O Ensino da Gramática©tica e Fonologia B.2. Morfologia B.3. Classes de Palavras B.4. Sintaxe B.5....

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Maria Regina Rocha O ensino da gramática: atividades para o 3.º Ciclo e o Ensino Secundário

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Maria Regina Rocha

O ensino da gramática: atividades para o 3.º Ciclo e o

Ensino Secundário

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Plano da Sessão

A competência do Conhecimento Explícito da Língua (CEL): – os resultados esperados no final do 3.º Ciclo; – os 8 planos e respetivos descritores de desempenho. O Funcionamento da Língua (FL) no Ensino Secundário. Reflexão conjunta: período destinado à apresentação de dúvidas e esclarecimento das mesmas.

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Entende-se por conhecimento explícito da língua a refletida capacidade para sistematizar unidades, regras e processos gramaticais do idioma, levando à identificação e à correção do erro; o conhecimento explícito da língua assenta na instrução formal e implica o desenvolvimento de processos metacognitivos.

Novos Programas de Português do Ensino Básico, pág. 16

Conhecimento Explícito da Língua

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4. Dicionário Terminológico

1. Descritores de desempenho 3. Notas

5. Plano

2. Conteúdos

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A. Língua, Comunidade Linguística, Variação e Mudança B. Linguística Descritiva B.1. Fonética e Fonologia B.2. Morfologia B.3. Classes de Palavras B.4. Sintaxe B.5. Lexicologia B.6. Semântica C. Análise do discurso, Retórica, Pragmática e Linguística textual D. Lexicografia E. Representação Gráfica

Dicionário Terminológico

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1. Plano da Língua, Variação e Mudança

2. Plano Fonológico

3. Plano Morfológico

4. Plano das Classes de Palavras

5. Plano Sintático

6. Plano Lexical e Semântico

7. Plano Discursivo e Textual

8. Plano da Representação Gráfica e Ortográfica

Programas de Português do Ensino Básico

Conhecimento Explícito da Língua

Planos

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1.º Qual o desempenho que importa que o aluno domine (qual

o descritor de desempenho).

2.º Observação de frases ou de textos em que ocorra a rubrica a

aprender, de modo a que o aluno se aperceba das regularidades

que lhe permitam formular a regra ou compreendê-la.

3.º Informação ou regra, deduzida pelo aluno ou referida pelo

professor.

4.º Aplicação do aprendido e exercitação.

O ensino da Gramática

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1. Plano da Língua, Variação e Mudança

3.º Ciclo

Reconhecer especificidades fonológicas, lexicais e sintáticas nas variantes do

Português não europeu.

Descritor de desempenho

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Texto

Nasci no dia 12 de outubro, aniversário do Gerson, que estava fazendo oito anos. Meu irmão tinha pedido de presente uma surpresa, e surpresa ele teve: nasci em casa, como acontecia naquela época, e minha mãe mandou botar o bebê na cama do Gerson, como presente de aniversário. Quando ele acordou e deu comigo a seu lado, ficou na maior alegria. Foi um custo para se convencer de que eu não era um brinquedo dele, que pudesse ficar carregando pela casa de cá para lá o tempo todo. Daí o carinho com que ele me tratou a vida toda. Embora o Toninho, que era só dois anos mais velho, sempre tenha sido também muito meu amigo, e fosse o meu companheiro de quarto, o Gerson, pelo fato de já ser para mim um homem com seus dezesseis anos, me despertava uma grande fascinação; eu queria ser como ele quando crescesse. Fernando Sabino, O Menino no Espelho, cap. VIII, Editora Record

1. Observação

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Especificidades do Português no Brasil 1. Fonologia

- Vocalização do l final Portugal: legal, leal, mal Brasil: /legaw/, /leaw/, /maw/

- Palatalização de /di/ e /ti/ Os sons d e t antes de /i/ são pronunciados /dʒ/ e /t∫/: presidente

- Uso do acento circunflexo em vez do agudo Portugal: cómodo, fenómeno, tónico, génio, bebé Brasil: cômodo, fenômeno, tônico, gênio, bebê

- Sonoridade das vogais

2. Informação, regra

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Especificidades do Português no Brasil 2. Léxico e Semântica Exemplos: virar = transformar-se em aquarela = aguarela banheiro = casa de banho câncer = cancro gol = golo ônibus = autocarro

3. Morfologia e Sintaxe - Ausência de artigo definido antes do possessivo - Colocação dos pronomes em frases afirmativas - Emprego do gerúndio - Emprego do pronome pessoal você

2. Informação, regra

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1. Lê o texto que se segue, um excerto do capítulo VIII da obra O Menino no Espelho.

Texto Estou contando tudo isto para chegar a um episódio de minha infância que devo ao Gerson (…). Ainda garotinho eu ia vê-lo jogar no América, que era o time de nossa devoção — primeiro nos juvenis, depois no time titular, do qual era reserva, apesar de sua pouca idade. Até então, o futebol vinha constituindo para mim uma série de sucessivos fracassos. (…) Era comigo? Eu caía das nuvens, procurando ir na bola, mas nem mesmo sabia onde ela estava: quando a descobria, o zagueiro adversário já se havia antecipado, afastando o perigo, enquanto os companheiros reclamavam, pedindo minha substituição.

3. Aplicação, exercitação

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O resultado é que eu era um peso morto nas raras peladas que me deixavam disputar, tanto na escola como no campinho daquele lote vazio perto de casa. Um dia experimentei jogar de goleiro, e o resultado foi ainda mais desastrado: engoli cinco gols, sendo três contra, feitos por mim mesmo… (…) Logo ao início do segundo tempo, o juiz apitou contra o América um pênalti que nossa torcida reclamava, revoltada, jamais ter existido.

2. Sublinha as palavras ou expressões reveladoras de que este texto é de um autor brasileiro.

3. Tipifica as palavras e expressões que sublinhaste. a) Aspetos fonológicos. b) Aspetos lexicais. c) Aspetos morfossintáticos.

3. Aplicação, exercitação

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2. Plano Fonológico

3.º Ciclo Sistematizar propriedades da sílaba

gramatical e da sílaba métrica: segmentar versos por sílaba métrica.

Descritor de desempenho

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Observa os seguintes versos do início do poema «Balada do Rei das Sereias», de Manuel Bandeira:

1. Observação

O rei atirou Seu anel ao mar E disse às sereias: – Ide-o lá buscar, Que, se o não trouxerdes, Virareis espuma Das ondas do mar!

Foram as sereias, Não tardou, voltaram Com o perdido anel. Maldito o capricho

De rei tão cruel!

