O despertar de uma canção - Joice Lourenço

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Numa tentativa de esquecer o passado traumático, Hanna deixa tudo para trás e sai em busca de uma vida independente: morar sozinha na praia de seus sonhos. Aquele lugar ela sinônimo de liberdade e ela luta contra todas as barreiras que a impedem de ser quem um dia já foi. Mas então, percebe que sozinha não irá conseguir ir adiante. Um porteiro misterioso e um amigo de infância fazem parte dos seus dias. As lembranças do seu passado e daquela praia invadem a sua vida. E ela tem apenas uma alternativa: Perdoar e viver em liberdade. Será que Hanna será capaz de conseguir perdoar o homem que destruiu a sua vida? Conseguirá realmente vencer seus traumas? E aquela canção que escutava quando menos esperava, o que era aquilo? Teria alguma ligação em morar naquela praia. Venha se emocionar e entre nesse mundo. Você vai descobrir quem é a verdadeira Hanna.

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2014Edição 1

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Diagramação: Joice Lourenço

Arte da capa: Joice Lourenço com base no banco de imagens (http://commons.wikimedia.org)

Todos os direitos desta obra são exclusivos da autora.

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Agradecimentos

Primeiramente e sempre, agradeço a Deus por ter me presenteado com a escrita em minha vida. Agradeço a Ele por ter colocado dentro do meu coração essa história, pois acredito que cada um será despertado de alguma forma. Querido leitor, oro por você, para que conheça e se surpreenda com o amor de Deus da forma mais real e perfeita que existe. Este livro é para você. Deixe seu coração aberto e receba o melhor de Deus em sua vida.

Papai do céu, meu amado Jesus, te louvo por este livro, pela capacidade que me deste a escrever. Não seria nada sem você!

Quem é escritor sabe como funciona a vida diária, né? Ideias e mais ideias, e precisa ser compartilhado de alguma forma. E é nessa hora, como em todas, que tenho que agradecer ao meu lindo marido, presente mais que perfeito de Deus. É ele que escuta as minhas vagens literárias, a minha animação por cada comentário de leitores, por cada curtida... É ele que aprova as minhas capas e o nome dos livros. Meu amor, te amo demais. Você é o melhor marido do mundo!

Poderia estender os meus agradecimentos e então teríamos mais um livro para vocês lerem, mas vou deixar aqui os meus agradecimentos a pessoas essências na construção de cada história, de cada conto, de cada nova ideia. Minhas amigas e escritoras que moram ternamente em meu coração: Gleize Costa (Eu te olhava pela janela), Graci Rocha (Solitud – Um amor de cinema) e Renata Martins (Adolescente – alguém te entende). Vocês, além de amigas para todas as horas, são minha leitoras beta, minhas incentivadoras, minhas animadoras... Não tenho palavras, então o que posso fazer é só agradecer a Deus pela vida de vocês. Oro sempre por cada uma. Amo vocês!

Agora, o que dizer da Neiva Meriele? Te agradeço minha amiga, por ler com tanto carinho e prefaciar O despertar de uma canção.

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Pensei em inúmeras pessoas para prefaciar esse livro, mas no meu coração só vinha você, acredito que foi a pessoa perfeita para isso. Obrigada pela amizade. Estamos juntas!

Aos meus familiares que me aponham. Minha cunhada Yanaiana (Bem vinda a família) que lê tudo o

que escrevo. Já te disse o quanto isso é importante para mim, né? Amo você! Deus foi perfeito em te colocar na nossa família.

Não posso deixar de agradecer a cada leitor, blogueiro, escritor que sempre me aponham, seja comentando, compartilhando ou torcendo por mim. Não vou citar todos, pois como disse, a lista seria extensa. Então aqui vai o meu MUITO OBRIGADO. Vocês fazem a diferença em minha vida. Escrevo para vocês, meus lindos.

Que nossos corações possam ser despertados a cada manhã. Nunca é tarde meu querido, nunca é tarde para se dar uma nova chance.

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PrefácioEm algum momento da sua vida você já esteve em uma

encruzilhada, sem saber por qual direção seguir? E então, escolheu o caminho errado, percorreu caminhos tortuosos e, por pouco, não esqueceu como voltar para casa?

Nossa vida é feita de momentos felizes e tristes. Na maioria das vezes, esses dois sentimentos opostos são o resultado de nossas escolhas. Em O despertar de uma canção, a personagem Hanna nos leva a refletir sobre o assunto.

Na vida temos o chamado livre arbítrio, temos o poder de escolha. Durante anos, Hanna escolheu alimentar-se diariamente da dor causada pelo seu passado sombrio. Eram mais fortes do que ela os sentimentos conflitantes que dominavam seu interior, afastando-a cada dia mais de Deus.

