O Ensino da Dança na Escola Uma perspetiva no 1ºciclo · professor de apoio em atividades de...
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O Ensino da Dança na Escola – Uma perspetiva no 1ºciclo
Relatório de Estágio Profissional
Relatório de Estágio Profissional apresentado
com vista à obtenção do 2º ciclo de Estudos
conducente ao grau de Mestre em Ensino de
Educação Física nos Ensinos Básicos e
Secundário ao abrigo do Decreto-Lei nº 74/ 2006
de 24 de março e do Decreto-Lei nº 43/2007 de
22 de fevereiro.
Orientadora: Professora Doutora Maria de Lurdes Tristão Ávila Carvalho
Sandra Mendes Machado
Porto, julho 2015
II
Ficha de catalogação
Machado, S. (2015). O Ensino da Dança na Escola: Uma perspetiva no 1º ciclo.
Porto: S. Machado. Relatório de Estágio Profissional para a obtenção de grau de
Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário,
apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, DANÇA, 1º CICLO, ENSINO,
ATIVIDADE LÚDICA
V
AGRADECIMENTOS
À Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, por me ter recebido e ter
contribuído para minha evolução pessoal e profissional.
À minha Professora Orientadora da Atividade Profissional, a Professora Doutora
Lurdes Ávila, pela amizade, apoio, disponibilidade e profissionalismo na sua análise
crítica do meu trabalho.
Às colegas e Titulares de Turma da Escola Básica da Carreirinha, Professora
Adriana Codorniz e Gabriela Melo pelo companheirismo e disponibilidade nos
momentos em que mais precisei.
Aos meus alunos das turmas 2 e 4 pelo empenho fantástico ao longo de todo este
trabalho e pelas aprendizagens que consegui fazer com eles.
Aos Encarregados de Educação destes alunos que sem a sua autorização não
seria possível a realização deste trabalho.
A toda a comunidade educativa da Escola Básica Integrada de Angra do Heroísmo
que se mostrou disponível sempre que eu solicitei.
À minha afilhada, Joana Lima, pela ajuda nos momentos em que mais precisei.
A todos, o meu muito OBRIGADO!
VII
ÍNDICE GERAL
DEDICATÓRIA .................................................................................................................................... III
AGRADECIMENTOS............................................................................................................................. V
ÍNDICE GERAL ................................................................................................................................... VII
ÍNDICE DAS TABELAS ......................................................................................................................... XI
RESUMO .......................................................................................................................................... XIII
ABSTRACT ......................................................................................................................................... XV
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................................ XVII
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1
2. ENQUADRAMENTO BIOGRÁFICO ................................................................................................... 3
2.1. Dimensão Pessoal ............................................................................................................... 3
2.1.1. Da infância à adolescência ......................................................................................... 3
2.1.2. Do contexto desportivo ao contexto profissional ..................................................... 5
2.1.2.1. Como Praticante ........................................................................................................ 5
2.1.2.2. Como Estudante do Ensino Superior na área da Educação Física e Desporto
– Licenciatura e Mestrado ...................................................................................................... 5
2.1.2.3. Como Docente do Ensino Básico ........................................................................... 6
2.1.2.4. Como Treinador Desportivo .................................................................................... 8
2.1.2.5. Como Formando ....................................................................................................... 9
3. DIMENSÃO PROFISSIONAL ........................................................................................................... 11
3.1. Atividade Profissional ........................................................................................................ 11
3.2. Caracterização da Escola................................................................................................. 12
3.2.1.Localização Geográfica e Área Pedagógica ........................................................... 12
3.2.2. Estrutura Organizacional ........................................................................................... 13
3.3. - População Escolar .......................................................................................................... 14
3.3.1. Alunos Matriculados 2014/ 2015 .............................................................................. 14
3.4. Contexto Socioeconómico ................................................................................................ 16
3.5. Recursos Humanos ........................................................................................................... 17
3.5.1. Pessoal Docente......................................................................................................... 17
3.5.2. Pessoal Não Docente ................................................................................................ 19
3.6. Comunidade Educativa ..................................................................................................... 20
3.6.1. Projetos/programas de escola .................................................................................. 20
3.7. Departamento de Educação Física ................................................................................. 25
3.7.1.Composição do Departamento de Educação Física .............................................. 25
VIII
3.7.2. Funcionamento do Departamento de Educação Física ....................................... 25
3.7.3. Caraterização dos Espaços ...................................................................................... 26
3.7.4. Plano Anual de Atividades ........................................................................................ 28
4. REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL ................................................................................. 29
4.1. Introdução ........................................................................................................................... 29
4.2. Atividade docente no ano letivo 2014/2015 ................................................................... 31
4.2.1. Ensino da Educação Física no 1º e 2º ciclo do Ensino Básico ........................... 32
4.2.2. Ensino nos Programas Específicos do Regime do Ensino Especial ................. 34
4.3. Planificação ........................................................................................................................ 36
4.4. Estratégias de Ensino ....................................................................................................... 37
4.5. Avaliação ............................................................................................................................. 39
4.5.1. Avaliação Diagnóstica ............................................................................................... 39
4.5.2. Avaliação Formativa ................................................................................................... 40
4.5.3. Avaliação Sumativa .................................................................................................... 41
4.6. Atividades do Plano Anual de Atividades ...................................................................... 42
4.6.1. Os Dias da Educação Física – 1º Período ............................................................. 43
4.6.2. Os Dias da Educação Física – 2º Período ............................................................. 44
4.6.3. Os Dias da Educação Física – 3º Período ............................................................. 45
5. O ENSINO DA DANÇA NA ESCOLA – UMA PERSPETIVA NO 1º CICLO .......................................... 47
5.1. Introdução ........................................................................................................................... 47
5.2. Enquadramento teórico..................................................................................................... 48
5.2.1. A Dança Criativa ......................................................................................................... 48
5.2.2. Porquê Dançar? .......................................................................................................... 50
5.2.3. A Dança e o desenvolvimento da criança .............................................................. 51
5.2.4. O papel do professor no ensino da Dança ............................................................. 54
5.2.5. A Dança e a qualidade de vida ................................................................................ 56
5.3. Metodologia ........................................................................................................................ 60
5.3.1. Objetivos ...................................................................................................................... 60
5.3.2. Amostra ........................................................................................................................ 60
5.3.4. Procedimentos da recolha ........................................................................................ 61
5.3.5. Procedimento de Análise .......................................................................................... 64
5.4. Apresentação e Discussão dos Resultados .................................................................. 65
5.5. Conclusões ......................................................................................................................... 75
5.6 Referências Bibliográficas ................................................................................................. 76
IX
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPETIVAS FUTURAS...................................................................... 79
7. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................... 83
8. ANEXOS ....................................................................................................................................... XIX
XI
ÍNDICE DAS TABELAS
Tabela 1 - Alunos Matriculados 2014/ 2015 - Educação Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino
Básico .............................................................................................................................................. 14
Tabela 2 - Alunos Matriculados 2014/ 2015 - EB1,2,3/JI de Angra do Heroísmo - 2º Ciclo
do Ensino Básico ........................................................................................................................... 15
Tabela 3 - Alunos Matriculados 2014/ 2015 - EB1,2,3/JI de Angra do Heroísmo - 3º Ciclo
do Ensino Básico ........................................................................................................................... 15
Tabela 4 - Contexto Socioeconómico dos alunos matriculados no ano letivo 2014/ 2015
na escola - EB1,2,3/JI de Angra do Heroísmo - Alunos Subsidiados ................................... 16
Tabela 5 - Relação do Pessoal Docente no ano letivo 2014/ 2015 e Situação Profissional
- EB1,2,3/JI de Angra do Heroísmo – Pessoal Docente ......................................................... 18
Tabela 6 - Relação do Pessoal Não Docente no ano letivo 2014/ 2015 - EB1,2,3/ JI de
Angra do Heroísmo ....................................................................................................................... 19
Tabela 7 - Situação Profissional do Pessoal Não Docente no ano letivo 2014/ 2015 -
EB1,2,3/ JI de Angra do Heroísmo ............................................................................................. 19
Tabela 8 - Caracterização dos Espaços e Afetação dos Recursos do Departamento de
Educação ........................................................................................................................................ 26
Tabela 9 - Modelo de Composição Curricular no 1º e 2º ciclo ............................................... 33
Tabela 10 - Categorias e ações da bateria de testes SOFIT adaptado ............................... 62
Tabela 11 - Grelha de registo dos dados através do SOFIT adaptado ................................ 63
Tabela 12 - Tabela de registo dos valores Absolutos e Relativos de cada categoria do
sistema de observação SOFIT adaptado .................................................................................. 63
Tabela 13 - Medidas Descritivas de cada categoria do SOFIT adaptado na 1ª metade da
Unidade Didática ........................................................................................................................... 65
XII
Tabela 14 - Medidas Descritivas de cada categoria do SOFIT adaptado na 2ª metade da
Unidade Didática ........................................................................................................................... 65
Tabela 15 - Medidas Descritivas de cada categoria do SOFIT adaptado nos Recreios sem
Música ............................................................................................................................................. 66
Tabela 16 - Medidas Descritivas de cada categoria do SOFIT adaptado nos Recreios com
Música ............................................................................................................................................. 66
Tabela 17 - Comparação das categorias do SOFIT adaptado na 1ª metade da Unidade
Didática ........................................................................................................................................... 68
Tabela 18 - Comparação das categorias do SOFIT adaptado na 2ª metade da Unidade
Didática ........................................................................................................................................... 69
Tabela 19 - Comparação das categorias do SOFIT adaptado nos Recreios sem música 69
Tabela 20 - Comparação das categorias do SOFIT adaptado nos Recreios com música
Wilcoxon Test ................................................................................................................................. 70
Tabela 21 - Comparação das categorias do SOFIT adaptado entre os diferentes
momentos em análise (1ª e 2ª metade da UD e Recreios com e sem música) (Kruskal-
Wallis Test) ..................................................................................................................................... 72
Tabela 22 - Comparação dos momentos nas categorias do SOFIT adaptado com
significância Mann-Witney Test................................................................................................... 72
XIII
RESUMO
O presente trabalho resulta da minha Atividade Profissional, unidade curricular
inserida no 2º Ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de
Educação Física nos ensinos Básicos e Secundários, que decorreu na Escola
Básica Integrada de Angra do Heroísmo (Terceira, Açores) durante o ano letivo
2014/2015. O relatório de Atividade Profissional surge com o objetivo de obter a
Habilitação Profissional no 3º Ciclo e secundário e traduz o trabalho desenvolvido
ao longo de dezassete anos ao serviço da Educação, em particular ao longo do ano
letivo 2014/2015. O trabalho está organizado em seis pontos: (1) Introdução, onde
são referidos os objetivos deste Relatório de Atividade Profissional, a
contextualização e organização do seu contexto; (2) Dimensão Pessoal, onde é
contada a história do autor e todo o seu caminho percorrido até fazer a sua escolha
de ser professor; (3) Dimensão Profissional, onde relata a experiência profissional
enquanto professor, treinador e formando ao longo de todo o percurso, onde é feita
uma análise mais detalhada da Escola Básica Integrada de Angra do Heroísmo,
onde atualmente o autor exerce funções; (4) Atividade Profissional, onde se procura
explicar todo o funcionamento da atividade docente e Educação Física
desenvolvida no ano letivo 2014/2015, bem como de outras funções como
professor de apoio em atividades de turmas do Ensino Especial; (5) O ensino da
Dança na escola: uma perspetiva no 1º Ciclo, tema que se insere no estudo
investigação-ação, o qual permitiu estudar o ensino da Dança na escola e o quanto
pode influenciar as atividades lúdicas dos alunos, destacamos como principais
conclusões o facto de ser possível uma maior participação dos alunos em
atividades de Dança se forem orientadas pelo professor e que a Dança pode fazer
parte das atividades lúdicas dos alunos quando são proporcionadas as condições
para a sua prática; (6) Considerações Finais, onde é feita uma síntese do contributo
deste trabalho enquanto professor e como perspetivámos o futuro.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO FÍSICA, DANÇA, 1º CICLO, ENSINO,
ATIVIDADE LÚDICA
XV
ABSTRACT
The present work is the result of my professional activities, curricular unit entered in
the elementary school of studies leading to the master's degree in teaching of
physical education in the Basic and secondary educations, which ran on Integrated
School of Angra do Heroísmo (Terceira, Azores) during the school year 2014/2015.
The Professional activity report comes up with the objective of obtaining the
professional qualification in middle school and high school and translates the work
developed over seventeen years in the service of education, in particular along the
school year 2014/2015. The work is organized in six points: (1) Introduction, where
they are referred to the objectives of this Professional activity report, the
contextualization and organization of its context; (2) personal dimension, where is
told the story of the author and all the way to make your choice of teaching; (3)
Professional Dimension, where recounts the experience as a teacher, coach and
forming along the whole route, where a more detailed analysis of the Integrated
School of Angra do Heroísmo, where currently the author carries out functions; (4)
Professional Activity, where one seeks to explain the whole operation of the
teaching activity and physical education developed in the academic year 2014/2015,
as well as other functions as a teacher on the activities of Special education classes;
(5) the dance education at school: a perspective on the first cycle, which is part of
the research study, which allowed study the teaching of Dance in school and how it
can influence the activities of students, we highlight the main findings that it's
possible a high participation of students in Dance activities, if they are orientated by
the teacher. And that the dance can be part of students activities when they are
provided the conditions for its practice; (6) final thoughts, where is made a summary
of the contribution of this work as a teacher and as the future perspectives.
KEYWORDS: PHYSICAL EDUCATION, DANCE, PRIMARY SHOOL, TEACHING,
RECREATIONAL ACTIVITY
XVII
LISTA DE ABREVIATURAS
A - Andar
AE – Apoio Educativo
AEN – Atividades de Exploração da Natureza
AP – Afetação Prioridade
B/ L – Baixar/ Levantar
C- Correr
c/ - Com
CT – Conselho de Turma
D/L – Deitar/ Levantar
DOV – Despiste e Orientação Vocacional
DT – Diretor de Turma
EB – Escola Básica
EBIAH – Escola Básica Integrada de Angra do Heroísmo
EE – Ensino Especial
EF – Educação Física
EP – Estágio Profissional
GPSE – Gabinete de Promoção de Saúde Escolar
HP – Habilitação Própria
JI – Jardim de Infância
M – Metade
MA – Muito Ativo
XVIII
Mu – Música
ND – Nomeação Definitiva
NEE – Necessidades Educativas Especiais
OMS – Organização Mundial de Saúde
P – em Pé
P – Habilitação Profissional
PAA – Plano Anual de Atividades
PEREE – Programas Específicos do Regime do Ensino Especial
PP - Parado
PROFIJ – Programa Formativo de Inserção de Jovens
R - Rodopiar
RAA – Região Autónoma dos Açores
S - Saltar
s/ - Sem
SHL – Sem Habilitações
SOFIT – Sistema de Observação do Tempo de Instrução e Aptidão
SRPCBA – Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores
UD - Unidade Didática
1
1. INTRODUÇÃO
A realização deste relatório enquadra-se no âmbito do Estágio Profissional
(EP) a qual está inserida no segundo ano do Mestrado no 2º Ciclo do Ensino Básico
em Ensino de Educação Física (EF) nos Ensinos Básico e Secundário, no ano letivo
2014/2015, com o objetivo de aplicar, analisar e refletir sobre as atividades
desenvolvidas durante a atividade profissional de exerço há dezassete anos como
professora de EF. O presente documento dá a conhecer todo o desenvolvimento
da minha carreira profissional, mas principalmente a minha atividade profissional
ao longo do presente ano letivo 2014/2015. Neste documento, preside também um
estudo sobre o Ensino da Dança na Escola dando uma perspetiva do trabalho
realizado no 1º Ciclo do Ensino Básico.
Os objetivos da abordagem da Dança, segundo Batalha (cit. por Ávila-
Carvalho & Lebre, 2011, p.2), são constituir para o equilíbrio bio-psico-social do ser
humano e pretende desenvolver: as capacidades precetivas e quinestésicas, as
capacidades emocionais, intelectuais e morais, a experiência sociocultural, o juízo
estético, a capacidade de comunicação, a imaginação criadora, as capacidades de
representação, de realização, de reflexão e avaliação artística.
Para Dunkin (cit. por Ávila-Carvalho & Lebre, 2011, p.8) o movimento em
Dança tem a intenção de expressar algo, uma ideia, uma história, uma sensação.
Fomentar o imaginário será uma das preocupações para o desenvolvimento da
capacidade criativa dos alunos, tal como diz Monteiro (cit. por Ávila-Carvalho &
Lebre, 2011,p.8).
Este relatório é dividido em três grandes momentos, a saber: dimensão
pessoal e profissional; enquadramento da prática profissional; e a realização da
prática profissional.
Na dimensão pessoal é relatada toda a minha história, como tudo começou
e todo o percurso que me levou a escolher o ensino e a EF e até as pessoas que
me serviram como referência nos momentos importantes.
2
Na segunda parte, que se refere à prática profissional, foi feito um
enquadramento da minha atividade profissional na escola onde leciono no presente
ano letivo. Este ponto contextualiza toda a minha atividade profissional ao
caracterizarmos de forma aprofundada a escola como instituição, o Departamento
de EF, e as turmas que me foram atribuídas.
A terceira e última parte diz respeito à parte prática do estudo a que nos
propusemos tendo sempre como referência a literatura, permitindo-nos fazer uma
reflexão das nossas vivências ao longo do estudo.
Este estudo teve como principal objetivo averiguar o nível de atividade e
ações corporais dos alunos em aulas de dança e em recreios, fazendo
posteriormente uma comparação entre os diferentes momentos (1ª metade da
Unidade didática de Dança, 2ª metade da Unidade didática de Dança, recreios sem
música e recreios com música).
3
2. ENQUADRAMENTO BIOGRÁFICO
2.1. Dimensão Pessoal
2.1.1. Da infância à adolescência
Ao longo de toda a minha infância e adolescência sempre me identifiquei
bastante com o género masculino, no que respeita às minhas amizades. E até seria
de esperar o contrário já que tenho apenas irmãs e a mais velha faz menos de um
ano de diferença em relação a mim. Escusado será dizer que a minha infância foi
passada em grande cumplicidade com ela, quer nas brincadeiras, quer em qualquer
outra coisa. Confesso que, apesar de ela ser a mais velha, eu é que tentava ter o
comando das brincadeiras. Ela preferia as bonecas, como a maioria das meninas,
mas eu nem por isso. Alinhava na brincadeira das bonecas para lhe agradar, mas
não aguentava muito tempo, pois achava aborrecido. Eu gostava das brincadeiras
“mais a sério”. Lembro-me que uma vez sugeri que, em vez de brincarmos aos
cabeleireiros com as bonecas, (quem não quis ser um dia cabeleireira?),
brincássemos aos cabeleireiros a sério. Eu seria a cabeleireira e a minha irmã a
cliente, claro! Foi só a franja, mas com a tesoura de costura da minha avó pode-se
calcular o que saiu dali. Ficou a recordação em fotografia já que tínhamos o hábito
de o fazer regularmente para enviar aos meus pais, por correio (sim… nesse tempo
ainda não havia email) que se encontravam emigrados na Alemanha, país onde eu
nasci.
Já os meus pais tinham regressado a Portugal quando mudei de residência.
Foi aí que fiz as minhas amizades na minha adolescência e quase todas no
masculino. Pela primeira vez tinha amigos para brincar a sério. Lembro-me uma
vez que, num dia de chuva (em Braga não seria de esperar outra coisa no Inverno),
fui dar um passeio com os meus amigos e a minha irmã. Eu e a minha irmã
estávamos a usar um “Kispo” novo, o da minha irmã azul e o meu branco. Quando
demos conta estávamos ao pé da escola e deparámo-nos com uma casa
abandonada. Resolvemos recriar a série “Os Cinco”, mas sem o cão. Como
resultado… um “Kispo” branco que chegou a casa com uma cor diferente.
4
Obviamente que houve castigo, mas o mais importante para mim era a aventura ter
valido a pena porque conseguimos brincar a sério.
Qualquer situação que me pudesse oferecer alguma coisa entre a aventura
e experiências novas eu queria era experimentar, sem qualquer medo de
consequências. O mais importante era não desperdiçar as oportunidades. Cheguei
ao ponto, tal foi a curiosidade, de “levar emprestado” os patins da minha irmã mais
nova. Nunca tendo andado de patins não sosseguei enquanto não os experimentei.
Mas a minha falta de experiência, no que respeita a patinagem, custou-me caro.
Fui patinar para uma rua inclinada para ser mais fácil deslizar, pensava eu. O
resultado foi um grande trambolhão de rabo no chão ao ponto de não me conseguir
sentar em lado nenhum, nem mesmo num sofá, durante dias.
O momento em que decidi o que realmente queria fazer foi no meu 9º ano
de escolaridade. Naquela altura escolhia-se uma área específica e a minha escolha
foi Economia. Percebi que não percebia nada desta área quando chumbei à
disciplina. Neste ano as únicas aulas que passavam a voar e que eu dizia quando
terminavam “Já?!”, eram as aulas de EF Foi então, no final do ano, que o meu
professor de EF mudou a minha vida e foi o responsável pela minha vida
profissional. Perguntou-me porque não mudava de escola para ir para a área de
Desporto, já que, como a melhor aluna da turma à sua disciplina, seria uma pena
não seguir o que mais gostava de fazer. Foi nessa altura que tudo começou.
5
2.1.2. Do contexto desportivo ao contexto profissional
2.1.2.1. Como Praticante
Infelizmente, no meu tempo de adolescente, havia poucas modalidades para
o feminino, principalmente modalidades coletivas que sempre foram as minhas
preferidas. Cheguei a experimentar Atletismo no Sporting Clube Braga, mas não
me identifiquei com a modalidade. Em Braga só havia o Voleibol para o feminino
no “Grundig”, mas que entretanto fechou as portas. Sempre pratiquei várias
modalidades, mas fora do âmbito federativo, sempre com amigos que partilhavam
a mesma paixão que eu… o Desporto.
Coisas básicas como aprender a nadar, fi-lo sozinha, quando me inscrevi
numas férias de verão num campo de férias. Às vezes sinto pena por não ter tido
as facilidades que existem hoje em dia, mas acabo por perceber que valorizei mais
nessa altura do que os adolescentes nos dias de hoje. Qualquer aprendizagem que
eu fazia, mesmo que de forma autodidata, era uma superação e uma vitória.
