O ENFRENTAMENTO DO ENFERMEIRO ATUANTE NA … ENFRENTAMENTO DO... · THE COUNSELING OF THE CURRENT...
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FACULDADE CESMAC DO SERTÃO
ARACELY SANTOS SOARES DE ALMEIDA MICKAELLY FARIAS ABREU
O ENFRENTAMENTO DO ENFERMEIRO ATUANTE NA ONCOLOGIA: desenvolvendo habilidades desde a sua
formação até a prática profissional
PALMEIRA DOS INDIOS - AL 2019/1
ARACELY SANTOS SOARES DE ALMEIDA MICKAELLY FARIAS ABREU
O ENFRENTAMENTO DO ENFERMEIRO ATUANTE NA ONCOLOGIA: desenvolvendo habilidades desde a sua
formação até a prática profissional
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de Bacharel em Enfermagem - Faculdade CESMAC do Sertão, sob a orientação da Professora Me. Vivian Marcella dos Santos Silva.
PALMEIRA DOS INDIOS - AL 2019/1
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pelo dom da vida e por ter me dado força e
coragem durante toda essa caminhada.
Aos meus pais José S. de Almeida e Maria José S. Almeida, pelo amor,
carinho paciência, ensinamentos e por não medirem esforços em me apoiar no
decorrer dessa trajetória e em toda minha vida.
A minha filha Ana Letícia, que mesmo relutante e involuntariamente aceitou
os muitos momentos de ausência, o cansaço e a irritabilidade ocorridos por tantos
papéis exercidos simultaneamente, por todo amor e carinho, e por ser minha fonte
de inspiração e luta diária.
Ao meu esposo Flávio, por todo incentivo, amor, carinho e disponibilidade em
me apoiar em todos os momentos.
Aos meus irmãos Abraão e Davi Neto, por serem sempre companheiros e
torcerem sempre por mim.
A minha avó, Aurelina pelo amor, carinho e por todas as orações que dedica a
mim.
A minha avó, Maria (em memória), por todo amor a mim dedicado, por ter sido
sempre fonte inspiração e exemplo de vida.
A minha dupla, Mickaelly por ter estado sempre comigo durante todo o curso,
sempre companheira, me ajudando em todos os momentos e por toda paciência
durante a elaboração deste trabalho de conclusão de curso.
Em especial a minha orientadora, Professora, mestre e doutoranda. Vivian
Marcella por toda dedicação e por não ter medido esforços para nos orientar.
Por fim sou grata a todos que de alguma forma, direta ou indiretamente
participaram da realização desse sonho.
Aracely Santos Soares Almeida
AGRADECIMENTOS
Finalizo a graduação com orgulho da realização de várias conquistas, fecho
um ciclo bem amplo da minha existência para iniciar um novo caminhar.
Prosseguindo em construção sou feliz pelas minhas escolhas e grata
primeiramente a Deus por ter me guiado até aqui.
A minha avó Mª José Melo, eterna guerreira que sempre buscou me
proporcionar uma educação de qualidade.
Aos meus tios Gilma Nobre e Izamar Nobre pelo apoio e confiança.
A minha tia/madrinha Josa Abreu com quem divido tudo na vida.
Aos meus pais que indiretamente me serviram de inspiração para buscar
conquistas e realizações.
Aos meus irmãos e amigos que torceram por mim e hoje tenho o prazer de
dividir essa alegria.
Ao meu filho Ghael Abreu que me deu forças para concluir essa última etapa
e que me inspira a sonhar e buscar novas conquistas.
Ao meu companheiro e amigo Clivesson Roberto que me apoiou e incentivou
durante toda a graduação mostrando-me sempre que sou capaz, basta me dedicar.
A minha dupla, Aracely Soares agradeço a paciência e o companheirismo
desde o início da graduação.
Agradeço afetuosamente a minha orientadora,professora, mestre e
doutoranda Vivian Marcella por toda a paciência e disposição em nos orientar.
Minha gratidão se estende a todos aqueles que estiveram comigo neste
percurso. Observadora e admiradora de peculiaridades sigo tendo certeza que a
sequencia para realização de sonhos sempre foi objetivar, buscar, conquistar e todo
dia agradecer.
Mickaelly Farias Abreu
O ENFRENTAMENTO DO ENFERMEIRO ATUANTE NA ONCOLOGIA: desenvolvendo habilidades desde a sua formação até a prática profissional THE COUNSELING OF THE CURRENT NURSE IN ONCOLOGY: developing skills from its formation to professional practice Aracely Santos Soares Almeida
Discente do curso de Enfermagem
Mickaelly Farias Abreu
Discente do curso de Enfermagem
Vívian Marcella dos Santos Silva
(Doutoranda em Ciências da Saúde-
Neurociência/UFAL; Mestra em Enfermagem
RESUMO
A oncologia é uma das possíveis áreas de atuação do enfermeiro, considerada como uma especialidade que permanece fortemente entre as necessidades da população e demanda alta complexidade assistencial durante o processo terapêutico. O presente estudo objetiva identificar as formas de enfrentamento utilizadas pelo enfermeiro em setores de oncologia. Este estudo baseou-se a partir de uma revisão integrativa com caráter descritivo realizado nas bases de dados: SciElo, Lilacs e Bdenf, o tempo de busca foi entre 14 do 02 a 25 do 04 de 2019, cujo os descritores foram: enfermagem, oncologia, saúde do trabalhador, saúde mental e capacitação profissional combinados ao operador booleano AND no período de 2014 a 2018. Observou-se com os estudos que os enfermeiros utilizam diferentes formas de enfrentamento, dentre elas estão as estratégias de esquiva; interação multiprofissional; aperfeiçoamento profissional; religiosidade e fé e aliança familiar. As estratégias ocorrem de acordo com as características individuais e do ambiente de trabalho. Tendo em vista os argumentos apresentados considera-se que o enfrentamento dos profissionais no setor oncológico é algo considerado especifico, o que exige aprimoramento continuo dos conhecimentos técnicos e científicos.
