O Douro, O Vinho Do Porto, A Casa Burmester

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1 1 Índice geral 1. Introdução 2. Douro - a região do Vinho do Porto 2. 1. Localização geográfica 2. 2. Aspectos naturais da região 2. 2. 1. Formação geológica 2. 2. 2. Os solos 2. 2. 3. O clima 2. 3. Douro - o rio 3. Arqueologia da região e do rio 3. 1. Aspectos históricos 4. A influência inglesa 5. A acção do Marquês de Pombal 5. 1. A Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro 5. 1. 2. Notas complementares 6. As caves de Vila Nova de Gaia 6. 1. Razões históricas 6. 1. 2. Razões políticas e administrativas 6. 2. Mapa das caves 7. A Casa BURMESTER 7. 1. Origens do nome 7. 2. A actividade comercial e financeira 7. 3. A empresa 8. Conclusão 9. Referências bibliográficas 10. Referências de imagem

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Trabalho desenvolvido para TMG na Licenciatura de Geografia, Universidade do Porto

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Índice geral

1. Introdução

2. Douro - a região do Vinho do Porto

2. 1. Localização geográfica

2. 2. Aspectos naturais da região

2. 2. 1. Formação geológica

2. 2. 2. Os solos

2. 2. 3. O clima

2. 3. Douro - o rio

3. Arqueologia da região e do rio

3. 1. Aspectos históricos

4. A influência inglesa

5. A acção do Marquês de Pombal

5. 1. A Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro

5. 1. 2. Notas complementares

6. As caves de Vila Nova de Gaia

6. 1. Razões históricas

6. 1. 2. Razões políticas e administrativas

6. 2. Mapa das caves

7. A Casa BURMESTER

7. 1. Origens do nome

7. 2. A actividade comercial e financeira

7. 3. A empresa

8. Conclusão

9. Referências bibliográficas

10. Referências de imagem

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1 Introdução

Este trabalho teve como objectivo central melhor entender as origens, a instalação em

Portugal e o seu desenvolvimento, ao longo do tempo, do nome Burmester nas suas ligações ao Vinho do Porto.

Como objectivo mais específico o de conhecermos como foi possível a uma “pequena”

empresa manter-se ao longo do tempo e chegar aos dias de hoje com um nome afirmado e confirmado no Vinho do Porto.

A Casa BURMESTER continua a existir após mais de dois séculos, sem nunca ter sido

proprietário de quintas no Douro, até ao passado recente, contrariamente a outras empresas. No entanto sempre foi (e continua a ser) um dos nomes importantes do Vinho do Porto

quer a nível nacional quer a nível internacional muito em especial pela qualidade dos seus produtos.

A Casa BURMESTER foi sempre uma “pequena firma” comparativamente com as outras

conhecidas empresas ligadas ao sector do Vinho do Porto. Não podemos, obviamente, dissociar o nome Burmester da Região Demarcada do

Vinho do Porto, do rio Douro bem como da zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia local onde ainda hoje se mantém a Casa BURMESTER.

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A escolha deste tema prendeu-se com a motivação e interesse pessoal do autor pelo que diz respeito ao Douro e o Vinho do Porto; o objectivo BURMESTER surgiu pela existência de contactos na área e por alguns conhecimentos adicionais que se revelaram importantes para a execução deste trabalho.

Para compreendermos como chegámos aqui, isto é como a Casa BURMESTER chegou até aos nossos dias, necessitamos de perceber e tentar conhecer de onde partimos.

Precisámos de uma “fotografia de partida”. Para a elaboração deste trabalho não pudemos deixar de pesquisar informação sobre a

região base desse vinho – o Alto Douro Vinhateiro – pesquisa essa que não foi possível ser tão exaustiva quanto pretendíamos mas que contribuiu decisivamente para a melhor consecução do nosso objectivo.

Temos de referir o mesmo quanto aos dados relativos ao rio Douro, indissociado da

temática abordada.

Não sendo fácil, em virtude da vastidão do território do Alto Douro Vinhateiro ou melhor dizendo da Região Demarcada do Douro, das inúmeras quintas e dos seus consecutivos proprietários ao longo de décadas e décadas, tentámos através de pesquisa bibliográfica, essencialmente, centrarmo-nos nos dados pretendidos.

O conhecimento pessoal relativamente profundo, quer daquela região quer da própria

história associada ao Vinho do Porto quer ainda de pessoas e empresas da área, “facilitou” essa mesma pesquisa.

Complementarmente, e na impossibilidade absoluta de utilizarmos uma metodologia de

trabalho que nos permitisse inquirir uma amostra significativa do universo de referência para este trabalho, utilizámos a entrevista como forma de aprofundar alguns conhecimentos históricos aos quais de outra forma não teríamos acesso.

Como atrás referimos o factor conhecimento e relação pessoal com a área em questão

permitiu que a recolha de dados fosse feito de forma “informal” – no entanto sustentada no conhecimento histórico que a anterior e nova administração da Casa BURMESTER possuem.

Adicionalmente recolhemos informação através de conversas completamente informais

com antigos funcionários da empresa e de empresas com ligações mais recentes aproveitando as relações profissionais do autor com estas.

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Não terá sido certamente a melhor metodologia mas foi a possível de aplicar, baseada

na pesquisa objectiva das informações pretendidas associada a informações acessórias mas não menos importantes que uma entrevista com uma estrutura ligeira das questões permite.

