O Escravo Como Heranca No R.S. Vol. 2

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deixado como deixado como deixado como O O O Escravo Escravo Escravo Herança Herança Herança Recorte temporal de setembro/1763 a maio/1888 Documentos da Escravidão no RS Documentos da Escravidão no RS Documentos da Escravidão no RS deixado como deixado como deixado como Documentos da Escravidão no RS Documentos da Escravidão no RS Documentos da Escravidão no RS O O O Escravo Escravo Escravo Herança Herança Herança Recorte temporal de setembro/1763 a maio/1888 inventários inventários inventários REALIZAÇÃO: SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS RECURSOS HUMANOS PATROCÍNIO: Vol. II Vol. II Vol. II

Transcript of O Escravo Como Heranca No R.S. Vol. 2

  • A Associao dos Amigos do Arquivo

    Pblico do Estado do Rio Grande do Sul

    AAAP foi criada em 2 de setembro de 1994,

    em solenidade que contou com a

    participao do grande incentivador o

    Professor Moacir Flores, mais um grupo de

    estudantes de historia, liderados pela

    professora Marisa Nonnenmacher, com a

    finalidade de conduzir o interesse da

    comunidade na suplementao de

    carncias administrativas, tcnicas e

    culturais do Arquivo Pblico do Estado do

    Rio Grande do Sul APERS..

    Desde ento, a AAAP tem atuado

    junto a Direo do APERS, no apoio das

    atividades tcnicas, cientficas e culturais

    desenvolvidas pelo Arquivo. Em 2006,

    durante as comemoraes do Centenrio do

    Arquivo, a Associao teve papel importante

    nas festividades.

    A tua lmen te , pa r t i c i pa como

    d i v u l g a d o r a d o P r o j e t o C u l t u r a l

    Descobrindo o Arquivo, que objetiva

    uma maior aproximao do Arquivo com a

    sociedade e, para isso, disponibiliza seus

    espaos para realizao de eventos ligados

    a msica, literatura, artes plsticas, teatro e

    dana. Em 2007, foram criados os espaos

    culturais - Sala Joel Ablio Pinto dos Santos,

    Auditrio Marcos Justo Tramontini e Sala

    Borges de Medeiros, alm do espao do

    Jardim, que tm abrigado vrios eventos e

    exposies. A Associao participa do

    projeto como apoiadora, na divulgao dos

    eventos e, como suporte, para as aes que

    requeiram recursos financeiros.

    A AAAP coordenou e administrou as

    aes do Projeto Documentos da

    Escravido no Rio Grande do Sul

    aprovado pelo Ministrio da Cultura, com o

    objetivo de identificar e inventariar o acervo

    documental custodiado pelo APERS, sobre

    a escravido no Estado do Rio Grande do

    Sul.

    GESTO 2009-2011.

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    Recorte temporal de setembro/1763 a maio/1888 Recorte temporal de setembro/1763 a maio/1888 Recorte temporal de setembro/1763 a maio/1888

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    REALIZAO:

    SECRETARIA DA ADMINISTRAO

    E DOS RECURSOS HUMANOS

    PATROCNIO:

    Vol. IIVol. IIVol. IIVol. II

  • DOCUMENTOS DA ESCRAVIDO NO RIO GRANDE DO SUL

    INVENTRIOS

    O ESCRAVO DEIXADO COMO HERANA

    Volume 2

    Porto Alegre, 2010

  • Governo do Estado do Rio Grande do Sul Governadora Yeda Rorato Crusius Secretaria da Administrao e dos Recursos Humanos Secretrio Eli Guimares Departamento de Arquivo Pblico Diretora Rosani Gorete Feron Ficha Tcnica Equipe de Pesquisa Histrica: Estagirios: Ana Cristina Meneghetti Charles Rafael Brito Daiana Vingert Settin Daniel Jos Steil da Silva Daniela Machado Robl Danielle Pereira dina Santos Agliardi Felipe Biasus Felipe Marcon Graziela Silva Souza e Silva Hendrix Alessandro Anzorena Silveira Kaue Catalfamo Lauren Teixeira Nunes

    Luciane Mondin Cardoso Flores Luciano Andr Perosa

    Marcelo Armellini Corra Marcelo da Cruz Cortes

    Mari Emlia dos Santos Dias Mrlon Silveira da Silva

    Natacha Stanislawa Petrovicz Natlia Munaro de Leo

    Nathlia Boni Cadore Paulo Roberto Gonchoroscki Gonalves

    Roberta Frana Vieira Zettel Sabrina Alencastro Ferreira

    Coordenao: Bruno Stelmach Pessi Capa: Marcelo Fonseca Mattos

    Catalogao elaborada pela Biblioteca da Secretaria da Administrao e dos Recursos Humanos Bibliotecria responsvel: Adriana Arruda Flores, CRB10-1285.