PALAVRAS-CHAVE:Enfermagem. Oncologia. Saúde do trabalhador. Saúde mental.
Capacitação profissional.
ABSTRACT
Oncology is one of the possible areas of action of the nurse, considered as a specialty that remains strongly between the needs of the population and demands high assistance complexity during the therapeutic process. The present study aims to identify the forms of coping used by nurses in oncology sectors. This study was based on an integrative review with a descriptive character carried out in the databases: SciElo, Lilacs and Bdenf, the search time was between 14 from 02 to 25 of the 04 of 2019, whose descriptors were: nursing, oncology, Worker's health, mental health and training
professional combined with the Boolean operator AND from 2014 to 2018. It was observed with the
studies that the nurses use different forms of coping, among them are the avoidance strategies; multiprofessional interaction; professional improvement; religiosity and faith and family alliance. The strategies take place according to the individual characteristics and the work environment. In view of the arguments presented, it is considered that the confrontation of professionals in the oncology sector is something considered specific, which requires continuous improvement of technical and scientific knowledge.
KEYWORDS: Nursing. Oncology. Worker's health. Mental health. Professional
qualification.
LISTA DE QUADROS E TABELA
Quadro 1- Síntese dos estudos e seus desfechos...................................................13
Tabela 1- Distribuição da amostra por ano de pesquisa..........................................17
Quadro 2 - Problemas Identificados..........................................................................23
Quadro 3 - Proposta de Ação....................................................................................23
Quadro 4 - Recursos Críticos e Atores......................................................................25
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 METODOLÓGIA .................................................................................................... 12
3.1Estratégia de esquiva ........................................................................................ 18
3.2 Interação multiprofissional ............................................................................... 19
3.3 Aperfeiçoamento profissional ........................................................................... 20
3.4 Religiosidade e fé ............................................................................................. 21
3.5 Aliança familiar ................................................................................................. 22
4. PROPOSTA DE AÇÃO ......................................................................................... 23
4.1 Identificação e priorização do problema ........................................................... 23
4.2 Ações ropostas ................................................................................................23
4.3 Recursos e Atores ............................................................................................ 24
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................26
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 27
9
1 INTRODUÇÃO
Diante do surgimento de avanços científicos e tecnológicos e da notória
competição estimulada pelo mercado de trabalho que acompanhando esse
acelerado processo de modernização incita mudanças no processo do cuidar e de
ensinar, verifica-se a necessidade de formação de profissionais de enfermagem
cada vez mais capacitados.
Segundo Peres, et al (2018) baseando-se nas Diretrizes Curriculares
Nacionais (DCN) é necessário à formação de profissionais de enfermagem capazes
de desenvolver competências para atender às demandas sociais com mais
qualificação, investindo em uma formação de profissionais críticos, reflexivos,
inseridos no contexto histórico-social, pautados por princípios éticos e capazes de
intervir nos problemas/situações de saúde da população.
O processo de ensino e aprendizagem no âmbito universitário e no decorrer
da sua formação torna-se uma preocupação constante na trajetória dos estudantes,
e o despreparo para enfrentar essas situações pode implicar no desenvolvimento de
elevado nível de estresse, acarretando situações de vulnerabilidade ainda na
formação acadêmica. Assim, verifica-se a necessidade de adaptação emocional e
comportamental para que seja mantido o bem-estar e a qualidade de vida no
decorrer da graduação e na vida profissional (ALMEIDA, et al. 2018).
Na formação do enfermeiro no Brasil, após mais de uma década da aprovação das DCN, embora se observem avanços nos projetos pedagógicos e nas metodologias de ensino, muitos desafios ainda necessitam ser superados para conseguir o perfil profissional esperado (PERES, et al. 2018).
Considerando as características do mundo atual, e assim visando o mercado
de trabalho, torna-se imprescindível o investimento em melhores estruturas e
recursos humanos, devendo ser utilizado como estratégia fundamental a
diversificação e a sequencia de ensino aprendizagem qualificado dentro da
organização curricular na formação de enfermeiros.
Diante das diversas dificuldades encontradas pelo profissional, algumas áreas
podem se destacar pelo seu grau de complexidade como a prestação de assistência
a pessoas com câncer. Segundo (LUZ, et al. 2016), o câncer trata-se de um
10
problema de saúde pública, no âmbito mundial, de grande relevância epidemiológica
no que tange a incidência e a morbimortalidade. É uma doença crônica e representa,
no imaginário das pessoas, o símbolo da impossibilidade de cura, remetendo o ser
humano ao confronto com a finitude da vida.
Segundo a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão
ligado à Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de casos de câncer no
mundo deverá aumentar 75% até 2030 e chegar a 90% em países mais pobres. Os
autores ainda destacam que os tipos de câncer mais prevalentes nos próximos anos
vão variar de acordo com cada país, a depender do estilo de vida, estando
associados à má-alimentação, ao sedentarismo, à obesidade, ao tabagismo e a
quadros de infecção. (STÜBE, et al. 2015).
A estimativa do INCA 2018 relata que os tipos de câncer mais incidentes no
mundo foram pulmão (1,8 milhão), mama (1,7 milhão), intestino (1,4 milhão) e
próstata (1,1 milhão).No Brasil a estimativa para o biênio 2018-2019, é a ocorrência
de 600 mil casos novos de câncer, para cada ano, sendo o câncer de pulmão,
mama, próstata, cólon, reto e ânus os mais frequentes entre homens e mulheres no
país (INCA, 2017).
