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O curioso Halloween de Eddie 1 O CURIOSO HALLOWEEN DE EDDIE Caio César Varalta

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O curioso Halloween de Eddie

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O CURIOSO

HALLOWEEN

DE EDDIE

Caio César Varalta

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O curioso Halloween de Eddie

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Sumário Capítulo 1: Minha vida com o Halloween................................ 3

Capítulo 2: A véspera mal assombrada.................................. 6

Capítulo 3: Drogas são sempre um problema....................... 12

Capítulo 4: O grande plano................................................... 17

Capítulo 5: A hora da verdade............................................... 20

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Minha vida com o Halloween Quando eu era pequeno adorava ver desenhos animados, e

quando chegavam datas comemorativas como o Natal e o

Halloween sempre eram feitos episódios especiais bem legais.

Ficava vislumbrado em ver como os estadunidenses festejavam tais

períodos, era sensacional. Aqui no Brasil, esse negócio de dia dos

mortos — ou das bruxas — nunca fez diferença — já que festejar

numa data negativa assim não é lá muito coerente, mas tudo bem.

O único Halloween interessante que tive foi o de três anos

atrás. Havíamos entrado aquele ano na facul — Katarina, Nicolas e

eu — e decidimos fazer uma super prank. Katarina e eu simulamos

um assassinato, utilizamo-nos de armas, facas, sangue falso e mais

algumas coisinhas. Então, no meio de todo mundo, fingi ter matado

Kat com uma faca, e ter comido uma mão dela, seguido disso,

saquei uma arma e atirei pólvora no Nicolas, este que, não sabia de

nada. Todos ficaram totalmente assustados, principalmente o

Nicolas. Quase fomos expulsos, mas valeu muito a pena, rimos

durante um mês.

Até aí, eu acreditava que aquele teria sido o melhor

Halloween do qual participei. Mas estava enganado. Um dia das

bruxas que envolvesse demônios e coisas do gênero teria sido

muito mais fascinante.

Passaram-se então anos e anos, e no último Halloween que

aconteceu há um mês, o pessoal da minha faculdade decidiu fazer

uma great party. Todos estavam loucos pela festa, comprando

roupas, acessórios, dentre outras coisas do gênero da temática de

dia dos mortos. Sou sincero ao dizer que estava empolgado. Era

uma coisa diferente, e a festa pelo jeito seria “wow”.

No dia 27 saí com Nicolas e Katarina, para dar uma passeada

num shopping gigante e para comprar algumas coisas. Ficamos

conversando e tomando sorvete durante uma hora, e começamos

então a andar olhando para as vitrines. Não demorou a

encontrarmos uma loja toda preta, com detalhes em vermelho e

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amarelo: “DEAD SHOP”. É óbvio que uma loja não teria esse tipo

de nome, era uma customização para o Halloween. Entramos

então, esperando por boas roupas e acessórios, afinal, estávamos

ali com o objetivo de encontrar algo para a grande festa.

A loja não tinha boa iluminação, apenas umas pequenas velas

colocadas no canto das paredes. Pentagramas e outros símbolos

estavam desenhados à tinta vermelha, trazendo a aparência de

sangue — é bom lembrar aqui que sou um homem cético, não dou

bola alguma para coisas do gênero. Nicolas olhou para mim com

uma expressão facial de espanto — Fiquei com vontade de passar

o dia inteiro na loja, só para que ele ficasse com mais e mais medo,

porque era muito engraçado vê-lo em pânico. Continuamos pelo

breve corredor da loja e então começamos a ouvir alguns passos...

Não, não era um monstro ou um assassino; era quase isso.

— O que vocês querem? — perguntou-nos o suposto

vendedor da loja, com um roupão marrom escuro e capacete de

cabra; muito engraçado por sinal — claro que era referente ao

Baphomet. Uma considerável tentativa de assustar os clientes.

— Procuramos por roupas e acessórios macabros! —

respondeu Katarina, com um sorriso no rosto. Ela adorava esse tipo

de coisa.

O vendedor então pegou algumas caixas com roupões e

fantasias. Enquanto escolhíamos nossas roupas ele se ausentou da

sala, sem se preocupar se íamos furtar algo — não que iríamos,

mas poderíamos. Nicolas virou-se para nós e disse para sairmos

dali, porque não estava se sentindo bem. Psicológico, claro. Não

era nada demais, só uma loja deveras engraçada com roupas

temáticas. Pegamos nossas fantasias, e Katarina além de fantasias

pegou um montante de joias, acessórios, e outras coisas. O rapaz

que tenta assustar pessoas com cabeça de cabra voltou, então,

quase como se soubesse o tempo que levaríamos para escolher as

coisas. Pagamos a ele — não era um preço muito acessível —

mantendo nossa calma. Ele virou-se para Nic e deu-lhe um colar.

