O discípulo evolui por seus próprios méritos, e a si mesmo ......O Rei Davi, sucessor de Saul,...

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ABIM 005 JV Ano XIII - Nº 114 - Out/19 O discípulo evolui por seus próprios méritos, e a si mesmo transformando, transforma o mundo”. Professor Henrique José de Souza

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  • ABIM 005 JV Ano XIII - Nº 114 - Out/19

    “O discípulo evolui por seus próprios méritos, e a si mesmo transformando,

    transforma o mundo”. Professor Henrique José de Souza

  • Editorial

    A Revista Arte Real é um periódico maçônico virtual, fundado em 24 de fevereiro de 2007, de periodicidade mensal, distribuído, gratuitamente, pela Internet, atualmente, para 27.874 e-mails de leitores cadastrados, no Brasil e no exterior, com registro na ABIM - Associação Brasileira de Imprensa Maçônica, sob o nº 005 JV, tendo como Editor Responsável o Irmão Francisco Feitosa da Fonseca, 33º - Jornalista MTb 19038/MG.

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    Esta edição traz, como novidade, a criação da coluna “Maçonaria no Mundo”, cujo objetivo é o de apresentar como nossa Ordem, cosmopolita e universal, expressa-se nas mais diversas culturas e partes do mundo. Nosso objetivo não é apresentar este tema a título de curiosidade, mas visando melhor entender nossa instituição no Brasil, comparando-a como ela se apresenta nos mais diversos países.

    Inauguramos esta coluna trazendo a origem e a história da Maçonaria em Israel, com a matéria de autoria do nosso Irmão Lindomar Furniel, intitulada “A Maçonaria na Terra Santa”. Trata-se de uma compilação da matéria, com o mesmo nome, da jornalista Sheila Sacks, que escreve para uma comunidade judaica, no Rio de Janeiro, através do “Nosso Jornal”.

    Um outro tema que buscamos trazer, insistentemente, em algumas edições, é, como nossa Ordem está buscando se adaptar às mudanças do mundo atual. Tudo no mundo está em movimento e constante mudança. Nossa Ordem não pode apresentar soluções para novos problemas estagnada em ideias que já não se encaixam com o mundo atual. Rever conceitos e se adequar à realidade dos fatos atuais, são pontos que precisam ser repensados.

    Para tanto, trazemos a matéria intitulada “Desafios Que a Maçonaria Deve Vencer”, de autoria do nosso Irmão Fábio Cyrino, Mestre Maçom Instalado, Grau 33°, membro da Loja Maçônica Harmonia e Concórdia nº 3522, jurisdicionada ao GOSP, que, com muita propriedade, mostra-nos que a nossa Ordem precisa se reinventar, em diversos aspectos, a fim de que possa ter força e organização para, como no passado, tornar feliz a humanidade.

    Tivemos a oportunidade de receber uma bela matéria de uma homônima, a Cunhada Francisca Feitosa, escritora e membro da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul – Rosa de Sharon, do Oriente de Imperatriz, no Maranhão, intitulada “Família Maçônica

    – Virtudes Fraternais”, onde aborda o papel da mulher em episódios marcantes da história de nosso Brasil.

    No mais, estamos, mais uma vez, publicando a matéria de minha lavra, “Salmos – A Magia Teúrgica”, a título de conscientizar nossos leitores quanto à importância da Magia Ritualística, tema a cada dia mais desprezado por nossos Irmãos. Às vezes, por descomprometimento de alguns com a parte templária de nossa Ordem, outras vezes, por ignorarem, por completo, os aspectos esotéricos de uma Sessão Maçônica.

    Nosso papel é o de conscientizar nossos leitores nos mais variados temas. Não ousando querer esgotar o assunto, vimos, humildemente, trazendo lampejos sobre alguns aspectos, para que sirvam de estímulo à pesquisa e ao estudo. Nosso objetivo é o de estimular você a buscar a sua verdade, a fim de servir de luz em sua caminhada evolucional, com o objetivo do seu despertar espiritual e do engrandecimento de nossa Ordem.

