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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA/UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO/FAED CURSO DE BIBLIOTECONOMIA HAB. GESTÃO DA INFORMAÇÃO ANA CAROLINA LIMA DE CARVALHO O ENSINO DOS INSTRUMENTOS DA CATALOGAÇÃO E A ATUAÇÃO DO CATALOGADOR EM SANTA CATARINA FLORIANÓPOLIS 2010

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA/UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO/FAED

CURSO DE BIBLIOTECONOMIA – HAB. GESTÃO DA INFORMAÇÃO

ANA CAROLINA LIMA DE CARVALHO

O ENSINO DOS INSTRUMENTOS DA CATALOGAÇÃO E A

ATUAÇÃO DO CATALOGADOR EM SANTA CATARINA

FLORIANÓPOLIS

2010

ANA CAROLINA LIMA DE CARVALHO

O ENSINO DOS INSTRUMENTOS DA CATALOGAÇÃO E A

ATUAÇÃO DO CATALOGADOR EM SANTA CATARINA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Biblioteconomia – Habilitação Gestão da Informação da Universidade do Estado de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Profa. Ana Maria Pereira

Florianópolis

2010

C331e

Carvalho, Ana Carolina Lima de O ensino dos instrumentos da catalogação e a atuação do catalogador em

Santa Catarina / Ana Carolina Lima de Carvalho ._ Florianópolis, 2010. 51 f. ; 30 cm.

Orientadora: Ana Maria Pereira Trabalho de conclusão de curso (graduação) – Universidade do Estado de Santa Catarina, Centro de Ciências Humanas e da Educação, Departamento de Biblioteconomia e Gestão da Informação, Florianópolis, 2010. Inclui referências.

1. Catalogação. 2. Catalogação - instrumentos. 3. Catalogação - ensino. 4. Catalogador – Santa Catarina.I Pereira, Ana Maria. II. Título.

CDD 025.320798164

ANA CAROLINA LIMA DE CARVALHO

O ENSINO DOS INSTRUMENTOS DA CATALOGAÇÃO E A

ATUAÇÃO DO CATALOGADOR EM SANTA CATARINA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Biblioteconomia –

Habilitação em Gestão da Informação da Universidade do Estado de Santa Catarina

como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Biblioteconomia.

Banca Examinadora

Orientadora: ________________________________________________

(Profa. Dra. Ana Maria Pereira)

Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

Membro: ________________________________________________

(Profa. Mestre Fernanda de Sales)

Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC

Florianópolis, 2010 (07/12/2010)

Aos meus pais, José Carlos de Carvalho e Lílian Lopes Lima de Carvalho, por me incentivarem a concluir mais uma etapa da minha vida.

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, José Carlos e Lílian, pelo amor incondicional que sempre me

deram.

À minha irmã Gabi pelo apoio e pensamento positivo constantes, apesar da

distância.

Ao Robson Fernandes Soares por ter sido mais que um amigo, me

aconselhando, me acompanhando nos momentos de alegria e me amparando nos

momentos mais difíceis dessa caminhada.

À Paula Hidemi Kaneoya, pela amizade sincera que construímos ao longo do

curso, por me aturar nos trabalhos, em sala de aula, no estágio e na vida.

À Ana Maria dos Santos, Isabela de Oliveira e Lidiana Sagaz Silva muito

obrigada pela amizade, pelas risadas e por tornarem meus dias mais felizes na

universidade e também fora dela.

À minha professora Ana Maria Pereira pela paciência e dedicação ao me

orientar neste trabalho.

À Noêmia Schoffen Prado, bibliotecária da Justiça Federal de Santa Catarina

por ter sido uma excelente professora e amiga durante os meus dois anos de

estágio e ao Carlos Eduardo de Carvalho, servidor da biblioteca da Justiça Federal,

pelos momentos de descontração e pelo aprendizado que me passou da área

jurídica.

À Luciana Schmidt, bibliotecária do Conselho Regional de Biblioteconomia 14ª

Região, pela ajuda ao enviar os questionários aos profissionais, sem ela minha

pesquisa não atingiria aos objetivos propostos.

Aos profissionais que colaboraram com a pesquisa respondendo aos

questionários o meu muito obrigada.

RESUMO

Com o surgimento de novas ferramentas para a realização da catalogação e com a preocupação em identificar se os profissionais em Santa Catarina estão adquirindo conhecimento necessário e atualizado durante a graduação, a presente pesquisa visa a analisar por meio da aplicação de questionários com profissionais de Santa Catarina que trabalham diretamente com a catalogação, bem como com a verificação dos planos de ensino das duas universidades que possuem o curso de Biblioteconomia no estado, identificar se o ensino de catalogação está adequado às atuais necessidades dos profissionais catarinenses. A pesquisa faz uma breve abordagem sobre o histórico da catalogação, e sobre os instrumentos necessários para a realização da mesma. Quanto à metodologia é considerada quantitativa. Com relação aos resultados verificou-se que o ensino de catalogação em Santa Catarina atende às necessidades do mercado de trabalho.

Palavras-chave: Catalogação. Catalogação - instrumentos. Catalogação - ensino. Catalogador - Santa Catarina.

ABSTRACT

With the emergence of new tools for the development of cataloging and the concern to identify if professionals are acquiring necessary and updated knowledge during the graduation, this research aims to analyze through the use of questionnaires with professionals in Santa Catarina working directly with cataloging, as well with the verification of educational plans of the two universities that have the librarianship school in the state, identify whether the teaching of cataloging is appropriate to current needs of professionals in Santa Catarina. The survey is a brief overview about the history of cataloging, as well as the tools required to perform the same. Concerning the methodology is considered quantitative. Regarding the results it was found that the teaching of cataloging in Santa Catarina meets the needs of the job market. Keywords: Cataloging. Cataloging – instruments. Cataloguing – teaching. Cataloger – Santa Catarina.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Formação universitária ............................................................................ 24

Gráfico 2 - Ano da graduação ................................................................................... 25

Gráfico 3 - Há quantos anos trabalha com catalogação ............................................ 25

Gráfico 4 - Instrumentos que teve contato na graduação .......................................... 26

Gráfico 5 - Existência de instrumento necessário na atuação profissional não visto na

graduação .............................................................................................. 27

Gráfico 6 - Instrumentos necessários para a atuação profissional ............................ 28

Gráfico 7 - Quais instrumentos utiliza para catalogar ................................................ 28

Gráfico 8 - Conhecimento das novas ferramentas de catalogação ........................... 29

Gráfico 9 - Instrumentos de catalogação que teve contato durante a graduação por

universidade ........................................................................................... 30

Gráfico 10 - Instrumentos de catalogação que teve contato durante a graduação por

ano de formação .................................................................................... 31

Gráfico 11 - Conhecimento das ferramentas por universidade ................................. 31

Gráfico 12 - Necessidade de cursos além da graduação .......................................... 32

Gráfico 13 - Conhecimento sobre sistemas automatizados para catalogação na

graduação por ano de formação ............................................................ 33

Gráfico 14 - Comparação entre conhecimento em catalogação ao término da

graduação com o atual ........................................................................... 33

Gráfico 15 - Conhecimento sobre catalogação ao sair da graduação por universidade

............................................................................................................... 34

Gráfico 16 - Qualidade da matriz curricular ............................................................... 35

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Enquadramento tipológico da pesquisa ........................................................... 15

Quadro 1 - Representação Descritiva I .............................................................................. 20

Quadro 2 - Representação Descritiva II ............................................................................. 21

Quadro 3 - Representação Descritiva III ............................................................................ 22

