções

Nacionais de Medicamentos dos

PALOPs passem a Institutos da

Farmácia e do Medicamento, co-

mo se verifica em outros países.

Na Assembleia Geral da

AFPLP, presidida pelo anfitrião e

Presidente cessante desta Asso-

ciação, eleito na Assembleia de 29

de Maio de 2013, em Luanda, o

farmacêutico moçambicano Lu-

cílio Williams, foi apresentada

uma proposta de uniformização

dos currículos académicos de

forma a tornar mais célere, ho-

mogénea e harmonizada a forma-

ção dos futuros licenciados em

farmácia / ciências farmacêuticas

nos países de língua portuguesa.

Outro dos pontos altos da

Assembleia foi a assinatura de um

Acordo de cooperação entre a

Ordem dos Farmacêuticos de

Angola e a Universidade Lúrio de

Nampula, Moçambique, repre-

sentada pelo seu reitor, Francisco

Pedro dos Santos Noa, no âmbito

de intercâmbio de experiências

científicas e académicas com in-

teresses comuns, tanto no campo

da formação, como no da admi-

nistração farmacêutica, entre do-

centes, discentes e os farmacêu-

ticos, com o objectivo final de

aprofundar a cooperação peda-

gógica, académica e científica nas

ciências farmacêuticas.

De realçar, a aprovação da

Carta da Farmácia e dos Farma-

cêuticos dos Países de Língua

Portuguesa que a Revista e o

website da OFA publica na ínte-

gra.

Da Assembleia Geral da

AFPLP resultou o reconhecimen-

to do papel da OFA que, apesar

de ser ainda jovem, começa a ter

prestígio internacional, tendo si-

do sugerida a sua entrada como

membro permanente da Federa-

ção Internacional dos Farmacêu-

ticos (FIP).

No triénio 2015-2017 a pre-

sidência da AFPLP é ocupada pelo

brasileiro Valmir Santi. Para além

da vice-presidência, Angola de-

tém um lugar de vogal no conse-

lho fiscal, através do farmacêutico

Mateus Fernandes, Secretário-ge-

ral da Associação dos Profissio-

nais de Farmácia de Angola (AS-

SOFARMA).

Angola eleita para a vice-presidência da Associaçãodos Farmacêuticos de Língua Portuguesa

Moniz Silva

e a sua equipa

5 estrelas da

nova farmácia

Hanga.

O Director

Nacional de

Medicamentos

e Equipamen-

tos, Boaventu-

ra Moura,

procede ao

"corte da fita"

no acto de

inauguração

Page 11: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

11publicidAdeJSA Março 2015

Page 12: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

12 DIA MUNDIAL DO RIM Março 2015 JSA

“Insuficiência renal éconsiderada a epidemiasilenciosa do século”

—Qual o significado da co-memoração do Dia Mun-dial do Rim para os pacien-tes que sofrem de patologiasrenais, para os médicos es-pecialistas em nefrologia epara a população no geral?—Este Dia é um marco quenos permite reflectir acercadas doenças renais em Ango-la e, mais especificamente,no Hospital Josina Machel.Serve como um ponto departida para uma reflexão so-bre o passado, o presente e ofuturo do combate à epide-mia que é a insuficiência re-nal e da assistência oferecidaaos doentes afectados por es-te tipo de patologia.—O rim é o principal regu-lador da pressão arterial, nosistema circulatório. Se esteórgão estiver com proble-mas, que maleitas podemoscontrair?—O rim é um órgão que con-trola uma série de funções re-lacionadas com o equilíbriohidroelectrolíquido, que tema ver com a secreção de umasérie de hormonas que parti-cipam na homeostase do or-ganismo. O sistema renalcontribui para o equilíbriosanguíneo, permite controlara quantidade de líquidos quetemos no corpo e excretar to-dos os líquidos de que o cor-po não precisa. Se este equi-líbrio não for garantido pelos

rins, existe o perigo da subidada tensão arterial. Qualquerpessoa que padeça de danosrenais corre esse perigo. Atensão arterial precisa de sercontrolada, pois é o principal“vilão” nesta história, o prin-cipal causador de doençasrenais. —Os principais temas dis-cutidos no âmbito do DiaMundial do Rim deste anoforam o controlo da tensãoarterial, a diabetes e o ex-cesso de peso. Porque quese deu especial atenção a es-ses três temas?—Estes três factores - hiper-tensão, diabetes e excesso depeso - constituem hoje, a ní-vel mundial, as principaiscausas o dano renal. Todosos diabéticos não controla-dos acabam por ter que sersubmetidos a hemodiálise.Está provado cientificamenteque o excesso de peso, por sisó, provoca o aumento dapressão arterial. Nós quere-mos enfatizar o controlo des-tes três factores. —Que outros factores po-dem contribuir para odesenvolvimento dedoenças renais? —Gostaria de evi-denciar o descuidono tratamento dopaludismo, umadoença que podeafectar os rins eprovocar danos re-nais graves. Existemainda na periferia di-versos casos de doen-ças que afectam os rinse que são negligenciadasem muitos diagnósticos, as-sim como anormalidades re-nais assintomáticas, situa-ções em que a pessoa temproblemas no rim mas não sequeixa porque não sentequaisquer sintomas. Pode-mos ainda sublinhar os quis-tos renais, as pedras nos rinse os tumores renais. —Os factores são os mes-mos para todas as faixasetárias?—Nem sempre. Em relaçãoàs crianças, por exemplo, émuito comum sofrerem dedoenças congénitas que po-dem não ser diagnosticadasaté aos 10, 11 anos. Isto podelevar a que crianças muito

novas tenham já que fazerhemodiálise. Também exis-tem casos específicos de mu-lheres, relacionados com arealização de abortos clan-destinos ou partos mal con-duzidos, que desembocamem infecções ligadas ao partoou à gravidez. Recebem tra-tamento na periferia, auto-medicam-se e, apesar de nal-guns casos a doença estag-nar, em 5 a 10 por cento doscasos a melhoria não é per-manente e as infecções vol-tam mais tarde, evoluindopara insuficiência renal cró-nica avançada.—É possível, portanto, quemuita gente tenha insufi-ciência renal sem se aperce-ber.—Exatamente. É, até, algobastante comum, o que nosleva a considerar a insufi-ciência renal como sendo aepidemia silencio-

sa do século. É uma epide-mia que afecta todos os paí-ses, desenvolvidos e subde-senvolvidos. Todos nós esta-mos ao alcance destes pro-

blemas e é essa a razão daexistência deste dia: fazer-nos parar e pensar no perigoreal que representa esta epi-demia silenciosa. —E que medidas estão a sertomadas no combate a estesproblemas?—A sensibilização é a princi-pal medida a tomar. O nossoGoverno e o Ministério daSaúde, por si só, não são sufi-cientes para sensibilizar comeficácia a população em rela-ção a esta epidemia. Por isso,temos apelado aos parceirossociais: igrejas, instituiçõesprivadas, universidades, as-sociações estudantis, paraque possam veicular estas in-formações junto das massas.A Igreja é um parceiro estra-tégico especialmente impor-tante, porque congrega mui-tos cidadãos e é útil paratransmitir rapidamente in-

formações de boas práti-

cas em relação à saúde. Porque não sugerir ao pastorchamar um palestrante, devez em quando, para que es-te transmita estas informa-ções?— Já foi realizada algumapesquisa sobre o impactedos problemas renais?—Em princípio conseguire-mos apresentar dados esta-tísticos concretos relativa-mente ao Hospital JosinaMachel, que possam respon-der à sua pergunta, por volta