    Em nossa capa, além da frase de autoria do insigne Professor Henrique José de Souza, que complementa a imagem da capa, sobre o processo iniciático, prestamos, no canto inferior esquerdo, nosso integral apoio à Campanha Novembro Azul, contra o preconceito do exame do toque, sendo de extrema importância para a saúde do homem!

    Suas considerações, críticas e comentários são muito bem-vindos!

  • Revista Arte Real nº 114 - Out/19 - Pg 03

    SalmosA Magia

    Teúrgica!Francisco Feitosa

    A ritualística maçônica é muito rica em significados, aliás, como toda ritualística, ela é um conjunto de procedimentos que tem um propósito, um objetivo para ser alcançado. Cada passo ritualístico merece atenção, disciplina e, acima de tudo, o entendimento daquilo que está se fazendo.

    Ao longo do tempo, lamentavelmente, temos visto um total descaso e desconhecimento do que seja um ritual. Por ignorância, muitas vezes, são invertidos, ou pior, até suprimidos procedimentos em um ritual, desconhecendo seus propósitos, quebrando uma sequência de atos que foi estruturado para se produzir um determinado efeito. Afinal, tudo está medido, contado e pesado, e precisamos, antes de tudo, ter a exata medida daquilo que estamos fazendo, à guisa de sofrermos os efeitos distorcidos da profanação que cometermos. Tentaremos, humildemente, facilitar a retirada de alguns “véus mayávicos”, falando um pouco sobre o porquê dos salmos, já que é parte integrante e, como poderão notar, importantíssimo em nossa ritualística.

    Os Salmos são um dos maiores legados iniciáticos deixados à humanidade nesta Quinta Raça Ária, constituindo-se numa poderosa ferramenta de transformação na vereda da Iniciação. Foram dados por um Rei de estirpe divina, o grande Davi, cujo nome, anagramaticamente, pode ser desdobrado em VIDA, indicando-nos sua missão entre os homens, ou seja, aquele que oferta a Vida Espiritual a seu povo, a

    seus seguidores, ou a seguidores da Lei, através de seus 150 Salmos, como uma herança espiritual para toda a posteridade.

    O Rei Davi, sucessor de Saul, foi o segundo rei dos judeus, e foi quem fundou Jerusalém. Seu filho Salomão levou o Império judeu ao apogeu, por volta de 1000 anos antes de Cristo. Na narrativa bíblica ele aparece, inicialmente, como tocador de harpa na corte de Saul. “Como comandante militar, Davi tornou-se amigo de Jônatas, filho de Saul, e casou com sua filha, provocando o ciúme de Saul, que o exilou. Depois da morte de Saul, ele governou a tribo de Judá, enquanto o filho de Saul, Isboset, governou o resto de Israel. Com a morte de Isboset, Davi foi escolhido o rei de todo Israel e seu reinado marca uma mudança na realidade dos judeus: de uma confederação de tribos, transformou-se em uma nação estabelecida. Ele transferiu a capital de Hebron para Jerusalém, que não tinha nenhuma lealdade tribal anterior, e tornou-a o centro religioso dos israelitas trazendo consigo a Arca Sagrada”.

    Davi era dotado de uma multiplicidade de dons, sendo difícil dizer qual o mais admirável: estrategista, construtor de uma nação, poeta, músico e compositor.

    Os Salmos são parte constituinte da Kabbalah dos hebreus antigos, que sabiam de todo seu poder taumatúrgico. É uma poderosíssima ferramenta nas mãos de Iniciados, como escreveu o Dr. Mauro,

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    na sua obra “A Bíblia e a Kabbalah”: “Se a Bíblia se torna silenciosa sobre a virtude oculta dos Psalmos, é pelo fato dos mesmos serem um dos mais belos monumentos da Kabbalah dos hebreus. E que toda iniciação cabalística, sendo rigorosamente oral, seu sentido esotérico deveria ser o apanágio exclusivo dos iniciados. Estes, jamais, poderiam revelar aquilo que lhes foi oferecido “de boca a ouvido”.

