o Ensino de Linguas

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O ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS POR MEIO DOS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: O QUE MUDOU? Shirley Doweslei Bernardes Borja [email protected] Márcia Gorett Ribeiro Grossi [email protected] Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Mestrado em Educação Tecnológica Grupo temático: Tecnologias e Constituição de Ambientes de Aprendizagem - G2 Modalidade: Artigo RESUMO: Este artigo faz um resgate histórico do ensino de Línguas Estrangeiras por meio da modalidade Educação a Distância (EaD), procurando verificar a tecnologia utilizada desde seu início até os dias atuais, onde o ambiente virtual de aprendizagem (AVA) tem se mostrado fortemente presente. Para atingir esse objetivo foi feita uma revisão bibliográfica, na qual mostra como a presença dos ambientes virtuais de aprendizagem, como mediador na abordagem do idioma está presente ao longo do tempo. Verificou-se na pesquisa que atualmente a EaD tem utilizado as diversas tecnológicas, que fazem parte das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), como a hipermídia, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais presentes no novo espaço eletrônico virtual - o ciberespaço, sendo que o essencial se encontra em uma nova mudança pedagógica, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede. PALAVRAS CHAVE: Ambiente Virtual de Aprendizagem; Educação a Distância: Ensino de Línguas Estrangeiras.

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O ensino

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  • O ENSINO DE LNGUAS ESTRANGEIRAS POR MEIO DOS

    AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM:

    O QUE MUDOU?

    Shirley Doweslei Bernardes Borja [email protected]

    Mrcia Gorett Ribeiro Grossi [email protected]

    Centro Federal de Educao Tecnolgica de Minas Gerais

    Mestrado em Educao Tecnolgica

    Grupo temtico: Tecnologias e Constituio de Ambientes de Aprendizagem - G2

    Modalidade: Artigo

    RESUMO: Este artigo faz um resgate histrico do ensino de Lnguas Estrangeiras por

    meio da modalidade Educao a Distncia (EaD), procurando verificar a tecnologia

    utilizada desde seu incio at os dias atuais, onde o ambiente virtual de aprendizagem

    (AVA) tem se mostrado fortemente presente. Para atingir esse objetivo foi feita uma

    reviso bibliogrfica, na qual mostra como a presena dos ambientes virtuais de

    aprendizagem, como mediador na abordagem do idioma est presente ao longo do tempo.

    Verificou-se na pesquisa que atualmente a EaD tem utilizado as diversas tecnolgicas, que

    fazem parte das Tecnologias Digitais da Informao e Comunicao (TDIC), como a

    hipermdia, as redes de comunicao interativas e todas as tecnologias intelectuais

    presentes no novo espao eletrnico virtual - o ciberespao, sendo que o essencial se

    encontra em uma nova mudana pedaggica, que favorece ao mesmo tempo as

    aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede.

    PALAVRAS CHAVE: Ambiente Virtual de Aprendizagem; Educao a Distncia: Ensino de

    Lnguas Estrangeiras.

  • 1. Introduo

    Neste artigo so apresentadas as contribuies da tecnologia para o ensino de lnguas

    estrangeiras, fazendo um resgate histrico do ensino de Lnguas Estrangeiras por meio da

    modalidade Educao a Distncia (EaD), procurando verificar a tecnologia utilizada desde

    seu incio at os dias atuais, onde a ferramenta mais utilizada na EaD o Ambiente

    Virtual de Aprendizagem (AVA), que tem se mostrado fortemente presente, verificando o

    que esta ferramenta trouxe de novo.

    Para fazer um levantamento e verificar o que mudou ao longo dos anos no ensino de

    lnguas estrangeiras por meio dos ambientes virtuais de aprendizagem, foi feita uma

    reviso bibliogrfica mostrando inicialmente uma explorao sobre o que se refere ao

    AVA, ou seja, algumas definies de Ambiente Virtual de Aprendizagem para alguns

    autores. Posteriormente, fez-se um levantamento das evolues da EaD ao longo das

    geraes, as evolues das abordagens do ensino de lngua estrangeira e

    consequentemente uma anlise das contribuies do AVA e da EaD no ensino-

    aprendizagem da lngua estrangeira.

    Tambm foi verificado os recursos tecnolgicos utilizados ao longo do tempo, com o

    objetivo de esclarecer quais tipos de ferramentas foram utilizadas e como elas puderam

    auxiliar tanto os alunos, quanto os professores, fazendo com que a cada dia fossem sendo

    alteradas / melhoradas, de acordo com a demanda apresentada em cada poca.