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1. Observação

Se segmentarmos as palavras pelas sílabas gramaticais, verificamos que os versos 1, 2 e 7 têm cinco sílabas gramaticais: O | rei | a | ti | rou Seu | a | nel | ao | mar Das | on | das | do | mar Mas os versos 4 e 6 têm 6 sílabas: I | de - | o | lá | bus | car Vi | ra | reis | es | pu |ma E os versos 3 e 5, esses, até têm 7 sílabas: E | di | sse | às | se | rei | as, Que,| se | o | não | trou | xer | des No entanto, cada verso, ao ser dito ou cantado, parece ter o mesmo tamanho. Como é que tal acontece?

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2. Informação, regra

Existem as chamadas sílabas métricas, que não correspondem exatamente às sílabas gramaticais escritas, mas àquelas que pronunciamos.

Efetivamente, a melodia do verso exige que as palavras venham ligadas umas às outras mais estreitamente.

Assim, há sílabas que se unem ou não se contam quando se lê ou se canta um poema.

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2. Informação, regra

Algumas Regras:

1.ª As sílabas métricas só se contam até à última sílaba tónica. Assim, se o verso terminar numa palavra aguda, as sílabas contam-se até à última: O | rei | a | ti | rou

Mas, se o verso terminar numa palavra grave, contam-se só até à penúltima: Fo | ram | as | se | rei ||as

E, se o verso terminar numa palavra esdrúxula, não se contam as duas últimas, como acontece nestes versos de 12 sílabas métricas do poema «Construção», de Chico Buarque de Holanda, compositor e intérprete brasileiro: Er |gueu | no | pa | ta | mar | qua | tro | pa | re | des | só || li das

Ti | jo | lo | com | ti | jo | lo | num | de | se |nho | má ||gi co

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2. Informação, regra

Algumas Regras:

2.ª Quando uma palavra termina numa vogal átona e a palavra seguinte começa por vogal, as duas vogais contraem- -se, formando só uma sílaba métrica: E | di | sse às | se | rei || as Que,| se o | não | trou | xer ||des

3.ª A preposição com pode ligar-se à palavra seguinte se esta começar por vogal, pois a consoante m na palavra com apenas serve para nasalar a vogal o:

Com o | per | di | do a | nel Conclusão: Podemos, assim, verificar que cada verso do poema «Balada do Rei das Sereias», de Manuel Bandeira, tem 5 sílabas métricas.

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3. Aplicação, exercitação

Faz, agora, a divisão em sílabas métricas de duas outras estrofes do mesmo poema de Manuel Bandeira.

O rei atirou Grãos de arroz ao mar E disse às sereias: – Ide-os lá buscar, Que, se os não trouxerdes, Virareis espuma Das ondas do mar!

Foram as sereias, Não tardou, voltaram. Não faltava um grão.

Maldito o capricho Do mau coração!

1. Começa por assinalar os versos agudos. 2. Assinala os versos graves. Lembra-te de que nestes versos não se conta a última sílaba. 3. Faz a ligação de algumas palavras e a segmentação das sílabas de todos os versos. 4. Verifica se cada verso tem 5 sílabas métricas.

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3. Plano Morfológico

3.º Ciclo Sistematizar padrões de formação de

palavras complexas: por composição de duas ou mais formas

de base.

Descritor de desempenho

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1. Observação

Existem dois grandes processos morfológicos de formação de palavras: a derivação e a composição. Já os conheces a ambos:

Derivação – formação de uma nova palavra a partir de uma palavra. Exemplo: sapateiro (sapato + sufixo -eiro)

Composição – formação de uma nova palavra a partir de duas palavras. Exemplo: guarda-chuva (guarda + chuva)

Vais agora aprofundar os teus conhecimentos sobre a composição. Observa as seguintes palavras:

couve-flor = couve + flor (palavra + palavra) picapau = pica + pau (palavra + palavra) pirotecnia = piro + tecnia (radical + radical) agridoce = agri + doce (radical + palavra)

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2. Informação, regra

Verificas que há palavras compostas formadas a partir de duas palavras, com hífen ou sem ele (couve-flor, picapau), mas que também há palavras compostas formadas a partir de um radical e uma palavra (agridoce) e, mesmo, de dois radicais (pirotecnia).

Tal situação faz com que a sua classificação seja diferente: 1. Composição morfossintática As palavras compostas são formadas de duas palavras. Exemplos: navio-escola, guarda-fatos, passatempo.

2. Composição morfológica Na composição da nova palavra, pelo menos um dos elementos é um radical. Exemplos: cronómetro, herbicida, político-cultural.

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3. Aplicação, exercitação

1. Classifica as seguintes palavras compostas quanto ao tipo de composição. a) arco-íris f) microscópio b) beija-flor g) paraquedas c) cardiopatia h) pisca-pisca d) eletroencefalograma i) qualquer e) fonoteca j) vaivém

2. Consulta um dicionário de rimas e escolhe três palavras forma-das com o radical grama. São palavras de composição __________.

3. Forma três palavras de composição morfossintática a partir da palavra rosa.

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4. Nova observação

As palavras compostas de duas palavras (composição morfossintática) não fazem todas o plural da mesma maneira.

1.Observa:

a) a couve-flor – as couves-flores (ambos os elementos flexionam) o amor-perfeito – os amores-perfeitos (ambos flexionam)

b) o guarda-chuva – os guarda-chuvas (o 1.º elemento não flexiona)

c) o corta-unhas – os corta-unhas (nenhum elemento flexiona) o pisa-papéis – os pisa-papéis (nenhum elemento flexiona)

2. Observa os elementos que formam as palavras da alínea a): no primeiro caso são dois substantivos; no segundo caso são um substantivo e um ____________). 3. Observa melhor as palavras das alíneas b) e c) e descobre, em cada uma delas, a que classe de palavra pertence o 1.º elemento.

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5. Nova informação, regra

Aprendamos, então, que as palavras formadas por composição morfossintática flexionam da seguinte forma:

1. Nas palavras formadas por um substantivo e um adjetivo, flexionam ambos os elementos. Exemplo: os amores-perfeitos

2. Nas palavras formadas por dois substantivos que contribuam com o mesmo valor para a formação do significado da palavra, flexionam ambos os elementos. Exemplo: as couves-flores

3. Nas palavras em que o primeiro termo é uma forma verbal, esse elemento não flexiona. Exemplos: os guarda-chuvas, os vaivéns

4. As palavras constituídas por uma forma verbal e uma palavra no plural não flexionam. Exemplos: os para-brisas, os porta-moedas

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5. Nova informação, regra

Mais informação: 5. Nas palavras em que o primeiro elemento de formação é uma palavra invariável, esse termo não flexiona. Exemplo: o abaixo-assinado – os abaixo-assinados 6. Nas palavras formadas por dois substantivos em que o segundo especifica o primeiro ou refere uma função ou um tipo, só flexiona o primeiro termo. Exemplos: o navio-escola – os navios-escola o carro-bomba – os carros-bomba

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6. Aplicação, exercitação

1. Forma o plural das seguintes palavras compostas:

a) o guarda-chuva f) a bomba-relógio b) o abre-latas g) o saca-rolhas c) o lava-loiças h) o vaivém d) o homem-rã i) o meio-irmão

e) a segunda-feira j) o surdo-mudo 2. Forma uma palavra composta a partir de cada uma das

seguintes palavras e passa-a para o plural: a) fato b) mal c) bem d) gotas

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4. Plano das Classes de Palavras

3.º Ciclo Caracterizar propriedades de seleção de

verbos transitivos.