LISTA DE SIGLAS

AACR – Anglo-American Cataloging Rules

ALA – American Library Association

CALCO – Catalogação Legível por Computador

CBU – Controle Bibliográfico Universal

FRAD – Functional Requirements for Authority Data

FRBR – Functional Requirements of Bibliographic Records

FURG – Universidade Federal do Rio Grande

IFLA – International Federation of Library Associations and Institutions

LC – Library of Congress

MARC – Machine Readable Cataloging

RDA – Resource Description and Access

UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina

UEL – Universidade Estadual de Londrina

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

UFPE – Universidade Federal de Pernambuco

UFPR – Universidade Federal do Paraná

UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

UNESCO – United Nation Educational, Scientific and Cultural Organization

UNIRIO – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................. 3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................................................................... 7

2.2 INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CATALOGAÇÃO .................................................................. 10 2.2.1 Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR) ............................................................................ 10 2.2.2 Formato MARC ................................................................................................................................... 11 2.2.3 Padrão Dublin Core ........................................................................................................................... 12 2.2.4 Functional Requirements of Bibliographic Records (FRBR) .............................................................. 12 2.2.5 Functional Requirements of Authority Data (FRAD) ......................................................................... 13

2.3 CONTEXTUALIZAÇÃO ATUAL DOS INSTRUMENTOS DE CATALOGAÇÃO: RDA ..................... 13

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................................................... 15

4 UNIVERSO E APLICAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................................... 17

5 INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................... 18

5.1 PLANOS DE ENSINO – UDESC ............................................................................................................... 18 5.2 PLANOS DE ENSINO – UFSC .................................................................................................................. 22 5.3 INTERPRETAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS .......................................................................................... 23

6 CONCLUSÃO .................................................................................................................................................. 36

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 37

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS CATALOGADORES DE SANTA CATARINA ... 39

3

1 INTRODUÇÃO

A catalogação sempre esteve presente nas atividades biblioteconômicas. E,

atualmente, com a enorme quantidade de informações disponíveis, torna-se

imprescindível a organização da mesma para que a informação buscada seja

encontrada de maneira rápida, eficiente e eficaz. Cabe ao bibliotecário a execução

de tal atividade e, para isso, durante sua formação acadêmica são oferecidos

subsídios para que ele saiba como proceder diante de tal situação.

O principal objetivo da Biblioteconomia é que a informação e/ou documento

buscados pelo usuário sejam localizados em qualquer parte do mundo e a qualquer

momento. Mas para que isso aconteça, faz-se necessário que os mesmos estejam

organizados de maneira a serem encontrados rapidamente e seja a solução correta

para o problema do usuário.

Nos dias de hoje o foco das atividades realizadas nas bibliotecas e unidades

de informação é o usuário, no entanto esta prática já foi centrada na organização do

acervo para guarda da informação e não na disponibilização da mesma. Todo o

trabalho realizado nas bibliotecas era feito de modo a deixar a coleção sempre

organizada para armazenamento e não para disponibilização, como ocorria, por

exemplo, nos mosteiros da Idade Média (MEY, 1995).

A prática da catalogação é atividade essencial na rotina de uma unidade de

informação, pois quando bem realizada faz com que o objetivo principal das

atividades biblioteconômicas desde Ranganathan (1931) seja atingido, ou seja,

permite ao usuário encontrar o documento de que procura da forma mais rápida

possível.

A formação de catálogos corresponde às atividades de catalogação sendo os

mesmos manuais ou automatizados. Os catálogos proporcionam ao bibliotecário

organizar as informações contidas nos itens do acervo de uma unidade de

informação para que seus usuários possam localizar e recuperar a informação e/ou

documentos de que necessita. No entanto, para que esta organização seja realizada

de forma padronizada em qualquer unidade de informação é necessária a adoção de

determinadas regras.

Santos e Corrêa (2009, p.19) explicam o porquê da necessidade das regras

de catalogação.

4

A catalogação, como processo essencial para a descrição e padronização das informações representadas, é construída a partir de regras que ofereçam o máximo de padronização e minimizem as interpretações individuais, procurando garantir a unicidade do item informacional representado e, ao mesmo tempo, sua universalidade.

Nesse contexto, verifica-se a preocupação com a padronização para que a

catalogação possa ser compreendida por qualquer pessoa independentemente de

seu idioma e/ou da unidade de informação na qual faça suas buscas. É importante

destacar a relevância do ensino de catalogação nos cursos de Biblioteconomia por

ser no ambiente acadêmico o primeiro contato do futuro profissional com os

instrumentos da catalogação.

Os instrumentos mais conhecidos e utilizados pelos catalogadores atualmente

são a revisão da segunda edição do Código de Catalogação Anglo-Americano, o

AACR2R e o formato de intercâmbio bibliográfico MARC21, derivado do USMARC

(Machine Readable Cataloging) e do MARC canadense que foi criado para

padronizar a descrição bibliográfica, sendo legível por máquinas, ou seja, por

computadores.

O formato MARC21 tornou possível a reunião do registro bibliográfico que de

acordo com Zafalon (2008), inclui a descrição do item, as entradas principal e

secundárias, os cabeçalhos de assuntos e a classificação ou número de chamada,

com a interpretação do computador. Assim sendo, estes registros podem migrar

para outras unidades de informação evitando a perda de tempo ao se realizar uma

mesma catalogação, em consequência deste fato parece que cada vez mais,

chegamos perto da realização do sonho bibliotecário da única catalogação de um

item como preconizou Charles C. Jewet.

Durante as atualizações do AACR2r, foi considerada a criação do AACR3,

porém diante das significativas alterações que o novo código viria a ter devido à

influência das tecnologias de informação e comunicação, constatou-se que seria

melhor a criação de um código totalmente novo, denominado Resource Description

and Access, o RDA.

Entre os padrões estabelecidos para a catalogação, é importante ressaltar os

modelos conceituais estabelecidos pela International Federation of Library

Associations and Institutions (IFLA): Functional Requirements of Bibliographic

Records (FRBR) e Functional Requirements for Authority Data (FRAD. O RDA

utilizará também desses modelos conceituais com o objetivo de unificar e padronizar

5

a catalogação dos itens.

Acreditando na importância do ensino dos instrumentos de catalogação para

o futuro de um bom desempenho das atividades profissionais, justifica-se esta

pesquisa por considerar os estudos dos instrumentos do catalogador algo essencial

e por se propor a estudar o ensino da catalogação no Brasil. Ressalta-se que 2010

foi considerado pela ALA como o ano da pesquisa em catalogação,

Kate Harcourt, in her capacity as chair of the ALCTS Implementation Group on the LCWG Report, made a motion to the ALCTS Board of Directors to designate 2010 as the Year of Cataloging Research. The motion was seconded by the ALCTS Cataloging and Classification Section and was approved unanimously by the Board. ALCTS Councilor Diane Dates Casey will present the resolution to the ALA Council at Midwinter for approval. (ALCTS, 2010)

1

Diante de tal percepção essa pesquisa tem por objetivo geral verificar se o

ensino de catalogação nos cursos de Biblioteconomia de Santa Catarina atende às

necessidades dos profissionais catalogadores. Como objetivos específicos foram

elencados os seguintes tópicos:

Verificar a relação do ensino de catalogação com a prática dos

profissionais catalogadores que atuam no mercado de trabalho em Santa

Catarina;

Realizar um estudo sobre o panorama da catalogação;

Identificar os instrumentos disponíveis para o ensino de catalogação;

Verificar a utilização (teórica e prática) do AACR2R, do formato MARC e do

padrão Dublin Core no ensino de catalogação;

Contextualizar o RDA e a sua importância para a atualização da

catalogação.