Apesar dos esforços crescentes voltados para o rastreamento e o diagnóstico
precoce, fatores de risco associados ao desenvolvimento desta patologia estão
fortemente presentes na população brasileira, destacando-se o tabagismo, a dieta
ocidental, a obesidade e o sedentarismo. (PANIS, et al. 2018)
Sendo a oncologia uma das possíveis áreas de atuação do enfermeiro,
considerada como uma especialidade que permanece fortemente entre as
necessidades da população e demanda alta complexidade assistencial durante o
processo terapêutico, é indispensável que os enfermeiros possuam extrema
habilidade relacional e afetiva para lhe dar com as necessidades e especificidades
dos usuários. Essa área coloca os profissionais em contato estreito com situações
de dor, finitude e morte exigindo dos mesmos, resiliência diante do enfrentamento na
assistência (LINS & SOUZA, 2018).
A oncologia surgiu entre 1733 e 1788 na França, como especialidade de médicos e cientistas voltados a estudos sistemáticos sobre câncer . Essa patologia resulta do crescimento incontrolável de
11
células anormais – desencadeados por fatores físicos, químicos e biológicos –, que invadem tecidos adjacentes e, pela corrente sanguínea e sistema linfático, invadem outros órgãos, gerando metástases (LIMA & BIASOLI, 2018).
Nesse sentido, observamos que a enfermagem assumiu grande
responsabilidade tendo como competência a prestação de serviço. Assumindo a
assistência na avaliação diagnostica, tratamento, reabilitação e atendimento aos
familiares. Devendo lidar com as situações de sofrimento e óbito sem interferência
dos problemas enfrentados pelo profissional em seu cotidiano. Dessa maneira,
surge a necessidade de desenvolver estratégias de enfrentamento considerando os
aspectos éticos envolvidos nas diferentes situações encontradas no dia a dia (LUZ,
et al. 2016).
O processo de enfrentamento é definido como um conjunto de respostas
comportamentais diante de uma situação de estresse, emitidas para modificar o
ambiente na busca da adaptação ao evento estressor. A estratégia de
enfrentamento ou coping é uma ação intencional, física ou mental, em resposta a
situação estressante a fim de reduzi-lo. Dessa forma, identificar as estratégias de
coping utilizadas faz-se importante, para amenizar os efeitos dos estressores,
prevenir os agravantes do estresse, contribuir para o bem-estar e saúde desses
profissionais. (MACEDO, et al. 2019).
Nessa perspectiva, justificou-se este estudo a partir da necessidade de
reconhecimento do papel do enfrentamento do enfermeiro oncologista. Dessa forma,
a pergunta que norteia esse estudo é: De que forma o enfermeiro tem obtido ao
longo de sua formação e atuação, a capacidade de enfrentamento no setor
oncológico?
Para responder à pergunta norteadora optou-se pela revisão integrativa
operacionalizando-se com caráter descritivo para possibilitar aos profissionais uma
melhor visualização das informações disponíveis da produção cientifica. Dessa
forma, este estudo busca descrever de que maneira o profissional enfermeiro
trabalha a capacidade de enfrentamento diante de situações vivenciadas no setor
oncológico, identificar as formas de enfrentamento do enfermeiro atuante na
oncologia, expor de que maneira se trabalha o enfrentamento desde a formação do
12
profissional e formular uma proposta de ação baseada nas necessidades
encontradas através do estudo.
.
2 METODOLÓGIA
A presente pesquisa se caracteriza por ser uma revisão de literatura do tipo
integrativa (RI) com caráter descritivo, cujo método tem como objetivo sumarizar os
estudos já realizados e obter conclusões a partir de um assunto de interesse.
Segundo Soares, et al. (2014) “A RI apresentou notável penetração na área
da enfermagem na última década, como um tipo de revisão da literatura que reúne
achados de estudos desenvolvidos mediante diferentes metodologias, permitindo
aos revisores sintetizar resultados sem ferir a filiação epistemológica dos estudos
empíricos incluídos.”
Definiram-se diferentes estratégias de buscas em que se utilizaram os
descritores DeCS (Descritores de Ciências da Saúde) dos termos: Enfermagem;
Saúde do Trabalhador; Saúde Mental; Oncologia e Capacitação Profissional, no
idioma português com a combinação do booleano “AND”, adaptados a cada uma
das bases de dados nas seguintes etapas: inicialmente, realizou-se a busca pelos
descritores “enfermagem” AND “saúde do trabalhador”; “enfermagem” AND “saúde
mental”; “enfermagem” AND “oncologia”; “enfermagem” AND “capacitação
profissional”, seguindo dos descritores saúde do trabalhador“” AND “saúde mental”;
“saúde do trabalhador” AND “oncologia”; “saúde do trabalhador” AND “capacitação
profissional”, e por fim, “oncologia” AND “capacitação profissional”; “saúde mental”
AND “capacitação profissional”; “oncologia ” AND “capacitação profissional”.
Como critérios de inclusão foram definidos os artigos disponíveis
gratuitamente na íntegra, que foram publicados no período de escolha para o estudo
e que continham um dos descritores, como critério de exclusão foram descartados
os que não abordavam a temática direcionada a profissionais de enfermagem, os
que estavam fora do tempo estabelecido para a realização deste trabalho, os que se
repetiram nas bases de dados e os que não estavam disponíveis gratuitamente na
integra.
13
No presente estudo utilizaram-se quatro etapas: Formulação do problema,
coleta de dados, avaliação e interpretação do conteúdo encontrado e discussão dos
resultados. Para embasamento científico e resultados verídicos dessa pesquisa
utilizaram-se as bases de dados: Literatura Latino-Americano e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SCiELO) e Base
de dados de Enfermagem (BDENF), o tempo de busca foi entre 14 do 02 a 25 do 04
de 2019.
Ao termino desta etapa foram selecionados 6 artigos na base de dados
LILACS, 2 artigos no portal SCiELO e 3 no BDENF, totalizando 11 artigos
selecionados, publicados entre os anos de 2014 e 2018.