Muito agradável, prateado, com pérolas contendo detalhes bem

cravados, apesar de levemente demoníaco. Nosso grande amigo

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medroso pegou-o, tentou dar um sorriso, agradeceu e foi em

direção à saída da loja. Seguimo-nos.

— Mas que droga foi aquela? Porque não saímos antes?

Merda! Odeio vocês... — exclamou Nic, aparentemente furioso e

triste com nossa atitude.

— Calma Nic, não precisa ficar assim. Foi só uma loja... —

afirmei, para tentar acalmá-lo.

— Só uma loja? Você viu o capacete daquele cara? Não é do

Senhor!

Soltamos gostosas gargalhadas então, porque apesar de

tudo, Nic era um cara bem engraçado e descontraído. Continuamos

dando voltas e voltas pelo gigantesco shopping, e depois das 21h

fomos embora.

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A véspera mal assombrada Na véspera da festa — e também do Halloween — tivemos

aula normal na faculdade, começando com duas aulas de História

Antiga. Uma aula interessante, apesar de extremamente cansativa.

Depois de 20 minutos tentando prestar atenção no professor,

deitei em cima de meu braço. Olhando para minha esquerda,

percebi a falta da presença de Nicolas. Como a faculdade estava

fazendo diversas reuniões nessa semana, não precisávamos ter

comparecido nas aulas anteriores, devido a esse fato, não havia me

comunicado com Nic e Kat desde o dia 27. Pensei um pouco sobre

isso e, depois de uns 5 minutos havia adormecido ali. Acordei com

o braço babado e no final da última aula do dia. Faculdade é assim,

se você não quer aprender, ninguém vai te forçar a isso, afinal, os

possíveis problemas serão seus. Eu não tinha dificuldades com

qualquer matéria, uma vez que tinha conhecimento de tudo mesmo.

O sinal tocou. Guardei minhas coisas e dirigi-me à porta. No

corredor eu avistei um rapaz estranho, nunca havia visto-o pela

faculdade, e olha que eu estudava lá há três anos. Ele parecia

desligado do mundo, como se não tivesse alma. Andava em direção

à saída da faculdade, como um robô. Fiquei observando, fiz sinal de

negação com a cabeça e segui a caminho de minha casa, que

ficava perto dali.

— Ei, ei, ei! — gritou uma voz masculina, 50 metros a sul de

minha posição.

Um rapaz de 18 anos veio até mim, então. Conheci-a o de

vista, e de rede social — sabe como é, conhecemos as pessoas

hoje em dia pelo perfil de cada um em diferentes redes sociais.

— Eduardo? Tudo bem contigo? — perguntou-me o rapaz.

— Tudo dentro dos conformes... Er... Quem é você, garoto?

— Não se lembra de mim? — perguntou o garoto, com cara

de indignação — Lucas... Seu primo!

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— Ah sim, Lucas... — sinceramente havia esquecido que

tinha primos — Alguma novidade, amigão?

— Novidade? Você não ficou sabendo de Nicolas? —

perguntou-me Lucas, mudando sua expressão facial para algo bem

negativo.

— Nicolas? O que houve com ele? — perguntei-lhe,

espantado, já esperando por algo ruim.

— Ele foi encontrado no banheiro masculino do bloco B...

Com uma faca... ele assassinou uma aluna!

Não poderia ser verdade... Nicolas era um dos rapazes mais

“certinhos” que conhecia. O garoto não desgrudava da bíblia e da

família, ele nunca faria algo do gênero. Algo estranho estava

acontecendo ali, algo muito fora da normalidade.

— Ele está lá ainda? — perguntei a Lucas.

— Provavelmente não, isso deve ter acontecido há meia hora,

ele já deve estar na diretoria.

— Obrigado pelas informações, primão! Nos vemos depois! —

despedi-me de Lucas.

Comecei a correr em direção à diretoria, que se localizava no

bloco C da faculdade. O tempo não estava muito bonito, o céu

estava quase negro, cheio de columbus nimbus, uma chuva

nervosa estava a caminho. Alguns alunos saíam da faculdade bem

assustados, provavelmente deveriam ter visto o acontecimento.

