O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida...

66

Transcript of O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida...

Page 1: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus
Page 2: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

ANTIGÜIDADE – SÉC. VI A. C. – III PRÉ-SOCRÁTICO – SÉC. VI A. C. – V A. C.

CLÁSSICO – SÉC IV A.C – III A.C

PÓS-SOCRÁTICO SÉC. II A. C. – III

MEDIEVAL – SÉC. IV – XIV

MODERNO – SÉC. XV – XIX

CONTEMPORÂNEA – SÉC. XX ATÉ HOJE

Page 3: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Os filósofos Pré-Socráticos buscam o fundamento de tudo que existe.

Os principais nomes são:

Tales de Mileto, Pitágoras, Heráclito, Parmênides, Demócrito.

Page 4: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Heráclito (544-484 a.C.): nasceu

em Éfeso, na atual Turquia. Busca compreender a multiplicidade do real sem rejeitar as contradições, pois quer apreender a realidade na sua mudança, no seu devir. Todas as coisas mudam sem cessar, e o que temos diante de nós em dado momento é diferente do que foi há pouco e do que será depois: "Nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio", pois na segunda vez não somos os mesmos, e também o rio mudou.

“Para os que entram nos mesmos rios,

correm outras e novas águas. [...] Não se

pode entrar duas vezes no mesmo rio”

(Heráclito).

Page 5: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Heráclito (544-484 a.C.): Para ele o ser é o múltiplo. Não no sentido apenas de que existe a multiplicidade das coisas, mas de que o ser é múltiplo por estar constituído de oposições internas. O que mantém o fluxo do movimento não é o simples aparecer de novos seres, mas a luta dos contrários, pois "a guerra é pai de todos, rei de todos". E é da luta que nasce a harmonia, como síntese dos contrários.

Page 6: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Parmênides (540-470 a.C.) : viveu em

Eléia, atual Itália, e ocupou-se em criticar a filosofia heraclitiana: ao "tudo flui", contrapôs a imobilidade do ser. Para ele é absurdo e impensável considerar que uma coisa pode ser e não ser ao mesmo tempo. À contradição opõe o princípio segundo o qual "o ser é" e o "não-ser não é". Conclui, a partir disso, que o ser é único, imutável, infinito e imóvel. Não há, entretanto, como negar a existência do movimento no mundo que percebemos, onde as coisas nascem e morrem, mudam de lugar e se expõem em infinita multiplicidade.

“Necessário é dizer e

pensar que só o ser é; pois o

ser é, e o nada, ao contrário,

nada é: afirmação que bem

deves considerar”

(Parmênides).

Page 7: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Para Parmênides, o movimento existe apenas no mundo sensível, e a percepção levada a efeito pelos sentidos é ilusória. Só o mundo inteligível é verdadeiro, pois está submetido ao princípio que hoje chamamos de identidade e de não-contradição.

Uma das conseqüências dessa teoria é a identidade entre o ser e o pensar. Ou seja, as coisas que existem fora de mim são idênticas ao meu pensamento, e o que eu não conseguir pensar não pode ser na realidade.

Page 8: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Os filósofos passam a pensar também as questões humanas e a se preocuparem com a sistematização do conhecimento filosófico.

Os principais nomes são:

Sócrates, Platão e Aristóteles.

Page 9: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Sócrates (470-399 a.C.) nada deixou escrito, e teve suas idéias divulgadas por seus discípulos, Xenofonte e Platão. Nos diálogos de Platão ele é o principal interlocutor.

Ele parte do pressuposto "só sei que nada sei”, que consiste justamente na sabedoria de reconhecer a própria ignorância, ponto de partida para a procura do saber. Seu método começa pela parte "destrutiva", ironia ("perguntar"). Afirma inicialmente nada saber, diante do oponente que se diz conhecedor de determinado assunto. Com perguntas, desmonta as certezas até o outro reconhecer a ignorância. Parte para a segunda etapa do método, a maiêutica ("parto"). – “dar à luz” idéias novas.

Page 10: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Sócrates (470-399 a.C.) Ele destrói o

saber constituído para reconstruí-lo na procura da definição do conceito. As questões socráticas privilegiam a ética e a moral. Diante de diversas manifestações de coragem, quer saber o que é a "coragem em si". Ele precisa para isso inventar palavras novas, ou dar às antigas um sentido diferente. Sócrates utiliza o termo logos, que significava "palavra", e que no sentido filosófico passa a significar "a razão que se dá de algo", ou conceito.

Page 11: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Platão (428-347 a.C.): viveu em Atenas, onde fundou uma escola denominada Academia. O Mito da Caverna sintetiza suas idéias. Sua análise pode ser feita sob o ponto de vista do conhecimento e ou do político. No Mito da Caverna: o filósofo (aquele que se libertou das correntes) deve retomar ao meio dos homens para orientá-los. Essa é a dimensão política da filosofia de Platão. Para ele, existem dois mundos: o mundo sensível e o mundo inteligível. O mundo inteligível, ou mundo das idéias, é o mundo real, não material, onde só existem as idéias (o que diz o que algo deve ser) imutáveis que são reguladas pela idéia de bem (perfeição). É um mundo perfeito e estático e somente nele pode acontecer o verdadeiro saber (conhecimento). A idéia é reguladora, nunca é atingida no mundo sensível.

Page 12: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Platão (428-347 a.C.): Já o mundo sensível, ou nosso mundo, é o mundo ilusório, onde acontece o movimento. É o mundo material das cópias (cópia material de uma idéia do mundo inteligível) e dos simulacros (o mal, que é algo que existe somente no mundo sensível, uma cópia que perdeu ou nunca teve uma relação com o mundo inteligível), onde não acontece o verdadeiro conhecimento, onde impera a opinião (PLATÃO, 1972).

Platão aproveita de Sócrates a noção de logos, e cria a palavra idéia para referir-se à intuição intelectual, distinta da intuição sensível. Acima do mundo sensível, há o mundo das idéias gerais, das essências imutáveis que o homem atinge pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos.

A teoria da participação explica como isso acontece: algumas coisas no mundo sensível participam da idéia do mundo inteligível, isto é, é cópia da idéia: a cópia do bem é o belo. Quando algo não participa de uma idéia, passa a ser um simulacro, o mal (PLATÃO, 1972).