Cheguei então à escola nova, Escola Secundária Alberto Sampaio em
Braga, onde fiz quase todo o meu percurso secundário, à exceção do 12ºano. O
último ano do secundário, que naquela altura se fazia em regime noturno, realizei-
o na Escola Secundária Carlos Amarante em Braga. Terminado o secundário
chegou a altura de fazer opções para uma futura carreira profissional. De uma coisa
eu tinha a certeza, só me queria formar em EF. Haveria alguma coisa melhor no
mundo do que fazermos o que mais gostamos e ainda nos pagarem por isso?
2.1.2.2. Como Estudante do Ensino Superior na área da Educação Física e Desporto – Licenciatura e Mestrado
A nova fase da minha vida havia chegado: a Escola Superior de Educação
de Leiria. Datada de setembro de 1994, a Licenciatura durou quatro anos,
terminando a 7 de setembro de 1998. Realizei estágio no 5º ano, na escola dos
Marrazes em Leiria. Ainda no último ano universitário realizei a minha Monografia
6
no âmbito do tema “ O Desenvolvimento das Capacidades Físicas nas Atividades
Lúdicas das Crianças".
Em 2008 iniciei o Mestrado em Treino Desportivo para Crianças e Jovens na
Faculdade de Ciências do Desporto e de EF da Universidade de Coimbra tendo
concluído a 28 de abril de 2010.
Durante todo o meu percurso enquanto estudante tive o privilégio de
trabalhar com pessoas que hoje continuam a ser uma referência para mim. Entre
muitos, saliento o meu professor universitário, supervisor de estágio e amigo, pelos
seus conhecimentos, pela sua disponibilidade incansável, mas principalmente pela
sua humildade, e o coordenador do Mestrado em Treino Desportivo para Crianças
e Jovens, pela sua sabedoria invejável e pela grande referência que é no âmbito
da investigação.
2.1.2.3. Como Docente do Ensino Básico
Quando saímos da universidade pensámos que o pior já passou e que a
partir de agora vai ser mais fácil. Errado! O que parecia um sonho quase se tornou
um pesadelo durante os anos seguintes. Em cinco anos completei apenas um ano
de serviço entre anos sem trabalhar e horários de substituição incompletos. Só
pensava até que ponto seria justo que as minhas perspetivas de futuro estivessem
cada vez mais longe do meu sonho. Foi então que decidi mudar de malas e
bagagens para os Açores, ilha Graciosa, e desde então sempre consegui trabalhar
com horários completos e para todo o ano letivo. Ainda regressei ao Continente,
depois da minha passagem pela Graciosa, durante três anos, mas o ensino por
estes lados rapidamente piorou e não tive outra alternativa se não regressar a uma
região que adorei conhecer… Açores. Desta vez fui parar à ilha Terceira onde me
encontro a trabalhar há oito anos, lugar que me identifico e que desde o início me
fez sentir em casa.
Foi criado na Região Autónoma dos Açores (RAA) um Programa de EF no
1ºciclo do Ensino Básico de carácter obrigatório na estrutura curricular de todos os
7
anos de escolaridade. A existência da EF no 1º ciclo do Ensino Básico não só se
torna importante pelo seu valor na formação da criança, pois nestas idades
encontram-se num momento importante da sua maturação, como também porque
é condição indispensável para a preparação de outras etapas. A criança não só
obtém ganhos imediatos pelo efeito da prática, como, num horizonte mais
longínquo, pela possibilidade de utilizar essa formação na ocupação dos tempos
livres. O benefício da existência da EF no 1º ciclo do Ensino Básico contribui
também para facilitar a aprendizagem de outras áreas. É sabido que o
desenvolvimento motor da criança precede o desenvolvimento cognitivo e as
experiências motoras que a EF proporciona podem ser aproveitadas no sentido de
promover a aquisição de alguns conceitos.
Ao longo destes 8 anos em que me encontro a lecionar na RAA tive a
oportunidade de trabalhar vários anos como professora de EF no 1º ciclo e/ ou no
2º ciclo do Ensino Básico. É notório a grande diferença dos alunos, em termos de
desempenho motor, quando chegam ao 2º ciclo do Ensino Básico,
comparativamente às escolas do continente que não têm EF no 1º ciclo do Ensino
Básico.
Para além da lecionação específica na área em que sou profissionalizada,
exerci funções de Diretora de Turma e consequentemente responsável por outras
disciplinas como a Formação Cívica, Cidadania, Tutoria, Área de Projeto e Estudo
Acompanhado, as quais não me foi dada qualquer formação inicial, mas que fazem
parte do nosso crescimento profissional. Estas aprendizagens são feitas
diariamente com a nossa experiência, com os colegas e principalmente com os
alunos. No que respeita à EF, fui responsável por organizar algumas atividades
contempladas no Plano Anual de Atividades (PAA) da escola por decisão do
Departamento de EF, a saber, Semana da EF, especificamente o Dia da Dança,
Mega Sprinter, Corta Mato, convívios de EF e outros dias comemorativos.
8
2.1.2.4. Como Treinador Desportivo
No continente fui Treinadora de Natação no Sporting Clube Braga em 1998.
Só quando cheguei à ilha Terceira, em setembro de 2007, comecei
verdadeiramente a minha carreira de treinadora na modalidade rainha da ilha, o
Basquetebol, que pouco ou nada me dizia. Iniciei o meu percurso na modalidade
nas Escolinhas do Desporto, atividades de âmbito extracurricular e de carácter
facultativo, na escola onde me encontrava a lecionar a tempo inteiro. Sendo um
pouca leiga no conhecimento basquetebolístico, rapidamente tentei ampliar os
meus conhecimentos nesta área. Em dezembro de 2007 inscrevi-me no Curso de
Oficiais de Mesa tornando-me Oficial de Mesa Regional. Na época seguinte, 2008/
2009 fui convidada por um colega, hoje um grande amigo, para trabalhar no clube
onde exercia a função de coordenador da formação e treinador da equipa sénior.
Prontamente aceitei ficando responsável pelo escalão de sub 12 (minibasquetebol).
Ainda nesta época em julho de 2009 fiz o Curso de Treinador de Grau I de
Basquetebol realizando mais tarde em julho de 2013 o Curso de Grau II. Ao longo
destas 8 épocas trabalhei com escalões de sub 10, sub 12 e sub 14 masculinos,
tendo participado em 2 Torneios Nacionais de Minibasquetebol realizados na Ilha
Terceira e ainda como treinadora adjunta na seleção de sub 14 F onde
conseguimos alcançar o 1º lugar no Campeonato Regional.
Ao longo de todo o meu percurso enquanto treinadora tentei, sempre que
possível, fazer formações específicas da modalidade como forma de aumentar e
melhorar os meus conhecimentos.
9
2.1.2.5. Como Formando
No continente desde a faculdade que, sempre que foi oportuno, tentei fazer
formações ligadas à área de desporto. Na faculdade tive a possibilidade de fazer
algumas ações de formação ligadas ao Fitness e outras de âmbito mais geral
relacionadas com Exercício Físico e Saúde.
Após terminar a minha licenciatura frequentei o Curso de 1º nível de
Treinador de Natação, habilitação necessária por me encontrar a trabalhar no
Sporting Clube de Braga na secção de Natação. Nos anos seguintes frequentei
algumas convenções relacionadas com Atividades Aquáticas, como “Natação para
Grávidas”, “Natação – Atividade Educativa”, “3ª Idade Condição Física na Água”,
“Atividades Aquáticas para Grávidas e Pós-Parto”, “Hidro Seniores”, “Relax Hidro
Life” e “Hidroginástica”.
Na RAA os docentes têm várias ações de formação disponíveis no Centro
de Formação, umas de âmbito específico para cada grupo disciplinar, e outras de
âmbito mais geral. Há uns anos atrás era feita uma paragem no calendário escolar,
por volta do final do mês de outubro, de uma semana, para que todos os docentes
fizessem a sua formação. Esta formação deixou de ser feita nesta altura, para não
haver interrupção do calendário escolar, passando a ser realizada em dois
períodos. O primeiro em setembro, antes do início do ano letivo, e o outro em julho,
altura em que o ano letivo já terminou.
Ao longo destes últimos anos fiz ações de formação específicas do meu
grupo disciplinar, como por exemplo, “As Expressões, o Ambiente e a Cidadania”,
“Atividades de Exploração da Natureza”, “Judo na Escola”, “Ténis na Escola” e
“Dança na Escola”.
No que respeita a ações de formação de âmbito geral participei em sessões
sobre os temas: “Bulling nas Escolas” e “O Treino e a periodização da força em
populações diversas”.
11
3. DIMENSÃO PROFISSIONAL
3.1. Atividade Profissional
No presente ano letivo fiquei colocada na Escola Básica Integrada de Angra
do Heroísmo, pelo quarto ano consecutivo, com turmas do 1º e do 2º Ciclo do
Ensino Básico. No que se refere ao 1º Ciclo do Ensino Básico foram-me atribuídas
três turmas do 1º ano e uma do 2º ano. Relativamente ao 2º Ciclo do Ensino Básico,
a minha componente letiva é constituída por uma turma de 6º ano, uma turma de
Despiste e Orientação Vocacional (DOV), e uma turma de Ocupacional. Estas duas
últimas turmas são de currículos alternativos, sendo que a segunda tem atividades
inseridas no âmbito do Ensino Especial como a Natação Adaptada, onde sou a
responsável pela atividade contando com o apoio de uma terapeuta, e a Equitação
Adaptada onde dou apoio à atividade. Este estabelecimento de ensino tem como
prioridade, sempre que possível, dar continuidade pedagógica e, mesmo sendo
professora contratada, isto aplica-se. Assim, de toda a componente letiva, as
turmas de 2º ano, 6º ano, DOV, Natação e Equitação Adaptada são de continuidade
pedagógica sendo as restantes turmas novas.
12
3.2. Caracterização da Escola
3.2.1.Localização Geográfica e Área Pedagógica
A Escola Básica e Integrada de Angra do Heroísmo assegura o
funcionamento da Educação Pré-Escolar, do Ensino Básico e da Educação
Extraescolar nas freguesias da Sé, Conceição, Ribeirinha, São Bento e Santa
Luzia.
A Escola Básica Integrada de Angra de Heroísmo integra a Escola Básica
1,2,3/JI de Angra do Heroísmo, sede da Unidade Orgânica, e três Estabelecimentos
de Ensino de Educação Pré-Escolar e do 1º Ciclo do Ensino Básico, a saber: EB1/JI
Infante D. Henrique, EB1/JI de São João de Deus, EB1/JI da Ribeirinha.
13
3.2.2. Estrutura Organizacional
. Educadores
. Professores
.Subdepartamentos
. Subcoordenador
. Conselho T Turma
.Titulares Turma
. Conselho DT 2ºC
. DT
. Tutor
. CT
. Conselho DT 3ºC
. DT
. Tutor
. CT . Equipa Multidisciplinar AE
. Serviço Psicologia Orientação
. Coordenador
. Centro Recursos EE
. Coordenador
. Assembleias Delegados
. Associação Pais e
Encarregados de Educação
. Chefe Serviços Administração Escolar
. Mediateca, Bufete,
Refeitório, Reprografia,
Papelaria, Auditório, etc.
ASSEMBLEIA
CONSELHO
PEDAGÓGICO
CONSELHO
ADMINISTRATIVO
CONSELHO
EXECUTIVO
Coordenação de
estabelecimento de
ensino e educação
Núcleos
Escolares
Conselho de
Núcleo
Coordenador
de Núcleo
Escolar
Assessoria
Técnico-
Pedagógica
Conselho de
Docentes
Serviços de
Administração
Escolar
Projetos
Desenvolvimento
Educativo
Coordenador
Outros Serviços
e Estruturas
Associações
Departamentos
Coordenações
de ciclo
Serviços
Especializados de
Apoio Educativo
Pré-Escolar
Coordenador
1º Ciclo
Coordenador
Departamentos
Coordenador
Coordenador do
1º Ciclo
Coordenador do
2º Ciclo
Coordenador do
3º Ciclo
14
3.3. - População Escolar
3.3.1. Alunos Matriculados 2014/ 2015
A unidade orgânica da EBIAH no ano letivo 2014/2015 estudaram 1347
alunos, desde o ensino pré-escolar ao 3º Ciclo do Ensino Básico, distribuídos por
quatro estabelecimentos de ensino.
O pré-escolar tem um total de 116 alunos tendo o seu maior número na
EB1,2,3/ JI de Angra do Heroísmo com 44 alunos. O 1º Ciclo do Ensino Básico tem
no seu total 743 alunos onde a maioria pertence à EB1/ JI Infante D. Henrique com
310 alunos e 16 turmas.
Tabela 1 - Alunos Matriculados 2014/ 2015 - Educação Pré-Escolar e 1º Ciclo do Ensino Básico
Estabelecimento
de Ensino
Educação
Pré-
Escolar
1º Ciclo
Programa
Oportunida
de
(I)
PEREE
(Programas
Específicos do
Regime do
Ensino Especial)
Total
Nº
Alu
no
s
Nº
Tu
rmas
Nº Alunos
Nº
Tu
rmas
Nº
Alu
no
s
Nº
Tu
rmas
Oc
up
ac
ion
al
Só
cio
Ed
uc
ati
vo
Nº
Alu
no
s
Nº
Tu
rma
s
1º
Ano
2º
Ano
3º
Ano
4º
Ano Total
EB1,2,3/JI de Angra
do Heroísmo 44 2 52 32 43 56 183 8 7 1 6 - 227 10
EB1/JI Infante D.
Henrique 17 1 72 74 69 78 293 15 - - - - 310 16
EB1/JI da
Ribeirinha 36 2 22 20 15 25 82 4 - - - 6 118 6
EB1/JI de São João
de Deus 19 1 19 10 22 18 69 4 - - - 2 88 5
Total 116 6 165 136 149 177 627 31 7 1 6 8 743 37
O 2º Ciclo do Ensino Básico tem um total de 443 alunos distribuídos por 30
turmas, todas pertencentes à EB1,2,3/ JI de Angra do Heroísmo. Destas 30 turmas
19 são referentes ao 5º e 6º ano e as restantes 11 turmas pertencem a programas
alternativos.
15
Tabela 2 - Alunos Matriculados 2014/ 2015 - EB1,2,3/JI de Angra do Heroísmo - 2º Ciclo do Ensino Básico
Esta
be
lecim
en
to d
e E
nsin
o
2º Ciclo
Programa
Oportunidade
II
PEREE
(Ocupacional+
Despiste e
Orientação
Vocacional + Pré-
Profissionalizante.)
Total
5º Ano 6º Ano Total
Nº
Alu
no
s
Nº
Tu
rmas
Nº
Alu
no
s
Nº
Tu
rmas
Nº
Alu
no
s
Nº
Tu
rmas
Nº
Alu
no
s
Nº
Tu
rmas
Nº
Alu
no
s
Nº
Tu
rmas
Nº
Alu
no
s
Nº
Tu
rmas
EB1,2,3/JI
de Angra
do
Heroísmo
192 10 171 9 363 19 25 2 80 9 443 30
Total 192 10 171 9 363 19 25 2 80 9 443 30
O 3º Ciclo do Ensino Básico tem um total de 161 alunos distribuídos por 10
turmas, todas pertencentes à EB1,2,3/ JI de Angra do Heroísmo. Destas 10 turmas
8 são referentes ao 8º e 9º ano e as restantes duas turmas pertencem a programas
alternativos. Este ano letivo, segundo ordem da Secretaria Regional da Educação,
a escola não recebeu alunos para constituição de turmas do 7º ano, com o objetivo
de terminar nos próximos dois anos com o 3º Ciclo do Ensino Básico nas escolas
básicas. Aos alunos que já estavam matriculados no 3º Ciclo no ano letivo anterior
foi-lhes permitido concluir o 3º Ciclo do Ensino Básico na mesma escola.
Tabela 3 - Alunos Matriculados 2014/ 2015 - EB1,2,3/JI de Angra do Heroísmo - 3º Ciclo do Ensino Básico
Estabelecimento de
Ensino
3º Ciclo PROFIJ
8º Ano 9º Ano
Nº
Alu
no
s
Nº
Tu
rma
s
Total
Nº
Alunos
Nº
Turmas
Nº
Alunos
Nº
Turmas Nº Alunos Nº Turmas
EB1,2,3/JI de Angra
do Heroísmo
71 4 68 4 22 2 161 10
Total 71 4 68 4 22 2 161 10
16
3.4. Contexto Socioeconómico
A Tabela 4 refere-se ao contexto socioeconómico de toda a unidade
orgânica. Como supracitado na Tabela 1 a escola tem um total de 1347 alunos dos
quais 822 usufruem de um dos escalões, ou seja, mais de 61% dos alunos. De
salientar que a grande maioria pertence ao estabelecimento de ensino da EB1,2,3/
JI de Angra do Heroísmo com 532 alunos, representando 40%.
Existem quatro escalões distintos sendo que o primeiro abrange os alunos
mais necessitados e o quarto os menos necessitados. A atribuição de determinado
escalão é baseado nos rendimentos de cada agregado familiar.
Tabela 4 - Contexto Socioeconómico dos alunos matriculados no ano letivo 2014/ 2015 na escola - EB1,2,3/JI de Angra do Heroísmo - Alunos Subsidiados
Estabelecime
nto de Ensino Escalão I Escalão II Escalão III Escalão IV Total
EB1,2,3/JI de
Angra do
Heroísmo
185 146 128 73 532
EB1/JI Infante D.
Henrique 51 39 42 16 148
EB1/JI da
Ribeirinha 25 25 15 9 74
EB1/JI de São
João de Deus 46 13 7 2 68
Total 307 223 192 100 822
17
3.5. Recursos Humanos
3.5.1. Pessoal Docente
Os Recursos Humanos distribuem-se entre o Pessoal Docente e o Pessoal
Não Docente. A Tabela 5, a qual diz respeito ao Pessoal Docente, indica que, no
ano letivo 2014/ 2015, a escola possui 177 professores de diferentes situações
profissionais: professores do Quadro de Nomeação Definitiva, professores de
Afetação Prioridade, professores com Habilitação Profissional e professores de
Habilitação Própria.
No que concerne ao número de docentes por ciclo, é notório um maior
número no 1º Ciclo do Ensino Básico com 70 docentes, sendo que 18 pertencem
ao pré-escolar. No que respeita ao 2º e 3º Ciclos do Ensino Básico conta com
presença de 67 e 30 professores respetivamente. Ainda referente ao 2º e 3º Ciclos
do Ensino Básico, os grupos disciplinares com maior número de docentes são o
grupo 230 (Matemática e Ciências), e os grupos 300 (Português), 520 (Biologia/
Geologia), e 550 (Informática). O Ensino Especial confere 10 docentes em todo o
agrupamento.
18
Tabela 5 - Relação do Pessoal Docente no ano letivo 2014/ 2015 e Situação Profissional - EB1,2,3/JI de Angra do Heroísmo – Pessoal Docente
QUADRO LUGARES
PROVIDOS
DOCENTES EM EFECTIVIDADE DE FUNÇÕES TOTAL
ND SHL AP P HP
PRÉ-ESCOLAR
Pré-Escolar (100) 18 18 18 18
1º CICLO
1º Ciclo (110) 53 49 45 2 5 52
Total 71 67 63 2 5 70
2º CICLO
1º Grupo (200) 5 5 4 1 5
2º Grupo (210) 8 8 8 1 9
3º Grupo (220) 10 10 10 10
4º Grupo (230) 14 13 13 1 b) 2 16
E.V.T. (240) 14 4 4 6 2 1 13
E.F. (260) 9 7 5 3 8
E.M. (250) 5 5 4 4
EMRC 1 1 1 1a) 2
Total 66 53 49 9 8 1 67
3º CICLO
Grupo 300 – Port. 3 1 1 1 2 4
Grupo 400 – Hist. 1 2 3
Grupo 320-Francês 1 1
Grupo 330 – Inglês 1 1
Grupo 420 – Geog. 2 2
Grupo 500 – Mat. 1 1 1 2 3
Grupo 510 – Fis. Q. 1 1 1 2 3
Grupo 520 – B. e G. 1 3 4
Grupo 530 – Ed. T. 1 1 2
Grupo 550 – Inf. 1 3 4
Grupo 600-Artes V. 1 1
Grupo 620 – Ed. F. 1 1 2
Grupo 700–Ed.Esp. 0
Total 5 3 3 10 17 30
ED. ESPECIAL (120)
Ed. Especial 11 10 9 1 10
Total 11 10 9 1 10
Total Global 153 133 124 21 31 1 177
19
3.5.2. Pessoal Não Docente
Relativamente ao pessoal Não Docente, a EBIAH, no ano letivo 2014/ 2015,
teve um total de 84 elementos, dos quais 61 são Assistentes Operacionais. É de
salientar que a EB 1,2,3/ JI de Angra do Heroísmo se destaca com 39.
Tabela 6 - Relação do Pessoal Não Docente no ano letivo 2014/ 2015 - EB1,2,3/ JI de Angra do Heroísmo
Estabelecimento de
Ensino Assistentes
Operacionais
EB1,2,3/JI de Angra do
Heroísmo 39
EB1/JI Infante D. Henrique 9
EB1/JI da Ribeirinha 9
EB1/JI de São João de Deus 4
Total 61
Relativamente à situação profissional do Pessoal Não Docente, este
agrupamento, entre 84 elementos, não tem nenhum contratado, prevalecendo a
efetividade de todo o Pessoal Docente.
Tabela 7 - Situação Profissional do Pessoal Não Docente no ano letivo 2014/ 2015 - EB1,2,3/ JI de Angra do Heroísmo
Carreira/Categoria Quadro Providos Contratados
Pessoal Técnico Superior
Técnico Superior 3 3
Pessoal Técnico de Diagnóstico e Terapêutica
Técnico Diagnóstico e Terapêutica. Especial. 2 2
Pessoal de Informática
Técnico Informática Grau 3 Nível 2 1 1
Pessoal Administrativo
Chefe Serviços Administração Escolar - -
Assistentes Técnicos 17 17
Pessoal Não Docente
Assistentes Operacionais 61 61
TOTAL 84 84
20
3.6. Comunidade Educativa Numa Escola caracterizada pelo elevado grau de heterogeneidade
sociocultural, em que as motivações, os interesses e as capacidades de
aprendizagem dos alunos são muito diferenciadas, a Escola deve ter condições
para o desenvolvimento de pedagogias diferenciadas, adequando a estratégia
pedagógica às necessidades de cada aluno ou grupo de alunos, procurando, desse
modo, equilibrar as diferenças através de diversificações das ofertas educativas e
de formação.