    V-se ento a relevncia desta pesquisa, devido crescente procura dos usurios por

    recursos tecnolgicos como auxlio no ensino e na aprendizagem, a importncia desta

    ferramenta tambm no ensino-aprendizagem de lnguas estrangeiras e como estas

    ferramentas tem ajudado os alunos nos cursos on-line, como os alunos e professores em

    aulas presenciais.

    1.1. Objetivo:

    O objetivo desta pesquisa foi descrever as mudanas ocorridas no ensino de lnguas

    estrangeiras por meio dos ambientes virtuais de aprendizagem, fazendo um levantamento

    das contribuies das ferramentas do AVA no ensino de lngua estrangeira, auxiliando

    tanto na elaborao do contedo pedaggico, material didtico e apresentao destes ao

  • aluno, como no andamento do curso, fazendo com que o aluno possa ter maior facilidade

    no processo do seu aprendizado.

    1.2 Metodologia

    Para a realizao desta pesquisa foi feito um levantamento bibliogrfico sobre o

    ensino de lnguas estrangeiras por meio dos ambientes virtuais de aprendizagem,

    verificando quais recursos tecnolgicos foram utilizadas no processo de ensino-

    aprendizagem de um idioma e o que mudou ao longo dos anos, buscando mostrar a

    evoluo histrica das abordagens na aprendizagem de lnguas, bem como a evoluo das

    partes que envolvem a aprendizagem aqui pesquisada, como a educao a distncia no

    ensino de lnguas estrangeiras e as ferramentas tecnolgicas utilizadas para o ensino das

    lnguas estrangeiras.

    A partir do levantamento das ferramentas disponibilizadas nos ambientes virtuais de

    aprendizagem, v-se a transformao do ensino-aprendizagem de forma cada vez mais

    diversificada e envolvente.

    2. Desenvolvimento

    2.1 Evoluo da Educao a Distncia (EaD)

    Como apresenta Moore e Kearsley (2007), a educao a distncia no iniciou agora

    com o advento da internet, a EaD evoluiu ao longo de cinco geraes. Esta evoluo

    identificvel pelas principais tecnologias de comunicao empregadas, de acordo com os

    autores, como relacionados a seguir:

    1. A primeira gerao de estudo por correspondncia/em casa/independente

    proporcionou o fundamento para a educao individualizada a distncia. Seu incio

    est na dcada de 1880 e foi permitido pela criao de servios postais mais baratos e

    confiveis, resultantes da expanso das redes ferrovirias.

    2. A segunda gerao, de transmisso por rdio, no incio do sculo XX e desenvolveu-se

    com o surgimento da televiso, na dcada de 1940. Teve pouca ou nenhuma interao

    de professores com alunos, exceto quando relacionada a um curso por

    correspondncia; porm, agregou as dimenses orais e visuais apresentao de

    informaes aos alunos a distncia.

  • 3. A terceira gerao as universidades abertas surgiu no final da dcada de 1960, de

    experincias norte-americanas que integravam udio/vdeo e correspondncia com

    orientao face a face, usando equipes de cursos e um mtodo prtico para a criao e

    veiculao de instruo em uma abordagem sistmica.

    4. A quarta gerao, surgida por volta da dcada de 1980, utilizou a teleconferncia por

    udio, vdeo e computador, proporcionando a primeira interao em tempo real de

    alunos com alunos e instrutores a distncia. O mtodo era apreciado especialmente

    para treinamento corporativo.

    5. A quinta gerao foi possvel com o desenvolvimento do computador de uso pessoal

    (PC), em 1975 e da internet, em 1993. Uma gerao de classes virtuais on-line com

    base na internet, tem resultado em enorme interesse e atividade em escala mundial

    pela educao a distncia, com mtodos construtivistas de aprendizado em

    colaborao, e na convergncia entre texto, udio e vdeo em uma nica plataforma de

    comunicao.

    Conforme mostra Moore e Kearsley (2007), nestas cinco geraes apresentadas, esta

    evoluo est ligada utilizao de instrumentos, as quais proporcionam, cada vez mais,

    maior possibilidade de transformao do meio e do sujeito e tem se configurado ao longo

    da histria medida que o sujeito as utiliza.