Utilizando-se dos procedimentos metodológicos da pesquisa documental e

com técnica de aplicação de questionários, buscou-se verificar quais instrumentos

de catalogação são utilizados no processo de ensino/aprendizagem dos alunos da

graduação em Biblioteconomia, bem como analisar se os instrumentos estudados

1 Kate Harcourt, na sua qualidade de presidente do Grupo de Implementação ALCTS sobre o Relatório LCWG,

fez uma proposta ao Conselho de Administração ALCTS para designar 2010 como o Ano da Pesquisa em Catalogação. A moção foi apoiada pela Seção de Catalogação e Classificação da ALCTS e foi aprovada por unanimidade pelo Conselho. A Conselheira da ALCTS Diane Dates Casey irá apresentar a resolução para o Conselho de ALA no inverno para aprovação. (ALCTS, 2010, tradução nossa)

6

foram suficientes para o bom desempenho das atividades de catalogação dos

profissionais atuantes no mercado de trabalho.

Muito embora esta pesquisa restrinja-se ao universo dos cursos de

Biblioteconomia do estado de Santa Catarina, buscou-se contribuir para o ensino

nas escolas de Biblioteconomia, visando a boa atuação profissional dos futuros

catalogadores.

Nesse contexto, identificou-se como problema de pesquisa: O ensino de

catalogação nos cursos atende às necessidades dos profissionais?

Tendo em vista os diversos instrumentos disponíveis para a realização das

atividades de catalogação e as novidades na área, surge a necessidade de fazer um

levantamento para saber se o que é ensinado nas disciplinas de catalogação dos

cursos de Biblioteconomia de Santa Catarina supre as necessidades teóricas e

práticas dos futuros profissionais.

De acordo com o contexto anteriormente apresentado, esse estudo pretende

contribuir com a área da Biblioteconomia e Ciência da Informação, visto que propõe

o estudo de uma área tão importante, com vistas a contribuir com a formação dos

profissionais de Biblioteconomia.

A presente pesquisa está dividida da seguinte maneira: o primeiro capítulo

aborda a introdução e descreve o tema e o problema da pesquisa, bem como os

objetivos geral e específicos e a justificativa; no segundo capítulo está a

fundamentação teórica que apresenta um breve histórico da catalogação e algumas

das ferramentas utilizadas atualmente para a catalogação, são eles: AACR, Formato

MARC, Padrão Dublin Core, FRBR e FRAD, além de fazer uma contextualização

atual da catalogação com o RDA; o terceiro capítulo apresenta os procedimentos

metodológicos utilizados para a pesquisa; o quarto capítulo apresenta a aplicação da

pesquisa; o quinto capítulo apresenta os resultados obtidos; o sexto capítulo

apresenta a conclusão, bem como sugestões e contribuições para a área.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta seção será apresentado o marco teórico da pesquisa, abrangendo os

tópicos sobre um breve histórico da catalogação, a identificação dos instrumentos

disponíveis para a catalogação, bem como uma abordagem de um instrumento atual

para catalogação, o RDA.

2.1 PANORAMA DA CATALOGAÇÃO

Um dos mecanismos utilizado pelos profissionais da Biblioteconomia na

organização de seus acervos é a catalogação. Tal atividade é imprescindível para

que a informação possa ser encontrada de forma eficiente e eficaz. Mey (1995, p. 5)

define catalogação como sendo:

[...] o estudo, preparação e organização de mensagens codificadas, com base em itens existentes ou passíveis de inclusão em um ou vários acervos, de forma a permitir interseção entre as mensagens contidas nos itens e as mensagens internas dos usuários.

Buonocore em seu Dicionário de biblioteconomia (apud LITTON, 1975, p. 86)

afirma que a catalogação:

[...] é um processo técnico que compreende duas etapas: a redação do registro bibliográfico e a ordenação de cada um destes, para formar o catálogo. A primeira é descritiva e corresponde à necessidade de identificar, do ponto de vista intrínseco e extrínseco, um impresso qualquer; a segunda, ao contrário, é distributiva, classificadora, e tende ao objetivo de sistematizar o conjunto bibliográfico, para lhe fornecer unidade e coerência.

A contribuição da Biblioteconomia para a catalogação data-se de muito antes

da existência de registros bibliográficos, no século III a.C na famosa biblioteca de

Alexandria. Nela Calímaco realizou a primeira tentativa de organização bibliográfica,

o Pinakes2. Campello (2006, p.2) destaca que:

O Pinakes foi muito importante para apoiar o trabalho dos intelectuais da época e se tornou um modelo para catálogos elaborados posteriormente. Tinha início a tradição catalográfica que continuou na Idade Média e prossegue até o presente.

Na Idade Média, o século IX, segundo Mey (1995) corresponde ao período de

surgimento de “catálogos mais dignos de nota”, tais como a compilação de vários

catálogos entre 822 e 842 realizada pela biblioteca de Richenau, na Alemanha, e o

2 Tábulas

8

catálogo do mosteiro beneditino de Saint Requier, na França, em 831. Porém, no

período citado essas listas de livros tinham o objetivo de servir, na verdade, como

inventários como ressalta Strout (1956 apud MEY, 1995).

Mesmo com a preocupação em organizar a informação registrada somente

após o século XVI a história da catalogação passou a ter uma estrutura definida.

Segundo Barbosa (1978, p. 23)

Até essa época, as regras existentes não tinham a finalidade de se constituírem em um código, e tampouco foram determinadas por bibliotecários; mas sim por livreiros e bibliógrafos, interessados, apenas, na compilação de seus catálogos e bibliografias.

A partir do século XVI, verificou-se o surgimento da catalogação propriamente

dita. No ano de 1560 um tratado sobre a manutenção de uma biblioteca foi publicado

pelo monge beneditino Florian Trefler, e em 1595, o livreiro inglês Andrew Maunsell

compilou um catálogo dos livros ingleses impressos. Ambos os trabalhos possuíam

regras para classificação e posteriores registros das obras. Segundo Mey (1995,

p.17) “As obras de Trefler e Maunsell podem ser consideradas como os primeiros

códigos de catalogação”.

Em 1697, Frederic Rostgaard, importante nome da área na França da época,

publicou normas para a organização do catálogo. O nível de detalhamento era alto e

segundo Mey (1995, p. 18), “[...] preconizava um arranjo por assuntos. [...] Indicava

ainda a elaboração de índices alfabéticos por assuntos e autores[...]”, entre outras

especificações. Destacava-se também que as normas poderiam ser utilizadas de

acordo com as necessidades de cada biblioteca.

De acordo com Mey (1995, p. 18) verifica-se uma mudança significativa

ocorrida no início do século XVIII, quando “[...] os catálogos eram visualizados como

listas de encontrar, mais do que como inventários[...]”, visto que no início da

catalogação, principalmente na Idade Média, a finalidade dos catálogos era

meramente a compilação dos registros das obras para servirem de inventários, como

explicitado anteriormente.

O século XIX foi marcado pela publicação da obra de Charles Ami Cutter

denominada, Rules for a dictionary catalogue, em 1876, quando a estrutura dos

catálogos tornou-se definida. De acordo com Barbosa (1978, p. 23), nesta obra

Cutter:

[...] enfatizava seus objetivos e funções, afirmando: „O catálogo deve ser o instrumento que permita: a) encontrar um livro do qual se conheça o autor, o título ou o assunto;

9

b) mostrar o que existe numa coleção de um determinado autor, ou sobre uma determinada edição de uma obra‟.

Cutter (1886) criou mais que um simples código de catalogação, muito do que

ele criou é utilizado até hoje, como uma tabela de classificação de autor. Como

afirma Mey (1995, p.21), sua obra “[...] se constitui em um código muito completo,

incluindo a catalogação de assuntos e de materiais especiais, normas de

transliteração e elaboração de catálogos auxiliares”.

No início do século XX destaca-se a atuação da Library of Congress (LC) ao

imprimir e vender fichas catalográficas prontas. Segundo Mey (1995, p. 23) “Ao

invés de cada biblioteca fazer a própria catalogação de seus livros, a LC passou a

vender suas fichas impressas, às quais bastava que fossem acrescentados os

cabeçalhos, também por ela indicados”. É considerada como a primeira atividade

prática do século XX de padronização da catalogação, fazendo com que um livro só

precisasse ser catalogado uma única vez.