Page 13: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Platão (428-347 a.C.): Existe a idéia de ser humano no mundo inteligível e a humanidade é composta de cópias materiais da idéia de ser humano. Um ser humano do mundo sensível é um composto de corpo (material) e alma (imaterial, que já esteve no mundo inteligível e encarna diversas vezes) (PLATÃO, 1972). O conhecimento, segundo Platão (1972), acontece de duas formas: contemplação (alma separada do corpo no mundo inteligível): quando a alma está no mundo das idéias ela “vê”, sabe das idéias; lembrança ou re-conhecimento (ser humano composto de corpo e alma do mundo sensível): ao encarnar o homem esquece tudo que sabe e através de um método (dialética) ele lembra o que já sabia. Esse segundo processo pode ser auxiliado pela música harmoniosa, pela matemática e pela apreciação das coisas belas. Para se chegar ao re-conhecimento, passa-se pela conjectura, opinião, saber, até relembrar as idéias. Platão busca superar a oposição instalada pelo pensamento de Heráclito (mutabilidade do ser) e Parmênides (ser é imóvel): o mundo das idéias se refere ao ser parmenídeo, e o mundo dos fenômenos ao devir heraclitiano.

Page 14: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Aristóteles (384-322 a.C.): nasceu em

Estagira. Seu pai era médico de Filipe, rei da Macedônia e pai de Alexandre, que foi discípulo do filósofo até que assumiu o poder e continuou a expansão do império. Freqüentou a Academia de Platão e a fidelidade ao mestre foi entremeada por críticas. Dizia: "Sou amigo de Platão, mas mais amigo da verdade”. Em 340 a.C. funda em Atenas o Liceu.

Page 15: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Ele não aceita a existência de dois mundos separados. Para Aristóteles (1969), existe um único mundo, constituído por substâncias. Uma substância é um composto de matéria e forma. A matéria é o elemento material (físico, químico, biológico) mesmo. A forma é a definição, é o que diz o que uma coisa é (e não como deve ser, como em Platão). Toda substância é em ato o que ela manifesta, mas é em potência (possibilidade) uma série de outras manifestações. Exemplo: uma semente é em ato uma semente, mas é em potência uma árvore. O conhecimento e a ciência emergem quando se conhece as quatro causas da substância. A teoria das quatro causas (ARISTÓTELES, 1969) diz que, para se saber o que é uma substância, é necessário conhecer: a causa material (do que é composto materialmente), a causa formal (o conceito que pode ser abstraído da observação de diversos casos semelhantes), a causa eficiente (como foi engendrado), e a causa final (a origem e/ou a finalidade da existência de algo).

Page 16: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

“ Aquilo por onde pode começar o conhecimento de uma coisa também é chamado o começo dela; p. ex., as hipóteses são o começo das demonstrações. (As causas comportam um número igual de sentidos, pois todas as causas são começos.) A todos os começos, pois, é comum o serem o ponto de partida de que uma coisa se gera ou é conhecida; desse, no entanto, alguns lhe são inerentes e outros lhe são exteriores. Por isso a natureza de um ser é um começo, como também o é o elemento de uma coisa, e o pensamento, a vontade, a essência e a causa final – pois o bom e o belo são o começo tanto do conhecimento como do movimento de muitas coisas” (ARISTÓTELES, 1969, p. 111). O ser humano, nesse contexto, é uma substância cuja matéria é o corpo e a forma, a racionalidade. Com o corpo, o ser humano apreende o que as substâncias manifestam (singularidades) e com a racionalidade ele irá abstrair o que justifica essas existências (conceitos universais).

Page 17: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Aristóteles aposta na organização da racionalidade humana para desenvolver sua proposta de conhecer a substância pelas quatro causas. Ele funda a lógica: é um instrumento para o pensar racional, disciplina da Filosofia que estabelece as regras do pensamento, o qual não tem finalidade. Ele divide a lógica em: formal, que estabelece as regras do pensamento, sem preocupação com conteúdos; e, material, que trata da aplicação das regras.

De acordo com a lógica aristotélica, existem quatro princípios racionais (gerados pela própria razão): identidade (a = a): tudo é idêntico a si mesmo e não pode ser de outra forma (coisa = definição); não-contradição (a = a, ~ (a = ~ a)) não é possível que algo seja e não seja idêntico a si mesmo ao mesmo tempo; terceiro excluído (ou a = x ou a = y): ou algo é uma coisa ou é outra coisa, não podendo ser ambas ao mesmo tempo; e, razão suficiente ou causalidade: tudo tem uma causa que pode ser conhecida - sendo que as causas podem ser necessárias, quando são universais ou contingentes, quando são particulares (acaso).

Page 18: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

As principais características dos princípios da razão são: não possuírem um conteúdo determinado, serem puras formas e possuírem validade universal (todo tempo e lugar), e serem necessárias (indispensáveis, é impossível ser de outra maneira). A lógica aristotélica opera com o raciocínio lógico: vários atos da razão (juízos) são ordenados para chegar a uma conclusão. Quando o raciocínio está mal organizado, aparecem falácias ou sofismas. Os tipos de raciocínios corretos são basicamente: dedução: também conhecida como silogismo, parte do geral e verifica se um particular lhe pertence, trazendo verdade, mas não novidade; indução: de vários particulares, chega-se ao geral, trazendo verdade provável e novidade. A indução é experimental, mas exige atenção com as falácias lógicas (formal) e de falsa premissa (material) - generalizações indevidas, autoridade citada fora do assunto ou contexto; e, analogia: semelhança em casos particulares. Nesta a conclusão é particular e provável (não verdadeira).

Page 19: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Pensadores que se preocupam com as questões da ética, do conhecimento humano e das relações entre o homem e a Natureza e de ambos com Deus. As principais correntes/nomes são Ceticismo/Pírron, Epicurismo/Epicuro e Estoicismo/Sêneca e Marco Aurélio.

Pírron Epicuro Sêneca Marco Aurélio

Page 20: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Os céticos investigam e criticam as condições de produção de conhecimento e se é possível este ter a pretensão de encontrar a verdade.

O epicurismo é a corrente dos que seguem

Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus ensinamentos morais. Para ele, prazer era sinônimo de ausência de dor, ou de qualquer tipo de aflição (fome, abstenção sexual, aborrecimento, etc.).