Precisava ver para crer, não era possível que Nicolas havia feito

aquilo. Ao chegar às portas para o bloco C encontrei Katarina.

— Eddie! — exclamou Kat, vindo em minha direção para

abraçar-me, carregando uma tristeza em sua alma, mas um alívio

em fruto de minha presença.

— Você não sabe o que aconteceu! Foi horrível! Eu estava ao

lado de Nicolas... Chegamos atrasados... Ele tirou uma faca da

bolsa, tentando me acertar, e Olívia, do segundo ano, apareceu

para “ajudar” — explicou-me Katarina, totalmente nervosa.

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— Preciso falar com ele! Preciso vê-lo!

— Não Eddie! Vamos embora, ele já está detento... À tarde

voltaremos para ver o que se sucedeu. Tenho certeza de que ele

será expulso daqui...

Katarina convenceu-me a voltar. Passamos pelo portão

principal da faculdade, entramos em meu carro, e fomos para minha

casa. No meio da estrada fui discutindo com minha amiga. Segundo

ela, Nicolas estava usando o colar que foi-lhe dado pelo cabeça de

cabra. Apesar disso ser apenas um mero detalhe.

Chegando em casa, Kat comentou algumas coisas:

— Eduardo, vamos nos preparar com algumas coisas para

voltar. Estou com um mau pressentimento... Você sabe alguma

coisa sobre exorcismo?

— Exorcismo, Katarina? Você está falando sério? Sabe que

isso não existe!

— Está na hora de cair na real Eddie! Você viu o que nosso

amigo mais sossegado do mundo acabou de fazer! Não tem outra

explicação! É contato com entidades exteriores, de outro plano!

Pura bobagem. Tinha que admitir que o que ocorreu não é

algo comum, é bem improvável, mas apelar para espíritos e

demônios é mesmice.

— Muito bem. O que você quer fazer então? — perguntei a

ela.

— Faça o seguinte, pegue o seu notebook, e pesquise sobre

receitas para pó purificador aí! — exclamou Katarina.

— Whatta... Como assim senhorita Malyck? — apelei para o

sobrenome dela, que ela tanto odiava.

— Vamos abençoar aquele pó, para reter o demônio dentro

de um círculo, para aplicarmos a exorcismo!

— Perfeito! Você quer o que mais? Que eu me vista de papa

e reze uma missa em latim?

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— Olha Eddie, às vezes você tem ideias geniais!

— Eu estou sendo irônico... — afirmei a Katarina, com uma

expressão facial de nojo.

— Ah... não me diga! — retrucou ela, abalando totalmente

minha moral.

— Não seria melhor nos prepararmos com armas, ou coisas

do gênero? Creio que seja um surto de psicose, daqueles que

levam pessoas a se tornarem serial killers...

Isso sim faria sentido. Acontece muitas vezes, com pessoas

de intelecto frágil. Ora são santos, ora se tornam demônios.

Conotativamente, claro. Enquanto desenvolvia meus pensamentos,

a campainha tocou. Ding dong. Já eram 3 horas da tarde. Katarina

e eu fomos em direção à porta.

— Por Zeus! Só pode ser Nicolas! — cochichou Kat.

— O quê? Como assim?

Ela abriu a porta no reflexo. Era Nicolas. Sorrindo, com seu

jeito engraçado, sem nenhuma anormalidade.

— E aí pessoal! — cumprimentou-nos Nicolas, entrando na

casa.

— N-Nic...?

— Fala Eddie! Louco para a festa? Eu também!

Essas breves frases causaram um colapso dentro de minha

mente... Era Nicolas ali, um homem que há duas horas e meia havia

assassinado uma pessoa... Em seu estado normal. Eu precisava

saber o que estava acontecendo.

— Nicolas, como vai a Olívia? — perguntei-lhe de maneira

ousada e determinada.

— Olívia? Do segundo? Vai bem, creio eu. Não falo com ela.

— afirmou Nic, sem nenhum sinal de calúnia.

— Bem? Não ficou sabendo que ela faleceu? — perguntei-lhe.

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— Sério? Oh... Que Deus a tenha! — respondeu Nicolas.

— Pois é... você sabe quem a matou?

— Quem? Ela foi assassinada? Que horror! — exclamou ele,

impressionado com a notícia.

— Foi você.