Considerado como essencial uma pesquisa profunda no Arquivo Histórico da Casa BURMESTER tal veio a revelar-se não ser possível (por motivos alheios ao autor) pelo que de alguma forma este trabalho se poderá considerar “menos completo”

Dada a natureza de “grandiosidade” que o trabalho poderia proporcionar, a manifesta falta de tempo apesar da conciliação dos factores profissionais, familiares e escolares, elaborámos um trabalho que podemos considerar o ponto de partida para um futuro aprofundar do tema.

.Como “fotografia de chegada” servirá como base de um trabalho que poderá ser

continuado no futuro.

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3 – Região do Douro

2 Douro – a região do Vinho do Porto

2.1 Localização geográfica “O Douro, genericamente falando, é uma expressão territorial relativa a uma zona accidentada, comprehendida entre a Barca DÁlva e a aldeia de Barqueiros, cerca da villa da Régua, e banhada em toda a sua latitude pelo considerável rio peninsular de que recebe o nome” (1) Esta região é hoje Património Mundial Unesco e, em termos estritamente geográficos, o Douro e a Região do Alto Douro Vinhateiro – Região Demarcada do Douro a que nos referimos neste trabalho, encontra-se localizada entre as seguintes coordenadas:

Latitude 410 06” N e 410 15” N

Longitude 70 06” O e 70 52” O

(Coordenadas da rede geodésica Europeia Unificada – DATUM EUROPEU) (2)

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São de 250 000 hectares de Barqueiros a Barca de Alva. Espalha-se pelos quatro distritos de Vila Real, Bragança, Viseu e Guarda e por vinte e um concelhos (ver quadro abaixo).

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Neste quadro podem ver-se quais os concelhos abrangidos pela região produtora do Vinho do Porto embora, como refere a legenda do mesmo, nem todos fazem parte “por inteiro”

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2.1 Aspectos naturais da região

2.2.1 Formação geológica

A área de terrenos da Região demarcada pertence à formação geológica Complexo xisto-grauváquico ante ordovícico (hispaniano) (PC-Cb).

A região é praticamente toda rodeada por uma formação geológica granítica.

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2.2.2 Os solos

A acção do homem (acção antrópica) é o grande factor responsável pela formação dos solos da região; o aprofundamento do solo, a desagregação da rocha e a criação dos socalcos são os retratos visíveis dessa acção.

De entre outros elementos citamos as qualidades consideradas importantes no

cultivo da vinha: Textura – são solos franco-arenosos, francos e franco-limosos dominando o primeiro e sempre existindo grandes quantidades de areia. Juntamente com a textura é importante salientar a existência de elementos

grosseiros (cascalho e pedras) que permite uma melhor penetração e fixação das raízes. A cobertura do solo permite regularizar as temperaturas evitando grandes amplitudes térmicas e protege o solo contra a erosão provocada pelas chuvas

A cor escura permite uma grande absorção de energia radiante pela existência de

um baixo albedo; assim o aumento da tempeatura do solo melhora a maturação das vinhas de forma mais rápida e com mais qualidade.

. Matéria orgânica – teor baixo de matéria orgânica Reacção dos solos – predominam os solos de acidez média seguidos dos solos de pouca acidez; os neutros e os muito ácidos não são representativos.

O xisto em plano de clivagem vertical facilita a infiltração das águas das chuvas e a penetração das raízes

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2.2.3 O clima

Onde principia a Região Demarcada o rio Douro faz um “S”. É quando encontra o vale da Serra do Marão. Contra esta as massas de ar húmido vindas do Atlântico perdem, por condensação, o vapor de água transportado.

Toda esta região se encontra em vales profundos protegidos por montanhas de altitude

da ordem dos 1000 metros:

Mogadouro, Lagoaça, Roboredo, Bornes, Reborosa, Candoso, Stª Comba, Vlarelho, Preta, Faperra, S. Domingos, Brunheiro, Padrela, Alvão, Marão, Marofa, Sirigo, Leomil, Piedade, S. Domingos de Queimada, Bigorne e Montemuro.

As altitudes oscilam entre os 731 metros da serra do Candoso e os 1415 metros da

serra do Marão. São estes conjuntos de serras que protegem a região duriense quer dos ventos vindos

do Atlântico quer dos ventos do Norte, frios, dando por isso características climáticas muito próprias, à região.

A temperatura média aumenta quando subimos o rio e desce quando nos afastamos

dele. Já a pluviosidade regista exactamente o sentido inverso. Em função dos vários factores já referidos (e outros) são normalmente considerados três

climas diferentes considerados a partir de jusante do rio para montante: Atlântico Atlântico – Medterrânico

Mediterrânico

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10 - Rio Douro

2.3. O rio Douro O rio Douro é como que a espinha dorsal da região duriense.

O Douro é um rio internacional, nasce na Serra de Urbión, Espanha, a cerca de 1700

metros de altitude. A sua entrada em Portugal dá-se em Barca D’Alva e desagua em S.João da Foz, no

Porto. O seu comprimento é de 927 kms. Os numerosos afluentes quer em território espanhol quer em português fazem dele o rio

da Península Ibérica com a maior bacia hidrográfica: 97 682 km2 - dos quais 18 710 km2 em Portugal. (Imagens 7 e 8)

O clima, ao longo da sua bacia hidrográfica oscila entre o “muito húmido” e o

“semiárido”. As zonas de maior pluviosidade (2400 mm/ano) situam-se nas cabeceiras do rio Tâmega

e as de menor pluviosidade (400 mm/ano) na parte central do planalto de Castela-a-Velha, em Espanha.