De acordo com Barbosa (1978, p. 39) intensamente utilizado no Brasil o

Código da Vaticana foi criado em 1920 para a Biblioteca Apostólica Vaticana por

bibliotecários americanos que se basearam no Código da ALA de 1908.

Gerenciado pela Federação Internacional de Associações e Instituições

Bibliotecárias (IFLA) a UNESCO criou o Controle Bibliográfico Universal, segundo

Mey (1995, p. 25) “[...] atuando em bases cooperativas [...]”. Cada país teria

responsabilidade por seu controle bibliográfico nacional e o formato de intercâmbio

escolhido foi o UNIMARC.

Na década de 1960 devido ao avanço da tecnologia surgiu o projeto MARC

para adaptar a atividade da catalogação à nova realidade na qual a sociedade está

inserida relacionando-se com computadores. De acordo com o site da UNIMARC

(http://archive.ifla.org/VI/3/p1996-1/unimarc.htm) (apud MEY; SILVEIRA, 2009, p. 77)

o MARC II serviu de base para cerca de 20 outros formatos desenvolvidos na

década de 1970.

Em 1961 aconteceu a “Conferência Internacional sobre Princípios de

Catalogação”, a Conferência de Paris, que segundo Mey (1995, p. 27) foi “[...] o

primeiro evento no sentido da normalização internacional [...]”. Neste evento,

diversos profissionais marcaram presença e muitas decisões para a melhoria dos

processos de catalogação foram tomadas. Um fato importante foi a consideração da

influência da tecnologia na catalogação. Segundo Mey (1995, p. 28) “[...] tratou-se

10

do impacto da eletrônica sobre a catalogação, havendo recomendação de estudo do

assunto [...]”.

O ano de 1967 merece uma atenção especial por ter como marco a

publicação do Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR). No Brasil foi

editado em 1969. O AACR teve a publicação de uma segunda edição e revisão da

mesma. “O código é atualizado nos Estados Unidos pela LC” (MEY, 1995, p. 28) e,

apesar dos conflitos decorrentes dos idiomas serem diferentes (português e inglês),

desde a publicação de sua primeira edição é o código mais utilizado no Brasil.

Os Princípios da Conferência de Paris foram atualizados em 2003, na cidade

de Frankfurt, na Alemanha. Como afirmam Santos e Corrêa (2009, p. 28) neste

evento os princípios foram revisados, mas “[...] é mantida a essência dos princípios:

a satisfação do usuário. Os mecanismos para alcançá-la é que se desenvolveram

[...]”.

Todas as modificações nos códigos bem como as decisões para melhorias

dos mesmos são tomadas nessas conferências. Por isso a importância delas para a

catalogação.

2.2 INSTRUMENTOS DISPONÍVEIS PARA CATALOGAÇÃO

Nesta seção serão apresentados alguns instrumentos necessários para a

realização da catalogação

Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR)

Formato MARC

Padrão Dublin Core

Functional Requirements of Bibliographic Records (FRBR)

Functional Requirements for Authority Data (FRAD)

2.2.1 Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR)

O Código de Catalogação Anglo-Americano (Anglo-American Cataloging

Rules-AACR) foi publicado em 1967 após propostas discutidas durante a

Conferência de Paris, em 1961. Em 1969, a primeira edição brasileira do AACR foi

publicada. Sua segunda edição (em inglês) - AACR2, foi publicada pela ALA em

1978. No Brasil sua tradução foi publicada em 1983 e a segunda edição revista, o

AACR2r em 1988.

11

Este código possui as diretrizes necessárias para a descrição dos

documentos, e é considerado instrumento imprescindível na realização da

catalogação.

Num futuro próximo possivelmente será substituído pelo RDA. Que após

análise de estudiosos sobre uma possível atualização do AACR2 revisado, propôs-

se a inclusão de descrição dos formatos atuais de documentos, os que envolvem as

novas tecnologias de informação e comunicação. Sendo assim verificou-se que seria

necessária não a revisão, mas a elaboração de um novo código.

2.2.2 Formato MARC

Criado na década de 1960 pela Library of Congress (LC) o formato MARC

tornou-se um instrumento imprescindível na automação de uma biblioteca. Com o

passar dos anos outros países basearam-se no USMARC para criar seus próprios

formatos, como por exemplo, o Brasil com o Formato CALCO. Em 1999 ocorreu a

fusão do USMARC, criado pela Library of Congress (LC), com o MARC canadense.

A este novo formato deu-se o nome de MARC21.

Como destacam Maranhão e Mendonça (2010) o formato MARC “[...] é um

conjunto de códigos e designações de conteúdos definido para codificar registros

que serão interpretados por máquina.” Dessa forma os registros catalogados podem

ser recuperados e migrados para os sistemas automatizados.

Um registro MARC é composto por três elementos: estrutura, indicação do conteúdo e conteúdo propriamente dito. A estrutura do registro é uma implementação dos padrões internacionais ANSI Z39.2 e ISO 2709. As indicações de conteúdo são códigos e convenções estabelecidos para identificar e caracterizar os dados dentro do registro e permitir sua manipulação. Os conteúdos dos dados que compõe um registro MARC geralmente são definidos por padrões externos ao formato, como: International Standard Bibliographic Description (ISBD), Anglo-American Cataloguing Rules (AACR2), Library of Congress Subject Headings (LCSH) ou outros códigos usados pela instituição criadora do registro. (MARANHÃO; MENDONÇA, 2010)

A utilização do padrão MARC tem como foco a eficiência dos serviços de

catalogação, pois “[...] previne a duplicidade de trabalho e possibilita às bibliotecas

compartilharem recursos bibliográficos [...]” (ZAFALON, 2008, p. 15). Tais benefícios

são imprescindíveis quando se pensa em uma unidade de informação moderna que

visa à rapidez dos serviços que oferece.

12

2.2.3 Padrão Dublin Core

Como afirma Grácio (2002, p. 42) o Dublin Core Metadata Iniciative (DCMI)

“[...] tem como principal missão criar mecanismos que facilitem a recuperação de

recursos na Internet, utilizando-se de padrões de metadados [...]”.

O padrão de metadados do Padrão Dublin Core reúne 15 elementos para

descrever um recurso eletrônico: Título, Autor, Assunto, Descrição, Editor,

Colaborador, Data, Tipo, Formato, Identificador, Fonte, Língua, Relação, Cobertura,

Direitos. De acordo com Mey e Silveira (2009, p. 136) o padrão Dublin Core veio

para complementar os padrões de descrição existentes, “[...] uma vez que os

registros gerados automaticamente se mostram restritos e inadequados às buscas,

enquanto os registros MARC exigem o trabalho profissional.”. Sendo assim o Dublin

Core surge como um “meio-termo” entre os padrões existentes.

2.2.4 Functional Requirements of Bibliographic Records (FRBR)

O FRBR foi desenvolvido pela IFLA e, segundo Tillett (2007 apud SANTOS;

CORRÊA, 2009, p. 57) “[...] a finalidade do FRBR é o apoio às funções de encontrar,

identificar, selecionar, adquirir ou obter acesso, navegar [...]”. Para Souza (2009, p.

97) o propósito do FRBR é “[...] proporcionar uma aproximação coerente da

catalogação descritiva e por assuntos, dos recursos bibliográficos de todos os tipos

[...]”. Dessa forma pode-se verificar que a utilização do FRBR foi pensada para a

recuperação da informação pelo usuário.

De acordo com Moreno (2006, p. 17), o FRBR “[...] apresenta conceito de

entidades, relacionamentos e atributos, baseados no modelo computacional

Entidade-Relacionamento, lançando um novo olhar sobre o objeto bibliográfico,

centrado no usuário e suas ações”. Este modelo mostra a estrutura conceitual do

registro bibliográfico. Segundo Souza (2009, p. 100) os elementos propostos pelos

FRBR são: “entidades, atributos e relacionamentos”.