Page 21: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Os estóicos vão sempre procurar pensar as coisas na sua totalidade. A filosofia é um todo e deve ser tratada sempre em conjunto, apesar das três partes em que ela pode ser subdividida: lógica, física e ética (AUBENGUE, 1973). Estas três partes funcionam em conjunto para atingir o objetivo de todo sábio, que é o homem virtuoso, que procura viver segundo a razão para alcançar a felicidade (BRUN, [1980]). A lógica é, para os estóicos, a ciência do verdadeiro e do falso, e tem como objeto o exprimível; é ternária, trabalha com o som (palavra, significante), a coisa e o significado (exprimível). O conhecimento parte sempre da sensação, que capta o mundo pelas suas imagens; tem como objeto uma impressão, uma afecção, que produz um efeito dentro da alma e que se exprime neste efeito; é uma modificação na alma, não é só passividade, pois o sujeito do conhecimento tem suas disposições particulares e ativas (AUBENGUE, 1973).

Page 22: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Segundo o estoicismo, o mundo é um ser vivo como Deus, com o qual se confunde e é unido por uma tensão que preside sua estrutura (AUBENGUE, 1973). No mundo só existem os corpos, que na profundidade se misturam. Corpo é tudo que age e que sofre paixão, é sempre causa. A matéria é corpo, pois sofre ação, o pensamento também é corpo porque age. O que mantém esses corpos unidos, sem o vazio, é a força interna da Natureza ou Razão (BRÉHIER, 1978).

Além dos corpos, é detectada a presença dos incorpóreos, que não existem, mas subsistem ou insistem. Só os corpos existem no espaço e no presente, mas todos os corpos são causas. Os que são causados pelos corpos, são os incorporais. Eles são os efeitos dos corpos, são atributos lógicos ou dialéticos, não são coisas, são acontecimentos. Por isso, não existem e sim insistem. Eles têm o mínimo de ser possível a alguma coisa que não é. Os incorporais não estão na profundidade como os corpos, eles são efeitos de superfície. Eles não estão no presente do tempo; são aquilo que divide ao infinito cada presente.

Page 23: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Eles não estão no presente do tempo; são aquilo que divide ao infinito cada presente. Eles não são causas, são quase-causas, pois mantém laços entre si. O incorporal é passado e futuro ao mesmo tempo, pois só estas duas dimensões insistem no tempo (DELEUZE, 1988). O incorporal é um paradoxo, pois é aquilo que sempre vai para os dois sentidos ao mesmo tempo (é passado e futuro, é passivo e ativo). A ética estóica desenvolve o pensamento de que o homem, para viver bem e alcançar a felicidade proveniente da liberdade, deve procurar seguir sua tendência natural, viver conforme a Natureza ou Razão. Para viver conforme a Razão, o homem deve evitar as paixões, pois a paixão é uma doença da alma, é um movimento irracional contra a Natureza, é uma tendência sem medida (BRUN, [1980]). Além de evitar as paixões, o homem deve ser prudente, afirmar a Razão para consigo mesma; e se resignar ao Destino. Essa resignação não é um ato negativo, é um ato positivo, pois é a aceitação e a afirmação do mundo, é seguir a Razão Universal (BRÉHIER, 1978).

Page 24: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

A liberdade, e conseqüentemente, a felicidade, do homem são garantidas de duas maneiras: na interioridade do Destino; na afirmação da Razão Universal; e na exterioridade dos acontecimentos, como laços dos efeitos na superfície (DELEUZE, 1988). Assim, o sábio é livre e feliz, pois é aquele que vive segundo a Natureza ou Razão, e está isento de paixões.

Page 25: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Pensadores com influência da Igreja católica, que buscam unir fé e razão. As principais correntes/nomes são Patrística/Santo Agostinho e Escolástica/São Tomás de Aquino.

Santo Agostinho São Tomás de Aquino

Page 26: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

A Patrística é a filosofia dos Padres da Igreja, que recorre à filosofia platônica, no esforço de converter os pagãos, combater as heresias e justificara fé. Estabelece aliança entre fé e razão (a razão é considerada auxiliar da fé e a ela subordinada) e se estende por toda a Idade Média. Santo Agostinho dizia que “Creio para que possa entender”. Acontece no período de decadência do Império Romano, quando o cristianismo se expande, a partir do século II.

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte da África), retoma a dicotomia platônica referente ao mundo sensível e ao mundo das idéias e substitui esse último pelas idéias divinas. Segundo a teoria da iluminação, o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas: tal como o sol, Deus ilumina a razão e toma possível o pensar correto.

Page 27: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

A Escolástica é a filosofia cristã da escola. Desenvolve-se a partir do século IX e tem o seu apogeu nos séculos XIII - XIV, quando entra em decadência. Continua a mesma aliança entre razão e fé. Durante muito tempo predomina na Idade Média a influência da filosofia de Platão, considerada mais adaptável aos ideais cristãos. O pensamento de Aristóteles era visto com desconfiança, ainda mais pelo fato de os árabes terem feito interpretações tidas como perigosas para a fé.

A partir do século XIII, Santo Tomás utiliza as traduções feitas diretamente do grego e faz a síntese mais fecunda da escolástica, e que será conhecida como filosofia aristotélico-tomista. Daí para frente, a influência de Aristóteles se fará sentir de maneira forte, sobretudo pela ação dos padres dominicanos e, mais tarde, dos jesuítas, que, desde o Renascimento, e por vários séculos, mostraram-se empenhados na formação dos jovens.

Page 28: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Filósofos que buscam substituir o pensamento religioso pelo racional e expressam pensamento da burguesia em diversos momentos. Os principais filósofos são: Montaigne, Descartes, Bacon, Locke, Hume, Kant, Leibniz, Espinosa, Hegel, Comte, e Nietzsche.

Page 29: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

René Descartes (1596-1650) tinha como nome latino Cartesius e seu pensamento é conhecido como cartesiano. Suas obras expressam a tendência de preocupação com o problema do conhecimento. Em 10 de novembro de 1619, ele sonha que será o responsável pela unificação dos conhecimentos em bases seguras, criando um novo método que garanta essa enorme tarefa. Ele aposta em seu sonho e dedica sua fortuna, saúde e tempo nessa missão. Porém, ao longo de sua obra, o sonho é desqualificado.