Ao longo da história fiquei imaginando o quanto pode ser angustiante não ter mais a quem recorrer na hora do sofrimento. Sentir-se tão afastada de Deus que, antes mesmo das palavras serem dirigidas a Ele, forem abafadas pela mágoa.

Mas o que é Deus senão amor? E o amor é capaz de derrubar todas as barreiras. O amor é o sentimento mais nobre que existe, no entanto, ele só pode entrar quando o coração está livre de ressentimentos. Mas a cura, muitas vezes, não é tão simples assim. É uma matemática difícil. Se existir perdão haverá cura, se existir cura haverá amor.

Neste livro, o AMOR é a chave para a cura de um passado doloroso. Ele se apresentará de todas as maneiras: através da forte amizade perceptível entre os personagens, através do carinho infinito de um Deus que jamais esquece um filho Seu, e claro, através de um amor puro entre dois corações que se deixaram levar pelo sentimento que fará despertar neles a canção adormecida.

A sequência do livro Simplesmente Ame, passa ao leitor aquela certeza de que nunca é tarde para encontrar a verdadeira felicidade. Se abrirmos nosso coração para o novo e deixarmos de lado todos nossos temores, entregando-os a Deus, o resultado será muitas caixinhas de bênçãos sendo abertas diariamente em nossas vidas.

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Neiva Meriele

Autora de “A hora da verdade”.

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"No amor não existe medo; antes, o perfeito amor

lança fora o medo...”I João 4.18

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Capítulo 1O passado ainda me amedrontava, mas eu

seria forte, mesmo ainda não sabendo como. Era o começo de uma nova vida!

             Hanna fechou os olhos, enquanto sentia aquela flagrância tão conhecida e que tinha saudades. Inspirava lentamente, deixando que o vento bagunçasse seus cabelos, agora compridos. Era inexplicável a sensação que tinha com o simples movimento de seus cabelos. Aquilo era sinônimo de liberdade, algo que almejava há muito tempo.

            Três anos se passaram e esta era a primeira vez – depois de tudo o que aconteceu – que ela colocava seus pés naquela areia macia e tão conhecida. Há anos que lutava contra um passado e um trauma que não a deixava viver plenamente.

            No entanto, exatamente dois meses atrás, tomando uma coragem que não sabia de onde vinha, decidiu que estava na hora de enfrentar a si mesma. Não importava se iria doer ou o quanto poderia sentir-se desesperada. Apenas uma coisa tinha certeza, este era o seu lugar. Sua nova vida! E apesar de todos os medos que a perseguiram durante o trajeto de uma hora da casa de seus pais até aquela praia, sentia a paz que tanto queria, a certeza de que pela primeira vez – em meses – estava fazendo a coisa certa. Mesmo sabendo que sua família e seus amigos não gostaram da idéia, ela sabia que era isso que tinha que fazer. Estava desesperada para dar um rumo em sua vida. Precisava voltar a viver novamente e sabia, a praia do Ervino era o lugar escolhido pelo destino.

            Diante daquele mar imenso,  do cheiro da marísia e do vento forte que a deixava com aquela sensação de liberdade; um som veio à sua memória. Era delicado! Nota por nota sendo inspirado por algo que estava além da compreensão. Não era qualquer tipo de som, era

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a melodia mais linda que já havia escutado. Tão pura e sublime que simplesmente ela se perdeu naquele som por alguns minutos. Parecia ser mais nítido, diferente das outras vezes que escutara aquela canção.

            Era estranho, quando menos imaginava e nos lugares mais improváveis, a música surgia em sua mente. Aquilo era confuso, Hanna não entendia, mas a melodia era tão linda e profunda, que cada vez que sentia suas notas, apenas fechava os olhos e escutava. Era como um bálsamo em sua vida. E um mistério que estava curiosa para desvendar. O que tinha através dessa música? Por que ela a perseguia? Ou, será que Hanna estava ficando louca? Era algo que estava além da sua compreensão.

            De repente, ela escutou algumas vozes despertando-a de seus devaneios. Ficou estática, fechou os olhos e sentiu um tremor conhecido percorrer todas as veias de seu corpo. Seu coração começou a bater freneticamente e sentiu uma leve dormência em suas pernas, braços... Começou a sentir-se desesperada. Precisava se acalmar, tinha que agir, de alguma forma. Tentou respirar fundo enquanto ligeiramente pegava o seu fiel companheiro, o spray de pimenta. Quando estava preparada para atacar quem quer que fosse, escutou o seu nome.

            Parou com o spray no ar, ficando atenta a voz que chamava pelo seu nome. O tom dela parecia conhecido. Tentou manter a calma mais uma vez e mesmo desconfiada, lentamente se virou, temendo quem estivesse ali. Mas, para sua surpresa e alivio, o que viu a vez abrir um enorme sorriso. Colocou a mão no coração, ainda se recuperando daqueles minutos intenso de desespero. Era a voz de sua amiga que a estava chamando do outro lado da rua. Quanto tempo que não os via.