de Outubro. De momento,podemos apenas dizer quecerca de 8 por cento dos ca-sos que nós recebemos ne-cessitam de hemodiálise. Fi-zemos ainda um mini-ras-treio nos principais municí-pios de Luanda e os númerosobtidos foram preocupantes.Não é ainda possível publi-car as nossas conclusões,mas já conseguimos teruma ideia de que a asdoenças renais são umperigo bem real, e todos –Governo, sistemas desaúde, parceiros sociais einstitucionais, famílias –temos que estar informa-dos e preparados para com-bater esta epidemia silencio-sa.—A diabetes tipo 2 e a hiper-tensão estão a aumentar to-dos os anos e com isso asdoenças renais aumentam.O que está na base deste au-mento?—Bem, a diabetes tipo 2 éuma doença que, antiga-mente, era considerada tipi-camente europeia. Está mui-to ligada à disfunção do pân-creas, a disfunções dietéticase nutricionais, mas está tam-bém relacionada com a glo-balização e desenvolvimentodo país. O que antes era umadoença extra-Angola é, ago-ra, uma doença que se apre-senta bastante relevante nonosso meio. Não temos da-

dos fidedignos em relação aonúmero de diabéticos nonosso território e essa é a nos-sa maior luta. Esperamos queas universidades nos possamauxiliar com trabalho de pes-quisa e catalogação de dadospara que, num futuro próxi-mo, possamos saber commaior exatidão a percenta-gem de diabéticos existenteem Angola. No entanto, devodizer que, puramente atravésdas nossas observações e deconclusões informais, chegá-mos à conclusão de que onúmero de diabéticos tendea aumentar de ano para ano.Basta olhar para a alimenta-ção típica do angolano hojeem dia e voltamos à questãoda globalização. O angolanodeixou de comer em casa.Passou a frequentar os res-

taurantes de fast-food. Estetipo de comportamento temconsequências. E, como ob-servou, com a chegada dadiabetes, aumenta a proba-

Francisco cosme

com Luís Óscar

Hipertensão, diabetes e ex-cesso de peso são as princi-pais causas dos danos renaise foram os principais temasdo dia mundial do rim, assi-nalado este mês. O directordo serviço de nefrologia doHospital Josina machel euma das autoridades no tra-tamento de doenças renaisem angola, Álvaro malega,explicou ao Jornal da saúdea situação das doenças re-nais no nosso país e comodeve a população agir peran-te um problema que se agra-va todos os anos.

ÁlvarO malega “O cuidado com a ingestão de sal está estri-tamente relacionado com uma boa saúde renal e manutençãode uma tensão arterial equilibrada. desaconselhamos a presen-ça do sal de mesa na casa das pessoas e nos refeitórios. umasensibilização dos cozinheiros profissionais e dos refeitórios dasempresas no sentido de controlarem os níveis de sal nos pratosservidos também seria uma medida bastante positiva para ocontrolo deste problema”

O sistema renal cOntribui para OequilíbriO sanguíneO,permite cOntrOlar a quantidade de líquidOs que temOs nO cOrpO e excretartOdOs Os líquidOs de que O cOrpO nãOprecisa

“O angolanodeixou de comer em casae passou a frequentar osrestaurantes de fast-food”

Álvaro Malega, director do Serviço de Nefrologia do Hospital Josina Machel

Page 13: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

13JSA Março 2015

bilidade dos problemas re-nais. —Depois da detecção da in-suficiência renal e da neces-sidade de transplante, queprocedimentos são toma-dos pelo sistema de saúdeangolano?—Antes sequer de falar emtransplante é importante fo-carmo-nos na facilitação doacesso à hemodiálise em An-gola. A hemodiálise é um tra-tamento que pode devolvereficazmente a qualidade devida ao cidadão. O Ministérioda Saúde tem feito um gran-de esforço no sentido deaprovar a Lei do Transplante.A verdade é que cerca de 65por cento dos cidadãos quefazem hemodiálise têm indi-cações para fazer um trans-plante. O problema é que nósnão temos condições paratransferir ninguém para o es-trangeiro para fazer trans-plantes, até porque os outrospaíses também têm cidadãosque necessitam de trans-plantes e, certamente, nãovão deixar de realizar trans-plantes nos seus pacientes

para tratar dos pacientes an-golanos.

—Quando os pacientes che-gam ao hospital, que proce-dimentos devem seguir pa-ra poderem ser submetidasà hemodiálise?—A porta de entrada ade-quada para esses pacientes éa de consulta externa. Aí opaciente é avaliado. A maiorpartes dos doentes que rece-bemos a necessitar de trata-mento para a doença renal jáchega num estado relativa-mente avançado, necessi-tando de hemodiálise. O nos-so hospital dispõe de equipa-

mentos de hemodiálise paraauxiliar quem necessite, defacto, desse tratamento. Emcasos mais graves, o pacientedeve dirigir-se directamenteà Urgência do Hospital, ondepode ser, após alguns exa-mes, mais rapidamentereencaminhado para o Cen-tro de Hemodiálise para re-ceber o tratamento necessá-rio.—O que falta fazer, em ter-mos de sensibilização dopovo angolano relativa-mente à insuficiência renale à hipertensão?—A verdade é que, hoje emdia e tendo em conta o pro-grama de intervenção donosso Governo, a maior par-te das doenças que antiga-mente eram negligenciadasgozam agora de bastante ex-posição, incluindo a doençarenal. No entanto, é necessá-rio que os órgãos de informa-ção se organizem e demons-trem o mesmo trabalho desensibilização que fazemcom doenças como a sida,por exemplo. Os departa-mentos já estão apetrecha-

dos com informações sobreos cuidados a ter, mas a ver-dade é que a grande genera-lidade dos angolanos nãotem condições económicaspara adquirir os medica-mentos para o tratamentodeste tipo de doenças. Eu de-fendo a existência de algunsmedicamentos de preven-ção a serem distribuídos gra-tuitamente aos pacientes ne-cessitados. O mesmo deveriasuceder com os medicamen-tos para a diabetes. Mais umavez, faço um apelo para quenas universidades haja maistrabalhos de investigação, fa-zendo um levantamentoacerca das mortes no nossoterritório, para obtermos da-dos mais concretos em rela-ção ao número de mortescausadas por hipertensão einsuficiência renal, assim co-mo sobre as outras causas.—Para finalizar, aconselhe-nos em relação aos hábitossaudáveis que devemos se-guir para evitar esta epide-mia.—Antes de tudo, convém su-blinhar que estes são hábitos

saudáveis que devem ser ge-rais. O cuidado com a inges-tão de sal está estritamenterelacionado com uma boasaúde renal e manutençãode uma tensão arterial equi-librada. Nós aconselhamosao consumo de um máximode 5 gramas de sal por dia,para a população em geral.No caso de pessoas já afecta-

das por problemas renais, es-te número baixa para 1 gra-ma. É difícil medir estes valo-res no dia-a-dia e, por isso,desaconselhamos a presen-

ça do sal de mesa na casa daspessoas e nos refeitórios.Uma sensibilização dos cozi-nheiros profissionais e dosrefeitórios das empresas nosentido de controlarem os ní-veis de sal nos pratos servidostambém seria uma medidabastante positiva para o con-trolo deste problema. A prá-tica regular de exercício tam-bém é um grande aliado nocombate à hipertensão, bemcomo bons hábitos de sono.Todas estas práticas servemtambém para combater ou-tra epidemia grave que é a daobesidade. Apelamos tam-bém à população para queprocure realizar exames jun-to de profissionais médicos,de forma a saber os seus ní-veis de colesterol e tensão ar-terial, pois muitas vezes os ci-dadãos têm estes níveis forade controlo e só se aperce-bem disso tarde demais. Aferramenta mais eficaz nocombate a esta epidemia si-lenciosa é a prevenção e con-trolo frequente da tensão ar-terial e levar um estilo de vidasaudável.

