O Ensino de Ciências na Educação Infantil: Fundamentos, história e a realidade em sala de aula

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES FACULDADE DE EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO CECIERJ/consórcio CEDERJ 7º SEMINÁRIO DE PRÁTICAS EDUCATIVAS 2015.1 O Ensino de Ciências na educação Infantil: Fundamentos, História e a realidade em sala de aula

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIROCENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES

FACULDADE DE EDUCAÇÃOFUNDAÇÃO CECIERJ/consórcio CEDERJ

7º SEMINÁRIO DE PRÁTICAS EDUCATIVAS2015.1

O Ensino de Ciências na educação Infantil: Fundamentos, História e a

realidade em sala de aula

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Esta apresentação faz parte do requisito para aprovação do 7º Seminário de Práticas Educativas do Curso de

Licenciatura em Pedagogia da UERJ na modalidade a distância – EAD

1º semestre de 2015

Aluno: Gilmar Ercival Brand

Matricula: 11212080400

Polo: São Pedro da Aldeia

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INTRODUÇÃO

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a função das Ciências é o de favorecer para a compreensão de mundo e suas transformações, situando o homem como indivíduo participativo e parte integrante do Universo. Esse pensamento leva a se analisar que a identidade da escola deve ser definida pela sua vinculação às questões inerentes à sua realidade, ancorando-se na temporalidade e saberes próprios dos estudantes, ou seja, tem que ter uma adequação da escola à vida.

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Educação em Ciências no Brasil

Segundo Schwartzman (2009), a educação em ciências no Brasil não tem uma tradição importante e consistente, entretanto, o país tem tido muitas experiências parciais neste sentido, tais como: criação de museus e centros de ciências, programas presenciais e a distância de formação de professores, programas extracurriculares de iniciação cientifica e programas de educação em ciências na escola. O autor ainda cita três razões principais pela qual o ensino de ciências deve ser parte fundamental da educação.

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“A primeira é a necessidade de começar a formar, desde cedo, aqueles que serão os futuros pesquisadores e cientistas, cujas vocações geralmente se estabelecem desde muito cedo. A segunda é fazer com que todos os cidadãos de uma sociedade moderna, independentemente de suas ocupações e interesses, entendam as implicações mais gerais, positivas e problemáticas, daquilo que hoje se denomina “sociedade do conhecimento”, e que impacta a vida de todas as pessoas e países. Terceiro, fazer com que todas as pessoas adquiram os métodos e atitudes típicas das ciências modernas, caracterizadas pela curiosidade intelectual, dúvida metódica, observação dos fatos e busca de relações causais, que, desde Descartes, são reconhecidas como fazendo parte do desenvolvimento do espírito crítico e autonomia intelectual dos cidadãos.”(2009, pág. 8).

Educação em Ciências no Brasil

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HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS

Podemos verificar que no Brasil, o surgimento das creches deu-se de uma maneira diferente do restante do mundo. Ao mesmo momento que no mundo a creche era utilizada para que as mulheres tivessem condição de trabalhar nas fábricas, no Brasil, as creches públicas destinavam-se tanto os filhos das mães que trabalhavam nas fabricas como os filhos das empregadas domésticas. Nesse aspecto, é relevante salientar que, as creches públicas visavam tão somente o cuidado quanto à alimentação, segurança física e higiene. Tais instituições eram chamadas de Roda ou Casa dos Expostos.

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A partir dos anos 60 até a metade da década seguinte, inicia-se um período de modificação de políticas sociais nas áreas de educação, assistência social, saúde, etc. Na educação, a nova Constituição Federal estabelecia que o nível básico fosse gratuito e obrigatório, bem como institui a extensão do ensino obrigatório para oito anos.

Os déficits culturais existem porque as famílias de poder aquisitivo baixo não possuem condições econômicas de oferecer um suporte mínimo para um bom desenvolvimento escolar fazendo com que seus filhos repitam o ano. Os requisitos básicos, necessários para garantir o sucesso escolar, não foram transmitidos por seu meio social.

HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS

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A partir da Constituição de 1988, dá-se a construção de uma gestão de cooperação entre estados e municípios, na educação de primeiro grau e serviços de saúde. Tem-se a reafirmação da gratuidade do ensino público em todos os níveis, além de ratificar serem a creche e a pré-escola um direito da criança de zero a seis anos. Nesse ínterim, o estado brasileiro passa por um período de dificuldades, pois há o aumento de demandas sociais e a redução de gastos públicos e privados com o social.

No Brasil e no mundo, o atendimento institucional à criança de zero a seis anos apresenta, ao longo da sua trajetória, uma concepção bem divergente sobre sua finalidade social. A maioria dessas instituições surgiu com a finalidade exclusiva de atender às crianças das classes menos favorecidas. Durante muito tempo, as creches e programas de pré-escola foram usados com estratégia para combater a pobreza e resolver os problemas inerentes à sobrevivência das crianças.

HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO EM CIÊNCIAS

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O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A compreensão a respeito da importância do ensino de Ciências na escola e, consequentemente, na formação dos alunos é relativamente recente. Para tal, basta observar como foi demorada a sua inclusão ao currículo. Entre o século 19 e os anos de 1950 a concepção vigente era impregnada de ideias positivistas, nas quais prevalecia o pensamento de que essa área do conhecimento será sempre neutra em suas descobertas e que os saberes originados dela seriam verdades absolutas e irrefutáveis.

O modo de transmitir o conhecimento científico igualmente passou décadas estruturada nos mesmos padrões. A sociedade acreditava que os fenômenos naturais seriam assimilados somente na observação e raciocínio, sendo suficiente apenas que os estudantes fossem levados a reconhecer todo o patrimônio cientifico, até então produzido pela humanidade, e a decorar conceitos. Nesse período, a metodologia reinante era a tradicional, a qual tinha na figura do professor e no livro didático o centro da transmissão do conhecimento. Ainda hoje nos deparamos com tal metodologia nas salas de aula.

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O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A partir dos anos 60 essa metodologia começa a sofrer questionamentos. Inicialmente, surge nos Estados Unidos, um movimento contrário a essa prática pedagógica, vindo a estender-se à França e Inglaterra, e, com intensidade menor ao Brasil.

No plano global, estávamos no auge de uma disputa econômica entre duas potências mundiais com sistemas políticos distintos. De um lado os Estados Unidos capitalista e do outro a União Soviética socialista. Cada qual tentando estender a sua influência ideológica. Assim sendo, o desenvolvimento de tecnologias, bem como o conhecimento de seu funcionamento estava ligada diretamente a produção de riquezas e tinha um vinculo fundamental para o sucesso de uma nação. Em vista disso, era oportuno adestrar mais e mais indivíduos com capacidade de conceber produtos, métodos e procedimentos que gerassem aportes financeiros. Como consequência, nas escolas, há a necessidade de instigar a formação de profissionais com esse perfil, para tanto, acreditou-se que a trajetória para isso era conduzir os alunos a imitar os caminhos que os cientistas haviam percorrido.

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O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O ensino assume um caráter experimental, tecnicista. A atividade segue roteiros predeterminados, onde, para se chegar aos resultados previstos é necessário seguir o passo a passo. Desse modo, o ensino tecnicista contrapõe-se ao ensino tradicional, contudo mantém o aluno passivo uma vez que continua dando ênfase às definições prontas.

Na década de 70, as contribuições de Piaget e Vygotsky a respeito do processo de aprendizagem das crianças ganham vulto, logo, se verifica a importância da criança fazer seu próprio caminho, respeitando-se a bagagem de conhecimento que as mesmas já tinham a respeito do assunto. Contrapondo-se a abordagem tecnicista, o essencial passa a apoiar-se naquilo que fizesse sentido para a criança e assim estimulasse o interesse e a curiosidade pelo conhecimento.

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O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

O papel do professor na educação em ciências não deve possuir caráter absoluto, ao contrário, ele deve agir como mediador reconhecendo os conhecimentos prévios das crianças e, nesse sentido, deve buscar o efetuar questionamentos de maneira a estimular a curiosidade das crianças. Se anteriormente, a regra era “fica quieto menino” e “você pergunta demais”, agora na educação em ciências isso muda, na medida em que o papel do professor é exatamente incentivar a criança a abrir a boca e perguntar intensamente a respeito daquilo que a incomoda.

Tomando consciência de que o papel principal da educação em ciências é levar a criança a compreender o mundo ao seu redor, pode-se atestar que o trabalho com a linguagem possui uma função essencial nesse processo de educação, dado que é por intermédio da linguagem que nos comunicamos com o mundo.

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O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ao longo de décadas acreditou-se que a aquisição de conhecimentos científicos era um privilégio de poucos indivíduos e que estas pessoas eram iluminadas, esta concepção causou um bloqueio que deve ser ultrapassado na formação docente, podendo promover a solução mediante a formação do educador pesquisador. Sobre isto Azevedo ressalta,

Em relação aos processos de ensino e aprendizagem de ciências, encontram-se enraizadas, nos professores, a crença de que o acesso ao conhecimento cientifico é coisa apenas para algumas mentes privilegiadas e que o problema esta na dificuldade que se tem para compreender aqueles conhecimentos dado o alto nível cognitivo que exigem. Esta crença durante décadas conduziu (e ainda conduz) a formação docente em posição hierarquizada e vertical em que o professor é situado como detentor do conhecimento e os estudantes são aqueles que passivamente recebem as informações prontas, devendo apenas memoriza-las (2011).