    R585d Rio Grande do Sul. Secretaria da Administrao e dos Recursos Humanos. Departamento de Arquivo Pblico. Documentos da escravido : inventrios : o escravo deixado como herana / Coordenao Bruno Stelmach Pessi. Porto Alegre : Companhia Rio-grandense de Artes Grficas (CORAG), 2010. 4 v. ISBN: 978-85-7770-123-0

    1. Escravos Rio Grande do Sul 2. Histria Rio Grande do Sul I. Arquivo Pblico do Estado do Rio Grande do Sul II. Pessi, Bruno Stelmach III. t. CDU 326(816.5)(09)

  • SUMRIO Apresentao .............................................................................................................................................................................................. 7 Prefcio ........................................................................................................................................................................................................ 9 Introduo................................................................................................................................................................................................. 15

    Fundo 004: Comarca de Porto Alegre (Cont.) ......................................................................................................... 17

    Localidade: Estrela.............................................................................................................................................................................. 19 Subfundo: Vara de Famlia ........................................................................................................................................................ 19

    Localidade: Lageado ............................................................................................................................................................................ 19 Subfundo: Vara de Famlia e Sucesso .................................................................................................................................... 19

    Localidade: Montenegro ....................................................................................................................................................................... 19 Subfundo: Vara de Famlia ........................................................................................................................................................ 19 Subfundo: Cvel e Crime ........................................................................................................................................................... 32 Subfundo: Provedoria ................................................................................................................................................................ 35

    Localidade: Osrio ............................................................................................................................................................................... 35 Subfundo: Vara Cvel e Crime .................................................................................................................................................. 35 Subfundo: Vara de Famlia e Sucesso .................................................................................................................................... 35 Subfundo: Provedoria ................................................................................................................................................................ 45

    Localidade: Santo Antnio da Patrulha ............................................................................................................................................... 45 Subfundo: Vara Cvel e Crime .................................................................................................................................................. 45 Subfundo: I Vara de Famlia ..................................................................................................................................................... 45

    Localidade: So Jernimo ..................................................................................................................................................................... 61 Subfundo: I Cvel e Crime ......................................................................................................................................................... 61 Subfundo: Vara de Famlia ........................................................................................................................................................ 67 Subfundo: Provedoria ................................................................................................................................................................ 85

    Localidade: So Leopoldo .................................................................................................................................................................... 85 Subfundo: I Vara Cvel e Crime ............................................................................................................................................... 85 Subfundo: I Vara de Famlia ..................................................................................................................................................... 90 Subfundo: II Vara de Famlia.................................................................................................................................................. 109

    Localidade: So Sebastio do Ca ...................................................................................................................................................... 112 Subfundo: I Vara de Famlia ................................................................................................................................................... 112

    Localidade: Tapes .............................................................................................................................................................................. 112 Subfundo: Provedoria .............................................................................................................................................................. 112 Subfundo: Vara de Famlia ...................................................................................................................................................... 113

    Localidade: Taquara ......................................................................................................................................................................... 114 Subfundo: Vara de Famlia ...................................................................................................................................................... 114

    Localidade: Taquari .......................................................................................................................................................................... 118 Subfundo: Vara de Famlia e Sucesso .................................................................................................................................. 118 Subfundo: Cvel e Crime ......................................................................................................................................................... 143

    Localidade: Triunfo ........................................................................................................................................................................... 152 Subfundo: Vara de Famlia ...................................................................................................................................................... 152 Subfundo: Provedoria .............................................................................................................................................................. 164

    Localidade: Viamo .......................................................................................................................................................................... 165 Subfundo: Vara de Famlia ...................................................................................................................................................... 165

    Fundo 005: Comarca de Rio Grande ...................................................................................................................... 169

    Localidade: Rio Grande..................................................................................................................................................................... 171 Subfundo: I Vara Cvel e Crime ............................................................................................................................................. 171 Subfundo: II Vara Cvel e Crime ............................................................................................................................................ 186 Subfundo: Vara de Famlia, Sucesso e Provedoria ............................................................................................................. 198 Subfundo: II Vara de Famlia e Sucesso .............................................................................................................................. 271

    Localidade: Pelotas ............................................................................................................................................................................ 276 Subfundo: II Vara Cvel ........................................................................................................................................................... 276 Subfundo: I Vara Cvel ............................................................................................................................................................ 283 Subfundo: Vara de Famlia, Sucesso e Provedoria ............................................................................................................. 291 Subfundo: II Vara de Famlia.................................................................................................................................................. 354