Tem um caudal médio anual de 710 m3/s e o seu regime hidrográfico é caracterizado

pela grande irregularidade. (Imagem 13)

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Rio Douro

Bacia hidrográfica

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Outrora “estrada principal” para o transporte dos vinhos da região duriense, com a

utilização de barcos rabelos, foi perdendo a sua importância como via de comunicação para os caminhos-de-ferro e para o transporte ferroviário.

Hoje, e após muitos anos de projectos e obras de regularização (barragens, albufeiras,

canais, comportas…), volta ser uma via potencialmente navegável numa extensão de cerca de 179 kms.

Os barcos rabelos, hoje, têm apenas uma utilização turística de recordação dos tempos

em que eram os principais e mesmo únicos meios de transporte até Vila Nova de Gaia e Porto.

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Após perder o exclusivo do transporte para o transporte ferroviário mais tarde e apenas algumas décadas foi a vez deste dar lugar ao transporte rodoviário. Hoje apenas se utiliza este transporte, em cisterna, tendo-se abandonado por completo os outros meios de transporte.

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15 Planta apensa a requerimento de viticultor em 1789

3 Arqueologia da região e do vinho

3.1. Alguns aspectos históricos

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“A produção de vinho no Alto Douro é um actividade muito antiga - as condições naturais do vale favoreciam a produção de um vinho

de guarda, que lhe conferia um grande valor comercial” (3)

Existem dados arqueológicos que nos mostram que a cultura da vinha na região

duriense já existia mesmo na época do Bronze; refere-se mesmo que em estações do Bronze I até ao Bronze III se encontraram grainhas de uvas e sarmentos de videira carbonizados em necrópoles dessa época. (4) A partir da ocupação romana a cultura da vinha difundiu-se, expandiu-se. Foram encontrados em escavações em Fonte do Milho (Vale de Covelinhas) (5) e na Quinta da Ribeira (Tralhariz) (6) na margem esquerda do rio Tua vestígios da riqueza e desenvolvimento existentes à época e provenientes do cultivo da vinha.

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Os forais de S. João da Pesqueira e de Freixo-de-Espada-à-Cinta, nos séculos XI e XII respectivamente referiam a imposição aos seus habitantes, como tributo, de efectuarem pagamento em vinho e/ou fazem referência ao cultivo da vinha. (7)

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Foral de S. João da Pesqueira

Com a independência de Portugal (Tratado de Zamora, 1143) , no século XII, torna-se evidente a importância das vinhas do Douro visível através dos forais concedidos às várias vilas que nas margens do rio Douro se iam construindo. De uma forma geral todos esses forais referem a obrigação do pagamento de uma contribuição em vinho. Durante o reinado de D. Afonso III e pelo foral concedido a Vila Nova de Gaia qualquer barca carregada de vinho com destino àquela vila pagaria tributo. Podemos daqui concluir que o comércio entra região duriense e aquela que viria a ser o actual entreposto do Vinho do Porto era já de dimensões económicas avultadas.

Continuamos a encontrar referências ao vinho desta região: “…D.Dinis recebia do concelho de Lamego, entre muitos outros géneros, “seis moyos de

vinho” – cerca de 5 000 litros (8)

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“…Lamego no meiado do século XV, expedia para o Porto, cereais, azeites, vinhos, etc…”,”…nas margens do Barosa, que verte no Douro as águas desta Região, davam-se dos melhores vinhos do reino.” (9) “Há nesta parte muito bons vinhos, principalmente os que se colhem para a parte do Douro e em Ribas de Pinhão que he hu rio que se mete no Douro, donde se levão para a Cidade do Porto”(10)

Muitas outras notas complementares poderiam aqui ser descritas como as que se encontram no “Tombo do Concelho de Penaguião” e “Tombo de prazo de Souto Covo” a partir das quais se confirma claramente a densificação das vinhas nas margens do Douro (11) “Em 1675 Ribeiro de Macedo refere-se a vinhos com a denominação de Vinho do Porto” (12) e “ em 1678 a Alfândega da mesma cidade regista, com designação idêntica, vinhos exportados pela barra do Douro”(13)

4 A influência inglesa

É sobretudo a partir do século XVII que o Vinho do Porto iniciou a sua efectiva expansão comercial na Europa em especial através das importações inglesas. Estas são potenciadas pela acção indirecta de Colbert, ministro francês que, no âmbito das guerras do Norte da Europa, a franco-inglesa em 1672-1678 e da liga de Augsburgo em 1688 a 1697, impôs taxas elevadas ao vinho de Bordéus exportado para Inglaterra. Por sua vez o rei Carlos II decretou o embargo dos vinhos franceses “Médoc” muito apreciados em Inglaterra nessa época. Alguns dos importadores ingleses de vinhos franceses estavam já em Portugal juntamente com holandeses e alemães, na zona de Viana do Castelo, a negociar os vinhos de Monção. Mercê das acções de Colbert e de Carlos II estabelecem-se na zona do Porto iniciando a exportação do Vinho do Porto de uma forma sustentada. Por outro lado o Tratado de Metween (1703), assinado por John Metween e o Marquês de Alegrete, defenia taxas aduaneiras preferenciais para o Vinho do Porto vendido em Inglaterra.