            Camile e Daniel estavam atravessando a pequena rua, animados em vê-la depois de anos.

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— Hanna! Senti a sua falta — Camile a abraçou fortemente.

Como era bom estar perto deles novamente. Assim que sua amiga saiu de seus braços olhou para Daniel que a encarava de uma maneira estranha. Aquilo a intrigou.

— O que é isso na sua mão? – ele indagou.

— Isso? – Ela apontou o spray de pimenta e o aproximou do rosto do amigo, apenas para provocá-lo como costumava fazer antigamente — É para nenhum homem se aproximar de mim.

— Principalmente você, Daniel – Camile disse, recordando da apaixonite que ele tinha por ela quando adolescentes. Hanna fitou a amiga e caíram na gargalhada. Como era bom estar todos juntos outra vez!

            Quando se recomporam, Camile apresentou seu marido que havia acabado de se juntar a eles.

             — Este é o Adriano.

            Hanna o cumprimentou seriamente. Apesar de sorrir um pouco, não mostrava tanta simpatia. Aquilo a pegou desprevenida, e antes que pudesse analisar mais a fundo aquele homem alto e estranho, voltou a atenção para a amiga que não parava de falar.

— E tem mais uma pessoinha para te apresentar. Vem comigo! – Ela pegou na mão da amiga conduzindo-a para o outro lado da rua.

Alguns metros depois, entraram em outra rua, mais estreita. Hanna pode aproveitar e visualizar algumas casas que conhecia. Estavam mais bonitas, algumas pareciam que tinham aumentado de tamanho. Havia outra, toda cercadinha, rodeada de flores. Achou linda e exatamente naquela sua amiga entrou, abrindo um pequeno portãozinho. O que ela queria tanto lhe mostrar? Estava curiosa, devia ser algo muito importante para fazer todo aquele mistério.

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Todos sorriam, trocando alguns comentários sobre como estavam as coisas naquela praia, mas ninguém falou sobre o porquê de estarem indo naquela casa. Pela lógica, devia ser a casa de Camile e Adriano. Será que era isso que queria mostrar? Se era, estava muito admirada pela sua casa. Era exatamente como a amiga sempre falava que iria ser. Pelo jeito estava conseguindo realizar todos os seus sonhos, diferente dos de Hanna, que o seu passado havia destruído.

Subiram numa pequena escada e entraram após passar por uma pequena varandinha com duas redes. A cara da Camile! Pensou Hanna, feliz pela amiga. Quando chegaram a sala, ela ficou ainda mais admirada. Era pequena, mas tudo tão delicado! Os móveis, os enfeites, até os pequenos quadros davam àquele ambiente um lugar muito aconchegante. No canto havia um sofá grande marrom e nele estava sentado um jovem que não conhecia. Segurava um bebê em seu colo.

Camile abriu um sorriso enorme e pegou a criança. Chegou perto de Hanna, e assim que ela sentiu a aproximação das duas, compreendeu o porquê da sua alegria tão irradiante.

_ É sua filha?! – Hanna ficou extasiada com a novidade enquanto observava a pequena bebê de apenas um ano, toda sorridente.

            Seu rosto era delicado e transmitia muita alegria. Não parava se sorrir para Hanna. Isso a deixou emocionada. Que vontade que tinha de pegá-la no colo e beijá-la, mas no instante em que pensou em fazer isso seus pés travaram. Inesperadamente as lembranças começaram a voltar, numa fração de segundos ela sentiu novamente a dor de tudo o que passara.

            Já fazia mais de três anos que havia perdido o seu bebê, pensou que tinha superado essa parte da sua vida. Ainda mais depois de passar tanto tempo ao lado da sua priminha Vitória. Mas, ao ver aquele anjinho, não sabia o porquê, ficou estática.

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            Respira... respira Hanna!  Tentou se recompor, mas não conseguia, era mais forte do que ela. Não estava entendendo aquilo tudo.

            — Hanna... Hanna... – Camile a cutucou no ombro tentando acordá-la daquele transe.

— Você está bem?

            Hanna finalmente voltou em si — Desculpe... Linda a sua menina... Olha, preciso ir – deu um sorriso sem graça sentindo-se um pouco desnorteada.

            Precisava sair imediatamente daquele lugar. Ar! Era o que precisava! Estava desesperada para poder respirar um pouco, fora daquele ambiente. Então, foi embora sem falar mais nada, deixando todos sem entenderem o seu comportamento.

***

            Hanna andou o mais rápido que pode até o seu carro. Trancou-se lá e então deixou as lágrimas amargas caírem de forma desesperada. Como odiava aqueles momentos. Sentia-se inútil e sufocada pelas lembranças constantes. Estava presa ao passado e as correntes deste pareciam não quebrar-se nunca.