Nesse momento Nicolas virou a sua cabeça, quase como se

não tivesse pescoço. Olhou atentamente para meus olhos. Tivemos

um conflito visual que durou cerca de dez segundos. A panela de

pressão gritava, os quadros pareciam se mexer. Nic fez uma

expressão totalmente séria, deu três passos, ficou bem à minha

frente, e exclamou:

— Eu nunca teria feito uma coisa dessas.

Sua voz ecoou, saindo de forma totalmente modificada.

Estava mudando meus conceitos, estava quase acreditando em

demônios. Lembrei-me do humanismo, de máximas da bíblia...

Vários pensamentos vieram de uma vez só. Não me contive. Meu

cotovelo se movimentou de forma horizontal ao sul e eu esmurrei o

nariz de Nicolas.

Ele caiu, limpou a boca e pôs-se em pé. A partir daí a situação

ficou totalmente incrível. Os olhos de Nic aparentaram ter ficado

mais negros e sua face tomou uma expressão horrenda. Nicolas

agora era um monstro. Pegou-me pelo pescoço e me levantou a 20

centímetros do chão. Vale ressaltar que Nicolas não tem força nem

para matar um pernilongo.

— Seu moleque infernal! — exclamou Nicolas, jogando-me no

chão posteriormente.

Bati a costela direita. Basicamente perdi a luta ali. Katarina

saiu correndo em direção à cozinha. Já até sei o que ela iria fazer

lá. Água benta. Minha mãe, ultrarreligiosa, tinha várias coisas do

gênero em casa.

— Toma essa, filho da mãe! — disse Kat, ao jogar um vidro

de meio litro de água abençoada.

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— AAAAAAAAAH! — exclamou Nicolas, tendo sua pele

totalmente queimada.

Nesse momento Katarina me levantou, e levou-me em direção

ao meu carro. Entramos, e evacuamos dali.

— Droga, Eddie! O que faremos? — perguntou-me Katarina.

— Meu Deus... Não consigo crer no que acabou de acontecer!

O rapaz está possuído!

— Eu disse! Eu disse! Não há tempo para perder, ele vai nos

achar! — exclamou Kat.

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Drogas sempre são um problema Peguei o celular e comecei a pesquisar sobre coisas do

gênero na Deep Web. Não deu muito tempo dali para eu ter uma

ideia. Toda esse problema começou com o cabeça de cabra. Era

pra lá que iríamos!

— Katarina! A todo vapor para o shopping titan! Vamos

retornar à Dead Shop!

— Ótima ideia, Eduardo!

Dirigimos então ao shopping. A estrada parecia eterna. O

clima estava realmente apocalíptico. Ô crença de massa maldita!

Todo mundo com o medo canalizado no feriado dá nisso! Quando

chegamos ao destino o relógio marcava 16 horas. Saímos correndo

do carro, afinal, não havíamos todo o tempo do mundo. Já estava

chovendo e trovejando, estava me sentindo naqueles filmes de

cinema. Subimos as escadas rolantes e... a Dead Shop estava

fechada. Katarina, porém, era uma ótima espectadora de vídeos e

tutoriais em suas horas vagas de procrastinação — uma vez que

ela quase nunca fazia trabalhos escolares, e quando os fazia, era

sempre no último horário possível... Antes da aula, para ser mais

exato. Kat então abriu a porta da loja sem muita dificuldade com

alguns clips. Dois, para ser mais preciso. E entrando lá, tivemos

uma surpresa.

— Opa, opa, opa! Que invasão é essa? — perguntou-nos um

homem que antes vestia o capacete de Baphomet.

Ele era um simples garoto, deveria ter uns 20 anos. Estava

com um monte de dinheiro que estava sendo calculado por um

amigo à sua esquerda.

— Amigão, não queremos encrenca, apenas respostas! —

afirmei, de forma calma, para não assustá-los.

— Você acabou de invadir a minha loja... e não quer

encrenca?

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— Ou você responde minhas perguntas, ou uns amiguinhos

meus irão cuidar bem desse seu dinheiro — o bom e velho blefe,

sempre funciona. Quer dizer, nem sempre.

— Ah... O que você quer? — perguntou-me o homem, com

paciência então.

— Nós viemos aqui ontem para comprar umas fantasias e

acessórios de Halloween. Estávamos juntos com outro rapaz,

chamado Nicolas. Esse garoto matou uma menina hoje de manhã

na escola, e quase quebrou minha costela há uma hora! O que você

tem a dizer sobre isso?

— Hahaha! Parece que o kollar deu resultados positivos.