    Livro dos Salmos quer dizer coleção de cânticos sagrados, próprios para serem cantados ao som de um instrumento musical de cordas, o saltério. Pelo Salmo 32, versículo 2, e Salmo 91, versículo 4, depreende-se que o saltério era um instrumento de dez cordas. Tanto a palavra Salmo quanto Saltério derivam do verbo grego psallo, que significa ferir ou tocar levemente. Saltério, também, é a designação que os Setenta (tradutores do Antigo Testamento, do hebraico para o grego) deram ao hinário de Israel, isto é, ao Livro dos Salmos.

    Os hebreus reconheciam e davam o saltério por um só volume, que chamava “Sipher Tihillim”, que quer dizer: “Volume dos Cânticos”.

    De todas as escrituras, o Livro dos Salmos é o que foi mais vezes transladado. Por isso foi sujeito a inúmeras alterações feitas pelos copiadores, umas por ignorância, outras por descuido, outras por ousadia. 72 sábios gregos traduziram a versão hebraica para o grego. Essa versão ficou conhecida como a “Versão dos Setenta”. Dessa tradução surgiu a Vulgata Latina, versão em latim. Em 1790, o padre português Antonio Pereira de Figueiredo concluiu a tradução da Bíblia para o português, a partir da Vulgata latina, publicada em 7 volumes.

    “Salmo é a verdade expressa simbolicamente”. Os Salmos falam diretamente à nossa essência porque utilizam a linguagem universal da natureza, que é a linguagem simbólica. Essa é a linguagem com a qual

    o inconsciente coletivo comunica-se com o ego, ou eu inferior, através dos sonhos. Por isso, toda Ritualística está apoiada sobre símbolos, ou sobre uma simbologia transcendental. Os símbolos guardam em si o poder primevo místico e transcendental de algo que não pode ser totalmente elucidado através do intelecto, ou da mente concreta. Guardam aspectos que não podem ser esgotados pela mente racional, mas que são alcançados através da Intuição. E os Salmos são símbolos vivos que atuam em nossa psique. Os Salmos são uma obra poética, carregada de símbolos. Por isso valem, ainda, hoje. Continuam a ser sublimes, autênticas salas de símbolos e imaginação, fonte de expressão para quem os reza, em tudo, melhores do que orações pastosas “de falsos poetas.”

    O poder transformador dos Salmos e de seus símbolos universais é evocado através do som. Desde eras sem conta que os Iniciados falam a respeito do mistério do som na manifestação e na criação divina: “O som é a grande arma dos homens e dos Deuses. Em si não é bom nem mal; é o som. O seu emprego fasto ou nefasto depende, exclusivamente, da vontade do homem”.

    A criação através do som manifesta-se na natureza segundo várias gradações, indo desde as palavras por nós proferidas, as vibrações produzidas quando se entoa um mantra, até a palavra de passe que “abre” portais não penetrados pelo homem comum, culminando com a palavra perdida, que pronunciada da maneira correta, pode até alterar a ordem vigente do universo: “O SOM toma um aspecto prático: físico, emocional, mental e se projeta nos Mundos Inferiores. O SOM provoca a sensação e forma os símbolos que se transformam em palavras, com um sentido prático e útil à evolução dos Seres. Este Supremo SOM se manifesta em todos os gamas sonoros, desde o inaudível - Nahada - até as palavras mágicas e sagradas, surgindo daí as palavras de passe, as palavras Sagradas e a síntese de todas

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    elas, conhecida em nossa tradição como a PALAVRA PERDIDA. Palavra Perdida, contada e proferida em vários tons, forma o ápice e todos os Mantrans...”