ÁlvarO malega “mais uma vez, faço um apelo para que nas universidades haja mais trabalhosde investigação, fazendo um levantamento acerca das mortes no nosso território, para obtermosdados mais concretos em relação ao número de mortes causadas por hipertensão e insuficiênciarenal, assim como sobre as outras causas”

“Cerca de 65por cento doscidadãos que fazem hemodiálise têm indicaçõespara fazer um transplante”

“Eu defendo aexistência dealguns medicamentosde prevenção a serem distribuídosgratuitamente aos pacientes necessitados”

— Que dados pode facultar

em relação ao número de

angolanos que padecem de

insuficiência renal ou hiper-

tensão? Aqui no Hospital,

quantos pacientes tem

atendido por dia?

— Antes de mais, permita-me

reforçar que estes dados são

meramente observacionais e

estimativas muito vagas, visto

que ainda não há informação es-

tatística suficiente para tirar

conclusões mais específicas. Te-

nho a possibilidade de apresen-

tar dados do último mês, relati-

vos ao nosso hospital. Dos

11.720 doentes que passaram

no Banco de Urgência do Josina

Machel, 4.250 foram doentes

que passaram pelo serviço de

Medicina, onde grande parte são

doentes que vêm a consultas re-

lacionadas com algum tipo de

doença ligada ao rim. Destes pa-

cientes, 140 necessitavam de ser

submetidos a hemodiálise. São

números consideráveis. Diaria-

mente, atendemos 5 a 8 pacien-

tes que necessitam de hemodiá-

lise e cerca de 4 crianças no de-

curso de uma semana. Permita-

me ainda acrescentar que a faixa

etária onde há maior incidência

de problemas renais e necessi-

dade de hemodiálise é na dos jo-

vens adultos, dos 24 aos 35 anos.

Outros dados preocupantes são

os relativos ao staff do Hospital.

Em 2013, analisámos os traba-

lhadores no nosso hospital e

concluímos que 60 por cento

do nosso staff é hipertenso e 10

por cento já tinha desenvolvido

algum grau de doença renal.

São 4 crianças por semana

“Diariamente, atendemos 5 a 8 pacientesque necessitam de hemodiálise”

— Existe uma grande lista

de espera para transplantes

em Angola?

— Não existe uma lista de espe-

ra para transplantes sequer, por-

que ainda não é possível fazer

transplantes em Angola. Existem

alguns angolanos que conse-

guem arranjar maneira de fazê-

lo fora do país. Para que países

vão, eu não sei. Quem faz hemo-

diálise e tem um dador compa-

tível deve pedir um relatório à

Junta Nacional de Saúde, que de-

pois trata de todos os procedi-

mentos. Quando eu tiver auto-

rização para elaborar mais a mi-

nha resposta em relação a este

assunto, assim o farei. No entan-

to, nós não fazemos transplantes

no nosso território, pois não

existe um serviço oficial de

transplante de órgãos que se en-

carregue de verificar a compati-

bilidade entre pacientes e pes-

soas passíveis de serem doado-

ras de órgãos. Estamos confian-

tes de que os transplantes vão

ser possíveis em Angola, dentro

de muito pouco tempo. E é im-

portante que as pessoas perce-

bam que é possível utilizar o rim

de uma pessoa morta, mas tam-

bém pessoas vivas se podem

oferecer para doar rins - me-

diante algumas análises para ve-

rificar a qualidade dos seus ór-

gãos - já que estes são órgãos

duplos, o que permite que uma

pessoa doe um dos seus rins e

continue a viver sem complica-

ções graves só com o outro.

Ainda não existe serviço oficial

“Transplantes vão ser possíveis em Angola dentro de pouco tempo”

Page 14: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

nA violência doméstica é ti-da actualmente como umaquestão de saúde pública,pela dor, pelo sofrimento físi-co e psicológico que causa àsvítimas, pelo constante au-mento da morbilidade e pelasobrecarga dos serviços desaúde. A maioria dos profis-sionais de saúde tem encon-trado inúmeras dificuldadesem abordar este problema,muitas vezes, por desconhe-cimento e falta de formação.Por estes motivos, foi realiza-da uma palestra intitulada“Violência Doméstica naPerspectiva da Saúde”, ondemarcaram presença, directo-res, gestores e vários profis-sionais de saúde.

José Van-Dúnem, no dis-curso de abertura, referiuque este evento se enquadrana responsabilidade do Mi-nistério da Saúde no âmbitoda implementação do PlanoExecutivo de Combate à Vio-lência Doméstica, aprovadopelo decreto nº 26/ 13, de 8 deMaio, devido a políticas eprogramas que privilegiem ocombate à violência domés-tica e a consciencialização dafamília e da sociedade.

Foi já adoptada a imple-mentação de acções multis-sectoriais para garantir umatendimento de qualidade,integral e humanizado às ví-timas em situações de vio-lência e para “aumentar a

mobilização social e o alertapúblico no combate à violên-cia sexual”. As medidas vi-sam igualmente consolidar,a nível sectorial, os dados es-tatísticos sobre violência do-méstica, contribuindo parauma maior harmonia, esta-bilidade e coesão familiar.

“Pretende-se com estasmedidas dotar os profissio-nais de saúde com compe-tências e ferramentas ade-quadas de forma a assumir ocompromisso efectivo namelhoria da intervenção nasaúde preventiva, na detec-ção e na resposta à violênciadoméstica, de forma a redu-zir o impacto directo e indi-recto, que este fenómeno

tem na vida das vítimas e dacomunidade em geral”, ex-plicou o ministro da saúde.

Entende-se como violên-cia doméstica, qualquercomportamento violento fí-sico e psicológico, que ocorreem ambiente familiar. Em-bora este tipo de violência se-ja exercido, maioritariamen-te, pelas mulheres, atingetambém, directa ou indirec-tamente, homens, crianças eoutras pessoas mais vulnerá-veis, como por exemplo, por-tadores de deficiência.

Realidade dramáticaEm entrevista ao Jornal daSaúde, José Van-Dúnem,adiantou que “na perspectivada saúde, os profissionais es-tão actualmente preparadospara lidar com os casos deviolência doméstica. Este éum problema que afecta ci-dadãos, chefes de família eprofissionais de saúde que,no decorrer do exercício dasua profissão, têm de tratar asvítimas, devendo ser encara-do com bastante seriedade,como um problema cada vezmais preocupante, e ao qualtem de se dar maior atenção”.

A realidade é dramáticapelo que, no quadro das res-ponsabilidades do Ministé-rio da Saúde, achou-se porbem realçar a temática nestapalestra por ser um proble-ma que afecta todas as fran-jas da sociedade, onde se in-

cluem mulheres, crianças eidosos. “Por esse motivo,considerou-se oportuno reu-nir todos os sectores que es-tão envolvidos para se daruma resposta mais efectivapossível”.

No que respeita aos nú-meros que têm sido apresen-tados, referiu que “a violên-

cia doméstica deixou de sertabu para passar a ser umproblema muito preocupan-te no país. Enquanto nãohouver uma reflexão cons-ciente por parte dos cidadãose persistir uma rejeição socialintensa e generalizada, os ca-sos irão ganhar proporçõesalarmantes, tornando assimdifícil o seu controlo, deven-do lutar-se cada vez maiscontra esta realidade”,adiantou o ministro da saú-de.

Por sua vez, a Secretáriade Estado para a Família ePromoção da Mulher, AnaPaula Sacramento, afirmouque, segundo os dados res-peitantes ao atendimento devítimas de violência domés-tica, “registaram-se no país,mais de seis mil casos de vio-lência doméstica em 2014,destacando-se, entre estes,casos de violência sexual, fu-ga paterna ou materna, faltade pensão de alimentos, eem alguns casos, o faleci-mento do esposo em que afamília do próprio se apro-priou dos seus bens”. Devidoao aumento de casos destanatureza, a responsável real-çou que a Secretaria de Esta-do “está a trabalhar com oplano do Executivo de com-bate à violência onde cons-tam várias instituições do Es-tado, para se poder controlaro flagelo que é a violência do-méstica”.