    2.2 Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA)

    Para melhor compreenso dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem, foi feito um

    levantamento de alguns conceitos, pois so poucos os artigos que descrevem este

    ambiente de aprendizagem como uma ferramenta tecnolgica mais antiga. O que se

    percebe que o AVA tem sido mostrado como uma ferramenta que apareceu a partir da

    segunda metade do sculo XX, aps a chegada dos computadores e da internet.

    Na literatura, encontra-se algumas definies para ambientes virtuais de

    aprendizagem, uma delas trazida por Vavassori e Raabe (2003) que definem um

    ambiente virtual de aprendizagem como (...) um sistema que rene uma srie de recursos

    e ferramentas, permitindo e potencializando sua utilizao em atividades de

    aprendizagem atravs da internet em um curso a distncia. (VAVASSORI e RAABE,

    2003).

  • Na definio de Santos 2006, o AVA um sistema informatizado, projetado para

    promover interao entre professores, alunos e quaisquer outros participantes em

    processos colaborativos que envolvam ensino e aprendizagem via Internet. (SANTOS,

    2006, p. 18).

    Para Pereira 2007 os AVAs consistem em mdias que utilizam o ciberespao para

    veicular contedos e permitir interao entre os atores do processo educativo. [...]

    Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) consiste em uma opo de mdia que est

    sendo utilizada para mediar o processo ensino-aprendizagem distncia. (PEREIRA,

    2007, p. 4 e5).

    No somente autores de artigos, como tambm a populao em geral banalizou alguns

    conceitos, dentre eles o do AVA que entende Ambiente Virtual de Aprendizagem como

    um tipo de ferramenta tecnolgica nova, visto que somente com a chegada dos

    computadores e consequentemente da internet, ficou mais usual se falar em Ambiente

    Virtual de Aprendizagem.

    No entanto, h autores que entendem AVA como um recurso tecnolgico j existente

    a muito tempo, como, por exemplo, Santos (2003) que entende ambientes como tudo

    aquilo que envolve pessoas, natureza ou coisas, objetos tcnicos. J o virtual vem do

    latim medieval virtualis, derivado por sua vez de virtus, fora, potncia. No senso-

    comum as pessoas utilizam a expresso virtual para designar alguma coisa que no existe,

    que est no imaginrio. Enfim, virtual vem sendo representando como algo fora da

    realidade, o que se ope ao real.

    Entretanto, Lvy (1996) em seu livro O que o virtual? esclarece-nos que o virtual

    no se ope ao real e sim ao atual. Virtual o que existe em potncia e no em ato. Este

    autor explica que toda semente potencialmente uma rvore, ou seja, no existe em ato,

    mas existe em potncia. O virtual faz parte do real, no se opondo a ele. Por isso nem

    tudo que virtual necessariamente se atualizar. Como no exemplo da semente, caso um

    pssaro coma, a mesma jamais poder vir a ser uma rvore.

    Neste sentido, Santos (2003) afirma que um ambiente virtual um espao fecundo de

    significao onde seres humanos e objetos tcnicos interagem potencializando assim, a

    construo de conhecimentos, logo a aprendizagem. Se ficar entendido aprendizagem

    como um processo scio-tcnico, onde os sujeitos interagem na e pela cultura, sendo esta

  • um campo de luta, poder, diferena e significao, espao para construo de saberes e

    conhecimento, ento se pode afirmar que todo ambiente virtual um ambiente de

    aprendizagem.

    Com isso, a autora complementa ento que AVA pode no ser necessariamente um

    ambiente que envolva as novas tecnologias digitais de informao e comunicao.

    Entretanto essas tecnologias digitais podem potencializar e estruturar novas

    sociabilidades e consequentemente novas aprendizagens.

    As novas tecnologias digitais de informao e comunicao se caracterizam pela sua

    nova forma de materializao. A informao que vinham sendo produzida e circulada ao

    longo da histria da humanidade por suportes atmicos (madeira, pedra, papiro, papel,

    corpo) na atualidade tambm vem sendo circulada pelos bits, cdigos digitais universais

    (0 e 1). As tecnologias da informtica associadas s telecomunicaes veem provocando

    mudanas radicais na sociedade por conta do processo de digitalizao. (SANTOS, 2003,

    p.3)

    Portanto, o que caracteriza e difere o ambiente virtual de aprendizagem que foi

    construdo ao longo dos anos, do que definido atualmente que antes a interao no

    ensino-aprendizagem, mediada pelas ferramentas dos Ambientes Virtuais de

    Aprendizagem, era de um para um ou um para todos, atravs de vdeos, rdio, jornal

    impresso, TV, entre outros e, as atuais ferramentas do AVA atualmente geram a

    possibilidade de comunicao e ensino-aprendizagem de todos para todos, que pode ser

    facilmente encontrada nas redes, nos ciberespaos.