Os programas/projetos a implementar no presente ano letivo pretendem
contribuir para fomentar o sucesso escolar e a integração de alunos sujeitos ao
insucesso e ao abandono da escolaridade obrigatória.
Pretende-se, assim, tornar a escola mais abrangente e socializadora, capaz
de dar resposta às solicitações da Comunidade Educativa.
3.6.1. Projetos/programas de escola
A Unidade Orgânica, através dos seus diversos elementos, pode
desenvolver projetos/programas que visem a resolução de problemas ou situações
concretas definidas no seu Projeto Educativo, ou que venham ao encontro das
necessidades definidas nos Projetos Curriculares de Turma, ou ainda para
rentabilizar e melhorar recursos existentes. Neste sentido deverão os responsáveis
por projetos/programas, nomeadamente aqueles a longo prazo ou permanentes,
apresentar no final de cada ano letivo um plano de atividades/desenvolvimento a
aplicar no ano letivo seguinte.
No presente ano letivo encontram-se em desenvolvimento uma série de
projetos/programas dos quais pela sua transversalidade destacamos os seguintes:
21
3.6.1.1. Gabinete de Promoção de Saúde Escolar
O Gabinete de Promoção de Saúde Escolar (GPSE) constitui um espaço
privilegiado de apoio aos alunos, especificamente, um espaço de informação e
atendimento, anónimo e confidencial, no qual o aluno pode obter, junto de um grupo
de professores, psicólogos e técnicos da área da saúde, esclarecimentos,
informações e apoio.
A atividade principal do Gabinete consiste na promoção da saúde no meio
escolar em articulação com outras estruturas da comunidade educativa e escolar,
nomeadamente, o Centro de Saúde de Angra do Heroísmo.
Este gabinete constitui-se, ainda, como um centro de recursos para os
docentes e discentes da unidade orgânica, tendo disponível material pedagógico e
lúdico nestas áreas.
3.6.1.2. Desporto Adaptado: Equitação e Natação Adaptada
Este projeto surgiu da necessidade de promover atividades físicas regulares
e diversificar a intervenção, implementando medidas educativas que minimizem os
efeitos das necessidades educativas especiais de carater permanente junto dos
alunos a frequentar o ensino básico, em idade de escolaridade obrigatória.
A coordenação é da responsabilidade de uma docente do quadro do Centro
de Recursos de Educação Especial, especializada em Problemas Graves de
Comunicação, com formação profissional na área da Equitação Terapêutica.
A atividade da Equitação é desenvolvida na Quinta do Malhinha, na freguesia
do Posto Santo e a Natação nas piscinas da INATEL, tendo a participação 13
alunos com idades compreendidas entre os 4 e os 16 anos com problemáticas
relacionadas sobretudo com os problemas graves da comunicação.
Ambas decorrem no tempo letivo dos alunos, uma vez por semana, como
componente curricular dos seus currículos específicos individuais e constitui uma
medida educativa dos seus Projetos Educativos Individuais.
22
3.6.1.3. “Eco - Escolas”
A escola já participa no programa Eco escolas desde 2007/2008.
Este projeto conta com o apoio de todos os membros da comunidade
educativa que, de carácter voluntário e consciente, queiram ajudar nas diversas
atividades que serão implementadas.
Este ano os temas a desenvolver são a “Água”, “Resíduos”, “Mar”, “Energia”
e “Ruído”.
3.6.1.4. Clube de Proteção Civil.
O Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA)
lançou, no ano de 2011, o Projeto Clubes de Proteção Civil, a ser implementado
em todas as escolas da Região Autónoma dos Açores, e com a finalidade de
informar a população escolar sobre riscos coletivos, envolver a comunidade
educativa na construção de uma cultura de segurança, educar para a prevenção e
minimização de riscos, e promover uma cidadania ativa e participante.
A implementação do Clube de Proteção Civil na EBIAH realizou-se no ano
letivo 2011/2012. Desde então o Clube tem funcionado, não para um número limite
de alunos, mas numa perspetiva de transmitir, a toda a comunidade escolar, os
objetivos propostos pelo SRPCBA: sensibilizar alunos para a proteção civil,
conhecer protagonistas e intervenientes, identificar riscos naturais e tecnológicos,
adquirir hábitos de segurança, desenvolver competências no âmbito da proteção
civil, e promover atitudes e comportamentos adequados.
Sessões de esclarecimento sobre as normas de evacuação da escola,
normas de segurança e medidas de autoproteção; palestras sobre “Primeiros
Socorros”, “Função da Proteção Civil”, “Trabalho de um Bombeiro”, visitas de
estudo ao SRPCBA, exercícios de evacuação em caso de catástrofes (incêndios e
sismos), demonstração do uso de extintores, pedipapers, e cursos sobre Suporte
Básico de Vida, têm sido as atividades desenvolvidas para responder aos
propósitos do SRPCBA e do Clube de Proteção Civil da EBIAH.
23
3.6.1.5. “Viver a Escola”
O Projeto “Viver a Escola” existe desde o ano letivo 2001-02 e pretende
mobilizar os alunos para uma intervenção organizada e ativa na vida da escola,
através das estruturas democráticas: Assembleias de Turma e Assembleia de
Delegados. Entendemos que a escola deve ser o espaço onde a criança aprende
a socialização e a cidadania:
Discutindo os seus problemas e os problemas da turma / da escola: opinando,
argumentando, colaborando e respeitando as opiniões dos outros, através da
realização sistemática de Assembleias de Turma. Aprende-se a ser crítico e
tolerante.
Elegendo democraticamente o seu representante para a Assembleia de
Delegados, de forma a garantir que as suas ideias, críticas e sugestões sejam
respeitadas. Aprende-se a votar e a exigir qualidade nos seus
representantes.
Participando e colaborando nas atividades, nas festas, nos espaços e nos
projetos que são da Escola e que são seus: Aprende-se a intervir na
comunidade.
Assim, uma vez por mês, em Assembleia, reúnem-se os Delegados de Turma para:
Discutir os problemas que afetam a vida dos alunos na Escola, tentando
apresentar sugestões para a sua resolução;
Divulgar na Escola todas as informações que digam respeito aos alunos,
através dos delegados, de cartazes ou boletins informativos e do Portal.
Propor e organizar atividades de carácter desportivo, recreativo, cultural,
ambiental e humanitário.
Designar comissões de delegados que se responsabilizem pela divulgação /
concretização das atividades que propõe.
24
Neste contexto, destaca-se uma atividade que anualmente mobiliza de forma
extraordinária a população escolar: O Parlamento dos Jovens, onde os alunos
continuam a exercer a sua cidadania, refletindo sobre um problema ou tema comum
a todas as escolas do país e procurando soluções, em equipa. Após eleição de
escola sujeitam-se a um círculo regional e, finalmente, se eleitos nesta fase,
poderão participar na sessão nacional que decorre na Assembleia da República.
Na nossa escola a participação dos alunos é muito expressiva: este ano seis listas
com 10 deputados e três medidas cada e com uma percentagem de alunos votantes
na ordem dos 65%, com 413 votantes num universo de 638 alunos.
A nossa escola, pelo segundo ano consecutivo, representou o círculo dos
Açores na sessão nacional.
25
3.7. Departamento de Educação Física
3.7.1.Composição do Departamento de Educação Física
O Departamento de EF é composto pelos elementos em exercício de
funções, na Escola Básica Integrada de Angra do Heroísmo, sendo um deles o
Coordenador. A eleição do Coordenador faz-se por voto secreto dos professores
do Departamento.
3.7.2. Funcionamento do Departamento de Educação Física
O Departamento reúne ordinariamente uma vez por período, ou
extraordinariamente, por iniciativa do respetivo coordenador ou requeridas por um
terço dos membros do Departamento ou solicitadas pelo Presidente Conselho
Executivo. As reuniões ordinárias são convocadas com antecedência mínima de 48
horas e têm a duração máxima de duas horas, salvo quando todos os professores
que compõem o Departamento deliberarem pela continuação dos trabalhos.
Nas reuniões ordinárias podem ser objeto de deliberação assuntos não
incluídos na ordem de trabalhos, se pelo menos dois terços dos membros
reconhecerem a urgência de deliberação imediata. Nas reuniões extraordinárias só
podem ser objeto de deliberação os assuntos incluídos na ordem do dia.
As reuniões do Departamento realizam-se quando estiver presente a maioria
dos seus membros. As reuniões não realizadas por inexistência de quórum têm
obrigatoriamente o registo das presenças, marcação de faltas e a elaboração de
ata. As atas são elaboradas sob a responsabilidade de um secretário, em regime
de rotatividade dos membros do Departamento, exceto o Coordenador. As atas ou
o texto das deliberações são aprovadas em minuta no final das reuniões.
São competências do departamento curricular aquelas que se encontram
definidas na legislação em vigor bem como no Regulamento Interno da Escola.
26
3.7.3. Caraterização dos Espaços
As instalações desportivas são constituídos por cinco espaços e uma sala
teórica. Na Tabela 8 está caraterizado cada um desses espaços e a afetação dos
recursos materiais.
Tabela 8 - Caracterização dos Espaços e Afetação dos Recursos do Departamento de Educação
ESPAÇOS ACTIVIDADES-TIPO AFECTAÇÃO DE RECURSOS
MATERIAIS
Espaço 1
2/3 Pavilhão
Desportivo
1.ª Prioridade
Basquetebol, Voleibol,
Futebol, Jogos Pré-
Desportivos Patinagem,
Badmínton e Raquetas
(Madeira).
2.ª Prioridade
Ginástica Solo, Aparelhos e
Rítmica, Luta, Salto em Altura.
Bolas:
- Basquetebol: 12 / 13;
- Voleibol: 24;
- Futebol: 4.
Balões de Voleibol e bolas de “Mata”
Redes Voleibol: 2; e de Badmínton: 2
Patins: 12 / 13; e Skates: 4
Raquetas Badmínton (e Vol.): 10 pares
Raquetas de Madeira: 10 pares
Bolas de espuma
Ginástica: 1 Tapete, 1 tapete de rolo e
material
Salto Horizontal: 1 tapete graduado
Cones de sinalização pesado;
Bolas de Rítmica, Arcos e Cordas
Luta: 2 tapetes
Salto em Altura: 1 conjunto + colchões
Espaço 2
1/3 Pavilhão
Desportivo
1.ª Prioridade
Voleibol, Ginástica, Salto em
Altura, Luta, Escalada,
Patinagem,
2.ª Prioridade
Basquetebol, Futebol,
Raquetas
Bolas de Voleibol: 6 / 8;
Ginástica / Luta: 2 tapetes;
Ginástica: 1 tapete rolo, 2 barras fixas e
material pesado (plinto, boque, etc.)
Salto Altura: 1 conjunto;
Salto Horizontal: 1 tapete graduado
Salto à Corda: 12 / 13 Cordas
Parede Escalada
Patins 7/8; Skates 2.
Bolas de Basquetebol: 12/13; e de
Futebol: 1 / 2.
Raquetas de Madeira: 4 pares
Cones de sinalização
Espaço 3 1.ª Prioridade Ginástica: todo o material e equipamento
existente na Sala Verde
27
Sala de
Ginástica
Ginástica no Solo e Aparelhos,
Ginástica Rítmica, Luta, Dança
2.ª Prioridade
Salto à Corda
Dança: Aparelhagem
Luta: Tapetes existentes
Ginástica Rítmica: arcos e bolas de
rítmica.
Salto à Corda: 6/ 8 cordas
Espaço 4
Campo
Basquetebol
e Pista de
Atletismo –
Exterior
1.ª Prioridade
Basquetebol, Voleibol, Jogos
Pré-Desportivos, Corridas de
Velocidade, de Barreiras e de
Estafetas,
2.ª Prioridade
Corrida da Milha, Futebol
Sessões Teóricas
Bolas:
- Basquetebol: 12/13;
- Voleibol: 2 / 4 bolas (velhas ou brancas);
- Balões (velhos) e bolas de “Mata”:
- Râguebi:
Cones de Sinalização
Barreiras
Testemunhos
Milha: 8 cones de Sinalização
Bolas de Futebol: 1/2 bolas
Sessões Teóricas: 12 / 13 Manuais
Escolares
Espaço 5
Campo
Futebol e
Caixa de
Areia -
Exterior
1.ª Prioridade
Futebol,
Andebol
Corrida da Milha,
Salto em Comprimento,
Orientação
Sessões Teóricas
2.ª Prioridade
Corridas de Velocidade, de
Barreiras e de Estafetas
Bolas de Futebol: 12 / 13 bolas e Marcas
de Sinalização
Bolas de Andebol: 12 / 13 bolas e Marcas
de Sinalização
Milha: 8 cones de Sinalização
Salto Altura: caixa de areia, corredor de
balanço, 1 rolo e 1 fita métrica
Orientação: mapas, balizas e alicates
Sessões Teóricas: 12 / 13 Manuais
Escolares
Pistas de Velocidade
Barreiras
Testemunhos
Sala Máquinas: material existente
28
3.7.4. Plano Anual de Atividades
O Plano Anual de Atividades (PAA) caracteriza-se pelo conjunto das
atividades a desenvolver ao longo do ano letivo, em concordância com o disposto
no Projeto Educativo e nos diversos Projetos Curriculares de Turma, unificado num
documento definidor das atividades no que concerne aos seus objetivos,
responsáveis, meios envolvidos, espaço e tempo de realização e avaliação.
As propostas de atividades devem ser apresentadas de forma atempada,
preferencialmente no início do ano letivo, de forma a serem devidamente
analisadas e aprovadas pelo Conselho Pedagógico e devidamente enquadradas
no Plano.
Objetivamente pretende-se que o Plano promova uma efetiva articulação dos
saberes entre as diferentes disciplinas e ciclos, contribuindo para o sucesso
educativo dos alunos, a educação para a cidadania e a interdisciplinaridade,
através de uma efetiva coordenação de atividades.
O Departamento de EF tem como atividades no PAA a participação nas
provas de Corta-Mato, Mega Sprinter, Mega Salto, e Semana da EF onde está
inserido o Dia da Dança.
29
4. REALIZAÇÃO DA ATIVIDADE PROFISSIONAL
4.1. Introdução
A Educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um fenómeno
observado em qualquer sociedade e é responsável pela transposição às gerações
que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência
e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade.
Enquanto processo de sociabilização, a educação é exercida nos diversos
espaços de convívio social, seja para a adequação do indivíduo à sociedade, do
indivíduo ao grupo ou dos grupos à sociedade. A prática educativa formal, que
ocorre nos espaços escolarizados, dá-se de forma intencional e com objetivos
determinados, como no caso das escolas.
A educação sofre mudanças, das mais simples às mais radicais, de acordo
com o grupo ao qual ela se aplica, e se ajusta a forma considerada padrão na
sociedade.
A educação especial é uma educação organizada para atender específica e
exclusivamente alunos com determinadas necessidades especiais. Algumas
escolas dedicam-se apenas a um tipo de necessidade, enquanto outras se dedicam
a vários. O ensino especial tem sido alvo de críticas por não promover o convívio
entre as crianças especiais e as demais crianças. Por outro lado, a escola
direcionada para a educação especial conta com materiais, equipamentos e
professores especializados. O sistema regular de ensino precisa ser adaptado e
pedagogicamente transformado para atender de forma inclusiva.
O termo "educação especial" denomina tanto uma área de conhecimento
quanto um campo de atuação profissional. De um modo geral, a educação especial
lida com aqueles fenómenos de ensino e aprendizagem que não têm sido ocupação
do sistema de educação regular, porém têm entrado na pauta nas últimas duas
décadas, devido ao movimento de educação inclusiva.
30
Dentre os profissionais que trabalham ou atuam em educação especial,
estão o educador físico, professor, psicólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional,
entre outros.
Sendo assim, é necessário antes de tudo, tornar reais os requisitos para que
a escola seja verdadeiramente inclusiva, e não excludente.
31
4.2. Atividade docente no ano letivo 2014/2015
No presente ano letivo tive colocação na Escola Básica Integrada de Angra
do Heroísmo, pelo quarto ano consecutivo. A escola tem como prioridade a
atribuição da continuidade pedagógica como forma benéfica no processo ensino-
aprendizagem, quer para os alunos quer para os docentes, quer eles sejam do
Quadro de Nomeação Definitiva ou Contratados. Assim sendo, a EBIAH propôs-me
para o ano letivo 2014/ 2015 as seguintes funções: Professora de EF no 1º Ciclo
do Ensino Básico de quatro turmas (1º1, 1º2, 1º3 e 2º4), sendo a última de
continuidade pedagógica; Professora de EF no 2º Ciclo do Ensino Básico de uma
turma (6º8) com continuidade pedagógica; Professora de EF nos PEREE das
turmas Ocupacional e DOV, ambas de continuidade pedagógica; Professora de
apoio na Equitação Adaptada (trabalho com a turma do programa Ocupacional); e
Professora responsável da Natação Adaptada (trabalho com a turma do programa
Ocupacional). Estes dois últimos tem também continuidade pedagógica pelo
segundo ano consecutivo.
Todas estas funções fazem parte da componente letiva, sendo que a não
letiva é realizada no Departamento de EF. Ambas são alvo de uma avaliação no
final de cada ano letivo através da elaboração de um relatório individual e de aulas
observadas pela coordenadora do departamento.
32
4.2.1. Ensino da Educação Física no 1º e 2º ciclo do Ensino Básico
As aprendizagens da EF não podem ser alcançadas fora do âmbito escolar.
Julgarmos que a criança pode compensar a inexistência da aula de EF na escola
socorrendo-se das atividades extracurriculares é um erro para o qual todos os
intervenientes devem estar precavidos. Os efeitos que se pretendem atingir com a
disciplina são muito mais abrangentes, pelo que, com uma prática isolada de
qualquer atividade física, jamais poderão ser alcançados.
Na RAA a EF está integrada no currículo dos alunos, o que se pode afirmar
que ela não é substituível. Se repararmos, os planos curriculares integram hoje a
EF do 1º ao 12º ano, significando que as aprendizagens devem iniciar-se no 1º ano.
Caso não se verifique este princípio, que está consignado na Lei de Bases do
Sistema Educativo, todo o currículo fica comprometido e, por consequência, o
desenvolvimento da criança será afetado.
A existência da EF no 1º ciclo do Ensino Básico não só se torna importante
pelo seu valor, como também porque é condição indispensável para a preparação
de outras etapas. Por estas razões, devemos aproveitar a componente motivacional
que existe nas crianças destas idades para a prática das atividades físicas,
sabendo tirar partido educativo, encorajando-as a novas experiências e,
principalmente, a manter o gosto pela prática permanente ao longo da vida.
A EF tem um papel importante na educação para a saúde fornecendo um
precioso contributo, não só pela repercussão que o exercício físico tem sobre o
organismo, mas também porque a prática das atividades físicas contribui para o
desenvolvimento afetivo e social. Embora a EF se centre na atividade física, nela
também se inclui tudo o que está associado à pessoa enquanto a pratica. A
realização das atividades físicas coloca uma condição indispensável, quer para a
sua realização, quer para uma variedade de interações que são fundamentais para
o desenvolvimento da personalidade. Para além disto tudo, a EF no 1º Ciclo do
Ensino Básico contribui também para facilitar a aprendizagem de outras áreas.
É sabido que o desenvolvimento motor da criança precede o
desenvolvimento cognitivo e, de acordo com esta lei do desenvolvimento, as
33
experiências motoras que a EF proporciona podem ser aproveitadas no sentido de
promover a aquisição de alguns conceitos.
Assim, tornou-se indispensável a elaboração do Programa de EF no 1º Ciclo
do Ensino Básico na RAA, constituindo uma medida prioritária já que, através dele,
se definem os efeitos desejáveis que se pretendem atingir com a disciplina.
A carga horária por turma resume-se a três tempos semanais de 45 minutos,
dos quais dois contam com a presença de um professor especializado cuja função
é coadjuvar, e um é lecionado apenas pelo professor titular de turma. A planificação
e a avaliação são da responsabilidade do professor titular de turma, pois é o único
que está presente em todos os momentos.
O programa divide-se em blocos programáticos que compõe o currículo de
EF no 1º ciclo do Ensino Básico, com caraterísticas próprias e distintas entre si,
mas complementares. A Tabela seguinte (Tabela 9) mostra a composição curricular
e o “peso” de cada um dos blocos nos diferentes anos de escolaridade.
Tabela 9 - Modelo de Composição Curricular no 1º e 2º ciclo
1º CICLO 2ºCICLO
1º ANO 2º ANO 3º ANO 4º ANO 5º ANO 6º ANO
PERÍCIAS E MANIPULAÇÕES
PERÍCIAS E MANIPULAÇÕES
JOGOS
. Bola ao Capitão
. Mata . Rolha
. Futebol . Voleibol
. Jogos de Raquetas . Jogos de Luta
. Atletismo
JOGOS
. Bola ao Capitão . Mata . Rolha
. Futebol . Voleibol
. Jogos de Raquetas . Jogos de Luta
. Atletismo
FUTEBOL
(ELEMENTAR)
VOLEIBOL
(ELEMENTAR)
VOLEIBOL
(INTRODUÇÃO)
FUTEBOL
(CONTINUAÇÃO)
JOGOS (AVANÇADO)
BASQUETEBOL (INTRODUÇÃO)
ATLETISMO (INTRODUÇÃO)
ATLETISMO (ELEMENTAR)
LUTA (INTRODUÇÃO)
LUTA (CONTINUAÇÃO)
DESLOCAMENTOS E EQUILÍBRIOS
DESLOCAMENTOS E EQUILÍBRIOS
GINÁSTICA
GINÁSTICA
GINÁSTICA SOLO
(ELEMENTAR) APARELHOS
(ELEMENTAR) RÍTMICA
(INTRODUÇÃO 1 APARELHO)
GINÁSTICA SOLO
(ELEMENTAR) APARELHOS
(ELEMENTAR) RÍTMICA
(INTRODUÇÃO OUTRO APARELHO)
PATINAGEM
PATINAGEM
PATINAGEM
(ELEMENTAR)
PATINAGEM
(CONTINUAÇÃO)
JOGOS
JOGOS
ATIVIDADES RITMICAS
EXPRESSIVAS
ATIVIDADES RITMICAS
EXPRESSIVAS
ATIVIDADES
RITMICAS EXPRESSIVAS
ATIVIDADES
RITMICAS EXPRESSIVAS
DANÇA
DANÇA
PERCURSOS NA
NATUREZA
PERCURSOS NA
NATUREZA
PERCURSOS NA
NATUREZA
PERCURSOS NA
NATUREZA
34
Para além destes blocos, a Natação aparece como alternativa e por isso não
consta da tabela de composição curricular. Considera-se que a curto/ médio prazo
não é possível dotar a maioria das escolas com condições para que a sua prática
seja viável.