    “No aspecto exotérico, a Palavra se torna eminentemente utilitarista e assim é continuamente reestruturada e retorcida, conforme os interesses predominantes da psicofisiologia da Nação nos vários períodos que atravessa. Essas transformações da Palavra ao se adaptar, ou ser adaptada, às modificações regionais, ou mesmo nacional, levam progressivamente a encobrir seu significado original, mas não a ponto de destruí-lo; esse significado original perdura para sempre e poderá ser encontrado em suas raízes, constituindo o aspecto esotérico que se conserva e se revela em forma de Símbolo. No Símbolo estão as causas originais arcaicas ou arcanas (arca) que lhe deram origem, e a verbalização primordial que lhe deu manifestação intelectiva.”

    Os Salmos possuem a característica de Magia Teúrgica, ou medicina teúrgica, que nos auxilia na

    vereda da Iniciação, na busca de nossa verdadeira essência: “A TAUMATURGIA é o ato de se por em ação, em atividade, digamos em atividade objetiva, a CONSCIÊNCIA SUPERIOR, os atributos do espírito; consequentemente, uma ativação, em todos nós, do SOM ETERNO, da Vida Universal - processo que possibilita manter em equilíbrio a parte veicular da individualidade. Isso é tornar a Mônada indivisível, não permitir que seus veículos se desintegrem, conduzindo-nos ao sentido da “verdadeira imortalidade”, ou seja, a não divisão, senão, a não desintegração dos veículos conhecidos: espírito ou inteligência, alma e corpo. Por isso se fala em corpo eucarístico.

    Agora um pouco mais elucidados sobre a origem e o propósito dos salmos, reflitamos um pouco sobre o porquê da récita do salmo 133 – Salmo da Fraternidade Universal e procuremos entender e, principalmente, colocarmos em prática o hercúleo trabalho que nos cabe como Iniciados, se é que os somos!

  • Revista Arte Real nº 114 - Out/19 - Pg 06

    Desafios que a Maçonaria Deverá Vencer!

    Ao longo de sua história, a Maçonaria, não aquela das lendas e tradições românticas, de tempos imemoriais, das guildas de ofício que pretendiam manter uma reserva intelectual de mercado, mas sim a Maçonaria como Instituição, fruto de um momento social iluminista, originada ao longo do final do século XVII e início do XVIII, sempre, enfrentou oposição do chamado “mundo profano”, principalmente por seu caráter sigiloso, reservado, secreto até.

    Nestes quase 300 anos de existência oficial, completado em 2017, a Maçonaria se deparou com fortes movimentos que pretenderam controlá-la e até mesmo suprimi-la, com a eliminação de suas estruturas, a prisão, e mesmo a condenação à morte de seus integrantes. Desde a emissão da Bula “In Eminenti Apostolatus Specula”, por parte do papa Clemente XII, em 28 de abril de 1738, uma das primeiras tentativas de sua supressão, até os fortes ataques sofridos ao longo do século XX, por nações totalitárias, de caráter fascista, mesmo assim a Maçonaria, sempre, representou, ao mesmo tempo, um farol de conquistas sociais de Liberdade e Igualdade entre os homens e uma ameaça àqueles que pretendiam a perpetuação

    de um “status quo”, baseado no controle do Estado e da Sociedade por poucos; uma elite perversa, que visava ao controle do conhecimento, aos meios de produção, às liberdades individuais.

    Nestes últimos 300 anos, em suas fileiras, a Maçonaria abrigou líderes políticos, libertadores, intelectuais, filósofos, cientistas e artistas: de Saint-Martin e Washington; de Voltaire a Franklin; de Mozart e Puccini a Montaigne e Fleming. A Maçonaria sofreu e sobreviveu, sempre permanecendo imune aos ataques externos e internos a sua estrutura globalizada, em uma época em que o termo, ainda, nem sequer havia sido cunhado.