    Sendo assim, pode se dizer que um AVA no necessariamente um ambiente de rede,

    mas sim um espao com possibilidades diversas na construo do conhecimento, na

    interao dos sujeitos, no qual os sujeitos esto construindo, resignificando e

    reconstruindo significados constantemente.

    Deste modo, ensinantes podem ser tambm aprendentes e estes tambm podero

    ensinar, ou seja, o sujeito alm de receber conhecimento, poder aperfeio-lo e

    compartilhar seu conhecimento com outros sujeitos.

  • 2.3 Evoluo das abordagens do ensino de lngua estrangeira

    Segundo Germain (1993) a apario dos primeiros manuais de aprendizagem de uma

    lngua estrangeira data do 3 sculo da nossa era. Tratava-se de manuais bilngues,

    enfatizando a prtica do vocabulrio e da conversao, e eram, sobretudo, utilizados pelos

    falantes do latim que aprendiam o grego.

    Quando se iniciou o ensino oficial de lnguas estrangeiras no Brasil, que segundo

    Chagas (1967), foi em 1837, com a criao do Colgio Pedro II, via-se um ensino mais

    vinculado ao estudo da gramtica e a memorizao de regras, de forma

    descontextualizada, sem uma preocupao com a realidade do aluno.

    Ao longo do tempo diversas metodologias foram utilizadas com a inteno de facilitar

    o ensino-aprendizagem e com isso foram feitas mudanas para melhor atender os alunos e

    professores. Diante das variadas metodologias existentes, faz-se necessrio apresentar

    uma sntese das principais metodologias utilizadas, as quais marcaram o ensino-

    aprendizagem da lngua estrangeira, mas inicialmente, importante esclarecer as

    definies e diferenas entre mtodo, metodologia e abordagem.

    Dentre diversas definies, encontra-se Puren (1988) que chama de mtodo o prprio

    material de ensino; que metodologia estaria num nvel superior, englobando os objetivos

    gerais, os contedos lingusticos, as teorias de referncia, as situaes de ensino e

    subentendem a elaborao de um mtodo. J o termo abordagem (approach do ingls)

    definido por Leffa (1988) como os pressupostos tericos acerca da lngua e da

    aprendizagem. Portanto, optou-se neste artigo em utilizar o termo metodologia ou

    abordagem para designar a forma como o ensino de lngua estrangeira vem se

    processando ao longo dos anos.

    Embora as concepes, mtodos e abordagens de lnguas estrangeiras no campo da

    aprendizagem, contemplem a competncia comunicativa, faz-se importante abordar

    outros tipos de abordagens e mtodos e as suas contribuies ao longo do tempo. Assim,

    segundo Leffa (1988):

    A abordagem da gramtica e da traduo surgiu com o interesse pelas culturas

    grega e latina na poca do renascimento e continua sendo empregada at hoje, ainda que

    de modo bastante espordico, com diversas adaptaes e finalidades mais especficas.

  • A abordagem direta (tradicionalmente Mtodo Direto) quase to antigo quanto

    o mtodo da gramtica e traduo, surgiu como uma reao a este e evidncias de seu uso

    datam do incio do sculo XVI.

    Abordagem para a leitura (tradicionalmente Mtodo da Leitura) expandiu

    pelas escolas secundrias dos Estados Unidos na dcada de 1930, tendo permanecido at

    o fim da II Guerra Mundial.

    Abordagem audiolingual foi uma reao dos prprios americanos contra o mtodo da

    leitura; surgiu durante a II Guerra Mundial quando o exrcito americano precisava de

    falantes fluentes de vrias lnguas estrangeiras e no os encontrou, a soluo foi produzir

    esses falantes de maneira mais rpida possvel.

    Abordagem natural tenta explicar na sala de aula a teoria de Stephen Krashen,

    conhecida como Modelo do Monitor ou Modelo de Input. Visa desenvolver a aquisio

    da lngua (uso inconsciente das regras gramaticais) em vez da aprendizagem (uso

    consciente).