4.2.2. Ensino nos Programas Específicos do Regime do Ensino Especial
4.2.2.1. Despiste e Orientação Vocacional
A turma 1 do programa DOV é constituída por 14 alunos com deficiências
cognitivas. A maioria tem muitas dificuldades ao nível das competências básicas
de leitura, escrita e descodificação das mensagens, o que prejudica gravemente o
seu desempenho nas restantes disciplinas.
O percurso escolar de cada um destes alunos foi feito com insucesso repetido
o que, de certa forma, influencia a forma como se comportam perante os
obstáculos, revelando medo de voltar a fracassar. Motivar estes alunos para as
atividades letivas é difícil, pois a falta de empenho e desmotivação que revelam é
evidente. Têm idades compreendidas entre os 11 e os 18 anos. O agregado familiar
da maioria revela um baixo nível cultural, dificuldades financeiras e situações
familiares complicadas.
Estas turmas não têm manuais e todo o material a utilizar é elaborado pelas
docentes do 1.º Ciclo do Ensino Básico. Os grupos são muito heterogéneos e nem
sempre é possível dar o devido acompanhamento individual que é necessário.
A carga horária dedicada à disciplina de EF é de três tempos de 45 minutos
semanais. Apesar da maioria dos alunos gostar da disciplina, por ser mais prática,
dinâmica e o seu espaço de aula ser fora da sala, por vezes não é fácil de os
motivar. A primeira reação é quase sempre de negação mesmo sem saberem o
que trabalhar.
Apesar de academicamente estarem ao nível do 1.º Ciclo do Ensino Básico,
as suas idades, gostos e preferências são os de alunos do 3.º Ciclo do Ensino
Básico e por isso é necessário conseguir cativar os alunos com atividades
adequadas aos dois níveis.
35
4.2.2.2. Ocupacional
Natação Adaptada
A Natação Adaptada tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento
harmonioso dos alunos com necessidades educativas especiais.
Os conteúdos associados a esta atividade consistem em melhorar o
desempenho físico dos alunos, recorrendo a atividades no meio aquático, bem
como melhorar a auto confiança dos alunos pelo fato da sua mobilidade estar
facilitada neste meio (Plano Anual de Atividades da Escola Básica Integrada de
Angra do Heroísmo, 2014).
A atividade é realizada uma manhã por semana e é conduzida por um técnico
especializado e um docente de EF. Esta atividade conta também com a
colaboração gratuita do transporte por parte Câmara Municipal, bem como as
instalações da piscina do INATEL.
De salientar que a meta a atingir com esta atividade é a de melhorar a
qualidade de vida dos alunos com necessidades especiais
Equitação Adaptada
Esta atividade tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento
harmonioso dos alunos, desenvolver a coordenação motora e promover a interação
social, a auto estima e a comunicação.
Os conteúdos subjacentes à atividade são o estimular a comunicação,
aprendendo várias formas de comunicar, aumentar o tempo de atenção e
concentração, aumentar o controlo emocional e autodisciplina, estimular a
coordenação motora fina, melhorar a mobilidade corporal, melhorar a orientação
espacial, melhorar o equilíbrio e postura, diminuir a irritabilidade e hiperatividade,
criar novos vínculos emocionais e aumentar o nível de autonomia. Toda a atividade
promove um ambiente de descontração, satisfação e experiências diversas,
36
respeitando sempre um conjunto de regras e rotinas específicas da atividade. O
acompanhamento de um adulto é constante para cada aluno e a intervenção é
individualizada. Com isto pretende-se ter como meta a atingir a melhoria da
qualidade de vida dos alunos com NEE e alargar o campo de experiências sociais
e motoras (Plano Anual de Atividades da Escola Básica Integrada de Angra do
Heroísmo, 2014).
Fazem parte desta atividade vários intervenientes como um docente
especializado, um responsável pela atividade, um docente de EF, monitores de
equitação e os acompanhantes dos alunos e os próprios alunos.
4.3. Planificação
Relativamente ao 1º e 2º Ciclo do Ensino Básico a planificação geral é da
responsabilidade do departamento de EF e a planificação diária fica à
responsabilidade do professor da disciplina a qual deve estar de acordo com as
características de cada turma.
Como já foi referido anteriormente o professor responsável pela EF no 1º
Ciclo do Ensino Básico é o titular de turma, apesar de, na prática, ser o professor
específico da disciplina que, a maior parte das vezes ou em alguns casos sempre,
planifica as aulas. Isto acontece dada a dificuldade da maioria das docentes do 1º
Ciclo do Ensino Básico em não se sentirem capazes de fazer uma boa gestão da
aula em algumas matérias, principalmente as que exigem um maior conhecimento
ao nível de regras de segurança como é o caso da Ginástica e da Patinagem.
As turmas do PEREE têm um programa próprio que foi elaborado pelo
departamento de EF. Estas planificações gerais são utilizadas nas minhas turmas
apenas como documento orientador. Sendo turmas que têm uma grande diferença
de idades entre os alunos, obviamente que existem interesses divergentes na
mesma turma.
Desta forma, tento orientar-me por esta planificação geral, mas indo sempre
ao encontro das motivações dos alunos. Considero que nestes programas a
planificação tem de ser o mais flexível possível tendo como objetivo principal a
37
motivação dos alunos para a prática desportiva. Principalmente na turma de DOV
onde os alunos são bastante conflituosos, com uma assiduidade fraca e uma falta
de interesse por qualquer atividade proposta nas diversas disciplinas.
Se conseguirmos que eles gostem da disciplina e que isso seja motivo para
terem uma participação ativa na aula, essa será uma grande vitória.
4.4. Estratégias de Ensino
Para mim uma boa aula de EF tem obrigatoriamente que proporcionar muito
tempo de prática das atividades físicas, de preferência num ambiente lúdico
mantendo os alunos empenhados nas tarefas e, portanto, motivados para o seu
aperfeiçoamento pessoal.
Os princípios pedagógicos gerais que devem orientar a atividade física são
os mesmos das outras disciplinas. No entanto devemos ter consideração as
questões didáticas e metodológicas próprias da EF.
Para além de uma orientação curricular, temos que fazer uma adequação às
diferentes necessidades e capacidades dos alunos, aproveitando a variedade de
materiais e equipamentos que temos ao nosso dispor, criando situações de
aprendizagem ricas e variadas.
Cabe a nós, professores conjugar de forma coerente esta multiplicidade de
fatores que influenciam o processo ensino-aprendizagem (alunos, materiais,
espaço, atividades, etc.).
Tento que as aulas de EF sejam ricas e variadas no que respeita às
experiências motoras proporcionadas aos alunos, sem ser exagerada, obviamente.
A riqueza das aulas depende essencialmente do tempo de duração em que os
alunos estão em atividade física e da qualidade das situações propostas. Nesta
perspetiva as atividades devem corresponder às expetativas de aperfeiçoamento
do aluno, com diversidade de experiências motoras, situações e materiais
utilizados. Em cada uma das situações o aluno deve repetir as experiências,
devendo manter-se a atividade enquanto esta tiver interesse. Por fim, não podemos
38
esquecer de conciliar as necessidades com as motivações, gostos e interesses dos
alunos.
A escolha de situações de aprendizagem é um dos aspetos fundamentais e
mais delicados na orientação do processo de ensino e aprendizagem. Tento
escolher as melhores situações, isto é, aquelas em que os alunos aprendam mais
e melhor. Por vezes, quando a tarefa é muito difícil, cabe ao professor diminuir o
grau de exigência, simplificando a tarefa ou as condições de realização.
Penso que um dos fatores determinantes para um bom funcionamento da
aula é sem dúvida o cumprimento das regras. Os alunos devem perceber qual o
comportamento que é desejável para se conseguir um bom ambiente de trabalho,
ou seja, um clima favorável à aprendizagem. Isto engloba a arrumação e utilização
de materiais portáteis e pesados, a forma de entrar e sair da aula, a participação, a
formação de grupos, a transição de situações ou atividades (estações e circuitos),
atenção quando a instrução é dirigida para todos e reunir a turma num determinado
espaço da aula. Se houver eficácia nas regras eleva-se automaticamente a
qualidade das aulas permitindo aumentar o tempo disponível para a prática.
Relativamente às atividades propostas, estas devem aparecer de forma
sequencial, articuladas entre si, em conjuntos de aulas com uma estrutura
organizada semelhante. Normalmente os meus alunos sabem no final de cada aula
o que irão realizar na próxima.
O professor deve fazer um acompanhamento da prática dos alunos de forma
a manter e elevar a qualidade da sua participação. Este acompanhamento não
pode ser individualizado a todo o momento nem com a presença constante do
professor junto de cada aluno. Devemos sim dar mais atenção aos alunos com
maiores dificuldades, corrigir, incentivar e elogiar os alunos nas suas prestações,
garantir condições de segurança e prevenir comportamentos de desvio em relação
à tarefa proposta. Para que se torne possível uma intervenção deste tipo, o
professor deve colocar-se de forma a poder dirigir-se a todos quando necessário.
Tento sempre intervir de forma positiva, mesmo quando se trata de uma
correção, criando um clima de constante superação e desafio.
39
4.5. Avaliação
Avaliar é interpretar informações recolhidas, de forma sistemática ou não,
para tomar decisões adequadas. Assim, o professor avalia para organizar, orientar,
modificar ou reorganizar o processo de ensino-aprendizagem, escolhendo os
desafios a colocar aos alunos (Direção Geral dos Ensinos Básico e Secundário,
1993).
Bloom et al. (cit. por Rodrigues, 2003, p.16) apontam três tipos de avaliação:
a diagnóstica, a formativa e a sumativa.
Giannichi & Di Dio (cit. por Rodrigues, 2003, p.17) classificam a avaliação em três
fases, que se aproximam do modelo de Bloom e incluem a mesma terminologia: a
avaliação diagnóstica deteta condições do sistema e/ou do aluno, salientando
pontos fracos e fortes. A formativa indica as modificações que estão ocorrendo,
segundo objetivos desejados. Finalmente, a sumativa é a verificação no final de um
curso.
Para procedermos a uma avaliação, devem-se ter claros alguns princípios:
esclarecer o que será avaliado inicialmente, selecionar as técnicas de avaliação em
função dos objetivos, considerar os pontos positivos e limitados das técnicas de
avaliação empregadas, levar em conta uma variedade de técnicas para assegurar
uma avaliação compreensiva e considerar a avaliação como meio e não fim, como
refere Giannichi (cit. por Rodrigues, 2003, p.18).
Assim, o processo avaliativo pode ter diferentes objetivos, consoante a altura
do ano em que se situa, relacionando-se com os momentos em que o professor
tem de tomar decisões (planificação).
4.5.1. Avaliação Diagnóstica
O período de avaliação diagnóstica deve permitir ao professor saber quais
as matérias em que os alunos denotam mais dificuldades e considerar esta
informação na seleção de objetivos e atividades. Devemos também verificar se os
40
objetivos do programa necessitam de algum ajustamento, podendo aumentar ou
diminuir o grau de exigência, de acordo com as características dos alunos. Por fim,
observar os alunos na relação com os outros e na relação com o professor. Estes
aspetos são importantes a considerar na organização da turma para criar um bom
ambiente na aula.
Segundo Rodrigues (2003), a avaliação diagnóstica visa detetar o estágio de
desenvolvimento e aprendizagem do aluno a fim de extrair consequências para o
próprio processo de ensino e, portanto, avaliá-lo.
Neste período não se pretende avaliar o desempenho dos alunos, interessa
sim, que o professor recolha informações que lhe permitam decidir por onde
começar, porquê e como.
4.5.2. Avaliação Formativa
A avaliação é um processo que não para nem se interrompe. O professor
está sempre a acompanhar os alunos, sempre a observar a sua evolução,
intencionalmente ou não, quer na sua prestação motora, quer no seu
comportamento socio-afetivo.
As decisões do professor são sempre tomadas com base nesta avaliação,
quer relativamente às suas decisões, como na alteração ou reformulação do plano,
quer ainda nas correções ou incentivos.
A avaliação formativa é a pretensão, é dar indícios sobre o posicionamento
do aluno em face de uma aprendizagem e propor soluções a partir da identificação
de alguma dificuldade, a fim de alcançar determinado objetivo (Bloom et al.,1983).
O professor deve estar atento às habilidades que os alunos estão a aprender
ou a aperfeiçoar, se está desmotivado ou pouco empenhado, à organização da
atividade e se esta se adequa às necessidades dos alunos, à organização da turma
e constituição dos grupos e o material escolhido para a tarefa se é o mais adequado
tendo em conta a complexidade da tarefa.
41
Ao longo de todo este processo o professor pode, e deve, fazer alterações
sempre em benefício dos alunos.
4.5.3. Avaliação Sumativa
No final de cada etapa é tempo de verificar o grau de concretização dos
objetivos propostos para cada período de tempo, recolhendo dados, percebendo
quem ficou longe dos objetivos e organizar a próxima etapa.
Segundo Bloom et al. (1983), a avaliação sumativa instala-se com o objetivo
de observar o resultado alcançado depois de uma intervenção. Esse tipo de
avaliação geralmente se presta à classificação, com função de categorizar e/ou
quantificar. É sua função atribuir valores, notas etc., enfim, eleger uma posição
numa hierarquia.
A recolha de dados deve ser o mais simples possível, já que o importante é
o professor reter os dados mais significativos que lhe irão permitir traçar, de uma
forma adequada, o desenvolvimento dos alunos.
No final do ano interessa, prioritariamente, saber se os alunos cumpriram ou
não os objetivos estabelecidos para o ano de escolaridade em causa, mais do que
a classificação em EF.
42
4.6. Atividades do Plano Anual de Atividades
Foram deliberados no Projeto Educativo de Escola um conjunto de objetivos
estratégicos para o PAA a atingir em cada departamento para o presente ano letivo
através de diversas atividades.
No que respeita ao departamento de EF os objetivos que o mesmo se
propôs, tendo em conta as atividades proposta, são os seguintes:
- Promover a sequencialidade coerente e estruturada entre a educação pré-
escolar, o 1º Ciclo e o 2º Ciclo do Ensino Básico;
- Contemplar no processo de elaboração e execução do Projeto Curricular a
articulação curricular vertical entre os vários ciclos e anos de escolaridade de forma
a garantir a aquisição das competências e conteúdos essenciais;
- Planificar e executar os Projetos Curriculares de Turma contemplando a
articulação horizontal de competências específicas e conteúdos, desenvolvendo
projetos com características interdisciplinares e transdisciplinares;
- Desenvolver práticas de reflexão e planificação em grupo no sentido de
uniformizar metodologias e materiais pedagógicos, criando assim situações de
maior igualdade de oportunidades entre as diversas turmas;
- Elaborar critérios de avaliação que contribuam para o desenvolvimento de
práticas de avaliação mais diversificadas e adaptadas ao grau de complexidade de
cada uma das competências a avaliar, não excluindo no entanto a possibilidade de
estabelecer adaptações para turmas com problemas específicos;
- Proceder a reformulações das práticas pedagógicas em função da
avaliação formativa;
- Fomentar a participação de todos os elementos da comunidade educativa
na elaboração e execução dos documentos estruturantes da unidade orgânica;
– Divulgar os documentos estruturantes da escola por todos os elementos
da comunidade educativa;
43
- Desenvolver uma cultura de consciência cívica, solidária e éticas
conducentes ao exercício de uma cidadania responsável;
- Promover uma imagem própria e valorizada da Escola, junto dos alunos e
de toda a comunidade educativa, geradora de identidade, levando aos membros da
Comunidade Educativa o sentimento de que a Escola é de todos;
- Definir um plano de formação que considere o pessoal docente, não
docente e encarregados de educação, estabelecendo para isso protocolos com o
Centro de Formação de Associação de Escolas da Terceira, S. Jorge e Graciosa e
outras entidades.
Sendo assim, o Departamento de EF propôs para este ano letivo as
seguintes atividades:
4.6.1. Os Dias da Educação Física – 1º Período
O 1º Período foi dedicado aos desportos coletivos, nomeadamente o
Basquetebol (Sport Clube Lusitânia) e o Voleibol (Associação de Jovens da Fonte
Bastardo), e ao Atletismo (Clube de Atletismo da Ilha Terceira) como modalidade
individual.
Normalmente, estas atividades realizam-se em percurso de habilidades,
para facilitar a organização e, por conseguinte, uma boa gestão das atividades.
Todas estas atividades contam com a participação de alunos dos 2.º e 3.º
ciclos do Ensino Básico em função do horário das aulas de EF.
44
4.6.2. Os Dias da Educação Física – 2º Período
Para o 2º período foi dedicado às Atividades Rítmicas Expressivas em
simultâneo com a comemoração do Carnaval.
A Dança começou a ser divulgada pelo Departamento de EF há dois anos
com o objetivo de divulgar diferentes atividades desportivas. Esta é uma
modalidade que abrange uma grande variedade de estilos e através dos dias da
EF conseguimos uma forma de a divulgar.
Inicialmente não foi muito fácil, pois a maioria dos alunos não se sentia
confortável com este género de atividade, talvez pelo fato de se sentirem expostos
numa atividade que não dominavam.
O importante é que de ano para ano a atividade começou a ter mais
participantes e com uma participação menos inibida, mais divertida e sem
complexos em se exporem a terceiros.
Este ano achámos pertinente associar esta atividade ao Carnaval, época que
é muito festejada na ilha Terceira, fazendo uma Maratona de Dança com fantasias
de Carnaval. Desta forma, os mais tímidos poderiam “camuflar-se” numa fantasia à
sua escolha e participar na atividade. O objetivo era que a participação dos alunos
fosse ainda maior que nos anos anteriores, e foi totalmente conseguido, superando
as espectativas.
Para além da Maratona de Dança, este dia foi dedicado também a uma aula
aberta de Zumba, de Kizomba, de Dança Desportiva, e à apresentação de
coreografias realizadas por várias turmas que dançavam também com os
respetivos professores de EF.
45
4.6.3. Os Dias da Educação Física – 3º Período
O último período foi dedicado às Atividades Físicas de Exploração da
Natureza (AEN) em comemoração conjunta do Dia Mundial do Ambiente.
Tendo em conta a época do ano e o meio onde estamos inseridos, é de todo
pertinente aproveitarmos os recursos naturais para divulgar atividades diferentes
das que se podem realizar nos espaços escolares destinados à disciplina.
Todas estas atividades têm como objetivo contribuir para o desenvolvimento
global do aluno, fomentando o hábito e a apetência pela prática regular de
atividades físicas e desportivas, proporcionar a participação dos alunos em
competições formais e informais, promovendo os valores desportivos, proporcionar
o convívio entre alunos da escola, e divulgar diferentes atividades desportivos em
parceria com as associações e os clubes.
Uma das mais-valias destas atividades é que os conteúdos abordados estão
diretamente relacionados com as matérias do programa da disciplina ao longo do
ano letivo.
As atividades são avaliadas com um relatório no final do período letivo pelos
docentes responsáveis pelas mesmas.
47
5. O ENSINO DA DANÇA NA ESCOLA – UMA PERSPETIVA NO 1º CICLO
5.1. Introdução
O desenvolvimento da Dança em Portugal está dependente, em grande
medida, da integração no Sistema Educativo. A introdução da Dança no 1º Ciclo do
Ensino Básico é uma questão que requer a compreensão de como ela se deve
articular nos diferentes níveis de ensino e entre as dimensões educativa e artística.
A dimensão educativa é claramente a de maior relevância dada a sua maior
abrangência e pressupõe um conjunto de opções e condicionalismos que passam
pelos intervenientes e as circunstâncias de ensino. É de salientar que as crianças
entre os 6 e os 10 anos estão no “período crítico” para o desenvolvimento das
capacidades coordenativas e a sua estreita relação com a Dança é deveras
importante (Sobral, 1992). A maior dificuldade no ensino da Dança no 1º Ciclo do
Ensino Básico está relacionada com o desenvolvimento curricular e com a seleção
das atividades em particular. As escolas que contam com um professor de EF
podem ter um maior suporte para a abordagem da Dança assumindo e conduzindo
esta atividade com uma base mais sólida (Sobral, 1992). Antes da seleção das
atividades é necessário saber os conteúdos que devem ser abordados nestas
idades ou até mesmo antes, no ensino pré-escolar. Parece-nos adequado nestas
idades a introdução da Dança Criativa.
O processo ensino-aprendizagem deve incluir três funções distintas: o fazer,
o criar, e o apreciar. Assim, estarão incluídos todos os principais domínios da Dança
segundo Kassing Gayle (cit. por Ávila-Carvalho & Lebre, 2011, p.9). A capacidade
de aprendizagem da Dança está associada às expressões, criatividade à perceção
de processos cognitivos e às emoções tal como refere Monteiro (cit. por Ávila-
Carvalho & Lebre, 2011,p.9). Cabe ao professor contagiar o ambiente onde se
realiza a aula, que é exigente, mas que pode proporcionar aos alunos experiências
na aula de EF que dificilmente conseguirão atingir noutra modalidade (Ávila-
Carvalho & Lebre, 2011). Entrar no ritmo significa dançar com corpo e música (Park
& Murata, 2015)
48
5.2. Enquadramento teórico
5.2.1. A Dança Criativa
A inclusão da Dança no currículo escolar representa uma grande conquista.
Uma das abordagens que possibilita novas metodologias de trabalho com a Dança
é a Dança Criativa, um conceito que visa à interação professor/ aluno, onde criam
juntos a sua própria forma expressiva e a comunicam com o mundo da Dança (Arce
& Dácio,2007).
A Dança Criativa está intrinsecamente relacionada com as oportunidades de
autoexpressão. A expressão de pensamentos, ideias e emoções através da Dança
tornou-se um grande meio de experiências educativas e terapêuticas, bem como
uma função artística (Lee et al., 2013). A autoexpressão tem sido definida como a
capacidade de se expressar segundo Baily (cit. por Lee et al., 2013, p. 68).
