O Desembarque

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REVISTA N.º 13 · PUBLICAÇÃO PERIÓDICA · JULHO 2012

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Publicação Periódica daAssociação de FuzileirosRevista n.º 13 • Julho 2012

PropriedadeAssociação de Fuzileiros

Rua Miguel Pais, n.º 25, 1.º Esq.2830-356 Barreiro

Tel.: 212 060 079 • Telem.: 927 979 461email: [email protected]

Edição e RedacçãoDirecção da Associação de Fuzileiros

DirectorLhano Preto

Directores AdjuntosCardoso Moniz e Marques Pinto

ColaboraçõesDelegações da AFZ

LP, MP, CM, Ribeiro Ramos,Miranda Neto, CMP, CCFZ, EFZ, BFZ,

Ribeiro (fotografia), Afonso Brandão (fotografia)

Coordenação gráficae paginação electrónica

Manuel Lema [email protected]

Impressão e acabamentoSIG - Sociedade Industrial Gráfica Lda.

Rua Pero Escobar, n.º 212680-574 Camarate

Tel.: 219 473 701 • Fax: 219 475 970email: [email protected]

Tiragem2.000 exemplares

Exceptuando-se os artigos assinalados e daresponsabilidade dos respectivos autores, aredacção desta revista não tem em conta as

regras de novo acordo ortográfico

Reflexões 3

Nem só de balas se faz a guerra 4

Sócio n.º 34 – A sua Estória, CF N.º 8 – Guiné 1971-73 5

Assembleia-Geral de 17 de Março de 2012 6

NotíciasConselho de Veteranos 9

Manuel Antunes homenageia Combatentes 10

Dia de Portugal, de Camões e das ComunidadesEncontro Nacional dos Combatentes do Ultramar 12

O Direito de Dizer – A Advocacia como Profissão de Interesse Público 14

Cadetes do Mar – Acredito! 15

Crónicas de Outros Tempos – Ponte Aérea Nova Lisboa (Huambo) – Lisboa 17

Venturas e Desventuras dum “Marafado” em Terras do Ultramar 20

Transição bem sucedida nas FALINTIL-FDTLMajor-General Taur Matan Ruak, novo Presidente da República de Timor-LestePerfil de um herói da resistência timorense 21

Poema ao Fuzileiro 24

Bravos de Vale de Zebro (Cântico aos Fuzileiros) 24

Almoço de Natal de 2011 25

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 4 – Guiné 1973/74 26

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 13 – Guiné 1968/70 27

Companhia de Fuzileiros N.º 7 – Angola 1970/72 28

Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 10 – Moçambique 1974/75 29

Almoço de Trabalho, de Cortesia e Agradecimento, oferecido àCâmara Municipal do Barreiro 30

Divisão das Actividades Lúdicas e Desportivas 32

Dia do Combatente 2012Mosteiro de Santa Maria da Vitória – Sala do Capítulo 35

Encontro de Fuzileiros em Fátima 37

Filhos da Escola de Abril de 1968 reúnem-se 39

Delegação de Juromenha/ElvasInauguração da Sede e celebração simultânea do Aniversário 40

Delegação do Algarve1.º Almoço de Natal 41Um Gesto de Solidariedade 42

Delegação de Vila Nova de Gaia1.º Aniversário e Convívio de Natal 43

Formação em Liderança – Escola de Fuzileiros de Angola (Ambriz) 44

Fuzileiros voltam aos mares da Somália 44

51.º Aniversário da Escola de Fuzileiros 46

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Há imenso tempo que me interrogo sobre como é possívelmantermos uma ligação tão forte, só porque somosFuzileiros.

Embora não existisse até hoje nenhuma ligação especial entremim e muitos dos nossos associados, ou mesmo outros elemen-tos não associados, sinto e reconheço, a cada dia que passa, queonde há um Fuzileiro há um amigo. Haverá certamente pequenasexcepções mas, como sempre se afirmou, estas só vêm confir-mar a regra.

Vem isto a propósito de, apesar de ter tido alguns afazeres pes-soais, nos últimos tempos, não ter sido possível passar um fim--de-semana em que não tivessem surgido um, dois ou mais con-vites para diferentes eventos ou confraternizações. Houve mesmodias em que surgiram quatro. Como não tenho o dom da omni-presença e muito menos da ubiquidade, tudo se tem resolvidocom a boa vontade dos Vice-Presidentes ou de outros elementosdos Corpos Sociais, que me têm substituído sempre com muitadignidade.

Mas não foi para falar deste último ponto que decidi escrever es-tas poucas linhas. Venho aqui falar da amizade, da camaradageme da forte ligação que se tem criado através da Associação e deoutros grupos de Marinheiros espalhados pelo país. Só para darum exemplo, descrevo o que se passou no último dia oito deJulho. Estava eu a pensar em mil coisas, pois estávamos ainda norescaldo do Dia do Fuzileiro, quando, de repente, o “Setúbal” medisse: «Comandante, amanhã, à noite há uma caldeirada de chocose gostaríamos de o ter connosco». Inocentemente, respondi: «soucapaz de ir».

Fiquei a matutar no assunto e no dia seguinte, resolvi mesmo ir.Não que estivesse com muita vontade de comer chocos ao jantar– já que usualmente como uma sopa e uma sandes – mas lem-brei-me da forma sincera e frontal como o camarada falou comi-go. Uma vez que só tinha à mão o telemóvel do Oliveira liguei-lhee informei-o que ia. Como estava com a família perguntei se se-ria possível falar com o “Setúbal” sobre o assunto. A resposta foiimediata: «o Setúbal está aqui, mas não precisa de falar com ele,venha e traga quem quiser».

Passei uma noite muito agradável e divertida, na companhia deum grande número de Fuzileiros e de outras pessoas a eles liga-dos. Houve forte animação, até cultural, com um grupo de teatroe um grupo de música tradicional portuguesa, mas a melhor foi,sem dúvida, a confraternização entre nós.

Éramos uns trinta, mais ou menos, e como era de esperar lá es-tavam também alguns Fuzileiros no activo dos quais destaco oComt. Formiga.

Fiz este pequeno relato, para vos lembrar que a frase “Fuzileirouma vez, Fuzileiro para sempre” está muito bem aplicada eque devemos relembrá-la a quem, por qualquer razão, se afastadesta nossa segunda “Família”. Claro que não posso deixar deaqui lembrar o trabalho constante e abnegado das nossasDelegações, onde reina uma grande camaradagem feita de dedi-cação e empenho e onde geralmente, como em Setúbal, um pe-queno grupo trabalha e se dedica para que outros usufruam epossam afirmar “valeu a pena vir”.

Também não quero deixar de manifestar o meu grande apreço aoutros grupos onde os Fuzileiros estão presentes, e onde reina aamizade criada à volta da nossa Marinha como é o caso mais re-cente da Associação de Escolas de Marinha do Litoral Alentejano,pela forma como dignificou a Marinha ao inaugurar a sua Sede naSonega, aldeia pertença do município de Santiago do Cacém, edo grupo de Estremoz, onde não estive presente, já que era no diaanterior a esta, mas tive a oportunidade de receber as melhoresinformações quanto à forma animada, como decorreu o seu dia.

Como a amizade não tem preço, torna-se-me impossível quanti-ficar o muito que tem sido feito em prol desta grande Família,que merece todo o meu apreço, sem esquecer a grande estimaque nutro por todos aqueles que participam de alguma forma pa-ra tornar a nossa Associação mais humana e dinâmica.

Obviamente, tudo o que fazemos acaba inevitavelmente por tereco na nossa Marinha, mesmo que esta por vezes não seja di-recta e pormenorizadamente informada.

Aproveito ainda este Editorial para informar os sócios que a nos-sa revista “O Desembarque” saiu um pouco atrasada não por fal-ta de artigos, mas porque, ao mudarmos de tipografia, quisemosmelhorar a qualidade da impressão e, sobretudo, a coordenaçãográfica e paginação electrónica, agora entregue a um verdadeiroprofissional.

Como sempre, estamos convictos que tudo fizémos pelo melhor.

Envio um abraço reconhecido para todos os associados.

Lhano Preto

Presidente da Direcção

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Nem só de balasse faz a guerra

Senhor Director,

Em conversa com vários DFA’s FZ vieram à baila Estórias de ou-tros tempos e, se me é permitido, gostaria de ocupar um poucodo espaço da nossa Revista para contar dois casos.

1.º

Esta Estória passa-se no Niassa e eu sou o "artista" principal.

Estamos no Verão de 1967 no Niassa, na altura em que o DFE 5está a escoltar as Lanchas que vêm para o Lago.

Rádio Dar-Es-Salam apregoa que a Coluna nunca avistará aságuas do Lago Niassa. Para contrariar o apregoado, cabe àsUnidades Militares por onde a Coluna irá passar proceder aPatrulhas de modo a que o trajecto esteja seguro; como estáva-mos sediados em Metangula cabe ao 9.º DFE a missão de patru-lhar junto ao Lago e toca de nos pormos a caminho.

No 1.º dia, por volta das duas da tarde, monta-se a emboscada fi-cando no fim da coluna o 1.º Grupo, tendo como final a 5.º Equipa.Eu sou o 4.º elemento da 4.ª equipa tendo para trás de mim 6FZE’s; bem, nem tudo é como queremos... dá-me uma dor de bar-riga e resolvo ir aliviar a tripa; faço sinal do que quero ir fazer edepois de tudo estar compreendido saio da emboscada e, atrásduns arbustos, lá faço o "serviço". Quando vou para regressar àemboscada fazem-me sinal para estar quieto e ali fico eu, de cal-ças e cuecas arreadas e o casaco todo aberto!

De repente, lá vejo 2 homens, já dentro da Zona de Morte e oTacos, o 1015 e o Póvoa surgem por trás deles, o Serrinha, oCoruja e o Carcaça de lado. Os tipos entenderam que só podiamfugir em frente e, quando o fazem surjo eu, de G-3 apontada e, abem dizer, nu... Os homens tiveram um momento de hesitação oque lhes foi fatal, pois foram apanhados.

O gozo disto tudo é que 6 FZE’s vestidos e armados "precisaram"do apoio dum FZE armado... mas despido!

Meus senhores, há coisas que a Convenção de Genebra deviaproibir e uma é esta um gajo se apresentar na guerra com o "ma-terial" todo à mostra!

2.º

Esta Estória passa-se no Rússia, um aldeamento do Quiterajo etem como protagonista o "Régua", António Luís Teixeira, na altu-ra MAR FZE 8947.

Dezembro de 1967, ilha do Ibo. Vamos sair para uma nomadiza-ção na zona do Rússia; no Mucojo esperam-nos as Berliets e lávamos para o aldeamento.

Quando lá chegámos os miúdos cercam-nos à espera de algo!O “Régua”, de repente, agarra num miúdo começa a ver-lhe osolhos, que mal se viam com tanto pús. Pega na pomada oftamo-lógica e toca de "besuntar" os olhos do miúdo!

Após este serviço de assistência, o Destacamento lá foi para aOperação. Passados 4 dias regressamos ao Rússia e, aí é que fo-ram elas!

O nosso miúdo já via e tinha os olhos limpos! Porém a fama che-ga longe e estivemos à espera 2 horas que o "Sr. Doutor" desseas consultas e fizesse os tratamentos.

Pois é, o miúdo de tão agradecido pelo tratamento recebido re-solve arranjar mais doentes para o "médico" e um "consultório";vai daí arranja uma mesa, coloca-lhe uma toalha branca e umacadeira para o "Sr. Doutor"; do outro lado da mesa estavam paraaí uns 20 miúdos todos em fila indiana e sem barulho; parecia umconsultório da Caixa.

Bem,um bocado da tintura neste, um polivítaminico naquele e to-da a gente recebeu tratamento... Resultado: as bolsas de saúdevieram vazias.

Em Janeiro voltámos ao "local do crime", e o "Sr. Doutor", já iamais fornecido; quando vai ver os seus "doentes” ia caindo parao lado... é que todo o aldeamento que estava a esperá-lo!

Em conversa com os polícias que lá estavam disseram que já háuns dias que se apresentava gente que andava no mato, todoscom problemas de saúde, viemos a saber que até o filho do che-fe da Frelimo foi lá receber tratamento!

A fama chega longe... quando se é bom, até o inimigo vem aonosso encontro!

Como vêem, nem só de balas se faz a guerra.

Mário Cornélio

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Exmo. Senhor Presidente da Associação de Fuzileiros,

Umas horas depois de receber a nossa revista, já foi lida váriasvezes, em especial o discurso de V.ª Ex.ª aquando da inauguraçãodo monumento ao fuzileiro, em particular quando focou a nature-za da nossa associação, camaradagem, lealdade, coragem e so-lidariedade, nos Fuzileiros. Todos esse atributos não são palavrasvãs, eu sou o testemunho disso mesmo e gostava de partilharcom as nossas gerações de Fuzileiros o meu caso.

Integrado na Companhia N.º 8 de Fuzileiros – Guiné, Novembro de1971 a Agosto de 1973 – após a chegada a Bissau, foi-me pedi-do que integrasse a Polícia Naval como condutor. Como sempregostei de ser útil e tinha carta de condução civil, aceitei.

No dia 14 de Janeiro de 1972 tive um acidente, apenas com pre-juízos materiais. Claro, foi-me levantado um auto porque o outroenvolvido era civil. Fiz várias deslocações ao Tribunal de Bissau,onde prestei declarações. Durante toda a comissão o auto não foiresolvido.

No dia 22 de Agosto de 1973, quando todos nós festejávamosà noite o nosso regresso, que seria no dia seguinte, o Sr. Tenen-te Peres chamou-me à parte para me informar que eu não iriaregressar à metrópole porque tinha um auto. Um despacho doSr. Governador Spínola impedia que alguém pudesse sair daGuiné com um auto por resolver. Meio atordoado com a notíciafiquei sem palavras e, como por vezes até um Fuzileiro chora,foi o que me aconteceu.

Depois veio a confusão, da qual eu tive algum medo. Os meus ca-maradas ao saberem o que me estava a acontecer, e como owhisky toldava os ânimos, exigiram ao Sr. Tenente Peres que re-solvesse o problema, mas tinha que ser rápido, não iam tolerar talsituação.

Uma hora depois ou talvez menos, o Sr. Tenente chegou com meiasolução: eu teria de pagar todos os prejuízos para poder sair daGuiné que, segundo o oficial, seriam 6.500 escudos. “Mas onde éque eu vou arranjar tanto dinheiro?”, resposta: “Desenrasca-te!”.Mas a nossa geração era desenrascada e não “à rasca” e alguémteve a ideia e entre 120 amigos todo o dinheiro apareceu e eu re-gressei à metrópole com todos eles!

Sócio n.º 34 – A sua EstóriaCF N.º 8 – Guiné 1971/73

PROTOCOLOSA Direcção Nacional comunica que já foram assinados os seguin-tes protocolos que proporcionam várias vantagens e benefíciosaos nossos Associados:

– Universidade Lusófona;

– Instituto Superior de Segurança da Universidade Lusófona;

– Grupo de Amigos do Museu de Marinha (GAMA);

– Motricidade Humana - Associação de Formação Desportiva;

– KANGAROO - Gimnoparque.

Já estão negociados e fechados, sendo subscritos, muito breve-mente, os protocolos com:

– Casa de Repouso “Quinta da Relva”;

– Casas de Repouso “Villa Pinhal Novo” e “S. João de Deus”.

Estamos em negociações com 4 Companhias de Seguros e, mui-to provavelmente em breve, serão subscritos protocolos com trêsdelas.

Estamos também a negociar um protocolo com a ANASP - Asso-ciação Nacional de Agentes de Segurança Privada.

Alguns destes protocolos – aqueles que se encontram juridica-mente válidos – estão já publicados no site da AFZ, e serão pu-blicados todos os que a Direcção venha a assinar.

Aconselhamos os nossos Sócios a consultarem o nosso site –www.associacaofuzileiros.pt – ou a informarem-se atravésdo email: [email protected], do tel.: 212 060 079 ou dotelem.: 927 979 461.

Como cidadão anónimo deste país, carrego comigo o orgulho deter servido a Pátria nos Fuzileiros.

Sr. Presidente se achar que deve publicar o meu caso na nossarevista, podem fazê-lo.

Obrigado.

José Manuel Simões Carvalho2812/69 Mar FZ

Sócio n.º 34

Palácio da Justiça, Bissau, anos 60

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No dia 17 de Março de 2012 reuniu-se, na sede da Associação de Fuzileiros (AFZ) na Rua Miguel Paes, n.º 25, no Barreiro, aAssembleia Geral Ordinária da AFZ que assumiu, também, a natureza extraordinária e eleitoral, sob a presidência do Contra--Almirante José Luís Ferreira Leiria Pinto.

A Ordem de Trabalhos foi oportunamente remetida por carta a todos os Sócios.

O Presidente da Assembleia-Geral (PAG) abriu a reunião solicitando aos presentes um minuto de silêncio por alma dos todos os sóciose fuzileiros já falecidos, o que foi respeitosamente cumprido.

Seguidamente, o PAG deu a palavra ao Presidente da Direcção, Comandante Lhano Preto que após ter saudado os presentes se refe-riu em termos gerais, à vida da AFZ durante o respectivo mandato mencionando elogiosamente os seus colaboradores e agradecendoo esforço de todos os voluntários de boa vontade, incluindo os dirigentes da Delegações, em prol da AFZ e congratulou-se pela parti-cipação do Alm Leiria Pinto elogiando o trabalho que vem realizando na Presidência da Mesa da Assembleia-Geral.