    Localidade: So Jos do Norte ........................................................................................................................................................... 355 Subfundo: Vara de Cvel e Crime ........................................................................................................................................... 355 Subfundo: Vara de Famlia ...................................................................................................................................................... 368

    Localidade: So Loureno .................................................................................................................................................................. 401 Subfundo: Vara de Famlia ...................................................................................................................................................... 401

  • Fundo 007: Comarca de Rio Pardo ........................................................................................................................ 403 Localidade: Rio Pardo ....................................................................................................................................................................... 405

    Subfundo: Vara Cvel e Crime ................................................................................................................................................ 405 Subfundo: Vara de Famlia ...................................................................................................................................................... 422 Subfundo: Provedoria .............................................................................................................................................................. 463

    Localidade: Bag ............................................................................................................................................................................... 463 Subfundo: I Vara Cvel e Crime ............................................................................................................................................. 463 Subfundo: I Vara de Famlia ................................................................................................................................................... 463

    Localidade: Caapava do Sul ............................................................................................................................................................. 469 Subfundo: Vara de Famlia, Sucesso e Provedoria ............................................................................................................. 478

    Localidade: Cachoeira do Sul ............................................................................................................................................................. 479 Subfundo: I Vara Cvel e Crime ............................................................................................................................................. 479 Subfundo: I Vara de Famlia ................................................................................................................................................... 484 Subfundo: Provedoria .............................................................................................................................................................. 510

    Localidade: Camaqu ........................................................................................................................................................................ 513 Subfundo: I Cvel e Crime ....................................................................................................................................................... 513

    Localidade: Dom Pedrito ................................................................................................................................................................... 517 Subfundo: I Vara Cvel e Crime ............................................................................................................................................. 517

    Localidade: Encruzilhada do Sul ....................................................................................................................................................... 520 Subfundo: Vara de Famlia ...................................................................................................................................................... 520 Subfundo: Cvel e Crime ......................................................................................................................................................... 543 Subfundo: Provedoria .............................................................................................................................................................. 550

    Localidade: Jlio de Castilhos ............................................................................................................................................................ 551 Subfundo: Vara de Famlia ...................................................................................................................................................... 551 Subfundo: Vara Cvel e Crime ................................................................................................................................................ 553 Subfundo: Provedoria .............................................................................................................................................................. 554

    Localidade: Santa Cruz .................................................................................................................................................................... 554 Subfundo: Vara de Famlia ...................................................................................................................................................... 554

    Localidade: Santa Maria ................................................................................................................................................................... 554 Subfundo: I Vara de Famlia ................................................................................................................................................... 554

    Localidade: Santana do Livramento ................................................................................................................................................... 556 Subfundo: Vara de Famlia ...................................................................................................................................................... 556

    Localidade: So Gabriel .................................................................................................................................................................... 558 Subfundo: I Vara de Famlia ................................................................................................................................................... 558

    Localidade: So Sep ......................................................................................................................................................................... 561 Subfundo: Vara de Famlia ...................................................................................................................................................... 561

    Tabela de Fundos Documentais Trabalhados ...................................................................................................... 567

  • Parte importante da nossa histria memria inevitvel, dvida pendente se refere escravido. Conhecer melhor essa parte conhecer melhor nosso passado, tratar de entend-lo. Da a importncia indiscutvel de toda a documentao relacionada ao perodo da escravido em nosso pas.

    O Arquivo Pblico do Estado do Rio Grande do Sul abriga vasto material para que se faa essa pesquisa. Parte desse acervo est agora reunida nos Catlogos Seletivos de Compra e Venda, que integra o projeto relacionado a Documentos da Escravido naquele Estado e traz ainda inventrios, testamentos e processos judiciais.

    Preservar, reunir e divulgar esse material instrumento importante no apenas para facilitar o trabalho de pesquisadores e estudiosos, mas tambm para possibilitar ao pblico o acesso direto ao acervo do Arquivo Pblico.

    A Petrobras uma empresa comprometida com o futuro do Brasil. E exatamente por isso que reconhece a importncia fundamental de conhecermos o nosso passado.

    Assim, ao patrocinar a publicao desses Catlogos, a empresa contribui para que se possa lanar um olhar cuidadoso sobre um perodo da nossa histria que merece ser estudado a fundo. E, a partir desse estudo, assegurar que os brasileiros encontrem, com a permanente participao da Petrobras, o melhor e mais curto caminho para o futuro que todos merecemos.