Um dos dons do movimento criativo é que ele ajuda as crianças a aprender
a controlar o seu corpo e a desenvolver a consciência de se mover num espaço
com outras crianças, ao mesmo tempo que ouvem as instruções do professor. O
movimento criativo pode ser um instrumento de orientação para que os professores
possam usufruir de várias formas um mesmo movimento, refere Gilbert (cit. por
Dow, 2010,p. 30).
Vigotski (cit. por Arce & Dácio, 2007, p. 2) constata que todos somos portador
da energia criativa através das nossas interações com o meio sociocultural,
permitindo-nos tratar a criatividade como uma possibilidade a ser construída
através das aulas de Dança.
É através da atividade criativa que se alcança uma consciência sobre as
nossas potencialidades, uma vez que é através da criatividade que o Homem evolui
e se expressa (Arce & Dácio, 2007). Miel (cit. por Arce & Dácio, 2007, p. 5) acredita
que é possível aumentar a criatividade se for posto em prática na educação o que
sabemos a respeito. Segundo Mattson (2015), a dança criativa como ferramenta de
aprendizagem, pode ajudar a aumentar as potencialidades, pois ao invés de imitar
49
apenas os movimentos, o foco muda para os alunos, que criam e refletem sobre os
seus próprios movimentos.
Brasil (cit. por Arce & Dácio, 2007, p. 5) refere que com os conteúdos
específicos da Dança, os alunos poderão articular, relacionar e criar significados
próprios sobre os seus corpos. A perceção do seu corpo, capacidade de
comunicação e expressão de emoções e sentimentos é descoberta pela criança
através dos seus movimentos (Arce & Dácio, 2007). A Dança Criativa pretende
mostrar que a sua prática fornece os elementos necessários para o
desenvolvimento espontâneo e criativo e cujo objetivo é desenvolver uma ação
pedagógica coerente, estimulando a criatividade (Arce & Dácio, 2007).
O ensino da Dança, como explicita Rolfe (cit. por Freire, 2001, p. 35), tem
como objetivo principal motivar os alunos a apreciarem a Dança segundo três
ações: executar, criar e apreciar.
As crianças precisam desenvolver as habilidades e conhecimentos
necessários para criar movimentos e conseguir expressar os seus sentimentos e
ideias (Freire, 2001). Segundo o autor, um dos objetivos é desenvolver todas as
habilidades, oferecendo oportunidades para as crianças criarem sequências
simples, através da improvisação, interagindo umas com as outras e sempre
orientadas pelo professor. Quanto mais desenvolvidas forem as suas habilidades e
conhecimentos, maior será a capacidade de criar danças mais complexas, com
uma estrutura mais clara (Freire, 2001).
Observar a Dança durante o processo criativo é um aspeto integral para as
crianças apreciarem e entenderem a Dança, pois necessitam de estar preparadas
para serem capazes de olhar e ouvir com imaginação, assim como, interpretar e
avaliar a Dança refere Freire& Rolfe (cit. por Freire, 2001,p.36).
A Dança pode ser apresentada para uma audiência, por mais informal que
ela possa ser, dando oportunidade aos dançarinos de avaliar a eficácia da Dança
que compuseram, aprenderam e compartilharam com as outras crianças do grupo
(Freire, 2001).
50
Este processo metodológico visa incentivar uma atividade que tenha como
prioridade o corpo como instrumento, explorando as suas possibilidades motoras,
expressivas e de comunicação como refere Monteiro (cit. por Ávila-Carvalho &
Lebre, 2011,p.3).
5.2.2. Porquê Dançar?
Não é fácil avaliar as atitudes dos jovens em relação à sua participação na
atividade física. As pesquisas mostram que os níveis de motivação intrínseca
dentro de determinadas atividades pode ser pressuposto para estar “fisicamente
ativo” no futuro tal como diz Almagro (cit. por Connolly et al., 2014,p.54). Segundo
Martin-Matillas (cit. por Connolly et al., 2014,p.54) algumas pesquisas também
destacaram a importância do “incentivo social” quando se pretende aumentar a
participação dos jovens na atividade física. Os jovens serão mais bem-sucedidos
quanto mais estimulados forem a participar na atividade física, logo atingirão melhor
condição física como refere Martin-Matillas (cit. por Connolly et al., 2014,p.54).
Segundo Keay & Spence (cit. por Connolly et al., 2014,p.54), notou-se um
aumento dos níveis de participação dos alunos que têm uma atitude positiva em
relação às aulas de Dança, sendo também notório por parte dos professores um
aumento no nível de autoestima de cada aluno.
O movimento e o exercício físico pode desencadear o crescimento de novas
células cerebrais e facilitar a aprendizagem, refere Ratey (cit. por Dow, 2010, p.34).
Segundo o mesmo autor existem evidências sobre os benefícios do movimento no
processo de aprendizagem. A Dança Criativa é um dos veículos para melhorar a
conexão mente-corpo em crianças e uma parte importante da educação infantil.
O movimento em Dança tem a intenção de expressar algo, uma ideia, uma
história, uma sensação tal como diz Dunkin, (cit. por Ávila-Carvalho & Lebre,
2011,p.8). Fomentar o imaginário será uma das preocupações para o
desenvolvimento da capacidade criativa dos alunos referiu Monteiro (cit. por Ávila-
Carvalho & Lebre, 2011,p.8). Deve ser proposto aos alunos exercícios que
51
desenvolvam a capacidade de composição estimulando no aluno a necessidade de
construção de algo, que deverá ser repetido, consolidado e por vezes apresentado
aos colegas da turma ou ao professor. Inicialmente as apresentações devem ser
curtas evitando o stress de uma apresentação longa e muito ensaiada como refere
Dunkin (cit. por Ávila-Carvalho & Lebre, 2011,p.8).
As aulas devem ser intercaladas entre a improvisação e a composição,
variando, assim, o tipo de solicitação criativa (Ávila-Carvalho & Lebre, 2011).
Segundo Stinson (cit. por Dow, 2010,p.30), os quatro elementos básicos na
Dança são o corpo e suas diferentes partes e amplitude de movimento, o espaço,
o tempo, e a energia. Compreender e usar estes quatro elementos pode abrir um
leque de possibilidades imaginativas. Assim, a dança pode ter um grande impacto
na vida diária das crianças já que é simultaneamente uma atividade física e um
veículo de autoexpressão (Dow, 2010).
Segundo o mesmo autor a dança proporciona por um lado uma experiência
rica na exploração e criação e por outro um movimento animado e divertido.
5.2.3. A Dança e o desenvolvimento da criança
Segundo Londero (2011) a correlação entre os benefícios proporcionados
pela prática da Dança e o desenvolvimento motor da criança, hoje em dia o
sedentarismo pode ser um dos fatores responsáveis pela dificuldade em executar
tarefas simples pelas crianças em fase de crescimento.
A prática da Dança desenvolve aspetos cognitivos, possibilitando um maior
desenvolvimento da criança em aspetos interpessoais, intelectuais, de
movimentação e de conhecimento do próprio corpo (Londero, 2011). Através da
Dança, a criança irá adquirir melhor perceção do seu corpo, bem como prevenir
problemas futuros de postura (Londero, 2011).
Para Brasil (cit. por Londero, 2011,p.12), o que se espera é que os alunos
tenham oportunidade de vivenciarem o maior número de práticas corporais
52
possíveis, pois estabelecem vivências coletivas e sociais, tendo como pano de
fundo o corpo em movimento.
Um dos aspetos que consideramos importante é o fato da dança ser
considerada uma expressão representativa de diversos aspetos da vida. Portanto,
uma aula de Dança na escola permite ao professor conhecer melhor o seu aluno,
saber suas preferências sobre o que gosta de brincar, de cantar, de ouvir; discutir
as suas experiências; fazer fluir a sua imaginação e verificar a sua influência na
realidade e nas atitudes da criança como refere Verderi (cit. por Londero,
2011,p.12).
De acordo com Santos (cit. por Londero, 2011,p.12), pode dizer-se que a
Dança quando praticada por crianças lhes permite lidar melhor com os seus
problemas, tendo também efeitos terapêuticos e possibilitando uma identificação
mais acurada de seus próprios sentimentos e pensamentos. Ensinar a Dança nas
escolas aponta para uma relação de cooperação e de socialização, e jamais para
o individualismo e a exclusão tal como diz Marcelino (cit. por Londero, 2011,p.12).
O filósofo Jean Piaget, um dos maiores teóricos do desenvolvimento infantil,
acreditava que a realidade das crianças é vivida e interpretada por meio das
sensações físicas e não do pensamento. A Dança promove a atenção, o equilíbrio,
a coordenação motora, a flexibilidade, o ritmo e a consciência do espaço
(Londero,2011).
O desenvolvimento da coordenação motora está relacionado com o
desempenho da criança nas suas atividades diárias como refere David (cit. por
Londero, 2011,p.11).
Ribeiro (cit. por Londero, 2011,p.19) destaca que o fator mais significativo na
aprendizagem da Dança é a disciplina, bem como os benefícios físicos que a
atividade gera, além da consciência corporal, musical e também um conhecimento
maior sobre o aparelho motor.
O desenvolvimento motor consiste numa série de mudanças que ocorrem ao
longo do ciclo vital. O movimento é o elemento central na comunicação e interação
com outras pessoas e com o meio ambiente à nossa volta. A aquisição de
53
habilidades motoras ocorre ao longo dos anos e é fruto não só das disposições do
indivíduo para a ação, mas principalmente do contexto físico e sociocultural onde o
individuo está inserido como refere Pellegrini (cit. por Londero, 2011,p.23).
Para Cabral (cit. por Londero, 2011,p.23), pode verificar-se o desempenho
motor de uma pessoa através da sua agilidade, velocidade e energia. O
desenvolvimento motor da criança merece atenção, pois promove reflexos durante
toda a vida. Isto significa que a criança tem de ser capaz de controlar o seu próprio
corpo. Disso também depende a sua saúde física e mental, tal como diz Leite (cit.
por Londero, 2011,p.23).
As experiências devem estar presentes no quotidiano das crianças, quer seja
na escola ou em casa através de qualquer atividade corporal. Segundo Miranda
(cit. por Londero, 2011,p.23), até algum tempo atrás, as experiências motoras
vivenciadas espontaneamente pela criança e suas atividades diárias eram
suficientes para que adquirisse as habilidades motoras e formasse uma base para
a aprendizagem de habilidades mais complexas. A criança tinha à sua disposição
grandes áreas livres para brincar: quintal, praça e rua, explorados e utilizados para
melhorar o seu desenvolvimento motor. Para Spence (cit. por Londero, 2011,p.24),
os processos de modernização e urbanização vivenciados nas últimas décadas têm
proporcionado mudança nos hábitos quotidianos dos seres humanos. Nestas
condições, as crianças são geralmente presenteadas com brinquedos, na maioria
das vezes eletrónicos, ou com atividades desenvolvidas em pequenos espaços que
limitam a aventura lúdica e a experimentação ampla do movimento, tal como refere
Miranda (cit. por Londero, 2011,p.24).
Tendo em vista todas estas mudanças é pertinente afirmar que a escola,
como um todo, passa a assumir um papel fundamental na formação e educação
das crianças.
Martin (cit. por Londero, 2011,p.25) situa o período de desenvolvimento
favorável à aprendizagem das capacidades coordenativas entre os oito e os doze
anos. Neste período, verifica-se um desenvolvimento da consciencialização do
esquema corporal (autor). As capacidades coordenativas são qualidades
essencialmente determinadas pelos processos de condução do sistema nervoso
54
central e, portanto, dependentes da sua maturação, como refere Santos (cit. por
Londero, 2011,p.25).
Gallahue (cit. por Londero, 2011,p.25) divide a fase dos movimentos
fundamentais em três estágios. Estágio inicial: que representa a primeira meta
orientada da criança na tentativa de executar um padrão de movimento
fundamental; Estágio elementar: que envolve maior controle e melhor coordenação
rítmica dos movimentos fundamentais; e Estágio maduro: que é caracterizado como
mecanicamente eficiente, coordenado e de execução controlada.
A EF adquire um papel importante na medida em que pode estruturar um
ambiente adequado para a criança e ser um promotor do desenvolvimento humano,
em especial ao desenvolvimento motor, garantindo a aprendizagem de habilidades
específicas nos jogos, desportos, ginásticas e dança, tal como diz Harrow (cit. por
Londero, 2011,p.26).
Para que as habilidades sejam desenvolvidas é necessário que se dê à
criança oportunidade de praticá-las. O movimento é de grande importância
biológica, psicológica, social e cultural, pois é através da execução dos movimentos
que as pessoas interagem com o meio ambiente, relacionando-se com os outros,
aprendendo sobre si, seus limites, capacidades e solucionando problemas, refere
Paim (cit. por Londero, 2011,p.26).
5.2.4. O papel do professor no ensino da Dança
Mesmo estando inserida no currículo escolar, o que acontece na maioria das
vezes é que a Dança não chega a ser abordada nas aulas de EF. Por vezes, um
dos empecilhos é a falta de tempo devido à existência de matérias consideradas
mais importantes.
O professor será então o responsável pela inserção da Dança na vida
escolar dos alunos, tanto por ser uma atividade física, como por representar uma
manifestação artística. O aspeto educacional da Dança deve basear-se no
55
pressuposto de que a interação aluno/ professor é o suporte estrutural para a
concretização do fenómeno educativo (Londero, 2011).
Para Ferrari (cit. por Londero, 2011,p.15), a Dança aplicada na escola não
deve pretender formar bailarinos, mas deve proporcionar ao aluno um contato mais
efetivo e intimista com a livre expressão através do movimento. Deve o professor
proporcionar ao aluno situações que permitam desenvolver as habilidades de
acordo com a fase evolutiva da turma. O papel do professor ao ensinar a Dança
não é direcionar o aluno dizendo o que ele vai coreografar, mas deve ajudá-lo,
através de uma descoberta guiada sobre as potencialidades do seu corpo. Pode
mostrar aos alunos como controlar o movimento do corpo a fim de que seja ele a
responder às suas necessidades expressivas dando os princípios que vão auxiliá-
los na composição (Londero, 2011).
No ensino da Dança, o aluno vai aprimorar-se principalmente em consciência
e equilíbrio corporal, coordenação, orientação espaciotemporal, criatividade, ritmo,
espírito de grupo, autoestima, aprimoramento físico e mental (Londero, 2011).
Para muitos alunos, a aula de EF é considerada um momento de
descontração (Londero, 2011). Acredita-se que, ao associar a prática desta
disciplina a conteúdos de interesse dos alunos e temas atuais da sua rotina diária
(saúde, alimentação, bem estar, meio ambiente, sociedade, atualidades,
consciência sobre o seu corpo e suas necessidades), provavelmente, haveria uma
maior participação e interesse dos alunos pelas atividades, como refere Metzner
(cit. por Londero, 2011,p.16).
Por outro lado, a herança cultural dificulta o desenvolvimento do interesse
do aluno pela Dança. Muitos rapazes não se sentem à vontade com alguns
movimentos devido ao preconceito. Para Santoso (cit. por Londero, 2011,p.16),
este “tabu” pode ser quebrado pelo professor, dependendo da forma como se
ensina e o que se ensina. Cabe a ele mostrar que a Dança educacional pode ter
movimentos mais livres permitindo ao aluno uma maior liberdade nos seus
movimentos.
56
Dentro de um contexto escolar, a Dança deve ser direcionada ao quotidiano
e ao mundo da criança. As fontes de inspiração para as aulas podem variar de
acordo com os projetos da escola e os interesses da turma. O que não se pode
perder de vista é estimular a imaginação. Desta forma, a criança desenvolve a sua
capacidade intelectual e física, para além de ser uma oportunidade de interação
com o outro e de melhorar as suas habilidades sociais.
De Paula (cit. por Londero, 2011,p.16), afirma que ao selecionar os
conteúdos de Dança que pretende desenvolver com os seus alunos, o professor
necessita de considerar o contexto social e cultural, ou seja, o reportório de Dança
dos alunos, seus conhecimentos e suas escolhas de ritmos e estilos. Não basta
apenas aplicar a Dança como parte das aulas ministradas. É importante que o
professor tenha um certo conhecimento do perfil da turma para que a Dança venha
de encontro às suas necessidades e aspirações, e realmente possa surtir os efeitos
desejados (Londero, 2011).
Segundo Carbonera & Carbonera (cit. por Londero, 2011,p.16), toda a
criança precisa de experiências de comunicação criativa e interpretativa por meio
de movimentos, e a experiência integrada às experiências de aprendizagem
oferecem opções para este tipo de expressão.
Hoje, na educação, a Dança deve estar voltada para o desenvolvimento
global da criança. Uma criança que no pré-escolar teve a oportunidade de participar
em aulas de dança terá mais facilidade para ser alfabetizada, por exemplo, tal como
diz Trevisan (cit. por Londero, 2011,p.19).
5.2.5. A Dança e a qualidade de vida
Ao considerarmos que todos os atos são praticados pelo corpo, a
motricidade é, então, indispensável, segundo refere Antunes (cit. por Londero,
2011,p.20). Sendo assim, o corpo torna-se fundamental para a construção da
personalidade. A Dança surge como manifestação e reflexo da estrutura social,
como refere Mallmann (cit. por Londero, 2011,p.20).
57
Para Miranda (cit. por Londero, 2011,p.20), qualquer atividade física melhora
a disposição para as atividades do dia-a-dia, da força muscular, da estética
corporal, da regulação do sono, da recuperação mais fácil dos esforços, da
autoimagem positiva e até da regulação do humor. Segundo Loturco Filho (cit. por
Londero, 2011,p.20), uma saúde perfeita não depende apenas de um corpo forte e
saudável, mas também de uma mente vigorosa, equilibrada, sobretudo tranquila.
Partindo deste pressuposto, a Dança praticada na escola viria como uma atividade
capaz de integrar os benefícios físicos, psicológicos e emocionais.
A Dança é uma atividade física e expressiva que permite aprofundar a
perceção de cada um sobre si mesmo e sobre os outros (Ferreira et al., 2010).
Utilizada como instrumento pedagógico, a Dança pode contribuir para o
desenvolvimento emocional e na estruturação da identidade, promovendo a
formação do sujeito singular, com maneiras próprias de ser, sentir e agir (Ferreira
et al., 2010). Na dança, o corpo torna-se um meio de interação do indivíduo com o
mundo, facilitando o desenvolvimento da consciência corporal e das possibilidades
de comunicação com o outro, segundo Godoy (cit. por Ferreira et al., 2010, p.2) de
uma forma lúdica e agradável.
Segundo Falsarella (cit. por Ferreira et al, 2010, p.2), a Dança também
facilita a descoberta de limites e potencialidades individuais por meio de vivências
corporais. Segundo os mesmos autores, este processo impacta positivamente os
relacionamentos interpessoais e o desenvolvimento do autoconceito e da
autoestima. Assim, a Dança pode ser um significativo instrumento da ação
pedagógica, no sentido de estimular a concentração e a sociabilidade, no resgate
de valores culturais e no prazer da atividade lúdica para o desenvolvimento físico,
mental e social. No caso de crianças e adolescentes esta pode ser uma contribuição
fundamental no seu processo de formação e desenvolvimento, refere Costa (cit.
por Ferreira et al., 2010, p.2).
Entre grupos populacionais mais vulneráveis, que muitas vezes sofrem de
discriminação e preconceito, como jovens pobres e moradores de periferias
urbanas, ou os portadores de deficiências, os benefícios trazidos por uma atividade
que permite a elevação da autoestima e do autoconceito podem ser ainda mais
58
significativos (Ferreira et al., 2010). Segundo o mesmo autor, a autoestima e
autoconceito representam o sentimento com relação ao “Eu” auxiliando na
formação da identidade do sujeito. Segundo Saeta (cit. por Ferreira et al., 2010,
p.2), o autoconceito está relacionado com o que cada um pensa que é e, a
autoestima reflete a perceção da habilidade pessoal para lidar com os desafios da
vida e a adequação às situações do quotidiano.
A Organização Mundial de Saúde (cit. por Ferreira et al., 2010, p.2) define
promoção de saúde como o processo de capacitação da população para exercer o
controlo da sua saúde abarcando o bem-estar individual e coletivo. Para isso, a
promoção para a saúde deve envolver medidas de ordem familiar e ambiental, tal
como diz Buss (cit. por Ferreira et al., 2010, p.2), sendo conferida especial
importância às escolas, como um espaço privilegiado para o desenvolvimento de
habilidades individuais e coletivas relativas à autonomia, participação e promoção
de estilos de vida saudáveis.
Na perspetiva da promoção de saúde, o desenvolvimento de atividades na
escola que possam contribuir para a autoestima, com o respeito pelo outro e com
o reconhecimento e exploração das potencialidades torna-se essencial.
Um estudo realizado por Ferreira et al. (2010) em crianças e adolescentes
(entre 9 e 16 anos e de ambos os sexos) das escolas do município de Poços de
Caldas em Minas Gerais, no Brasil, teve como objetivo a realização de atividades
de Dança na escola visando contribuir para o reforço da autoestima e do
autoconceito. Verificou-se que no período da pré-adolescência a participação era
predominada pelas meninas. As mudanças corporais vivenciadas nesta fase, bem
como, as inseguranças em relação à própria identidade neste momento de
transição entre duas fases do ciclo vital podem ter contribuído com a adesão a uma
atividade relacionada ao contato consigo e à exploração e estética do corpo
(Ferreira et al., 2010).
Para os alunos que permaneceram até ao final do programa, os resultados
de (Ferreira et al., 2010) sugerem que pode haver um benefício específico da
atividade da Dança no domínio pessoal, com uma perceção de si mais positiva,
maior autovalorização e segurança diante das situações do dia-a-dia.
59
Os pais também deram a sua apreciação sobre os benefícios decorrentes
da Dança e foram da opinião de que “a Dança é importante para o desenvolvimento
global”, “ melhora o diálogo familiar”, “desenvolve as habilidades sociais”, “aumenta
a preocupação com o corpo (autocuidado) ”, “influencia na motivação”, e
“desenvolve a autonomia”, benefícios referidos no questionário apresentado aos
pais (Ferreira et al., 2010).
Os benefícios da Dança são incontestáveis, visto que a sua prática possibilita
o desenvolvimento de habilidades motoras, sociais e o aumento do autoconceito e
da autoestima, o que contribui para a saúde física, psicossocial e ainda, com o
desenvolvimento da autonomia, refere Costa (cit. por Ferreira et al., 2010, p.5).