Destacou, ainda, o elevado valor e dignidade que os mandatários da Lista A, concorrente às eleições da AFZ, Alm Vieira Matias e oCMG Alpoim Calvão conferem à Lista e à nossa Associação.

O Presidente Lhano Preto passou a palavra ao Vice-Presidente daDirecção, Marques Pinto, para que este apresentasse o Relatóriode Actividades e Contas referentes a 2011.

Este, após os cumprimentos cordiais que dirigiu aos presentes,fez referências ao texto que constitui a sua introdução aoRelatório no qual citou o Prof. Doutor Adriano Moreira – “perso-nalidade que quase todos os Oficiais Superiores da Marinha tive-ram como Mestre” – e o seu livro biográfico “A Espuma doTempo – Memórias do Tempo de Vésperas”.

De seguida passou em revista, ponto por ponto, o Programa deAcção para o mandato que cessa, verificando que foram cum-pridas e realizadas quase todas as acções propostas.

Assembleia-Geralde 17 de Março de 2012

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Na sua apresentação do extenso e pormenorizado Relatório da AFZ, o Vice-Presidenteda Direcção, Marques Pinto, das muitas referências que fez, referenciou a grande qua-lidade técnica e de transparência contabilística que permitem qualquer auditoria e ascondições para possibilitar o reinício do processo de obtenção do estatuto de utilidadepública.

Seguidamente, o Tesoureiro Nacional, Dr. António Augusto, apresentou com todo o por-menor e particular detalhe as contas referente a 2011 e o orçamento para 2012 expli-cando como a contabilidade tem vindo a ser melhorada e organizada nos últimos anose referenciou o confortável estado financeiro da Associação.

O Presidente da Direcção, Lhano Preto sublinhou, ainda, a boa saúde financeira da AFZ,mesmo depois de se terem suportado algumas importantes despesas, designadamente,com o Monumento ao Fuzileiro (mais de cerca de seis mil Euros) inaugurado em Julho de2011, na que ficou designada por “Praça dos Fuzileiros”, uma das principais centrali-dades da cidade do Barreiro.

O Comandante Cardoso Moniz, Presidente do Conselho Fiscal leu o relatório e o parecerrespectivos louvando a acção da Direcção da AFZ e a forma cuidada como o Relatório eas Contas foram elaborados e apresentados e propôs para além da aprovação pelaAssembleia-Geral que esta conferisse um voto de louvor à Direcção, tendo este sidoaprovado por unanimidade e aclamação.

O CMG Cunha Brazão, sócio n.º 277, ex-Comandante do Corpo de Fuzileiros propôs, tam-bém, por escrito, outro voto de louvor à Direcção, aprovado conforme proposto, tambémpor unanimidade e aclamação.

O Relatório e as Contas do exercício de 2011 e o Orçamento para 2012, foram aprova-dos por unanimidade.

A reunião da Assembleia-Geral – superiormente dirigida pelo Alm Leiria Pinto – decor-reu com todo o civismo sendo que, após o seu encerramento, o nosso camarada e só-

cio, António Vasconcelos Raposo fez uma apresentação do seu livro “Até ao fim – a última operação” – uma missão com fuzileirosdo Destacamento 2 (DFE - 1973/75) no Lungué-Bungo que ele próprio comandou, autografando vários livros, adquiridos por algunsdos cerca de uma centena de sócios presentes.

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Antecedido de almoço-convívio e a solicitação da Direcçãoreuniu, a 2 Maio, o Conselho de Veteranos da AFZ, com aseguinte Ordem de Trabalhos:

«Atitude, concreta a tomar pela Associação Nacional deFuzileiros, face à decisão do Comandante do Corpo de Fuzileirosde enviar ao Porto um Oficial Superior, em representação dosCFZ, EFZ e BFZ, dando assim cobertura ao “grupo” de fuzileiros(cerca de 40 ex-sócios da AFZ) recentemente punidos com de-missão pela Direcção (ex-sócios n.ºs 784 - João Silva, 909 - RuiPereira, 912 - Victor Ribeiro, 934 - Miguel dos Reis, 972 - AdrianoCosta e 1732 - Sérgio Silva) e expulsão pela Assembleia-Geral(ex-sócio n.º 879 - Carlos Coelho) por recomendação do Conselhode Veteranos – Acta n.º 1 de 18 de Novembro».

Pelo Presidente do Conselho de Veteranos, Comdt Alpoim Calvãofoi convidado a estar presente na reunião, o Comandante doCorpo de Fuzileiros, CAlm Picciochi (também sócio efectivo daAFZ n.º 1663).

Para além do Presidente e dos Vice-Presidentes da AFZ, VAlmReis Rodrigues e Comdt Cardoso Moniz estiveram, também,presentes os seguintes Conselheiros: José C.G. Talhadas (95),José Luís F. Leiria Pinto (140), Vasco Manuel T. da Cunha Brasão(277), António Manuel Mateus (279), Homero Gonçalves Videira(636) José Alves Cardetas (728) e António João Carreiro e Silva(1344).

Após tratamento do tema por vários Conselheiros, o Presidente doConselho de Veteranos agradeceu a presença e a intervenção doCAlm Picciochi, Comandante do Corpo de Fuzileiros, congratulan-do-se com as suas palavras e posição em relação ao tema emdebate, sendo que, em sua opinião, o assunto ficou esclarecido ebem definida a posição do Comando do Corpo de Fuzileiros peloque deu por encerrada a reunião eram cerca das 18.00 horas,tendo sido lavrada acta, pormenorizada, já subscrita peloPresidente e pelos Vice-Presidentes do Conselho.

Conselhode Veteranos

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Manuel Antuneshomenageia Combatentes

10 de Junho de 2012

Transcrição das palavras do Professor Doutor ManuelAntunes, conhecido cardiologista, director do prestigiadoCentro de Cirurgia Cardiotorácica do Centro Hospitalar eUniversitário de Coimbra, durante o XIX Encontro Nacional deHomenagem aos Combatentes, em Belém/Lisboa, junto doMonumento aos Combatentes da Guerra do Ultramar, no dia10 de Junho - Dia de Portugal.

“Em perigos e guerras esforçados,

Mais do que prometia a força humana,

E entre gente remota edificaram

Novo Reino, que tanto sublimaram;

E aqueles, que por obras valerosas

Se vão da lei da morte libertando”

Estimados Combatentes,

Quero agradecer-vos a suprema honra de poder estar, aqui e ho-je, convosco. Não me reconheço os dotes que presumivelmenteestiveram na origem do convite que me foi feito pela ComissãoExecutiva deste Encontro e que outros, em anos anteriores, evi-denciaram. No entanto, as palavras deste ilustre desconhecidoque está perante vós, que não serão um modelo de retórica, sãocertamente sentidas. Como escreveu o poeta,

Mas eu que falo, humilde, baxio e rudo,

De vós não conhecido nem sonhado?

Da boca dos pequenos sei, contudo,

Que o louvor sai às vezes acabado.

No 10 de Junho, celebramos o Dia de Portugal, Dia de Camões, opoeta da nossa epopeia ultramarina. Estamos todos aqui, nestelocal histórico, à sombra da Torre de Belém, que simboliza os des-cobrimentos portugueses, para celebrar Portugal e honrar os seuscombatentes, os seus heróis.

Homenageamos os que combateram na guerra do Ultramar, amais recente e que ainda está bem viva na memória de muitos, eem que pereceram quase nove mil portugueses europeus e afri-canos, cujos nomes estão para sempre gravados neste monu-mento. Tal como os navegadores de antanho, muitos destes dei-xaram as suas terras para defender a Pátria em terras longín-quas, que a maior parte até desconhecia.

Homenageamos todos os outros que deram a vida pela Pátria aolongo da sua história, neste rol incluindo aqueles que, mais re-centemente, o fizeram em missões de paz em que, como cida-dãos do mundo, estivemos e continuamos a estar envolvidos emvárias partes do planeta.

Todos merecem o nosso mais profundo reconhecimento. “DitosaPátria que tais filhos tem”. Não tenhamos medo desta frase, co-mo não devemos ter medo de afirmar, como Vasco da Gama,“Ditosa Pátria minha amada”. Porque estes Homens só morremquando a Pátria se esquece deles. E porque não nos esquecemosdeles, aqui viemos hoje.

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Mas não recordamos apenas os que perderam a sua vida naguerra, homenageamos também um enorme número de comba-tentes ainda vivos, a merecer reconhecimento, e de que há mui-tos, ainda, a sofrer as consequências de uma guerra por Portugal,com referência especial para os mais de 15.000 deficientes doultramar. Os Portugueses homenageiam-vos a todos vós que aquiestais e os vossos camaradas que aqui não puderam vir.

É claro que há por aí quem não goste do que aqui estamos a fa-zer. Mas como disse, há pouco mais de um ano, o SenhorPresidente da República, por ocasião do 50.º Aniversário do inícioda guerra em África, “… hoje aqui não homenageamos uma épo-ca, um regime ou uma guerra. Trata-se, simplesmente, de umahomenagem da Pátria àqueles que se encontram entre os seusmelhores servidores”.

Ainda que algo se tenha progredido nos últimos anos, lamento aforma como os Antigos Combatentes da Guerra de Ultramar fo-ram, e continuam a ser desconsiderados, mesmo maltratados, oque evidencia um triste retrato de Portugal.

Um retrato que se começa a fazer na escola. Escola de onde en-tretanto desapareceu o culto da Pátria, da bandeira, do hino.Escola onde, quase 4 décadas depois, ainda se escamoteia e atése deturpa uma parte importante da nossa história, mas a que ahistória um dia fará justiça.

Como também disse o nosso Presidente, “é importante transmi-tir às gerações mais novas, o testemunho de quem enfrentou aadversidade ombro a ombro com aqueles a quem confiava a vidae por quem a daria também; o testemunho de quem conhece arelevância de valores como a solidariedade, o profissionalismo, omérito e a honra, a família e o País”.

De um Antigo Combatente li que, “só assim se pode incutir nosmais novos o sentimento de que pertencem a uma nação, com assuas vitórias e as suas derrotas, os seus momentos de glória e osseus períodos de desânimo. Não se pode compreender um paísse não se conhecer o seu passado, com tudo o que teve de bome de menos bom”.

Homenageamos hoje, pois, a entrega e o espírito de missão dosnossos combatentes, com o coração e a alma cheios de orgulhono que fizeram. Em combate e fora dele. Na integração com aspopulações locais, sem precedentes noutras guerras e entre ou-tros povos, e que é amplamente reconhecida pelos próprios cida-dãos desses hoje países independentes.

Estamos, nestes tempos, a virar a página. As nossas ligações comÁfrica são hoje mais fortes que nunca. A promoção da lusofoniaafricana, que nos pode ajudar a libertarmo-nos de alguns dos

nossos problemas, é agora um dos nossos desígnios. A vossa lu-ta também ajudou a criar um ambiente propício para este diálo-go. Afinal, a história está, uma vez mais, a reescrever-se e a reen-contrar-se consigo própria.

Nestes dias, o País atravessa, novamente, uma situação difícil.Todos nós sofremos as suas consequências. Contudo, compara-dos com as vicissitudes desse tempo, os problemas que o Paísenfrenta hoje até parecerão menores. Se os conseguimos resol-ver então, certamente os resolveremos hoje.

Caros combatentes,

Permitam-me, finalmente, que aproveite a minha presença aquipara destacar o pessoal da saúde das nossas Forças Armadas,médicos, enfermeiros, técnicos e outros que deram apoio médi-co-sanitário nos teatros-de-operações ultramarinos. Como médi-co, não podia deixar de aqui prestar homenagem a todos aquelesque, na frente de combate ou na retaguarda, resgataram da mor-te as vossas vidas. Alguns pagaram também com a própria vidaessa sua dedicação à causa.

Mas não foi apenas na guerra que se destacaram. Eles ajudarama estabelecer uma rede de centros de saúde de que resultou umacobertura médico-sanitária efectiva onde antes não existia nada.As populações desses territórios foram os beneficiários directosdessa actuação e ainda hoje o recordam. Sou testemunha disso,como sou testemunha dessa actividade, porque por lá vivia então.Convivi com alguns, aprendi com alguns. É necessário não es-quecer que 40% do orçamento das Forças Armadas no ultramarera dedicado à acção social. Também desta forma se contribuiupara a construção do futuro.

Queridos combatentes,

Termino, como comecei, citando Camões:

Em vós esperam ver-se renovada

Sua memória e obras valerosas;

E lá vos tem lugar, no fim da idade,

No templo da suprema Eternidade.

Os Portugueses não vos esquecem. Os Portugueses não esque-cem o que vos devem.

Viva Portugal!

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Dia de Portugal, de Camões e das ComunidadesEncontro Nacional dos Combatentes do Ultramar

Este ano as comemorações ocorre-ram, quase simultaneamente, emLisboa, junto do Mosteiros dos

Jerónimos (em 2010 e 2011 as comemo-rações do “Dia de Portugal” tiveram lugar,respectivamente, em Faro e em CasteloBranco) e junto do Monumento aosCombatentes do Ultramar, em Belém.

A Associação de Fuzileiros fez-se repre-sentar pelo Presidente da Direcção, LhanoPreto (nas comemorações junto aosJerónimos) pelos Vice-Presidentes, Car-doso Moniz e Marques Pinto (nas come-morações junto ao Monumento) e pelosseus veteranos em ambas as cerimónias,que desfilaram com o Guião da AFZ, comgrande garbo, disciplina e dignidade.

São assim os Fuzileiros.

Mesmo os menos jovens – e quase todosa despontar-se-lhes os seus cabelosbrancos ou com as cabeças, sempre le-vantadas, repletas de cãs – sabem hon-rar o Dia de Portugal e o do Combatenteno seu Encontro Anual e homenagear os

camaradas de todas as Forças Armadas,que já nos deixaram, em marcante mani-festação de patriotismo.

Junto do Mosteiros dos Jerónimos, em ce-rimónia presidida pelo Sr. Presidente daRepública e integrados na Cerimónia

Militar desfilaram cerca de 100 veteranoscombatentes de diversas organizações,representando “uma geração de sacrifí-cios e dádivas à Pátria”.

Cabe aqui citar algumas palavras doPrimeiro Magistrado do País:

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«Neste dia, prestamos justa e sentida ho-menagem àqueles que tudo deram e quesacrificaram o melhor das suas vidas e dasua juventude por este Portugal que ama-mos, em particular aos que perderam a vi-da ou viram afetada a sua integridade físi-ca ao serviço das Forças Armadas e que oEstado não pode esquecer.

Aos ex-combatentes, a estes homens decaráter, que trilharam um caminho árduo,feito de provações e dificuldades, e às fa-mílias que, fora das fileiras, sofreram asausências e perdas dos seus entes queri-dos, quero expressar, em nome dos Portu-gueses, um sentimento de gratidão, mas,sobretudo, o respeito, o apoio e a solida-riedade que lhes são devidos.»

Junto ao Monumento aos Combatentes doUltramar a cerimónia – semelhante às quetêm ocorrido em anos transactos, e emque participaram milhares de Combaten-tes e famílias – foi presidida pelo General

Vizela Cardoso marcando também espe-cial presença, o Professor Doutor ManuelAntunes (que proferiu o discurso de ho-menagem, discurso que temos a honra de

publicar) o Comandante Alpoim Calvão,Presidente do Conselho de Veteranos daAFZ, representando os poucos agraciadoscom a Medalha da Torre Espada do ValorLealdade e Mérito, individual, D. DuarteNuno de Bragança, o nosso sócio honorá-rio, Almirante Vieira Matias, entre outrasaltas individualidades Civis e Militares.

Após os discursos, muito aplaudidos, asvárias organizações depositaram coroasde flores junto ao Monumento e desfila-ram os Veteranos das Associações, comos seus Guiões.

A Associação de Fuzileiros desfilou, tam-bém, com os seus Veteranos, de formaclassificada de “impecável e irrepreensível”

por vários Oficiais Generais da Marinha, doExército e da Força Aérea.

Comandou o desfile o Sarg. José Talhadase foi porta-guião o Sarg. José Coisinhas,membros, respectivamente, do Conselhode Veteranos e do Conselho Fiscal da AFZ.

Ouviu-se o toque de silêncio.

No final da cerimónia e após os tiros desalva de um navio da Marinha de Guerra ede um avião “dornier” da Força Aérea tersobrevoado o local, os convidados de hon-ra desfilaram frente às lápides onde estãogravados os nomes de todos quantos de-ram as suas vidas em combate.

A Associação de Fuzileiros presta-lhes,também aqui, a sua sentida homenagem.

Marques Pinto(com a colaboração de Lhano Preto)

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Ao ritmo da publicação do nosso “O Desembarque” aqui es-tamos, perante os nossos consócios e leitores em geral e,especialmente, os Fuzileiros a cumprir o programa a que

nos obrigámos, qual seja o de publicar um artigo de opinião emcada número da Revista, no âmbito da rubrica “O Direito deDizer”.

No número 10, de Novembro de 2010, desenhámos o objectivodestes textos, agora necessariamente adaptados e actualizadosjá que «foram dados à estampa, há poucos anos, no jornal regio-nal “on line” “Setúbal na Rede” onde se presume ainda perma-necem em arquivo» e esboçámos o que titulámos como «Em jei-to de introdução para umas notas soltas de deontologia»; no n.º11, dissertámos sobre a «Deontologia»; no n.º 12 falámos «dosdeveres deontológicos gerais aos específicos da profissão» daadvocacia; neste n.º 13 do nosso “O Desembarque” falaremos doque no título subjaz.