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Com o orgulho britânico ferido com os embargos referidos anteriormente) o Vinho do

Porto tomou lugar único na sociedade: bebê-lo “era, mais do que um luxo ou prazer, era um acto patriótico.” (14) Nesta época iniciou-se o hábito de adicionar aguardente ao Vinho do Porto. Este acto é o que torna o vinho duriense em verdadeiro Vinho do Porto e foi iniciado pelos ingleses. O adicionar de aguardente vínica surge como forma de ajudar o vinho a suportar as grandes travessias marítimas a que estava sujeito nas exportações.

5 A acção do Marquês de Pombal É nesta época que Sebastião José de Carvalho e Melo, primeiro-ministro do governo de el-rei D. José I e Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, tomou uma decisão histórica e revolucionária para a época: a delimitação das zonas de vinhas na região do Douro em 1757. Foram assinaladas com marcos de granito (Marcos de Feitoria) as zonas de produção dos melhores vinhos.

O objectivo claro era o de garantir a qualidade do vinho exportado, adequar os volumes de produção à procura,

Definiu regras precisas quanto ao cultivo, de vinhas, de preços e de transportes e

introduziu a prova obrigatória dos vinhos. Foram colocados 202 marcos pombalinos (foto. 17) aos quais, mais tarde, se acrescentaram mais 134 num total de 335 marcos. Muito à frente de outros países produtores vinícolas e em especial as grandes regiões francesas, Portugal criou assim a primeira região demarcada do mundo.

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5.1. A Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro

O Marquês de Pombal decide criar a Companhia Geral de Agricultura das Vinhas do Alto Douro através de alvará régio de 1756. (foto 18) “De entre os inúmeros serviços prestados pela Companhia à causa pública destaca-se como mais notável, devido à sua enorme importância a chamada “Demarcação Pombalina da Região do Douro” que foi levada a efeito entre os anos de 1758 e 1761 pelos deputados da Junta de Administração da real Companhia velha. Mercê desta medida de grande alcance económico, foi delimitada a região dos vinhos de Feitoria do Douro, que é a mais antiga região demarcada do mundo. A linha de actuação da Companhia, caracterizada por uma legislação de grande rigor e controlo, lançou sólidos alicerces para uma política que muito prestigiou o vinho do porto. Na verdade, aos preços ruinosos anteriores à fundação da Companhia, sucederam-se, impostos por esta, preços justos que regendo-se pelos seus estatutos deveriam ser “capazes de sustentar com a reputação do vinho o granjeio da vinha, de modo que, bem remunerado, o comércio recompensasse a lavoura, e tudo previsto com tanta ponderação, que não se impossibilitasse o consumo pela carestia, nem pelo barateio se abandonasse a cultura”. As exportações atingiram o seu melhor nível, alcançando as 20 0000 pipas em 1810. O Vinho do Porto alcançava a fama”. (15)

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19 – 1ª acção da Companhia Geral de Agricultura

5.1.2. Notas complementares

Durante o século XVIII e até hoje o Vinho do Porto conheceu profundas alterações no que concerne a metodologias de produção, tratamento de doenças, armazenamento, legislação, A Região Demarcada estendeu-se para leste e até à fronteira espanhola tendo as novas delimitações sido registadas em 1907. A Companhia foi extinta em 1852 fruto de diversas alterações jurídicas levadas a efeito na época liberal. Apesar desta situação o livre comércio do Vinho do Porto apenas se efectuou em pequenos períodos (1834-1838 e 1865-1907). Em 1932 e 1933 foram criados a Casa do Douro, o Grémio dos Exportadores do Vinho do Porto e o Instituto do Vinho do Porto que fizeram a manutenção do percurso daquele néctar até aos nossos dias.

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20 – Caves Burmester –Século XVIII

6 As caves em Vila Nova de Gaia

6.1. Razões históricas No percurso já longo do Vinho do Porto devem ser consideradas duas datas bem distantes entre si e da actualidade em especial para quem apenas conhece o Vinho do Porto através das Caves de Vila Nova de Gaia.

Segundo a Cronologia do Vinho do Porto de Gaspar Martins Pereira em 1254 existiu um “Conflito entre o rei D. Afonso III e o bispo do Porto, D. Julião, por causa do desembarque das mercadorias que desciam o Douro. A sentença régia, desse ano, estabelece que dois terços dos barcos deveriam descarregar no Porto e um terço em Gaia” (16)

Julga-se que foi a partir daquela data que Vila Nova de Gaia e mais propriamente a actual zona das caves se definiu como o local para a armazenagem dos vinhos vindos do Douro. E temos a certeza que aquele local é antiquíssimo. (17)

Também se sabe que a partir do século XVIII a margem esquerda do rio Douro, entre a actual ponte Luís I (18) e a sua foz começou a ser utilizada pelos comerciantes em geral mas muito especialmente pelos estrangeiros e de entre estes pelos de origem inglesa para sediar os seus armazéns. De entre as razões de pendor político, administrativo, económico ou fiscal que possam ter estado na origem da instalações em Gaia (já que as sedes das empresas estavam do outro lado do rio, no Porto) daquela quantidade de armazéns e de empresas ligadas aos vinhos é certo (ainda hoje) que as condições naturais do local se mostraram propícias para o armazenamento do vinho do Porto, armazenamento esse que faz parte do processo de elaboração do mesmo.