    Nestes 300 anos, lutou-se pela Liberdade social, pelo acesso universal à instrução, pelo direito de acesso aos meios de produção, pela liberdade política, pela defesa dos Estados laicos e pela comunhão entre os povos. Lutou-se pelo fim do Absolutismo; pelo fim da Escravidão; pela eliminação das oligarquias na sociedade; pela eliminação do totalitarismo de Hitler, de Mussolini e de Franco, exemplos de Estados onde a Maçonaria foi perseguida e praticamente eliminada, com a morte de aproximadamente 400.000 maçons

    Fábio Cyrino

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    em campos de extermínio, conforme os registros oficiais apontam; lutou-se pelo fim da Ditadura do Proletariado nas quatro décadas após o término da Segunda Guerra Mundial e tem se lutado, ainda, pela supressão das injustiças sociais e econômicas.

    Agora, nestas primeiras décadas do século XXI, a Maçonaria, de uma maneira geral, enfrenta um inimigo maior do que todos aqueles que já a confrontaram: a indiferença. A indiferença por parte de seus integrantes de que não há mais batalhas a serem vencidas; a indiferença e a acomodação por parte de seus integrantes de que as grandes causas se resumem a encontros sociais e a discursos vazios desassociados da realidade prática de um mundo em transformação, um mundo que exige respostas rápidas para questões cada vez mais complexas; a indiferença por parte de seus integrantes com relação aos equívocos internos e à luta insana por um poder sem poder algum; a indiferença diante de grupos que, simplesmente, esquecem-se dos compromissos assumidos no instante de suas iniciações.

    Portanto, o maior inimigo da Maçonaria não está, somente, no crescimento de movimentos antimaçônicos, no crescimento de teorias de conspirações, nos ataques de grupos extremistas que tem se infiltrado dentro da Ordem, com o intuito de se valer da “proteção” de seus templos, para fins menores e escusos. O maior inimigo da Maçonaria está na constituição, internamente, em nossas fileiras, de grupos de interesses particulares, na construção de uma oligarquia, de um governo de poucos, por si só perverso, com pretensões de se perpetuar no poder da Instituição, transformando-se numa autocracia ou mesmo numa plutocracia. O que se tem visto, de

    uma forma generalizada, é que os interesses maiores, os interesses sociais e culturais de grande parte da sociedade profana e maçônica, foram deixados de lado, em troca de uma política feita para se garantir regalias efêmeras e reuniões festivas sem significados maiores.

    Mas quais desafios a Maçonaria deve vencer? Antes de qualquer ação concreta, antes de se voltar à sociedade profana, a Maçonaria deve se reinventar, não no sentido de se criar um novo padrão de atuação, mas sim de se retornar aos princípios defendidos e elaborados por aqueles que “inventaram” a Instituição; uma reformulação da “ética maçônica”, com vias ao reexame dos hábitos dos maçons e do seu caráter em geral, de modo a se evitar o desmoronamento dos pilares de sustentação da Instituição; um reexame das reais necessidades da Maçonaria, principalmente com relação àqueles que pretendem ocupar a liderança e a representação de nossa Ordem, guindando-se aos seus maiores postos, não só o mais carismático, mas, também, aquele que seja mais preparado do ponto de vista ético, intelectual e moral.

    Necessitamos de um novo padrão de comportamento, não o comportamento vigente, voltado para a autopromoção e a perpetuação de privilégios, mas sim um novo padrão para se vencer os desafios referentes à construção de uma sociedade profana baseada nos princípios fundamentais defendidos pela Ordem, ou seja a formação de homens preparados para a diminuição das diferenças existentes entre as classes, não somente sob a ótica econômica, mas, também, do ponto de vista cultural e educacional.

    O que devemos ter em mente e plenamente consciente é que a Maçonaria é a Instituição onde o mundo deve se espelhar e não o contrário. Que os exemplos de valorização do Homem, da História e da Cultura, que, sempre, foram os grandes pilares da Maçonaria, iluminem o mundo de trevas profano a partir de nossas fileiras e não o oposto, pois não podemos permitir que as trevas desse mesmo mundo obscureçam as Colunas de nossa Instituição.