Como você me trouxe essa informação, eu vou te dizer o que

possivelmente ocorreu — respondeu-me o cabeça de cabra — você

se lembra de que eu dei um colar à seu amigo, certo? Então, aquele

não era um simples colar. Havia uma substância em cada pérola

dele, essa substância a qual damos o nome de kollar. Já ouviu falar

dos bath salts? São drogas não muito populares que tiveram casos

decorrentes nos Estados Unidos. O kollar tem o mesmo princípio.

Bath salts deixa o seu usuário totalmente alucinado, com vontade

de carne humana. Seu psicológico fica totalmente complexado,

enquanto seu corpo adquire habilidades sobre-humanas. O

problema dessa droga é que depois de certo tempo o usuário tende

a morrer, intoxicado. O kollar causa as mesmas características,

exceto pela vontade de carne humana. Em vez disso, deixa o

usuário extremamente agressivo, e causa total amnésia

periodicamente. Por isso que o seu amigo pode ter assassinado

uma menina há um minuto e já ter se esquecido disso.

Agora tudo fazia sentido. Claro que não era nada relacionado

a demônios. Sempre estive certo, tudo bobagem. Como não

poderíamos perder tempo — ainda mais agora, que sabemos que

Nicolas corria grave perigo — olhei para Kat, e cinco segundos

depois saímos da loja. Correndo, apesar de felizmente os panacas

não estarem nos perseguindo.

— Você acha mesmo que Nicolas consumiu o kollar? —

perguntou-me a garota.

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— Com certeza Katarina! Qualquer um que percebesse uma

substância no colar iria tentar descobrir o que é!

Esse foi um daqueles momentos em que seu cérebro

processa todo um esquema lógico aparentemente na velocidade da

luz.

— Mais pessoas devem ter passado por lá! — raciocinei —

para eles estarem contando todo aquele dinheiro, a droga

provavelmente passou pela mão de muitas pessoas, como um

“brinde”!

— Droga Eddie... A faculdade inteira está em perigo! Aquela

festa será uma carnificina!

— Vamos ter que pagar de heróis... Iguais àqueles de

histórias em quadrinhos!

— Sem tempos para brincadeiras, o negócio é serio...

Precisamos achar o Nicolas! — exclamou Katarina.

— Por quê?

— Oras... Porque ele vai nos dar algumas respostas!

— De fato... Pensei que ele poderia tentar me matar

novamente, mas ele já terá se esquecido de tudo... Poderíamos nos

comunicar com o diretor da faculdade para que a festa seja

cancelada!

— Não vai adiantar... não é ele que se responsabiliza pela

mesma. É uma festa feita pelos alunos, e são vários os que estarão

organizando-a, eles não vão querer cancelá-la.

Fizemos a viagem de volta à faculdade, então. Minha barriga

roncava, não é fácil ficar sem comer nos horários ao qual estamos

acostumados. No meio da estrada encontramo-nos com o Nicolas,

aparentemente a caminho da casa dele. Perguntava-me sobre o

efeito geral da droga, quanto tempo ela duraria, e se Nicolas iria

tentar nos atacar novamente, afinal, a droga o deixa agressivo,

porém, com amnésia.

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— Hey! Nicolas! — gritei, saindo do carro em sequência.

— Ah! Olá Eddie!

— Nic, precisamos de sua ajuda! Pode vir conosco para

minha casa? — perguntei-lhe.

— Claro! Vamos lá!

Nic e eu entramos no carro. Ele já estava batendo um papo

com Kat. Não poderíamos perder o foco neste instante.

— Nicolas, me empreste esse seu colar! — pediu

cuidadosamente Katarina.

— Tome, nem sei por que estou usando ele — respondeu Nic,

dando o colar posteriormente para Katarina.

Ela abriu as pérolas, e percebemos que das cinco, duas delas

estavam sem nada dentro. As outras estavam com uma espécie de

pó branco. Percebe-se nitidamente que era algum tipo de droga.

Ressaltei a Katarina que ela deveria tomar cuidado, afinal, não

sabíamos exatamente como funcionava para a droga tomar efeito.

Às vezes, um simples contato com o corpo já seria o necessário

para transformarmo-nos em máquinas mortíferas.

— Guarde esse colar Katarina. Vamos levá-lo ao diretor, e

comentar sobre a droga. Ele tomará providências se souber que na

festa haverá consumo de drogas.

— Certo Eddie... Estou preocupada, espero que ninguém

tenha consumido a droga! — afirmou Katarina.