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A encosta de Santa Marinha é uma zona abrigada dos ventos marítimos ali próximos, com pequenas oscilações das suas temperaturas diurnas e nocturnas. A humidade local resulta ainda da quantidade de minas e fontes existentes por toda aquela área. Os comerciantes rapidamente perceberam que eram condições ideais ao envelhecimento do Vinho do Porto até pela impossibilidade de tal acontecer na região duriense onde o clima não tinha (não tem) estas condições. Em 1833 e segundo a Cronologia atrás referida, existia já uma enorme quantidade de vinho que era armazenado em Vila Nova de Gaia situação que de alguma forma é sustentada pelo crime relatado na época : “No termo do cerco do Porto. O general miguelista conde de Almer faz explodir os armazéns da Companhia, em Gaia, perdendo-se mais de dez mil pipas de vinho e aguardente”(19)

Outra referência a esta situação que vem suportar a importância do vinho em Vila Nova

de Gaia podemos encontrá-la através da citação “O largo espaço de onze meses e dez dias, que durou o Cerco, deu tempo bastante para toda a casta de malefícios, e a continuada má sorte das suas armas em todos os encontros, que tiveram com os sitiados, motivo permanente para atiçar a vingança, a qual chegaram por último, e para cúmulo de maldade a empregar na acção bárbara, e só própria de selvagens, de lançar o fogo aos armazéns de vinhos no dia 16 de Agosto de 1833, que reduziu a zero o valor de muitos milhões de cruzados, em que estavam importantes! Sim; aqueles vinhos, os mais generosos, que tinha este grande depósito, e que faziam o património de muitas famílias, viram-se correr m torrentes para o rio, por largo espaço de tempo!”(20) Podemos pois perceber que naquela altura era já considerado e considerável o valor dos vinhos ali armazenados. Atentemos como uma última confirmação daquele facto as seguintes passagens: “…Gaya determinou-se por uma vida própria da sombra, discreta e ávida, para arrecadar, par enthesourar, isto é, converteu-se em adega das preciosidades vinicas dos schistos do Alto Douro…”, “E tanto se conformou com este destino de trapiche viicola que não se faz colheita alguma nas quintas durienses que ella não absorva, que ella não engolphe, dpois de a receber do ventre dos rabellos, que na primavera descem, como feudatários a prestar o seu feudo”, Assim é que todas ou quasi todas as suas ruas, praças e calçadas se circuitam de armazéns, os quaes invadiram todo o espaço então devoluto e até os proprios edifícios religiosos, do que não rsultou inconveniência de maior ou incompatibilidade irreductivel, visto a adega merecer sempre as mais desveladas solicitudes ás comunidades”.(21) A acrescer aos factores de localização atrás mencionados devemos acrescentar que, ao longo dos anos, foi feita legislação que fez consolidar e definitivo a situação das caves em Vila Nova de Gaia:

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6.1.2. Razões políticas e administrativas

Em 1907 é feita uma lei que no sentido de colocar ordem na designação Vinho do Porto e todos os “Port” (quer nacional quer internacionalmente) considerando que apenas eram “Vinho do Porto” os vinhos generosos que saíssem pela barra do Douro (claro, feitos a partir das uvas da região duriense e com características muito próprias nomeadamente o teor alcoólico não inferior a 16,5 graus). Em 1926 é criado o “Entreposto de Gaia” através de nova lei, como “lugar único e exclusivo para o armazenamento do Vinho do Porto”.

(22) Já em 1933 foi criado o Instituto do Vinho do Porto que passou a certificar, controlar, regulamentar toda a actividade referente ao Vinho do Porto. Todos estes factores foram determinantes para que a localização em Vila Nova de Gaia das Caves do Vinho do Porto se fosse sempre consolidando

Apesar das alterações introduzidas como a autorização de comercialização a partir da região demarcada ou a alteração dos processos de fabrico, hoje mais modernos mas com resultados qualitativos semelhantes e a par com a continuada produção através de métodos tradicionais, a existência de outras entidades associadas ao Vinho do Porto como a Confraria do Vinho do Porto ou a Associação das Empresas de Vinho do Porto , a localização das caves continua a ser a mesma: a zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia. 6.2. Mapa das Caves

21 Localização das caves em V.N. Gaia

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22 – Os Burmester com os trabalhadores (ano 1920 aprox.)

7 A Casa Burmester

7.1 Origens do nome Burmester

O nome Burmester reporta a um nome de família de origem alemã, ou mais propriamente hanseática, originária de Moelln, uma pequena cidade alemã situada no sul de Luebeck. onde há registos relativos à família que remontam ao séc. XV.

Ao nome são atribuídas duas possíveis origens: Burgermeister (que significa

burgomestre, Chefe de Municipio), a mais provável, dado vários membros da família terem exercidos importantes cargos de administração municipal, ou Baumeister, com um significado próximo de feitor agrícola.

A primeira hipótese foi a que foi possível confirmar como sendo “a mais verdadeira”. Existem outras grafias do nome, como Burmeister e Burmeester sendo que no caso em

estudo não se aplicam..