Quanto à especificidadedos casos, esclareceu que es-tá a ser feito um grande esfor-ço para que os mesmos se-jam encaminhados para asinstituições capacitadas paraa resolução de qualquer pro-blema associado à violênciadoméstica. Por ser uma rea-lidade difícil e abrangente, oMinistério da Família e Pro-moção da Mulher não con-segue resolver a problemáti-ca isoladamente, recorrendoà Direcção Nacional de In-vestigação Criminal (DNIC)e o Instituto Nacional daCriança (INAC) e outros or-ganismos ministeriais.

14 SAÚDE DA MULHER Março 2015 JSA

Consciencializar para prevenir a violência doméstica FRaNciscO cOsMe dOs saNtOs

com cLáUdia PiNtO

Realizou-se este mês de

Março, uma palestra organi-

zada pelo Ministério de Saú-

de de Angola com o objecti-

vo de prevenir a ocorrência

de actos de violência domés-

tica e de proteger as famílias

que vivem e assistem a este

problema. O evento serviu

também de alerta aos pro-

fissionais de saúde de forma

a prestarem melhores cui-

dados às vítimas de violência

doméstica.

Na perspectivada saúde, osprofissionaisestãoactualmentepreparados paralidar com oscasos deviolênciadoméstica” José Van-Dúnem

“Registaram-seno país mais deseis mil casos deviolênciadoméstica em2014” Ana Paula

Sacramento

Encontro sobre violência doméstica na perspectiva na saúde

Junho de 2014 Uma grande foto-reportagem sobre as cirurgiascardíacas com tecnologia avançadaque já se fazem no Josina Machel, em Luanda, foi o tema central

deste mês. O jornalista e fotógrafoacompanharam passo a passo a equipa no bloco cirúrgico e relataramcomo se troca uma válvula mitral por uma prótese mecânica.

Aniversáriojornal da saúde

º

Page 15: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

Escritório - Rua Comandante Valôdia, nº 5- 1º Andar Porta 11

Armazém: Bairro Palanca- Municio do Kilamba Kiaxi- Rua do Capolo913 110 783 / 929 720 727

Importação e Comercialização de Medicamentos, Material Hospitalar diverso

e Equipamentos Médicos.

Tel.: 222 444 490 / 222 442 442Tlm.: 913 403 748

E-mail: [email protected] www.afa-ao.com

AFA ANGOLA-Consultoria e Gestão Lda.

15publicidAdeJSA Março 2015

Page 16: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

Consultas pré-natais reduzem taxa de mortalidade infantil no município da Quibala

nA responsável apontou aconstrução de mais unidadessanitárias em zonas de maiorconcentração populacionalcomo sendo o factor que pro-piciou a oferta dos serviços deassistência hospitalar nas co-munidades e, ao mesmotempo, constitui motivaçãopara as populações, sobretu-do mulheres, procurarem as-sistência.

A chefe de repartição dasaúde na Quibala disse aoJornal da Saúde que a únicadificuldade que o municípioatravessa é da falta de médi-cos nas especialidades de gi-necologia e obstetrícia, pe-diatria, cirurgia e ortopediapara dar respostas às solicita-ções de pacientes que acor-rem ao Hospital municipal,cujo recurso tem sido a eva-cuação para os hospitais dereferência da província ou navizinha província do Huam-bo.

Segundo a chefe de Repar-tição da saúde de Quibala, acobertura em termos de in-fraestruturas sanitárias nomunicípio tem sido acompa-nhada com a componente derecrutamento e formação detécnicos, mas reconheceuque há muitos desafios nestedomínio para responder àdemanda.

Anabela da Cunha reco-nheceu, por outro lado, haverlocalidades que carecem ain-da de unidades sanitárias,principalmente nas comunasde Ndala-Kachibo e Lonhe,mas entende que a situaçãopode ser resolvida nos próxi-mos tempos, no prossegui-mento das acções enquadra-das no Programa dos cuida-dos primários de saúde, con-forme revela na entrevistaque concedeu ao Jornal daSaúde— Como avalia o sector dasaúde no município da Qui-bala?— A realidade actual do sec-tor da saúde no Município daQuibala revela-se dinâmica,porque as populações come-çam a ter uma atitude res-ponsável e acreditam quequando estão doentes po-dem ter cura nas unidadessanitárias distribuídas pelomunicípio, graças à dedica-ção dos técnicos, a vários ní-

veis, e das condições de tra-balho postas a disposição.

Neste aspecto tenho a des-tacar a afluência das mulhe-res às consultas pré-natais oque tem contribuído bastan-te para a redução da taxa demortalidade materno-infan-til. Para ilustrar o que disse,basta compararmos que, em2013, registamos 121 casos demortalidade materno-infan-til, enquanto, em 2014, os nú-meros reduziram para 72 ca-sos, ao passo que nos primei-ros dois meses do correnteano ainda não registamos ne-nhum caso. É uma reduçãoprogressiva que é promissorae revela que a educação paraa saúde nas comunidades es-tá a resultar. No capítulo deassistência materno-infantiltemos de destacar o envolvi-mento de 245 parteiras tradi-cionais nas diversas aldeiasque têm desenvolvido umaprestação aceitável às mãesgrávidas.

A par disso, devo referirque o fornecimento regularde medicamentos, quer sejadas aquisições locais pelosfornecedores que prestamserviços ao município, comodos fornecimentos através doDepósito provincial de medi-camentos essenciais da Di-recção provincial da saúde ea qualidade de água consu-mida pelas populações, sãooutros factores a considerarna diminuição das mortesmaterno-infantis e das popu-lações em geral.

Face a esta realidade, asevacuações para os hospitaisdos municípios limítrofes edas províncias vizinhas dimi-nuíram substancialmente eestamos em crer que, nospróximos tempos, teremosque evacuar apenas casos deespecialidade, como porexemplo de traumatologia ecirurgia, entre outros, por fal-ta de médicos dessas especia-lidades.

Em suma, a situação sani-tária no município da Quiba-la melhorou significativa-mente, quer no domínio dasinfraestruturas, como dos re-cursos humanos. Na compo-nente de assistência medica-mentosa tenho a realçar queestá em funcionamento naparte adjacente do Hospitalmunicipal da Quibala umafarmácia externa com todosos medicamentos que atendetodos os pacientes consulta-dos na unidade hospitalar.

— Quais as principais doen-ças que assolam o municí-pio de Quibala?— As principais patologiasque assolam as populaçõesde Quibala são, em primeirolugar, a malária, doençasdiarreicas e respiratórias agu-das, tuberculose, parasitosesintestinais, febre tifoide e des-nutrição. Quanto ao acompa-nhamento hospitalar, presta-

mos assistência com medica-mentos e bens alimentares a33 casos de má-nutrição e 44casos de VIH/Sida.— Como anda a componen-te de formação dos técnicosque prestam serviços nomunicípio?— Temos vindo a fazer a su-peração dos técnicos paraelevarem as suas capacida-des técnicas e adquirirem as

competências requeridas.Devo salientar que maiorparte de técnicos de saúdeque trabalham no municípioda Quibala são oriundos dosacordos de paz. Foram sub-metidos aos cursos de supe-ração e, actualmente, estãocom uma prestação aceitável.Vamos continuar na sendada formação e superação,através da Escola de forma-ção técnica de enfermagempara adequar os técnicos aosdesafios do presente e do fu-turo.— Quais as principais preo-cupações que o sector dasaúde enfrenta no municí-pio?— A grande preocupaçãoque o sector da saúde enfren-ta no município da Quibalatem a ver com a degradaçãodas vias de acesso que ligama sede municipal às distintaslocalidades da circunscriçãomunicipal que dificulta asdeslocações para averiguar ofuncionamento das unida-des sanitárias, ou em casosde evacuação de doentes quenecessitem de serviços de es-pecialidade. Sacrificamos aambulância devido ao mauestado das estradas. Alémdisso, temos de reconhecerque há ainda um défice de in-

fraestruturas sanitárias nascomunas de Ndala-Kachiboe Lonhe que, a seu tempo,vamos colmatar com futurasacções enquadradas no Pro-grama dos Cuidados Primá-rios de saúde.