A educação em ciências trabalhada na Educação Infantil viabilizará uma aproximação da criança à ciência, isto é, ela não irá olhar ciência, durante sua trajetória escolar, como algo inatingível. Ela entenderá o que é ciência, não pelo ato de decorar o significado ou os conceitos, mas por compreender que ciência é uma linguagem expressa por homens e mulheres no intuito de entender o mundo ao seu redor.

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A FORMAÇÃO DO DOCENTE PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO

INFANTILA importância da aprendizagem em Ciências deve começar desde a infância.

Se a educação em Ciências na Educação Infantil for eficaz, favorecerá para que a criança compreenda o mundo onde vive. Assim sendo, a formação inicial e continuada dos educadores da Educação Infantil deve possui um currículo que valorize a formação em Ciências.

É evidente que a formação dos educadores compõe um fator de profunda relevância no panorama de problemas constatado no ensino de ciências. De acordo com Ducatti-Silva (2005), é notório que ao final dos cursos de Magistério e Pedagogia, os educadores saem sem a adequada formação para ensinar Ciências.

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A FORMAÇÃO DO DOCENTE PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO

INFANTILAtualmente as aulas que envolvem práticas em ciências na educação infantil,

por mais simples que sejam, podem nem sempre auxiliar na construção de outros saberes, na medida em que os educadores, pela deficiente formação, optam em seguir os livros didáticos. Nesse sentido, o ensino de Ciências na Educação Infantil apresenta a peculiaridade de, diferentemente das séries seguintes, o educador possui formação polivalente, ou seja, o mesmo é responsável pelo ensino das outras disciplinas.

Bonando (1994) afirma que o ensino de ciências naturais tem ocorrido de uma maneira muito superficial e que o educador, quase sempre reproduz em sala de aula as atividades presentes nos livros didáticos sem refletir a respeito do conteúdo, se o mesmo é ou está sendo significativo para as crianças. Ainda de acordo com o autor, os educadores, quando questionados, buscam justificar as suas condutas ou no currículo do qual não participam de sua montagem, ou na própria formação acadêmica.

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A FORMAÇÃO DO DOCENTE PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO

INFANTILA Ciência encontra-se hoje, quer seja natural ou exata, diretamente

conectada a tudo que se passa na Terra, seja pelos resultados da ação do homem, seja pelo próprio entendimento do funcionamento da Terra na percepção mais completa ou do ecossistema. Todavia, temos a responsabilidade de educar as crianças para que saibam desfrutar da melhor maneira possível dos recursos que o planeta nos oferece. Nesse aspecto, uma educação pautada no ensino de Ciências visa contribuir na compreensão dos fenômenos que regem o planeta e a influência do homem sobre eles. Para Cavalcanti (1995), “o papel do professor consiste em promover situações motivadoras e a partir delas realizar uma intervenção adequada”.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ensino de Ciências Naturais na Educação Infantil definiu-se na óptica abordada como uma área essencial, que vai muito além de práticas clássicas de mera criação de cartazes acerca de conceitos científicos.

Temos diante de nós a oportunidade de mudança, de ofertar mais aos nossos alunos, de progredir, de reedificarmos essa história totalitária que impera há tanto tempo. Para tanto, é de suma importância que o professor transforme a sala de aula em um ambiente de diálogo, de debate, ou seja, de construção do conhecimento científico.

Nesse viés, necessitamos superar esse conceito de Ciência enquanto verdade absoluta e inquestionável. Devemos estimular na criança o prazer em desvendar o homem, o mundo, o ambiente em que vive. E não trabalhar unicamente com conteúdos espessos, maçantes, sem significado, que nada auxiliam para seu desenvolvimento.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Castro (2004), afirma que o saber científico não é meramente transmitido, revelado ou adquirido. Ele é construído a partir de várias referências num constante processo de ir e vir, e num incansável exercício de aproximação e distanciamento que engendra uma visão de mundo que se modifica permanentemente.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABC (Academia Brasileira de Ciências). 2008. O Ensino de ciências e a educação básica: propostas para superar a crise. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. –Brasília: MEC, SEB, 2010.

CHASSOT, Attico; BIZZO, Nelio; ARANTES, Valéria Amorim. Ensino de Ciências: Pontos e Contrapontos. (Ed) (cidade): Summus editorial, 2013.

DEMO, P. Educação em Científica. B. Téc. Senac: A R. Educ. Prof., Rio de Janeiro, v.36, n.1, jan./abr. 2010. Disponível em: <http://www.senac.br/BTS/361/artigo2.pdf>. Acesso em:

SCHWARTZMAN, Simon; MICHELINE, Christophe. A educação em Ciências no Brasil. Rio de Janeiro: IETS, 2009.