Assim sendo diremos que para aperitivo desta época de pré-fé-rias aqui ficam algumas ideias, e não só as nossas, sobre este te-ma que nos é particularmente caro, crendo-se que o será, tam-bém, para todos os cidadãos e para o suporte do Estado deDireito Democrático.

Os nossos Ilustres Colegas, Dr. Alberto Luís, nas suas lições poli-copiadas do C.E.C.D. do Porto da Ordem dos Advogados, intitula-das “A Profissão de Advogado e a Deontologia” – citando conjun-tamente dois autores, os britânicos Ernest Greenwood e DanielBell em, respectivamente, “Atributes of Profession” e “O Adventoda Sociedade Post-industrial” (Ed. Port. 1976) – e Dr. Guedes daCosta, formulam uma definição de profissão, de que muitas sãoexcluídas, mas que engloba a de Advogado e que pedimos véniapara citar, por a considerarmos particularmente feliz:

«... é uma actividade exercida com base em conhecimentosteóricos adquiridos através de um método científico e gera-dora da confiança proporcionada por quem tem autoridadepara a exercer, com acesso e exercícios regulamentados emfunção do seu interesse público ou utilidade social e com su-bordinação a um código deontológico, imposto por uma as-sociação que promove a cultura própria da actividade consi-derada».

Dissecando podemos concluir: que o conhecimento científico ge-ra “autoridade” e esta “confiança”; e que, regulamentados osseus acesso e exercício de funções, na perspectiva da utilidadesocial e do interesse público, pelo Estado, representado porGoverno legítimo, e formalizado o estatuto regulamentar, por viade lei devidamente publicitada – estamos na presença de“Profissão de Interesse Público”.

Este interesse público da profissão de Advogado, que obviamen-te ninguém põe em causa (e outra questão é a de saber se de-terminadas corporações e poderes gostariam de o fazer, porven-tura por tornar tudo mais simples…) está consistentemente con-solidado já pelo peso tradicional e histórico desta profissão “de

sempre”, já porque tal é reconhecido pela generalidade dosPaíses evoluídos do Mundo civilizado, já porque, na maioria doscasos, os Estados como que delegam funções às respectivasOrdens ou Instituições Profissionais, designadamente, ao nível dafiscalização da actividade nos seus aspectos deontológicos, dan-do cobertura ou “ratificando” estatutos disciplinares muito seme-lhantes aos que aplica aos próprios funcionários públicos.

Os pontos 1.1 e 2.3 do Código de Deontologia dos Advogados daUnião Europeia, cuja versão portuguesa foi aprovada peloConselho Geral da nossa Ordem e publicado como Regulamenton.º 25/2001, em D.R. n.º 271 – II Série de 22 de Novembro refor-çam a consagração do interesse público da profissão afirmandoque «Numa sociedade baseada no respeito pela justiça, oadvogado desempenha um papel proeminente. A sua missão(e sublinhamos MISSÃO) não se limita à precisa execução deum mandato, no âmbito da lei. Num Estado de Direito, o ad-vogado é indispensável à Justiça… A sua missão impõe-lhemúltiplos deveres e obrigações» e, designadamente, perante opúblico e as próprias pessoas, como «meio essencial de salva-guardar os direitos do homem face ao Estado e aos outrospoderes».

Refere ainda o Código Europeu dos Advogados que: «A obriga-ção do Advogado relativa ao segredo profissional serve tan-to os interesses da Administração como os do cliente.Consequentemente, esta obrigação deve beneficiar de umaprotecção do Estado».

É assim, também, que a Constituição da República Portuguesaconsagra as respectivas garantias constitucionais do Advogado noseu Art.º 208.º. E que tais garantias são desenvolvidas nos Arts.º6.º e 114.º da Lei da Organização dos Tribunais (LOFTJ) que expli-citam que o Advogado é «participante na administração daJustiça, competindo-lhe de forma exclusiva, o patrocínio daspartes, com discricionariedade técnica e vinculação exclusi-va a critérios de legalidade e às normas deontológicas daprofissão e com direito à protecção do segredo profissional».

O interesse público é, em nossa opinião, a razão de ser de mui-tas das particularidades do mandato judicial sendo esta especifi-cidade que explica a razão da obrigatoriedade de inscrição, dosprofissionais da advocacia, numa “associação publica constituídapor entidades privadas ou de uma instituição publica de caráctermisto” (Vidé, Diogo Freitas do Amaral – Curso Dirt.º Adm. 2.ª Ed. Vol. I -págs. 402 e segs.) que é a Ordem dos Advogados e explica, tam-bém, muitas obrigações “ex lege” que se impõem ao exercício daprofissão, nas quais se incluem, nomeadamente, os deveres dosadvogados para com a comunidade.

Para que não restem quaisquer dúvidas – se algumas ainda po-deriam estar instaladas em alguns espíritos mais justiceiros e se-guritários – referenciamos as normas do Código do Processo Civilsobre o patrocínio judiciário (Arts.º 32.º e seguintes) e do Código

Carla Marques Pinto(Advogada)

O Direito de DizerA Advocacia como Profissão de Interesse

Público

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do Processo Penal, sobre o defensor oficioso e o advogado do as-sistente (Arts.º 61.º - e), 62.º a 67.º e 68.º a 76.º).

«Perante este quadro geral de normas do exercício da profissãode Advogado, talvez se justifique dizer-se que a advocacia actualé o exercício de uma função de interesse público por uma enti-dade privada com independência perante qualquer entidade pú-blica ou privada» (Guedes da Costa – Direito Profissional doAdvogado – Almedina – Uot.º de 2003, págs. 44).

Pelas razões plasmadas no que acima se expôs consideramosque o Advogado tem por inerência uma responsabilidade ética esocial e, por isso, nos podemos orgulhar por pertencermos a umaclasse que historicamente vem deixando marcas e influênciasdeterminantes ao nível das grandes conquistas nas áreas das ga-rantias e dos direitos do homem – pese embora uma pequenaminoria que a deslustra mas que mais tarde ou mais cedo será ir-radiada como o comprovam vários exemplos bem conhecidos –mas, sobretudo, na área das suas liberdades.

Lá mais para a frente – quando a Direcção de “O Desembarque”quiser – aqui estaremos para falar do “Advogado como Partici-pante Activo e Imprescindível na Administração da Justiça”.

Aqui estaremos, dizemos nós, sem contar com eventuais“Desígnios”. De qualquer forma, acreditamos que os “Desígnios”nos permitirão que aqui estejamos todos. Com determinação ealegria… Um especial até lá, aos Fuzileiros e os votos de que semantenham uma elite de Portugal, não porque se quiseram autoelitizar mas porque já ganharam esse direito com o seu trabalho,espírito de sacrifício aprumos e com os valores éticos que sem-pre revelaram.

É por isso que:

“Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre”.

Carla Marques PintoSócia Descendente n.º 1870

email: [email protected]

António Ribeiro Ramos

Cadetes do MarAcredito!

Hápoucos anos atrás, encontrando-me embarcado no comando de um grande navio tanque, recebi ordens para me dirigir a Sture,na Noruega, com o objectivo de carregar ramas (crude oil) com destino ao Canadá. No dia da entrada no porto estava mau tem-po. Mas ainda assim havia condições suficientes para fazer a manobra, que correu bem, mas que me deixou uma recordação

de um pequeno (ou de um grande pormenor), que vos quero hoje relatar sumariamente antes de prosseguir. Saíram do porto dois re-bocadores em impecável estado de conservação, que se aproximaram do nosso navio e que, no momento de estabelecer cabo de re-boque sob o efeito de uma considerável ondulação e vaga, apresentaram no convés um único homem cada um deles, aqueles muito

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bem equipados e treinados, que manobra-ram com absoluta destreza toda a moder-na maquinaria dos rebocadores, e emtempo mínimo. Os cabos de reboque dapopa e da proa, ficaram assim “estabele-cidos num instante”, e nenhum dos ho-mens permaneceu no convés do reboca-dor, mais tempo do que o indispensável,correndo assim riscos desnecessários.Isto impressionou-me. Gostei! Senti queestava num país com vocação marítima.

Isto para dizer que a vocação marítima,nas suas várias vertentes de acção, exigenão apenas equipamento, mas tambémtreino, e gente á altura. O nosso passadofoi o que foi, com o mérito de muitosPortugueses que com indiscutível distin-ção, ou com maior ou menor anonimato,nos legaram a terra e o mar que temoshoje, onde a pobreza não obstante se instalou nos nossos dias. E não vale a pena pensar que os problemas dos Portugueses se re-solvem com a ajuda ilimitada do estrangeiro. Não! Os nossos problemas, só nós, os Portugueses, poderemos resolver. A não ser queestejamos dispostos a dar “de barato”, vantagens inalienáveis a outros, que, sem dúvida alguma as receberão de bom grado, masque nos acabarão por comprometer o futuro em troca, pela simples razão de que não é sua obrigação defender Portugal.

Não falo da Juventude como uma Esperança apenas, deixada à sorte. Simplesmente porque a Esperança, somos todos nós.A Juventude é acima de tudo a continuidade, mas precisa de nós (e dos nossos Maiores), para poder adoptar referências, e rasgarhorizontes não só de prosperidade, mas também de camaradagem, de valor e de humanismo. Isto, vislumbra-se nos Fuzileiros comnitidez. Os Fuzileiros não fazem homens perfeitos. Mas obrigam os homens a crescer. A camaradagem é cultivada. O valor é indis-pensável. O humanismo nota-se facilmente nas missões internacionais.

Este ano, tivemos um grupo de seis jovens Cadetes do Mar de Portugal, a receber instrução na Escola de Fuzileiros. Eles foram a pri-meira unidade de Cadetes do Mar Fuzileiros, que esperamos que seja maior no futuro. O objectivo desta instrução, como tambémacontece nas restantes unidades dos Cadetes do Mar, foi a transmissão de experiência no domínio da cultura de defesa e das cau-sas do mar. Mas esta unidade beneficiou de um contacto privilegiado com uma escola de militares de elite, que, não tenho dúvidasalgumas, irá permanecer na memória dos intervenientes para toda a vida. Fizeram testes. Confirmaram capacidades. Adquiriram co-nhecimentos. Tiveram contactos privilegiados. Acredito que no futuro em vez de dúvidas, terão certezas! Alguns serão talvezFuzileiros, porque vontade não lhes falta. Ou então, serão capazes de “estabelecer os cabos de reboque que eu vi passar em Sture,na Noruega”. Ou serão gente de outras profissões, mas que simplesmente compreende claramente as causas do Mar em Portugal.Acredito que valeu a pena. Confesso que algumas vezes tive a sensação de estar a ver ali, mesmo à nossa frente verdadeirosFuzileiros, que se apresentavam firmes e indiferentes ao sacrifício, mesmo quando o queixo tiritava com frio e as palavras escapavamtremidas, após uma pista de lodo, que embora facilitada por razões de segurança, foi feita em pleno Inverno. Cada prova foi feita como espírito de que “ninguém fica para trás”, e foi motivo para desejar o teste seguinte, e não para desistir. E nas aulas teóricas, o inte-resse manteve-se, mesmo quando o cansaço físico já fazia das suas...

Nas organizações congéneres internacio-nais, tal como entre nós, as unidades deCadetes pretendem genérica e essencial-mente preparar os seus aderentes fisica-mente e psicologicamente para a valoriza-ção do seu País e para o serviço à comuni-dade, ao mesmo tempo lhes é cultivada aopção por um estilo de vida com aptidõesreais, obviamente fora das dependências eda marginalidade. Acredito que a nossaAssociação dará por bem empregue todo oapoio que tem prestado a esta causa, e quea seu tempo sairá honrada por isso, sobre-tudo pelo que ela representa para os nos-sos futuros Fuzileiros, para a nossaMarinha, e para Portugal.

António Ribeiro RamosSócio Aderente n.º 1053

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Na nossa revista “O Desembarque” n.º 12, de Outubro de 2011 (páginas 16, 17, 18, 19 e 20), a última revista que a Associaçãode Fuzileiros publicou, tentei explicar as razões porque decidi dar à estampa as minhas “Crónicas de Outros Tempos” partilhandoo que constituiu, creio, uma experiência única qual seja a de ter a dita ou a desdita – acredito que tenha sido um privilégio já

que “nada se perde, tudo se soma” às rodas das nossas vidas – de ter coordenado uma Ponte Aérea que terá constituído das maio-res, senão a maior do Mundo, das operações de evacuação de civis, exclusivamente por via aérea, num percurso de cerca de 7.000quilómetros, em cenário de pré-catástrofe e sem outros meios que não fossem aviões nacionais e de outos cedidos por países ami-gos e em regime de “ponte aérea”, isto é, de actividade não comercial.

Por isso, aconselho vivamente os nossos consócios e leitores a passarem os olhos pela nossa Revista anterior, para assim poderemacompanhar as pequenas estórias que ora se desenharão e que têm por objectivo contar episódios reais, porém com omissão de no-mes e de identificação de pessoas, que não seja eu próprio, já que para que tal fosse eticamente correcto, necessário seria solicitar, àmaior parte delas, a respectiva autorização por se não tratarem de figuras públicas. Estes episódios que se publicarão, nos sucessivosnúmeros de “O Desembarque” terão carizes dramáticos uns, e outros mesmo trágico-cómicos.

Assim, aqui fica:

A Última Coluna de Desalojados

Em meados de Agosto de 1975 chegou a Nova Lisboa, hoje Huambo, a última coluna de viaturas, cerca de 500, de quinhentas repito,fugidas à guerra entre os movimentos ditos de libertação de Angola (FNLA, MPLA e UNITA) e à autêntica balcanização do Centro/Nortede Angola (zonas de Malange, Lundas, Quanza Sul…) e em demanda do que era conhecido pela “cidade da Paz” ou “cidade daSalvação” ponto de Angola “onde havia aviões para se fugir”!

Esta coluna de viaturas civis, de todos os tipos, marcas e tamanhos, carregando os últimos haveres de cerca de mil e quinhentos re-fugiados, brancos negros e mestiços (das mais diversas colorações) foi engrossando à medida que se deslocava para Nova Lisboa,juntando carros e gente de Salazar (N´Dalatando), Malange, Novo Redondo (Sumbe), Porto Amboim, Gabela, Quibala, Cela, enfim, detantas outras localidades onde o sofrimento e a angústia de quem decidiu deixar património e a saudade para trás em nome de níveismínimos de segurança e, no limite, por amor à própria vida, era a regra.

Esta gente anónima preferiu arriscar, rompendo os controlos, absolutamente descontrolados de vários grupos de guerrilheiros quese digladiavam pelo poder e com base muito menos nos valores democráticos e humanistas, quiçá, patrióticos, com que enchiama boca, todos, do que em problemas de carácter tribal, de influências políticas de várias ideologias internacionalistas e mesmo depaíses que, mais do que a bondade da independência dos povos, e dos ventos da história da descolonização projectavam, nos tais“movimentos de libertação, o grave cenário da Guerra Fria.

Na precipitação da fuga, os desalojados foram, por vezes, batidos a tiro por grupelhos de indivíduos de “Kalashnikov” na mão e, nospercursos mais problemáticos, foi necessária a protecção de uma esquadrilha de aviões FIAT da Força Aérea Portuguesa.

(Permita-se-me, entre parêntesis e como mero desabafo perguntar, porque razão as Forças Armadas Portuguesas e, designadamente,o Exército, não cuidou de se antecipar a acontecimentos que toda a gente previa, face aos combates que MPLA e a UNITA/FNLA tra-vavam a Sul de Luanda! A História, porventura com base nestas e em muitas outras estórias julgará e, se o não fizer… faz mal).

Chegaram à cidade vários feridos, logo socorridos pelas equipas médicas da Cruz Vermelha local, instituição que, nesta tragédia daPonte Aérea de Nova Lisboa/Lisboa teve uma acção notável, em colaboração com o Hospital Distrital, último reduto de serviço públicoainda a funcionar (embora, a meio gás) não podendo omitir os Voluntários, Mulheres e Homens de particular estatura humanitária.

O problema da Comissão Executiva de Repatriamento que o signatário coordenava (Vidé “O Desembarque” n.º 12) pode resumir-se“simplesmente” a uma pergunta:

Onde alojar mais cerca de 1.500 refugiados?

E a resposta foi: nos únicos tectos ainda vagos, os pavilhões da chamada Feira Internacional de Nova Lisboa – onde se expunham equi-pamentos industriais, agrícolas e de outra natureza e muito gado, sobretudo bovino e suíno.

Obviamente instalações desconfortáveis, sem instalações sanitárias suficientes para a densidade de ocupação, instalações em que seincluíam os estábulos (abertos, só com duas meias águas a servir de telhado) mas que – do mal, o menos – sempre davam para co-locar um colchão por baixo e um cobertor por cima e, na falta de colchões (que já se comerciavam) cobertor por baixo e cobertor porcima. No Planalto Central de Angola faz frio na estação do Cacimbo, de Maio a Outubro.

Crónicas de Outros TemposPonte Aérea

Nova Lisboa (Huambo) – LisboaMarques Pinto

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Sobretudo muitas crianças e mulheres, emocionalmente destruí-das, chegaram mortas de cansaço e de medo, após a epopeiaque tinham vivido.