60
5.3. Metodologia
5.3.1. Objetivos
Geral: Verificar o nível de atividade e ações corporais dos alunos em aulas
de dança.
Específicos:
Comparar o nível de atividade e ações corporais dos alunos em 2 momentos
da Unidade Didática (1ª metade vs. 2ª metade da UD)
Comparar o nível de atividade e ações corporais dos alunos em 2 momentos
de recreio (recreio sem música vs. recreio com música)
Comparar as diferentes categorias do nível de atividade e ações corporais
nos diferentes momentos de observação (1ª metade da UD, 2ª metade da
UD, recreio sem música e recreio com música);
5.3.2. Amostra
A amostra deste estudo foi composta por trinta e seis aulas de dança e 4 s
da Escola Básica 1/Jardim de Infância de Angra do Heroísmo.
A média de idades dos alunos que frequentaram as aulas foi de 7,34 anos.
A idade mínima foi de 6 anos e a máxima de 8 anos. Da totalidade dos alunos que
frequentaram as aulas na nossa amostra 37,14% são do sexo feminino (n=13) e
62,86% do sexo masculino (n=22).
5.3.3. Instrumentos
Para o presente estudo foram utilizados como instrumentos para a
observação um Tablet PC da Microsoft Corporation, modelo Surface with Windows
RT (registo de vídeo), e uma ficha de observação.
Na ficha de observação foi feito o registo do nível de atividade e ação/posição
corporal da maioria dos alunos de acordo com as categorias estabelecidas,
61
indicando a letra referente ao que estavam a realizar no momento do registo (10
em 10 segundos).
As categorias utilizadas foram as do sistema SOFIT (andar, em pé, deitar,
sentar e muito ativo) e acrescentadas novas categorias (saltar, rodopiar, correr e
parado) tendo em conta as ações apresentadas nas diferentes coreografias.
A recolha de dados foi efetuada recorrendo à aplicação de 5 coreografias,
as quais foram filmadas ao longo de 18 sessões de 45 minutos cada, na aula de
EF da respetiva turma (uma turma do 1º ano e uma turma do 2º ano do 1º ciclo do
Ensino Básico).
Para além destas 36 sessões, foram observados também 2 recreios por
turma (total de 4). Considerámos um recreio, toda a atividade com duração de 15
minutos, que não é orientada por um professor, pretendendo-se que os alunos
realizem as suas tarefas de forma autónoma e sem acesso a qualquer tipo de
material didático. No primeiro observamos o que os alunos realizam habitualmente
no recreio, e no segundo, este acompanhado com as músicas trabalhadas nas
sessões de dança, observamos também o que os alunos realizam no recreio tendo
como referência qualitativa a presença ou ausência dos movimentos das
coreografias aprendidas.
5.3.4. Procedimentos da recolha
O primeiro passo efetuado foi a elaboração de um pedido de autorização,
para a recolha das imagens dos alunos, aos respetivos Encarregados de Educação.
Só após a recolha de todas as autorizações se deu início à aplicação de uma
unidade didática de dança.
As coreografias foram abordadas de forma progressiva no que diz respeito
à complexidade, ou seja, da mais simples para a mais complexa. Todas as
coreografias tiveram em consideração alguns requisitos na sua criação, a saber:
deitar/levantar, levantar, agachar, rodar, saltar, deslocar, e correr.
62
Terminadas as 18 sessões em cada turma, num total de 36 sessões, foi feita
a recolha de dados tendo como referência os procedimentos de observação SOFIT
(Sistema para Observação do Tempo de Instrução e Aptidão) desenvolvido por
Thomas L. McKenzie da Universidade de San Diego (McKenzi, 2002).
O registo das categorias do SOFIT foi realizada tendo em conta a ação
efetuada pela maioria dos alunos. As observações eram realizadas em intervalos
de 10” e períodos de 3’. Realizaram-se 5 períodos de 3’ de observação por cada
aula e recreio, distribuídos uniformemente por toda a extensão da sessão.
Estabelecemos desta forma cerca de 4’ de intervalo entre cada observação no caso
das sessões de dança. Assim conseguimos ter um registo de dados referente a
todas as partes de cada aula (Inicial, fundamental e final). Cada ação era codificada
por uma categoria (tabela 10).
Tabela 10 - Categorias e ações da bateria de testes SOFIT adaptado
CATEGORIAS AÇÕES
Categoria A Andar (frente, trás, lados)
Categoria B Em pé (no mesmo lugar, com movimentos de braços e/ou pernas)
Categoria C Rodopiar (1/2 volta,1 volta)
Categoria D Correr
Categoria E Saltar
Categoria F Deitar/levantar
Categoria G Baixar/levantar
Categoria H Muito Ativo (realiza várias categorias)
Categoria I Parado (sem atividade)
63
Registamos em tabela própria (tabela 11) a categoria a que correspondia.
Tabela 11 - Grelha de registo dos dados através do SOFIT adaptado
Momentos Minuto 1"-10" 11"-20" 21"-30" 31"-40" 41"-50" 51"-60"
1
4
5
6
2
10
11
12
3
16
17
18
4
23
24
25
5
29
30
31
Após o preenchimento da Tabela 11, foi feita a contabilização do número de
ações de cada categoria (valores absolutos) num total de 90 ações. Através dos
valores absolutos realizamos a conversão para valores relativos (100%).
Tabela 12 - Tabela de registo dos valores Absolutos e Relativos de cada categoria do sistema de observação SOFIT adaptado
Sigla Valores absolutos Valores relativos
A
P
R
C
S
D/L
B/L
MA
PP
Total 90 100 %
64
5.3.5. Procedimento de Análise
Para o tratamento estatístico dos dados utilizou-se o programa Statistical
Package for the Social Sciences – Versão 20.0 (SPSS Statistics 20.0). O nível de
significância para rejeição da hipótese nula em todos os testes estatísticos foi fixado
em α=0.05 (intervalo de confiança de 95%).
A estatística descritiva foi efetuada recorrendo à média como medida de
tendência central e ao desvio padrão, mínimo e máximo como medidas de
dispersão.
Quanto à estatística inferencial utilizamos o Kruskal-Wallis test para a
comparação de medidas independentes (1ª metade da UD vs. 2ª metade da UD vs.
Recreios sem música vs. Recreios com música). Recorremos posteriormente ao
Mann Whitney test para a comparação de duas medidas independentes nas
categorias onde o teste Kruskal-Wallis revelou diferenças significativas e o
Wilcoxon test para comparação de medidas repetidas (entre cada 2 categorias em
cada momento de observação).
65
5.4. Apresentação e Discussão dos Resultados
Nas Tabelas 13, 14, 15 e 16 apresentamos as medidas descritivas (média,
desvio-padrão, valor mínimo e valor máximo) de cada uma das categorias na 1ª e
2ª metade (M) da Unidade Didática, nos Recreios sem e com música. Podemos
observar então nas Tabelas 13, 14, 15 e 16 as medidas descritivas (média, desvio-
padrão, valor mínimo e valor máximo) de cada uma das categorias do SOFIT
adaptado na 1ª e 2ª metade da Unidade Didática e nos Recreios sem e com música.
Tabela 13 - Medidas Descritivas de cada categoria do SOFIT adaptado na 1ª metade da Unidade Didática
Tabela 14 - Medidas Descritivas de cada categoria do SOFIT adaptado na 2ª metade da Unidade Didática
Categorias
1ª Metade da UD
N Média Desvio-Padrão
Min. Máx.
Categoria A (Andar) 18 14,51 11,96 0,00 33,30
Categoria B (Em pé) 18 33,15 9,26 17,80 51,10
Categoria C (Rodopiar) 18 8,66 7,44 0,00 26,70
Categoria D (Correr) 18 2,23 3,42 0,00 10,00
Categoria E (Saltar) 18 7,56 7,46 0,00 23,30
Categoria F (Deitar/ Levantar) 18 3,67 2,68 0,00 8,90
Categoria G (Baixar/ Levantar) 18 2,74 3,22 0,00 11,00
Categoria H (Muito Ativo) 18 6,00 6,62 0,00 22,20
Categoria I (Parado) 18 21,83 5,73 13,00 32,20
Categorias
2ª Metade da UD
N Média Desvio-Padrão
Min. Máx.
Categoria A (Andar) 18 30,01 9,13 14,40 43,30
Categoria B (Em pé) 18 26,17 7,77 12,20 37,80
Categoria C (Rodopiar) 18 0,37 0,76 0,00 2,20
Categoria D (Correr) 18 2,52 2,11 0,00 5,60
Categoria E (Saltar) 18 10,85 8,34 0,00 24,40
Categoria F (Deitar/ Levantar) 18 2,03 2,74 0,00 7,80
Categoria G (Baixar/ Levantar) 18 8,64 5,00 0,00 20,00
Categoria H (Muito Ativo) 18 7,16 10,54 0,00 25,60
Categoria I (Parado) 18 12,17 4,53 5,60 20,00
66
Tabela 15 - Medidas Descritivas de cada categoria do SOFIT adaptado nos Recreios sem Música
Tabela 16 - Medidas Descritivas de cada categoria do SOFIT adaptado nos Recreios com Música
Se analisarmos os valores médios das diferentes categorias na 1ª e na 2ª
metade da Unidade Didática podemos constatar que as categorias com valores
superiores, tanto na 1ª metade como na 2ª metade são as categorias A (andar), B
Categorias
Recreios sem Música
N Média Desvio-Padrão
Min. Máx.
Categoria A (Andar) 2 27,25 0,78 26,70 27,80
Categoria B (Em pé) 2 18,35 3,89 15,60 21,10
Categoria C (Rodopiar) 2 0,55 0,78 0,00 1,10
Categoria D (Correr) 2 30,00 3,11 27,80 32,20
Categoria E (Saltar) 2 1,65 2,33 0,00 3,30
Categoria F (Deitar/ Levantar) 2 11,65 2,33 10,00 13,30
Categoria G (Baixar/ Levantar) 2 2,80 3,96 0,00 5,60
Categoria H (Muito Ativo) 2 7,75 4,74 4,40 11,10
Categoria I (Parado) 2 0,00 0,00 0,00 0,00
Categorias
Recreios com Música
N Média Desvio-Padrão
Min. Máx.
Categoria A (Andar) 2 16,10 2,40 14,40 17,80
Categoria B (Em pé) 2 27,80 1,56 26,70 28,90
Categoria C (Rodopiar) 2 2,75 0,78 2,20 3,30
Categoria D (Correr) 2 17,75 4,74 14,40 21,10
Categoria E (Saltar) 2 19,45 0,78 18,90 20,00
Categoria F (Deitar/ Levantar) 2 3,30 1,56 2,20 4,40
Categoria G (Baixar/ Levantar) 2 7,25 0,78 6,70 7,80
Categoria H (Muito Ativo) 2 5,55 1,63 4,40 6,70
Categoria I (Parado) 2 0,00 0,00 0,00 0,00
67
(em pé) e I (parado), sendo que na 2ª metade a categoria A (andar) tem um
aumento dos valores para sensivelmente o dobro (1ªM=14.5; 2ªM=30) e a categoria
I (parado) uma diminuição do seu valor para metade (1ªM=21.8; 2ªM=12,1). Parece
então que os alunos estiveram mais ativos na 2ª metade da Unidade Didática do
que na 1ª metade, fato que poderá estar relacionado com o tempo de instrução e
organização. Inicialmente, na 1ª metade da UD, houve mais e maiores momentos
de instrução, necessidade inerente à abordagem a uma Unidade Didática nova. Na
1ª metade da UD, sentimos também maior necessidade em gastar mais tempo nas
organizações espaciais (formações). Tempo esse que foi na sua maioria
acompanhado pela orientação e colaboração do professor, enquanto na 2ª metade
os alunos estiveram mais autónomos conseguindo organizar-se mais rapidamente
apenas com algumas indicações.
Relativamente aos recreios com e sem música, e analisando também os
valores médios, podemos verificar que as categorias com valores mais elevados,
em ambos os momentos, são as categorias A (andar), B (em pé) e D (correr),
apesar de em cada um dos momentos os valores apresentarem grandes diferenças
na mesma categoria. A categoria D (correr) destaca-se com o valor médio mais
elevado nos recreios sem música (s/Mu), passando quase para metade nos
recreios com música (c/Mu) (s/Mu=30; c/Mu=17.75). A categoria A (andar) também
apresenta valores médios distintos quando analisamos ambos os recreios
(s/Mu=27.25; c/Mu=16.10). Relativamente à categoria B (em pé), esta apresenta
valores médios mais elevados nos recreios com música, ao contrário das duas
categorias anteriormente referidas (s/Mu=18.35; c/Mu=27.80). Ainda em destaque
estão as categorias E (saltar) e I (parado). A primeira (saltar) apresenta valores
médios distintos em cada um dos momentos (s/Mu=1.65; c/Mu= 19.45) e a segunda
(parado) foi sempre uma ação/posição não utilizada em ambos os momentos
(s/Mu=0; c/Mu=0).
Pelos valores apresentados anteriormente podemos constatar que os
recreios com e sem música foram bastante dinâmicos tendo em conta que
estiveram pouco tempo na categoria parados. Segundo os resultados, parece-nos
que, nos recreios com música, os alunos estiveram mais ativos do que nos recreios
sem música. Apesar de poucos alunos terem recorrido as músicas nas suas
68
atividades, elas podem ter influenciado o ambiente, tornando-o menos monótono,
mais divertido, mais atrativo e motivador.
Se compararmos ambos os recreios com a Unidade Didática, podemos
verificar que os valores médios mais elevados apresentam-se nas mesmas
categorias à exceção das categorias D (correr) e E (saltar) que foram pouco
utilizadas ao longo da Unidade Didática. Isto pode estar relacionado com o fato
destas ações estarem relacionadas com pequenos jogos e atividades lúdicas
normalmente realizadas de forma autónoma pelos alunos.
Nas Tabelas 17, 18, 19 e 20 apresentamos os resultados da comparação
entre cada categoria do SOFIT adaptado em cada momento da Unidade Didática
(1ª metade e 2ª metade da UD) e nos dois tipos de recreios (com e sem música)
através do Wilcoxon Test.
Tabela 17 - Comparação das categorias do SOFIT adaptado na 1ª metade da Unidade Didática
Comparação entre as Categorias 1ª Metade da UD Wilcoxon Test
Categoria A (A)
Andar
Categoria B (P)
Em Pé
Categoria C (R)
Rodopiar
Categoria D (C)
Correr
Categoria E (S)
Saltar
Categoria F (D/L) Deitar/
Levantar
Categoria G (B/L)
Baixar/ Levantar
Categoria H (MA) Muito
Ativo
Categoria I (PP)
Parado
Categoria A (A) Andar
Categoria B (P) Em Pé
0,001*
Categoria C (R) Rodopiar
0,084 0,00*
Categoria D (C) Correr
0,005* 0,00* 0,012*
Categoria E (S) Saltar
0,078 0,00* 0,756 0,005*
Categoria F (D/L) Deitar/ Levantar
0,007 0,00* 0,033* 0,069 0,028*
Categoria G (B/L) Baixar/ Levantar
0,003* 0,00* 0,011* 0,727 0,023* 0,263
Categoria H (MA) Muito Ativo
0,019 0,00* 0,231 0,086 0,422 0,258 0,059
Categoria I (PP) Parado
0,068 0,002* 0,001* 0,00* 0,00* 0,00* 0,00* 0,00*
69
Tabela 18 - Comparação das categorias do SOFIT adaptado na 2ª metade da Unidade Didática
Tabela 19 - Comparação das categorias do SOFIT adaptado nos Recreios sem música
Comparação entre as Categorias Recreios sem
Música Wilcoxon Test
Categoria A (A)
Andar
Categoria B
(P) Em Pé
Categoria C
(R) Rodopiar
Categoria D
(C) Correr
Categoria E
(S) Saltar
Categoria F (D/L)
Deitar/ Levantar
Categoria G
(B/L) Baixar/
Levantar
Categoria H
(MA) Muito Ativo
Categoria I
(PP) Parado
Categoria A (A) Andar
Categoria B (P) Em Pé
0,180
Categoria C (R) Rodopiar
0,180 0,180
Categoria D (C) Correr
0,180 0,180 0,180
Categoria E (S) Saltar
0,180 0,180 0,317 0,180
Categoria F (D/L) Deitar/ Levantar
0,180 0,180 0,180 0,180 0,180
Categoria G (B/L) Baixar/ Levantar
0,180 0,180 0,655 0,180 0,655 0,180
Categoria H (MA) Muito Ativo
0,180 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180
Categoria I (PP) Parado
0,180 0,180 0,317 0,180 0,317 0,180 0,317 0,180
Comparação entre as Categorias 2ª Metade da UD Wilcoxon Test
Categoria A (A)
Andar
Categoria B (P)
Em Pé
Categoria C
(R) Rodopiar
Categoria D
(C) Correr
Categoria E
(S) Saltar
Categoria F
(D/L) Deitar/ Levantar
Categoria G
(B/L) Baixar/
Levantar
Categoria H
(MA) Muito Ativo
Categoria I
(PP) Parado
Categoria A (A) Andar
Categoria B (P) Em Pé
0,227
Categoria C (R) Rodopiar
0,00* 0,00*
Categoria D (C) Correr
0,00* 0,00* 0,005*
Categoria E (S) Saltar
0,00* 0,002* 0,00* 0,005*
Categoria F (D/L) Deitar/ Levantar
0,00* 0,00* 0,013* 0,407 0,001*
Categoria G (B/L) Baixar/ Levantar
0,00* 0,00* 0,00* 0,001* 0,187 0,00*
Categoria H (MA) Muito Ativo
0,001* 0,00* 0,074 0,158 0,277 0,157 0,943
Categoria I (PP) Parado
0,00* 0,001* 0,00* 0,00* 0,641 0,00* 0,121 0,127
70
Tabela 20 - Comparação das categorias do SOFIT adaptado nos Recreios com música Wilcoxon Test
Observando as Tabelas 17 e 18 referentes à 1ª e 2ª metade da Unidade
Didática, podemos constatar que a comparação entre as diferentes categorias
analisadas apresenta diferenças significativas nestes dois momentos da UD. É
interessante verificar que, tanto na categoria A (andar) como na categoria C
(rodopiar) houve um aumento significativo na utilização destas ações ao longo da
Unidade Didática (1ª e 2ª metade), facto que demonstra que os alunos estiveram
mais ativos à medida que a Unidade Didática foi-se desenrolando. De certa forma,
isto seria de esperar, pois, tal como referido anteriormente na metodologia, as
coreografias foram abordadas de forma progressiva no que diz respeito à
complexidade, ou seja, da mais simples para a mais complexa. Para além disto, é
natural que ao longo da Unidade Didática os alunos melhorem a sua noção corporal
reproduzindo movimentos de uma forma mais eficaz, logo com menos intervenções
(correções) do professor. Tal como nos diz Ávila-Carvalho & Lebre (2011), a noção
corporal tem o intuito de deixar que os alunos descubram quer a funcionalidade e
eficácia do seu corpo, como o sentido que podem reproduzir com a sua utilização.
Comparação entre as Categorias Recreios com
Música Wilcoxon Test
Categoria A
(A) Andar
Categoria B (P)
Em Pé
Categoria C
(R) Rodopiar
Categoria D
(C) Correr
Categoria E
(S) Saltar
Categoria F (D/L)
Deitar/ Levantar
Categoria G
(B/L) Baixar/
Levantar
Categoria H
(MA) Muito Ativo
Categoria I (PP)
Parado
Categoria A (A) Andar
Categoria B (P) Em Pé 0,180
Categoria C (R) Rodopiar 0,157 0,180
Categoria D (C) Correr 0,180 0,180 0,180
Categoria E (S) Saltar 0,180 0,180 0,157 0,655
Categoria F (D/L) Deitar/ Levantar 0,180 0,180 0,655 0,180 0,180
Categoria G (B/L) Baixar/ Levantar 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180
Categoria H (MA) Muito Ativo 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180 0,317 0,317
Categoria I (PP) Parado 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180 0,180
71
Outra explicação para estes resultados pode ser o fato de na 1ª metade da
Unidade Didática os alunos se encontrarem ainda num estágio inicial de
aprendizagem onde tentam executar determinado movimento, enquanto na 2ª
metade já se encontram num estágio elementar, com um maior controle e melhor
coordenação dos movimentos aprendidos anteriormente. Como refere Gallahue
(cit. por Londero, 2011,p.25), o estágio inicial representa a primeira meta orientada
da criança na tentativa de executar um padrão de movimento fundamental e o
estágio elementar, envolve maior controle e melhor coordenação rítmica dos
movimentos fundamentais.
Analisando agora as Tabelas 19 e 20 relativas aos recreios sem e com
música respetivamente, não encontramos diferenças significativas entre as
categorias analisadas. Pensamos que estes resultados demonstram que os alunos
conseguiram organizar-se sozinhos, sem a orientação do professor e que
realizaram durante os recreios um número equilibrado nas diferentes ações
motoras (categorias analisadas). De salientar que, durante estes dois momentos,
apenas alguns alunos, do sexo feminino, realizaram atividades usufruindo da
música, umas praticando as coreografias aprendidas na Unidade Didática, outras
improvisando. No que respeita ao sexo masculino, as atividades inclinaram-se
sempre, em ambos os momentos, para atividades de evidente influência cultural do
meio onde se inserem. Os rapazes brincaram “aos touros”, tradição típica da ilha
Terceira que é mais frequente nesta altura do ano, entre maio e outubro com as
touradas à corda, e nas festas das Sanjoaninas, onde fazem parte as corridas de
praça. A proximidade temporal destas atividades culturais pode ter influenciado na
escolha das atividades lúdicas destes alunos. Tal como refere Ferreira et al. (2010),
a Dança pode ser um significativo instrumento da ação pedagógica, no sentido de
estimular a concentração e a sociabilidade, no resgate de valores culturais e no
prazer da atividade lúdica para o desenvolvimento físico, mental e social. No caso
de crianças e adolescentes esta pode ser uma contribuição fundamental no seu
processo de formação e desenvolvimento, refere Costa (cit. por Ferreira et al.,
2010,p.2)
72
Na Tabela 21 estão representadas as diferenças entre os 4 momentos
analisados (1ª metade da UD vs. 2ª metade da UD vs. Recreios sem música vs.
Recreios com música) em todas as categorias do SOFIT adaptado.