            Depois de muito tempo, conseguiu se recompor. Respirou fundo, enxugando o restante das lágrimas. Suspirou e ligou o carro, percorrendo alguns metros até chegar na frente de um muro branco, ainda na rua principal da praia. Entrou num pequeno portão e estacionou o carro. Àquela era a sua nova moradia. Já conhecia o lugar e pelo jeito, não havia mudado nada. Continuava lindo como sempre!

            Pegou sua bolsa e uma mochila, e em passos rápidos passou pelo caminho de pedras – que ficava na frente das casas germinadas

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– até chegar à portaria. A única coisa que queria naquele momento era as chaves de sua casa.

— Boa noite! Posso ajudar? – O porteiro a recepcionou, reconhecendo-a imediatamente. Ele apenas deu um leve sorriso. Hanna ficou imóvel por um momento. Sabia que seus olhos deviam estar inchados e sua cara péssima, mas antes que deixasse sua fraqueza aparecer, ignorou o fato de tê-lo visto na casa de Camile, há uma hora atrás.

            — Sou Hanna Caryn, a nova moradora do condomínio.

Mostrou seus documentos e ele no seu profissionalismo pediu para preencher um formulário. Como combinado pagou os três primeiros meses e após o recibo ele lhe deu a chave.

            — Obrigado! – Disse com educação e virou as costas, andando pela calçada do condomínio procurando pelo número 09. Para a sua alegria ficava perto da portaria e do restaurante que iria trabalhar. Achou perfeita a localidade.

            Quando destrancou a porta percebeu que havia alguém atrás dela. Pegou o spray de pimenta na bolsa e estava se preparando para atacar, quando encontrou os olhos estreitos e assustado do jovem porteiro.

            — Não sou o Daniel – Respondeu seriamente tentando não rir. Por um momento ela quase abriu um sorriso com a resposta, mas não teve tempo, pois percebeu que ele havia entrado na casa. Não estava acreditando naquilo.

            O porteiro estava explicando tudo sobre o que precisava saber em relação à casa e ao condomínio. E não era apenas isso, falou também em qual horário o sol batia na varanda e até sobre o mercado e a padaria mais próxima dando um pequeno mapa da praia.

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            Hanna ficou de braços cruzados o encarando de maneira cética. Era muito abusado! Não via a hora dele sair, no entanto, pelo que percebeu, ainda teria que aguentá-lo por mais um tempo.

            Quem ele pensava que era para agir dessa maneira? Para que todas aquelas informações? Não era criança, sabia exatamente como é morar numa casa e conhecia muito bem a praia.

            Antes que pudesse se irritar ainda mais com o sujeito, saiu da casa e foi buscar suas coisas no carro. Hanna percebeu que ele a estava seguindo e isso a deixou ainda mais nervosa.  

            — Faz parte do meu trabalho – Explicou assim que a alcançou, percebendo o seu jeito.

            — Mas eu não quero que você faça isso – Enfatizou mais uma vez.

            Hanna estava tão irritada que não media as palavras. Seu coração acelerava mais que o normal e teve a sensação de que entraria em pânico. Não queria começar sua nova vida sendo grosseira com o jovem porteiro, que só estava fazendo o seu trabalho. Por que tudo estava se tornando tão difícil?

            Tentou respirar fundo e se concentrar em carregar a sua mudança o mais rápido possível para se ver livre daquele porteiro.

— Pronto! A última caixa – Comentou o jovem, depois de alguns minutos carregando as caixas que estavam no carro de Hanna. Colocou-a no chão da sala já mobiliada e encarou-a.

 — Qualquer coisa que precisar é só falar comigo na portaria.

            Naquele instante Hanna estava bebendo um copo de água para tentar manter a calma. Sua mão estava tremendo, seu coração pulava mais rápido que o normal. Ela fez de tudo para disfarçar, mas não conseguiu.

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            O porteiro percebeu e se aproximou gentilmente — Você está bem?

            Ela o olhou e respirou fundo — Vou estar, se você e todos os homens da face da terra ficarem  longe de mim.

            O jovem ponderou àquela resposta por um momento. Não sentiu-se ofendido, pelo contrário, ficou intrigado. O que aquela jovem tão bonita e sensível passou para agir daquela maneira?

            Antes de deixá-la a encarou seriamente, suas palavras esbanjaram doçura — Não sei o que aconteceu, mas eu sou um homem decente. Nunca faria mal algum.

  Hanna sentiu o impacto que aquelas palavras fizeram em suas emoções. Foi a primeira vez que escutou isso em sua vida. Perdeu-se, por poucos segundos, naqueles olhos verdes e sinceros que o jovem moreno carregava.