Como é óbvio, foram os últimos desalojados/refugiados – a queo então Ministério da Coordenação Interterritorial de Portugal de-cidiu chamar, em Decreto-Lei que fez publicar, retornados, qualestilete a marcar os “colonialistas” – a inscrever-se nos serviçosda Ponte Aérea. Os seus embarques ficariam, pois, para o fim:eram os “últimos” quase já sem esperança de conseguirem umlugar num avião, dado o ritmo de voos, perfeitamente ao arrepiodo que havia sido prometido pelos poderes, provavelmente sempoderes, porque estes também já estariam balcanizados!

As condições de higiene e alimentação neste último Centro deDesalojados eram péssimas. Já estavam ocupados liceus, ins-tituto industrial e comercial, toda a espécie de escolas, e deedifícios públicos, armazéns, garagens disponíveis, hangares daestação dos caminhos-de-ferro e as casas que albergavam conhecidos e amigos!

Uma cidade com cerca de 70 mil habitantes rapidamente, em menos de três meses, quase duplicava a sua população!

A tragédia instalava-se à medida que as pessoas acorriam à “Cidade da Paz” e em que os aviões, prometidos pelos poderes públicosde Lisboa e de Luanda, não chegavam a Nova Lisboa ao ritmo dramaticamente imprescindível.

A Comissão de Repatriamento afectou à Feira (o último Centro de Alojamento) um Coordenador-Adjunto, o R. da C., jornalista, tambémvoluntário na Ponte Aérea, já que não havia mais jornais para escrever.

A Cruz Vermelha destacou, também, três médicos (voluntários), uma enfermeira (a única disponível) e três socorristas.

Passada cerca de uma semana, os médicos da Cruz Vermelha informam-me da sua apreensão, quase suspeita, de que poderia estariminente um surto de cólera. O espectro da cólera colocou em pânico os responsáveis Militares, da Comissão de Repatriamento e daCruz Vermelha (os poderes político e administrativo de Portugal já tinham caído na rua) que não a grande massa dos Desalojados, es-palhados por toda a cidade e sem informação, em razão dos cuidados que todos tivemos para não alarmar. Hoje, porventura, com osmeios de comunicação e as tecnologias existentes, não seria possível.

O Coordenador da Comissão, este cidadão que aqui escreve, tomado também de medo e, quiçá, de pânico que, felizmente, conseguiucontrolar - «aprendi que a coragem não é ausência de medo mas o triunfo sobre ele e que «o homem corajoso não é aquele que nãosente medo mas o que conquista o medo» – (O Longo Caminho para a Liberdade – Nelson Madela – Campo das Letras 1.ª Edição – 1995 – págs. 689) –resolveu redigir um telegrama para ser enviado pelas comunicações militares (as civis já não funcionavam) que, face à pressão e àfalta de tempo disponível, aproveitou para rascunhá-lo à mão quando, acompanhado do seu bloco de notas, teve necessidade de visi-tar um WC e de se sentar na sanita.

Este telegrama, de que possuo cópia, foi subscrito pelas seguintes entidades: Encarregado do Governo do Distrito do Huambo (que jánão tinha estruturas para governar, pelo que já não governava coisa nenhuma, embora convencido de que ainda tinha autoridade),Comandante Militar (personalidade extraordinária, que ainda possuía uma Companhia de Caçadores, açorianos, minimamente opera-cional, mas que já estava rodeado de dois MFA’s, Capitão e Major, de barba e cabelos compridos, que lhe seguiam a sombra),Presidente da Cruz Vermelha (uma Mulher de armas, espantosamente altruísta e corajosa que o Estado Português devia ter contem-plado), o Coordenador da Comissão de Repatriamento (eu próprio, este humilde escriba) e por mais três Coordenadores-Adjuntos daComissão.

Cidade de Nova Lisboa - Praça Norton de Matos (vista aérea)

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O telegrama – datado de 22 de Agosto de 1975 – foidifundido pelas seguintes entidades:

1. Presidente da República Portuguesa;

2. Primeiro-Ministro do Governo Português; Ministrodos Negócios Estrangeiros de Portugal;

3. Conselho Superior da Revolução;

4. Comissão Coordenadora do Movimento das ForçasArmadas;

5. Alto-Comissário da República Portuguesa, emAngola;

6. Secretário-Geral das Nações Unidas (ONU);

7. Embaixada do Brasil, em Portugal;

8. Embaixada de França, em Portugal;

9. Embaixada de Inglaterra, em Portugal;

10. Embaixada da Áustria, em Portugal;

11. Embaixada do Canadá, em Portugal;

12. Embaixada dos EUA, em Portugal;

13. Embaixada da República da África do Sul, emPortugal;

14. Embaixada da República da Alemanha Ocidental;

15. Cruz Vermelha Internacional (Suíça).

Fecho esta crónica “de outros tempos” – e de episódiosde uma ponte aérea que ainda ninguém escreveu trans-crevendo “ipsis verbis”, e em linguagem telegráfica, para não lhe retirar e realismo, o referido telegrama:

O Telegrama

«Devido situação política Angola, balcanização quase generalizada, estão concentrados cidade Nova Lisboa cerca setenta mil refugia-dos aumentando bruscamente para dobro população cidade.

Já não se vislumbram tectos capazes alojar mais gente desgraçada todos os dias se encaminha para aqui, tendo sido mobilizados es-colas, liceus, serviços públicos, casas particulares, etc..

Prevê-se refugiados possam aumentar até cerca cento e cinquenta mil.

População branca desalojada em número cerca quarenta mil almas e negra em número cerca trinta mil está a viver mais aviltantescondições saúde, promiscuidade. Cruz Vermelha Angola e Comissão Desalojados esgotaram seus recursos alojar, tratar esta desgra-çada população.

Desalojados Nova Lisboa, Angola, vivem miserável desumanamente faltando tudo especialmente, pão, carne, peixe, arroz, massa, fa-rinha, feijão, manteiga, óleos vegetais, banha, leite, colchões, mantas roupa, medicamentos, sangue, anti-palúdicos, enfermeiros, mé-dicos, combustíveis, meios suficientes de evacuação pessoas e bens. Prevê-se próxima grande catástrofe afectando generalizada-mente saúde pública com recrudescimento já neste momento índices elevadíssimos doenças infecto-contagiosas e transmissíveis, no-meadamente febre tifóide, tuberculose e sarampo entre outras epidemias, trazendo em consequência o crime, roubos, saques, homi-cídios, suicídios.

Cremos estar iminente das maiores hecatombes história contemporânea se não forem tomadas providências. População branca CentroSul Angola desalojada, saqueada seus haveres, empobrecida, sem recursos, doente, vivendo miseravelmente à beira grande catástro-fe solicita Vexa tome providências, sentido solidariedade nacional internacional, envio imediato alimentação, assistência médica, me-dicamentosa, fim providenciar urgentíssima ponte aérea evacuação pessoas para Portugal, fretamento navios porto cidade Moçâmedesfim transportar com apoio militar o que resta de um povo na miséria.

Situação gravíssima, assustadora, apelamos em S.O.S.

Respeitosos cumprimentos.

Nova Lisboa aos 22 de Agosto de 1975

A Comissão de Apoio aos Desalojados».

Marques Pinto

Sócio Originário n.º 221

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Venturas e Desventuras dum “Marafado”em Terras do Ultramar

Decorria o mês de Março de 1972.Já lá vão 40 anos!!! Estava em co-missão no leste de Angola, DFE 10,

no Chilombo. Como prémio do meu de-sempenho, foi-me facultada uma “Licen-ça de Recuperação” a passar na cidadedo Luso, na casa de que a Marinha dispu-nha para apoiar as unidades no Leste, noChilombo e Lungué-Bungo. Aproveitei aoportunidade para me habilitar a fazerexame para obter a Carta de Condução deLigeiros e Motos.

Sendo esse o meu principal objectivo, malcheguei ao Luso fui “negociar” com o pro-prietário da Escola de Condução. Selado onegócio, foi-me fornecida uma lista ondeconstava o montante que tinha que “lar-gar”, os documentos necessários e tudo oresto.

Ao outro dia comecei a ter aulas teóricase práticas. Tudo a correr pelo melhor.

Quando o instrutor achou que eu estavapreparado, informou o patrão de que euestava apto a fazer exame. Até aqui tudonormal. Só que quando os documentosde identificação foram ao Governo Civil,foi recusada a autorização para fazerexame porque eu era menor! De facto sótinha 18 anos (!) e o Governo Civil exigiaum documento de emancipação passadopelo meu Pai!

Esta decisão abalou-me de tal maneiraque fiquei completamente “marafado”,

marado ou passado (!) sem saber o quefazer, as voltas que dar. Já tinha largadoo “cacau” e lá ia o meu objectivo para ocaixote do lixo. Os tipos da Escola deCondução tinham obrigação de me teralertado. Por outro lado o Governo Civil ti-nha obrigação de saber que ninguémcom menos de 21 anos podia ser incor-porado nas Forças Armadas se não fosseantecipadamente emancipado!

Completamente desmoralizado, derrotado,sem saber o que fazer, que voltas devia dar,regressei à casa da Marinha e dei de carascom o meu Comandante, 1.º Ten CardosoMoniz, que fora chamado ao Luso peloGeneral Comandante da Região Militar.

Face às minhas lamentações, riu-se eperguntou-me se eu tinha “Licença paraUso e Porte de Arma”. Achei a perguntadescabida e respondi que não. Ele retor-quiu que também não tinha e estava afazer a 4.ª comissão…

Então ordenou-me: “Vai à secretaria bus-car uma folha de papel azul pautada”. Láfui buscar a folha, entreguei-lha. Meteu-ana máquina de escrever e começou a“martelar” nas teclas durante um bocado.Dez minutos, um quarto de hora! Paramim, uma eternidade.

Acabada a escrita, tirou a folha, assinou--a, carimbou-a e deu-ma, com um reca-do: “Vai entregar no Governo Civil”. Saí acorrer, sem ler. Nunca soube o que escre-veu! Só sei que cheguei com o “papelão”ao Governo Civil e entreguei-o à senhoraque estava ao balcão. Ela passou os olhose, sem dizer nada, foi levá-la ao interior.Fiquei ali à espera, feito parvo. Passadosminutos a senhora regressa e diz-me:“Pode fazer o exame”. Saiu-me a lotarianaquele momento. Dei saltos de contente.

Não é para me gabar, mas passei no exa-me com louvor e distinção. A partir dessedia considero-me o melhor condutor queeu conheço! Excepto quando dou contaque estou com um “grãozito”. Acontece atodos, mesmo aos melhores!

José Armando P. Ribeiro

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Introdução

Ao evocar a personalidade do Presidentede Timor-Leste e o seu contributo na tran-sição bem-sucedida nas FALINTIL-FDTLnão se pretende apenas regressar a umpassado. Contudo, por vezes ao olhar pa-ra trás mais, para a frente se conseguiráver. Timor-Leste tem um passado de quese orgulha e por isso, revisitá-lo atravésdo legado do trabalho, coragem e dedica-ção ao país, ajudará o povo irmão timo-rense a enfrentar o presente, que está aviver com intensidade, e permitirá melhorperspectivar a construção do futuro.

Ao fim de algumas décadas de vida públi-ca, julga-se que deve ser dado testemu-nho daqueles que connosco se cruzarame, sobretudo, daqueles que mais nos mar-caram, como foi o caso do General TaurMatan Ruak. E também se deve mostraraté que ponto a acção concertada dosEstados e da comunidade internacionalpode ser um estímulo decisivo para a rea-lização de transformações pacíficas nosentido da liberdade e da democracia,que Timor-Leste constitui um exemplo desucesso.

Foi um privilégio e uma excepcional ex-periência profissional trabalhar com as

autoridades timorenses e, em particular,com o General Ruak, no âmbito das fun-ções desempenhadas, entre 2004 e 2011,com orgulho e satisfação ao serviço dosGovernos de Timor-Leste. Existe o senti-mento do dever cumprido, esperando queo humilde contributo tenha sido útil.

Neste artigo procura-se através do teste-munho das recentes eleições presi-denciais, que constituem um importantemarco na história de Timor-Leste (come-moração do 10.º aniversario da restaura-ção da independência) e do contacto es-treito que foi possível estabelecer no âm-bito de assessoria militar, procurar defi-nir o perfil do novo Presidente, cuja ac-ção desenvolvida como Comandante dasFALINTIL-FDTL foi determinante para aconstrução do regime democrático, de-senvolvimento do país e defesa da sobe-rania nacional.

As eleições presidenciais

O Major-General Taur Matan Ruak demi-tiu-se de comandante das Forças deDefesa de Timor-Leste (FALINTIL-FDTL)em 31 de Agosto de 2011 e candidatou--se às eleições presidenciais de 2012, quevenceu entre 12 candidatos.

As eleições presidenciais foram conside-radas pelo Secretariado Técnico deAdministração Eleitoral (STAE) e pela co-munidade internacional como tendo de-corrido com grande civismo, numa cam-panha reveladora da maturidade demo-crática que importa realçar. O país aguar-da agora a condução bem-sucedida daseleições legislativas agendadas para 7 deJulho. A ONU diz que as forças de paz, nopaís desde 1999, se irão retirar conformeo planeado no final do ano se as eleiçõesgerais decorreram também de forma pa-cífica.

Taur Matan Ruak é o 5.º Presidente deTimor-Leste (3.º desde a restauração daindependência em 20 de Maio de 2002)eleito por um mandato de cinco anos(2012 a 2017), tendo tomado posse em20 de Maio de 2012 nas cerimónias come-morativas da independência, que decorre-ram em Díli (Taci Tolu), onde estiveram

presentes diversas entidades da comuni-dade internacional, incluindo Sua Ex.ª oPresidente da República (Professor Dr.Cavaco Silva) que realizou uma importan-te e oportuna visita de Estado a Timor--Leste (19 a 22 de Maio de 2012).

Após a eleição, o novo Presidente deTimor-Leste fez questão de reafirmar quea principal referência para o seu mandatoseria o lema anunciado na campanha:“JUNTOS POR UM TIMOR-LESTE RICO,FORTE E SEGURO”. Acrescentado que es-se objectivo só poderá ser atingido se os“cidadãos participarem e se empenharemem levar o nosso país para a frente, secooperarem e forem activos no desenvol-vimento do nosso país. Uma democracianão avança e se solidifica sem uma cida-dania responsável. Quero ser o Presidentede TODOS os timorenses e quero que TO-DOS os timorenses se envolvam e com-prometam com o futuro do nosso país pa-ra garantirmos uma vida melhor a todosos cidadãos”. O General Taur Matan Ruakassumiu que os Princípios e Valores dasua candidatura são os mesmos do povotimorense: Honestidade, Integridade,Participação, Cidadania e Responsa-bilidade.

No seu discurso de tomada de posse fezquestão de salientar: "Só com trabalho ededicação ao futuro do nosso país é quealcançaremos o tão desejado desenvolvi-mento social, económico, físico, político,

Transição bem sucedida nas FALINTIL-FDTLMajor-General Taur Matan Ruak,

novo Presidente da República de Timor-LestePerfil de um herói da resistência timorense

“…a vivência democrática, o res-peito integral pelos direitos e deve-res dos cidadãos, o reforço do es-pírito de tolerância e a consolida-ção do nosso Estado de Direito,propiciam a coesão social e a uni-dade nacional…

…é essencial envolver os cida-dãos neste processo de transfor-mação do nosso país no sentido doarranque definitivo para o progres-so.”

Taur Matan Ruak, no discurso da tomada de posse (20/05/12)

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científico e cultural que o nosso povo me-rece e tem o direito de viver". O novoPresidente timorense disse também queas suas principais preocupações são a se-gurança e o bem-estar. "Este binómio éindissolúvel. A soberania e a independên-cia nacionais fundamentam-se num siste-ma económico coerente e sustentável,que, por sua vez, lança as bases do bem--estar", afirmou.

Ao agradecer o apoio e a generosidade dacomunidade internacional, o General TaurMatan Ruak insistiu que os desafios do futu-ro implicam trabalho… "Alturas houve emque nos foi exigido o sangue e a luta, hoje,é-nos exigido o suor e o trabalho". Defendeutambém o respeito integral dos direitos edeveres dos cidadãos, o reforço do espíri-to de tolerância e a consolidação do Estadode Direito para haver unidade nacional.

O perfil da personalidade deTaur Matan Ruak

O novo Presidente de Timor-Leste foi o úl-timo comandante das Forças Armadas pa-ra a Libertação e Independência de Timor-Leste (FALINTIL), com a restauração da in-dependência, a 20 de Maio de 2002, foipromovido a Brigadeiro-General e nomea-do Comandante das FALINTIL-FDTL. Pelaprimeira vez na história das NaçõesUnidas, esta organização reconfirmou apatente de General a um combatente dalibertação.

O General Taur Matan Ruak apresentou ademissão do cargo de Comandante das F-FDTL (CEMGFA) em Setembro de 2011,para de se candidatar às presidenciais de2012. Tal como Xanana Gusmão, primeiroChefe de Estado de Timor-Leste, despiu afarda para se entregar ao exercício da po-lítica, mas referiu.

Taur Matan Ruak vem de famílias pobresmas tem dignidade e auto-confiança. Éconsiderado um herói, que abdicou dosseus anos de juventude pelas suas con-vicções e viveu no mato, em grutas, “es-teve de pé no topo da montanha, carre-gando a bandeira da liberdade” tendo en-frentado, constantemente, muitos riscos,com a coragem que lhe é reconhecida.