Os estudos encontrados foram tratados por meio de fichamentos,
estabelecendo um instrumento útil para consulta posterior. Seguindo, os artigos
foram relidos, com a finalidade de realizar uma análise interpretativa com base na
questão norteadora e nos objetivos estabelecidos.
Procedeu-se a seleção dos artigos pela leitura dos títulos, posterior leitura dos
resumos e após a leitura na integra definiu-se a amostra final, tendo os resultados
analisados e discutidos de acordo com o surgimento de cada etapa anterior a partir
do referencial teórico com base no tema determinado para esse estudo. Foram
escolhidos pela leitura do título 5.538 artigos, após leitura do resumo selecionamos
173 e destes apenas 11 artigos tinham relação com o objetivo do estudo,
respondiam à questão norteadora e atendiam aos critérios de inclusão.
No quadro 1 apresenta-se sumariamente os estudos que compõem essa
revisão integrativa o que se referiu a ano por ordem crescente, país, título,
delineamento do tipo de estudo e fatores.
Desse modo, encontrou-se estudos transversais, 1; estudos quantitativos, 1; e
estudo qualitativo, 9.
Quadro 1 – Síntese dos estudos e seus desfechos
Ano
País Título Delineamento do
Estudo/Amostra
Fatores
2014
Brasil
O impacto das estratégias de enfrentamento na
Estudo transversal, 18 enfermeiros.
Manejo de sintomas “relaxamento e atividade física”, uso de rede sociais,
14
intensidade de estresse de enfermeiras de hemato-oncologia
estratégia esquiva “fuga ou evitação” e estratégia controle “cooping: estratégia cognitivo- comportamental”
2014
Brasil
Percepção de enfermeira(o)s frente ao paciente oncológico em fase terminal
Estudo qualitativo, realizado com 11 enfermeiros que atuam com pacientes oncológicos em fase terminal.
Aliança entre a família e o profissional, autoconhecimento, interação com a equipe multiprofissional, integrar os aspectos de espiritualidade, fé e religiosidade, discussões em grupo, não se deixar envolver, supervalorizar habilidades técnicas.
2015
Brasil
O processo de cuidar do enfermeiro diante da morte
Estudo qualitativo, realizado com 21 enfermeiros da Oncologia.
Negação do processo de morte e morrer, prepara-se para a morte, distanciamento e impessoalidade, equilibrar sentimentos, utilizar sua religiosidade e fé, manter postura firme e insensível, reforçando a ideia, dualidade de ordem religiosa/espiritual versus os conceitos científicos.
2015
Brasil
Estratégias de enfrentamento por enfermeiros da oncologia na alta complexidade.
Estudo qualitativo, 18 enfermeiros.
Negação e resignação no cuidado, busca de apoio na equipe de saúde e na pluralidade e multiplicidade de olhares sobre o cuidar, incluindo o paciente e sua família e a busca de aperfeiçoamento pessoal e profissional.
2015
Brasil
Cuidados paliativos na assistência de alta complexidade em oncologia: percepção de enfermeiros
Estudo qualitativo, 13 enfermeiros.
capacitação da equipe por meio de educação permanente e treinamento em serviço; disseminação da política de humanização da assistência, redução da rotatividade de funcionários e dos remanejamentos, apoio psicológico.
2016
Brasil
Cuidar em oncologia: uma experiência para além do sofrimento
Estudo qualitativo, 9 profissionais da saúde.
Dedicação, desabafar com familiares e amigos sobre as situações vivenciadas, ouvir música, praticar atividades físicas e psicoterapia.
2016
Brasil
Exercício da liderança do(a) enfermeiro(a) em unidades oncológicas
Estudo qualitativo, realizado com 12 enfermeiros de uma unidade de oncologia.
Apoio psicológico e emocional, conflitos interpessoais, trabalho multiprofissional, reuniões e capacitações específicas.
2017 Brasil O aprendizado para Estudo qualitativo, Formação para a prática do
15
a prática do cuidado paliativo em oncologia sob a ótica dos enfermeiros
realizado com 10 enfermeiros.
Cuidado Paliativo, round “discussão dos casos pela a equipe multiprofissional, pensamento crítico e raciocínio clínico, estratégias coletivas “oficinas, orientações e palestras”.
2017
Brasil
Cuidado paliativo em oncologia pediátrica na formação do enfermeiro
Estudo qualitativo, 20 acadêmicos de enfermagem.
Cursos, leituras que abordem a temática, aproximação com a família, possibilitar a criação de um ambiente lúdico e torná-lo mais acolhedor.
2017
Brasil
Sentimentos de enfermeiros que atuam junto à pacientes com câncer em fase terminal
Estudo qualitativo, realizado com 10 enfermeiros.
Driblar o envolvimento emocional, tenta ficar imparcial. fuga do verdadeiro papel de profissional, formação de grupos de apoio, compartilhar experiências, participação de cursos de especialização e aperfeiçoamento de conhecimento.
2018
Brasil
Formação dos enfermeiros para o cuidado em oncologia
Estudo quantitativo, 34 residentes de Enfermagem.
Educação Permanente, Período de formação, facilidades/dificuldades em cuidar de pacientes oncológicos; Importância da disciplina oncologia na grade curricular do curso de graduação em Enfermagem.
Fonte: Dados da pesquisa
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos estudos selecionados, a caracterização da amostra conforme o
quantitativo correspondente dos estudos apresenta-se em organograma, quadro e
tabela, bem como em linguagem descritiva. Em respeito aos preceitos éticos em
pesquisa, foram assegurados às fontes e as ideias dos autores das produções
cientifica analisadas.
A busca resultou em 5.538 artigos e, após a aplicação dos critérios de
inclusão e exclusão, compuseram o corpus da revisão integrativa 11 artigos
científicos, conforme observa-se na figura 1 a descrição de busca inicial dos artigos
nas bases de dados para investigação.
