O direito à vida no Século XXI

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O direito à vida no Século XXI Claudio Henrique de Castro No dia 10 de outubro de 2015 foi descoberto que um asteroide ou cometa passaria raspando da Terra no dia 31 de outubro às 19h05, horário de Brasília. Com apenas 21 dias de antecedência os cientistas localizaram o asteroide em direção a Terra. Um susto do dia das bruxas, que acabou bem. O nome do asteroide é TB145 e passou a 480 mil quilômetros das cabeças dos seres humanos, com velocidade de 35 km por segundo e aproximadamente 400 metros de extensão. O risco de uma colisão foi descartado. O bólido era vinte e nove vezes maior do que caiu na cidade de Chelyabinsk na Rússia em 2013. Em 2027 vem aí outro asteroide o AN10 de 800 metros e passará numa distância de 385.000 km do planeta, a mesma distância da Lua. Portanto, os asteroides que podem se chocar com a Terra são um risco à vida no planeta, e apesar do avanço no desenvolvimento em armas letais para uso militar, não há por enquanto um esforço dos países desenvolvidos em acautelar o planeta desta real possibilidade de colisão de efeitos globais catastróficos. Outro risco à vida e comprovado cientificamente é a grande queima de combustíveis fósseis e da biomassa, com a consequente elevação da temperatura global, na sanha do consumismo liderado pelo primeiro mundo. As alterações climáticas, a escassez da água potável e a desintegração econômica dos países do terceiro mundo certamente afetarão o equilíbrio global entre estados e a preservação das biodiversidades que ainda restam no planeta. A questão da “fome” é um problema político, pois se tem alimento suficiente para todos os seres humanos, contudo, não há políticas de distribuição para a população planetária. Temos então: o risco de asteroides; a ausência de água potável suficiente para a população global; as profundas alterações do clima e, finalmente, as guerras globais. As guerras globais, ainda representam um risco à população mundial, ainda que geopoliticamente estejam no eixo ocidente-oriente. E, por último, as endemias globais, provenientes justamente das alterações climáticas. Enquanto o ser humano se preocupa com a vida, há centenas de espécies de animais e vegetais em extinção, e de novo em decorrência da elevação da temperatura global. O planeta aguentará mais mil anos? E no Brasil?

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O direito à vida no Século XXI

Claudio Henrique de Castro

No dia 10 de outubro de 2015 foi descoberto que um asteroide ou

cometa passaria raspando da Terra no dia 31 de outubro às 19h05, horário

de Brasília.

Com apenas 21 dias de antecedência os cientistas localizaram o

asteroide em direção a Terra. Um susto do dia das bruxas, que acabou bem.

O nome do asteroide é TB145 e passou a 480 mil quilômetros das

cabeças dos seres humanos, com velocidade de 35 km por segundo e

aproximadamente 400 metros de extensão.

O risco de uma colisão foi descartado. O bólido era vinte e nove

vezes maior do que caiu na cidade de Chelyabinsk na Rússia em 2013.

Em 2027 vem aí outro asteroide o AN10 de 800 metros e passará numa

distância de 385.000 km do planeta, a mesma distância da Lua.

Portanto, os asteroides que podem se chocar com a Terra são um

risco à vida no planeta, e apesar do avanço no desenvolvimento em armas

letais para uso militar, não há por enquanto um esforço dos países

desenvolvidos em acautelar o planeta desta real possibilidade de colisão de

efeitos globais catastróficos.

Outro risco à vida e comprovado cientificamente é a grande queima

de combustíveis fósseis e da biomassa, com a consequente elevação da

temperatura global, na sanha do consumismo liderado pelo primeiro

mundo.

As alterações climáticas, a escassez da água potável e a

desintegração econômica dos países do terceiro mundo certamente afetarão

o equilíbrio global entre estados e a preservação das biodiversidades que

ainda restam no planeta.

A questão da “fome” é um problema político, pois se tem alimento

suficiente para todos os seres humanos, contudo, não há políticas de

distribuição para a população planetária.

Temos então: o risco de asteroides; a ausência de água potável

suficiente para a população global; as profundas alterações do clima e,

finalmente, as guerras globais.

As guerras globais, ainda representam um risco à população mundial,

ainda que geopoliticamente estejam no eixo ocidente-oriente.

E, por último, as endemias globais, provenientes justamente das alterações

climáticas.

Enquanto o ser humano se preocupa com a vida, há centenas de

espécies de animais e vegetais em extinção, e de novo em decorrência da

elevação da temperatura global.

O planeta aguentará mais mil anos? E no Brasil?

Page 2: O direito à vida no Século XXI

A crise hídrica bate às portas do país das águas. A poluição hídrica

não mais se esconde debaixo dos tapetes, nem o tratamento das águas e dos

esgotos urbanos e rurais.

Em escala global menor, mas não menos graves, estão as perdas de

milhões de vidas no trânsito e em decorrência da violência urbana, guerras

civis internas não declaradas idênticas aos conflitos globais que ceifam

também muitos milhões de vidas.

As endemias das drogas igualmente não poupam as gerações, faltam

o debate e a ilustração intelectual.

Discutir o direito a vida no Brasil é lembrar que ainda se têm

populações abaixo da linha da miséria e ao mesmo tempo somos o maior

exportador de grãos e possuímos o maior rebanho de carne bovina do

planeta. Temos reservas de águas para o mundo e estamos à beira de

grandes racionamentos.

A consagração do direito à vida passa por mecanismos de

redistribuição da renda global e pela profunda educação ambiental

planetária, por novas tecnologias não poluentes, em síntese, pelo profundo

respeito ao meio ambiente e dos seres humanos.

Nas horas de reflexão, podemos alertar aos governantes locais e

globais as palavras lúcidas do grande Padre Vieira: “Pesa bem esta

balança? O quanto nela se pode subir, e quanto se pode descer!” (Sermões,

Vol. X. Lisboa: Lello & Irmão Editores, 1951, p. 33).