Page 30: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Ele diz que o conhecimento deve começar com bases seguras, e, que, para isso, é necessário começar duvidando de tudo o que não for fundamentado, principalmente do conhecimento sensível. Entre os motivos para duvidar do conhecimento sensível, inferior ao conhecimento racional, está o fato de ser muito difícil a diferenciação entre o sonho e o que se obtém pelos sentidos estando acordado, pois “Não há qualquer indícios concludentes, nem marcas assaz certas por onde se possa distinguir nitidamente a vigília do sono” (DESCARTES, 1988, p. 18). Para ele, os sentidos nos enganam, visto que se apresentam sem distinção no sono ou na vigília.

Page 31: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

As regras do método cartesiano são: duvidar, dividir, ordenar, enumerar e revisar. Pela aplicação do método ao problema do conhecimento temos o famoso cogito cartesiano: Cogito, ergo sun (Penso, logo existo) (DESCARTES, 1987).

Assim, porque os nossos sentidos nos enganam às vezes, quis supor que não havia coisa alguma que fosse tal como eles nos fazem imaginar. E, porque há homens que se equivocam ao raciocinar, mesmo no tocante às mais simples matérias de geometria, e cometem aí paralogismos, rejeitei como falsas, julgando que estava sujeito a falhar como qualquer outro, todas as razões que eu tomara até então por demonstrações. E enfim, considerando que todos os mesmos pensamentos que temos quando despertos nos podem também ocorrer quando dormimos, sem que haja nenhum, nesse caso, que seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam entrado no meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusões de meus sonhos. Mas, logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E, notando que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de a abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpulo, como o primeiro princípio da filosofia que procurava (p. 41-54).

Page 32: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Ele começou duvidando de tudo sistematicamente e chega à primeira certeza: estou duvidando. Duvidar é uma atividade do pensamento: se duvido penso, se “penso, logo existo”. Existe um ser pensante, que pensa idéias de dois tipos: claras e distintas (gerais, universais, inatas à razão e verdadeiras, como Deus: ser infinito e perfeito) e duvidosas e confusas (particulares, adquiridas pela sensibilidade). Depois, chega à segunda certeza: Deus, ser perfeito que existe, pois seria uma imperfeição não existir. Com a existência de Deus, chega à terceira certeza: se Deus existe e é bom, não me engana, então o mundo existe, o corpo existe. Ele conclui que o conhecimento é possível, pois existe o sujeito (ser pensante), o objeto (ser extenso) e um método.

Conseqüências desse cogito: a razão é auto-evidente, absoluta e universal (racionalismo); matemática universal; dualismo: corpo, alma.

Page 33: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

David Hume (escocês – 1711-1776) cria o

conceito de causalidade a partir de novos paradigmas e, com isso, abre caminho para que outros conceitos possam vir a ser criados.

O termo causalidade expressa a relação entre dois fatos, em que um é anterior ao outro, sendo que este primeiro fato é dito causa do segundo, que, por sua vez, é efeito do primeiro. A causalidade é um conceito intensamente problematizado ao longo da história da filosofia, mas Hume é considerado o primeiro filósofo a dizer que a causalidade se dá devido a princípios internos de conexão de idéias, e não aos fatos envolvidos no processo.

Page 34: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Para Hume, o mundo é formado de elementos simples, que se combinam, se agrupam, formando os objetos, tal qual o percebemos. Estes objetos são sempre secundários em relação aos elementos; pela combinação de seus elementos, podem aparecer e desaparecer.

As impressões são os elementos da natureza percebidos pelos homens. Estas podem ser oriundas de percepções externas, como, por exemplo, ver uma determinada cor; ou de percepções internas, como, por exemplo, ter um determinado sentimento. Quando se obtém a impressão, esta é dita forte, em diferença a esta mesma impressão quando relembrada por quem percebe. As impressões fortes são chamadas simplesmente por "impressões", as fracas, de "representações" ou "idéias" (HUME, 1989).

Page 35: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Toda idéia deveria sempre ter como referência uma impressão, mas Hume verifica que nem sempre isto ocorre. No caso de idéias simples, pode ocorrer por uma criação a partir de outras impressões simples. Este é o caso de alguém que já percebeu todos os tons de uma cor, com exceção de uma, mas forma a idéia desta cor não percebida, que não obteve impressão, por associação com outras impressões. Assim, uma idéia foi criada sem se referir diretamente a uma impressão (HUME, 1968), mas tendo como base, sempre, impressões.

No caso das idéias complexas, estas podem ter como referência uma impressão complexa ou ser fruto de combinações de outras idéias ou impressões, sejam estas simples ou complexas. Isto se dá, pois o homem é dotado de memória, mas também de imaginação. Na memória a impressão é repetida com a mesma vivacidade que foi percebida e é mantida e preservada como na percepção original.

Page 36: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Na imaginação, porém, a idéia tem liberdade para se transformar em outra, pois é repetida com menor vivacidade. Na imaginação, tanto as impressões quanto as idéias são livres, isto é, não estão regidas por nenhuma lei, nem se submetem a nenhuma regra (nem mesmo a de identidade), podem ser compostas e decompostas livremente, sem nenhum impedimento (HUME, 1968 e 1989). Mas, a experiência, que é o contato que o homem faz com o mundo, revela um curioso fenômeno: o fato de as composições e decomposições acontecerem segundo uma determinada regularidade, isto é, se repete a forma das associações acontecerem. Para Hume (1989), isso é possível, pois o ser humano é complexo, possui diversas capacidades e, também, alguns princípios que o possibilita relacionar idéias. Quanto às capacidades, o homem pode perceber as impressões internas e as externas. Pode ainda guardar estas impressões, em forma de idéia, pelas faculdades da memória e da imaginação.

Page 37: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

E também pode associar livremente estas idéias na imaginação. Existe outra forma ou faculdade de relacionar idéias, que é o pensamento. No pensamento não há qualquer sujeição das idéias a leis, mas há aqui um rigor, uma logicidade no modo de fazer estas relações. Assim, é possível, sem nunca ter visto, por exemplo, um determinado tom de cor, formar esta idéia, por um rigor, ao se lembrar dos outros tons percebidos; ou pela avaliação de experiências passadas, trabalhar com relações mais prováveis. Porém, tanto na imaginação como no pensamento, as idéias compostas são sempre originadas a partir de idéias simples, que são representações das impressões do mundo, oriundas da experiência sensível (HUME, 1968).