Descritor de desempenho

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1. Observação

Observa as seguintes formas verbais e respetivos complementos: 1. a) Ele compreende o texto. = Ele compreende-o. b) Ela lê a mensagem. = Ela lê-a. 2. a) Ela telefona à irmã. = Ela telefona-lhe. b) Eles obedeceram ao pai. = Eles obedeceram-lhe. 3. a) Ela precisa de uma palavra de incentivo. = Ela precisa disso. b) Ele abdicou dos seus direitos. = Ele abdicou disso. Os complementos exigidos por estes verbos são diferentes: 1. No primeiro caso, o complemento não é introduzido por preposição e é substituível pelo pronome _______________.

2. No segundo caso, o complemento é introduzido pela preposição __________ e é substituível pelo pronome ____________.

3. No terceiro caso, o complemento é introduzido pela preposição __________ e é substituível pelo pronome ____________.

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2. Informação, regra

Concluímos que há vários tipos de verbos, consoante o complemento que selecionam:

1. Os verbos transitivos diretos são os que pedem complemento direto. Este complemento não é introduzido por preposição e é substituível pelo pronome pessoal o, a, os, as. Exemplos: Ele acabou o trabalho. = Ele acabou-o. Ela adora o irmão. = Ela adora-o.

2. Os verbos transitivos indiretos são os que pedem complemento introduzido por uma preposição. a) Se esse complemento for introduzido pela preposição a e substituível por lhe, lhes, trata-se de um complemento indireto. Ex.: Ele respondeu à professora. = Ele respondeu-lhe. b) Se esse complemento for introduzido por uma qualquer pre-posição e substituível por isso, trata-se de um complemento oblíquo. Ex.: Ela esqueceu-se de desligar o fogão. = Ela esqueceu-se disso.

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3. Aplicação, exercitação

1. Em cada frase, sublinha o complemento do verbo. a) Ela comprou um apartamento. b) Ela desobedeceu à mãe. c) Ele conquistou a sua amada. d) Ela apercebeu-se do problema. e) Ele respeitou os sinais de trânsito. f) Ele precisa de dinheiro. g) Ela livrou-se do problema. h) Ele apoderou-se da herança. i) Ele telefonou aos pais.

2. Transforma as frases substituindo cada complemento pelo pronome correspondente (o, a, os, as; lhe, lhes; isso).

3. Classifica os verbos (transitivo direto ou transitivo indireto).

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5. Plano Sintático

3.º Ciclo Detetar diferentes configurações da função

sintática de sujeito.

Descritor de desempenho

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1. Observação

O Sujeito

1. Observa as seguintes frases: a) Quem tudo quer tudo perde. b) Quem semeia ventos colhe tempestades.

Cada uma destas frases é constituída por duas orações: a) quem tudo quer / tudo perde b) quem semeia ventos / colhe tempestades Se quisermos saber qual é o sujeito da segunda oração, podemos perguntar: a) quem é que perde tudo? b) quem é que colhe tempestades? E a resposta é a primeira oração: a) quem tudo quer b) quem semeia ventos

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2. Informação, regra

O sujeito frásico Conclusão: a oração relativa começada por quem pode desempenhar a função sintática de sujeito de outra oração. Quando o sujeito de uma oração é outra oração, chama-se sujeito frásico. Exemplos:

1. Quem anda devagar pouco alcança. – A oração sublinhada é sujeito de «pouco alcança».

2. Quem canta seus males espanta. – A oração sublinhada é sujeito de «seus males espanta».

3. Quem abraçar este projeto não se vai arrepender. – A oração sublinhada é sujeito de «não se vai arrepender».

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3. Aplicação, exercitação

1. Nas frases que se seguem, divide as orações e sublinha o sujeito da segunda:

a) Quem desdenha quer comprar. b) Quem corre por gosto não cansa. c) Quem deixa caminhos por atalhos nunca se livra de trabalhos. d) Quem tiver estudado não se atrapalhará no exame. 2. Em relação a cada frase, cria uma oração relativa que possa servir de sujeito à apresentada:

a) ______________________________ sempre alcança. b) ______________________________ perdeu o lugar. c) ______________________________ não petisca. d) ______________________________ caça com gato. e) ______________________________ tarde ou nunca se endireita.

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4. Nova observação

O sujeito frásico Já vimos que o sujeito pode ser constituído por uma oração relativa. Vamos agora estudar sujeitos formados por orações completivas. Observa as seguintes frases: É pouco provável que ele tenha chegado hoje. = A chegada dele é pouco provável. = Isso é pouco provável. = Que ele tenha chegado hoje é pouco provável. Como se pode ver, a oração completiva «que ele tenha chegado hoje» pode ser substituída por «a chegada dele» ou «isso», sendo, pois, o sujeito de «é pouco provável».

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5. Nova informação, regra

O sujeito frásico Conclusão: a oração completiva começada pela conjunção que pode desempenhar a função sintática de sujeito de outra oração. Exemplos: 1. É difícil que o meu clube vença o jogo. = A vitória do meu clube é difícil. = Isso é difícil.

A oração «que o meu clube vença o jogo» é o sujeito de «é difícil». 2. É impossível que ele entregue o trabalho dentro do prazo. = A entrega do trabalho dentro do prazo é impossível. = Isso é impossível. A oração «que ele entregue o trabalho dentro do prazo» é o sujeito de «é impossível».

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6. Aplicação, exercitação

1. Divide as orações nas frases que se seguem e sublinha o sujeito da primeira:

a) É verdade que ela teve 20 valores a Português e a Matemática. b) É triste que ela não se dê conta do amor dele. c) Entristece-me que ela não se dê conta do amor dele. 2. Em relação a cada frase, cria uma oração completiva que possa servir de sujeito à oração apresentada:

a) É totalmente falso ____________________________________. b) É muito importante ___________________________________. c) É bem feito ___________________________________________! d) Espanta-me __________________________________________.

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6. Plano Lexical e Semântico

3.º Ciclo Sistematizar relações semânticas de

semelhança e oposição, hierárquicas e de parte-todo.

Descritor de desempenho

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1. Observação

1. Lê o texto que se segue.

Era domingo, dia de passeio de carro. Carro, automóvel, veículo, viatura: o que interessava é que não fôssemos a pé. Embora o dia estivesse convidativo e o mais pequenito dissesse que não queria ir no velho calhambeque… Enfim, lá entrámos no Fiat 600. Mas, quem diz que o carro arrancava? Depois de algumas tentativas e de ver o meu velhinho 600 apelidado de chocolateira e caranguejola, resignei-me a deixar o Fiat bem estacionadinho e a aceitar que o pequenito tinha razão: o melhor meio de transporte ainda são as nossas pernas…

2. O texto refere uma determinada marca de automóvel. Refere outros modelos dessa marca. 3. Qual é o termo de valor mais genérico: Fiat ou Fiat 600? 4. Sublinha todas as palavras do texto que dizem respeito a carro. Será que são todas verdadeiramente sinónimas?