Outra preocupação pren-de-se com as pessoas que sóprocuram a assistência sani-tária quando estão em estadocrítico. Daí a razão de incre-mentarmos as campanhasde educação para a saúdejunto das comunidades.— Quais os desafios do sec-tor da saúde para os próxi-mos tempos?— Os principais desafiosconsistem na continuaçãoda superação permanentede técnicos de saúde paraque respondam às exigên-cias do presente e do futuro.Vamos, por outro lado, con-tinuar a desenvolver esforçosno sentido de aproximar-mos, cada vez mais, os servi-ços de saúde nas comunida-des, com a extensão da redesanitária e a melhoria dasunidades sanitárias já exis-tentes. Além disso, vamosmelhorar os mecanismos deeducação para a saúde dascomunidades para diminuira proliferação das doençasevitáveis.

CaSimiro JoSé

Sumbe

Texto e fotografia

JSAMarço 2015 16Saúde Cuanza Sul

0

25

50

75

100

125

150

Mortalidade materno-infantil

2015 (Jan. e Fev.)0 casos

2014 71 casos

2013 121 casos

CheFe de repArtiçãO dA SAúde dA QuibAlA, AnAbelA dA CunhA, “Vamos continuar a desenvolver esfor-ços no sentido de aproximarmos, cada vez mais, os serviços desaúde das comunidades, com a extensão da rede sanitária e amelhoria das unidades sanitárias existentes”

O administrador municipal de

Quibala, Manuel Francisco Fer-

nando, garantiu ao Jornal da Saú-

de que a sua administração vai

continuar a priorizar o sector

da saúde com a execução de

programas e projectos que vi-

sem melhorar a assistência mé-

dico-medicamentosa no muni-

cípio.

Entre as acções programa-

das para 2015, no quadro do

Programa dos Cuidados Primá-

rios de Saúde, o administrador

municipal da Quibala anunciou

a construção de três novas uni-

dades sanitárias e o seu apetre-

chamento nas localidades de

Mbanza-Kissecula, Bumba-a-

Lunga e Mbanza-Quissala.

O melhoramento da dieta

alimentar aos pacientes interna-

dos e disponibilização de medi-

camentos na farmácia externa,

referiu, constitui outro desafio

para o corrente ano.

Manuel Fernando disse, por

outro lado, que a administração

municipal vai continuar a pro-

mover o Programa “Sem defe-

cação ao ar livre”, tendo reco-

nhecido que com a sua imple-

mentação as doenças diminuí-

ram significativamente.

O município da Quibala tem

uma superfície de 10.280 quiló-

metros quadrados, uma popula-

ção estimada em cerca de 135,4

mil habitantes, distribuídos pela

sede municipal, comunas de Ca-

riango, Lonhe, Ndala-Kachibo e

postos administrativos de Kato-

fe e Muquitixe.

Administrador anuncia a construção de três novas unidades sanitárias

O AdminiStrAdOr muniCipAl dA QuibAlA, mAnuelFrAnCiSCO JOSé FernAndO, garante melhorias no sectorda saúde em 2015

A aderência massiva demulheres às consultaspré-natais está a reduzira taxa de mortalidadematerno-infantil no mu-nicípio da Quibala, pro-víncia do Cuanza-Sul,anunciou ao Jornal daSaúde a chefe de reparti-ção local da saúde, Ana-bela Cunha.

Page 17: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

UMA EQUIPA AO SERVIÇO DA SAÚDE

Raio XMonitores e Ventiladores Mecânicos

Equipamentos para o Bloco OperatórioEquipamento Post Mortem

Equipamentos para Investigação ForenseMateriais e Reagentes de laboratório

Redes de Gases Medicinais, Industriais e VácuoAcessórios e Consumíveis para os Hospitais

Oxigenoterapia ao DomicílioGeradores de Oxigénio e Azoto Gasosos

Material para Desinfecção HospitalarConsumíveis e Descartáveis

Loja: Rua 1º Congresso do MPlA, nº 9 – 2º andar AP.O. Box: 2986-5204 luanda, Angola

Tel.: 222 391 466 / 222 397 278 Fax: 222 295 656Armazém e Oficinas: Projecto Morara Viana II – Casa qF 5, lote nº 19

luanda, AngolaTel. / Fax: 222 295 656 E-mail: [email protected]

17publicidAdeJSA Março 2015

Rua Comandante Gika, nº 225, luanda -Angola

Tel.: 226 698 000 / 226 698 415 / 226 698 416 FAX: 226 698 218

www.clinicagirassol.co.ao

TEMOs AO DIsPOR DOs NOssOs ClIENTEs UMA VAsTA GAMA DE sERVIçOs ClíNICOs NAs MAIs VARIADAs áREAs DE ATENDIMENTO HOsPI-TAlAR.

PARA O CUMPRIMENTO DOs NOssOs sERVIçOs, POssUíMOs EqUIPAMENTO MODERNO EINsTAlAçõEs COM PADRãO TOPO DE GAMA.

ESPECIALIDADES

MÉDICAS

- Dermatologia - Gastrenterologia- Medicina Interna - Medicina Intensiva- Nefrologia - Neurologia - Cardiologia - Endocrinologia - Hematologia Clínica - Reumatologia - Oncologia - Infecciologia - Fisioterapia - Psiquiatria - Hemoterapia

ESPECIALIDADES

PEDIÁTRICAS

- Neonatologia - Puericultura - Cirurgia Pediátrica- Cardiologia Pediátrica

CONSULTAS

EXTERNAS

- Psiquiatria- Pneumologia - Fonoaudiologia- Maxilo Facial - Nutrição

ESPECIALIDADES

CIRÚRGICAS

- Neurocirurgia - Oftalmologia - Ortopedia - Cirurgia Plástica - Reconstrutiva e Estética- Cirurgia Pediátrica- Ginecologia – Obstétrica - Cirurgia Geral - Cirurgia Maxilofacial- Angiologia - Cirurgia Vascular - Urologia- Otorrinolaringologia - Cirurgia Cardiotorácica - Odontologia - Anestesiologia

Page 18: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

Sector da saúde necessita de mais 70 médicos

n O director provincial daSaúde do Cuanza Norte, Ma-nuel Duarte Varela, afirmouque, actualmente, o CuanzaNorte conta apenas com 85médicos, havendo necessi-dade de mais clínicos, espe-cialmente de cardiologistas,neurologistas, urologistas eintensivistas, que garantam acobertura integral da rede sa-nitária.O responsável salientou

que outras especialidadesprecisam também de ser re-forçadas, designadamenteem ortopedia, devido ao ele-vado número de vítimas deacidentes de viação.