Tabela 21 - Comparação das categorias do SOFIT adaptado entre os diferentes momentos em análise (1ª e 2ª metade da UD e Recreios com e sem música) (Kruskal-Wallis Test)
Kruskal-Wallis Test
Categoria A
(A) Andar
Categoria B
(P) Em Pé
Categoria C
(R) Rodopiar
Categoria D
(C) Correr
Categoria E (S)
Saltar
Categoria F
(D/L) Deitar/
Levantar
Categoria G
(B/L) Baixar/
Levantar
Categoria H
(MA) Muito Ativo
Categoria I
(PP) Parado
1ª Metade da UD
0,003* 0,050* 0,00* 0,007* 0,130 0,019* 0,002* 0,772 0,00* 2ª Metade da UD
Recreio sem Música
Recreio com Música
Na Tabela 22 apresentamos as diferenças entre cada 2 momentos
analisados nas categorias do SOFIT adaptado que apresentaram diferenças
significativas através do Kruskal-Wallis Test (tabela 21).
Tabela 22 - Comparação dos momentos nas categorias do SOFIT adaptado com significância Mann-Witney Test
Comparação dos Momentos Mann-Whitney Test
Categoria A (A)
Andar
Categoria B (P) Em Pé
Categoria C (R) Rodopiar
Categoria D (C) Correr
Categoria F (D/L)
Deitar/ Levantar
Categoria G (B/L)
Baixar/ Levantar
Categoria I (PP) Parado
1ª Metade da UD vs 2ª Metade da UD
0,001* 0,035* 0,00* 0,416 0,040* 0,00* 0,000*
1ª Metade da UD vs Recreios s/ Música
.125 0,044* 0,126 0,010* 0,022* 0,895 0,023*
1ª Metade da UD vs Recreios c/ Música
1,000 0,284 0,204 0,010* 0,848 0,059 0,023*
2ª Metade da UD vs Recreios s/ Música
0,949 0,185 0,506 0,020* 0,016* 0,130 0,022*
2ª Metade da UD vs Recreios c/ Música
0,050* 0,850 0,008* 0,020* 0,254 0,658 0,022*
Recreios s/ Música vs Recreios c/ Música
0,121 0,121 0,121 0,121 0,121 0,121 1,000
73
Podemos constatar que a maioria das categorias apresentou diferenças
significativas entre os diferentes momentos da UD e entre os recreios com e sem
música, à exceção das categorias E (saltar) e H (muito ativo).
Ao compararmos as categorias do SOFIT adaptado entre os diferentes
momentos em análise entre si, podemos encontrar mais diferenças significativas
quando comparamos a 1ª metade com a 2ª metade da UD de dança. Apenas a
categoria C (correr) não apresenta diferenças significativas (p=0.416) entre a 1ª
metade e a 2ª metade da UD, o que pode estar relacionado com a utilização
esporádica desta ação nas coreografias, já que é uma ação motora não especifica
na dança. No entanto, sempre que comparámos estes dois momentos (1ª e 2ª
metade da UD) com um dos recreios constatámos que a categoria C (correr)
apresenta diferenças significativas. Estes resultados podem ser explicados com o
tipo de brincadeiras e atividades utilizadas pelos alunos durante os recreios.
Sempre que deu início a cada um dos recreios, a atividade era realizada por todo
grupo, sendo escolhido, preferencialmente, o jogo da apanhada, onde a categoria
D (correr) é praticamente a única ação utilizada. Esta justificação serve também
para a inexistência de diferenças significativas quando comparámos ambos os
recreios, já que o grupo, na sua maioria, manteve as mesmas atividades, quer na
presença ou ausência de música.
No que concerne à 1ª metade da UD quando comparada com os recreios,
esta apresenta maior número de diferenças significativas nas categorias em análise
quando comparada com os recreios sem música (categorias B=0.035, D=0.010,
F=0.022 e I=0.023) do que com os recreios com música (categorias D=0.010 e
I=0.023). Este aspeto pode estar relacionado com o fato de alguns alunos, mesmo
que uma minoria, terem aproveitado a música para realizarem outras atividades,
atividades estas que se aproximam das que foram abordadas ao longo da Unidade
Didática de dança.
Analisando a 2ª metade da UD quando comparada com ambos os recreios,
podemos verificar que as diferenças encontradas são em maior número quando
comparadas com os recreios com música (categorias A=0.050, C=0.008, D=0.020
e I=0.022). Estes resultados podem estar relacionados com o fato das atividades
74
escolhidas pelos alunos nas suas atividades lúdicas serem distintas das atividades
abordadas nesta Unidade Didática.
Enquanto em ambos os recreios os alunos mantiveram as mesmas
atividades, na 2ª metade da UD foram abordadas coreografias mais complexas, no
que respeita ao número de ações utilizadas, bem como à duração da coreografia
(inicialmente as coregrafias tinham cerca de um minuto e a última cerca de quatro
minutos e meio). Ribeiro (cit. por Londero, 2011,p.19), destaca que o fator mais
significativo na aprendizagem da Dança é a disciplina. É natural que na 2ª metade
da Unidade Didática aspetos como perceção corporal, coordenação motora, noção
espacial, ritmo, entre outros, estejam mais desenvolvidos do que no início da
Unidade Didática (1ª metade). Londero (2011) afirma que é através da Dança que
a criança irá adquirir uma melhor perceção do seu corpo, bem como a melhoria da
atenção, equilíbrio, coordenação motora, flexibilidade, ritmo e consciência do
espaço.
Sempre que comparamos momentos onde se incluam recreios, a categoria
D (correr) apresenta sempre diferenças significativas. Isto leva-nos a pensar que
esta ação é a mais utilizada pelos alunos nas suas atividades lúdicas e onde
apresentam um melhor desempenho quando não têm a orientação do professor.
Segundo David (cit. por Londero, 2011,p.11), o desenvolvimento da coordenação
motora está relacionado com o desempenho da criança nas suas atividades diárias.
Para Sasaki & Ishizawa (2015), a primeira infância é um período crítico para
o desenvolvimento de habilidades fundamentais e a sua aquisição depende das
experiências de cada um e do nível de atividade física. O mesmo autor comparou
as diferenças entre dois grupos de crianças, um com maior (grupo 1) e outro com
menor (grupo 2) desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais. Os
resultados obtidos concluíram que, o maior reportório de movimentos, foi observado
nas crianças com maior desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais,
sendo o “andar” e o “correr” as mais comuns durante toda a atividade.
75
5.5. Conclusões
É notória uma grande diferença entre a primeira parte deste estudo (1º
metade e 2º metade da UD) e a segunda parte (recreios com e sem música). Um
aspeto que pensamos ser importante é o facto da primeira parte do estudo ser
orientada a tempo inteiro por um professor, enquanto na segunda os alunos
estarem completamente autónomos na realização das atividades.
Apesar de apenas algumas meninas reagirem quando reconheceram as
músicas trabalhadas ao longo da Unidade Didática, fazendo algumas das
coreografias, notou-se alguma insegurança pelo fato de não terem alguém a
orientá-las. A associação das ações com as diferentes partes da música foram
quase sempre bem conseguidas e até o ritmo e cadência dos movimentos
estiveram quase sempre dentro do que era exigido nas aulas de dança. Contudo
só conseguiram concluir a última coreografia abordada na Unidade Didática. É
natural que, tendo sido a última a ser abordada nas aulas, apesar de ter sido a mais
complexa, estivesse mais bem presente nas suas memórias.
Todas as coreografias, após concluídas em trabalho de sala de aula, foram
sempre apresentadas à comunidade escolar. Umas para a festa de Natal da escola,
outras a convite para espetáculos, e outras ainda com parcerias com outras turmas.
O fato de mostrarem o seu trabalho para além das aulas de EF fez com que o seu
empenho e motivação nas aulas fosse ainda maior. As turmas escolhidas para a
amostra têm um comportamento bastante satisfatório em sala de aula, aspeto
essencial para o sucesso da Unidade Didática. Na turma de 2º ano está inserido
um aluno do Ensino Especial, mais especificamente com Autismo, que conseguiu
acompanhar toda a Unidade Didática, por vezes, melhor do que alguns alunos
menos bem comportados.
Julgamos que, caso fosse frequente a abordagem de uma Unidade Didática
de Dança, logo desde o 1º Ciclo do Ensino Básico, haveria uma maior
disponibilidade dos alunos para estas áreas, principalmente do sexo masculino
onde a participação é normalmente menor. A escola pode criar condições para que
a Dança seja vista com outros olhos por todos, criando clubes, disponibilizando
76
recursos materiais, e criando eventos onde a Dança esteja presente e possa ser
realizada por toda a comunidade.
Os resultados deste estudo permitem-nos dizer que é possível uma maior
participação dos alunos no que respeita à Dança, se forem orientados por um
professor. A Dança não pode, nem deve, ser abordada de forma pontual, mas sim
continuadamente ao longo de todo o percurso escolar.
Seria interessante para futuras investigações na área da Dança, recorrermos
a uma amostra maior, quer em número de turmas onde se pudesse aplicar a UD
de dança, como ter acesso a mais recreios, por forma a ter resultados mais
consistentes a quando das diferentes comparações efetuadas.
5.6 Referências Bibliográficas
Ávila-Carvalho, L., & Lebre, E. (2011). Dança na Educação Física: Princípios
metodológicos. In E. Monteiro & M. J. Alves (Eds.), Livro de atas do Seminário
Internacional Descobrir a dança/ Descobrindo através da dança (pp. 307-319).
Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana.
Ferreira, S.A., Vllela, W.V., & Carvalho, R. (2010). Dança na Escola: Uma
contribuição para a promoção de saúde de crianças adolescentes. Investigação.
10. Suppl 2. São Paulo. Brasil. UNIFRAN. Publicações Académicas, disponível em
http://publicacoes.unifran.br
Londero, R.M.A. (2011). A Dança na Escola e a Coordenação Motora. Monografia
apresentada ao Programa Especial de Formação Pedagógica de Docentes na Área
da Licenciatura em Artes. Faculdade Integrada da Grande Fortaleza.
77
McKenzi, T. (2002). SOFIT: System for Observing Fitness Instruction Time.
Overview and Training Manual. Department of Exercise and Nutritional Sciences.
San Diego State University.
Sasaki, R. & Ishizawa, J. (2015). Behavioral differences in preschool children with
varying levels of movement ability during free in Malmö 2015.In Radmann, A.,
Hedenborg, S., Tsolakidis, E. (Ed.), Book of abstracts of the 20th Annual Congress
of the European College of Sport Science (pp. 65). Keio University.
79
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPETIVAS FUTURAS
O presente relatório marca mais uma etapa da minha vida profissional, mas
principalmente uma realização pessoal.
Apesar de já ter obtido o grau de Mestre, este em Treino Desportivo, onde
me ajudou na minha função de treinadora e até mesmo enquanto docente, sempre
tive vontade de me especializar a nível académico na área do ensino. A Dança foi
sempre uma área que, mesmo sem grande formação, me motivava. Foi sempre a
Unidade Didática que mais prazer me deu lecionar, e que de certa forma tenho
conseguido passar esse sentimento quer para as aulas quer ainda para os alunos.
Na escola onde exerço a minha Atividade Profissional, a maioria dos colegas
não lecionam esta matéria, uns por não se sentirem à vontade, por não terem
formação, outros ainda porque dão maior importância a outras matérias.
Sempre que terminava uma Unidade Didática tentava mostrar o trabalho
desenvolvido a outras turmas e a outros professores de EF, numa tentativa de os
motivar e mostrar-lhes que não é assim tão difícil, mas principalmente porque é
divertido para todos. Após algumas demonstrações, já eram os colegas que me
perguntavam se eu podia partilhar com os seus alunos para que eles pudessem
participar também.
Foi então que sugeri ao Departamento de EF que dedicássemos um dia à
Dança. Foi incluído o Dia da Dança no Plano Anual de Atividades e desde então é
a atividade com mais adesão por parte de alunos e professores. Ao longo destes
últimos três anos, a adesão tem vindo a crescer o que demonstra que esta atividade
é um sucesso.
Este ano letivo, e porque me encontro a lecionar também no 1º ciclo do
Ensino Básico, achei pertinente, após fazer este estudo, partilhá-lo também com
toda a comunidade escolar. As primeiras coreografias trabalhadas para este estudo
foram apresentadas na Festa de Natal, onde estiveram presentes pais,
encarregado de educação, professores, auxiliares da ação educativa e alunos, e
foram bastante elogiadas por todos. Por terem apreciado o nosso trabalho, as
80
turmas envolvidas foram convidadas a participarem na entrega de Prémios de
Mérito, evento deveras importante para a escola. Os alunos sentiram-se orgulhosos
e tiveram uma brilhante prestação.
Depois disto, sempre que havia um evento na escola, eramos solicitados
para mais apresentações. Para além de me sentir lisonjeada, os alunos começaram
a sentir que para além de se divertirem nas aulas, era mais divertido ainda poderem
partilhar tudo isto com outras pessoas.
No final do ano letivo, e após ter lecionado Dança com a minha turma de 6º
ano, fizemos uma apresentação com as três turmas no Pavilhão Desportivo da
EBIAH, para toda a comunidade escolar.
Por tudo isto, surgir então a ideia de reabrir o Clube Desportivo Escolar, que
a escola já tinha criado há uns anos, mas que se encontra neste momento
desativado. Isto vai permitir a criação de um clube de Dança na escola que irá
contar com a participação de alunos. Esta proposta fez parte de um Programa de
Atividades Curriculares em Prolongamento de Horário para alunos do 1º ciclo do
Ensino Básico, tendo sido já aprovado pelo Conselho Pedagógico e, por isso, para
arrancar já no próximo ano letivo.
Relativamente à turma do Ocupacional, fui abordando de forma muito suave
a Dança nas aulas, mais como forma de acompanhamento durante a realização
das tarefas do que como focus principal. Também foi experimentado nas aulas de
Natação Adaptada a música como elemento promotor de um ambiente de
qualidade da aula. Em ambas as situações notou-se alguma tranquilidade por parte
dos alunos, objetivo principal destas atividades. Alguns docentes do ensino
Especial, que acompanham estes alunos nestas atividades, acharam pertinente a
inclusão de uma atividade de dança no currículo destas turmas especiais, tal como
são a da Natação e as de Equitação adaptada. Neste momento está a ser tratado
pelos responsáveis, a possível implementação da Dança nestas turmas.
A sensação que fica de tudo isto é que este estudo não serviu apenas para
o melhorar a minha vida profissional, mas também conseguiu dinamizar a Dança
81
na escola e, melhor ainda, com perspetivas futuras de que a Dança irá permanecer
na escola de várias formas e para todos.
83
7. BIBLIOGRAFIA
Arce, C., & Dácio, G.M. (2007). A Dança Criativa e o Potencial Criativo: Dançando,
Criando e Desenvolvendo. Revista Eletrónica Aboré. Edição 03. Amazonas. Escola
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Ávila-Carvalho, L., & Lebre, E. (2011). Dança na Educação Física: Princípios
metodológicos. In E. Monteiro & M. J. Alves (Eds.), Livro de atas do Seminário
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do aprendizado escolar. São Paulo: Pioneira, 1983.
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and Dance, London, UK. Routledge, disponível em
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Performing Arts: Music, Dance, and Theater in the Early Years (pp. 30-35).
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Ferreira, S.A., Vllela, W.V., & Carvalho, R. (2010). Dança na Escola: Uma
contribuição para a promoção de saúde de crianças adolescentes. Investigação.
10. Suppl 2. São Paulo. Brasil. UNIFRAN. Publicações Académicas, disponível em
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Freire, I.M. (2001). Dança-Educação: O corpo e o movimento no espaço do
conhecimento. Cadernos Cedes, ano XXI, Nº 53, (pp 31-55).
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Londero, R.M.A. (2011). A Dança na Escola e a Coordenação Motora. Monografia
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84
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dance as curriculum of pe in Japan in Malmö 2015. In Radmann, A., Hedenborg, S.,
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Projeto Educativo da Escola Básica Integrada de Angra do Heroísmo – 2014/ 2015
(documento não publicado).
Regulamento Interno da Escola Básica Integrada de Angra do Heroísmo – 20014/
2015 (documento não publicado).
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Sobral, F. (1992). A Educação Física no 1º Ciclo do Ensino Básico – Região
Autónoma dos Açores. Dossier: A Educação Física no 1º ciclo. (pp.29-36). Boletim.
Número 5/6. Sociedade Portuguesa de Educação Física.
XX
ANEXO 1
Autorização dos encarregados de Educação para recolha de imagens
Eu, Sandra Mendes Machado, estudante na Universidade do Porto no Mestrado em
Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, venho por este meio
pedir autorização para filmar o vosso educando nas aulas de Educação Física (uso exclusivo
para o meio académico) no âmbito do estudo “A Dança na Escola”. Este estudo consta
em apresentar um conjunto de coreografias aos alunos durante um período máximo de três
meses, observando a sua evolução, e com o objetivo de dinamizar a Dança como forma
lúdica nos tempos livres dos alunos na escola.
Agradeço desde já a vossa compreensão e disponibilidade.
__________________________________________________________________
AUTORIZAÇÃO
Eu _______________________________________________________, (responsável)
autorizo a mestranda Sandra Mendes Machado (professora de Educação Física na EBIAH)
do Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário a filmar o(a)
aluno(a) __________________________________________________________ do 2°
ano turma 4 durante as aulas de Educação Física, assim como o uso posterior destes
materiais para a elaboração do trabalho académico (uso exclusivo para o meio académico).
Angra do Heroísmo, ____ de ______________________ de 2015.
Assinatura: ___________________________________________
XXI
ANEXO 2
SOFIT
Sistema para observação do tempo de instrução de aptidão
Manual de treinamento
Thomas L. McKenzie, Ph.D. Department of Exercise and Nutritional Sciences
San Diego State University
San Diego, CA, USA 92182
([email protected]) (619-594-4817)
Tradução e adaptação: Josieli Regina Brey
Ciro Romélio Rodriguez Añez
Grupo de Pesquisa em Atividade Física e Qualidade de Vida-PUCPR
(www.gpaq.com.br) (41
3271-2503)
XXII
SOFIT SOFIT é uma ferramenta objetiva para avaliar a qualidade da instrução da Educação
Física. É um sistema amplo que proporciona a medida dos níveis de atividade dos
estudantes, o contexto da aula e o comportamento do professor durante a aula. O SOFIT envolve a observação direta de aulas por observadores treinados e tem sido usado para avaliar a Educação Física em mais de mil escolas dos Estados Unidos. Isto inclui os projetos CATCH, M-SPAN e SPARK, três estudos de intervenção apoiados pelo instituto nacional de saúde. Também tem sido usado para estudar as experiências em Educação Física de mais de mil crianças no estudo longitudinal do NICHD. O foco principal do SOFIT é a codificação dos níveis de atividade física dos alunos, e os fatores ambientais (contexto da aula e comportamento do professor), que estão associados com as oportunidades dos alunos serem fisicamente ativos e se tornar fisicamente condicionados (aptos). Os códigos da atividade física do SOFIT têm sido validado mediante os monitores de
frequência cardíaca, acelerômetros CALTRAC e Tritrac. As categorias do contexto da aula
e comportamento do professor foram desenvolvidas a partir de definições usadas
comumente nas pesquisas de avaliação em Educação Física. Validade: Estudos laboratoriais. A monitoração da FC distingue claramente as categorias de
atividade física do SOFIT em crianças mais novas a entre alunos da 1 a 8ª série (R=0,80
a 0,91, p<0,01). Estudos de campo. Os dados SOFIT correlacionaram significantemente com a FC média
(r=0,61) e dados do monitoramento por acelerômetro Tritrac (r=0,61) em 56 estudantes
da 3ª à 5ª série durante as aulas de Educação Física. A FC na educação física e o recesso
combinado e os dados do SOFIT apresentaram uma significante correlação (variando de
r=0,79 a r=0,89) em 8 participantes com retardo mental. Fidedignidade: A fidedignidade para observações feitas por observadores independentes excede tipicamente 90% de concordância em todas as categorias do SOFIT, o que indica que as medidas podem ser usadas com precisão em diversos ambientes escolares. As correlações intra-classe em aulas de ensino médio (7ª a 9ª série) foram 0.97, 0.99 e 0.97 para as estimativas da taxa de gasto energético, gasto de energético total e proporção do tempo que os estudantes estavam engajados em AFMV (atividade física moderada para vigorosa), respetivamente. O método de registro de amostras momentâneas de tempo e duração apresentou uma correspondência de 97,4% para as AFMV das aulas. O estudo CATCH (usando 92 cobaias de observação casualmente selecionados em 4
estudos a mais de 8 anos) encontrou os seguintes escores de ICC: Minutos AFMV .99 % AFMV .98 Minutos AFV .99 % AFV .99 Taxa de gasto de energético da aula .98 Gasto de energia da aula .99 Contexto da aula (minutos) .98 a .99 para categorias separadas
Contexto da aula ( % ) .98 a .99 para categorias separadas
XXIII
O SOFIT possibilita que professores, supervisores e pesquisadores façam julgamentos
sobre as aulas de Educação Física, particularmente como estão se relacionando com os
objetivos do programa. Ao tomar decisões, é importante que os avaliadores considerem
que as variáveis SOFIT (e qualquer observação na Educação Física) são afetadas por
diversos fatores, incluindo aqueles na Tabela 1. Assim, para uma verdadeira visão da
conduta da Educação Física nas escolas é importante registrar amostras periodicamente. Tabela 1 – Fatores que influenciam os dados SOFIT.
Objetivos da instrução: • Atividade, habilidades, aptidão física, conhecimento, desenvolvimento
social e emocional.
Conteúdo da instrução: • Tipo de unidade (tipo de atividade, alta AFMV ou baixa) • A colocação desta atividade no contexto da aula.
Características da turma:
• Tamanho • Densidade
Condições do ambiente:
• Tamanho e localização do espaço de instrução • Disponibilidade de equipamentos • Tempo (quente, úmido, etc.)