Page 38: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

O que possibilita o pensamento é o fato de se perceber as coisas de forma repetida, pois, sem a repetição, o pensamento não teria onde apoiar o seu rigor para agir. Tudo é oriundo da experiência. Mas, para perceber a repetição nas práticas experimentais, e, mesmo para constituir objetos, o homem deve ter princípios que o possibilite realizar isto, pois, só com suas capacidades e a impressão na sua singularidade, simplicidade e liberdade, isto não é possível.

Estes princípios são os de conexão entre as idéias, que o homem possui na sua estrutura, e que o possibilitam sempre interligar e associar estas idéias de um modo específico, não totalmente aleatória. O primeiro princípio de conexão de idéias é a semelhança, que faz com que se associe idéia de impressões distintas, diferentes e a princípio não-associáveis, com outras igualmente distintas. E esta associação é feita por semelhança, que não está na idéia nem na impressão correspondente, mas sim em quem a experimenta.

Page 39: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

O segundo princípio é a contigüidade, que se dá no tempo e no espaço, que possibilita a distinção e associação de idéias, de impressões. O terceiro, é a causa e efeito. A contigüidade possibilita dizer que um fato antecede ou é posterior a outro, mas que isto não está nos fatos, e sim, nos princípios de conexão de idéias que o homem possui. Assim, também, associa-se que o fato que antecede outro pode ser a causa deste, que é dito efeito do primeiro, mas isto devido a um princípio humano, pois em nenhum fato isto pode ser encontrado (HUME, 1989). É através destes princípios de conexão de idéias e com a repetição, que estes princípios possibilitam que emerjam as possibilidades para que o entendimento humano possa vir a conhecer, a pensar. Como os efeitos seguem as causas repetidas vezes, Hume diz que na natureza não existe o caos, pois as coisas se repetem, o que indica parecer haver uma ordem. Ele percebe que esta repetição não faz mudar nada nas coisas percebidas, pois não está nelas, mas que provoca uma grande mudança em quem as percebe.

Page 40: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Estas sucessivas experimentações da repetição levam o homem ao "hábito" ou "costume". Quem experimenta a repetição se modifica, acostuma-se, habitua-se às coisas que se repetem. O hábito é uma transformação que se processa na estrutura interna de percepção do ser humano em função da constatação da repetição na natureza. Ele é derivado de séries repetidas de experiência e não de processos abstratos ou dos objetos. É o hábito que leva o pensamento a associar as repetidas relações de causa e efeito a ponto de acreditar que o efeito seguirá a sua causa. O hábito passa a ser o grande guia da vida do homem. O homem vive, pois o hábito o leva a crer, por exemplo, que toda vez que ele inspirar, irá encontrar ar, o qual suprirá suas necessidades. E todos os homens vivem, pois acreditam nesta garantia. A vida só existe, pois acredita nesta garantia. A “crença” na repetição, que se desenvolve no homem pelo hábito, é a garantia de tudo, pois é a garantia da própria vida (HUME, 1989).

Page 41: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

O hábito é, pois, o grande guia da vida humana. É aquele princípio único que faz com que nossa experiência nos seja útil e nos leve a esperar, no futuro, uma seqüência de acontecimentos semelhante às que se verificaram no passado. Sem a ação do hábito, ignoraríamos completamente toda questão de fato além do que está imediatamente presente à memória ou aos sentidos. Jamais saberíamos como adequar os meios aos fins ou como utilizar os nossos poderes naturais na produção de um efeito qualquer. Seria o fim imediato de toda ação, assim como da maior parte da especulação (HUME, 1989, p. 146).

Page 42: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Immanuel Kant (1724-1804) nasceu na

Alemanha, era interessado pela ciência newtoniana e preocupado com a confusão conceitual a respeito do debate sobre a natureza do nosso conhecimento.

Ele acreditava que o conhecimento é constituído de matéria e forma. A matéria dos nossos conhecimentos são as próprias coisas, e a forma somos nós mesmos. Para conhecer as coisas, precisamos ter delas uma experiência sensível, mas essa experiência não será nada se não for organizada por formas da nossa sensibilidade, que são, a priori (anteriores a qualquer experiência e condição da mesma). Para conhecer as coisas, temos de organizá-las a partir da forma a priori do tempo e do espaço – que não existem como realidade externa, são formas que o sujeito põe nas coisas. Não é possível conhecer as coisas tais como são em si (noumenon), apenas podemos conhecer os fenômenos (as coisas para mim - o que aparece). A realidade não é um dado exterior, a qual o intelecto deve se conformar. Os fenômenos só existem na medida em que aparecem para nós - participamos da sua construção.

Page 43: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Espinosa (Holanda, 1632-1677) pensa, entre

outras coisas, o que é a Substância; o que são os infinitos Modos da Substância (entre eles os seres humanos); e o que é, e como se constitui, a Liberdade. Liberdade é um poder irrestrito e absoluto de expressão, sem que nada externo ao ser que se expressa, possa vir a limitar este poder de expressão.

A Substância é a totalidade, é o uno infinito e ilimitado da existência. Ela é única, infinita, e causa de si própria. Não existe nada fora dela ou anterior a ela. Assim, não existe nada que possa limitar ou impedir o poder dela se expressar. A Substância é necessariamente livre (ESPINOSA, 1989a).

Page 44: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

A Substância é constituída de infinitos modos, mas estes não são neles mesmos infinitos; têm limites. O modo mantém relações com o que é exterior a ele - outro modo. Esta relação é chamada de afecção. Um modo, portanto, afeta e é afetado por outro modo: isto é algo que nenhum modo pode evitar. O modo não pode, pela vontade, evitar os afetos. Na relação entre os modos, pode ocorrer um aumento ou uma diminuição do poder de expressão destes. Quando um afeto aumenta este poder, acontece uma paixão alegre e, quando o oposto ocorre, acontece uma paixão triste. Alegria e tristeza são os tipos básicos de sentimentos, que surgem dos afetos dos modos; quaisquer outros sentimentos são derivados destes. Os afetos indicam os limites dos modos. Como a Liberdade, para Espinosa, é o poder infinito de expressão, os afetos, a princípio, impediriam os modos de serem livres. Porém, os modos se expressam, pois nenhum afeto pode anular totalmente o poder de expressão: quando muito, a tristeza diminui este poder.