16
Figura 1 – Organograma da descrição de busca inicial dos artigos nas bases
de dados para investigação e composição de corpus da revisão integrativa.
03 artigos após
leitura do título SciELO
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Lilacs 590 artigos
04 artigos após
leitura do resumo
0 artigos após
leitura na integra
17 artigos após
leitura do título
09 artigos após
leitura do título
Enfermagem
AND
Saúde
mental
465 artigos
688 artigos 0 artigos após
leitura do resumo
04 artigos após
leitura do resumo
0 artigo após
leitura do resumo
02 artigos após
leitura do título
0 artigos após
leitura do título
21 artigos após
leitura do título
0 artigos após
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0 artigos após
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86 artigos
10 artigos após
leitura do resumo
01 artigo após
leitura do resumo
2 artigos após
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leitura na integra
70 artigos
63 artigos
247 artigos
0 artigo após
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5artigos após
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0 artigos após
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leitura na integra
0 artigo após
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38artigos
480 artigos
162 artigos
0 artigo após
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3 artigos após
leitura do título
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0 artigo após
leitura na integra
SciELO
12 artigos Bdenf
25 artigos Lilacs
8 artigos após
leitura do título
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leitura do título
6 artigos 0 artigos após
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2 artigos após
leitura na integra
1 artigos após
leitura do resumo
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leitura do resumo
4 artigos após
leitura do resumo
Saúde do
trabalhador
AND
Oncologia
SciELO
Bdenf
365 artigos 29 artigos após
leitura do título
18 artigos após
leitura do resumo
2 artigos após
leitura na integra
Enfermagem
AND
Capacitação
profissional
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3 artigos após
leitura do resumo
0 artigos após
leitura do resumo
Lilacs
Bdenf
01 artigo após
leitura do resumo
0 artigo após
leitura do resumo
SciELO
Lilacs
Bdenf
Saúde do
Trabalhador
AND
Saúde
mental
0artigos após
leitura na integra
190 artigos 22 artigos após
leitura do título
SciELO
Lilacs
Enfermagem
AND
Oncologia
04 artigos após
leitura do título
790 artigos
Bdenf
Lilacs
SciELO
0 artigos após
leitura do resumo
1 artigos após
leitura do resumo
707 artigos
206 artigos
Bdenf
Enfermagem
AND
Saúde do
trabalhador
1 artigos após
leitura na integra
3 artigos após
leitura do resumo
18 artigos após
leitura do título
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A partir dos estudos selecionados, a caracterização da amostra conforme o
ano de publicação com o quantitativo correspondente dos estudos apresenta-se na
Tabela 1.
Tabela 1 – Distribuição da amostra por ano de publicação
Ano da publicação Nº de estudos
2014 2
2015 3
2016 2
2017 3
2018 1
Total 11
SciELO
Lilacs
Bdenf
0 artigo após
leitura do título
6 artigos após
leitura do título
0 artigos após
leitura do título
49 artigos
156 artigos
5 artigos
0 artigo após
leitura do resumo
1 artigo após
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0 artigos após
leitura do resumo
0 artigo após
leitura na integra
0 artigo após
leitura na integra
0 artigos após
leitura na integra Saúde do
trabalhador
AND
Capacitação
profissional
Oncologia
AND
Capacitação
profissional
Saúde
mental
AND
Capacitação
profissional
Saúde
mental
AND
Oncologia
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1 artigos após
leitura do resumo
1 artigo após
leitura do título
4 artigos SciELO
Lilacs
40 artigos 5artigos após
leitura do título
1 artigos após
leitura do resumo
0 artigos após
leitura na integra
0 artigos após
leitura na integra
4 artigos após
leitura do resumo
4 artigos após
leitura do título
21 artigos Bdenf
1 artigos após
leitura na integra
0 artigo após
leitura na integra
0 artigo após
leitura na integra
0 artigo após
leitura do resumo
0 artigo após
leitura do resumo
3 artigos após
leitura do resumo
4 artigos após
leitura do título
1 artigos após
leitura do título
0 artigo após
leitura do título
2 artigos
10 artigos
5 artigos Bdenf
Lilacs
SciELO
0 artigo após
leitura na integra
0 artigo após
leitura na integra
0 artigo após
leitura na integra
0 artigo após
leitura do resumo
0 artigo após
leitura do resumo
0 artigo após
leitura do resumo
0 artigo após
leitura do título
3 artigos após
leitura do título
0 artigo após
leitura do título
14 artigos
63artigos
24 artigos Bdenf
Lilacs
SciELO
18
Fonte: Dados da pesquisa
Ao analisar os artigos selecionados que se referem às formas de capacidade
de enfrentamento adotadas pelos profissionais enfermeiros que atuam em setor
oncológico evidenciaram-se diferentes maneiras que se ligam diretamente com a
natureza do estressor.
Comparando o perfil dos profissionais dos estudos observa-se a existência de
dois tipos de indivíduos, aqueles que planejam e desenvolvem formas de interação e
aqueles que se baseiam nas tendências evitatórias como negação e resignação.
Após a identificação dos estudos que se referem às formas de enfrentamento
do enfermeiro atuante no setor oncológico, selecionamos as mais reincidentes
como: estratégia de esquiva; interação multiprofissional; aperfeiçoamento
profissional; religiosidade e fé e aliança familiar.
3.1 Estratégia de esquiva
É uma estratégia focada na alteração de compreensão diante da situação
estressora, se colocando em um estado de negação e resignação, ações que
afastam o enfermeiro da realidade que ele precisa confrontar no dia-a-dia. Segundo
(LUZ, et al. 2016) há evidencias de que a equipe de enfermagem utiliza mecanismos
de enfrentamento para conviver com o sofrimento:
Distancia-se dos pacientes e evita o envolvimento, o que representada
incapacidade de lidar com a carga emocional resultante desse convívio diário.