Segundo Moreno (2006, p.35) quanto às entidades os FRBR são

apresentados em:

Dez entidades, divididas em três grupos: Grupo 1 – entidades que são produto de trabalho intelectual ou artístico, Grupo 2 – entidades que são responsáveis pelo conteúdo intelectual, guarda ou disseminação das entidades do primeiro grupo e Grupo 3 – entidades que são ou podem ser assunto das entidades.

13

De acordo com Mey e Silveira (2009, p. 17) os FRBR são um elemento

conceitual e não um código de catalogação, sendo assim “não invalidam a utilização

dos códigos de catalogação”, mas servem como base conceitual para o

aprimoramento de tais normas.

2.2.5 Functional Requirements of Authority Data (FRAD)

O FRAD é uma derivação do modelo conceitual FRBR, porém sua

abrangência é com relação aos registros de autoridade. Segundo Assumpção (2010,

p. 5)

Os relacionamentos entre as entidades definidas no FRAD podem ser divididos em quatro categorias: relacionamentos no nível genérico entre as entidades; entre pessoas, famílias, entidades coletivas e obras; entre nomes e pessoas, famílias, entidades coletivas e obras; e entre pontos de acesso controlados.

Com relação às entidades, no FRAD “[...] representam os principais objetos

de interesse dos usuários dos dados de autoridade [...]” (IFLA 2007 apud

ASSUMPÇÃO, 2010, p. 4).

Segundo Santos e Corrêa (2009, p. 62) o FRAD “Relaciona os autores

pessoais e/ou entidades autoras ao escopo do RDA.”. Assim como o FRBR e os

demais instrumentos utilizados para a catalogação, o FRAD é aplicado para a

otimização da recuperação da informação.

2.3 CONTEXTUALIZAÇÃO ATUAL DOS INSTRUMENTOS DE CATALOGAÇÃO: RDA

Na antiga tentativa de fazer com que a catalogação de um item seja feita

apenas uma vez, é proposto um novo instrumento para a realização da catalogação,

o Resource Description and Access (RDA), com vistas a tornar-se um código

internacional de catalogação.

Como afirmam Santos e Corrêa (2009, p. 17) o padrão RDA é uma proposta

“[...] elaborada em 2005 pelo Joint Steering Committee for Revision of AACR, hoje

denominado, Joint Steering Committee for Development of RDA”. A data de

publicação foi prevista para 2009, no entanto, o RDA ainda está em fase de testes.

A elaboração de um novo padrão deve-se não somente à necessidade de

padronizar a catalogação, mas principalmente devido às novas formas de registro da

14

informação que não possuíam especificidades nos códigos de catalogação

anteriores.

A estrutura do RDA é composta de 10 seções que tem como objetivo “[...]

uma interação eficiente entre RDA, FRBR e FRAD” (SANTOS; CORRÊA, 2009, p.

62). Ao comparar o RDA com o AACR verifica-se que o RDA é mais vantajoso por

abordar materiais que o AACR2r não conhecia. Segundo Modesto (2010):

Apesar do AACR2 ser aplicável à todo tipo de material, não se apresenta adaptado aos recursos digitais e às tecnologias de informação. Já, o RDA nasce orientado aos recursos de todo tipo de conteúdo e suporte. É adequado aos recursos digitais (e analógicos), e adaptado às tecnologias de informação.

A atualização que o RDA tem com relação aos tipos de suportes que

utilizamos hoje aliada a comunicação do mesmo com os códigos de catalogação,

formatos e regras justificam a ideia de que este instrumento de catalogação poderá

substituir o AACR2r.

15

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para enquadramento tipológico da presente pesquisa utilizou-se a

classificação apresentada por Collis (2005) na qual uma pesquisa é classificada

segundo quatro perspectivas: a) o objetivo de pesquisa; b) o processo de pesquisa;

c) a lógica da pesquisa; d) os resultados da pesquisa. A seguir apresenta-se um

fluxograma que indica as respectivas perspectivas de pesquisa, segundo Collis

(2005).

Figura 1 - Enquadramento tipológico da pesquisa Fonte: Adaptado de Collis. (2005, p. 25)

A presente pesquisa é considerada exploratória quanto ao seu objetivo, uma

vez que tem como foco principal identificar os instrumentos disponíveis para o

ensino de catalogação. Conforme afirma Andrade (1993, p.98) a pesquisa

exploratória tem como finalidade “[...] facilitar a delimitação de um tema de trabalho;

16

definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou descobrir novo tipo

de enfoque para o trabalho que se tem em mente”.

A pesquisa é considerada quantitativa quanto a sua abordagem, pois buscou-

se identificar quais os instrumentos de catalogação são ensinados nos cursos de

Biblioteconomia de Santa Catarina, bem como se esses instrumentos correspondem

às atividades realizadas pelos profissionais catalogadores.

Segundo Richardson (1999, p. 79) o método quantitativo:

[...] caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas [...] representa, em princípio, a intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e interpretação, possibilitando, consequentemente, uma margem de segurança quanto às inferências.

Quanto ao resultado da pesquisa é caracterizada como pesquisa básica. De

acordo com Collis (2005, p.27) “[...] é considerada a forma mais acadêmica de

pesquisa, visto que o principal objetivo é fazer uma contribuição para o

conhecimento”. Com esta pesquisa, propôs-se contribuir para o ensino nas escolas

de biblioteconomia do Brasil, visando a boa atuação profissional dos futuros

catalogadores.

Quanto ao delineamento da pesquisa Gil (2008, p.50) propõe uma divisão em

dois grupos:

[...] aqueles que se valem das chamadas fontes de “papel” e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. No primeiro grupo estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo estão a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post-facto, o levantamento, o estudo de campo e o estudo de caso.

Com relação ao primeiro grupo a pesquisa é considerada documental, pois

por meio da análise dos planos de ensino das disciplinas de catalogação dos cursos

de Biblioteconomia de Santa Catarina foram coletadas informações a respeito dos

instrumentos de catalogação utilizados no processo de ensino/aprendizagem dos

futuros egressos dos cursos.

Segundo Gil (2008, p. 51) “[...] a pesquisa documental vale-se de materiais

que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser

reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa.”

Quanto ao segundo grupo à pesquisa realizou um levantamento, pois

posteriormente foi realizada a aplicação de questionário com os profissionais

catalogadores para uma avaliação da relação do aprendizado adquirido em período

acadêmico com a realização das atividades de catalogação destes profissionais. De

17

acordo com Gil (2008, p. 51) as pesquisas de levantamento de campo (survey) se

caracterizam:

[...] pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para em seguida, mediante análise quantitativa, obter as conclusões correspondentes dos dados coletados.

Portanto, os instrumentos de coleta de dados serão, num primeiro momento,

os Planos de Ensino das disciplinas de Catalogação, e num segundo momento, o

Grupo de Estudos e Pesquisas de Catalogação (GEPCAT), a bibliografia disponível

(livros) e os questionários enviados aos profissionais que estão no mercado, para

verificar se o que foi ensinado nos cursos de graduação favoreceu sua atuação

profissional.

Com relação à análise dos dados, seu tratamento foi realizado com a

elaboração de gráficos, com o auxílio da ferramenta Excel para tabulação dos

dados, com base nos devidos resultados coletados.

4 UNIVERSO E APLICAÇÃO DA PESQUISA

Com a intenção de obtenção de dados, para posterior análise com o intuito de

verificar o objetivo geral da pesquisa, foi elaborado um questionário que, após

passar por uma fase de validação, foi devidamente enviado para que pudesse ser

respondido.

Para análise das matrizes curriculares dos cursos de Biblioteconomia em

Santa Catarina, mais especificamente das disciplinas de catalogação, foram

solicitados junto aos departamentos das universidades os planos de ensino das

disciplinas.