Page 45: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Os modos não podem evitar os afetos, mas podem transformá-los, pelo pensamento, em afetos alegres. Com isto, o poder de expressão pode vir a ser aumentado, e a liberdade conquistada.

"Conhecimento", em Espinosa, é a afirmação de uma idéia (DELEUZE, [1990]), que é a expressão de algo, e não uma operação do sujeito visando adequar um discurso a objetos. (ESPINOSA, 1989a, 1989b). O "verdadeiro" conhecimento que Espinosa procura atingir, é aquele que expressa uma singularidade. Este filósofo identifica três tipos de conhecimentos: a) de primeiro gênero: trata com idéias inadequadas, que não expressam qualquer coisa com clareza; b) de segundo gênero: trata com "noções comuns", idéias que podem ser aplicadas a diversas coisas singulares, mas que não expressa adequadamente nenhuma delas; c) de terceiro gênero: trata com idéias adequadas de coisas singulares, expressa o que algo é. Este é o "verdadeiro" conhecimento para Espinosa, pois é aquele que possibilita o conhecimento do modo conhecedor, da Substância e dos outros modos.

Page 46: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

A felicidade só é possível com liberdade. A construção da liberdade só é possível com o pensamento, pelo conhecimento do terceiro gênero. Para realizar este processo, o modo deve ultrapassar os conhecimentos de primeiro e de segundo gêneros, e travar uma batalha contra os afetos tristes. Assim, a felicidade e a liberdade podem ser conquistadas por um processo cognitivo (NEGRI, 1993), pois o conhecimento do terceiro gênero, ao possibilitar o auto-conhecimento e o conhecimento do todo, possibilita o conhecimento do que nos é útil, do que pode aumentar nosso poder de expressão.

Para Espinosa (1989a), a ética deve procurar compreender e expressar o agir humano que possa vir a tornar a vida feliz e plena, e não garantir leis e normas que venham a possibilitar a duração de algum tipo de sociedade, valor ou poder. A obra de Espinosa é a expressão de seu pensamento e da sua vida. Ele busca, com sua filosofia, se libertar dos preconceitos, que a maioria das pessoas possui para guiar suas vidas, e compreender a vida como um todo, para poder, realmente, vivê-la.

Page 47: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Os filósofos [...] concebem os homens, efetivamente, não tais como são, mas como eles próprios gostariam que fossem. Daí, por conseqüência, que quase todos, em vez de uma ética, hajam escrito uma sátira, e não tinham sobre política vistas que possam ser postas em prática, devendo a política, tal como a concebem, ser tomada por quimera, ou como respeitando ao domínio da utopia ou da idade de ouro, isto é, a um tempo em que nenhuma instituição era necessária. (ESPINOSA, 1989b, p. 73).

Page 48: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Friedrich Nietzsche (Prússia, 1844-1900)

viveu em luta contra o seu tempo, questionando a cultura de sua época - metade do século XIX (MARTON, 1993). Ele estudou teologia, depois se interessou pela filologia (procura pela origem das coisas, começando pela palavra). Sua maior preocupação acabou sendo os valores morais: da religião e da filosofia clássica.

Page 49: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Nietzsche (1992) expõe a genealogia (origem do valor e o valor de origem) da tragédia. Ele verifica que a tragédia nasce do encontro de duas expressões da religiosidade grega que são o Apolíneo e o Dionisíaco. Estas duas expressões mantêm suas diferenças, mas não se contrapõem. E é pela sua união que a tragédia nasce. O Apolíneo é a força que expressa o princípio do sonho, da ilusão, da aparência, da individuação, da medida, pelo qual é possível a imagem do mundo chegar ao homem. O Dionisíaco é a expressão pura da unidade primordial da natureza, que rompe com qualquer princípio de individuação ou medida, é aquilo que embriaga, coloca todas as forças da natureza unidas, conciliadas. Entretanto, o homem só pode ver a expressão do Dionisíaco pela imagem do Apolíneo, sendo que ambas as forças são forças da natureza que atravessam o homem para se expressar.

Page 50: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

O trágico é o pensamento que expressa a unidade da natureza, e isto se dá como fenômeno estético cuja expressão se dá através do homem. Sua imagem, para ser vista, necessita da aparência, do princípio de individuação, dados pelo Apolíneo, mas a força que fundamenta a geração desta imagem é a força da unidade da natureza, a força Dionisíaca, que rompe com qualquer princípio de individuação.

Por volta de 1878, o filósofo adoece, se aposenta e inicia a escrita por aforismos. Torna-se um errante. O aforismo permite perseguir uma idéia de diferentes perspectivas, numa multiplicidade e experimentos, sem medo da contradição. Ele escreve com o corpo, pois desconhece problemas espirituais. Ele consegue ser coerente, sem ser dogmático ao criar um sistema de aforismos e não um sistema filosófico (MARTON, 1993). Durante toda a sua jornada sempre revê e comenta a sua obra.

Page 51: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Nietzsche (1985) realiza uma genealogia dos valores. Ele investiga e descobre que os valores de bem e mal são relativos, dependem da perspectiva em que são engendrados, são valores humanos. Por um lado, há a perspectiva do fraco, que quer transformar sua fraqueza em força, criando, assim, as virtudes. O fraco é ressentido, reativo e nega quem não pode aniquilar. Tenta transformar: impotência em vontade, baixeza em humildade, submissão em obediência, covardia em paciência. Procura se vingar dos fortes, acusando-os de serem o mal, enquanto ele seria o bem. Como não é forte para viver, tenta se conservar; cria uma moral rígida e acusa os fortes de imorais. Enquanto isso, os fortes são pura afirmação da vida e se auto-afirmam em suas ações. Afirmar a vida é o bem, negá-la é o mal.

Page 52: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Segundo Marton (1993), o mundo de Nietzsche é força, vontade de potência, pois a vida é vontade de potência. Força só existe no plural, é relação, agir sobre, efetivar-se, sem relação causal, é um querer-vir-a-ser-mais-forte. Toda força está sempre em choque com outras forças, que a estimulam. Não há finalidade nesse jogo de forças e não há diferenças entre forças físicas e psíquicas. Vida é vontade de potência, em Nietzsche, mas nem toda vontade de potência é vida. A vida é vontade de potência que avalia. Por isso, se faz necessário (trans)valorar, ou seja, fundar valores em outras bases.