    Abordagem comunicativa surgiu nos anos da dcada de 70 e ganhando fora total

    nos anos 80; procurou, com seu enfoque, no ser extremista. A maior preocupao com o

    uso da lngua como comunicao surgiu a partir de pesquisas mais recentes nas reas de

    psicolingstica, sociolingstica, filosofia da linguagem e teoria da informao. O

    equilbrio visado apoia-se no conceito da competncia comunicativa, que encara a

    realidade lingstica como algo formalmente possvel, vivel, adequado ao contexto e

    realmente factvel (isto , que pode ser feito).

    Assim, o que se pode verificar que no existe uma metodologia absoluta, as

    metodologias somente oferecem uma direo do que pode ser feito, pois no h uma

    abordagem que cubra totalmente as vrias possibilidades de aprendizagem.

    O importante que o professor tenha conhecimento da existncia de diversas

    metodologias, conscincia de que os alunos tm caractersticas diferentes e que a partir

    das condies que se encontrarem, estes professores possam se adaptar e se adequar,

    buscando uma metodologia que melhor lhe ajudar em cada situao, no esquecendo

    que o mais importante a interao dos sujeitos para a construo do conhecimento.

  • Assim, inspirada na concepo educacional do professor Dante Augusto Galeffi

    (2001), a soluo buscar sempre por uma metodologia prpria e apropriada. Prpria

    por ser a sntese da produo desses sujeitos da aprendizagem e da informao; e

    apropriada porque adequada ao contexto e, principalmente, porque os seus autores j a

    apreenderam conscientemente.

    2.4 A tecnologia no ensino de lngua estrangeira

    Antes mesmo de ser utilizado o rdio, a televiso e o computador outras tecnologias

    foram implantadas na educao, no s para melhorar a qualidade, como tambm atingir

    um maior nmero de pessoas e, conforme cita Almeida a primeira revoluo tecnolgica

    no aprendizado foi provocada por Comenius (1952-1670), quando transformou o livro

    impresso em ferramenta de ensino e de aprendizagem com a inveno da cartilha e do

    livro-texto. (ALMEIDA, 2000,p. 13).

    A partir dos anos 60 pode-se observar a incorporao de novas mdias ao meio

    impresso, porm estas ainda apresentavam-se pautadas em um modelo Fordista1 de

    educao industrial, ou seja, uma educao de massa, sendo a British Open University,

    fundada no ano de 1969, um marco de transio do modelo Fordista a uma educao mais

    flexvel.

    J nos primeiros anos da dcada de 70 comearam a ser analisadas e redefinidas as

    tcnicas e estratgias de EaD, apresentando um crescimento significativo na sua

    utilizao, conjugando vrias mdias. Este avano ocorreu em parte pelas inovaes

    tecnolgicas que foram se desenvolvendo e sendo socializadas massivamente a partir da

    dcada de 90 (noventa), e tambm pelas pesquisas na rea educacional, que comearam a

    traar suas orientaes pedaggicas na Educao de Adultos e nos aspectos referentes

    cognio.

    A presena dos ambientes virtuais de aprendizagem, como mediador na abordagem do

    idioma est presente a longo tempo e com base no levantamento realizado por Paiva

    (2008b) importante saber um pouco da histria e suas contribuies tecnolgicas mais

    relevantes para o ensino de lngua estrangeira, apresentando suas transformaes,

    mostrando os ambientes de aprendizagens e as funes que eles exerciam e exercem at

    os dias atuais, como se pode perceber no quadro 1.

  • Quadro 1 Contribuies da Tecnologia para o Ensino de LE

    Ano Recurso Tecnolgico Descrio

    1578 Impresso - Gramtica

    Primeira gramtica para estudo

    individualizado: gramtica do hebraico pelo

    Cardeal Bellarmine.

    1658 Impresso Livro ilustrado

    Primeiro livro ilustrado, O Orbis Sensualim

    Pictus, de Comenius. Livro de vocabulrio em

    latim para a educao infantil.

    1878

    udio - Fongrafo -

    Aparelho para registrar e

    produzir som

    Inveno do fongrafo, por Thomas Edson.

    1902

    -

    1903

    Impresso e udio

    Primeiro material didtico gravado por The

    International Correspondence Schools of

    Scranton. O material era composto por livros

    de conversao acompanhados de cilindros

    (recurso de udio) de Thomas Edson.

    1930 Vdeo e udio - Filmes

    Walt Disney produziu os primeiros cartoons

    para o ensino de ingls bsico. Em 1943, os

    estdios de Walt Disney produziram uma srie

    de filmes com atores, intitulada The March of

    Times.