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2. Informação, regra

Relações de hierarquia: a hiperonímia A hiperonímia é uma relação hierárquica de sentido entre duas palavras ou expressões, partindo do genérico (hiperónimo) para o específico (hipónimo). Exemplos: 1. O hiperónimo meio de transporte tem como hipónimos, por exemplo, as palavras carro, autocarro, comboio, metro, navio, avião. 2. O hiperónimo flor tem como hipónimos, por exemplo, rosa, cravo, jasmim, orquídea, amor-perfeito, antúrio. O hiperónimo pode substituir qualquer dos seus hipónimos. Identifica-se um hipónimo se se lhe puder aplicar a seguinte afirmação: «Um hipónimo é um hiperónimo.» Exemplo: «A rosa é uma flor.»

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3. Aplicação, exercitação

1. Refere um hiperónimo dos seguintes nomes: a) Nokia, Siemens, Motorola b) Honda, Mercedes, Fiat c) trigo, centeio, milho, cevada d) bacalhau, atum, sardinha 2. Refere dois hipónimos relativos a cada um dos termos seguintes: a) Animal b) Cidade c) Rio d) Tecido 3. Identifica, nesta sequência, o termo que é hiperónimo dos outros: casarão, habitação, moradia, apartamento, vivenda.

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4. Nova observação

Observa as seguintes frases: 1. A parede, a janela, a porta, o telhado são partes de uma casa.

2. O volante, o pedal do travão, o pedal da embraiagem, o travão de mão, o porta-luvas são partes de um carro.

3. As ruas, os passeios, os prédios são elementos que pertencem a uma localidade.

4. Um pomar pode ser composto de macieiras, pereiras, laranjeiras.

5. Numa horta, pode haver couves, alfaces, salsa, coentros, tomates, cebolinho… Como podes ver, em cada frase há uma palavra mais genérica, cujo conceito inclui os restantes elementos. Qual é ela?

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5. Nova informação, regra

Relação de inclusão: a holonímia A holonímia é uma relação semântica de inclusão entre um todo (holónimo) e as suas partes (merónimos). Exemplos: 1. As palavras cabeça, tronco e membros são merónimos de corpo humano (holónimo). 2. As palavras convés, mastro, proa, popa, âncora são merónimos de navio (holónimo). O holónimo não impõe as suas propriedades ao merónimo. Identifica-se um merónimo se se lhe puder aplicar a seguinte afirmação: «O merónimo pertence ao (ou faz parte do) holónimo.» Exemplo: «A folha faz parte do livro.»

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6. Aplicação, exercitação

1. Refere um holónimo dos seguintes conjuntos de nomes:

a) cama, guarda-fatos, cómoda b) carruagem, carris, estação c) bola, baliza, árbitro, onze, golo d) cutelo, carne, banca, faca

2. Refere dois merónimos relativos a cada um dos termos

seguintes:

a) Sala de aula b) Cidade c) Restaurante d) Supermercado e) Casamento

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7. Aplicação, exercitação

Faz a correspondência entre os elementos da primeira e os da segunda coluna, e refere o tipo de relação (hiperonímia ou holonímia).

Termos Conjuntos de palavras

A. Arte

B. Árvore

C. Canteiro

D. Cidade

E. Moeda

F. Escola

G. Estúdio

H. Floresta

I. Fruto

J. Livro

K. Profissão

1. Casas, ruas, prédios

2. Euro, franco, lira, libra

3. Maçã, laranja, tangerina, manga

4. Pincéis, telas, guaches

5. Pinheiros, arbustos, mato

6. Pinheiro, sobreiro, faia, eucalipto

7. Pintor, canalizador, eletricista

8. Pintura, Escultura, Música

9. Romance, novela, conto

10. Rosas, cravos, lírios

11. Salas de aula, biblioteca, laboratórios

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7. Plano Discursivo e Textual

3.º Ciclo Reconhecer propriedades configuradoras

da textualidade: coerência textual.

Descritor de desempenho

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1. Observação

Lê os dois parágrafos que se seguem, início do conto «A estrelinha do mar», de Isabel Maria Fonseca.

Era uma vez uma estrela-do-mar que vivia num grande oceano. Apesar de este ser lindo, cheio de corais e peixes, a estrelinha sentia-se triste, tão triste que, quando chorava, a maré enchia um pouco mais do que o habitual. E tudo porquê? Porque a estrelinha do mar queria ser uma estrela do céu. E todas as noites, de olhos postos no céu, suspirava ao ver aquele brilho reluzente dos pontinhos que faiscavam na noite escura.

No primeiro parágrafo, é referida a tristeza da estrela-do-mar. No segundo parágrafo, essa ideia é retomada? De que forma?

No conto, o que poderá acontecer em seguida?

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2. Informação, regra

Coerência textual 1. Um texto é coerente quando existe compatibilidade entre os conceitos, as ideias que o texto apresenta e o conhecimento que o leitor tem do mundo. 2. Um texto é coerente quando possui uma lógica interna: – ordenação lógica das situações; – adequadas relações temporais, de causa e efeito; – respeito pelo princípio da não contradição.

Então, para que este conto tenha coerência, o que é que é lógico que aconteça de seguida? Vamos ver…

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1. Observação, compreensão

Tanto suspirou, tanto se lamentou, que um dia a Fada das Ondas decidiu fazer-lhe a vontade e, num passe de mágica, transformou-a numa estrela do céu.

O que se seguirá? Para que haja coerência, como é que a estrelinha se vai sentir?

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1. Observação, compreensão

A estrelinha não cabia em si de contente. E, nessa mesma noite, foi a mais brilhante e luminosa. Não era mais do que um pontinho no céu, mas aquilo enchia-a de orgulho e alegria.

Mas a história não acaba aqui. O que poderá seguir-se, para a história se desenvolver coerentemente?

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1. Observação, compreensão

E assim foi durante algum tempo. Ao princípio sentia-se bem a ver as irmãzinhas cá em baixo a rir e a brincar, a esconderem-se dos peixes, a enfiarem-se na areia fina...

A história vai continuar… E temos aqui dois indícios de que, se calhar, algo vai mudar. Quais serão as expressões que mostram isso?