O novo Presidente de Timor-Leste tem de-monstrado uma rara inteligência e umaapurada visão estratégica, evidenciandosempre um espírito de lealdade invulgar,sentido de justiça e uma capacidade de li-derança que lhe mereceu o respeito de to-da a hierarquia da luta armada e das de-mais frentes de luta, bem como da comu-nidade internacional.

É um grande pilar da jovem democraciatimorense, conhecendo o seu país e oseu povo como ninguém. É uma pessoa

fascinante, sábio e muito inteligente,sendo um autodidacta que conseguiuatingir um nível cultural que muitos, comnível académico superior, não têm e, aomesmo tempo, com uma simplicidade ehumildade que dificilmente se encontramnos nossos dias.

Identificam-se alguns dos aspectos maisreveladores:

· apelou sempre à união do povo timo-rense para que todos juntos lutassempor aquilo que marca, muda, transfor-ma e acrescenta ao desenvolvimentoe segurança do país;

· demonstrou sempre optimismo, mes-mo nos momentos mais difíceis, que ofaz acreditar nas pessoas;

· sempre pretendeu conhecer bem aspessoas e é muito exigente com afidelidade;

· soube escolher e acreditar, decidir econcretizar, arriscar e lutar pela soli-dariedade sempre com um grandesentimento de ternura e amor pelopovo timorense;

· teve sempre capacidade de reduzir asdistâncias dos pontos de vista e ultra-passar as diferenças com lucidez,bom-senso e responsabilidade.

A seguinte frase do General Taur MatanRuak proferida em Junho de 2006 ilustrabem aquilo que foi mencionado: “…nãovale a pena afrontar nem confrontar.Temos que contornar para não nos des-viarmos dos nossos objectivos. Temos queser inteligentes e fazer a estratégia deaproximação sem deixar de influenciar asnossas decisões”.

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MG Ruak e CFR (Res) Neto Simões

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Em todos os momentos difíceis com quese viu confrontado, desde os tempos daguerrilha passando pela resolução da cri-se político-militar de 2006, até à constru-ção do regime democrático, o GeneralTaur Matan Ruak demonstrou sempreuma invulgar estatura moral e forte perso-nalidade, com um evidente sentido deEstado colocando os interesses nacionaisacima dos interesses individuais, sendoum defensor intransigente da indepen-dência e soberania nacionais.

Nos confrontos armados que ocorreramdurante a crise de 2006, em que as forçasrebeldes atacaram as posições das FALIN-TIL-FDTL, incluindo o seu Quartel-general(QG) em Taci-Tolu, foi possível registar aforma serena e firme como o General TaurMatan Ruak conduziu as operações, cominequívoca coragem moral e física, abne-gação e espírito de sacrifício, revelandogrande capacidade de decisão e coorde-nação, tal a forma como conhecia os seushomens, mesmo com grandes limitaçõesna capacidade de comando e controlo.

A título de exemplo, lembra-se a forma ex-pedita como mandou avançar as unidadesnavais da Componente Naval, cuja actua-ção eficaz foi decisiva para libertar o cer-co que estava a ser alvo o QG com fogo di-recto de armas automáticas.

Aquela sua postura tem permitido garantira integridade nacional do país, face a ou-tros interesses, sendo um dos principaislíderes que tem conseguido manter a uni-dade e coesão nacionais e a vivência de-mocrática. Será, provavelmente, o únicolíder timorense, que pela sua credibilida-de, junto da sociedade timorense e váriosquadrantes políticos, poderá concretizar atransição geracional, essencial, à consoli-dação da democracia e do desenvolvi-mento de Timor-Leste.

As suas invulgares qualidades profissio-nais humanas têm estado ao serviço daconstrução da paz, como se constata pelagrande reforma conseguida na área dadefesa, ao transformar uma força de guer-rilha numa força militar convencional, decariz nacional, ao serviço da sociedade, esubordinada ao poder político constitucio-nal, que já atingiu níveis de credibilidadeque lhe permitem participar em forçasmultinacionais no âmbito das operaçõesde apoio à paz e humanitárias sob a égideda ONU.

O General Taur Matan Ruak foi condecora-do com a Ordem da Guerrilha, com aMedalha de Mérito, e pelos serviços pres-tados na Operação Halibur (operação con-junta entre as FALINTIL-FDTL e PoliciaNacional-PNTL, realizada em 2007, queculminou com a rendição dos revoltososda crise de 2006 sem ter sido efectuadoum único tiro), foi agraciado em 2009 como Colar da Ordem de Timor-Leste, a maiselevada condecoração conferida a cida-dãos timorenses.

Em 20 de Agosto de 2011, na cerimóniada sua desmobilização dos ex-combaten-tes recebeu a medalha comemorativa doCombatente da Libertação Nacional.

Assim, acredita-se que o novo Presidentede Timor-Leste conseguirá na política e nacondução dos destinos do país alcançaros objectivos estabelecidos pela sua visãopara o mandato e a transição geracional,como conseguiu dar um rumo certo comsabedoria na transição bem sucedidaque conduziu nas F-FDTL.

No seu discurso de 1 de Fevereiro de 2001por ocasião da transição das FALINTIL pa-ra Força de Defesa de Timor-Leste profe-riu palavras muito sentidas: “… a nossamuito sentida homenagem de respeito aoPovo de Timor-Leste pela determinaçãoque inspirou os nossos guerrilheiros…pelo heroísmo da resistência que nos ins-pirou, por nos terem ensinado a ser hu-mildes e a cumprir o dever de defender anossa Pátria. JUNTOS LIBERTÁMOS A PÁ-TRIA, JUNTOS DEFENDEREMOS A PÁ-TRIA!”

Em síntese

O General Taur Matan Ruak comoComandante das FALINTI e F-FDTL pen-sou, combateu, definiu estratégias, escre-veu, discutiu, organizou e mobilizou o po-vo timorense em torno da defesa intransi-gente dos interesses nacionais.

O novo Presidente de Timor-Leste é acimade tudo um homem de convicções na de-fesa dos princípios e valores, utilizandosempre a sua inteligência na defesa dasgrandes causas, bem domo dos interessese da soberania nacionais.

Tem uma excelente capacidade de com-preensão, o que lhe permite gerar consen-sos, revelando sempre uma humildade esimplicidade no seu relacionamento.

Tem contribuído também de forma indelé-vel para a superação do que tem separa-do os timorenses em termos ideológicos,doutrinários, de projectos de ambições eestratégias, contribuído assim para a con-solidação do processo de reconciliação ecoesão nacional.

É este o perfil geral do General Taur MatanRuak que irá conduzir os destinos deTimor-Leste como Presidente e Coman-dante Supremo das F-FDTL, numa faseem que se verifica um constante aprofun-damento da democracia e progressos al-cançados por Timor-Leste.

Neto Simões

CFR (Res)

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Poemaao Fuzileiro

Bravos de Vale de Zebro(Cântico aos Fuzileiros)

Fuzileiro arrojadoTreinado para combaterMas também para ajudarAqueles que estão a sofrer

Nas missões de guerraMas também nas de pazEstás sempre prontoSem olhar para trás

És alegre e destemidoTens muita preparaçãoEstás muito habilitadoA cumprir a tua missão

Foste sempre forte e valenteDesde tempos que já lá vãoQuando te dão uma ordemAcatas com gratidão

Lembramos a guerra em ÁfricaOnde foste sempre temidoCombateste o inimigoE levaste-o de vencido

Quer estejas onde estiveresComo tu não há igualElevas sempre bem altoO nome de Portugal

Escolheste ser fuzileiroE assim continuarás a serSeja qual for a condiçãoAssim vais permanecer

Fuzileiro da MarinhaQuer em terra ou no marTeu apanágio é vencerE o teu nome honrar.

António FigueiredoSócio n.º 2013

António Figueiredo

Nascestes fortes e bravos,

Na outra banda do Tejo,

Para servir a Nação.

Com orgulho e prontidão,

Lutais com firme desejo!

Sois heróis com ousadia...

Não virais a cara à luta…

Por vossa Pátria sadia,

Sempre que haja disputa,

Vós dais o sangue e a vida!

Quer em terra, quer no mar,

Em missões de Paz ou Guerra,

Sempre ao lado da razão!

Buscando vida mais sã,

Com carinho e humildade,

Lutais por melhor amanhã,

Em prol da humanidade!

Tendes orgulho na boina,Em tom pintada de negro.Homens de espírito moldado,Nos lodos do Tejo e do Coina…E na quente forja doirada,Da mítica Escola afamada:“Os Bravos de Vale de Zebro!”

(Refrão)Sou um bravo Fuzileiro,Tenho o sabre por Brasão!Respondo sempre em primeiro,Aos apelos da Nação!

Sou um bravo Fuzileiro,Tenho a Âncora por raiz...Germinei neste canteiro:“O Solo do meu País!”

Alfredo Martins Guedes(Ex-Fuzileiro) - 29/04/2000

A VOSSA ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROSVIVE DAS VOSSAS QUOTAS

Prezados Camaradas:

Pela estima que temos por todos os Sócios, Fuzileiros ou não, aqui estamos de novo, a di-zer-vos quanto é importante, a Vossa participação.

Todos somos herdeiros de um património de que nos orgulhamos. Mas, para que tenha-mos condições de levar em frente a tarefa a que nos propusemos é determinante poder-mos contar com a quotização de todos nós, desta grande Família que, à volta da suaAssociação se vai juntando.

Temos a consciência de que o atraso no pagamento de quotas podem ter várias leituras,quiçá “razões” diversas, algumas das quais evidentemente ponderosas. Porém, para to-das elas haverá uma solução desde que, em conjunto, nos dispusemos a resolver o pro-blema.

Esperamos pela vontade e disponibilidade desta família de Fuzileiros no sentido de ultra-passarmos esta dificuldade já que as portas da Associação e dos membros da suaDirecção estão permanentemente franqueadas.

Pensamos que uma das razões, de menor importância, porque alguns sócios têm as suasquotas em atraso será por puro esquecimento. Para obstar a isto aconselhamos e incen-tivamos a que optem pelo débito em conta bancária, de 6 em 6 ou de 12 em 12 meses.

Já pensaram que o valor de um ano de quotas representa apenas cerca de quatro caféspor mês?

Por razões de custos – e desta vez será em definitivo – vamos suspender o envio da re-vista “O Desembarque”, que custa muito dinheiro à Associação, para os camaradas só-cios com quotas em atraso por período superior a um ano.

Consideramos ser este um acto de justiça, uma vez que os que assiduamente pagam nãodevem suportar as despesas dos que não pagam.

Cordiais e amigas saudações associativas.

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Almoço de Natal de 2011

Como é sabido teve lugar, no passado dia 10 de Dezembro,o habitual evento de Natal da Associação de Fuzileiros queeste ano, crê-se que pela primeira vez, juntou num almo-

ço/convívio, cerca de trezentos sócios e familiares da grande“Família dos Fuzileiros”, na Quinta da Alegria, em Penalva, con-forme convite publicado a seu tempo no site.

O número de participantes foi de tal ordem que chegámos a re-cear que o salão da “Quinta da Alegria” não fosse suficientemen-te grande para alojar, com alguma comodidade, tanta “alegria” detodos quantos quiseram estar presente nesta particular e emoti-va manifestação de camaradagem e solidariedade.

Cabe aqui referir um velho rifão do sábio povo que nos vem ensi-nando que, por vezes, «há males que vêm por bem». De facto, oatraso na publicação da nossa Revista “O Desembarque” teve co-mo consequência que muitos dos nossos sócios, sobretudo aque-les que não consultam o nosso site, não tomassem conhecimento,atempadamente, da data do evento não podendo, assim, participar.

Porém, nem queremos pensar o que seria se “O Desembarque”tivesse chegado a tempo! Porventura teria comparecido na“Quinta da Alegria” uma avalanche de gente amiga que, num diachuvoso, com que S. Pedro nos brindou, teria de ser alojada nu-ma sala interior, quiçá, nos corredores das instalações!

Para este ano – se a Providência permitir – quem estiver naDirecção tem, por certo, de considerar o que foi para nós uma de-ficiência de perspectiva, acautelando instalações que possamconter, eventualmente, mais de meio milhar de pessoas.

Na mesa de convidados estiveram cerca de vinte entidades, naqual se incluíram, nomeadamente, os Presidentes da Câmara eda Junta de Freguesia do Barreiro, os Comandantes do Corpo, daEscola e da Base de Fuzileiros, os antigos presidentes daAssembleia-Geral, da Direcção e do Conselho Fiscal daAssociação, Membros do Conselho de Veteranos, Esposas e ou-tras personalidades de relevo para a instituição.

A mesa das Delegações esteve muito bem representada, com anossa gente do Algarve, de Gaia, de Juromenha/Elvas e Setúbal.

Todos, ao longo do vasto Salão, conviveram, mataram saudadese espalharam nostalgias, brincaram e até dançaram (ao som, acusto zero, do grupo musical do sócio que habitualmente nosapoia) os mais velhos, os menos novos, os jovens e os mais jo-vens, onde não faltaram as senhoras e também as crianças quederam um tom de particular alegria à nossa Festa de Natal.

Também houve discursos: o do Presidente da Associação e o doComandante do Corpo de Fuzileiros que, na circunstância, formu-laram para todos votos de Boas Festas. O primeiro agradeceu atoda a equipa, Directores da Associação, Titulares dos outros ór-gãos sociais e Dirigentes das nossas Delegações, a forma comose disponibilizaram ao longo do ano para trabalhar em prol da AFZe, designadamente, na organização dos principais eventos, semesquecer o “Dia do Fuzileiro”, o acto de inauguração do

Monumento ao Fuzileiro e o principal evento cultural que consti-tuiu a atuação do Coral “Alma de Coimbra”, na Casa da Culturado Barreiro (mais de 300 participantes).

De facto, só equipas de particular valia, exclusivamente constituí-das por voluntários conseguiriam desdobrar-se, e guindar tão al-to o nome e a imagem da nossa Associação, conferindo nível, cor-tesia e o nosso característico calor humano, a todas as iniciativasque nos propusemos realizar e oferecer aos sócios.

Finalizamos com um pequeno extracto do texto da notícia comque fechámos análogo evento de 2010:

«Imediatamente a seguir e sem legendas, para não distinguir nin-guém já que todos merecem ser distinguidos – pela coragem, pe-la solidariedade, pelo espírito de camaradagem e entreajuda epelos valores que são o apanágio e a mística dos fuzileiros – fi-cam alguns registos fotográficos, para a posteridade e que são asimagens que, mais do que muitas palavras, conferem real con-teúdo e importância ao nosso “Almoço de Natal de 2011”».

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Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 4Guiné 1973/74

21 de Abril de 2012

Por ocasião do 39.º Aniversário doDestacamento de Fuzileiros Espe-ciais n.º 4 (Guiné 1973 a 1974), rea-

lizou-se um almoço-convívio que contoucom a presença de expressivo número demilitares que constituíram o DFE 4 e seusfamiliares.

Antes do almoço, os militares da antigaguarnição do DFE 4, acompanhados defamiliares puderam assistiram aos se-guintes eventos, aos quais tiveram a gen-tileza de se associarem o Comandante doCorpo de Fuzileiros, CALM Picciochi e oComandante da Escola de Fuzileiros, CMGFZ Teixeira Moreira:

10h30 – Deposição de uma coroa de flo-res junto ao Monumento do Fuzileiro, emmemória do 1.º Grumete Fernando Varan-das Ribeiro (morto em combate), com asdevidas Honras Militares

11h00 – Missa na capela da Escola deFuzileiros

11h45 – Visita à Escola de Fuzileiros e aoMuseu do Fuzileiro

Por fim, os cerca de setenta convivas, ru-maram a um local aprazível na zona de

Penalva, onde decorreu um almoço emambiente de grande alegria, recordaçõese de sã camaradagem.

CMDT Alves de Jesus

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Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 13Guiné 1968/70

28 de Abril de 2012

No passado dia 28 de Abril, os Fuzileiros do DFE 13 e familiares efectuaram o seuencontro anual, comemorando os 44 anos da partida para a Guiné Portuguesa.No cemitério de Sendim (Matosinhos),junto à campa do 1.º Mar FZE Abílio

Ferreira, um dos mortos em combate do DFE, e com a presença de seus familiares, te-ve lugar uma homenagem, com a colocação de uma placa "Homenagem dosCombatentes do DFE 13" e deposição de flores.

À evocação feita pelo Comandante do DFE (Alm Vieira Matias) os Fuzileiros responde-ram "PRESENTE!".

Seguiu-se o convívio num restaurante da zona, que decorreu em ambiente marcadopor grande camaradagem e amizade.

Na sua alocução o Comandante salientou o excelente desempenho do grupo durantea comissão na Guiné, resultante de atitude responsável e voluntariosa com elevadoespírito de sacrifício e sentido do dever.

O DFE 13 desenvolveu intensa actividade operacional com importantes resultados,destacando-se a vultuosa apreensão de armamento inimigo na Operação “GrandeColheita”. No final da comissão mereceu as seguintes palavras no louvor concedidopelo Comandante-Chefe: "DFE altamente disciplinado, de inexcedível aprumo com no-táveis qualidades de eficiência em combate, sentido de manobra no terreno, agressi-vidade, abnegação e espírito de sacrifício. Unidade de elite, de forma brilhante soubeprestigiar na Guiné as notáveis tradições da Marinha e das Forças ArmadasPortuguesas".