    1940s Audio - Gravador Surgimento do gravador de fita magntica.

    1943 udio Rdio

    A BBC iniciou transmisses em rdio com

    pequenas aulas de ingls. Somente na dcada

    de 60, transmitiu cursos de ingls em 30

    lnguas para quase todo o globo terrestre.

    1950s Laboratrio de udio Criao de laboratrios de udio.

    1926 Vdeo e udio Televisor

    Inveno da televiso por John Baird. No

    entanto, somente em 1950 a TV chegou ao

    Brasil.

    1960 udio e Vdeo -

    Computador

    Incio do ensino de lnguas mediado por

    computador com o projeto PLATO

    (Programmed Logic for Automatic Teaching

    Operations), na Universidade de Illinois.

  • 1980s udio e Vdeo -

    Computador individual

    Surgimento dos primeiros computadores

    pessoais (PCs) no Brasil.

    1991 Computador

    Acesso rede mundial de computadores no

    Brasil, interligando vrias universidades e

    professores universitrios.

    O acesso pblico rede s aconteceu em 1994.

    1997 Computador e internet

    Introduo WWW nos moldes que

    conhecemos hoje. Acesso a novas formas de

    comunicao como e-mail, listas de discusso e

    fruns.

    1998

    Computador internet e

    alguns recursos

    tecnolgicos

    Aparecimento da ferramenta de busca

    como o

    2001 Wiki

    Com a plataforma wiki o conhecimento

    colaborativo vira realidade.

    2004

    Redes de relacionamento como o Orkut, blogs,

    podcasts, repositrio de vdeo como o Youtube,

    enciclopdia mundial feita por usurios (a

    Wikipdia), entre outros. Incio da WEB 2.0

    2008

    -

    2012

    Tablets, Android, IOS

    A tecnologia a distncia passa para dispositivos

    mveis e se populariza em dispositivos de

    baixo custo.

    Fonte: Adaptao de Franco (2010)

    O quadro 1 apresenta as contribuies da tecnologia para o ensino, no qual percebe-se

    que no novo o interesse pela divulgao de um idioma, nem to pouco novo a

    utilizao dos ambientes virtuais de aprendizagem para a divulgao destes idiomas. E,

    mostra que a forma de levar o ensino um maior nmero de pessoas e lugares cada vez

    mais diversificado e que as tecnologias tem contribudo para estimular o desenvolvimento

    da criatividade e de habilidades intelectuais.

    Com o surgimento dos primeiros computadores pessoais (PCs) no Brasil, na dcada de

    80 e logo depois com o advento da internet e a velocidade da troca de informaes, os

    ambientes virtuais de aprendizagem foram ganhando novos espaos e trazendo novas

    alternativas, especialmente para o meio educacional.

    As novas tecnologias esto diversificando cada vez mais a forma de levar o ensino a

    um maior nmero de pessoas e lugares. Com seu alto potencial de motivao e

    concentrao tm o poder de estimular o desenvolvimento da criatividade e de

  • habilidades intelectuais tais como o raciocnio, a capacidade de resolver problemas, e de

    desenvolver a autonomia (PAIVA, 2008b).

    O aparecimento de tecnologias novas nos AVA trouxe grandes vantagens no ensino-

    aprendizagem de lngua estrangeira a distncia. Houve maior interao do professor com

    o aluno e com o contedo, promovendo a autonomia do aluno e estabelecendo um ensino-

    aprendizagem mais individualizado, visto que os estilos de aprendizagem de cada aluno

    so diferenciados.

    Os estilos de aprendizagem tambm puderam ser re-planejados por causa da

    disponibilidade das diferentes ferramentas nos ambientes virtuais de aprendizagem, j

    que com esta variedade, cada aluno poderia escolher, ou ser indicado um ensino-

    aprendizagem que melhor lhe aprouvesse.

    Esta transformao se deve a vrios fatores, dentre eles cita-se aqui trs: novidades

    tecnolgicas, maior demanda dos alunos por um ensino mais diversificado e a descoberta

    de que os alunos necessitam de um ensino individualizado, cada um com seu ritmo e

    estilo de aprendizagem diferente. As mudanas na educao tornaram-se um princpio

    bsico para a formao dos novos alunos.

