O desenvolvimento da comunicação humana

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O desenvolvimento da comunicação humana O levantamento histórico e evolutivo da comunicação humana fornece subsídios fundamentais na medida em que pode traçar uma linha comparativa entre seu aparecimento e a alteração do comportamento social. Melvin L. DeFleur e Sandra Ball-Rokeach em Teorias da Comunicação de Massa dividem a evolução da comunicação humana em etapas. Eles descrevem as várias etapas do desenvolvimento da comunicação (era dos símbolos e sinais, era da fala e da linguagem, era da escrita, era da impressão, era da comunicação de massa) mostrando através de fatos da história da humanidade, a intensa ligação entre a evolução do homem e sua capacidade de se comunicar. A partir dos registros de fósseis encontrados e analisados por paleoantropólogos durante mais de um século, determinou-se que o processo evolutivo, que originou a humanidade, data de uns 70 milhões de anos. Paleontropólogos afirmam que o ancestral da ordem primata foi o proconsul, pequena criatura parecida com um rato que viveu no período dos dinossauros, e somente após milhões de anos, surgiram os primeiros animais parecidos com os macacos. Estudos revelam que eles teriam surgido na África subsaariana, e, por isso, essa localidade é considerada como o provável lugar da origem da família humana. O pesquisador Anta Diop, em sua obra The African Origin of Civilization: myth or reality (1974) e essa hipótese. Muitos estudiosos consideram que a competição por comida e território, foram as forças influenciadoras para o desenvolvimento dos primatas. Estabelecendo uma cadeia evolutiva, teríamos por ordem cronológica, o Dryopithecus, Ramapithecus, Australopithecus africanus, Homo habilis, Homo erectus, Homo sapiens neanderthalensis, Homo sapiens, sapiens . Entretanto, existe uma controvérsia entre os estudiosos, decorrente do fato que, muitos deles consideram a possibilidade do Ramapithecos ter sido um animal com a capacidade de andar erecto, sendo assim, ao invés do Australopithecus, primeiro membro da família Hominidae (criatura com aparência O objetivo básico da comunicação humana é alterar as relações originais entre o próprio organismo humano e o ambiente em que ele se encontra. Especificando mais: o objetivo básico é reduzir a probabilidade de que sejamos simplesmente um alvo das forças externas (como acontece quando nascemos, pois não temos o mínimo controle sobre a nossa conduta, sobre o comportamento dos outros, sobre o ambiente físico em que nos encontramos. Estamos à mercê de qualquer força interessada em nos influenciar: e nós mesmos somos impotentes para influenciar qualquer coisa ou pessoa intencionalmente) e aumentar a probabilidade de que nós mesmos exerçamos força". (David K. Berlo. In: O processo de Comunicação, Introdução a teoria e à pratica")

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O desenvolvimento da comunicação humana

 

 

 

 

 

O levantamento histórico e evolutivo da comunicação humana fornece subsídios fundamentais na medida em que pode traçar uma linha comparativa entre seu aparecimento e a alteração do comportamento social.

Melvin L. DeFleur e Sandra Ball-Rokeach em Teorias da Comunicação de Massa dividem a evolução da comunicação humana em etapas. Eles descrevem as várias etapas do desenvolvimento da comunicação (era dos símbolos e sinais, era da fala e da linguagem, era da escrita, era da impressão, era da comunicação de massa) mostrando através de fatos da história da humanidade, a intensa ligação entre a evolução do homem e sua capacidade de se comunicar.

A partir dos registros de fósseis encontrados e analisados por paleoantropólogos durante mais de um século, determinou-se que o processo evolutivo, que originou a humanidade, data de uns 70 milhões de anos. Paleontropólogos afirmam que o ancestral da ordem primata foi o proconsul, pequena criatura parecida com um rato que viveu no período dos dinossauros, e somente após milhões de anos, surgiram os primeiros animais parecidos com os macacos. Estudos revelam que eles teriam surgido na África subsaariana, e, por isso, essa localidade é considerada como o provável lugar da origem da família humana. O pesquisador Anta Diop, em sua obra The African Origin of Civilization: myth or reality (1974) e essa hipótese.