Manuel Varela referiu quea província tem apenas doisortopedistas - um no hospitalprovincial e outro no munici-pal de Cambambe.A falta de médicos, sobre-

tudo nos municípios, temcontribuído para a concen-tração de um elevado núme-ro de doentes nas unidadeshospitalares da sede da pro-víncia, disse.As autoridades locais con-

sideram essencial aumentaro número de médicos e têmcomo objectivo a fixação de150 clínicos nos próximosanos para uma melhor co-bertura sanitária da provín-cia.“Em relação aos enfer-

meiros, a situação é igual-mente preocupante”, afir-mou, sublinhando que oquadro orgânico de um hos-pital prevê pelo menos 150 eque nenhuma unidade daprovíncia tem esse número,facto que “cria sérios cons-trangimentos”. “Há hospitais municipais

com apenas 16 enfermeiros,há muita carência no qua-dro”, frisou.“Esta situação está ainda a

dificultar o regular funciona-mento das novas unidadessanitárias construídas nos úl-timos anos na província”,prosseguiu, tendo por issoaconselhado o reforço de re-cursos humanos mínimospara o bom funcionamentonestas unidades, ao invés dese continuar a construir maisinfraestruturas que sofrerãodo mesmo problema e con-

tribuirão para agravar a situa-ção global.

Resolução breveManuel Varela manifestou,por outro lado, a esperançade que este problema venhaa ser ultrapassado em breve,com os concursos públicos jáem curso e a contratação dealguns técnicos.Em termos de infraestru-

tura, o médico asseverou quea província encontra-se bemservida, fruto da entrada emfuncionamento de novasunidades e que, por este fac-to, as populações já não sãoobrigadas a percorrer longasdistâncias em busca de assis-tência médica.A província tem 131 uni-

dades sanitárias asseguradaspor 85 médicos e mais de 880

técnicos de saúde.Situada na parte centro-

norte de Angola, a provínciado Cuanza Norte é habitadapor 427.971 pessoas distri-buídas em 10 municípios e 62comunas e tem como sede acidade de Ndalatando, loca-lizada no município do Ca-zengo, que dista 190 quiló-metros da capital do país,Luanda.

Diniz Simão

Correspondente

no Cuanza norte

texto e fotos

O sector da Saúde no Cuan-

za Norte necessita de mais

70 médicos de diversas es-

pecialidades para assegurar

uma assistência sanitária in-

tegral às populações dos 10

municípios da província.

O Hospital Sanatório do Cuanza Norte será

inaugurado no dia 4 de Abril, no âmbito das

comemorações do dia da paz.

“A unidade está construída e equipada. Faltava ape-

nas a disponibilidade de energia eléctrica e água, mas

o problema foi ultrapassado e, por isso, vamos inau-

gurar o empreendimento”, anunciou o director pro-

vincial da saúde, Manuel Varela.

O responsável adiantou que o Hospital Sanatório

foi inicialmente projectado para o tratamento de

doenças infectocontagiosas mas que, dada a proximi-

dade de uma comunidade desprovida de quaisquer

serviços de assistência sanitária, irá prestar também

cuidados primários de saúde à população local.

Construído de raiz, ao quilómetro 11, arredores

de Ndalatando (sede da província) a unidade sanitá-

ria, com capacidade para o internamento de 40 pa-

cientes, possui consultório médico, enfermarias para

homens e mulheres, laboratório de análises clínicas e

serviço de radiologia, entre outros.

O Cuanza Norte conta apenas com um dispensá-

rio para o tratamento da tuberculose, instalado no

município do Lucala, situação que tem vindo a dificul-

tar as acções de combate à doença.

Hospital Sanatório abre asportas à população em Abril

JSAMarço 2015 18Saúde Cuanza norte

O programa de descen-

tralização de verbas desti-

nadas ao sector da saúde

está a possibilitar a cons-

trução de novas infraes-

truturas e a melhorar o

atendimento médico e o

fornecimento de medica-

mentos à população dos

10 municípios da provín-

cia.

Manuel Duarte Varela, director

provincial de saúde do Cuanza

Norte, afirmou que a imple-

mentação do programa permi-

te cumprir as medidas de

orientação e monitorização

constantes do Plano Nacional

de Desenvolvimento Sanitário

(PNDS), entre as quais os 17

projectos aprovados para

2015.

O responsável sublinhou

que o PNDS, referente ao quin-

quénio 2012-2017, inclui ac-

ções para o desenvolvimento

de projectos na área de recur-

sos humanos, programas de

combate a grandes endemias,

formação técnica de profissio-

nais e recuperação e reabilita-

ção de infraestruturas de saú-

de.

“O plano é dinâmico e vai

ser actualizado em 2017”, dis-

se, referindo que no documen-

to orientador constam projec-

tos de âmbito municipal, pro-

vincial e nacional, tendo sido

selecionados entre 15 a 20

projectos em cada um dos 10

municípios, de acordo com as

respectivas prioridades.

O objectivo é melhorar a

assistência médica e medica-

mentosa e, por isso, cada muni-

cípio delineou um programa

em função das suas necessida-

des, alguns dos quais já estão

em curso.

Para Manuel Varela, a situa-

ção relativa a medicamentos,

consumíveis e alimentação pa-

ra os pacientes, deixou de ser

um “problema”, dado que o

programa atribui às autorida-

des municipais meios para

abastecer hospitais, postos e

centros de saúde nas respecti-

vas circunscrições administra-

tivas.

Com uma população calcu-

lada de 427. 971 habitantes, o

Cuanza Norte dispõe de 131

unidades sanitárias com um

corpo clínico constituído por

85 médicos apoiados por cerca

de 800 profissionais de saúde,

entre os quais enfermeiros e

técnicos de diagnósticos. O nú-

mero de profissionais é, contu-

do, considerado insuficiente

para uma melhor cobertura da

rede sanitária da província.

O programa de municipali-

zação dos serviços de saúde,

em vigor no país desde 2006,

tem como objectivo melhorar

a qualidade dos serviços de as-

sistência sanitária, através do

reforço das estruturas e capa-

cidades municipais de saúde.

Descentralização melhora cuidados primários de saúde

O director provincial de Saúde, Manuel Duarte

Varela, manifestou a esperança de que o proble-

ma da falta de médicos seja ultrapassado em

breve, com os concursos públicos já em curso

Page 19: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

19publicidAdeJSA Março 2015

Especialistas em equipamentosde imagiologia e electromedicina

Farmácia, Material Hospitalar e Equipamentos Médicos

Rua Cónego Manuel das Neves, 97, LuandaTel.: 923329316 / 917309315 Fax: 222449474 E-mail: [email protected]

VISÃO FUTURAProdutos Naturais, Suplementos Nutricionaise Prestação de Serviços, Lda

VISÃO FUTURA A CERTEZA DE UMA VIDA SAUDÁVEL E CORPO LIMPO

TRATE DA SUA SAÚDE CONSUMINDO PRODUTOS NATURAIS

Rua Francisco Sotto Mayor Nº5,1º Dto, Bairro Azul- LuandaEmail: [email protected] Telefones: 222- 350777/924-197014/933569506

Page 20: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

20 AniverSário do JornAl dA SAúde Março 2015 JSA

Aniversário

ºParabéns ao Jornal da Saúde!Foi no dia 11 de Março de2010, no Centro de Saúde daIlha do Cabo, em Luanda,que o Jornal da Saúde foilançado, na presença dasmais altas individualidadesdo Ministério da Saúde, daOrdem dos Médicos de An-gola, e demais convidados,entre profissionais da saúde,representantes de empresase colegas da imprensa. Oprojecto, inovador em Áfri-ca, constituía um tremendodesafio. Hoje, ao comemo-rarmos cinco anos de vida, ecom um reconhecimento euma audiência crescente,sentimos que temos cum-prido a nossa missão, mastambém que ainda temosmuito que caminhar nosentido de levar a informa-ção e o conhecimento sobresaúde a todos os angolanos.Um obrigado e parabéns atodos!