Na teoria do eterno retorno, Nietzsche supõe que, se o universo tivesse que atingir um objetivo, esse já teria sido atingido. Assim, não há finalidade a ser realizada. A vida é eternamente aqui e agora. É um conjunto de múltiplas e infinitas forças: ou há uma tendência para o equilíbrio, ou para o aniquilamento. Ele não aceita essa última hipótese, pois, se assim fosse, isso já teria acontecido e também porque isso é contra a vontade de potência. O eterno retorno é a vontade de potência (infinitas forças combinadas) da diferença (MARTON, 1993).

Page 53: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Diante do eterno retorno da diferença, só resta ao ser humano afirmar, amar o seu destino (amor fati): dizer sim à vida! Não esperar nada fora dela para justificá-la. Nietzsche realiza a filosofia do martelo, pois desmancha todos os valores: não pensa que existe uma vida eterna, este aqui e agora, que é a vida, é que é sempre eterno na sua diferença (MARTON, 1993).

Ele anuncia o além-do-homem: aquele que acredita ser uma

singularidade unívoca, que realiza o amor fati: afirma a diferença, ele é a recriação da criança (MARTON, 1993). Para que o além-do-homem possa emergir, fazem-se necessárias as três metamorfoses, como aponta Nietzsche (1988, p. 29-31):

Page 54: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Vou dizer-vos as três metamorfoses do espírito: como o espírito se muda em camelo, e o camelo em leão, e o leão, finalmente, em criança. Há muitas coisas que parecem pesadas ao espírito, ao espírito robusto e paciente, e todo imbuído de respeito; a sua força reclama fardos pesados, os mais pesados que existam no mundo. [...] Mas o espírito transformado em besta de carga toma sobre si todos estes pesados fardos; semelhante ao camelo carregado que se apressa a ganhar o deserto, assim ele se apressa a ganhar o seu deserto. E aí, naquela. extrema solidão, produz-se a segunda metamorfose; o espírito torna leão. Entende conquistar a sua liberdade e ser o próprio deserto. [...] O “tu deves” impede-lhe o caminho, rebrilhante de ouro, coberto de escamas; e em cada uma das suas escamas brilham em letras de ouro estas palavras: “Tu deves”. [...] Criar valores novos é coisa para que o próprio leão não está apto; mas libertar-se a fim de ficar apto a criar valores novos, eis o que a força do leão. Para conquistar a sua própria liberdade e o direito sagrado de dizer não, mesmo ao dever, para isso, meus irmãos, é preciso ser leão. [...] Dizei-me, porém, irmãos, que poderá fazer a criança, de que o próprio leão tenha sido incapaz? Para que será preciso que o altivo leão tenha de se mudar ainda em criança? É que a criança é inocência e esquecimento, um novo começar, um brinquedo, uma roda que gira por si própria, primeiro móbil, afirmação santa. Na verdade, irmãos, para jogar o jogo dos criadores é preciso ser uma santa afirmação; o espírito quer agora a sua própria vontade; tendo perdido o mundo, conquista o seu próprio mundo.

Page 55: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Em “O livro do filósofo”, Nietzsche (2001, p. 64) diz que o sujeito, racional, vaidoso e orgulhoso da sua intelectualidade, não passa de uma pequena fração no infinito do cosmos.

Em qualquer canto longínquo do universo difundido no brilho de inumeráveis sistemas solares, houve certa vez uma estrela na qual animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais arrogante e mais ilusório da “história universal”: mas não foi mais que um minuto. Com apenas alguns suspiros da natureza a estrela congela, os animais inteligentes logo morrem. – Tal é a fábula que alguém poderia inventar, sem conseguir ilustrar no entanto que exceção lamentável, tão vaga e fútil e sem importância, o intelecto humano constitui no seio da natureza. Houve eternidades nas quais esteve ausente e se de novo faltasse nada aconteceria. Pois não existe para este intelecto uma missão mais ampla que ultrapasse a vida humana.

Page 56: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

O ser humano é uma fração soberba e mentirosa, que, como tudo, teve que morrer. A mentira, a ilusão desta fração, que é a humanidade, está em querer limitar a vida pelo intelecto; em querer conservar como estática uma singularidade no devir do mundo; em querer esquecer que a vida é diferença e não pode ser apreendida pelas formas estáticas dos conceitos que o intelecto constrói e que não conseguem atingir a diferença da vida, pois, para funcionarem, necessitam do princípio da identidade. Nietzsche (2000) diz que o grande defeito dos filósofos é, justamente, ter o homem como verdade, como algo permanente que possibilitará ser uma medida para julgar o mundo. Com isso, esquecem-se de que o homem é um vir-a-ser (devir) e que tudo por ele criado, inclusive o conhecimento, é também um vir-a-ser: não há nada fixo e permanente que venha proporcionar um julgamento do mundo. Para expressar o mundo, faz-se necessário romper com a convicção, com a crença de se estar de posse da verdade incondicionada gerada pelo conhecimento, de que há uma tal verdade e que a subjetividade humana é uma destas verdades incondicionadas.

Page 57: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

O homem é devir e é só como devir que ele poderá

expressar o mundo, compreender a realidade.

Page 58: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Os filósofos apresentam uma diversidade de correntes de pensamento. Os principais são: Husserl, Meleau-Ponty, Heidegger, Sartre, Camus, Stuart-Mill, Wittgenstein, Bergson, Bachelard, Foucault, Deleuze.

Page 59: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Jean-Paul Sartre (França - 1905-1980)

ficou conhecido como o grande representate do existencialismo, pois afirmava que a existência precede a essência, pois o homem primeiro existe, depois se define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e por isso sem ter uma "essência" posterior à existência. Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo na sociedade.

Page 60: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Michel Foucault (França - 1922-1984) foi

professor do Collège de France. Suas idéias envolvem o poder e a sociedade disciplinar sendo seu pensamento influienciado por Nietzsche, Heidegger, Althusser, dentre outros.

As teorias sobre o saber, o poder e o sujeito romperam com as concepções modernas destes termos. Para ele, o poder não pode ser localizado em uma instituição ou no Estado; não é algo que o indivíduo cede a um soberano, mas uma relação de forças. Ao ser relação, o poder está em todas as partes: não somente reprime, mas produz efeitos de verdade e saber, constituindo verdades, práticas e subjetividades.