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Sábado, 12 de Maio, 10 horas da ma-nhã. Vindos das mais diversas loca-lidades começa a concentração do

pessoal, familiares e amigos para maisum almoço de confraternização dos ele-mentos que integraram a CF 7 que pres-tou serviço em Angola, nos anos de 1970a 1972.

Portalegre foi a cidade escolhida e a orga-nização é da responsabilidade do camara-da Manuel Espanhol.

Vivem-se momentos de tanta alegria que contagia quem passa.

O Leitão e a esposa, o Fernando e o Godinho aparecem pela primeira vez, vindo os primeiros propositadamente do Luxemburgo.

Os aperitivos e o almoço, servidos em bom restaurante de Castelo de Vide, não calam estes Fuzileiros que tanto tem para dizer, quetanto querem saber. Por vezes afasto-me um pouco e, observando o grupo, vem-me à memória lembranças de outros tempos, que otempo não apaga, e aos olhos vem-me lágrimas de comoção, não por fraqueza minha mas, por um misto de recordações de uma co-missão, nem sempre fácil, e pelo prazer de poder viver a felicidade do momento.

O Carlos Almeida, camarada assíduo, pega na sua inseparável viola e dá mais alegria ao convívio: é o tentar afastar a tristeza do re-gresso que se aproxima pois este 15.º encontro está a chegar ao final. Faz-se a passagem do testemunho para a organização do pró-ximo, para o ano em Viseu.

Serve-se o bolo de aniversário, bonito como todos os outros seus antecessores, erguem-se as taças de espumante e fazemos votosde mais um ano com saúde.

É chegada a hora da partida. Agradecemos ao Espanhol e à sua família o empenho, a dedicação e porque não o esforço para o bomexito desta "operação".

Outras virão e a todas elas os Fuzileiros da CF 7 dirão, como sempre o fizeram, "PRESENTE" porque o nosso lema é sentido e vivido:"Fuzileiro uma vez, Fuzileiro para sempre".

Silva Mendes2.º Ten FZE RN

Companhia de Fuzileiros N.º 7Angola 1970/72

12 de Maio de 2012

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Mais uma vez se reuniram em convívio os fuzileiros que in-tegraram o DFE 10 – Moçambique 74/75 e digo, maisuma vez, porque esta “família”, teima em se reunir todos

os anos por volta do dia 12 de Maio, data da partida do primeirocontingente.

Desta feita o evento ocorreu precisamente no dia 12 de Maio nazona de Tomar e à hora marcada todos compareceram no pontode encontro, junto à Barragem de Castelo do Bode.

Era vê-los chegar acompanhados por esposas, filhos e até netos,com a habitual alegria estampada nos rostos a que correspondiaa exuberância dos abraços e das fortes palmadas nas costas,manifestações de um espírito de fraterna amizade que se foicriando ao longo destes quase 40 anos de uma unidade que, afi-nal, ainda não desmobilizou.

Tendo cumprido serviço em Moçambique durante pouco mais de13 meses, durante o difícil e indefinido período de transição paraa independência daquela colónia, os homens continuam unidospela memória da sua participação em acontecimentos marcantesdas últimas quatro décadas da sociedade portuguesa.

Participaram no 25 de Abril de 74, sendo a primeira unidade daMarinha a sair para a rua António Maria Cardoso, conhecidobastião da PIDE/DGS, sendo-lhe ainda atribuídas então outrasmissões de relevo que não cabe aqui enumerar.

Volvidos poucos dias da revolução, a 12 de Maio, parte paraMoçambique o primeiro contingente e a 19 do mesmo mês, parteo segundo, este comandado pelo então STEN Benjamim Correia.

Enfrentaram então o período conturbado da transição para inde-pendência tendo ocupado posições na Alta Zambézia – MagoéVelho, Tete, Beira, António Enes (agora Angoche) e LourençoMarques.

Em Lourenço Marques, além do patrulha-mento conjunto, asseguraram em regimede rotatividade a segurança física ao alto--comissariado e ao alto-comissário até àmeia noite do dia anterior à independên-cia tendo, nessa mesma noite, embarcadode regresso a Lisboa a bordo do paqueteInfante D. Henrique fretado para o efeito.

Numa situação de grande indefinição po-lítica e militar, onde qualquer acto menosponderado poderia atear conflitos de efei-tos perfeitamente imprevisíveis, sob o co-mando do então 1TEN Vargas de Matos,os homens mantiveram-se unidos e disci-plinados... até hoje!

Por isso o convívio que agora se realizou,e que teve a colaboração organizativa lo-cal do camarada Augusto Paulino, agoraempresário na região, foi mais uma opor-

tunidade para recordar sem nostalgia mas com sentido do devercumprido, pessoas, acontecimentos e lugares que fizeram parteda vida destes homens numa determinada fase e os marcarampara sempre.

Não podíamos terminar estas linhas sem um agradecimento es-pecial aos responsáveis da barragem de Castelo do Bode que nosproporcionaram uma pormenorizada visita às entranhas do talu-de da barragem que foi acompanhada com enorme interesse pe-los participantes. É de facto uma grande obra que data de 1950,ano da sua inauguração.

Claro que o almoço foi o momento alto decorrendo com a alga-zarra habitual e terminado com o bolo comemorativo e champa-nhe a condizer.

Para o ano há mais! A zona de Benavente espera-nos!

Benjamim Correia

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Destacamento de Fuzileiros Especiais N.º 10Moçambique 1974/7512 de Maio de 2012

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Almoço de Trabalho, de Cortesia e Agradecimento,oferecido à Câmara Municipal do Barreiro

No passado dia 16 de Fevereiro teve lugar um almoço detrabalho que foi também de cortesia e de agradecimen-to, no Salão Nobre da sede da Associação de Fuzileiros

visando dois principais objectivos: abordar a perspectiva daCâmara quanto à sua futura possível intervenção, no sentidode se criar e instalar a “Casa dos Fuzileiros Séniores” (um so-nho que esta direcção pretende tornar realidade, ao menoscom o lançamento da sua primeira pedra); e obsequiar oPresidente, Vereadores, Presidente da Junta da Freguesia doBarreiro e principais Chefias, enfim, nestas pessoas, também,o Município do Barreiro e agradecer a especial deferência e aextraordinária colaboração que todos, sob a liderança da per-sonalidade que é Carlos Humberto Pinheiro de Carvalho, têmdispensado, particularmente à nossa Associação e aos fuzileirosem geral.

Testemunho deste apoio e das suas prestimosas colaboraçõesé sobretudo, o Monumento ao Fuzileiro implantado numa dasfuturas principais centralidades do Barreiro, a rotunda que ob-teve a designação toponímica de “Praça dos Fuzileiros” que,

sem o apoio e a colaboração do Presidente da Câmara, não teriasido possível inaugurar, no Dia do Fuzileiro/2011 (7 de Julho) coma presença de S. Ex.ª o Presidente da República, acontecimentoinédito em Portugal.

A propósito da “Casa dos Fuzileiros Seniores” cabe aqui repro-duzir um excerto do nosso Relatório de Actividades/2011 ondeprocurámos informar os sócios da postura da Câmara Muni-cipal:

«Enfim, obtivémos, por parte da Câmara Municipal do Barreiro,significativa colaboração no sentido de se lançar a primeira pe-dra da “Casa dos Fuzileiros Seniores”, estrutura que “possi-bilite apoiar e acompanhar os mais idosos ou os Associadoscom problemas de saúde, propiciando o fim do percurso dotempo que o tempo do nosso tempo, inexoravelmente impõe,com grande dignidade e cuidado”».

As imagens que publicamos, para além de esclarecedoras, sãotambém o testemunho das nossas homenagens.

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Com o início de mais um ano de empenhamento do Espada Pereira, recentemente designado Chefe da nossa Divisão das ActividadesLúdicas e Desportivas (DALD) desenvolveram-se as seguintes acções:

Secção de Tiro

AAFZ esteve presente no Campeonato Regional Sul de IPSCque teve lugar no passado dia 22 de Abril em Belas-Lisboa,na Unidade Especial de Polícia (UEP).

Participaram seis atletas, competindo nas Divisões de “Open”,“Production” e “Standard”. Obtivémos as seguintes classifica-ções:

Divisão Open:

Espada Pereira - 10.º Lugar

Francisco Marques - 14.º Lugar

Luís Araújo - 18.º Lugar

Divisão Production: Bryan Ferreira - 34.º Lugar

Divisão Standard: Vasco Leitão - 20.º Lugar

Divisão das Actividades Lúdicase Desportivas

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Troféu Intersócios da AFZ

Realizou-se no passado dia 3 deJunho, na Carreira de Tiro deMarinha, em Vale de Zebro, a

1.ª Prova de Tiro Intersócios da AFZ, comarma curta de recreio.

Com a participação de 15 atletas da “ca-sa” e convidados, a prova decorreu numsaudável ambiente desportivo e, acima detudo destacou-se a excelente vertente pe-dagógica dada da responsabilidade deCarlos Santos, do Clube de Praças daArmada e Árbitro da Federação Portu-guesa de Tiro.

Concluída a prova que se realizou emduas séries, os atletas rumaram à Sededa AFF onde se procedeu à cerimónia deentrega de prémios presidida pelo ComteCardoso Moniz, em representação daDirecção da AFZ.

Com troféus do 1.º ao 3.º lugares e meda-lhas do 4.º ao 5.º lugares, destacaram-seos seguintes atletas:

1.º Lugar – Comte Jorge Matos

2.º Lugar – Rui Rodrigues3.º Lugar – Luís Colaço4.º Lugar – Máximo Borges5.º Lugar – Espada Pereira

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Área das Actividades Pedestres

Caminhada da Sexta-Feira Santa – Arrábida/2012

ADALD promoveu e organizou, no passado dia 6 de Abril, a subida e travessia da Serra da Arrábida inserida na conhecida“Subida de Sexta-Feira Santa”, um evento anual que junta centenas de adeptos de actividades de pedestrianismo, sendo que,AFF esteve representada com um Grupo de 18 participantes.

Com a chuva a ameaçar os aventureiros, lá se atreveram a entrar nas profundezas danossa conhecida Serra da Arrábida que com muito barro, nos foi dificultando a vida.

Todo o passeio se realizou a bom ritmo entre paisagens e cenários deslumbrantes, quedeixaram o apetite de voltar no próximo ano.

E uma coisa é certa… lá estaremos!

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Dia do Combatente 2012Mosteiro de Santa Maria da Vitória - Sala do Capítulo

Batalha, 14 de Abril de 2012

Viemos hoje a esta Sala do Capítulodo Mosteiro de Santa Maria daVitória em acto de recolhida refle-

xão por razões várias, que merecem serponderadas, também em motivo do tem-po e do local em que se realiza.

Estamos aqui, sobretudo, em romagem aeste simbólico altar da nossa Pátria parahomenagear todos os que, ao longo dosquase nove séculos da história dePortugal, combateram por ele e, aos que,caindo no campo da honra, levantaram oseu nome sempre bem alto.

O nosso pensamento mais directo vai pa-ra os Soldados Desconhecidos, simboli-camente representados pelas cinzas dedois combatentes que jazem sob estassimples lousas, um morto na Flandres,em 9 de Abril de 1918, e outro caído, poressa altura, numa fronteira africana deum território então português.

Só esta diversidade das origens dos com-bates, europeia e africana, é suficiente

para indiciar a abrangência da homena-gem permanente que se presta nestaSala do Capítulo, e em que o 9 de Abril,Dia do Combatente, constitui apenas ummarco. Trata-se de uma referência a umsacrifício brutal dos nossos soldados enão a celebração de uma vitória porque,na verdade, a Batalha de La Lys, vistaisoladamente, até se traduziu numa der-rota militar, onde perdemos cerca de7.500 homens, entre mortos, feridos edesaparecidos.

Foi uma pesada dor a dessas baixas que,em sublime acto de amor, deram as suasvidas pela Pátria, na linha do que tantosdos nossos antepassados tinham feitoantes e como muitos outros milhares oviriam a fazer, depois, até aos nossosdias.

Há, assim, nesta nossa romagem umsentido tão amplo quanto os tão diversostempos e lugares em que portuguesesderam a vida por Portugal. De Guimarãesa Ourique, da Batalha Real, travada aqui

a uns passos, em São Jorge, às Batalhasda Restauração, ou então das Linhas deTorres às linhas do mundo inteiro, nasterras de quatro continentes e nos maresde três oceanos, foram quase nove os sé-culos e os mais variados os lugares emque, para engrandecer a Pátria portugue-sa, lutámos e muitos morreram por ela.

Todos esses portugueses, soldados, ma-rinheiros e aviadores, são aqui homena-geados permanentemente, mas hoje comespecial ênfase pela força desta iniciati-va da Liga dos Combatentes.

Trata-se, pois, de expressar um senti-mento de gratidão muito próprio do nos-so Povo, muito português, mas tambémcom raízes na civilização ocidental, deque somos parte, de base cultural grega,romana e cristã. De facto, já os Gregos,pelo menos há 2.500 anos, em Atenas,homenageavam publicamente os seusheróis. A oração de Péricles de elogio aosmortos e ao poder democrático, tão vivae pormenorizadamente relatada por

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Tucídides, dá disso testemunho, assim co-mo as celebrações católicas em memóriados falecidos, desde há 2.000 anos, sãodisso exemplo.

Procuramos, assim, honrar os nossos he-róis e mártires, uns conhecidos com no-mes que a nossa memória colectivaimortalizou e, outros, desconhecidos dequem sabemos apenas que tombaramnos campos e mares de batalha, por nós,para que tenhamos direito a ter uma pá-tria honrada e respeitada, a Pátria portu-guesa.

Contudo, o sacrifício de todos eles paranão ser em vão impõe-nos uma obriga-ção firme, um compromisso solene, a as-sumir perante a sua memória e que é ode continuarmos a lutar por Portugal epela sua identidade e independência.

É que, na verdade, talvez nunca tenha si-do tão importante afirmar e manter anossa identidade, a nossa cultura, a nos-sa maneira de ser, como o é agora emque a integração numa grande comuni-dade internacional, como a UniãoEuropeia, nos pode reduzir à simplesqualidade de pequeno número sem ex-pressão, sem relevância. Acresce ainda,que a independência que o poder econó-mico nos retirou é vital que seja recupe-rada, através de uma vontade firme e deuma capacidade de sacrifício e de amorà Pátria que o exemplo dos nossos ho-menageados nos pode ajudar a conse-guir.

Tal como em 1 de Dezembro de 1640, te-mos de ser outra vez nós mesmos, o povo

que não aceita jugos, o povo que foi ca-paz de não se perder nos mares do mun-do, o povo que quer outra vez demonstrarque tem direito a continuar a ter a Pátriahonrada que construiu em quase noveséculos de história.

Precisamos de fazer outro primeiro deDezembro, também com a mesma forçada vontade, da determinação, como na-quele de 1640, mas agora usando outrasarmas, as armas do trabalho, da inteli-gência e da honestidade.

Muito do nosso Povo já não conheceu oque foi o sacrifício dos nossos soldados,marinheiros e aviadores que combateramem África e na Índia, mas alguns terãoainda na mente e no corpo as marcas des-sas lutas. Os corações de algumas mãesrecordarão os gritos que não ouviram, a

milhares de quilómetros, dos filhos agoni-zantes e os combatentes vivos tambémnão esquecem, noite e dia, os brados dedor dos companheiros de corpos esfran-galhados, chamando pelos entes queri-dos que não voltariam a ver.

É duro recordar publicamente aquilo quealguns de nós vivemos, mas é importan-te fazê-lo para que todos procuremos serdignos desse passado, construindo umfuturo melhor, mais nobre e independen-te para Portugal, Pátria de tantos heróis ede tantos Soldados e Marinheiros Des-conhecidos, mas nobres e valentes.

Esta evocação assume aqui especial signi-ficado, por ter lugar no chão glorioso daBatalha, junto ao Campo de São Jorge, on-de ainda ecoa a voz de um Povo que quiscontinuar independente e que, em

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1383/1385, lutou contra o mais forte, nadefesa do que era seu havia já 240 anos.Lutou e venceu. Não éramos muitos, éra-mos até poucos, mas estávamos unidose com vontade férrea e, por isso, fomosos suficientes.

Depois, a seguir, apertados entre as for-tes espadas toledanas e a parede do mar,os Portugueses tiveram a inteligência, osaber e o arrojo para derrubar a parede,seguindo mar fora com a vontade de se-rem grandes. Foi uma vontade consegui-da de serem até os maiores desse tem-po, realizando uma gesta que mudou omundo.

Sinal emblemático da inteligência, dessadeterminação e dessa união dos portu-gueses foi o da construção desta abóba-da que protege o túmulo dos nossosSoldados, como aqui referiu JoséHermano Saraiva.

A abóbada é formada por pedras, asquais, isoladamente, cairiam sujeitas àlei da gravidade. Bem unidas não caíram.A abóbada não caiu, a abóbada não cai-rá, como disse o seu construtor, um su-bordinado de Nuno Álvares Pereira.

E se, tal como as pedras da abóbada, nóshoje soubermos estar unidos protegendo

os nossos valores e o nosso Chão Sagra-do, com uma visão inteligente de futuro,a Pátria continuará imorredoura pelostempos fora e os vindouros olharão paranós com a consideração e o respeito se-melhantes aos que temos pelos nossosantepassados.