Para Góis & Abrão, (2015) tanto a negação quanto a aceitação são fases
distintas do processo de morte, estes estágios vividos pelo paciente, família e
profissionais de saúde envolvidos no cuidado direto ao paciente podem seguir a
dinâmica e a ordem de apresentação ou não, na qual a negação é o primeiro
estágio, enquanto a aceitação é o quinto e último.
Porém, Umann, et al. (2014) afirmam que a estratégia esquiva, relativa às
ações e reavaliações que sugerem fuga ou evitação, também contribuem para a
elevação do estresse nos enfermeiros. Por ser focado na emoção, o indivíduo utiliza
esse tipo de estratégia com o intuito de alterar a sua compreensão sobre o estressor
e reduzir o mal-estar provocado ou mesmo evitar o evento estressor, mas a
19
utilização sistemática e exclusiva dessa estratégia pode afastar o enfermeiro da
realidade que ele precisa confrontar no dia-a-dia, além de não permitir estratégias
mais ativas de resolução.
3.2 Interação multiprofissional
Essa interação refere-se à união da equipe e os vínculos entre os
profissionais que permitem desmistificar os processos de morte e morrer
evidenciando o apoio ao colega de profissão e planejamentos no cuidar.
De acordo com Luz, et al. (2016) é fundamental que as instituições devam
proporcionar aos seus colaboradores um espaço dedicado à discussão, para que o
olhar também seja voltado para cuidar dos que cuidam. A criação de espaços de
discussão, de troca de experiências pode ser uma maneira de reduzir o estresse e
situações de sofrimento. É preciso levar em conta que as inovações cientificas e
tecnológicas exigem dos enfermeiros reformulação nas formas de pensar, ser e agir
diante das exigências e requisitos da prática assistencial.
Nesta direção França, (2017) discorre que por meio do pensamento crítico o
profissional de enfermagem realiza o planejamento de sua assistência a partir do
ambiente de cuidado em paridade com a clínica do paciente. Correlacionando essa
tendência de cuidado com a estratégia desenvolvida pela instituição, conclui-se que
todo o suporte para desenvolver essa prática pode ser traçado inicialmente pela
equipe multiprofissional e fortalecida pela instituição, favorecendo primordialmente
aos pacientes, que ganham com um tratamento individualizado.
Silva, et al. (2015) destacam como forma de enfrentamento a capacitação da
equipe por meio de educação permanente e treinamento em serviço; disseminação
da política de humanização da assistência; redução da rotatividade e dos
remanejamentos entre os funcionários da equipe de enfermagem; investimento no
quantitativo de recursos humanos; e existência de leitos para acolher
especificamente as pessoas em cuidados paliativos.
Na oncologia, e primordial que a equipe de enfermagem seja capaz de manter uma boa comunicação e relação com a pessoa com câncer e com sua família, vistas como parte indissociável para o cuidado integral. Outra abordagem que vem crescendo é o fundamentado na modalidade do cuidado da equipe multidisciplinar, a qual traz desafios e exige habilidades para o trabalho em equipe (LUZ, et al. 2016).
20
Silva, et al. (2016) ainda ressalta que os conflitos interpessoais no ambiente
de trabalho entre os profissionais de saúde costumam interferir no andamento do
trabalho e, em consequência, afetam o desempenho e a motivação desses
trabalhadores, o que pode prejudicar a qualidade da assistência prestada.
3.3 Aperfeiçoamento profissional
É necessária que na formação de um profissional seja certificada a aptidão
para o desenvolvimento de um cuidado integral atuante sobre corpo, mente e
espírito, como orienta o programa nacional de humanização em saúde, o Humaniza
Sistema Único de Saúde (SUS).
As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem
DCNEnf definem que o perfil do formando egresso/profissional é: Enfermeiro, com
formação generalista, humanista, crítica e reflexiva. Profissional qualificado para o
exercício de Enfermagem, com base no rigor científico e intelectual e pautado em
princípios éticos. Capaz de reconhecer e intervir sobre os problemas e situações de
saúde-doença mais prevalentes no perfil epidemiológico nacional (LINS & SOUZA,
2018). Em destaque, Luz, et al. (2016) diz que:
O saber do enfermeiro é o resultado não só de conhecimentos teóricos e técnicos adquiridos através de formação formal, como também de saberes práticos adquiridos com a experiência e com a relação que estabelece com os pacientes. Com o tempo e a experiência, o enfermeiro aprende a mobilizar, a integrar e a transferir o conhecimento para à pratica, desenvolvendo sua habilidade. Identifica-se que a educação continuada e as atividades multiprofissionais podem resultar na melhoria da qualificação profissional e da assistência prestada ao paciente.
Nesse contexto, Guimarães, et al (2017) considerando que diante da atuação
do enfermeiro em oncologia, desde a atenção primária até a terciária ou ainda
quando a cura não é mais possível, faz-se necessária a preparação dos alunos para
enfrentar esta realidade epidemiológica nacional, a educação superior deverá
promover um ensino que estimule o conhecimento das demandas nacionais e
regionais, prestando um serviço especializado.
Silva, et al. (2015) relata que é fácil encontrar na literatura, assertivas que
exigem que os profissionais sejam capacitados e habilitados para atuar na
oncologia, bem como, nos cuidados paliativos. Entretanto, a atenção às
necessidades dos próprios profissionais diante de realidades complexas remete ao
fato de que se trata de pessoas cuidando de pessoas, sendo importante articular e
21
integrar o cuidado de si, do outro e “do nós”. A qualidade da assistência prestada
pela equipe de saúde está relacionada com a adequada gestão de pessoas,
considerando o dimensionamento de pessoal e os atributos da formação, em
especial, no ato da contratação.