Page 61: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Para estudar isto, em lugar de uma análise histórica, este filósofo realiza uma genealogia, um estudo histórico que não busca uma origem única e causal, mas que se baseia no estudo das multiplicidades e das lutas. Foucalt voltou-se para elementos mais periféricos do sistema total, interessou-se pelos locais onde a lei é efetivada realmente: hospitais psiquiátricos, forças policiais, etc. Assim, ignorou categorias superiores e abstratas, por exemplo, questões como: o que é o poder, o que o origina.

Segundo seu pensamento, devemos compreender que a lei é uma verdade “construída” de acordo com as necessidades do poder do sistema econômico vigente. O poder em qualquer sociedade precisa de um delimitação formal, precisa ser justificado de forma abstrata o suficiente para que seja introjetado psicologicamente, a nível macro social, como uma verdade a priori, universal. Desta necessidade, desenvolvem-se as regras do direito, surgindo, portando, os elementos necessários para a produção, transmissão e oficialização de “verdades”.

Page 62: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

O poder não é fechado: estabelece relações múltiplas, caracterizando e constituindo o corpo social e, para que não desmorone, necessita de uma produção, acumulação, uma circulação e um funcionamento de um discurso sólido e convincente.

Cada vez mais me parece que a formação dos discursos e a genealogia do saber devem ser analisadas a partir não dos tipos de consciência, das modalidades de percepção ou das formas de ideologia, mas das táticas e estratégias de poder. Táticas e estratégias que se desdobram através das implantações, das distribuições, dos recortes, dos controles de territórios, das organizações de domínios que poderiam constituir uma espécie de geopolítica, por onde minhas preocupações encontrariam os métodos de vocês. (FOUCAULT, 2009, p. 94)

Page 63: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Gilles Deleuze (França - 1925-1995) cursou filosofia na Universidade de Paris (Sorbonne) e se dedicou à história da filosofia. Em 1968, apresenta sua tese de doutorado intitulada “Diferença e Repetição”, na qual critica o conhecimento como representação mental e a ciência derivada deste; e como tese secundária, critica Spinosa e o problema da expressão.

Page 64: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

Ele conhece Félix Guattari e, juntos, contróem uma filosofia escrita a quatro mãos. Para eles, a Filosofia é criação de conceitos, que são multiplicidades criadas para problematizar a realidade; não são verdades a serem reproduzidas (DELEUZE; GUATTARI, 1992). É uma filosofia do desejo (vontade de potência - que Nietzsche inaugura, como criação de fluxos de vida).

Não estamos no mundo, tornamo-nos

mundo, nós nos tornamos, contemplando-o. Tudo é

visão, devir. Tornamo-nos universo. Devires animal,

vegetal, molecular, devir zero (DELEUZE;

GUATTARI, 1992, p. 220).

Page 65: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

A obra de Deleuze comporta monografias interpretando filósofos modernos (Spinoza, Leibniz, Hume, Kant, Nietzsche, Bergson, Foucault), criações de artistas (Proust, Kafka, Francis Bacon - pintor) e temas filosóficos centrados nos conceitos de diferença, sentido, acontecimento, rizoma, etc. Suas principais influências filosóficas foram Nietzsche, Bergson e Espinosa.

Page 66: O devir da folosofiaO epicurismo é a corrente dos que seguem Epicuro. Ele acreditava que a vida deveria ser um contínuo prazer. Esse é o caminho da felicidade e o objetivo de seus

ARISTÓTELES. Metafísica. Trad. Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. BRÉHIER, Émile. História da Filosofia I,2 - A Antigüidade e a Idade Média: Período Helenístico e Romano. Trad. Eduardo Sucupira Filho. São Paulo: Mestre Jou,1978. BRUN, Jean. O Estoicismo. Trad. João Amado. Lisboa: Edições 70, [1980]. DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Felix. O que é a Filosofia? Trad. Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992. DELEUZE, Gilles. Espinosa e os Signos. Trad. Abílio Ferreira. Porto: Rés, [1990]. DELEUZE, Gilles. Lógica do sentido. Trad. Luiz Roberto Salinas Fortes. 2 ed. São Paulo: Perspectiva, 1988. DESCARTES, René. Discurso do método. Trad. J. Guisburg e Bento Prado Júnior. 4 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987. ESPINOSA, Bento. Ética. Trad. Joaquim de Carvalho, Joaquim Ferreira Gomes e Antônio Simões. 4 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1989a. ESPINOSA, Bento. Pensamentos metafísicos; Tratado da correção do intelecto; Tratado político; Correspondência. Trad. Marilena de Souza Chauí, Carlos Lopes de Mattos, Manuel de Castro. 4 edição. São Paulo: Nova Cultural,1989b. FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização, introdução e Revisão Técnica de Roberto Machado. Disponível em <http://www.unb.br/fe/tef/filoesco/foucault/microfisica.pdf>. Acessado em mar. 2009. HUME, David. A Treatise of Human Nature. Oxford: Clarendon Press, 1968. HUME, David. Investigação acerca do Entendimento Humano. Trad. Anoar Auex e outros. 4 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1989 (Coleção Os Pensadores). MARTON, Scarlett. Nietzsche: a transvaloração dos valores. São Paulo: Moderna, 1993. NEGRI, Antônio. A Anomalia Selvagem : poder e potência em Spinoza. Trad. Raquel Ramalhete. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993. NIETZSCHE, Friedrich. W. A genealogia da moral. Trad. Joaquim José de Faria. São Paulo: Moraes, 1985. NIETZSCHE, Friedrich. W. Assim falava Zaratustra. Trad. Alfredo Margarido. Lisboa: Guimarães Editores, 1988. NIETZSCHE, Friedrich. W. Humano, demasiado humano: um livro para espíritos livres. Trad. Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. NIETZSCHE, Friedrich. W. O livro do filósofo. Trad. Eduardo Ferreira Frias. São Paulo: Centauro, 2001. NIETZSCHE, Friedrich. W. O nascimento da tragédia, ou Helenismo e pessimismo. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. PLATÃO. Obras Completas. Trad. do grego, preâmbulo e notas Maria Araujo et all. Madrid: Aguilar, 1972.