A sessão de lança-

mento oficial foi pre-

sidida por Evelize

Fresta, na altura Vice-

ministra da Saúde,

acompanhada pelo

Bastonário

da ORMED, Pinto

de Sousa. Na imagem,

no uso da palavra,

Matadi Daniel,

e o coordenador

editorial do JS,

Rui Moreira de Sá

Page 21: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

21JSA Março 2015

Certifique-se de que o preço afixado é o que vai pagar;Leia atentamente o rótulo e toda a informação relativamente ao produto. É muito importante;Toda a informação sobre o produto ou serviço deverá estar em língua portuguesa;Tenha em atenção as datas de produção e caducidade, para sua segurança;Verifique sempre a apresentação comercial do produto ou bem adquirido.Não deve estar danificado ou ter amolgadelas,Na compra de electrodomésticos, ou qualquer outro bem duradouro, solicite a garantia por escrito e teste-o sempre que possível, no estabelecimento comercial, antes de efectuar o pagamento;Verifique sempre a sua factura para se certificar daquilo que realmente pagou e conserve-a para o caso de reclamação;Reclame e denuncie sempre que necessário for: é um direito e dever do consumidor.

SENhoR CoNSUMIDoR!FAçA AS SUAS COmpRAS, mAS pRESTE ATENçãO AO SEgUINTE:

A SUA ATITUDE FAZ UMA GRANDE DIFERENÇA

ADQUIRA CONSCIÊNCIA DOS SEUS DIREITOS E DEVERES

Contacte os nossos serviços:

Sede: Edifício do Ministério do Comércio, 2º andar, ala direita. Tel.: 914545752 / 948680056 / 946813515Nosso Centro: Rotunda do Gamek, 1º andar, Tel.: 916299902Núcleo Provincial: Rua da Missão, edifício da Direcção Provincial do Comércio, 1º andar. Tel.: 923307251Ou através do e-mail: [email protected] ou do Facebook: www.facebook.com/INADEC

MINISTÉRIO DO COMÉRCIO

GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA

Alguns momentos

chave na vida do

Jornal: no Congresso

da Ordem dos Médi-

cos, na Médica Hospi-

talar (que co-organiza

através da sua editora

MFY), na Feira da

Mulher Angolana

e no primeiro Conse-

lho Consultivo do

MINSA em que

participou, no Moxico

Page 22: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

22 SAÚDE DA MULHER Março 2015 JSA

Fibromiomas: tumores benignos comunsque crescem no músculo do útero

nCerca de 30% das mulherescom mais de 30 anos de idadetêm fibromiomas e estes ge-ralmente surgem entre os 35e os 45 anos. Algumas mulhe-res têm uma maior probabi-lidade a apresentarem fibro-miomas, incluindo as mulhe-res de raça negra, as mulhe-res que nunca estiveram grá-vidas e as mulheres que têm amãe ou uma irmã com fibro-miomas.

A causa dos fibromiomasé desconhecida. No entanto,os estrogénios, que são hor-monas femininas, parecemdesempenhar um papel naestimulação do crescimentode alguns fibromiomas.

Manifestações clínicasAlgumas mulheres nuncachegam a saber que têm fi-bromiomas, uma vez quenão têm sintomas. Noutrasmulheres, os fibromiomasuterinos são descobertos du-rante um exame ginecológicode rotina ou durante os cui-dados pré-natais.

Quando os fibromiomassão sintomáticos, pode sur-gir:- Dor ou pressão pélvica- Hemorragias menstruaisabundantes- Hemorragias ou pequenasperdas hemáticas entre osperíodos menstruais- Polaquiúria (micções muitofrequentes)- Aumento de volume abdo-minal- Lombalgia durante as rela-ções sexuais ou durante osperíodos menstruais- Fadiga ou falta de energiadevido a períodos menstruaisabundantes e a hemorragiasexcessivas.- Infertilidade, se os fibromio-mas estiverem a obstruir astrompas de Falópio

- Obstipação- Abortos repetidos

DiagnósticoDe um modo geral, a mulhernão tem consciência que temum fibromioma até o seu gi-necologista o palpar duranteum exame ginecológico. Se oginecologista pensar que temum fibromioma, podem serrealizados diversos examespara confirmar o diagnóstico:- Ecografia pélvica— Nesteexame imagiológico, um ins-trumento semelhante a umavarinha será movimentadosobre a parte inferior do ab-dómen ou pode ser inseridona vagina para visualizar oútero e os outros órgãos pél-vicos mais de perto. O instru-mento produz ondas de ul-tra-sons que criam uma ima-gem dos órgãos pélvicos.- Histerossalpingografia —Neste exame radiológico é in-jectada uma substância decontraste no útero e nastrompas de Falópio para de-linear quaisquer irregularida-des.- Histeroscopia— Duranteeste procedimento, um ins-trumento estreito com umacâmara é inserido no úteroatravés da vagina. Isto permi-te ao médico observar quais-quer tumores anormais den-tro do útero.- Laparoscopia— Neste pro-cedimento, um instrumentocom a forma de um tubo fino,denominado laparoscópio, éinserido através de uma pe-quena incisão no abdómenpara permitir ao médico ob-servar o interior do abdómen.

Evolução clínicaO número de fibromiomas, oseu tamanho e a rapidez comque se desenvolvem variamde mulher para mulher. As

hormonas femininas estimu-lam o crescimento dos fibro-miomas, pelo que eles conti-nuam a crescer até à meno-pausa. Os fibromiomas demenores dimensões dimi-nuem frequentemente apósa menopausa. No entanto, osfibromiomas de maiores di-mensões podem mudar pou-co ou tornar-se ligeiramentemais pequenos. Se uma mu-lher tiver sido submetida auma intervenção cirúrgicapara remoção de fibromio-mas, podem surgir novos fi-bromiomas em qualqueraltura antes de ela entrarna menopausa.

PrevençãoNão existem medidas com-provadamente eficazes paraprevenir o desenvolvimentode fibromiomas. Os estudosmostram que as mulheresatléticas parecem ter umamenor probabilidade de de-senvolver fibromiomas emcomparação com as mulhe-res que são obesas ou quenão praticam exercício físico.

TratamentoSe os fibromiomas forem pe-quenos e não causarem sin-tomas, não necessitam de sertratados. O ginecologista po-de realizar um exame gineco-lógico com intervalos de seismeses a um ano para se certi-ficar de que os fibromiomasnão estão a crescer rapida-mente. Em alguns casos, po-dem ser prescritos medica-mentos para controlar qual-quer hemorragia anormal epara reduzir temporaria-mente o tamanho dos fibro-miomas.

Os medicamentos utiliza-dos para reduzir o tamanhodos fibromiomas, tais como oleuprolido, criam uma me-

nopausa temporária ao im-pedirem os ovários de produ-zirem estrogénios. Quandoos níveis de estrogénios dimi-nuem e os períodos mens-truais param, surgem afron-tamentos típicos da meno-pausa e os fibromiomas dei-xam de crescer ou diminuemlentamente de tamanho. Isto

ajuda evitar as perdas de san-gue devido aos períodosmenstruais abundantes eprolongados. No entanto,quando a medicação é sus-pensa, os períodos regres-sam, os afrontamentos desa-parecem e os fibromiomasque não foram removidosirão recomeçar a crescer. Es-tes medicamentos são geral-mente administrados atravésde uma injecção intramuscu-lar.