  • 7

    APRESENTAO

    O Arquivo Pblico do Estado do Rio Grande do Sul (APERS), Departamento da Secretaria da Administrao e dos Recursos Humanos, vem atendendo sociedade ao longo dos seus 104 anos e proporcionando aos cidados um dos preceitos constitucionais: o acesso informao (artigo 5, inciso XIV). Para atend-lo e dissemin-lo, um arquivo permanente precisa, necessariamente, elaborar instrumentos de pesquisa, que tm como finalidade construir a via de acesso do pesquisador ao documento.

    Neste sentido, o APERS, por meio do Projeto Documentos da Escravido, pretende retomar uma prtica que foi iniciada em 1921 e se estendeu at 1930, quando publicou instrumentos de pesquisa, como o Inventrio da Comarca de Porto Alegre, na Revista do Arquivo Pblico.

    O Projeto Documentos da Escravido no Rio Grande do Sul tem por objetivo difundir a temtica atravs da publicao dos catlogos seletivos que tratam da comercializao de escravos: o escravo como bem, na partilha de bens, e o escravo como ru ou vtima em crimes. O recorte temporal abrange o perodo de setembro de 1763, relativo escritura pblica mais antiga do acervo do APERS, at o dia 13 de maio de 1888, data da abolio da escravatura no Brasil. Para a realizao deste trabalho, foram inventariadas, da poca escravista, 542.600 registros notariais e 73.260 aes judiciais, totalizando 615.860 fontes primrias. Tivemos a colaborao de mais de 30 pesquisadores que se debruaram sobre os documentos para a elaborao dos verbetes que deram origem aos catlogos. Encontra-se j publicado desde 2006 o catlogo referente s cartas de liberdade que identificou 18.718 documentos. Desta forma, o APERS possui o maior acervo do Estado referente ao perodo da escravido.

    O trabalho beneficiar a comunidade cientfica, pela facilidade de acesso e compilao das informaes, o usurio em geral, principalmente os descendentes de origem africana, pela possibilidade de resgate de sua histria e o APERS, por tornar ainda mais visvel o seu acervo, constitudo de 18 milhes de documentos.

    Eli Guimares

    Secretrio da Administrao e dos Recursos Humanos

  • 9

    PREFCIO

    O Arquivo Pblico do Estado do Rio Grande do Sul constitui um lugar privilegiado para a pesquisa histrica. Os prdios, situados em uma das reas mais antigas da cidade e em um local de trnsito intenso, vistos pelo lado de fora, pouco deixam suspeitar do seu patrimnio. Logo na entrada, tem-se a recepo primorosa dos funcionrios e a apresentao da sala dos pesquisadores. As visitas ao seu acervo, propriamente dito, so sempre guiadas. Ao se atravessar um ptio interno, guarnecido por um lindo jardim e rvores centenrias, adentra-se o interior do arquivo. Sua construo se iniciou em 1906 e seus prdios foram feitos especialmente para a guarda dos documentos administrativos e legislativos do Estado, alm de se dedicar aqueles documentos pertinentes a histria, a geografia, as artes e indstrias1

    Ao caminhar pelas prateleiras, pelo desenho impressionante das pilhas de papel, lembramos com facilidade da frase que Langlois e Seignobos proferiram no final do sculo XIX: sem documentos, no h histria

    . A arquitetura dos prdios valorizou, em cada detalhe, a importncia da conservao dos acervos. Os andares so divididos por estruturas metlicas e com prateleiras grossas que abrigam os maos documentais, em uma tentativa de acondicionar, da forma mais apropriada possvel, os papis ali depositados. Os prdios, sua estrutura, constituem um conjunto simplesmente impressionante. No raro, no Brasil, que nossos documentos estejam acondicionados em locais pouco adequados. O Arquivo Pblico, neste caso, sempre constituiu uma exceo importante.

    2

    Autores como Marc Bloch e Lucien Febvre no cansaram de dizer que os documentos mesmo os mais claros na aparncia e os mais condescendentes, s falam quando se sabe interrog-los. No livro Introduo a Histria, Bloch chega a dizer que no se pode dar pior conselho a um principiante do que aguardar, numa atitude de aparente submisso, a inspirao do documento. Por isso muita investigao cheia de boa vontade se viu reduzida insignificncia ou ao fracasso. Os documentos devem, pois, ser lidos a partir de problemas de pesquisa bem estabelecidos. Devem ser interrogados, mesmo se a escolha refletida das perguntas for extremamente malevel, suscetvel de se enriquecer pelo caminho de uma quantidade de quesitos novos e aberta a todas as surpresas. Por fim, conclui o autor: o explorador sabe, antecipadamente, que o itinerrio que traou ao partir no ser seguido ponto por ponto. Mas, sem o traar, arrisca-se a andar eternamente aventura