    Devemos ser vaidosos não por aquilo que pretendemos ser, mas sim, orgulhosos por toda ação e comportamento que nos identifiquem e reconheçam como Homens preparados para transformar o Mundo.

  • Revista Arte Real nº 114 - Out/19 - Pg 08

    FamíliaMaçônica

    VínculosFraternais

    Cunhada Francisca Feitosa

    Prezados(as) leitores(as), Irmãos(ãs) na condição de filhos e filhas do pai celestial, somos agraciados/as pelos laços fraternais da mãe maçonaria e assim entrelaçados/as pelos vínculos fraternais formando a família universal. Nesse sentido, convida-se a família maçônica para refletir sobre a importância do zelo, da tolerância por cada membro dessa grande família e principalmente da mulher que acompanha seu esposo e está ombreada com ele participando através do seu legado que é o papel social em consonância com os demais membros.

    A história registra os feitos e os fatos da participação ativa da mulher nos movimentos transformadores como: abolição da escravatura, criação da República, lutas pela redemocratização do país entre outras. Essa atuação para transformar vai desde as organizações: sindicatos, conselhos, associações, instituições religiosas, partidos políticos, até a ocupação de cargos de liderança no mercado de trabalho público e /ou privado e de mandatos eletivos nos poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário, nas instâncias federal e estadual, distrital e municipal. Nos Conselhos dos direitos das mulheres que representam instâncias de controle social e de interlocução entre a sociedade civil organizada e o governo. Nesse

    contexto, argumenta-se: Como está à participação da mulher nas atividades Para maçônicas na maçonaria? De que forma elas são estruturadas e organizadas? Que projetos vem sendo desenvolvidos por elas com o apoio da maçonaria?

    Na busca de respostas tomou-se como base no estatuto de uma loja maçônica da potência da Grande Loja no município de Imperatriz – MA, encontrou-se a definição referente ao “Grupo das Samaritanas Damas das Acácia” (esposas de maçons), “É uma Instituição apolítica, uma Entidade de apoio ao Quadro de Maçons de uma Loja maçônica, com caráter beneficente sem fins lucrativos e as esposas recebem a nomenclatura de (Samaritanas).

    E na potência do GOB as esposas de maçons recebem o nome de Fraternas, pois são associadas à Entidade para maçônica feminina, associação civil sem fins lucrativos, designada “Fraternidade” vinculada a uma loja maçônica jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil – GOB, fazendo-se necessário que cada Fraternidade seja filiada à Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul de um estado da federação com sede na capital do Estado e federada á Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul Nacional, com sede na Capital da República.

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    É uma Associação para maçônica patrocinada pelo Grande Oriente do Brasil – GOB, vinculada a uma Loja Maçônica da Federação, criada pela Constituição do Grande Oriente do Brasil, de 1967, normatizada pela Lei nº 30 de 09\10\96, publicada em Boletim nº 33\96, regulamentada pelo Decreto nº 83 de 21\10\97, publicado no Boletim nº 20\97 e modificado pela Lei 081 de 23\03\05. No desenvolvimento de suas atividades, a fraternidade observa os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade, eficiência e igualdade de direitos e não fará qualquer discriminação de raça, cor, gênero ou religião. (Estatuto Frafem – 2005).

    Fundamentada em leituras da Bíblia da Mulher, na obra: A Mulher Virtuosa, A Mulher na Maçonaria Regular, do autor Alci Bruno (1999), no artigo de Mery Ab- Jaudi intitulado: A participação da Mulher na Maçonaria, pesquisas e estudos da legislação da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul – Frafem, em observações e anotações no meu diário de bordo resultante da trajetória ombreada com o meu esposo lhe acompanhando na maçonaria, senti a necessidade de identificar quais os fatores que contribuem para a baixa participação da mulher na maçonaria no que diz respeito a implementação de projetos sociais e não apenas ações pontuais.