Os fibromiomas podemnecessitar de ser removidosdevido ao facto de causaremsintomas significativos ou deserem suficientemente volu-mosos para interferirem coma fertilidade. Os tumores noútero podem igualmente ne-cessitar de ser removidos sefor difícil para o médico saberse são fibromiomas ou umcancro. Existem diversas op-ções para remover os fibro-miomas:

- Miomectomia— Isto signi-fica cortar os fibromiomas daparede uterina. A miomecto-mia permite que a mulhermantenha o útero inteiro nocaso de querer ter filhos. Noentanto, uma vez que esta ci-rurgia pode deixar a paredeuterina enfraquecida, os futu-ros bebés podem ter se nas-cer por cesariana. A cirurgiapara remover os fibromio-

mas por vezes pode serrealizada por laparosco-

pia, que é uma inter-venção cirúrgica rea-lizada através de pe-quenas incisões naparte inferior do ab-dómen. Quando osfibromiomas são de-

masiado grandes ouabundantes para reali-

zar uma intervenção lapa-roscópica, é então preferidauma abordagem tradicionalatravés de uma incisão maiorna zona inferior do abdómen. - Ressecção histeroscópica— Neste procedimento, uminstrumento de visualizaçãodenominado histeroscópio éinserido no útero através davagina. Instrumentos cirúrgi-cos acoplados ao histeroscó-pio são utilizados para remo-ver os fibromiomas que cres-cem no interior do útero. Estaintervenção é, por vezes, rea-lizada em combinação comuma laparoscopia, depen-dendo do número e da locali-zação dos fibromiomas.- Embolização da artériauterina — Num procedi-mento com controlo radio-lógico, é injectado materialem vasos sanguíneos espe-cíficos para os obstruir e pa-ra interromper o fluxo san-guíneo para um ou mais fi-bromiomas. Esta é uma op-ção numa mulher que podenão ter condições clínicas

para ser submetida a umaintervenção cirúrgica ouque não planeia ter mais fi-lhos mas que prefere nãoser submetida a uma histe-rectomia.- Histerectomia— Até mui-to recentemente, a maiorparte das mulheres com fi-bromiomas eram tratadasatravés da remoção do úte-ro (histerectomia). Já não éeste o caso. Tanto os cirur-giões como as doentes com-preendem agora que exis-tem outras opções disponí-veis para tratar ou removeros fibromiomas. As necessi-dades físicas e psicológicasde uma mulher devem serconsideradas de forma glo-bal antes do útero ser remo-vido. No entanto, em algunscasos a histerectomia é pre-ferida quando os fibromio-mas são demasiado nume-rosos, demasiado grandesou causam hemorragiasabundantes e prolongadase uma anemia grave.

Harvard Medical ScHool

Um fibromioma é uma mas-

sa ou tumor no útero que

não é canceroso. Os fibro-

miomas podem ser tão pe-

quenos como uma ervilha

ou tão grandes como uma

bola de basquetebol. Geral-

mente são redondos e cor-

de-rosa e podem crescer em

qualquer local no interior ou

na superfície exterior do

útero.

Deve contactar o mé-

dico se apresentar al-

gum dos seguintes

sintomas:

l Hemorragia muito

abundante ou prolon-

gada durante o perío-

do menstrual

l Hemorragia por via

vaginal depois das re-

lações sexuais

l Hemorragia pela va-

gina ou pequenas per-

das hemáticas na rou-

pa interior entre os

períodos menstruais

l Polaquiúria (mic-

ções muito frequen-

tes)

l Dores pélvicas ou

lombalgias durante as

relações sexuais ou

durante os períodos

menstruais

Consulte o médico

imediatamente se ex-

perimentar uma dor

pélvica intensa ou se

surgir uma hemorra-

gia abundante pela va-

gina.

Quando contactar um médico

Page 23: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

23pediAtriAJSA Março 2015

Avaliação de cuidados pediátricos permitirámelhorar e humanizar serviços hospitalares

nNo evento, foram debati-das matérias, como a melho-ria da qualidade dos cuida-dos pediátricos em hospitais(da teoria à prática), instru-mentos de avaliação dasdoenças comuns, como atosse ou as dificuldades res-piratórias, diarreia, febre, mánutrição, crianças com VIH,entre outras. O mesmo con-tou com presença de 40 mé-dicos, alguns técnicos da es-cola de formação e 12 con-

sultores provenientes de 18províncias do país, entre asquais, Malanje, Luanda Nor-te, Lunda Sul, Luanda, Bié,Cuanza Norte, Bengo, Cuan-do-Cubango, Namibe, e Zai-re.

A avaliação dos cuidadospediátricos é uma das metasdo projecto conjunto entre aOMS, a Federação Russa e oMinistério da Saúde, comvista a reorientar e dotar osmédicos com mais informa-ção e conhecimentos sobrecuidados pediátricos paraque, posteriormente, pos-sam utilizá-los nas provín-cias onde trabalham.

A Directora Nacional deSaúde Pública, Adelaide deCarvalho, afirmou que serãofeitas avaliações por técnicosde saúde para “permitir acriação de planos de acçãoque auxiliem a mudança detodos os aspectos negativosencontrados no processo”.

Avaliar necessidadesFazer uma avaliação contí-nua dos cuidados pediátricosnas urgências hospitalares

para se apurarem os serviçosque são prestados e perceberquais os problemas que en-frentam é essencial para seapurarem os mecanismos demelhoria no atendimento sa-nitário de crianças. A moni-torização contínua permitiráuma melhoria na prestaçãode cuidados de saúde queprestam cuidados de saúdepediátricos. “Há que investirna observação de problemasrelacionados com os equipa-mentos básicos, a falta denormas para a malária e a

pneumonia, a perícia médi-ca, a fraca capacidade dopessoal, a desorganizaçãodos locais de atendimento,entre outros”, acrescentou aresponsável. Os hospitaisque forem identificados comestes problemas serão classi-

ficados segundo as suas ne-cessidades e estas preocupa-ções serão posteriormentediscutidas junto das comis-sões nas diferentes provín-cias “para se identificarem asunidades hospitalares quetêm mais carências do queoutras no que respeita a me-dicação e a equipamentosmédicos”.

Humanizar serviços Os temas abordados nesteseminário tiveram ainda co-mo objectivo “assegurar que

todos os recursos hospitala-res serão gastos de acordocom as necessidades de cadaunidade primando semprena melhoria dos serviços,métodos, responsabilizaçãodos profissionais e no traba-lho conjunto com os pedia-tras”, referiu Hernando Agu-delo Ospina, representanteda OMS em Angola, presenteno evento. O responsável su-blinhou o facto de o certameservir para consciencializaros profissionais no seu modode actuação e para criar con-dições nos cuidados a prestarnas unidades hospitalares decada província “de forma agarantir uma melhor assis-tência pediátrica de formasistematizada e com maioreficiência”.

Em conclusão, o repre-sentante da OMS em Angola,afirmou que é necessário “in-vestir cada vez mais em saú-de pediátrica de forma a re-solver os problemas do país ea criar protocolos sistemáti-cos para uma maior humani-zação dos serviços prestadosnos hospitais”.

Francisco cosme dos santos

com cláudia Pinto

Realizou-se no Hospital Pe-

diátrico de Luanda, de 9 a 13

de Março, o Seminário “Cui-

dados pediátricos em hospi-

tais de referência”, organiza-

do pelo Ministério da Saúde,

pela Federação Russa e pela

representação da Organiza-

ção Mundial da Saúde

(OMS) em Angola. O encon-

tro teve como objectivo ca-

pacitar os médicos nas ur-

gências e hospitais munici-

pais que prestam atendi-

mento pediátrico no país. “É necessárioinvestir cada vezmais em saúdepediátrica”

A Directora Nacional de Saúde Pública,

Adelaide Carvalho, e o representante da

OMS em Angola, Hernando Agudelo, la-

deados de técnicos e convidados

Page 24: O Céu é o Limite jornal a saúde nas suas mãos aude · O Céu é o Limite A violência doméstica é considerada, hoje, um problema de saúde pública pela dor, sofrimento físico

24 rAivA Março 2015 JSA