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As contínuas guerras de cariz religioso que assolaram a Europa Continental durante o

século XVI fez com que alguns membros da família se refugiassem em Inglaterra

7.2 A actividade comercial e financeira

Em 1730 Henry Burmester e John Nash criaram a empresa Burmester, Nash & Cia. em

Londres sendo o seu objecto o comércio de cereais. Em 1750 a empresa instala-se em Vila Nova de Gaia com o intuito de exportar Vinho do

Porto para as ilhas britânicas e para a Europa em geral.

Em 1822 Frederick Burmester era um conceituado membro da colónia inglesa em Portugal.

Chega a Treasurer da Factory House, no Porto. Em simultâneo mantém negócios na

capital inglesa e é sócio fundador do Westminster Bank. O sucesso comercial e financeiro da família Burmester tornou-se notório de tal forma

que o seu nome foi perpetuado na Burmester Road (Winbledon). .

23 - Placa identificativa de rua em Inglaterra

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24 – Caves Burmester (início do século XX)

7.3. A empresa A hoje denominada Casa Burmester teve o seu inicio, como atrás dissemos, em 1750

fundada por Henry Burmester e John Nash. A sede da empresa localizava-se no Porto, na Rua de Belmonte, na área onde os

grandes comerciantes de vinhos e banqueiros – especialmente ingleses – se instalaram. Os armazéns encontravam-se já localizados em Vila Nova de Gaia, no local onde ainda

hoje se mantêm, embora hoje sejam de maiores m dimensões. A Casa Burmester apenas produzia, armazenava e exportava vinho do Porto não sendo,

na época, detentora de quintas de produção na região duriense. Abasteciam-se nos melhores produtores e sempre maioritariamente com uvas das

castas mais elevadas nomeadamente da classificação “A”. No final do século XVIII Henry Burmester Jr. E os seus dois filhos , Frederik e Edouard

Burmester decidem criar uma nova sociedade – H. Burmester & Sons.- terminando a anterior. Em 1822 morre Henry Burmester e a sociedade sofre algumas convulsões já que os

descendentes directos estavam mais dedicados aos negócios da banca.

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A Casa Burmester foi temporariamente adquirida por um conhecido comerciante Manuel

de Clamouse Brown que a manteve durante as invasões napoleónicas. A 13 de Dezembro de 1834 Johann Wilhelm Burmester – parente afastado a viver em

Hamburgo – é convidado a gerir o negócio do Vinho do Porto, em Portugal. Já no final do século XIX (em 1880) foi ele que após se tornar no único proprietário da

empresa tomou a decisão de alterar a sociedade para J.W. Burmester & Cª. Com a sua morte em 1885 os filhos Gustav e Otto continuaram o negócio. Destes destacou-se Gustav Adolf , filho mais velho, tendo-se revelado um excelente

gestor e visionário no negócio do Vinho do Porto: - Aumentou consideravelmente o volume de negócios para o mercado europeu. - Abriu definitivamente o mercado americano ao Vinho do Porto. - Definiu novas estratégias de marketing com o registo da marca J.W.Burmester em

1900. - Criou novas rotulagens - Levou os vinhos a ganhar medalhas de ouro nos prestigiados e restritos concursos de

vinho: Lisboa e Berlim em 1888, Paris em 1889 e Chicago em 1893

O efeito da I Guerra Mundial produziu efeitos muito negativos no negócio do Vinho do

Porto.

Foi a geração seguinte da Burmester, João Guilherme Burmester , o seu genro Hans Steinmetz e o seu sobrinho Karl Gilbert que cuidou da recuperação da empresa.

Assistiram e participaram na criação de novas estruturas passando a regular a produção, a comercialização e a exportação do sector do Vinho do Porto.

A partir de 1952 Helmut e Arnold – a geração Burmester Gilbert – assumem o negócio e criam mais uma empresa dedicada ao negócio do Vinho do Porto, a Gilberts e Cª (1962)

Em 1991 a casa Burmester adquire a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, Alto

Douro. Esta quinta está assinalada com um marco pombalino datado de 1758. Inicia-se aqui uma nova fase no caminho da auto suficiência que será complementado

um pouco mais tarde pela aquisição da Quinta de S. Cibrão.

“A construção da nova adega na Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, com 2500 m2, representando um investimento de aproximadamente 2,5 M de Euros, ficou concluída em apenas 7 meses, encontrando-se em pleno funcionamento na vindima de 2002.

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Aliando os processos tradicionais a uma sofisticada tecnologia de ponta, este projecto assinado pelo Arq. Arnaldo Barbosa, tem uma capacidade inicial de 1500 pipas ( 550 lt) e aumenta a sua capacidade de vinificação para 2500 pipas - 2000 de Vinho do Porto e 500 de VQPRD Douro.

Conservando a traça original datada de 1764, a arquitectura do edifício foi cuidadosamente enquadrada na paisagem natural da Região Demarcada do Douro - Património Mundial da UNESCO, sobretudo pela área subterrânea de envelhecimento em cascaria dos VQPRD Douro, ligada à adega central através de um túnel interior contendo uma garrafeira de vinhos raros, revestida com xisto natural, confundindo-se com os muros da harmoniosa paisagem da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo.