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    Analisa-se a leitura da letra do Hino Nacional da Frafem, intitulado: “Estrelas Brilhantes”, autoria da fraterna Heleudes Nazaré da Silva Bogéa, e destaca-se alguns trechos entre eles: “são mulheres valentes com ideais de servir; Conquistando seu espaço renascendo e vivendo feliz; Todos na mesma união”, e também a citação de Mery Ab- Jaudi (Revista Luz, 2012 P.34) “Parceria sábia, ela é a maior incentivadora das atividades dos maçons, a sua energia fortalece os cunhados para serem bem sucedidos em seus desafios”. Diante do exposto e pautado em um contexto poético e musical, é capaz de exprimir verdadeiros ensinamentos e instigar a reflexão sobre família maçônica – vínculos fraternais.

    Percebe-se que a letra do hino é um convite para fortalecer os vínculos fraternais, laços formados pela união das mentes e corações, através das relações humanas e sociais, entre homens e mulheres de bem, colunas razão e emoção que devem andar convergentes a fim de construir uma grande nação.

    Abraço fraterno à família maçônica! A autora é nossa Cunhada Francisca Feitosa Oliveira, escritora, autora de vários livros, entre eles “A Mulher e a Maçonaria – Vínculos Fraternais”, Editora Ética – (Francely) – pertence à Fraterna da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul – Rosa de Saron, e é esposa de nosso Irmão Francisco de Assis Neres Oliveira, membro da Loja Lauro Tupinambá Valente - Oriente de Imperatriz - MA.

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  • Revista Arte Real nº 114 - Out/19 - Pg 10

    Maçonaria Mundo

    A Maçonariana Terra

    SantaLindomar Furniel

    Vivendo em Israel há mais de quarenta anos, Leon Zeldis, cônsul honorário do Chile, em Tel Aviv, já ocupou o mais alto cargo da Maçonaria Israelense. Ele assinala que não existe impedimento entre o Judaísmo e a Maçonaria. E mais: rabinos e hazanim (oficiantes cantores das sinagogas) pertencem à Ordem, e, na cidade de Eilat, no extremo Sul do país, na fronteira com o Egito, uma loja maçônica chegou a funcionar em uma sala da Yeshivah (escola religiosa para formação de rabinos). “A Maçonaria Israelense é um exemplo de convivência e tolerância”, destaca Zeldis, “o que procuramos mostrar é que é possível conviver, judeus e árabes, como irmãos.”

    Nadim Mansour, árabe palestino, de religião cristã ortodoxa, foi empossado, em Tel Aviv, como o Grão-Mestre da Grande Loja do Estado de Israel, cargo que ocupou até o ano 2013. A Grande Loja de Israel teve já dois Grão-Mestres palestinos: Yakob Nazih, de 1933 a 1940, e Jamil Shalhoub, de 1981 a 1982. O Grão-Mestre Mansour nasceu em Haifa e se mudou para Acre, aos cinco anos de idade. Foi iniciado em 1971 na Loja “Akko”, da qual seu pai foi um dos fundadores, e, em 1980, tornou-se seu Venerável.

    Nadim Mansour é, também, Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito. A presença de um maçom

    de origem árabe como Grão-Mestre, de uma Loja Maçônica de judeus, é uma demonstração de que existe uma luz no final do túnel, e que a paz entre palestinos e judeus é possível sim! E não, somente, a paz, mas a fraternidade pode reinar entre árabes e judeus, como ocorre na Grande Loja de Israel.

    A prova maior do compromisso dessa Grande Loja, com os princípios de “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, pode ser vista no Selo (emblema) da mesma: a Cruz, a Lua quarto crescente e a Estrela de Davi estão juntas, simbolizando o Cristianismo, o Islamismo e o Judaísmo. Da mesma forma, a Bíblia, o Alcorão e a Torah estão no Altar das Lojas, comprovando que todos os Irmãos, independente da fé professada, estão imbuídos do objetivo de trabalhar pela felicidade da humanidade.