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1. Observação, compreensão

Mas depois começou a ver que ali onde estava não podia sair do sítio, não tinha com quem falar, não tinha com quem brincar: a próxima estrela ficava tão longe que quase não a conseguia ver... A estrelinha começou a sentir saudades das ondas do mar, do barulho das águas, das risadas dos peixes e dos caranguejos, das brincadeiras com as irmãs... O seu brilho começou a diminuir... até que se apagou. E a estrelinha agora chorava outra vez, só que ainda mais do que quando era estrela-do-mar. Ainda não chegámos ao fim da história. O que poderá acontecer que seja coerente com o que lemos até aqui?

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1. Observação, compreensão

E a Fada das Ondas, sempre atenta e generosa, tanto a viu triste, tanto a ouviu chorar, que voltou a ter pena dela.

O que fará a Fada das Ondas? O que poderá acontecer que seja coerente com toda a narrativa?

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1. Observação, compreensão

E a Fada das Ondas, sempre atenta e generosa, tanto a viu triste, tanto a ouviu chorar, que voltou a ter pena dela. Desfez o encanto e lançou-a outra vez nas águas do oceano imenso, onde todos os dias a podemos ver agora, feliz e contente, a brincar com as irmãzitas e com os seus amigos peixes.

FIM

A história só termina bem porque… Que informação continha o texto que nos permitiu calcular que haveria um final feliz?

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2. Informação, regra

Coerência textual Vamos lembrar que… 1. Um texto é coerente quando existe compatibilidade entre os conceitos, as ideias que o texto apresenta e o conhecimento que o leitor tem do mundo. 2. Um texto é coerente quando possui uma lógica interna: – ordenação lógica das situações; – adequadas relações temporais, de causa e efeito; – respeito pelo princípio da não contradição.

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3. Aplicação, exercitação

Lê, agora, o início do conto tradicional «As sementes do rei».

Conta-se que num país do norte da Europa o rei mandou chamar os

rapazes em idade de casar para uma audiência privada, onde lhes iria

comunicar algo muito importante.

Vieram muitos jovens e o rei disse-lhes:

– Vou dar a cada um de vós uma semente diferente e daqui a seis

meses quero que me tragam num vaso a planta que tiver nascido, e o

jovem que apresentar a planta mais bela casará com a minha filha e,

claro, será o meu sucessor no reino.

1. Que expressão da fala do rei (3.º parágrafo) está em coerência com a passagem «mandou chamar os rapazes em idade de casar» (1.º parágrafo)? 2. De tudo o que o rei disse (3.º parágrafo), o que é que corresponde mais diretamente à expressão «algo muito importante» (1.º parágrafo)?

Continua a leitura do conto, observando a coerência da sua construção…

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3. Aplicação, exercitação

Continua a leitura do conto e completa o quadro do diapositivo seguinte.

Assim fizeram: cada um dos rapazes comprou um belo vaso e

tratou de cumprir o pedido do rei.

Mas houve um jovem que semeou a semente e ela não havia

maneira de germinar. Entretanto os outros não paravam de falar nas

belas plantas que tinham nascido e que iam mostrar ao rei.

Passaram os seis meses e, no dia aprazado, lá foram os jovens ao

palácio do rei, cada qual com o seu vaso e a sua planta.

O jovem cuja semente não tinha dado flor estava muito triste e não

queria apresentar-se ao rei. Os pais, porém, aconselharam-no a ir pois

era um participante e o rei havia de ficar triste com a sua ausência.

Com a cabeça baixa e muito envergonhado, lá foi o rapaz à

presença do rei, com o vaso apenas cheio de terra.

Os outros já lá estavam, cada qual elogiando a sua formosa

planta. Ao ver entrar o jovem com o vaso vazio, pararam de conversar

e desataram a rir e a fazer troça dele.

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Considerando a leitura feita até ao momento, completa o quadro seguinte.

Antecedentes Lógica das situações; adequadas relações temporais, de causa e efeito

1. Daqui a seis meses… (3.º parágrafo)

2. Mas... (início 5.º parágrafo)

3.

4. Porém… (7.º parágrafo)

5.

1.

2.

3. O jovem estava muito triste. (7.º parágrafo)

4.

5. Desataram a rir e a fazer troça dele. (9.º parágrafo)

3. Aplicação, exercitação

A história ainda não acabou… Que nos reservarão os parágrafos finais?

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3. Aplicação, exercitação

Nesse momento o alvoroço foi interrompido pela chegada do rei.

Todos fizeram a respetiva vénia à medida que o rei passava entre os

vasos, apreciando as plantas.

Finda a inspeção, o rei mandou entrar a filha e chamou para

junto dela o jovem que não tinha trazido nenhuma planta.

A atitude do rei parece lógica? Porquê? Qual vai ser a reação das pessoas que estão na sala, nomeadamente a dos jovens candidatos à mão da princesa?

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3. Aplicação, exercitação

Finda a inspeção, o rei mandou entrar a filha e chamou para junto dela o jovem que não tinha trazido nenhuma planta. Muito admirados, todos esperavam a explicação do rei para a escolha que tinha feito. Então o rei disse: – É este o jovem que vai casar com a minha filha e será ele o herdeiro ao trono, pois a todos eu dei uma semente infértil e todos trataram de me enganar plantando outras plantas. Este jovem, porém, teve a coragem de trazer o vaso vazio, mostrando ser humilde e leal, pondo acima de tudo a verdade, e essas são as qualidades que um futuro rei deve ter, e que a minha filha merece.

FIM

Este final está em coerência com toda a narrativa? Porquê?

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8. Plano da Representação Gráfica e Ortográfica

3.º Ciclo

Sistematizar as regras de uso de sinais de pontuação para delimitar constituintes de

frase.

Descritor de desempenho

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1. Observação

O uso da vírgula Já conheces bem uma das mais frequentes utilizações da vírgula. Lê os conjuntos de frases que se seguem.

1. a) Ele comprou um baú. b) Ela gosta de ler. c) A Maria entregou o trabalho a tempo.

2. a) Ele comprou um baú, uma mesa, dois espelhos e um cofre. b) Ela gosta de ler, de ouvir música, de sair com os amigos… c) A Maria, a Marta, o Pedro e o Vasco entregaram o trabalho. Já aprendeste porque é que no segundo conjunto se utilizam vírgulas. As vírgulas são precisas para _______________________.

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1. Observação

Vais agora sistematizar mais algumas regras de utilização da vírgula. Observa, então, dois outros conjuntos de frases. 1. a) Ele abre sempre as persianas antes de sair de casa. b) Eles puseram-se a caminho de manhã bem cedo. c) Eles puseram-se a caminho mal nasceu o Sol. d) Ele entrou na sala quando ela estava a cantar. 2. a) Antes de sair de casa, ele abre as persianas. b) De manhã bem cedo, puseram-se eles a caminho. c) Mal nasceu o Sol, eles puseram-se a caminho. d) Quando ela estava a cantar, ele entrou na sala. Porque é que se utilizam vírgulas nas frases do segundo conjunto?