Foram analisados os planos de ensino das disciplinas de catalogação

enquadrados nos últimos 10 anos (2000 – 2010) dos cursos de Biblioteconomia

existentes no estado de Santa Catarina, respectivamente, da Universidade do

Estado de Santa Catarina e da Universidade Federal de Santa Catarina, ambos na

cidade de Florianópolis.

Os questionários foram enviados aos profissionais cadastrados no Conselho

Regional de Biblioteconomia 14ª Região no dia 27 de agosto de 2010. Foram

analisadas as respostas obtidas até o dia 20 de setembro de 2010. Infelizmente não

18

houve a possibilidade de enviar somente aos catalogadores, uma vez que não há

um cadastro dos profissionais por área de atuação, sendo assim foi solicitado para

que somente os profissionais atuantes na área de catalogação respondessem ao

questionário.

Dos 700 e-mails cadastrados no CRB - 14 à época do envio, cadastros estes

de catalogadores ou não, 64 responderam ao questionário. Tendo em vista que

responder ou não ao questionário era um ato voluntário, alguns e-mails cadastrados

poderiam estar desatualizados e que nem todos os que receberam o questionário

trabalham diretamente com a realização de catalogação, considera-se que o número

da amostra é passível de realizar uma análise dos resultados.

5 INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

5.1 PLANOS DE ENSINO – UDESC

Foram analisados os Planos de Ensino dos anos de 2000 a 2010 da disciplina

de catalogação. Devido às mudanças no currículo, a disciplina, dividida em três

semestres, passou por alterações em sua nomenclatura. Nessa época estavam

vigentes dois currículos. No período analisado, do ano 2000 ao ano 2005, o currículo

antigo apresentava as disciplinas de Catalogação: Entradas e Cabeçalhos,

Catalogação Descritiva, Catalogação de Multimeios e Catalogação Descritiva III.

No segundo semestre do ano 2000, a 5ª fase de Biblioteconomia tinha na

disciplina Catalogação: Entradas e Cabeçalhos que tinha como objetivo “Capacitar o

aluno a escolher os pontos de acesso e cabeçalhos de entradas corretos para o item

a ser catalogado.”.A ênfase dessa disciplina era no aprendizado da utilização do

AACR2.

No primeiro semestre de 2001, devido às alterações nos currículos, as

disciplinas Catalogação Descritiva e Representação Descritiva I estavam sendo

ensinadas na quarta e segunda fases, respectivamente. Ambas possuíam o mesmo

conteúdo programático e davam destaque ao aprendizado do AACR2, MARC21,

Controle Bibliográfico Universal e catálogos diversos.

19

A disciplina Catalogação de Multimeios ministrada no primeiro semestre de

2001 possuía conteúdo programático semelhante ao da disciplina Representação

Descritiva II ministrada no mesmo período, pelo mesmo motivo já citado

anteriormente de mudança de currículo. O objetivo das disciplinas era a catalogação

de materiais multimídias tendo por base o AACR2.

A disciplina Catalogação Descritiva III foi lecionada no segundo semestre de

2005 e como tratava da catalogação automatizada baseava-se no Formato

MARC21, além de apresentar aos acadêmicos o Software Pergamum, amplamente

utilizado em diversas bibliotecas.

A seguir serão apresentados quadros referentes às disciplinas Representação

Descritiva I, II e III.

20

Ferramentas/ Semestres AACR2 MARC21 CBU Catálogos Dublin Core Pergamum FRBR RDA

2000.1

2000.2

2001.1 X X X X

2001.2

2002.1

2002.2 X X X

2003.1

2003.2 X X X X

2004.1

2004.2

2005.1

2005.2 X X X

2006.1

2006.2 X X X

2007.1

2007.2 X X X

2008.1

2008.2 X X X X X

2009.1

2009.2 X X X X X

2010.1

2010.2

Quadro 1 - Representação Descritiva I Fonte: Planos de Ensino Biblioteconomia – UDESC

Como pode ser observado no quadro n.1 a partir de 2008 algumas

ferramentas mais atuais para a realização da catalogação passaram a fazer parte da

disciplina, o que significa uma atualização significativa no ensino da catalogação na

UDESC. Apesar de ainda não serem aplicados na prática o conhecimento dos novos

instrumentos que no futuro serão utilizados é de fundamental importância, pois

significa uma preocupação em formar bons profissionais.

O quadro n.2 apresenta a disciplina denominada Representação Descritiva II.

21

Ferramentas/ Semestres AACR2 MARC21 CBU Catálogos Dublin Core Pergamum FRBR RDA

2000.1

2000.2

2001.1

2001.2

2002.1 X

2002.2

2003.1 X X

2003.2

2004.1 X X

2004.2

2005.1 X X

2005.2

2006.1 X X

2006.2

2007.1 X X

2007.2

2008.1 X X

2008.2

2009.1 X

2009.2

2010.1 X

2010.2

Quadro 2 - Representação Descritiva II Fonte: Planos de Ensino Biblioteconomia - UDESC

Nessa disciplina é visível a importância no Formato MARC 21, pois é nessa

fase que o acadêmico passa a ter contato com formatos de intercâmbio, além de

adquirir uma visão de redes de catalogação cooperativa.

A seguir o quadro n.3 apresenta a disciplina Representação Descritiva III.

22

Ferramentas/ Semestres AACR2 MARC21 CBU Catálogos Dublin Core Pergamum FRBR RDA

2000.1

2000.2

2001.1

2001.2

2002.1

2002.2 X X

2003.1

2003.2 X X

2004.1

2004.2

2005.1

2005.2 X X X

2006.1

2006.2 X X X

2007.1

2007.2 X X X

2008.1

2008.2 X X X

2009.1

2009.2 X X X

2010.1

2010.2

Quadro 3 - Representação Descritiva III Fonte: Planos de Ensino Biblioteconomia – UDESC

A partir do segundo semestre de 2005 verificou-se uma inclusão do Padrão

Dublin Core e do software Pergamum. Novamente destaca-se a importância da

atualização dos conteúdos ensinados durante a graduação.

5.2 PLANOS DE ENSINO – UFSC

Os Planos de Ensino da UFSC foram analisados de maneira diferente dos

Planos de Ensino da UDESC, sem a utilização de quadros, tendo em vista o menor

número de documentos verificados. No período analisado (2000-2010) a UFSC

trabalhou com dois currículos. Até 2004 as disciplinas de catalogação estavam

separadas em três semestres, as disciplinas eram: Catalogação Descritiva,

Catalogação (entradas e cabeçalhos) e Catalogação de Multimeios, na 4ª, 5ª e 6ª

fases, respectivamente.

23

Com a mudança do currículo as disciplinas de catalogação passaram a estar

presentes em apenas dois semestres. E a partir de 2005 passaram a ser

denominadas Catalogação I e Catalogação II, presentes na 2ª e 3ª fases,

respectivamente.

No currículo antigo a disciplina Catalogação Descritiva tinha como objetivo

geral “Descrever catalograficamente materiais impressos (livros, folhetos e folhas

soltas impressas.” No conteúdo programático constava a parte histórica da

catalogação, tipos de catalogação, tais como a catalogação cooperativa,

catalogação na fonte e catalogação automatizada, o Formato MARC, além de

diversas abordagens a respeito de catálogos e a utilização do AACR2, entre outros

conteúdos.

Ainda no currículo antigo, a disciplina Catalogação (entradas e cabeçalhos)

tinha como foco o estabelecimento de entradas e cabeçalho de acordo com o

AACR2.

O currículo antigo encerrava o conteúdo de catalogação com a disciplina

Catalogação de Multimeios, que de acordo com o próprio nome objetivava aos

acadêmicos o aprendizado da catalogação de diversos multimeios.