Porém, adequar as necessidades do perfil da clientela ao quantitativo ideal
de funcionários, principalmente, da equipe de enfermagem, representada pelo maior
número, gera elevados custos para as instituições hospitalares. Com a carência de
profissionais, especificamente de enfermeiros, a sobrecarga de trabalho passa a ser
uma consequência previsível, e estes acabam, a cargo de suas múltiplas
atribuições, dispensando maior tempo com as atividades administrativas, que lhes
são privativas, em sua maioria. Tais atividades distanciam os enfermeiros do
cuidado direto, devido ao tempo que demandam para execução, sendo este mais
um fator restritivo na prática junto às pessoas em cuidados paliativos oncológicos.
3.4 Religiosidade e fé
Para Gois & Abraão, (2015) existe uma dualidade no que diz respeito a
religiosidade e a fé, pois alguns enfermeiros afirmam que utilizam sua religiosidade
para apoiar o paciente, encorajá-lo a lutar, ou simplesmente confortando-o e à sua
família durante este processo de difícil aceitação. Já outros enfermeiros encontram
dificuldades em vivenciar sua religiosidade no ambiente de trabalho por razões
específicas relacionadas com o medo da rejeição, medo de invadir a intimidade do
paciente, de não saber abordar o tema e de ser mal interpretado. Preferindo assim
não envolver suas crenças em sua vida profissional, utilizando-se apenas das
referências cientificas para lidar com o processo de morte.
Bertachini & Pessini (2010) Citado por Bernardes, et al. (2014), afirmou que a
espiritualidade é reconhecida pelos enfermeiros como uma possibilidade que pode
ser utilizada favoravelmente junto aos pacientes oncológicos em fase terminal e que
cada vez mais os estudos têm mostrado que é fundamental, para a melhora da
qualidade de vida do paciente particularmente o paciente oncológico, integrar os as-
pectos de espiritualidade, fé e religiosidade no tratamento.
Assim, a fé como elemento da religiosidade pode influenciar situações
envolvendo a morte e o morrer e pode contribuir para o enfrentamento deste
doloroso processo em todos os âmbitos, pois se trata de uma forma de superação
22
que promove conforto e segurança na compreensão de que somente o melhor para
todos irá acontecer. Seja esse melhor’ a morte ou a vida deste paciente. (GOIS &
ABRAÃO, 2015).
3.5 Aliança familiar
“Observa-se, muitas vezes, que, em situações de prognóstico desfavorável,
se estabelece uma aliança entre a família e o profissional de saúde’’ (BERNARDES,
et al 2014).
Oliveira & Cury, (2016) argumenta em sua pesquisa que embora seja esta
uma experiência intensa, que se passa em um ambiente às vezes considerado
“pesado”, os profissionais parecem ter desenvolvido condições pessoais e
alternativas para conviver com o sofrimento. Dentre as estratégias mencionadas
encontra-se: desabafar com familiares e amigos sobre as situações vivenciadas.
Nesse mesmo sentido, Bernardes, et al. (2014) ressalta a importância de
enfatizar que o fortalecimento de um laço entre profissional-paciente-família,
envolvendo respeito e dignidade pelo ser humano e é uma ação favorável à
construção de uma relação terapêutica que permite aliviar a tensão inerente à
gravidade da condição e proteger a dignidade e os valores dos que vivenciam a
terminalidade.
Em sua pesquisa Guimarães, et al. (2017), relatam que os estudantes indicam
a adoção de estratégias de preparo e de enfrentamento para lidar com a criança
com doença oncológica fora de possibilidade de cura. Para eles, buscar cursos
leituras que abordem a temática e a aproximação com a família podem aumentar a
segurança para realização dos cuidados paliativos em oncologia pediátrica.
O vínculo e o apego surgiram nas falas dos sujeitos devido ao fato de os pacientes permanecerem internados por um longo período, predominando sentimentos decorrentes desse contato frequente com o paciente e a família, fazendo com que esses profissionais se percebam como membros da família. (ALENCAR, et al. 2017)
Em contrapartida, fica claro que a Enfermagem tem vivenciado muitas
dificuldades no contexto oncológico. Silva, et al. (2015) destacam os déficits na
formação profissional, que não prepara para lidar com o processo de morrer e morte
e tais dificuldades encaminham para uma discussão pautada em estratégias que
23
possam melhor qualificar a assistência de enfermagem neste contexto. Salienta-se a
necessidade de capacitação da equipe multiprofissional, principalmente da equipe
de enfermagem, por meio de educação permanente, de modo a facilitar o
desempenho das ações guiadas por conhecimentos e condutas institucionais
previamente estabelecidas. Necessitando ter um aprofundamento nessa
problemática que permita possibilitar o desenvolvimento de formas de enfrentamento
que ajudem aos profissionais adquirirem a resiliência para trabalhar no setor
oncológico
Este estudo pode ofertar maior conhecimento a respeito da temática além de
uma reflexão sobre o cotidiano da assistência oncológica, ampliando a compreensão
da dimensão do cuidado e preparando teoricamente através de estratégias, os
enfermeiros a respeito do que encontraram na trajetória profissional em oncologia.
4. PROPOSTA DE AÇÃO
4.1 Identificação e priorização do problema
Ao analisar os estudos selecionados para essa revisão integrativa, foram
identificadas formas de enfrentamento já implantadas pelos enfermeiros atuantes na
oncologia, entretanto, evidenciaram-se ainda dificuldades para lhe dar com
situações vivenciadas nesse setor. Foram identificadas algumas problemáticas,
como mostra o quadro 2.
Quadro 2 – Problemas identificados
Problemas Relevância Nível de enfrentamento
Déficits na formação acadêmica
Alta Parcial
Carência de apoio psicológico direcionado ao enfermeiro
Alta
Parcial
Ausência de ambiente físico para interação multiprofissional
Alta
Média
Fonte: Elaborado pelos autores da pesquisa de acordo com os estudos da Revisão Integrativa (2019).