Havíamos chegado à faculdade então. Fomos correndo — na

chuva mesmo — para o bloco A. Lá era onde se localizava a sala

do diretor. Como se não bastasse nossa corrida contra o tempo,

havia dois seguranças que nos barraram.

— Vocês não vão passar! — exclamaram.

— E existe um motivo para isso? Precisamos falar com o

diretor urgentemente! — respondi.

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— Não é permitida a passagem depois das cinco horas da

tarde.

Mentira. Estava certo de que aqueles caras não eram os

seguranças. A partir daqui, já tinha certeza de que alguém estava

tramando para que a festa acontecesse. Alguém que queria ver

muito sangue na festa, pelo jeito. Comecei a pensar em mil coisas

para acabar com toda essa trama, até que senti aquela lâmpada

acender dentro de mim.

— Vamos voltar. Vamos para casa. Já sei o que faremos!

Fizemos a viagem para minha casa, que não era muito longe

dali. Agora já estava de noite. Não dava para voltar à faculdade, só

retornaríamos no próximo dia.

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O grande plano — Katarina, você e Nic estão para se graduar em

biomedicina, e eu em tecnologia da informação. Eu vou brincar de

invadir alguns sites e navegar afundo na internet, enquanto vocês

vão buscar demasiados ingredientes no mercado.

— Que tipos de ingredientes? — perguntou-me Nicolas.

— Os melhores para produzir drogas! — respondi.

— Como assim Eduardo? Você vai fazer drogas? —

perguntou-me Katarina, espantada com meu pedido.

— Não. Nós vamos fazer drogas! E das boas! — respondi a

ela, de maneira cômica.

— Era só o que me faltava! Você enlouqueceu! — disse-me

ela.

— Não Katarina... Olha, é simples: Provavelmente todo

mundo foi fazer as compras naquela loja de fantasias, certo? Então

a chance de todos estarem vestidos com o colar de drogas é

grande. Porém, ou eles irão consumir a droga em sua casa, ou

apenas no meio da festa. Os que consumirem em casa vão no

máximo quebrar mobílias, uma vez que a maioria dos estudantes

mora sozinho. O problema real é se todos consumirem as drogas

na festa, o que provavelmente irá acontecer se não impedirmos. E

isso vai acarretar numa briga extrema de loucos com facas e até

armas, já que é uma festa de Halloween.

— Ok, e do que vai adiantar produzirmos drogas? —

perguntou-me Nicolas.

— É bem simples, quando abrirem a festa, vamos começar a

distribuir as drogas dentro de bolinhos e outras comidas de lá.

Provavelmente, todos chegarão quando a festa começar, já que

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será uma festa cheia de bebidas, e coisas do gênero. Se

produzirmos uma droga que deixe a pessoa totalmente fora de si,

ou que faça com que ela desmaie, teremos tempo suficiente para

tirar os colares do pessoal, antes que o pior aconteça!

— Genial Eddie, você é o cara! — exclamou Katarina, com um

sorriso glorioso.

— Agora, vocês sabem como irão fazê-la? Porque é da área

de vocês isso... — conclui.

— Podemos ler a bula de alguns daqueles remédios que

causam sonolência! — comentou Nicolas.

— Ou podemos também utilizar o éter para provocar o

desmaio das pessoas! — afirmou Katarina.

Começamos então a pesquisar em bulas de remédio e

substâncias e receitas de drogas na internet. Foram horas e horas

para obtermos uma receita concreta. Já era uma hora da manhã e

só estávamos começando nosso trabalho, com todos os

ingredientes postos à mesa. Eram centenas de elementos químicos,

comida, remédios, dentre outras coisas. Desenvolvemos um

punhado da droga então.

— Alguém vai ter que experimentar, para ver se funciona! —

comentou Katarina.

— Eu experimento. — disse Nicolas.

— Sejamos inteligentes, se algum de nós desmaiar, e ficar

dormindo aqui, perderemos eficiência. — comentei.

Foi aí que um pequeno ser pulou em mim, e começou a latir.

— Claro, a meggie!

Era minha cahorrinha. Um poodle branco. O ser perfeito para

o teste de drogas. Sou a favor daquela coisa de testar em animais,

antes de testar em humanos — não que humanos não sejam

animais, mas, você me entendeu — afinal, alguém vai ter que

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provar, e porque não um cachorro ou um rato, em vez de eu

mesmo?

Seguramos Meggie, e fizemo-la experimentar a droga. A

cachorrinha andou zonza durante cinco segundos, e deitou-se logo

em seguida. Era um resultado excelente, era daquilo que

precisávamos!