Muitos estudiosos consideram que a competição por comida e território, foram as forças influenciadoras para o desenvolvimento dos primatas. Estabelecendo uma cadeia evolutiva, teríamos por ordem cronológica, o Dryopithecus, Ramapithecus, Australopithecus africanus, Homo habilis, Homo erectus, Homo sapiens neanderthalensis, Homo sapiens, sapiens .

Entretanto, existe uma controvérsia entre os estudiosos, decorrente do fato que, muitos deles consideram a possibilidade do Ramapithecos ter sido um animal com a capacidade de andar erecto, sendo assim, ao invés do Australopithecus, primeiro membro da família Hominidae (criatura com aparência humana).Existem, porém, sinais claros de que a cadeia ancestral do ser humano partiu-se em duas linhas separadas. A primeira linha resultou em criaturas mais corpulentas e musculosas que o homem contemporâneo. O homem de Neanderthal (Homo sapiens neanderthalensis) foi descendente dessa linha ocupando a área européia e partes do Oriente Médio há aproximadamente uns 125 a 150 mil anos. Misteriosamente os homens de Neanderthal extinguiram-se. Não existem sinais claros de guerra, praga ou qualquer outro fenômeno que possa ser determinante desse fato.

A segunda linha, segundo estudiosos, desenvolveu-se mais tarde ocupando a área antes habitada pelos homens de Neanderthal. Denominados de Cro-Magnon (Homo sapiens, sapiens), eles apareceram primeiramente em partes da Europa e do Oriente Médio por volta de 90 a 40 mil anos atrás. Os homens de Cro-Magnon foram o produto final de um processo evolutivo de 70 milhões de anos.

Embora seja difícil determinar parâmetros de análise para determinar o grau de desenvolvimento da comunicação humana, identificar os momentos específicos em que o homem efetivamente realizou avanços sucessivos em sua capacidade de trocar, registrar e difundir informações tem-se mostrado uma forma bastante eficaz de análise. Esse procedimento possibilita detectar como essa capacidade influenciou a estrutura social e alicerçou o desenvolvimento tecnológico, que de modo geral, são os fatores determinantes de desenvolvimento.

Numa visão abrangente da história pode-se considerar a Era dos Símbolos e Sinais como a primeira etapa significativa do desenvolvimento da capacidade humana de se comunicar. Nessa etapa, iniciada na vida pré-hominídea e proto-humana, estes seres pré-humanos comunicavam-se basicamente como fazem os outros mamíferos. Suas respostas eram muito mais influenciadas pelas respostas herdadas e instintivas do que a partir de um comportamento adquirido por meio da comunicação. Sabe-se que foram necessários milhões de anos de evolução pré-humana para que, a partir do desenvolvimento

O objetivo básico da comunicação humana é alterar as relações originais entre o próprio organismo humano e o ambiente em que ele se encontra. Especificando mais: o objetivo básico é reduzir a probabilidade de que sejamos simplesmente um alvo das forças externas (como acontece quando nascemos, pois não temos o mínimo controle sobre a nossa conduta, sobre o comportamento dos outros, sobre o ambiente físico em que nos encontramos. Estamos à mercê de qualquer força interessada em nos influenciar: e nós mesmos somos impotentes para influenciar qualquer coisa ou pessoa intencionalmente) e aumentar a probabilidade de que nós mesmos exerçamos força". (David K. Berlo. In: O processo de Comunicação, Introdução a teoria e à pratica")

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da capacidade de aprendizagem, desenvolve-se um sistema de comunicação baseado em símbolos e sinais efetivamente convencionados.

A Era dos Símbolos e Sinais foi sucedida pela etapa da Idade da Fala e da Linguagem. Estudiosos acreditam que esta fase está diretamente ligada ao súbito aparecimento do homem de Cro-Magnon. "Embora esta conclusão não seja universalmente aceita, parece que esses novos ancestrais mais imediatos começaram a falar algures entre 90 a 40 mil anos atrás". É fato que há cerca de de 55 mil anos, a linguagem já se achava em uso.Acredita-se que foi apenas há uns 5 mil anos que ocorreu transição para a Era da Escrita e um fato curioso é que comprovadamente pode-se afirmar que esta etapa se desenvolveu independentemente, e, muitas vezes, simultaneamente, em várias partes do mundo. "Os chineses e os Maias, especificamente, criaram a escrita de forma totalmente independente", mas a mais antiga transição ocorreu entre os sumérios e os egípcios no antigo Crescente Fértil, no que hoje são partes da Turquia, Iraque, Irã e Egito.