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2. Informação, regra

Algumas Regras:

1.ª A vírgula é necessária nas enumerações. Exemplo: Por toda a parte se vendiam joias, perfumes, armas trabalhadas, tapetes preciosos, veludos, sedas. 2.ª A vírgula é necessária para delimitar uma expressão ou uma oração adverbial que se coloca no início da frase. Exemplos: Na vasta Praça de São Marcos, em frente da enorme Catedral, o Cavaleiro mal podia acreditar naquilo que os seus olhos viam. Lá fora, sob a luz azul da lua, Veneza parecia suspensa no ar. Quando calculou que o pai e a mãe dormiam, abriu a janela devagar. Assim que se viu na rua, desatou a correr.

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3. Aplicação, exercitação

Transforma as frases que se seguem, deslocando para o início da frase os sintagmas que o permitam e utilizando a pontuação adequada. a) O polícia apitou antes de mandar o automobilista parar. b) O condutor parou mal o polícia fez sinal. c) Ele já estava a abrir a porta quando bateram. d) Os marinheiros assistiam à missa antes de partirem. e) Ele telefonou para a escola depois de se ter ido embora.

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4. Sequência no ensino do uso da vírgula

Algumas Regras: Usa-se a vírgula… 1. Nas enumerações. 2. A separar orações coordenadas. 3. Depois de orações adverbiais ou grupos adverbiais deslocados para o início da frase. 4. Antes de conjunções, locuções e advérbios de natureza adversativa, explicativa e conclusiva: mas, porém, todavia, contudo, logo, no entanto, por isso, portanto… 5. Antes da conjunção «e» com valor adversativo ou que introduz oração de sujeito diferente do da anterior. 6. A isolar o vocativo. 7. A isolar o modificador apositivo do nome (sintagma ou oração). 8. A isolar o modificador colocado entre o verbo e o seu complemento. 9. A isolar orações encaixadas. 10. A indicar a elipse de um verbo.

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Critérios de avaliação 1. Identificar marcas linguísticas de distintos usos da língua mediante a observação direta e a comparação de diversas produções. 2. Refletir sobre as regras de funcionamento da língua, identificando os elementos formais básicos nos planos fonológico, morfológico, lexical, semântico e pragmático. 3. Utilizar conscientemente os conhecimentos adquiridos sobre o sistema linguístico para uma melhor compreensão dos textos e para a revisão e aperfeiçoamento das suas produções. Programa de Português – 10.º 11.º e 12.º, pág. 32

Ensino Secundário Funcionamento da Língua

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1. Semântica

Expressões nominais – valores

referenciais

Conteúdo

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Observe os seguintes conjuntos de frases e as expressões sublinhadas: 1. a) O pai do André levou os filhos ao Algarve. b) Os jogadores de futebol da Académica portaram-se bem. 2. a) Há homens que nunca viram o mar. b) Ele foi visitar uns amigos. Em qual dos conjuntos as expressões sublinhadas designam indivíduos perfeitamente identificados?

Expressões nominais 1. Observação

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Aprenda que as expressões nominais podem ser definidas ou indefinidas. 1. As expressões nominais definidas são as antecedidas de artigos definidos ou de demonstrativos e designam indivíduos singulares ou plurais, identificados. Exemplos: a) Estes rapazes trabalharam arduamente. b) Aquele deputado prepara-se para falar. 2. As expressões nominais indefinidas ou não têm qualquer determinante ou são antecedidas de artigos indefinidos e designam indivíduos singulares ou uma pluralidade de indivíduos não identificados. Exemplos: a) Uma andorinha fez ninho no beiral da escola. b) Havia portugueses a bordo do navio que naufragou.

Expressões nominais 2. Informação

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Classifique as expressões nominais sublinhadas de definidas ou indefinidas.

1. A equipa da Académica também tem o nome de «Briosa». 2. Os estudantes do Porto juntaram-se aos de Coimbra. 3. Estes jovens são os melhores alunos da escola. 4. Assaltantes mascarados aterrorizam utentes do metro. 5. Os jovens protestam sempre. 6. Os portugueses não sabem perder. 7. Chegou uma carta para ti. 8. Um homem não se comporta assim. 9. Estou a ver pintassilgos no quintal. 10. Tenho sempre medo de ir ao médico.

Expressões nominais 3. Aplicação, exercitação

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1. As expressões nominais definidas podem ter valor específico ou valor genérico.

1.1. Têm valor específico quando designam indivíduos únicos, identificados. Esse valor é conferido: a) pela especificidade da designação. Os jogadores de futebol da AAC vestem de negro. b) pelo valor semântico da expressão verbal utilizada. Aquele deputado prepara-se para falar. c) pelo tempo e modo verbal utilizado. Os rapazes trabalharam arduamente. d) pelas expressões adverbiais («este ano», «ontem», «aqui»). Ontem os nossos atletas não treinaram.

Expressões nominais 4. Nova informação

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1.2. As expressões definidas têm valor genérico quando não designam indivíduos únicos, mas uma espécie ou um protótipo. Esse valor é conferido pela possibilidade de substituição da designação, por exemplo, por «a espécie humana», «a espécie animal», «todos os…», «o português tipo», etc.

Exemplos: 1. O Homem está geneticamente preparado para a linguagem. 2. Os portugueses são românticos. 3. O cão é o melhor amigo do Homem. 1.2.1. Determinados predicados e valores temporo-aspetuais contribuem para a formação desse valor genérico: a) por exemplo, o presente do indicativo faculta a interpretação genérica, enquanto o pretérito a bloqueia. b) certos advérbios como «sempre» ou «habitualmente» induzem a interpretação genérica, enquanto outros a bloqueiam (ex. «ali»).

Expressões nominais 4. Nova informação

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2. As expressões nominais indefinidas podem ter valor específico, não específico ou genérico.

2.1. Valor específico – afirma-se a existência do referente, sendo possível dar mais informações sobre ele. Queria que conhecesses uns amigos meus.

2.2. Valor não específico – não se afirma a existência de um referente concreto. Gostava de conhecer um astronauta.

2.3. Valor genérico – quando designam protótipos ou conjuntos significativos de indivíduos, quer no singular, quer no plural sem qualquer determinante. Um homem não chora. Para esta missão, querem-se homens valentes.

Expressões nominais 4. Nova informação

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1. Classifique as expressões (definidas ou indefinidas). 2. Identifique os valores referenciais (específico, não específico ou genérico). a) Os jovens da nossa escola começaram a protestar. b) Os jovens protestam sempre. c) As mães preocupam-se com os filhos. d) Estas mães trazem sempre os filhos à escola. e) Um homem não chora. f) Estou ali a ver um homem na rua. g) Estas cidades têm mais de um milhão de habitantes. h) Reunimo-nos ontem com os donos da empresa. i) Queria conhecer um pintor francês. j) Um menino bem educado não se comporta assim. k) Os espanhóis têm fama de conquistadores. l) As crianças têm medo de morcegos. m) Aqueles morcegos metiam medo. n) As vacinas são indispensáveis. o) Estas vacinas têm uma eficácia de 99%.

p) Todos merecem uma segunda oportunidade.