Homenageemos, pois, neste momento úni-co, todos os que sofreram, lutaram e caí-ram ao serviço de Portugal e, em silêncio,

curvemo-nos sentida e respeitosamenteperante a memória daqueles que um dia,quando ajoelharam e caíram, o fizeramapenas perante o Altar da Pátria.

Sejamos dignos deles, Heróis do Mar, no-bre Povo, Nação valente e imortal.

Nuno Vieira MatiasAlmirante (R)

Encontro de Fuzileiros em Fátima29 de Abril de 2012

Por iniciativa das nossas Delegações e com o apoio daDirecção Nacional da AFZ realizou-se, no Domingo, 29 deAbril de 2012, uma “Peregrinação” ao Santuário de Nossa

Senhora de Fátima a que se chamou “Encontro de Fuzileiros”que teve a participação das Delegações da Associação deFuzileiros: do Algarve, Gaia e Juromenha/Elvas, assim como daAssociação Nacional de Fuzileiros.

O Capelão Licínio dos Fuzileiros procedeu ao cerimonial daBenção dos Guiões da Associação Nacional e das Delegações.

Cerca do meio-dia, no ponto de encontro, na Catedral Nova deFátima (Igreja da Santíssima Trindade), juntaram-se e por mo-mentos confraternizaram os “peregrinos” desta Família disper-sa de Fuzileiros e seus Familiares, que marcharam a “Par”.

Seguiu-se a Missa na Catedral, oficiada pelo Rev. Pe. Pinheiro,Capelão do Santuário de Fátima e pelo Rev. Pe. Licínio Capelãodos Fuzileiros.

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Às doze e trinta minutos dava-se início à Missa, com a entradados quatro Guiões à frente, seguidos pelos Oficiantes. Os Porta--Guiões marchavam com a dignidade que o local exigia. Foi ummomento emocionante. A assembleia, constituída por fuzileirose outros “peregrinos” olhava curiosa a entrada triunfante notemplo de “Tal Gente”.

Na introdução, no início da Missa, o Pe. Pinheiro fez uma sauda-ção especial às Delegações de Fuzileiros, Associação Nacionalde Fuzileiros e à nossa Marinha.

Fez questão de salientar a solidariedade fraterna para com es-tas Instituições cuja comunidade religiosa o nosso CapelãoLicínio representa.

Referiu a feliz coincidência de neste dia e, porventura, à mesmahora, ter lugar outra cerimónia importante comemorativa doscinquenta e um anos de casados dos Pais do Capelão Lícino pe-lo que este terá de ir para lá logo no final da Missa.

O nosso Capelão tem muitas famílias, sendo que uma delas é,seguramente, a dos Fuzos estando sempre dividido entre o“MAR E A TERRA”. Para ele o nosso reconhecimento com umabraço de muita amizade.

E chegou o momento alto desta cerimónia. O Pe. Pinheiro convi-dou o Capelão Licínio a abençoar os Guiões dos Fuzileiros, mo-mento solene e emotivo. Terminada a Missa, os nossos Guiõesmarcharam a “Par” pela nave central até à saída do Templo.

Toda a assembleia se voltou lateralmente para melhor observarcom respeito a dignidade que os Fuzos imprimem aos seus actos.

Terminada a cerimónia religiosa, passámos de imediato a umaoutra de cariz mais profano.

Os Fuzileiros e seus familiares juntaram-se num parque de me-rendas, colocando à disposição de todo e de cada um, as suasiguarias gastronómicas variadas e convidaram todos a servi-rem-se, mesmo quem não levou farnel, como é apanágio dosfuzileiros.

Pena foi que S. Pedro nos “castigasse”, naquela hora, com umachuva arreliadora, mas ninguém arredou pé.

O vinho ficou com menos graduação, mas não nos retirou a ale-gria e a boa disposição de estarmos “juntos”.

Uma palavra de agradecimento às esposas dos Fuzileiros pre-sentes, que tiveram de estar horas ao fogão para nos propor-cionar este alegre e fraterno convívio.

Um abraço de amizade para os presidentes das Delegações epara os dirigentes da Associação Nacional, em especial para oVice-Presidente da Direcção Nacional, Comandante CardosoMoniz, pela fidalguia no trato, pela a alegria da sua presença epelo seu humilde exemplo de dizer “pronto“, sempre.

Para terminar este pequeno relato de um dia diferente na vidados Fuzileiros da diáspora, sem querer ser pretensioso, direi:MISSÃO CUMPRIDA e FUZILEIROS UMA VEZ FUZILEIROS PA-RA SEMPRE.

Leonel Rodrigues

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Dia do Fuzileiro 2012Resumo do Dia do Fuzileiro

Bilhetes para o almoço - 4.480,00 €(Só por curiosidade, a Escolade Fuzileiros fez 1.900,00 € )

Cobrança de quotas - 1.415,00 €Vendas de artigos diversos - 2.300,00 €

Inscrição de Sócios novos - 9

Desafio aos SóciosA nossa Divisão Cultural e da Memória já está em actividadesendo que, o seu respectivo Chefe, recentemente designadoSócio n.º 1625, membro também do Conselho de Veteranos,Embaixador Moreira Martins elaborou um ante-projecto, aindapara o corrente ano que, para além de outros eventos prevê de-safiar os nossos artistas a exporem as suas obras no salão no-bre da AFZ.

Assim “convocam-se” todos quantos– sócios ou familiares – tenham porhobby a pintura, a escultura, a foto-grafia, o artesanato, enfim, quais-quer actividades que caibam nasáreas culturais ou da memória, a ex-porem as suas virtuosidades na sede daAssociação Nacional de Fuzileiros.

Para tal “devem” contactar o Secretariado Nacional.

E… quem o não fizer vai para o Livro…

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Nopassado dia 22 de Abril, um grupo de “Filhos da Escola”de 68 reuniram-se e depositaram uma coroa de floresjunto ao Monumento ao Fuzileiro, inaugurado por Sua

Ex.ª o Presidente da República, na cidade do Barreiro, na rotun-da que, a Câmara Municipal do Barreiro decidiu integrar na to-ponímia da cidade, como Praça dos Fuzileiros.

O grupo, de que fez parte o Membro da nossa Direcção, JoséPinto (na imagem ao lado, de boina) prestou uma simples masmuito significativa homenagem aos camaradas dessa “Escola”que já nos deixaram.

É de relevar o facto de o Monumento ao Fuzileiro, inauguradono Dia do Fuzileiro, em 7 de Julho de 2011, já ser visitado comvários objectivos, pelos Fuzileiros sócios e não sócios da AFZ epor camaradas sócios ou não, de todas as classes da nossaMarinha.

A revista “O Desembarque” agradece ao José Pinto a louváveliniciativa e dá à estampa a fotografia que ele teve a amabilida-de de nos enviar.

Filhos da Escola de Abril de 1968 reúnem-see colocam coroa de flores no Monumento ao Fuzileiro

Comunicado aos SóciosDFE N.º 12 – Guiné – 1967/69

O nosso Camarada e Sócio n.º 90, Manuel Ramos (o “Porto”),numa atitude altamente louvável, pediu-nos que publicite-mos o seguinte:

Há mais de 20 anos que o “Porto” organiza, sistematica-mente, o Almoço/Convívio do Destacamento de FuzileirosEspeciais N.º 12 – Guiné – 1967/69 (Comt. Pedrosa, Imed.Serradas Duarte, 3.º Ofc. Rebordão de Brito, 4.º Ofc. Lopesde Abreu).

Este ano, comemorarão 35 anos! O “Porto”, ainda nãomarcou o local/restaurante mas o encontro realizar-se-á, co-mo habitualmente, no 1.º Sábado de Novembro.

Ainda há camaradas de que o “Porto” não sabe o paradeiro(cerca de uma dúzia).

Ele pede, e “O Desembarque” também, que comuniquemcom ele, através dos:

Email: [email protected]

Telm.: 93 845 48 79

Tel.: 21 085 71 86

A Direcção Nacional da Associação de Fuzileiros e a redac-ção da nossa revista agradecem a todos quantos saibam doparadeiro destes Camaradas que o comuniquem ao “Porto”ou à Associação de Fuzileiros.

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No passado dia 2 de Junho, a Dele-gação da AFZ de Juromenha/Elvasinaugurou a sua Sede social e cele-

brou, simultaneamente, o seu Aniversário.

Já se tornou lugar-comum afirmar o ní-vel, a dedicação, o espírito de corpo e decamaradagem e amizade e a capacidadede iniciativa dos dirigentes das nossasDelegações, de que os nossos homensde Juromenha/Elvas são apenas um dosexemplos. Se fosse possível cair na ten-tação de distinguir alguém nem sequertínhamos a possibilidade de o fazer emer-gir posto que, a Providência determinouque todos fossem excepcionais: os que li-deram e os que com eles formam corpo.Numa palavra: são Fuzileiros.

Em Juromenha/Elvas porque não é possível distingui-los a todos,apenas podemos falar do Licínio, O Presidente da Direcção, o“comandante das tropas” que, – “porque um homem sozinho nãoé ninguém”, foi isto que aprendemos na “Escola Mãe”, uns comos outros e todos com todos – naturalmente se arregimentarame conseguiram elevar, esta delegação do Alentejo, ao mais altonível.

O programa das festas, integralmente elaborado pela Delegação,com os apoios que a Direcção Nacional sempre presta foi simplesmas muito bonito e a emoção que todos colocaram no eventobrotou com espontaneidade.

Ao descerramento da placa, coberta pela Bandeira Nacional, nasede da Delegação, ao discurso do Presidente, à visita às insta-lações e à sessão de fotografias seguiu-se um almoço/convíviocom uma ementa que só os alentejanos sabem servir, com a ga-lhardia e a humildade que os caracteriza. Os cerca de 150 membros da “Família dos Fuzileiros” encheram

o restaurante onde o almoço foi servido e quase colocaram emapuros a Direcção da Delegação por falta de espaço.

Citam-se as mais significativas presenças: o Presidente daCâmara Municipal do Alandroal que, amigo do coração dos fuzi-leiros que (porventura, no futuro merecerá uma boina) teve asensibilidade de ceder as instalações; a Presidente da Junta deFreguesia de Juromenha, uma simpática senhora que também énossa amiga; o Representante do Presidente da CâmaraMunicipal de Elvas (que por motivos de saúde não pode estarpresente mas que é, também já um nosso amigo); osComandantes do Corpo de Fuzileiros, da Escola de Fuzileiros eda Base de Fuzileiros, personalidades cuja presença habitualsempre nos honra; O Presidente e os Vice-Presidentes daAssociação Nacional de Fuzileiros e outras entidades civis e mi-liares que o reduzido espaço de uma revista não permite por-menorizar.

Delegação de Juromenha/ElvasInauguração da Sede e celebração simultânea do Aniversário

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No passado dia 17 de Dezembro 2011, a Delegação daAssociação Nacional de Fuzileiros do Algarve levou a caboo seu 1.º Almoço de Natal, realizado no restaurante

"Alentejana Marafada", em Albufeira.

O evento contou com a participação de quase uma centena deconvidados com as suas famílias, cuja recepção foi efectuadana sede social do conhecido clube "Escolamizade", também es-te guardando para si grandes tradições de associados fuzileirose associação com a qual, a Delegação do Algarve e a própriaAFZ mantêm particulares relações de amizade e colaboraçãoinstitucional.

Antes da deslocação para o almoço, neste local aprazível ondefunciona a sede do “Escolamizade”, os camaradas das diversas

Delegação do Algarve1.º Almoço de Natal

Após as histórias de outros tempos e os discursos da praxe, oque ficou foi o sentimento de que estamos juntos na defesa deum espírito que os fuzileiros se orgulham de partilhar. As foto-grafias que complementam este pequeno texto significam muitomais do que as palavras que se esboçam.

A Redacção da revista “O Desembarque” envia um abraço ami-go a todos os camaradas que integram a Delegação daAssociação Nacional de Fuzileiros, apresenta-lhe sentidos para-béns e formula votos das maiores felicidades, também pes-soais.

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Um Gesto de Solidariedade

Queremos falar-vos um pouco das acções que nos levam a esta pequenacoincidência, ou talvez não. Ao longo destes 50 anos de vida e incluído no"pack - escola de vida", a Escola de Fuzileiros ensinou a várias gerações de

rapazes a dar a mão ao camarada que estava ao nosso lado e a nunca deixar umcamarada para trás. Estavam conscientemente a passar-nos uma dádiva de valo-res que nos iria acompanhar para o resto das nossas vidas. Podemos hoje afirmarque o "Resort" em Vale de Zebro cedo nos concedeu a sabedoria de sermos dignospelas nossas atitudes e acções.

Todos temos a noção pré-idealizada de que quando numa noite qualquer decidirmosacender uma vela no centro de uma cidade, a sua relevância reduz-se a quase na-da... mas, quando voltamos a acender essa mesma vela numa outra noite, numvasto descampado, a sua luz fica visível a centenas de quilómetros, destacando-seimediatamente na escuridão da noite. Foi contra este flagelo social que obscurece

a nossa sociedade que a Delegação de Fuzileiros do Algarve decidiu acender uma vela de esperança e dizer presente neste mo-mento importante e muito especial para quem é destinatáriodeste apoio social louvável.

Assim, foi com grande dinamismo e sentido de orgulho que nosjuntámos às fileiras de dezenas de voluntários de várias classessociais para darmos a mão a quem mais precisa e combater afome que, infelizmente continua a assombrar e envergonhar anossa existência enquanto seres humanos. Um pequeno gestoda nossa parte mas que pode fazer toda a diferença.

Por fim, convidamos todas as pessoas a estarem presentes con-nosco em qualquer parte de Portugal, no próximo BancoAlimentar previsto para Dezembro de 2012, assim como agra-decemos a divulgação desta mensagem de esperança, de quejuntos podemos e devemos vencer esta batalha.

A Direcção da Delegação de Fuzileiros do Algarve

escolas tiveram oportunidade de trocar osabraços do costume e iniciar o matar dealgumas saudades, a pretexto do tomarde um aperitivo.

A Delegação do Algarve contou com apresença de alguns convidados especiaisque a honraram e de entre os quais po-dem destacar-se: o Comandante do Corpode Fuzileiros, o Vice-CEMA de Moçam-bique, o Vice-Presidente da CâmaraMunicipal de Albufeira, o 2.º Comdt daEscola de Fuzileiros, o Comdt do NRPDragão, os Presidente e Vice-Presidenteda Associação Nacional de Fuzileiros, oPresidente da Delegação da AFZ deJuromenha/Elvas e o Presidente do Clube“Escolamizade”.

O Almoço de Natal decorreu num especial ambiente de camaradagem e amizade, próprio dos fuzileiros, acrescido que foi das emo-ções desta anual Quadra Festiva, em que a família de cada um e a grande Família dos Fuzileiros sempre expressam singular afec-tividade e teve os seus momentos altos com o toque do silêncio, os discursos das entidades presentes, a actuação do grupo deacordéons "Raízes do Sul" e com a “imprevista” chegada, à última hora, do ilustre e sempre bem-disposto Pai Natal que distribuiupresentes aos mais pequenos, constituindo as delícias das crianças presentes.

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Delegação de Vila Nova de Gaia1.º Aniversário e Convívio de Natal

No passado dia 3 de Dezembro de 2011, a Delegação daAssociação Nacional de Fuzileiros de Vila Nova de Gaia co-memorou o seu 1.º Aniversário e realizou, simultaneamen-

te, o almoço/convívio de Natal.

Após visita às Caves de Vinho do Porto “Calém” os sócios da AFZafectos à Delegação de Gaia, seus familiares e amigos e os con-vidados reuniram-se na Quinta Espírito Santo, em Arcozelo, emalmoço/convívio de confraternização, amizade e solidariedade –espírito sempre presente nos fuzileiros – para matarem sauda-des, espelharem nostalgias e contarem as suas histórias de guer-ra e de Paz. Foram mais de 100 pessoas as que quiseram mar-car presença nesta festa de Aniversário e de Natal.

Presentes entre muitos convidados o Representante doPresidente da Câmara Municipal de V. N. de Gaia, Paulo Peres, osComandantes do Corpo, da Escola e da Base de Fuzileiros, mem-bros do Conselho de Veteranos da Associação Nacional deFuzileiros, os Presidentes e Representantes das Delegações doAlgarve, Juromenha/Elvas e Setúbal e os Vice-Presidentes e Pre-sidente da Direcção Nacional.

No final desta manifestação de solidariedade ocorreram os dis-cursos sendo um momento aguardado com alguma espectativa,sobretudo ao nível das palavras que proferiria, o do Representanteda CMVN de Gaia.

O Presidente da Delegação anfitriã, Henrique Mendes, nas suaspalavras de boas vindas, especialmente dirigidas a todos quan-tos se deslocaram de longe, num gesto de grande solidariedadee união dos Fuzileiros, em torno da sua Associação Nacional re-cordou as motivações que conduziram à criação desta estruturaregional referindo: «começámos por uma equipa pequena e de-terminada; hoje temos mais de dois “pelotões” motivados paradarmos um forte contributo para que a imagem dos fuzileirosperante a sociedade civil saia enobrecida. Não quisémos nemqueremos preencher qualquer vazio mas sim cooperar para queoutros grupos de camaradas possam fortificar os elos de umacorrente a que todos nos orgulhamos de pertencer».