XXIV
O sistema SOFIT – Descrição técnica O SOFIT é concebido como um sistema de decisão em 3 fases. Fase 1. Engajamento do aluno com a atividade física. A primeira fase requer que seja feita uma decisão a respeito dos níveis de atividade física individual do aluno. A decisão do envolvimento do aluno é feita observando um estudante pré-selecionado (aluno alvo) e determinando seu nível de atividade física (nível de engajamento). O nível de engajamento fornece uma estimativa da intensidade da atividade física dos alunos e usa os códigos de atividade do BEACHES. Os códigos 1 a 4 (deitado, sentado, em pé e caminhando) descrevem a posição do corpo do estudante e o código 5 (muito ativo) identifica quando o estudante possui um gasto energético maior que durante uma caminhada. Quanto maior o código maior a taxa de gasto energético dos alunos. Fase 2. Contexto da aula. A segunda fase da seqüência de decisão envolve codificar o contexto curricular da aula que está sendo observada. Para cada amostra observada (intervalo de 10 segundos) uma decisão é feita sobre o quanto o tempo da aula esta sendo destinado para conteúdos gerais e de gerenciamento (G) (como organização da aula) ou para assuntos atuais de Educação Física. Se um substantivo conteúdo de Educação Física estiver ocorrendo uma decisão adicional é necessária para determinar o quanto o foco da aula é de conhecimento teórico (codificado como conhecimento específico) (C) ou motor (atividade física). Se o contexto motor estiver acontecendo outra decisão é necessária para determinar se está no contexto aptidão física (A), desenvolvimento das habilidades (H), jogo (J) ou outro (O). Fase 3. Envolvimento do professor. A terceira fase da sequência de decisão determina o envolvimento do professor durante a aula. O comportamento do professor é classificado em 6 categorias. A primeira categoria, comportamental, promovendo aptidão física (P), é diretamente relacionada ao envolvimento do aluno em atividades de aptidão física e é codificada quando o professor induz ou promove aprendizados sobre o engajamento em atividades físicas. A segunda categoria, atividades demonstrativas (D), é identificada quando o professor demonstra como fazer uma atividade. As quatro categorias remanescentes, instruções gerais (I) e gerenciamento (G), observação (O) e outras tarefas (T), são indiretamente relacionadas às oportunidades de atividades dos estudantes, mas fornecem informações importantes sobre como o professor utiliza seu tempo de aula.
Resumo
Utilizando formulários específicos, os observadores treinados circulam um código para:
comportamento do aluno, contexto da aula e comportamento do professor no final de cada
intervalo de observação de 10 segundos. O sistema de decisão de três fases é resumido abaixo: Fase 1. Atividade do aluno
Qual é a natureza física do engajamento individual do aluno? Qual é o seu nível de atividade?
Opções:
(1). Deitado
(2). Sentado
(3). Em pé (4). Andando (5). Muito ativo
XXV
Fase 2. Contexto da aula Qual é o contexto da aula? Como está dividido (organizado) o tempo para a
turma como um todo? (pelo menos para 51% dos alunos). Opções:
• Conteúdo geral/gerenciamento (G) – transição, administração, intervalo. • Conteúdo de conhecimento – aptidão física (P), conhecimento específico
(regras/ estratégias, comportamento social, técnica, história) (C). • Conteúdo motor – aptidão física (A), prática de habilidades (H), jogo (J),
outros (O). Fase 3. Envolvimento do professor. O que o professor está fazendo?
(P) Promovendo a aptidão física (induz, encoraja, elogia, etc.) (D) Demonstra a aptidão (modelos) (I) Instruções gerais (gerenciamento) (M) Organização (O) Observa (T) Outras tarefas
Modelo de formulário de registros
Intervalo Atividade do aluno Contexto da aula Comportamento do
professor
1 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I M O T
2 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I M O T
METODOLOGIA SOFIT – ABREVIAÇÕES
Coleta de dados: gravador usando fitas previamente gravadas ou um computador
passando observações utilizando um padrão de 10 segundos – observação / 10
segundos – registro. Durante cada intervalo registrado, o observador treinado digita
um código para cada uma das três fases (atividade do aluno, contexto da aula e
comportamento do professor). Técnica de observação: A atividade do aluno e contexto da aula são codificados pelos
eventos que ocorrem ao final do intervalo de observação e o comportamento do
professor é baseado numa hierarquia de eventos que ocorrem durante o intervalo de
observação. Duração do intervalo: Há uma alternância de intervalos de observação e registro de 10
segundos cada. Utiliza-se um gravador com uma fita pré-gravada ou bips de
computador utilizando um padrão de 10 segundos para observação e 10 segundos para registro. Durante cada intervalo de registro o observador marca uma alternativa
para cada uma das 3 fases (Isto representa 3 observações da atividade dos alunos, do contexto da aula e do comportamento do professor por minuto ou 90 observações
a cada meia hora de aula). Seleção dos alunos: Selecione aleatoriamente 5 “estudantes alvo” para cada aula a ser
observada. Em classes co -educacionais, selecione uma distribuição equivalente de
meninos e meninas. Mude o foco entre 4 “alunos alvo” depois de observar cada um
deles por 4 minutos consecutivos. Comece o período de observação quando 51% da
classe tenha chegado no local da aula e continue até que a metade da classe tenha-
se afastado do local.
XXVI
Dados finais: Os dados devem ser resumidos por tempo (3 intervalos = um minuto) ou
percentual de intervalos ou tempo de aula. Comparações podem ser feitas entre
categorias diferentes, de classe com classe, ou padrões já estabelecidos.
XXVII
DEFINIÇÕES DO SOFIT E CONVENÇÃO DE CÓDIGOS
1. ATIVIDADE DO ALUNO
Marque o nível de atividade/posição corporal do “aluno alvo” de acordo com uma das
cinco categorias seguintes, utilizando amostragem momentânea do tempo (i.e. marque
um número para indicar o que aluno estava fazendo no momento do sinal):
1. Deitado
2. Sentado
3. Em pé (parado)
4. Andando
5. Muito ativo
Marque os níveis de 1-4, a não ser que o aluno esteja gastando mais energia do que e
exigida para uma caminhada normal.
Registre o valor de 5 (muito ativo), para qualquer atividade em que o aluno esteja
gastando mais energia do que a exigida para uma caminhada normal, não considerar
apenas a posição do corpo. Por exemplo, registre 5 (muito ativo: correndo, trotando,
saltitando, pulando em um pé só) se o aluno estiver lutando judo com seu colega (mesmo
que ele esteja deitado de costas no chão) ou pedalando um triciclo ou bicicleta
estacionária (apesar de sentado).
Quando o aluno esta transitando entre uma categoria e outra, digite o código da categoria
mais elevada. Por exemplo, registre 2 se, ao sinal, o aluno estiver parcialmente deitado e
parcialmente sentado, registre 3 (em pé) se o aluno estiver levantando,
independentemente se estivesse sentado ou deitado.
XXVIII
2. CONTEXTO DA AULA Marque (codifique) o contexto da aula de acordo com a maioria dos alunos (51%)
utilizando o comportamento do final do intervalo (circule G, C, A, H, J, ou O para indicar o
que a turma estava fazendo no momento do sinal) Conteúdo geral (G): Refere- se ao momento da aula quando os alunos não pretendem se
envolver com conteúdo de Educação Física (seja conhecimento ou movimento). O conteúdo geral inclui momentos de transição, organização e intervalos. “Transição” refere-se ao tempo utilizado para gerenciamento e organização das atividades; relacionadas a instruções para: escolha de times, mudança de equipamentos, mudança de espaço (ir de um local para o outro), explicação do professor para alguma mudança organizacional, e mudança de atividades em uma aula. “Organização” refere-se ao tempo utilizado para assuntos da aula que não estão relacionados à instrução de atividade, tais como chamada, ou coletar dinheiro para fotos da turma. “Intervalos” referem-se ao tempo utilizado para descanso e/ ou discussão de assuntos como tomar água falar sobre o jogo de ontem à noite, contar piadas, comemorar o aniversário de um dos alunos da classe ou discutir o resultado de uma eleição da turma.
Conteúdo de conhecimentos da EF (C): refere-se ao momento cujo foco principal é o
conhecimento relacionado a qualquer aspeto da Educação Física e não de outra atividade em si. Tanto conhecimento de aptidão física ou conhecimentos gerais podem ser marcados (codificados). Os conteúdos de conhecimento da EF geralmente são relacionados a conteúdos da aptidão física (conceitos da aptidão física, tais como endurance (resistência), força e flexibilidade) ou conhecimento geral quando as informações transmitidas relacionam-se a áreas da Educação Física diferente da aptidão física (história, técnica, estratégias, regras e comportamento social).
Conteúdo motor da EF: Refere-se ao momento cujo foco principal é o envolvimento motor
em uma atividade de Educação Física. As categorias codificadas incluem Aptidão
Física (A), prática de habilidades (H), jogo estruturado (J) ou outros jogo livre (J). Aptidão Física (A): Tempo destinado a atividade cujo propósito principal é alterar o estado
físico do indivíduo em termos de resistência cardiovascular, força ou flexibilidade. Isso
inclui dança aeróbica, calistenia, corrida a distância, treinamento com pesos, treino
de agilidade, teste de condicionamento, aquecimento e relaxamento. Inclui teste de
aptidão física. Atividades realizadas com mais de 3 em cada time são codificados
como jogos estruturados (G) e não condicionamento. Prática de habilidades (S): Tempo destinado à prática de habilidades com o objetivo
primordial de desenvolvimento de habilidades (e.g., treino de passes no vólei,
exploração de formas de movimento, prática de dribles no basquete, passos de
dança). Incluso também está o tempo destinado ao refinamento e extensão de
habilidades de conteúdo específico (por exemplo, quando realmente a habilidade requerida é utilizada) e quando há instrução frequente e feedback.
Jogo estruturado (G): Tempo destinado à aplicação das habilidades em um jogo ou
estrutura competitiva. Quando os participantes geralmente fazem sua performance
sem grandes intervenções do instrutor, como os jogos de vólei, pega-pega e
performance de danças populares. Jogo livre (O): refere-se ao tempo destinado ao jogo livre quando não pretende-se dar
instruções. Esse tempo assemelha-se ao recesso (intervalo) no qual os alunos
XXX
NOTA: Os tempos de transição que ocorrem naturalmente dentro de uma atividade são
codificados como parte da atividade ao invés de administração (G). Por exemplo, o tempo
necessário para sair de uma estação de condicionamento para outra é codificado (A) e a mudança de lado da quadra durante um jogo de vôlei é codificado (J). 3. COMPORTAMENTO DO PROFESSOR Circule a letra apropriada (PDIMOT) para indicar o que o professor fez durante o intervalo
de observação. Realize os registros de cada intervalo de acordo com a seguinte
classificação: Promoção de condicionamento (P): Promove o condicionamento pelo encorajamento de
realização de atividades. Por exemplo, (a) inicia ou aumenta o engajamento do aluno em uma atividade de aptidão ou aumenta a perceção do aluno com relação as suas
habilidades em realizar uma tarefa; e (b) elogiar ou reafirmar atividades de condicionamento (e.g. fazer um comentário ou gesto durante ou após o engajamento do
aluno em uma atividade de condicionamento que demonstrou claramente que irá manter ou aumentar tais respostas no futuro). Requer real engajamento em induzir e elogiar os
estudantes durante os testes de condicionamento. Demonstração de aptidão (D): demonstrar, dar exemplos de condicionamento (ex:
demonstrar como realizar uma tarefa de condicionamento ou participar com os alunos de
uma atividade de condicionamento). Instruções gerais (I): Leituras, descrições ou feedback aos estudantes relacionadas a todo
conteúdo de Educação Física (ex: topografia, desenvolvimento de habilidades, técnicas, estratégias, regras) exceto atividades de condicionamento físico. Tanto o feedback
positivo quanto o corretivo com intuito de desenvolver habilidades são classificadas como
instruções gerais. Esta categoria é codificada quando o professor demonstra habilidades
físicas ou quando ele explica sobre respostas fisiológicas sem promover o engajamento
com o condicionamento. Gerenciamento (G): organiza os estudantes ou o ambiente pelo encorajamento por
tarefas que não objetivos do assunto (ex: montar equipamentos, distribuir funções,
direcionar os alunos a fazer tarefas de organização). Observação (O): monitorar toda a turma, grupo ou indivíduo. Para ser registrado, o
professor deve observar durante todo o intervalo e não estar envolvido em nenhuma outra
categoria ou código. Outras tarefas (T): tratar de assuntos não relacionados ao seu/ sua responsabilidade
perante a turma. Por exemplo, ler jornal, virar de costas para a turma, deixar a sala para
falar com o pessoal da escola ou dar telefonemas. Para ser registrado, o professor deve
estar realizando “outra tarefa” (T) durante todo o intervalo. NOTAS: as categorias de comportamento do professor são listadas seguindo uma ordem
hierárquica. Registre apenas uma categoria para cada intervalo de observação de 10 segundos. Por exemplo, a categoria P (promoção de condicionamento) é registrada
(codificada) se ela acontecer a qualquer momento durante o intervalo, a categoria D é registrada se ocorrer durante o intervalo, a não ser que a categoria P também aconteça.
Aos interessados em obter uma medida de reforço negativo ou punição são orientados para registrar este comportamento sarcástico ou punitivo, traçando uma linha através do
P ao invés de circulá-lo.
XXXII
Instruções para os observadores SOFIT 1. Aquecimento
Chegue no local de instrução e esteja preparado par coletar os dados pelo menos
10 minutos antes de anunciar o início da aula. Aqueça pelo ensaio mental ou praticando
ativamente usando o sistema de códigos. 2. Preparação do material
Antes de a aula começar tenha certeza de que você tem lápis, prancheta, formulário para observação, tocador de fitas portátil, fone de ouvido, baterias novas e uma fita de áudio já gravada com o ritmo das observações. Use uma bolsa para guardar o gravador. É prudente ter um gravador e uma cópia da fita reserva disponíveis em caso de emergência. 3. Seleção dos “alunos alvo”
Selecione 5 alunos que sejam representativos da turma como possíveis alvos de observação. Assim que eles chegarem à estação de instrução, selecione os alunos 4, 8, 12, 16 e 20 em turmas com menos de 25 alunos, e selecione os números 5, 10, 15, 20 e 25 nas turmas com mais de 25 alunos. Reajuste os números de seleção para garantir que um número equivalente de meninos e meninas esteja representado. Marque uma característica de cada aluno no formulário de observação SOFIT para que ele/ ela possa ser localizado depois. Circule M ou F no formulário para identificar se o aluno é do sexo feminino ou masculino. Em sequência, observe os primeiros 4 alunos por um período de 4 minutos cada. Deixe o 5° aluno como uma reserva (estepe) no caso de 1 dos 4 primeiros deixar o ambiente de observação. 4. Procedimentos de observação
1. O aluno alvo é o foco principal desta observação, entretanto, se posicione de maneira que possa ver também o professor e o que a turma inteira esta fazendo. Seja o mais discreto possível e não interfira nas atividades da turma. Esteja preparado para se reposicionar frequentemente.
2. Ligue o gravador e comece a observar quando 51% dos alunos chegarem ao local de instrução (ginásio ou outro espaço ao ar livre designado). Registre o horário de início na primeira folha do formulário de observação.
3. Os dados devem ser representativos de todo o período de aula. Mesmo em caso de emergência (ex: não acha a turma), não comece a observação se a turma estiver em aula a mais de 5 minutos.
4. Observe atividade do aluno, contexto da aula e comportamento do professor pelo período de 10 segundos. Anote seus códigos circulando os símbolos apropriados durante um intervalo também de 10 segundos.
5. Codifique o aluno 1 por 4 minutos (12 observações). Então passe a codificar o aluno 2, o 3 e o 4 em sequência. Continue desta maneira, alternando o foco em um estudante alvo a cada 4 minutos, até a aula terminar.
6. Termine a observação quando 51% dos alunos saiu do local de orientação. Registre o horário do término na primeira folha do formulário de observação.
7. Rebobine ou vire a fita. 5. Resumo dos dados
1. Calcule e registre a duração da aula na primeira folha do formulário de
observação. 2. Tabule (some verticalmente) e registre o total de cada uma das 17 categorias
XXXIII
codificadas no final de cada página de observação. 3. Transfira a soma das folhas de observação para a folha resumo SOFIT. 4. Some os intervalos de cada página por categoria (horizontalmente) e registre
abaixo do TOTAL. 5. Complete o cabeçalho da folha de resumo SOFIT.
XXXIV
6. Arrume os formulários na seguinte ordem: 1) Folha de resumo SOFIT; 2)
Formulário de observação SOFIT (em ordem) e 3) outros materiais importantes
(necessários).
6. Verificação da Objetividade 1. 10 a 15 % das aulas de SOFIT em cada escola deverão ser observadas por 2
observadores independentes. 2. Quando estiver realizando a fidedignidade, use um gravador para os 2
observadores. Insira um cabo adaptador do tipo y, para colocar dois fones de ouvido (um para cada observador).
3. Um dos observadores será a “referência” (principal) e os dados dessa pessoa é
que devem ser analisados. O outro será designado como o Observador de fidedignidade
e ambos devem indicar isso no formulário SOFIT.
7. Calculando a Fidedignidade Calcule a percentagem de concordância para as 3 categorias considerando
intervalo por intervalo usando a fórmula padrão (n° concordância/ n° de intervalos de observação multiplicado por 100) utilizando os seguintes passos:
a) Compare os formulários de observação SOFIT por data, professor, página e intervalo.
b) No formulário de registro do observador fidedignidade, marque um quadrado vermelho para indicar qualquer discordância nas atividades dos alunos, contexto da aula ou comportamento do professor.
c) Totalize o número de discordância (quadrados vermelhos) para atividades dos alunos, contexto da aula e comportamento do professor e escreva o número em baixo da respetiva coluna.
d) Resuma as folhas e relacione toda a aula preenchendo uma tabela semelhante
a que se encontra abaixo:
n° Total n° discordância n° concordância % concordância
observação
Atividade do aluno Contexto da aula
Comp. do
professor
e) Calcule a fidedignidade (% de concordância durante toda a aula), utilizando a
fórmula abaixo: º
% â 100 º
f) Registre o resultado nos dados de fidedignidade do observador.
Regras suplementares do SOFIT.
1) Durante as aulas não separadas por gênero, selecione alunos do mesmo gênero.
2) Durante as aulas com mais de um professor registre o comportamento do
professor que é responsável pelas crianças alvos.
XXXV
PREENCHIMENTO DO FORMULÁRIO DE REGISTRO DO SOFIT
DATA Escreva os números para Dias (DD), mês (MM) e ano (AAAA) ESCOLA Escreva o nome da escola ou ID SÉRIE Escreva a série (classe média entrar para as classes de conjunto). PERÍODO Escreva o período do dia em que a aula ocorre ID DO PROFESSOR Nome do professor ou código GÊNERO DO PROFESSOR Assinale qual o gênero do professor HORÁRIOS DE INICIO Escreva o horário que começou a observação. OBSERVADOR Escreva o código de observador OBS FID Identifique quem é o observador referência (R) e quem é o observador
fidedignidade (F) Nº ♂ Número de Meninos que PARTICIPARAM da aula observada Nº ♀: Número de Meninos que PARTICIPARAM da aula observada LOCAL Assinale se o espaço de observação é aberto (A) nos casos em que não
houver cobertura ou fechado (F) nos casos em que houver. HORÁRIOS FINAL Escreva o horário que terminou a observação. DURAÇÃO DA AULA Calcule o tempo da aula subtraindo o horário final do horário
inicial Nº DE OBSERVAÇÕES Número de observações (intervalos) PAGINA Circule o número da página dos dados atuais e digite o número total
de páginas para toda a aula. INTERVALO Identifique a seqüência de registro. Identifique também se o aluno alvo é
do gênero masculino (M) ou feminino (F) ATIVIDADE DO ALUNO Identifique o nível de atividade física do aluno alvo no momento
em que escutar o sinal “Record” (registre): 1=Deitado; 2=Sentado; 3=Em pé; 4=Andando;
5=Muito ativo. CONTEXTO DA AULA Identifique o contexto da aula que estiver ocorrendo no momento
em que escutar o sinal “Record”: G=Gerenciamento; C=Conhecimento; A=Aptidão Física;
H=Habilidades; J=Jogos; O=Outros. COMPORTAMENTO DO PROFESSOR
durante todo o intervalo seguindo a
D=demonstrando; I=Instruções Gerais;
Tarefas.
XXXVI
Identifique o comportamento do professor
hierarquia dos códigos: P=promovendo;
G=gerenciando; O=Observando; T=Outras
XXXVII
FORMULÁRIO DE REGISTRO SOFIT
Data:____/____/_____ Escola:______________ Série:_____ Período: ( )M ( )T ( )N Gênero Prof. : M / F
Horário do Início:__________ Observador:________ Obs. Fid:_____ Nº ♂:_____ Nº ♀:_____ Local: A / F
Horário final:__________ Duração da aula:________ Nº de Observações:______ Pág 1 2 3 4 de ___
Intervalo Atividade do aluno Contexto da aula Comp. do professor Anotações 1 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
2 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
3 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
4 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
1 5 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
M / F 6 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
7 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
8 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
9 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
10 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
11 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T 12 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
13 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
14 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
15 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
16 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
2 17 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
M / F 18 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
19 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
20 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
21 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
22 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
23 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
24 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
25 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
26 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
27 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
28 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
3 29 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
M / F 30 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
31 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
32 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
33 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
34 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
35 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
36 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
37 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
38 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
39 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
40 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
4 41 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
M / F 42 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
43 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
44 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
45 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
46 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
47 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
48 1 2 3 4 5 G C A H J O P D I G O T
SOMA
Legenda: 1: Deitado G: Gerenciamento P: Promoção 2: Sentado C: Conhecimento específico D: Demonstração
3: Em pé A: Aptidão Física I: Instruções gerais
XXXVIII
4: Caminhando H: Prática de Habilidades G: Gerenciamento
5: Muito ativo J: Jogo O: Observação O: Outros T: Outras tarefas
XXXIX
FOLHA DE RESUMO SOFIT
Data:___/___/___ Escola:___________ Série:___ Professor:__________________
Observador:_______ Obs. Fid.:_________ Nº de alunos: _____
Duração da aula: ____________ min. Total de intervalos observados:__________
Comportamento do aluno
PÁGINA
1 2 3 4 TOTAL
1. deitado
2. sentado
3. em pé
4. andando
5. muito ativo
Contexto da aula
Gerenciamento (G)
Conhecimento específico (C)
Aptidão física (A)
Prática de habilidades (H)
Jogo (J)
Outros (O)
Comportamento do professor
Promoção de condicionamento (P)
Demonstração de aptidão (D)
Intruções gerais (I)
Gerenciamento (G)
Observação (O)
Outras tarefas (T)