Expressões nominais 5. Aplicação, exercitação

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Ia Tobias caminhando com o Anjo S. Rafael, que o acompanhava, e descendo a lavar os pés do pó do caminho nas margens de um rio, eis que o investe um grande peixe com a boca aberta em ação de que o queria tragar! Gritou Tobias assombrado; mas o Anjo lhe disse que pegasse no peixe pela barbatana e o arrastasse para terra; que o abrisse e lhe tirasse as entranhas e as guardasse, porque lhe haviam de servir muito. Fê-lo assim Tobias; e perguntando que virtude tinham as entranhas daquele peixe que lhe mandara guardar, respondeu o Anjo que o fel era bom para sarar a cegueira, e o coração para lançar fora os demónios. (…)

Expressões nominais 5. Aplicação, exercitação

De sorte que o fel daquele peixe tirou a cegueira a Tobias, o velho, e lançou os demónios de casa a Tobias, o moço. Um peixe de tão bom coração e tão proveitoso fel, quem o não louvará muito? Certo que se a este peixe o vestiram de burel e o ataram com uma corda, parecia um retrato marítimo de Santo António.

Leia a seguinte passagem do cap. III do Sermão de Santo António, de Padre António Vieira, classifique as expressões nominais sublinhadas e interprete a sua utilização.

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2. Semântica

O Tempo

Conteúdo

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O tempo é uma categoria gramatical que localiza temporalmente o que é expresso. A categoria tempo tem três grandes valores – passado, presente e futuro – e pode ser expressa de diferentes formas, muitas vezes associadas.

1. Através da flexão verbal Exemplo de localização temporal (presente e passado) expressa através da morfologia verbal (desinências): O inspetor está na escola. (presente expresso pelo presente do indicativo) O inspetor esteve na escola. (passado expresso pelo pretérito perfeito do indicativo) 2. Através de verbos auxiliares Exemplo de localização temporal (passado e futuro) expressa através de verbo auxiliar: O inspetor acaba de chegar à escola. (passado construído por meio de auxiliar) O inspetor vai estar na escola. (futuro construído por meio de um auxiliar)

O Tempo 1. Observação e informação

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3. Através de grupos adverbiais Exemplo de localização temporal (presente e futuro) expressa através de um grupo adverbial: O inspetor está na escola agora. (presente) O inspetor está na escola amanhã à tarde. (futuro)

4. Através de grupos preposicionais Exemplo de localização temporal (presente e futuro) expressa

através de um grupo preposicional: O inspetor está na escola neste momento. (presente)

O inspetor está na escola na próxima quinta-feira. (futuro)

O Tempo 1. Observação e informação

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5. Através de orações temporais Exemplo de localização temporal expressa através de uma

oração temporal: O Pedro entrou na escola quando o seu irmão Abel fez dois

anos. O Pedro entrou na escola antes de fazer os seis anos. 6. Através da ordem relativa entre orações coordenadas

copulativas Exemplo de localização temporal expressa através da ordenação

de orações: O Pedro entrou na escola e cumprimentou o professor. O Pedro cumprimentou o professor e entrou na escola.

O Tempo 1. Observação e informação

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1. Em cada uma das frases que se seguem, indique o valor temporal da expressão assinalada (presente, passado ou futuro).

A. Frases em que está presente a categoria tempo

B. Valor temporal

1. A Anabela foi comprar um computador.

2. Amanhã é assinada a escritura.

3. Ela saiu de casa e telefonou–me.

4. O avião aterrou em Lisboa.

5. Quando ela acabou de falar, aplaudiram-na.

6. Venham cedo. O conferencista chega às 9 horas.

1.

2.

3.

4.

5.

6.

O Tempo 2. Aplicação, exercitação

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A. Frases em que está presente a categoria tempo

B. Localização temporal realizada através de...

1. A Anabela foi comprar um computador.

2. Amanhã é assinada a escritura.

3. Ela saiu de casa e telefonou para a escola.

4. O avião aterrou em Lisboa.

5. Quando ela acabou de falar, todos a aplaudiram.

6. Venham cedo. O conferencista chega às 9 horas.

a) flexão verbal b) verbo auxiliar c) grupo adverbial d) grupo preposicional e) oração subordinada

temporal f) ordenação de orações

coordenadas copulativas

2. Faça corresponder a cada elemento da coluna A o respetivo elemento da coluna B.

O Tempo 2. Aplicação, exercitação

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3. Pragmática e Linguístca Textual

Atos Ilocutórios

Conteúdo

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Observe as seguintes passagens da cena II do Ato I de Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett.

TELMO (chegando ao pé de Madalena que o não sentiu entrar) – A minha senhora está a ler ?... MADALENA (despertando) Ah! sois vós, Telmo... Não, já não leio: há pouca luz de dia já; confundia-me a vista. (…) MADALENA (com as lágrimas nos olhos) – És muito amigo dela, Telmo? TELMO – Se sou! Um anjo como aquele… uma viveza, um espírito!… e então que coração! MADALENA – Filha da minha alma! (…) TELMO – À fé de escudeiro honrado, senhora D, Madalena, a minha boca não se abre mais; e o meu espírito há de… há de fechar-se também…(À parte) Não é possível, mas eu hei de salvar o meu anjo do céu! (Alto, para Madalena) Está dito, minha senhora.

Atos ilocutórios 1. Observação

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Nestas falas, podemos verificar a existência de:

1. perguntas: – A minha senhora está a ler ?... – És muito amigo dela, Telmo?

2. resposta, informação: – Não, já não leio: há pouca luz de dia já; confundia-me a vista.

3. manifestação de sentimentos: – És muito amigo dela, Telmo? – Se sou! Um anjo como aquele… uma viveza, um espírito!… e então que coração! – Filha da minha alma!

4. promessa: – À fé de escudeiro honrado, senhora D, Madalena, a minha boca não se abre mais; e o meu espírito há de… há de fechar-se também… (…) Está dito, minha senhora.

Atos ilocutórios 1. Observação

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Um ato ilocutório é um ato linguístico que o falante realiza quando, em determinado contexto comunicativo, profere um enunciado, sob certas condições e com certas intenções. Ao proferir determinada frase, num contexto específico, o falante executa, explícita ou implicitamente, atos como “afirmar”, “avisar”, “ordenar”, “perguntar”, “pedir”, “prometer”, “contrapor”, “objetar”, “criticar”... Estes verbos traduzem explicitamente atos de fala.

Atos ilocutórios 2. Informação

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Tipo Objeto ilocutório Força ilocutória Exemplos

Assertivo O locutor enuncia uma proposição com cujo valor de verdade se compromete em maior ou menor grau.

Afirmação, res-posta, descrição, colocação de uma hipótese…

«Hoje tenho aula de Português.»

