O cubo da Ribeira

download O cubo da Ribeira

of 6

Transcript of O cubo da Ribeira

  • 7/30/2019 O cubo da Ribeira

    1/6

    O Cubo da RibeiraArselio Martins

    Outubro de 2003

    Notcia:Apesar de todas as manifestacoes contra a realizacao de rebentamentos submarinos para simularum sismo na costa nortenha, na madrugada do dia 13 de Marco de 97 ouviu-se e sentiu-se o estrondoda primeira explosao submarina do pro jecto cientfico COMBO. As pessoas da baixa portuensevieram para a rua. Na Ribeira, toda a gente ficou fascinada com as vagas do Douro que galgavampara as ruas. So quando as aguas revoltas acalmaram e que os populares viram que o Cubo daRibeira tinha rolado do seu pedestal e estava agora em parte afundado ali perto.Foram chamados tecnicos da Camara para avaliar a situacao. Depois de tiradas algumas medidase verificados os danos no Cubo, os tecnicos registaram o seguinte:

    a) a parte submersa tinha alguns rombos e estava repleta de agua;

    b) acima do nvel das aguas eram visveis dois vertices do cubo e ao nvel da superfcie da aguaera visvel um outro vertice do cubo;

    c) o nvel da agua passava pelos pontos medios de duas arestas.

    1 Problema a resolver

    Para determinar o tipo de grua a utilizar na remocao do cubo, precisamos saber o volume da partesubmersa do cubo.

    Resolucao

    2 Primeiro trabalho: Interpretacao

    Usando um cubo e determinada quantidade de agua, podemos modelar a situacao apresentada.E podemos tentar uma representacao que seja uma boa ilustracao para o caso do cubo em parteafundado. Qualquer coisa como a figura que se segue.

    1

  • 7/30/2019 O cubo da Ribeira

    2/6

    2 2 PRIMEIRO TRABALHO: INTERPRETACAO

    Podemos dar nomes aos vertices e aos outros pontos notaveis a que a situacao da relevo. Na figuraabaixo, atribumos as letras de A a H aos vertices e as letras M e N para os pontos medios dasduas arestas cortadas pelas aguas tal como e referido no enunciado.

  • 7/30/2019 O cubo da Ribeira

    3/6

    3

    A e B designam os vertices acima do nvel da agua e D e o vertice ao nvel da superfcie da agua.M e o ponto medio da aresta [AE] e N e o ponto medio de [BC]-

    3 A seccao - a superfcie da agua dentro do cubo

    O plano da superfcie da agua e o plano definido pelos tres pontos D, M e N.

    O segmento [DM] e a interseccao desse plano da agua com a face [ADHE]. Ora um plano intersectadois planos paralelos segundo rectas paralelas. O plano da face [ADHE] e paralelo ao plano da face[BCGF] e a interseccao do plano DMN terade ser uma recta paralela a DM que passe por N, jaque N esta no plano da face [BCGF]. Chamemos P ao ponto de interseccao desta paralela tiradapor N com a aresta [BF]. A seccao e assim. o trapezio [MPND].

    Muitas vezes, para continuar o trabalho mais facilmente, escolhemos uma melhor posi cao para onosso estudo do cubo. Por exemplo:

    iiiiiiiiii@@@@

    @@@@

    2222222222

    22222

    t

    Dt

    A

    t

    M

    tE

    tFtG

    tC tN tB

    t

    P

    tH

    4 Estudo sobre a parte nao submersa do cubo

    A parte nao submersa do cubo aparece facilmente como um tronco de piramide triangular de bases maior [DAM], menor [NBP]. Esse e um tronco da piramide [DAMK] de base [DAM] e verticeK, como mostramos na figura seguinte. As bases do tronco sao triangulos rectangulos semelhantes:DAM = NBP = 90o , ADM = BNP , AMD = BPN (os lados de cada par dessesangulos sao directamente paralelos, cada um a cada um). Podemos ainda reflectir sobre as posi coesrelativas das rectas DN e AB. Sao complanares (estao ambas no plano da face [ABCD] e saoconcorrentes. De facto, pelo ponto D, exterior a recta AB so passa uma paralela e ela e a recta DC.As rectas DN e AB sao concorrentes e intersectam-se num ponto que designamos por K. Valea pena provar que a recta MP intersecta DN (sao complanares no plano [DMPN]) e tambemintersecta AB (MP e AB estao no pano da face do cubo [AEFB]) e, melhor ainda, encontram-setodas no mesmo ponto K. Porque sera?

  • 7/30/2019 O cubo da Ribeira

    4/6

    4 4 ESTUDO SOBRE A PARTE N AO SUBMERSA DO CUBO

    @@@@

    @@@

    .9ii

    iiiiiiiii

    .9$$$$$$

    $$$$$$

    $$$

    .9iiiiiiiiiiiiiiiii

    iii

    t

    Dt

    A

    t

    M

    tE

    tFtG

    tC tN tB

    t

    P

    tH

    tK

    Pensemos na planificacao do cubo ou, pelo menos, das duas faces [ABCD] e [AEFB] (espalma-lasusando AB como dobradica). Ficam assim:

    ggggg

    gggggggggggggggggg

    t

    Dt

    At

    M

    t E

    t FtC tN tB

    tP

    tK

  • 7/30/2019 O cubo da Ribeira

    5/6

    5

    K e o ponto a partir do qual se faz a ampliacao (por semelhanca - mantendo os angulos e du-plicando os comprimentos dos lados homologos) do triangulo [BNP] para o triangulo [ADM](Lembrando que N e o ponto medio de uma aresta do cubo, a razao de semelhanca ou factor deescala e

    21

    = ADBN

    = AMBP

    = DMNP

    = KDKN

    = KAKB

    = KMKP

    5 Volume da parte nao submersa do cubo

    O volume da parte nao submersa do Cubo da Ribeira, agora que a conhecemos bem, e facil decalcular.

    As duas piramides ADMK (de vertice K e base [ADN], altura [AK]) e BNPK(de vertice K ebase [BNP], altura [BK]) sao semelhantes. Como o factor de escala e 2, o volume da piramideADMK e 23 vezes o volume da piramide BNPK.

    Chamemos a ao comprimento da aresta do Cubo da Ribeira: a = AD = AB =

    Podemos desenhar as bases das piramides em verdadeira grandeza. Por exemplo, na face [AEHD],o triangulo rectangulo [ADM], base da piramide ADMK:

    t

    Dt

    A

    tM

    tH t E

    A area do triangulo (base da piramide grande) e

    A[ADM] =1

    2ADAM=

    1

    2 a

    a

    2=a2

    4

    O volume da piramide [ADMK] e

    V[ADMK] =1

    3A[ADM] AK=

    1

    3a2

    4 2a =

    2a3

    12=a3

    6

    Como ja vimos V[ADMK] = 8 V[BNPK] e, por isso, o volume da piramide pequena e

    V[BNPK] =1

    8 V[ADMK]

  • 7/30/2019 O cubo da Ribeira

    6/6

    6 6 VOLUME DA PARTE SUBMERSA DO CUBO

    e o volume do tronco de piramide (que e a parte nao submersa do cubo) e

    Vtronco =7

    8 V[ADMK] =

    7

    8a3

    6=

    7a3

    48

    6 Volume da parte submersa do Cubo

    Finalmente o volume da parte submersa e

    Vsubmerso = VCubo Vtronco = a3

    7a3

    48=

    41a3

    48

    Se a aresta do Cubo da Ribeira medir 2m, a parte submersa do Cubo, em consequencia do abalo,tera um volume de

    41 8

    48m3 =

    41

    6m3 6, 833m3

    mais do que 6833 litros de agua, quase 7 toneladas para remover do rio Douro.