    As novidades tecnolgicas utilizadas no AVA tem se diversificado a todo o momento

    para transformar este ensino, facilitando as abordagens e os mtodos de ensino-

    aprendizagem, fazendo com que os alunos possam ter um aprendizado cada vez mais

    interativo e dinmico, no s para aprender um idioma como tambm descobrir as

    tradies, as atitudes e a cultura daquele lugar.

    Nesse contexto a informao representa o principal ingrediente de nossa organizao

    social, e os fluxos de mensagens e imagens entre as redes constituem o encadeamento

    bsico de nossa estrutura social (CASTELLS, 1999). Novos processos criativos podem

    ser potencializados pelos fluxos scio-tcnicos de ambientes virtuais de aprendizagens

    que utilizam o digital como suporte a exemplo, o ciberespao.

    A pesquisa mostra que atualmente a EaD tem utilizado as diversas tecnolgicas, que

    fazem parte das Tecnologias Digitais da Informao e Comunicao (TDICs), com a

    hipermdia, as redes de comunicao interativas e todas as tecnologias intelectuais

    presentes no novo espao eletrnico virtual - o ciberespao, sendo que o essencial se

  • encontra em uma nova mudana pedaggica, que favorece ao mesmo tempo as

    aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede.

    3. Consideraes finais

    Existem atualmente inmeros ambientes virtuais de aprendizagem que renem uma

    srie de recursos tecnolgicos para utilizao, criao e estruturao de um curso lngua

    estrangeira, na modalidade a distncia, gratuitos como, por exemplo, Clavoline, Dokeos,

    AulaNet, TelEduc, Moodle e pagos como WebBoard, IntraLearn, WebAula, SABA,

    LearnLoop, entre outros.

    O que se tem visto cada vez mais alunos e professores procurando novas formas de

    melhor ensinar e aprender, procurando adaptar o que ser ensinado e aprendido ao estilo

    de aprendizagem do aluno e ao contexto deste, tornando este estudo mais envolvente e

    prazeroso.

    Como diversos tipos de curso a distncia, as novas tecnologias trazem grandes

    vantagens no ensino-aprendizagem de lngua estrangeira a distncia. Neste estudo foi

    verificado a existncia de ambientes virtuais de aprendizagem que ao longo do tempo

    foram de essencial importncia e tem se modificado e se aperfeioado para atender a

    demanda dos alunos.

    A partir do levantamento bibliogrfico e uma reflexo acerca do que os recursos

    tecnolgicos tm influenciado e contribudo no ensino-aprendizagem de um idioma,

    incentiva-se que alm das tecnologias h a necessidade de uma mudana de postura do

    professor e dos formadores de professores de lnguas estrangeiras, na abordagem de

    aprender dos alunos e na abordagem de ensinar dos professores, visando a uma seleo

    crtica e mapeada dos encaminhamentos metodolgicos que circundam a sua prtica.

    Assim, o professor, consciente do valor de uma prtica pedaggica coerente e instigante,

    poder melhor nortear seu trabalho.

    H algo alm da tecnologia em si, como diz Almeida Filho (1993) que para produzir

    impacto (perceptvel), mudanas (profundas) e inovaes (sustentadas) no so suficientes

    alteraes apenas no material didtico, no mobilirio, nas verbalizaes do desejvel pelas

    instituies, nas tcnicas renovadas, nos atraentes recursos audiovisuais. So cruciais

    novas compreenses vivenciadas da abordagem de aprender dos alunos e na abordagem

  • de ensinar dos professores.. H a necessidade de uma mudana pedaggica, que favorea

    ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede.

    Quanto aos alunos, tem-se visto que esto passando de um papel passivo para um

    papel ativo, desenvolvendo uma autonomia e independncia no que diz respeito

    aprendizagem e esta autonomia ampliar cada vez mais, devido ao surgimento de novos

    ambientes virtuais de aprendizagem e suas ferramentas tecnolgicas, sobretudo a internet.

    Vrios so os fatores que possibilitam a aprendizagem de uma lngua estrangeira, mas

    o que precisa ser considerado como de maior relevncia o que leva o aluno a estar

    motivado aprender. Por isso, a importncia de se ter um olhar mais reflexivo quanto aos

    objetivos do ensino, as expectativas de aprendizagem e sua aplicabilidade.

    4. Referncias:

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    1 Na Segunda Revoluo Industrial, de 1870 a 1970, o modelo fordista tinha como caracterstica a produo em

    srie e em grande volume para haver excedente.