Totalmente inovador em Portugal, o revestimento em aglomerado negro de cortiça, que permite o isolamento térmico dentro da adega ao longo do ano, superando as dificuldades do microclima mediterrânico da região, caracterizado por elevadas amplitudes térmicas atingindo, no Verão, 40º a 47º C e, no Inverno, temperaturas negativas, chegando a nevar em certas zonas.

O projecto foi desenhado por forma a aproveitar a gravidade do terreno, conservando os dois lagares tradicionais em granito ( 8,5 ton cada) e adicionando mais dois em inox totalmente mecanizados (10 ton cada). Contém 15 cubas de 20 toneladas cada, 5 das quais têm auto vinificador interno e 10 com remontagem tradicional por bomba. Adicionalmente, 8 cubas de 10 toneladas - quatro equipadas com pneumáticos de emersão de manta e as restantes 4 com remontagem automática. Tudo acompanhado por um sistema automático e altamente sofisticado de controlo de temperatura.” (23)

“A CASA BURMESTER sustenta agora a sua estratégia de automonia produtiva na Região Demarcada do Douro, com a recente aquisição da Quinta de São Cibrão, uma das quintas mais procuradas, localizada na freguesia de Almendra, Vila Nova de Foz Côa, no Douro Superior.

Com uma área total de 198 ha de olival e amendoal, está prevista a sua total conversão em vinha entre os princípios de 2003 e os finais de 2006, com preferência por castas portuguesas adequadas à produção de vinho do Douro DOC e VQPRD.

Situada na margem sul virada a norte, a Quinta de São Cibrão estende-se por mais de 3 km.”(24)

No final do século XX o Grupo Amorim adquire a J.W.Burmester e já no inicio do século

XXI a mesma volta a mudar de donos agora adquirida pelo grupo Sogevinus SGPS, S.A.. .

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8 Conclusão

A Casa BURMESTER é hoje, decididamente, uma empresa de dimensão média se comparada com a generalidade das empresas da área do Vinho do Porto.

O conhecimento do comércio português e em especial dos vinhos portugueses parecem

ter sido o factor chave para a instalação em Portugal da companhia. É seguro que os factores de instabilidade europeia primeiro, as decisões políticas

francesas mais tarde, associadas a um conhecimento e envolvimento nos meios financeiros internacionais da época terão contribuído para a instalação em Portugal da família Burmester.

Por outro lado e não tendo podido ser aprofundado existem informações que o

conhecimento pormenorizado do Tratado de Metween terá levado a família a avançar para os negócios em Portugal.

A fácil movimentação da família nos meios políticos e financeiros portugueses, na época

pombalina e mariana, terá também contribuído para um mais rápido desenvolvimento inicial dos negócios.

A forte ligação à Feitoria Inglesa não foi possível de comprovar embora haja informações

avulsas de que a ligação tenha sido substancial e não apenas a referida no texto informativo sobre a família Burmester.

Certo é que após a segunda instalação dos Burmester em Portugal não mais

pretenderam sair do país e a partir de Gustav Adolf sucederam-se os casamentos no país e com cidadãos nacionais.

Foram estes descendentes sucessivos que durante décadas geriram os negócios da

Casa BURMESTER em Portugal. Apesar de nunca terem sido proprietários de quintas de produção a BURMESTER

sempre definiu o seu negócio com base nas melhores uvas para a produção do Vinho do Porto. Falamos, claro, das uvas de classificação “A”. Esta estratégia definida há já muitos anos permitiu que os seus vinhos se elevassem

sempre nas melhores categorias apesar de ser a BURMESTER uma “pequena companhia”.

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Mesmo quando recentemente adquiriu as Quintas de Nº Sª do Carmo e de S. Cibrão

apenas cultivou, para o Vinho do Porto, as vinhas para aquela categoria de uvas. A manutenção rigorosa de um método de trabalho de que são exemplo as suas caves

onde ainda se mantém o solo em terra batida como forma de ajudar adequar as temperaturas no repouso e envelhecimento dos vinhos são outro exemplo de gestão no tempo.

Também decisiva foi a componente de gestão inovadora de Gustav Adolf sem a qual

dificilmente a empresa teria suportado e ultrapassado todas as dificuldades desde o início da sua gestão.

Outras foram sendo absorvidas sem sequer conseguirem manter os nomes de origem. Esta, apesar das recentes aquisições por parte de grandes grupos, soube manter a

marca BURMESTER e foi reconhecida como sendo uma mais valia para os novos donos da empresa.

Concluímos então que os factos decisivos para a chegada até hoje da Casa

BURMESTER se podem concentrar basicamente: 1) Conhecimento profundo dos mercados financeiros e comerciais

europeus já no século XVI. 2) Forte habilidade política de contorno dos grandes conflitos económicos e

sociais ao longo dos tempos. 3) Rigor e visão colocado na gestão em especial a partir de Gustav Adolf. 4) Definição clara do mercado alvo de qualidade média alta. 5) Manutenção da estratégia e do rigor sempre que a empresa foi vendida. 6) Salvaguarda clara e precisa da marca BURMESTER aliada à qualidade

já referida.