O Comandante do Corpo de Fuzileiros, CALM Picciochi referiu a“característica principal” dos fuzileiros, “a união”, afirmando:«Os fuzileiros foram criados porque havia situações difíceis pararesolver. Temos agora novo período difícil; cá estaremos para oresolver».

O Representante da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia sau-dou o aniversário desta Delegação da AFZ e colocou “a Autarquiaà disposição das necessidades desta organização regional, no-meadamente, «na procura de um novo espaço» onde instalara Delegação, em sede própria já que, actualmente ocupa um es-paço, gentil e solidariamente cedido pela Associação Recreativade Canelas”. Esta intervenção teve o condão de “arrancar” daassistência fortes aplausos.

Por fim, o Presidente da Direcção Nacional da AFZ, ComandanteLhano Preto “lembrou os momentos bons, para além das dificul-dades, sublinhando que a missão da Associação Nacional não seresume aos convívios” afirmando: «O associativismo é muitomais do que fazer almoços; é, sobretudo, como nós fazemos,apoiar pessoas com deficiência, alcoólicos ou pessoas com difi-culdades económicas».

O convívio terminou com a distribuição de pequenas lembranças,com momentos lúdicos, designadamente, a actuação de bailari-nos e com o grito do fuzileiro porque, «fuzileiro uma vez fuzilei-ro para sempre». Fizeram a cobertura das comemorações, o jor-nal regional “Audiência” e a jornalista Verónica Pereira, aos quaisa revista “O Desembarque” agradece a cortesia e de cujos textose citações foi extraída boa parte da nossa notícia.

Representações da Delegação de GaiaA Delegação da Associação Nacional de Fuzileiros de Vila Nova de Gaia fez-se repre-sentar em vários eventos ou cerimónias, dos quais se destacam:

• O aniversário dos Veteranos de Guerra de Braga• O Paint-ball• Slide, em Ribeira de Pena• O Dia do Fuzileiro• A inauguração do Monumento ao Fuzileiro, no Barreiro

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No âmbito da Cooperação Técnico-Militar entre Portugal eAngola realizou se, de 11 a 29 de Abril de 2011, o 1.º Cursode Aperfeiçoamento em Potencialização de Recursos

Humanos – Vector de Liderança III, na Escola de FuzileirosNavais, no Ambriz. Foi edificado pela assessoria residente e à se-melhança do curso, com o mesmo nome, leccionado na Escola deFuzileiros da Marinha Portuguesa.

O curso durou 14 dias úteis e teve uma carga horária de 80 ho-ras. Foram leccionados modelos teóricos no âmbito do Compor-tamento Organizacional, com especial ênfase na liderança. Na fa-se final do curso, os formandos (4 oficiais e 5 sargentos da guar-nição daquela Escola) realizaram exercícios práticos de comuni-cação e de liderança. Estes, realizados em ambiente outdoor,avaliaram, em simultâneo, a compreensão dos modelos teóricose a capacidade de os transferir – de forma integrada – para a li-derança de pequenos grupos.

De acordo com o Comandante da Escola de Fuzileiros Navais, ocurso permitiu um incremento na Cultura de liderança da guarni-ção e, além disso, a criação de um núcleo de formadores em li-derança. Poderá, ainda, constituir se como a fundação de todo

um processo de formação em liderança na Marinha de Guerra Angolana. A concretização deste 1.º curso revela as diversasoportunIdades de cooperação entre Portugal e Angola e, em particular, entre os fuzileiros destes dois países.

Formação em LiderançaEscola de Fuzileiros de Angola

(Ambriz)

Fuzileiros voltam aos mares da Somália

Apirataria na costa da Somália tem sido uma ameaça àmarinha mercante internacional desde a década de 90 doséculo XX.

Em particular, a “Organização Marítima Internacional” e o“Programa Alimentar Mundial” sublinham que as atividades depirataria contribuem para o aumento dos custos de transporte echegam mesmo a impedir a entrega de remessas de alimentos.

Os piratas têm tomado de assaltado e capturado dezenas de em-barcações e navios, feito centenas de reféns tornando aquelaárea particularmente perigosa e de trânsito condicionado. É nes-te contexto que a Marinha Portuguesa e os Fuzileiros, desde2009, têm participado em ações de combate à pirataria.Constituindo equipas de abordagem especialmente formadas,treinadas e equipadas para este tipo de operações. Registamosas elogiosas participações nas seguintes missões:

• Em 2009 no âmbito da Standing NATO Maritime Group 1(SNMG 1) com a Operação Allied Protector;

• Em 2009/10 com a SNMG 1 na Operação Ocean Shield;

• Em 2011 no âmbito da European Naval Force (EUNAVFOR) naOperação Atalanta;

• Em 2011 com SNMG 1 na 2.ª Operação Ocean Shield ;

• Em 2012 na EUNAVFOR com a 2.ª Operação Atalanta que de-correu de 26 de março a 21 de maio de 2012. Esta teve co-mo objetivo primordial assegurar a protecção aos navios quetransportam ajuda alimentar ao povo Somali no âmbito do

Abordagem a uma jelbut suspeita utilizando uma escada

NOTA: O autor escreve de acordo com o novo acordo ortográfico

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Programa Alimentar Mundial e, ainda, apoio logístico à Missãoda União Africana na Somália. Secundariamente contribuirpara o esforço militar na prevenção e repressão de actos depirataria e de assalto à mão armada no mar.

Para esta operação foram seleccionadas duas equipas de abor-dagem (2 sargentos e 8 praças), no âmbito do Pelotão deAbordagem do Batalhão de Fuzileiros N.º 1, que foram sujeitas aintensa e exigente formação e treino.

Frequentaram no Centro de Treino de Sobrevivência da ForçaAérea tirando o Curso de Recuperação de Pessoal em Combate.Na Esquadrilha de Helicópteros o Curso de Abandono deAeronaves em Imersão. Na Escola de Fuzileiros uma ação de for-mação em identificação e manuseamento do armamento mais uti-lizado no Teatro de Operações pelos piratas (espingardas AK 47 eSimonov, RPG, pistola Tula-tokarev). Treinaram Táticas, Técnicas eProcedimentos (TTP) de combate à pirataria; inserção vertical porhelicóptero através da técnica de fast rope e inserção por meiosde superfície através de semirrígida utilizando, neste meio, esca-das do tipo “poste de abordagem”; técnicas de revista e algema-gem a suspeitos; procedimentos de entrada e revista a espaçosconfinados. No âmbito da preparação para a Operação Atalanta, asequipas de abordagem e o NRP “Côrte-Real” participaram no trei-no e certificação em ações de combate à pirataria ao largo daBase Naval de Rota (Espanha) de 14 a 16 de Fevereiro 2012.

No mar da Somália, os fuzileiros efetuaram 9 abordagens a em-barcações suspeitas. Antes da abordagem eram investigadas pe-lo navio ou pelo helicóptero procurando indícios de pirataria (e.g.escadas, motores de alta potência, combustível em excesso, au-sência de artes de pesca). Caso se justificasse as embarcaçõeseram então abordadas sendo este momento o mais aguardado.Os nossos homens, que trabalham diariamente para viver aquelemomento, sabem no entanto que é o mais perigoso. Onde tudopode acontecer e em que a interrupção do movimento para den-tro da embarcação alvo é o menos desejado. Neste movimentosabemos que somos apoiados pelo navio ou pelo helicóptero. Jádentro da embarcação e com a segurança estabelecida efetuavamos a revista e, caso se confirmasse, os indícios de pirataria omaterial era apreendido ou destruído e os piratas revistados eidentificados.

Outra das missões atribuídas ao Pelotão de Abordagem foi o re-forço da segurança ao navio em áreas mais perigosas. Por exem-plo, durante a travessia do canal do Suez, onde durante 12 horasos navios navegam em comboio e com velocidades reduzidas,

tornando se um alvo apetecível aos terroristas, os fuzileiros colo-caram se em locais estratégicos do navio e empenharam se emgarantir, ao seu nível, a proteção contra aproximações suspeitas.

Durante as escoltas a navios mercantes, os fuzileiros eram ativa-dos e guarneciam os postos do NRP “Côrte Real”onde se encon-travam as metralhadoras de apoio, MG3, garantindo assim quenenhuma embarcação pirata se aproximasse dos navios quetransportavam ajuda alimentar.

Sempre que determinado um fuzileiro embarcava no helicópteroLynx MK95 (Fénix) integrando a tripulação nas missões de reco-nhecimento e recolha de informações na costa da Somália, em par-ticular nos ancoradouros e campos de apoio logístico à pirataria.

O pelotão de abordagem com as suas duas equipas trabalhandocomo uma só executou com sucesso todas as missões atribuídas,destacando-se o elevado empenho e profissionalismo que os ca-racteriza. Á medida que novas tarefas e desafios iam surgindonuma missão desta natureza onde tudo pode acontecer respon-diam: “Sempre Prontos”.

A participação das várias equipas do Pelotão de Abordagem nocombate á pirataria na costa da Somália, têm vindo a contribuirpara o prestígio e engrandecimento do Corpo de Fuzileiros e daMarinha. Para o sucesso destas missões contamos com o espíri-to de grupo, sacrifício, paciência, inteligência e união de todos osmilitares deste Pelotão.

Pelixo Lamy1SAR FZ

(Chefe de Equipa do PELBOARD)

Fuzileiros numa abordagem e revista a uma skiff suspeita

Fuzileiros numa a abordagem a uma embarcaçãoutilizando uma escada do tipo “poste de abordagem”

Abordagem a uma dhow suspeita

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51.º Aniversário da Escola de Fuzileiros

Ascomemorações do 51.º aniversário da Escola de Fuzileirosdecorreram com a solenidade e dignidade possíveis, nestemomento conjuntural que o país atravessa, e à qual a

Marinha em geral e o CCF em particular não são alheios. À Escolaimpunha-se fazê-lo, fez-se! De forma austera, cumpriu-se!

Com a humildade1 que nos carateriza cumpriu-se o calendáriodas atividades previstas:

• Desportivamente, com a realização de um torneio interno defutebol de 5, entre os dias 28 de maio e 1 de junho de 2012;

• Militarmente, com a imposição de condecorações, a militaresda Escola de Fuzileiros e da Unidade de Meios de Desem-barque no salão nobre;

• Religiosamente, com a celebração de uma missa, peloCapelão Licínio, durante a qual foi prestada homenagem a to-dos os militares e civis que aqui prestaram serviço;

• Socialmente, com um animado almoço volante, servido no re-feitório da guarnição. Este almoço culminou com o Grito doFuzileiro, o bolo de aniversário, e um brinde com vinho doPorto;

• Profissionalmente, com a realização de mais um Curso deLiderança – IPG 04 – para trinta e dois elementos do BancoPortuguês de Investimento (BPI), que terminou no domingo, 3de junho – dia do Aniversário da Escola de Fuzileiros. Esta fe-liz coincidência proporcionou, na cerimónia de entrega doscertificados, um momento único no salão nobre, surpreen-dendo o Comandante da Escola de Fuzileiros, aquando dassuas breves palavras de encerramento do curso, e todos ospresentes, quando de forma espontânea, os formandos reve-lando que também interiorizaram o espírito humanista doFuzileiro entoaram o Cântico do 51.º Aniversário, prestigiandoainda mais o evento, encerrando-se com chave de ouro ascomemorações!

Comemorar esta data numa Escola como a nossa tem forçosa-mente que ser entendido como um hino à dedicação de todosos que por esta Escola passaram nestes 51 anos: Formadores,formandos, e, todos os que de forma “invisível e silenciosa”mas eficaz vão servindo aqui. No entanto, tudo aquilo que foifeito até aqui não deixa de ser apenas o começo para os que vi-rão a seguir.

NOTA: Este texto foi escrito de acordo com o novo acordo ortográfico

1 “Ser humilde com os superiores é uma obrigação, com os camaradas uma cortesia, com os inferiores uma nobreza” – Benjamin Franklin

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Aqui se presta homenagemaos que nos deixaram

A Associação Nacional de Fuzileiros e a nossa Revista “O Desem-barque” apresentam sentidas condolências às Suas Famílias,publicando-se as fotografias dos camaradas que se consegui-ram obter.

Manuel Rosário Dias(Sócio n.º 86)

Alcindo Duarte Alves(Sócio n.º 410)

José Lopes(Sócio n.º 40)

Cmdt. João F. Mendes Barata(Sócio n.º 1235)

Faleceu ainda o Cmdt. Jorge Manuel Barreto d’Albuquerque (Sócio n.º 274) do qual não nos foi possível obter fotografia.

Nome do Sócio N.º MontanteAntónio Figueiredo 2013 50.00 €

José Araújo Teixeira 1379 50.00 €

José Manuel Carvalho 34 40.00 €

Ludgero dos Santos Silva 167 20.00 €

António Fernandes 601 12.00 €

Escola de 85 20.00 €

Cmdt. Mendes Fernandes 546 100.00 €

José Francisco da Costa 2023 30.00 €

João Joaquim Filipe 65 40.00 €

Manuel Martins Teixeira 218 70.00 €

Manuel Caldas 50.00 €

Mário Manso 161 7.50 €

António Lima Pacheco 816 10.00 €

José Pinto 1049 20.00 €

Jorge Luís Silva 1969 20.00 €

António Capela Loureiro 1470 40.00 €

Maria Proença Pais 1333 10.00 €

José Campos e Sousa 1421 20.00 €

Nome do Sócio N.ºJosé Francisco da Costa 2023

Manuel Martins Teixeira 218

Diamantino Rodrigues 1887

Inácio Roma 621

Martinho Santos Alves 1837

Vítor Porto 1706

Donativos

Assinaturas anuais daRevista (2012)

Novos sócios Novos sócios

João César Dias Germano 2063Américo Joaquim Cardoso 2064Justin Simon Sarel Whitfield 2065Carlos Manuel da Silva Matias 2066José Manuel da Costa Rocha 2067João Paulo Fernandes Norte 2068Rui Miguel Martins Silva 2069João Mário Lopes Penha 2070Carlos António Saraiva Ribeiro 2071José António Gonçalves Forte 2072Carlos Manuel Brito Martins 2073Manuel dos Reis Florindo 2074José Raposo Martins 2075Paulo Jorge Sequeira Oliveira 2076Licínio Henriques Vaz 2077Máximo José Medeiros Borges 2078Fernando José Chelmoki Ferreira 2079Nuno Manuel Alves Gomes 2080Joaquim Neves Marques 2081Ricardo Rodrigues Morais 2082Cláudio Sérgio Pitarma Rodrigues de Sousa 2083José Augusto da Cunha e Sousa 2084António Manuel Feijó Monteiro 2085Luís Filipe Palma de Abreu 2086Tiago S. Martins Ferreira 2087Luís Manuel Martins da Silva 2088José Manuel de Castro Neto S. Vieira 2089Carlos Alberto Reis Pereira 2090Luís Filipe Santos Costa 2091Fábio André Algarvio Mateus 2092Luís Manuel Lopes Figueiras 2093Luís Miguel Morgado 2094António Fernando Alexandre Barroso 2095Gabriel José Coelho Condeço 2096Francisco Manuel da Silva Praxedes 2097Francisco José Leal Cândido 2098Carlos Manuel Galego Algarvio 2099Ernesto Filipe Algarvio Morgado 2100Hélder Manuel Algarvio Mateus 2101Fernando Pedro Ferreira Reis Andeano 2102Álvaro Jorge Xarana Fernandes da Silva 2103João Albino Moreira 2104

Francisco Augusto Almeida Baltazar 2105Ricardo de Azevedo Dente Fidalgo Lopes 2106Salvador de L. Z. de Barros e Carvalhosa 2107Vasco Pereira Silva Soares 2108João Miguel Sousa Bastos Canavilhas 2109Ruben Amaral Neves 2110Afonso Pereira Silva Soares 2111Filipe Silva Mendes 2112Rui Manuel Lopes César 2113Raul Flávio Melita Bato 2114José Miguel Cabecinha Godinho 2115Vitor Miguel Mendonça Freire Ramalho 2116Rui Miguel Martinho Nicho 2117Luís Miguel Camacho dos Santos 2118José Manuel Santos Grego 2119Maria Irene Carneiro da Silva Seita Palma 2120Carlos Daniel Carvalho Amaro 2121Pedro Aníbal Andrade Matos 2122Filipe Lowndes Marques 2123José Manuel Carvalho 2124José Carlos Pinto da Veiga 2125Francisco Manuel Alves dos Santos 2126Abel de Sousa Ribeiro 2127João Domingos Vieira Guerreiro 2128José Pedro Jess de Lemos Pinto Antunes 2129Vitor Manuel Borges Franco Magalhães 2130António José Matos Cruz 2131Joaquim António Caseiro Demétrio 2132António José da Costa Pelado 2133Miguel Quina de Pina Manique de Carvalho 2134Miguel Antunes dos Santos 2135Pedro Manuel Vale Cardoso Vicente 2136Luís Miguel Gonçalves Landeira 2137Joaquim Silva Batista 2138Fernando Manuel de Oliveira V. de Matos 2139António Manuel dos Santos raposo 2140Henrique Gabriel F. Campeão de Oliveira 2141Ricardo Pedro Simões Mateus 2142Cândido Manuel Ferreira Vicente 2143José Manuel Pessanha Talento Marques 2144Luís Filipe Ferreira Caco 2145

Nome N.ºde Sócio Nome N.º

de Sócio

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