    A Grande Loja do Estado de Israel foi instalada em 20 de outubro de 1953, em Jerusalém. Porém, sua sede fica em Tel Aviv. A primeira Loja na região foi a Loja Rei Salomão Nº 293, filiada à Grande Loja do Canadá, e teve sua primeira reunião realizada nas chamadas pedreiras do Rei Salomão, no dia 07 de maio de 1873. Cinco anos antes havia ocorrido uma reunião no mesmo local, porém sem existir uma Loja regularmente constituída. Posteriormente a isso,

  • houve outras Lojas na região, filiadas à extinta Grande Loja da Palestina.

    Por um mundo melhor, existem várias maneiras de ajudar ao próximo. Ser maçom é uma delas. Para Leon Zeldis Mandel, 82 anos, Ex Grão-Mestre, Ex Soberano Grande Comendador, Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito, a Maçonaria não melhora o mundo, mas os maçons, sim. Nascido na Argentina, Zeldis viveu no Chile, formou-se engenheiro têxtil nos Estados Unidos e fundou, em 1970, a primeira Loja Maçônica de Israel de língua espanhola. Escritor, poeta e conferencista, é autor de 15 livros e de mais de 150 artigos e ensaios publicados em diversos idiomas. Seus livros, “As Pedreiras de Salomão”, “Estudos Maçônicos” e “Antigas Letras” foram traduzidos para o português.

    Residindo em Israel desde 1960, suas atividades como conferencista e profundo conhecedor da história da Maçonaria o levaram às principais cidades da Europa e do continente americano. No Brasil, participou do Congresso Internacional de História e Geografia Maçônica, realizada em Goiana, em 1995. Também, é membro honorário da Academia Maçônica de Letras de Pernambuco. Foi distinguido como membro honorário dos Supremos Conselhos da Turquia, Itália, França e Argentina.

    Em seu livro “Antigas Letras”, Zeldis defende alguns aspectos que devem mobilizar a atenção da Maçonaria no século XXI, no tocante a sua importante função na sociedade contemporânea. A ênfase na educação (laica e maçônica) é vital, segundo Zeldis, para melhorar a sociedade e o indivíduo. “A importância da educação está, precisamente, em adquirir a capacidade de julgar, categorizar, classificar e avaliar a qualidade da informação recebida, não somente pelo seu conteúdo textual, mas, também, do ponto de

    vista ético e teleológico”. A simples transferência de informações pode se constituir, na maioria das vezes, um armazenamento de conhecimentos que oprime e sobrecarrega o ser humano, impedindo-o de analisar e refletir sobre o essencial, escreve Zeldis. E cita o filósofo alemão Friedrich Krause (1781-1832), para quem a educação é algo que a grande parte das pessoas recebe, muitos transmitem, mas muito poucos têm. “O que equivale a dizer que muitíssimas pessoas sabem ler, porém são incapazes de reconhecer o que vale a pena ler”, conclui o autor.

    Com dois mil membros, a Maçonaria em Israel foi oficializada em 1953, mas desde o século XIX os maçons estão na Terra Santa. Em 1873 foi instalada a primeira Loja regular em Jerusalém. Já, em 1890, outra loja foi constituída em Jaffa. Atualmente, setenta lojas funcionam em Israel, desde Naharía, ao norte, até Eilat, no extremo Sul do país, com um número apreciável de irmãos árabes (cristãos e muçulmanos), funcionando em seis idiomas, além do hebraico e do árabe.

    Compilação extraída com base na entrevista realizada por Sheila Sacks, jornalista da Assessoria de Imprensa da Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop). Também, escreve para o NOSSO JORNAL - RIO, uma publicação voltada para a comunidade judaica. Rio de Janeiro, RJ.

    Revista Arte Real nº 114 - Out/19 - Pg 11

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