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9 Bibliografia

1) MONTEIRO, Manuel, O Douro, Porto, Edições Livro Branco, Lda., 1998, p.1 2) Alto Douro Vinhateiro, www.espigueiro.pt/douro-vinhateiro/pt/identificacao_bem/ib_index.html 3) Citado em espigueiro.pt/douro-vinhateiro/pt/justificacao_inscricao/ji_d_pag001_009.html 4) RUSSELL, Cortez, As Escavações Arqueológicas do “Castellum” da Fonte do Milho, Anais IVP – 1951 citado em

FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, p.13 5) Ibidem 6) Mosaicos Romanos no Douro, Anais IVP-1946 citado em FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto,

Instituto do Vinho do Porto, 1987, p.13 7) FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, p.13 8) FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, p.18 9) FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, p.17

10) BARROS, João de, Geographia d´entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, Colecção de manuscritos inéditos – Biblioteca da C.M. Porto citado em FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, p. 18

11) Arquivo Nacional da Torre do Tombo citado citado em FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto

do Vinho do Porto, 1987p. 18 12) FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, p.18 13) FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, p.18 14) CARRERA, Ceferino, Vinho do Porto e a Região do Douro – História da Primeira Região Demarcada, Colares Editora,

s/data, p. 18 15) CARRERA, Ceferino, Vinho do Porto e a Região do Douro – História da Primeira Região Demarcada, Colares Editora,

s/data, pp. 19-20 16) IVDP et al, O Património do Vinho do Porto Caves D’Ouro, Matosinhos, QN Edições e Conteúdos, S.A., 2005, p. 2 17) CLÁUDIO, Mário et al , Cale Antologia de Textos sobre Gaia, V.N.Gaia, Rocha Artes Gráficas, 1976, pp. 17-24.

Ver informação complementar em Anexo I 18) Projecto de Teófilo Seyrig 19) IVDP et al, O Património do Vinho do Porto Caves D’Ouro, Matosinhos, QN Edições e Conteúdos, S.A., 2005, p 3 20) CLÁUDIO, Mário et al , Cale Antologia de Textos sobre Gaia, V.N.Gaia, Rocha Artes Gráficas, 1976, p. 89 21) MONTEIRO, Manuel, O Douro, Porto, Edições Livro Branco, Lda., 1998, p.202 22) IVDP et al, O Património do Vinho do Porto Caves D’Ouro, Matosinhos, QN Edições e Conteúdos, S.A., 2005, p. 4 23) www.burmesterporto.com/noticias/noticias.asp 24) www.burmesterporto.com/noticias/noticias.asp

Outras fontes não escritas D.Célia Lima / Direcção Marketing Sogevinus Dr. Alberto Pacheco / Grupo Amorim Sr. Delfim / Armazém da Casa Burmester

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10 Referências de imagem

1) www.burmester.com 2) Quadro a óleo anterior a 1736. Podem ver-se o manuseamento das pipas de vinho e o único barco com bandeira

hanseática. Foto retirada de FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, pp. 22 e 23

3) FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, p.98 4) www.espigueiro.pt/douro-vinhateiro/pt/identificacao_bem/ib_index.html 5) CARRERA, Ceferino, Vinho do Porto e a Região do Douro – História da Primeira Região Demarcada, Colares Editora,

s/data, p. 56 6) FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, p. 92 7) FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, pp. 98-99 8) CARVALHO Manuel et al, ILHA DE XISTO, Pedra da Lua, artes, letras e ofícios, S.A., 2006, p. 39 9) CARVALHO Manuel et al, ILHA DE XISTO, Pedra da Lua, artes, letras e ofícios, S.A., 2006, p. 39

10) www.espigueiro.pt/douro-vinhateiro/pt/identificacao_bem/ib_index.html 11) ATLAS DE PORTUGAL, Lisboa, Selecções do Reader’s Digest, 1988, p. 54 12) ATLAS DE PORTUGAL, Lisboa, Selecções do Reader’s Digest, 1988, p. 54 13) ATLAS DE PORTUGAL, Lisboa, Selecções do Reader’s Digest, 1988, p. 54 14) www.wineonline.ie/img/library/portugal2.jpg 15) FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto,,Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, p. 59 16) www.espigueiro.pt/douro-vinhateiro/pt/justificacao_inscricao/ji_d_pag001_009.html 17) CARVALHO Manuel e tal, ILHA DE XISTO, Pedra da Lua, artes, letras e ofícios, S.A., 2006, p. 51 18) CARVALHO Manuel e tal, ILHA DE XISTO, Pedra da Lua, artes, letras e ofícios, S.A., 2006, p. 29 19) FONSECA, A. Moreira et al, O Vinho do Porto, Porto, Instituto do Vinho do Porto, 1987, p.24 20) www.burmesterporto.com/arquivo/arquivo1.htm 21) CARVALHO Manuel e tal, ILHA DE XISTO, Pedra da Lua, artes, letras e ofícios, S.A., 2006, p. 247 22) CARVALHO Manuel e tal, ILHA DE XISTO, Pedra da Lua, artes, letras e ofícios, S.A., 2006, p. 162 23) www.burmester.com/historia/historia.htm 24) CARVALHO Manuel e tal, ILHA DE XISTO, Pedra da Lua, artes, letras e ofícios, S.A., 2006, p. 147

Foto da capa:

CARVALHO Manuel e tal, ILHA DE XISTO, Pedra da Lua, artes, letras e ofícios, S.A., 2006, p. 82

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O Douro, o Vinho do Porto, a Casa BURMESTER

Alexandre Vieira da Silva

Faculdade de Letras da Universidade do Porto Licenciatura em Geografia

12 de Dezembro de 2006