Diretivo Com este ato de fala, o locutor tem a intenção de levar o interlocutor a dizer ou a fazer alguma coisa.

Ordem, aviso, pedido, súplica, convite, requeri-mento, pergunta...

«Por favor, baixa o som do rádio.»

«Que horas são?»

Compro-missivo

Este ato dá expressão a uma intenção do locutor, que se vincula à realiza-ção de uma ação futura.

Promessa, jura-mento, ameaça, manifestação de uma intenção…

«Entrego o trabalho amanhã, sem falta.»

Tipologia dos Atos ilocutórios 2. Informação

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Tipo Objeto ilocutório Força ilocutória Exemplos

Expressivo O locutor pretende exprimir um estado psicológico acerca da situação enunciada.

Agradecimento, congratulações,

lamento, apresentação de desculpas, de pêsames...

«Muito obrigado!»

«Que pena!»

Declarativo Ato de fala em que dizer é fazer, é criar a própria realidade. A declaração altera o estado de coisas envolvente. Para tal, é necessário que quem pronuncia o enunciado tenha poder institucio-nal (Igreja, Estado, Tribunal, árbitro...).

Fórmulas de matrimónio, de batismo, condenações, nomeações, demissões...

«Declaro-vos marido e mulher!»

«O réu é cul-pado de…»

Tipologia dos Atos ilocutórios 2. Informação

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Identifique os atos ilocutórios presentes nas frases sublinhadas da seguinte passagem da obra Felizmente Há Luar!, de Luís de Sttau Monteiro (Ato I). VICENTE – Senhores! Senhores! Ontem à noite entraram mais de dez pessoas em casa de...

D. MIGUEL – Cuidado!

VICENTE (Atrapalhado. Olhando à sua volta) – Entraram mais de dez pessoas na casa que fui incumbido de vigiar...

D. MIGUEL – Conhece-lhes os nomes?

VICENTE – Só de sete, senhor.

D. MIGUEL (Para Vicente) – Está bem. Continue. (…) PRINCIPAL SOUSA – Não me agrada a condenação dum inocente…

Atos ilocutórios 3. Aplicação

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4. Pragmática e Linguística Textual

Texto: continuidade e progressão

Conteúdo

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Continuidade e progressão temática Um texto inicia-se com uma informação fornecida como ponto de partida, que é retomada (continuidade) e à qual se interliga informação nova, de modo a haver progressão. A continuidade consiste, assim, na retoma da informação fornecida. Denomina-se progressão temática a introdução de informação nova que ocorre constantemente no discurso e no texto, mediante as relações instituídas com a informação fornecida como ponto de partida. A informação nova passa a ser também retomada para, em ligação com ela, ir sempre surgindo nova informação, até à conclusão do texto.

Texto: continuidade e progressão 1. Informação

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Texto

Era uma vez um rei, moço e valente, senhor de um reino abundante em cidades e searas, que partira a batalhar por terras distantes, deixando solitária e triste a sua rainha e um filhinho, que ainda vivia no seu berço, dentro das suas faixas. A Lua cheia que o vira marchar, levado no seu sonho de conquista e de fama, começava a minguar, quando um dos seus cavaleiros apareceu, com as armas rotas, negro do sangue seco e do pó dos caminhos, trazendo a amarga nova de uma batalha perdida e da morte do rei, trespassado por sete lanças entre a flor da sua nobreza, à beira de um grande rio.

1. Leia o texto que se segue, o início do conto «A Aia», de Eça de Queirós. 2. Interprete os sublinhados a cores diferentes.

Texto: continuidade e progressão 2. Observação

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A rainha chorou magnificamente o rei. Chorou ainda desoladamente o esposo, que era formoso e alegre. Mas, sobretudo, chora ansiosamente o pai, que assim deixava o filhinho desamparado, no meio de tantos inimigos da sua frágil vida e do reino que seria seu, sem um braço que o defendesse, forte pela força e forte pelo amor. Desses inimigos o mais temeroso era seu tio, irmão bastardo do rei, homem depravado e bravio; consumido de cobiças grosseiras, desejando só a realeza por causa dos seus tesoiros, e que havia anos vivia num castelo sobre os montes, com uma horda de rebeldes, à maneira de um lobo que, de atalaia no seu fojo, espera a presa. Ai! a presa agora era aquela criancinha, rei de mama, senhor de tantas províncias, e que dormia no seu berço com seu guizo de oiro fechado na mão! Ao lado dele, outro menino dormia noutro berço. Mas este era um escravozinho, filho da bela e robusta escrava que amamentava o príncipe.

Texto: continuidade e progressão 2. Observação

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E Vilaça foi encontrar Afonso na livraria, com as janelas cerradas ao lindo sol de Inverno, caído numa poltrona, a face cavada sob os cabelos crescidos e brancos, as mãos magras e ociosas sobre os joelhos. O procurador veio dizer para Lisboa que o velho não durava um ano. Mas esse ano passou, outros anos passaram. Por uma manhã de Abril, nas vésperas de Páscoa, Vilaça chegava de novo a Santa Olávia. Não o esperavam tão cedo; e como era o primeiro dia bonito dessa Primavera chuvosa, os senhores andavam para a quinta. O mordomo, o Teixeira, que ia já embranquecendo, mostrou-se todo satisfeito de ver o senhor administrador, com quem às vezes se correspondia, e conduziu-o à sala de jantar, onde a velha governanta, a Gertrudes, tomada de surpresa, deixou cair uma pilha de guardanapos, para lhe saltar ao pescoço. As três portas envidraçadas estavam abertas para o terraço, que se estendia ao sol, com a sua balaustrada de mármore coberta de trepadeiras; e Vilaça mal pôde reconhecer Afonso da Maia naquele velho de barba de neve, mas tão robusto e corado, que vinha subindo a rua de romãzeiras com o seu neto pela mão.

Texto: continuidade e progressão 3. Aplicação

Leia, agora, uma passagem d’Os Maias, de Eça de Queirós.

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As três portas envidraçadas estavam abertas para o terraço, que se estendia ao sol, com a sua balaustrada de mármore coberta de trepadeiras; e Vilaça mal pôde reconhecer Afonso da Maia naquele velho de barba de neve, mas tão robusto e corado, que vinha subindo a rua de romãzeiras com o seu neto pela mão. Carlos, ao avistar no terraço um desconhecido, de chapéu alto, abafado num cache-nez de pelúcia, correu a mirá-lo, curioso – e achou-se arrebatado nos braços do bom Vilaça (…). 1. Transcreva as expressões do texto que são retomadas por meio das frases ou palavras sublinhadas. 2. Em relação a cada parágrafo, refira uma informação nova. 3. Da informação que configura progressão temática, refira dois dos aspetos que considera mais significados para o desenvolvimento da ação.

Texto: continuidade e progressão 3. Aplicação

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FIM

O ensino da gramática: atividades para o 3.º Ciclo e o

Ensino Secundário