Mais recentemente surge a Era da Imprensa (1455, na cidade alemã de Mainz) com a produção do primeiro livro por meio do uso de uma prensa. Essa tecnologia, primeiramente, difundiu-se rapidamente por toda a Europa, sendo levada posteriormente para todas as partes do mundo, alterando significativamente a maneira pela qual o homem desenvolvia e preservava sua cultura.

Entretanto, para a maioria dos estudiosos, o surgimento da Era da Comunicação de Massa data do início do século XX, e, muitos estudiosos consideram ainda, que esta era é representada mais realisticamente pelo surgimento do cinema, rádio e TV. Outros estudiosos defendem que o ser humano já vivência hoje uma nova etapa que denominam Era dos Computadores.

Curiosamente, nota-se que existe, obrigatoriamente, uma acumulação de conteúdo na transição de uma etapa para outra, o que permite concluir que as etapas de evolução cada vez serão mais rápidas e breves.

Aprofundando-se no estudo da Era da Comunicação de Massa, nota-se que, com o aparecimento e aceitação da imprensa de massa (que ocorreu na Era da Impressão), o ritmo da comunicação do ser humano tornou-se cada vez mais intenso. Em 1844 ocorre o surgimento do telégrafo* que, embora não fosse um veículo de massa, pode ser considerado como um dos precursores dos veículos de comunicação massa eletrônicos. (principalmente porque permitiu uma acumulação tecnológica que resultou nos veículos de massa eletrônicos).

Logo no começo do séc. XX (primeira década) surgiu o cinema** que, rapidamente, tornou-se uma forma de entretenimento familiar. Após o surgimento do cinema, houve a criação do rádio doméstico (meados de 1920) e da televisão doméstica (idos de 1940).

Efetivamente foi no começo da década de 50 que o Rádio tornou-se uma febre nos lares americanos, principalmente por meio de sua utilização nos automóveis, gerando também uma múltipla penetração do meio nos domicílios, na forma de rádios para o quarto de dormir e para a cozinha em conjunto com um crescente número de aparelhos transistorizados e miniaturizados.

Processo parecido ocorreu com a televisão no final dos anos 50 e início dos 60. Na década de 70 a TV praticamente já estava presente em todos os EUA. A partir daí novos veículos de comunicação, com base na TV e rádio, foram adicionados ao nosso cotidiano: TV a cabo, videocassete, filmadoras, vídeotexto, transformando a comunicação de massa em um dos fatos mais significativos e importantes da vida moderna.

Dois fatos não podem passar desapercebidos quando estuda as transições na capacidade do ser humano se comunicar:1) A evolução da comunicação sempre esteve presente na história da humanidade;2) O surgimento dos veículos de comunicação de massa pode ser considerado bem recente. Esses dois fatos são importantes porque nos permitem duas conclusões:a) Tendo como base a história, pode-se supor que surgirão novas evoluções na comunicação, sempre num ritmo mais dinâmico que dificulta a análise e o controle das influências da comunicação de massa frente à sociedade moderna.b) Sendo o aparecimento da comunicação de massa recente, pode-se supor que o indivíduo em geral não percebe a importância que esse processo tem no desenvolvimento da sociedade como um todo, seja em nível tecnológico, seja conceitual.Numa sociedade em que o acesso à informação é cada vez mais acelerado, torna-se fundamental reavaliar a utilização da comunicação em esfera global, na medida em que, as pessoas têm acesso a qualquer tipo de informação.

Bibliografia

DEFLEUR, M.L.; BALL-ROKEACH, S. Teorias da Comunicação de Massa. São Paulo: Ed. Paulista, 1985.DIOP, Cheikh Anta. The African Origin of Civilization: myth or reality. New York, 1974.K. BERLO, David. O Processo de Comunicação, Introdução a teoria e à prática. Ed. Martins Fontes, 1982.