A partir do ano de 2005 a disciplina Catalogação I estabelece o conhecimento

da evolução dos códigos de catalogação pelos acadêmicos, os diferentes sistemas

de catalogação, como por exemplo, o Formato MARC e o Padrão Dublin Core, além

de apresentar os conceitos e a utilização dos catálogos e seus diferentes tipos. Por

fim ainda era utilizado o AACR2 para a realização da catalogação descritiva.

A disciplina Catalogação II tem como objetivo a escolha dos pontos de

acesso, a elaboração de cabeçalhos e a descrição de multimeios. Nesta disciplina o

foco está no aprendizado do conhecimento e consequente prática da catalogação de

multimeios, que se faz cada vez mais presente no dia a dia das unidades de

informação.

5.3 INTERPRETAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS

Os questionários foram elaborados na ferramenta Google Docs, do Google.

Esta ferramenta permite não somente a elaboração de um questionário com

perguntas abertas e fechadas, mas também permite o envio do mesmo para que

possa ser respondido via e-mail. As respostas são enviadas automaticamente ao

24

autor em formato de planilha do Excel. Esta planilha deve ser organizada para a

realização da tabulação e análise dos dados.

A maior parte das pessoas que responderam ao questionário teve sua

formação no estado de Santa Catarina. Como é possível verificar no gráfico n.1, a

seguir, dos 64 respondentes, 28 se formaram na UFSC e 26 na UDESC.

Gráfico 1 - Formação universitária

Com relação ao ano de graduação o gráfico n.2 apresenta a porcentagem do

mesmo dividido de cinco em cinco anos a partir da década de 1990. Dos

profissionais que responderam ao questionário 13% se formou antes de 1990, 14%

entre 1990 e 1995, 11% entre 1995 e 2000, 36% entre 2000 e 2005 e 23% entre os

anos de 2005 e 2010. Somente 3%, o equivalente a duas pessoas, não informou o

ano de graduação. Com esses dados verificou-se que a maior parte dos

profissionais que trabalham diretamente com a catalogação no estado de Santa

Catarina se formou no início da década de 2000.

2826

2 2 2 1 1 1 1

UFSC UDESC FURG UFPR UFRGS UEL UFMG UFPE UNIRIO

25

Gráfico 2 - Ano da graduação

De acordo com gráfico n. 2, a maior parte dos respondentes se formou entre

os anos 2000 e 2005, e é justamente no período de 5 a 10 anos que se concentra a

maior parte dos catalogadores. No gráfico n. 3 é possível verificar que dos 64

profissionais, 24 começaram a trabalhar com catalogação há aproximadamente 5 e

10 anos, o que corresponde à maioria.

Gráfico 3 - Há quantos anos trabalha com catalogação

No gráfico n. 4 é possível analisar a porcentagem de profissionais que tiveram

contato com os instrumentos de catalogação AACR2, Formato MARC21 e Padrão

Dublin Core durante a graduação. Mais da metade dos profissionais que

23%

36%11%

14%

13%

3%

2005 - 2010

2000 - 2005

1995 - 2000

1990 - 1995

Antes de 1990

Não informou

0 - 5

5 - 10

10 - 15

15 - 20

20 - 25

Mais de 25

18

24

9

5

4

4

26

responderam ao questionário, mais precisamente 52%, disseram ter tido contato

com o AACR2 e o Formato MARC21.

Gráfico 4 - Instrumentos que teve contato na graduação

Com relação aos instrumentos utilizados na atuação profissional, o gráfico n.

5 demonstra que 66% dos profissionais responderam que não precisaram de algum

instrumento que não foi visto na graduação. Os 34% que responderam que

precisaram de algum instrumento que não foi visto durante a graduação

correspondem a 22 pessoas. Destes, 13 identificaram como instrumentos

necessários o Formato MARC21, 2 o Padrão Dublin Core, 1 o software Pergamum,

1informou ter necessitado do Formato MARC21 e do Padrão Dublin Core e 1

identificou o Formato MARC21 e o software Pergamum. Um total de 4 pessoas não

identificaram os instrumentos que precisaram na atuação profissional, mas não

conheceram durante a graduação.

37%

3%

52%

8%

AACR2r

Formato MARC21

AACR2r, Formato MARC21

AACR2r, Formato MARC21, Padrão Dublin Core

27

Gráfico 5 - Existência de instrumento necessário na atuação profissional não visto na graduação

Visando a analisar a relação dos instrumentos ensinados na graduação com a

real necessidade do catalogador na atuação profissional, questionou-se quais

instrumentos abordados nesta pesquisa são necessários aos profissionais. A maior

parte, correspondendo a 59%, respondeu que o Formato MARC21 e o Pergamum

são necessários, de acordo com o gráfico n. 6. Tais dados são relevantes tendo em

vista o grande número de unidades de informação que utilizam tais ferramentas.

O software Pergamum não é um instrumento de catalogação, mas sim um

sistema de automação, porém, como algumas perguntas do questionário eram

abertas os respondentes identificaram o software Pergamum como um instrumento

também. Sendo assim o software acabou por ser incluído nos dados obtidos com a

pesquisa como um elemento que, em alguns casos, não foi aprendido na graduação.

Ressalta-se que o Pergamum é um software muito utilizado no Estado de Santa

Catarina, o que acaba por influenciar no retorno e no equívoco dos catalogadores

em abordá-lo como instrumento de catalogação.

66%

34%

Não Sim

28

Gráfico 6 - Instrumentos necessários para a atuação profissional

Quanto aos instrumentos que os catalogadores utilizam no seu dia-a-dia, o

AACR2 e Formato MARC21 estão consideravelmente presentes. Dos 64

profissionais que responderam ao questionário, 37 afirmaram utilizar ambos em seu

trabalho.

Gráfico 7 - Quais instrumentos utiliza para catalogar

Tendo em vista uma atualização da formação dos profissionais catarinenses,

perguntou-se a respeito do conhecimento de novas ferramentas de catalogação.

59%9%

4%

5%

5%18%

Formato MARC21

Padrão Dublin Core

Pergamum

Formato MARC21; Padrão Dublin Core

Formato MARC21; Pergamum

Não respondeu

AACR2rFormato MARC21

AACR2r, Formato MARC21

AACR2r, Formato

MARC21 e outros

14

3

37

10

29

Das ferramentas apresentadas, 21 profissionais afirmaram conhecer o RDA, 08 o

FRBR e 05 o FRAD. Dos questionados, 20 afirmaram não conhecer as ferramentas,

o que corresponde a 31,25%. Esses dados são apresentados no gráfico n. 8.

Gráfico 8 - Conhecimento das novas ferramentas de catalogação

Dentre as ferramentas destacadas no questionário, AACR2r, Formato

MARC21 e Padrão Dublin Core, verificou-se que dos profissionais que se formaram

na UDESC, 19% julgou ter tido contato durante a graduação com as três

ferramentas citadas anteriormente. Já com relação aos que se formaram na UFSC a

maior parte, ou seja, 64%, afirmou ter tido contato na graduação apenas com o

AACR2r e o Formato MARC21. Tais números são identificados no gráfico n. 9.

0

5

10

15

20

25

30

Gráfico 9 - Instrumentos de catalogação que teve contato durante a graduação por universidade

Por ano de formação verificou-se conforme gráfico n. 10 que entre os anos

2000 e 2005 foi incluído o Padrão Dublin Core na graduação. Neste período, 4%

afirmaram o contato com essa ferramenta na graduação. No período entre 2005 e

2010 este número obteve um crescimento significativo, 27% afirmaram ter

conhecimento durante a graduação das ferramentas AACR2r, Formato MARC21 e

Padrão Dublin Core.

Pode-se afirmar que a partir do surgimento do Padrão Dublin Core e de sua

aplicação na realização da catalogação, verificou-se que este passou a ser ensinado

nos cursos de Biblioteconomia catarinenses.