4.2 Ações propostas
A elaboração dessas propostas de ação teve como finalidade subsidiar na
preparação/qualificação dos profissionais enfermeiros, para uma melhor qualidade
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de vida e consequentemente uma melhor assistência. Serão apresentadas
propostas que facilitem a adesão dos profissionais enfermeiros.
No quadro 3, são encontradas as informações referentes às propostas para o
delineamento das ações voltadas ao enfermeiro e a equipe multiprofissional do setor
oncológico.
Quadro 3 – Propostas de ação
Proposta de ação
Resultados esperados
Produtos esperados
Ações estratégicas Responsáveis
Melhoria na formação acadêmica
Qualificação dos formandos em enfermagem, tornando-os aptos a atuarem no setor de oncologia com elevados níveis de enfrentamento.
Recursos humanos capacitados
Criação de disciplina especifica;
Estágio supervisionado obrigatório no setor oncológico
IES – Instituições de Ensino Superior
Psico-oncologia para enfermeiros
Compreensão e ajuda no funcionamento emocional dos profissionais contribuindo para o enfrentamento
Recursos humanos
Compreender as dimensões psicológicas presentes na vivência oncológica
Instituições responsáveis pelas unidades de atendimento dessa especialidade
Construção/Adequação de um espaço físico para interação multiprofissional
Interação da equipe como forma de enfrentamento através da discussão/desabafos e relatos de experiências
Recursos físicos;
Recursos humanos
Grupo de discussão formado pela equipe multiprofissional
Instituições responsáveis pelas unidades de atendimento dessa especialidade
Fonte: Elaborado pelos autores da pesquisa de acordo com os estudos da Revisão Integrativa (2019).
4.3 Recursos e Atores
A delimitação dos recursos é indispensável para a realização das propostas, a
seguir descrevem-se os recursos críticos necessários para implantação e os atores
responsáveis pelas ações (quadro 4).
Quadro 4 – Recursos Críticos e Atores
Projeto Recursos Críticos Atores
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Qualificação na formação acadêmica
Organizacionais: Estabelecer a grade curricular;
Cognitivos: Capacitação dos docentes;
Financeiro: Aquisição de recursos áudio visual, matérias, etc.
IES – Instituições de Ensino Superior
Apoio Psico – oncológico para enfermeiros
Cognitivo: Conhecimento sobre o tema;
Financeiro: Contratação de profissionais da área
Profissional da área:
Psicólogo/Especialista
Ambiente físico para equipe multiprofissional
Organizacional: Adequar o cronograma/escala que permita o encontro desses profissionais;
Cognitivos: Interação estratégica de comunicação;
Financeiro: Construção/adequação do ambiente físico.
Instituições que tenham unidades especializadas no serviço oncológico
Fonte: Elaborado pelos autores da pesquisa de acordo com os estudos da Revisão Integrativa (2019).
A elaboração dessa proposta de ação tem como objetivo definir formas de
enfrentamentos que possam assistênciar profissionais enfermeiros atuantes no setor
oncológico. Diante dos achados nos artigos selecionados podemos identificar a
necessidade de proposta de ação mais específica que envolva não só o empenho
do profissional enfermeiro, mas também as instituições de ensino superior e as
instituições hospitalares que tenham especialidades no serviço oncológico.
Para colocar essas ações em prática se faz necessário o fortalecimento da
comunicação entre as instituições de ensino superior e instituições hospitalares que
prestam serviços oncológicos e assim possam compreender as necessidades dos
profissionais que estão sendo formados e dos profissionais já atuantes, e dessa
forma contribuir para implantação das propostas de ação que ajudem a esses
profissionais enfrentarem a vivência nesse setor.
Através da cooperação dos órgãos responsáveis pela formação e
empregabilidade dos profissionais é que se pode efetivar essas propostas de ação,
já que as mesmas abrangem desde a formação acadêmica até o aperfeiçoamento e
atuação profissional dos enfermeiros oncológicos e dependem da formulação de
projetos, recursos críticos e atores responsáveis pela realização.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O enfrentamento e dos profissionais no setor oncológico é algo considerado
muito específico, o que exige o aprimoramento contínuo dos conhecimentos técnicos
científicos.
Neste estudo destacam-se algumas formas de enfrentar as situações
vivenciadas na oncologia, para o desenvolvimento profissional e principalmente o
aprendizado através das estratégias relatadas pelos profissionais que incluem no
seu cotidiano as práticas aqui citadas.
A enfermagem necessita ter um aprofundamento nessa problemática que
permita possibilitar o desenvolvimento de formas de enfrentamento que ajudem aos
profissionais adquirirem a resiliência para trabalhar no setor oncológico. Ao analisar
os artigos selecionados foi observado que cada profissional apresenta uma maneira
peculiar de enfrentamento para lidar com as situações, porém todos têm a
perspectiva de que em algum momento foram ou serão afetados por essa vivência
assistencial, com isso torna-se indispensável ouvir e dar voz a esses profissionais.
Alguns pontos contam como sendo indispensáveis para que seja possível
enfrentar psicologicamente e emocionalmente as vivências no setor oncológico são
eles: o trabalho em equipe, o apoio das unidades oncológicas com a disponibilidade
de um local onde esses profissionais possam se reunir, formar grupos de conversa e
troca de experiência com a equipe multidisciplinar, bem como a formação
profissional de qualidade na graduação e a qualificação desses profissionais durante
a vivência na prática.
Este estudo pode ofertar maior conhecimento a respeito da temática além de
uma reflexão sobre o cotidiano da assistência oncológica, ampliando a compreensão
da dimensão do cuidado e preparando teoricamente através de estratégias, os
enfermeiros a respeito do que encontraram na trajetória profissional em oncologia.
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