Fizemos mais e mais da droga, até às seis da manhã.

— Eddie... estou morrendo de sono... — disse Nicolas.

— Acho que podemos dar uma dormida. Coloquem os

despertadores para acordarmos às onze horas.

Guardamos todo o pó produzido em um pote de sorvete — até

aqui já descobrimos que o pó se solubiliza em contato com água e

álcool, o que era ainda melhor, possibilitando o uso em bebidas.

Aquilo era o necessário para drogar todo mundo da faculdade, e

dava para nós nos drogarmos um pouquinho depois, para

comemorar... brincadeira. Mas dava.

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O curioso Halloween de Eddie

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A hora da verdade Acordamos com mil músicas e ringtones tocando

simultaneamente. “Acordamos”. Sentia-me um zumbi. Nicolas foi

preparar o almoço, enquanto Katarina dividia as doses da droga em

saleiros, para facilitar o trabalho, enquanto eu navegava na internet.

Estava dando uma checada no banco de dados da escola,

revisando o pessoal matriculado, e quem possivelmente estaria por

trás de tudo. Conclui que na festa teria cerca de 500 pessoas.

Ressaltando que essa festa era só para os formandos, ou seja,

povo do último ano. Imagina se fosse da faculdade inteira...

participariam umas dez mil pessoas.

Entrei na rede social do momento então, com um nome

curioso, decaranolivro. Todos os adolescentes estavam utilizando-a,

incluindo todo o povo da facul. Comuniquei então: Greg, João,

Thomas, Pedro, Alice, Maria, Célia e Kairo. Eram meus compadres.

Alguns já terminaram a faculdade, como Thomas, Alice e Célia.

Outros estavam no primeiro ano, como Pedro e Greg. E alguns nem

mesmo conhecem a faculdade. Reuni todos pela rede social. Iriam

ser penetras. Precisávamos de reforço, eram 500 pessoas para

drogar, em poucos minutos.

A grande hora estava chegando. Eram duas horas da tarde,

estávamos todos reunidos em casa, com a droga dividida em

bolsas, e lugares estratégicos de fantasias, como aqueles bolsos

por dentro de jaquetas. Éramos 11 jovens prestes a drogar meio

mundo de pessoas para evitar que essas se droguem de maneira

pior. Sinceramente, aquela estava sendo a experiência mais louca

da minha vida.

Deixamos tudo preparado, enquanto eu ainda dava uma

olhada no computador.

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O curioso Halloween de Eddie

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— E se todos estiverem drogados? — perguntou-me Alice —

Eu digo... e se mal chegarmos e tudo já estiver sendo destruído,

pessoas morrendo, e coisas do tipo? O que faremos?

— Não contamos com plano B. Não há nada planejado... Se

isso ocorrer, será na base do salve-se quem puder. — respondi.

— Poderíamos levar bombas... adoro bombas! — comentou

Greg.

Realmente não contávamos com um plano B... se o

apocalipse já tiver tomado início, estaremos perdidos...Tenho

certeza de que isso não irá ocorrer. Tudo está perfeitamente

planejado, não existem erros. O alarme de Katarina apitou. Eram

três e meia da tarde. A festa estava para começar.

Saímos em dois grupos divididos em dois carros. Pedro foi ao

colo de Célia, no carro B, já que eles eram irmãos. Chegando à

faculdade, percebi que haviam duas pessoas com o suposto colar.

Não tínhamos muito tempo. Faltavam 5 minutos para que o salão

principal fosse aberto, e para a festa ter início. Meu coração

palpitava cada vez mais rápido. Fiquei observando todas as

pessoas durante o pequeno tempo que ainda tínhamos, antes da

missão. Localizei diversas pessoas com os colares, menos do que

imaginava, para ser sincero, mas ainda assim, haviam muitas

pessoas.

Enfim, o super e assustador sinal tocou, dando início à festa

— o som emitido por ele foi semelhante ao som de monstros de

filmes dos anos 70. Entramos como ninjas — eu, pelo menos, me

sentia um — e fomos direto à mesa de jantar, para espalhar a droga

pelos doces que lá haviam. Para nossa surpresa, o cabeça de

cabra estava lá, sobre a mesa.

— Senhoras e senhores, temos um grupo de penetras! —

gritou o maldito servidor de Baphomet.

Nesse momento, o silêncio pairou sobre tudo... dez segundos,

então, vieram cerca de duas garotas com facas à nossa direção.