0% 20% 40% 60% 80% 100%

UFSC

UDESC

FURG

UFPR

UFRGS

UEL

UFMG

UFPE

UNIRIO

32%

35%

50%

100%

100%

100%

64%

42%

50%

100%

100%

100%

19%

4%

4%

AACR2r AACR2r,Formato MARC21

AACR2r,Formato MARC21,Padrão Dublin Core

Formato MARC21

31

Gráfico 10 - Instrumentos de catalogação que teve contato durante a graduação por ano de

formação

Ao realizar uma análise a respeito do conhecimento das novas ferramentas para a

catalogação com as universidades nas quais os profissionais se formaram

identificou-se que 4% dos que são formados pela UFSC conhecem FRBR, FRAD e

RDA, no entanto, quase 50% afirmaram não conhecer as ferramentas. Na UDESC

8% afirmaram conhecer as três, enquanto que 15% afirmaram não conhecer.

Gráfico 11 - Conhecimento das ferramentas por universidade

0% 20% 40% 60% 80% 100%

2005 - 2010

2000 - 2005

1995 - 2000

1990 - 1995

Antes de 1990

Não informou

0%

30%

43%

78%

75%

50%

73%

65%

43%

22%

13%

50%

27%

4%

14%

13%

AACR2r AACR2r,Formato MARC21

AACR2r,Formato MARC21,Padrão Dublin Core

Formato MARC21

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

FURG

UDESC

UEL

UFMG

UFPE

UFPR

UFRGS

UFSC

UNIRIO

FRAD RDA FRBR FRBR;FRAD

FRAD;RDA

FRBR;RDA

FRBR;FRAD; RDA

Não conhece

32

Uma informação importante a ser destacada é quanto à necessidade do

profissional em fazer algum curso além da sua graduação para sua boa atuação

profissional. Além da graduação 63% dos profissionais que responderam ao

questionário apontaram não precisar fazer outro curso. Do total de entrevistados

31% afirmou ter feito algum curso presencial e 6% algum curso à distância. Esses

dados nos remetem ao gráfico n. 5 que demonstra a quantidade de profissionais que

precisou de algum instrumento que não foi visto na graduação. Pode-se afirmar que

tal relação existe, pois os profissionais que sentiram necessidade de conhecer

outras ferramentas de catalogação podem ter obtido esse conhecimento por meio de

cursos além de sua graduação. O gráfico n. 12 demonstra esses números.

Gráfico 12 - Necessidade de cursos além da graduação

Ao serem questionados sobre o conhecimento a respeito de sistemas

automatizados na graduação, verificou-se no gráfico n. 13 que é evidente a

atualização das matrizes curriculares. Dos profissionais formados antes de 1990,

88% afirmaram não ter tido conhecimento a esse respeito. Esse número diminuiu

consideravelmente com o passar dos anos. Dos formados entre 2005 e 2010, 73%

afirmaram que obtiveram conhecimento sobre sistemas automatizados na

graduação.

63%6%

31%

Não precisou fazer outro curso

Sim - Curso à distância

Sim - Curso presencial

33

Gráfico 13 - Conhecimento sobre sistemas automatizados para catalogação na

graduação por ano de formação

Ao comparar o conhecimento que os profissionais julgaram ter ao término da

graduação com o atual identificou-se que dos cinco que consideram ter bom

conhecimento, hoje afirmam ter excelente. Dos 20 que consideravam ter

conhecimento razoável, 19 acreditam ter passado a possuir bom conhecimento. Um

dos motivos para essa melhora pode ser a prática. A aplicação do que foi aprendido

na graduação e as próprias experiências diárias encontradas na realização da

catalogação acabam por fazer com que os profissionais envolvidos na atividade

aprendam sempre e aprimorem seus conhecimentos ao longo do tempo.

Gráfico 14 - Comparação entre conhecimento em catalogação ao término da

graduação com o atual

0% 20% 40% 60% 80% 100%

2005 - 2010

2000 - 2005

1995 - 2000

1990 - 1995

Antes de 1990

Não informou

27%

35%

71%

78%

88%

100%

73%

65%

29%

22%

12%

Não Sim

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Bom

Razoável

Ruim

Péssimo

5

1

2

24

19

4

1

4

4

Excelente Bom Razoável

34

Mais de 50% das respostas, tanto dos profissionais que se formaram na

UDESC quanto dos que se formaram na UFSC, disseram ter bom conhecimento de

catalogação ao sair da graduação. Este fator pode ser observado no gráfico a

seguir, além disso, também pode ser verificado que as respostas para ambas as

universidades foram bem equilibradas. Resultando num saldo positivo de avaliação

pessoal do aprendizado nestas instituições.

Gráfico 15 - Conhecimento sobre catalogação ao sair da graduação por universidade

Quanto à avaliação dos profissionais ao comparar a matriz curricular e o

conhecimento de catalogação que possuíam ao sair da graduação verificou-se

resultados importantes destacados no gráfico n. 16. Todos os que consideravam a

matriz curricular como sendo excelente acreditavam que seu conhecimento era bom.

Dos profissionais que julgaram a matriz curricular como boa, 31% definiram seu

conhecimento ao sair da graduação como razoável e 69% como bom. Das pessoas

que afirmaram possuir conhecimento péssimo 100% delas também acreditavam que

a matriz curricular era péssima. Esses dados nos demonstram que há uma relação

direta da qualidade da matriz curricular com o aprendizado do acadêmico.

0% 20% 40% 60% 80% 100%

FURG

UDESC

UEL

UFMG

UFPE

UFPR

UFRGS

UFSC

UNIRIO

Bom

Razoável

Ruim

Péssimo

35

Gráfico 16 - Qualidade da matriz curricular

O ensino da catalogação nas universidades catarinenses está diretamente

ligado à atuação dos profissionais. Verificou-se que os cursos de graduação, tanto

da UDESC quanto da UFSC buscam estar sempre atualizados para atender às

necessidades dos profissionais no mercado de trabalho.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

100%

69%

22%

31%

61%

17%

71%

29%

100%

Conhecimento péssimo ao terminar a graduação

Conhecimento Ruim ao terminar a graduação

Conhecimento Razoávelao terminar a graduação

Conhecimento Bom ao terminar a graduação

36

6 CONCLUSÃO

Com esta pesquisa pode ser verificado que os cursos de Biblioteconomia de

Santa Catarina estão em constante atualização, buscando sempre a melhor

formação para seus acadêmicos.

O problema de pesquisa visava a identificar se o ensino de catalogação nos

cursos atende às necessidades dos catalogadores, diante de tal questão foi

identificado como objetivo geral se o ensino dos cursos de Biblioteconomia de Santa

Catarina atende a essas necessidades. A pesquisa demonstrou que sim, o

catalogador tem o conhecimento necessário para sua atuação profissional ao sair da

graduação, pois diante dos instrumentos identificados como necessários para a

realização da catalogação, tais como AACR2, MARC, entre outros, todos foram

identificados nos planos de ensino das disciplinas de catalogação, bem como

também foram apontados, pelos profissionais que responderam ao questionário,

como aprendidos durante a graduação. É importante ressaltar que dependendo do

ano de formação do respondente algum instrumento pode não ter sido identificado,

uma vez que ainda não existiam.

Esta pesquisa contribuiu para a área por abordar temas atuais de

catalogação, como o RDA, além de ter realizado uma análise a respeito do que está

sendo ensinado nas disciplinas de catalogação em Santa Catarina.

Com o objetivo de verificar se o ensino de catalogação no Brasil supre as

necessidades dos profissionais é sugerido para futuras pesquisas que esta análise

seja realizada nos demais estados da federação. Desta maneira podemos contribuir

com a área verificando o que está sendo ensinado na academia e, inclusive

sugerindo melhorias, pensando sempre na boa formação dos profissionais da área

de catalogação.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A – Questionário aplicado aos catalogadores de Santa Catarina

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