Era o fim. Não poderíamos fazer nada, seguido delas, vieram

dezenas de pessoas. Fechei os olhos, me senti morto, antes

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O curioso Halloween de Eddie

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mesmo de ser tocado. Todos estavam em pânico. Pus a mão na

cabeça... respirei fundo. Queria chorar... Queria minha mãe... Fiquei

dois minutos assim... e abri os olhos.

— Hahahaha! — estrondosas gargalhadas ecoaram pelo

salão inteiro.

O que é que estava acontecendo?

— Eddie, meu amigão! Ficou assustado, é? — perguntou-me

o cabeça de cabra.

— Mas que merda é essa? — perguntei nervoso.

— A festa de Halloween! — respondeu o garoto, levantando

uma taça — Podem comemorar pessoal!

Todos começaram a entrar, comer e dançar, como se nada

tivesse acontecido. Novamente, meu cérebro ficou complexado e

quase entrou em colapso. Nicolas então começou a rir.

— Nic... Por que raios está rindo? — cochichei.

— Eddie, foi tudo uma brincadeira... — respondeu-me ele.

— Deixe-me explicar a você, Eduardo... — comentou o

cabeça de cabra — Há três anos, você e sua amiga fizeram uma

brincadeira de mau gosto que acabou assustando a faculdade

inteira. Principalmente Nicolas e mais alguns alunos. Este ano,

então, há uns três meses, quando decidimos fazer a festa, optamos

por um extra, que seria uma lição de moral para os dois; e claro que

não deixaria de ser uma vingança. Tivemos como líder o Nicolas, e

tudo foi minimamente calculado. Desde a suposta morte de Olivia,

que está presente na festa neste momento, até o suposto tráfico de

drogas por meio de colares.

— Caramba... mal posso acreditar nisso... Você ainda

guardava mágoas daquele dia Nicolas? Desculpe-me... realmente

cometemos um erro! — afirmei triste, contudo; Nicolas era um

grande amigo, não esperava tê-lo assustado tanto — Mas, espere...

como realizaram o assassinato de Olívia? E como a pele de Nicolas

queimou com a água benta? — perguntei curiosamente.

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O curioso Halloween de Eddie

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— Bem, a morte de Olivia foi forjada com a ajuda de alguns

alunos. Apenas para “causar”. Muitas pessoas realmente pensaram

que ela havia morrido. Para enganar Katarina foi necessário apenas

ver Olívia ensanguentada, e para enganar você foi necessário um

recado do seu primo, Lucas. Falamos com o pessoal da

coordenação depois que tudo era um mal entendido, mas não

comentamos sobre a pegadinha, claro. Nicolas então chegou à sua

casa antes de você, e trocou algumas coisas, como a água benta

por um vidro de ácido. Limão e coisas do tipo, não sei explicar, isso

é com ele. Depois houve uma breve encenação por parte de Nic —

que na verdade não estava drogado, uma vez que a substância

contida no colar era leite em pó com cheiro modificado — fingindo

ter se esquecido do ocorrido, e supostamente transformar-se num

demônio. A loja onde na verdade só vocês três haviam comprado

as fantasias, era de meu pai. Aquele espaço é de uma loja de tênis

e material esportivo dele, ele só tirou uma folguinha, e eu tirei

proveito disso para modificá-la. Os “seguranças”, claro, eram meus

amigos.

— Foi um belo plano! Para falar a verdade, fico até

enlouquecido com toda essa guerra de ideias! Mas, e se nós

tivéssemos drogado todo mundo? Antes da festa, talvez...? —

perguntei.

— Eu cuidei disso. As drogas na verdade não são drogas.

Elas podem até produzir um leve efeito de cansaço, mas nunca

desmaiaria alguém. Meggie só deitou e dormiu porque eu dei um

grande punhado da droga. Para fazer aquilo com alguém, seria

necessária toda a nossa “munição”. — respondeu-me Nicolas.

Conversamos mais um pouco, e então fomos para a festa. As

comidas estavam excepcionais, e as músicas de muito bom gosto.

Aquele foi um baita Halloween... Neurônios queimando, alta taxa de

adrenalina, sustos e planos... Demais! Contudo, aprendemos nossa

lição. Devemos saber mediar nossas brincadeiras, e tomar cuidado

com o que podemos fazer. Dos dois lados houve uma briga de

pranks e em ambas, pessoas poderiam ter saído totalmente

traumatizadas, ou com problemas, devido ao consumo de drogas.

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Meu nome é Eddie Cornélio e esse foi o meu melhor

Halloween!