    . Naquele momento, quando a histria se institucionalizava como uma disciplina cientfica, os documentos, como repositrios incontestes do passado, tornavam-se a matria prima da Histria. Devemos gerao dos autores citados acima, certamente, uma maior sensibilidade em relao a importncia da conservao das fontes escritas como traos das aes humanas no passado. Borges de Medeiros, talvez inspirado por esta tradio, tenha tido a iniciativa de construir o Arquivo Pblico gacho. No Rio Grande do Sul, desde 1860, quando da fundao do Instituto Histrico e Geogrfico, j se tinha tido iniciativas no sentido de conservar e tornar pblico os documentos. Ali j se havia publicado, em suas revistas, alguns documentos tais como a lista dos governos da Provncia desde 1737 a 1810, extratos de atos da Cmara de 1812 a 1822, 1824 a 1831; cpias de atas de instalao de cidades e vilas; entre vrios outros. Naquele momento, a escrita da histria, tanto aqui como alhures, tinha um carter cvico, privilegiava a ao dos grandes homens e era voltada para os eventos polticos e militares. Apesar de ter dado contribuies para o estudo da histria, esta perspectiva foi largamente criticada pelas geraes subseqentes.

    3

    Mudou-se a perspectiva com a qual lemos os documentos, mas eles no deixaram de ser, por isso, importantes para os historiadores. E para que se possa, justamente, construir problemas de pesquisa slidos, torna-se cada vez mais necessrio que se tenha um acesso rpido e qualificado s fontes documentais. Nos ltimos anos temos assistido a algumas iniciativas importantes neste sentido que tem, cada vez mais, apontado os caminhos para consulta de acervos especficos tais como aqueles referentes histria dos escravos e seus descendentes no Brasil. Destaco, neste sentido, obras tais como o Repertrio de Fontes Oitocentistas, relativo aos escravos e, o CD-ROM sobre o Projeto Trfico de escravos, este ltimo realizado em parceria com a UNESCO. Ambos foram publicados pela Biblioteca Nacional

    . A partir de assertivas como estas, a forma de se pensar e escrever a histria se modificou bastante.

    4. Cito, ainda, o Catlogo Seletivo de documentos sobre africanos e afro descendentes, publicado pelo Arquivo Pblico do Paran5 para mencionar apenas alguns casos significativos. O Arquivo Pblico do Rio Grande do Sul tem se somado a estes esforos e j publicou um catlogo volumoso referente s alforrias de escravos do interior do Estado6

    1 Para maiores informaes consulte-se: www.apers.rs.gov.br. 2 Langlois, C. e Seignobos, C. Introduo aos estudos histricos. So Paulo: Renascena, 1946 3 Bloch, Marc. Introduo a Histria. Lisboa: Publicaes Europa-America, [19--], p. 61. 4Schwarcz, L. K. M. ; Garcia, L. . Registros escravos: repertrio das fontes oitocentistas pertencentes ao acervo da Biblioteca Nacional. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora da Biblioteca Nacional, 2006. v. 1. 5 Catlogo seletivo de documentos referentes aos africanos e afro descendentes livres e escravos. Coleo Pontos e Acesso, vol.02, Curitiba: Arquivo Pblico do Paran, 2005.

    . Atualmente, vem se dedicando a publicao de

    6 Rio Grande do Sul. Secretaria da Administrao e dos Recursos Humanos. Departamento de Arquivo Pblico. Documentos da Escravido catlogo seletivo de cartas de liberdade acervo dos tabelionatos do interior do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Corag,

  • 10

    instrumentos de pesquisa referentes aos contratos de compra e venda de escravos e, o que nos interessa aqui mais de perto, os inventrios post-mortem.

    Os inventrios constituem uma fonte riqussima. Em sua leitura, Alcntara Machado, certamente, foi um pioneiro. Em seu livro sobre o bandeirantismo, j louvava a iniciativa do arquivo paulista ao publicar os inventrios de 1578 a 1700, centro primordial de suas reflexes. Era precursor tambm, na crtica histria de cunho mais tradicional. Afirmava que reduzir o estudo do passado biografia dos homens ilustres e narrativa dos feitos retumbantes seria absurdo to desmedido como circunscrever a geografia ao estudo das montanhas. Conflitos externos, querelas de faces, atos de governo esto longe de constituir a verdadeira trama da vida nacional. No passam de incidentes; e, o que mais, so o produto de um sem-nmero de fatores ocultos que os condicionam e explicam. Os inventrios, neste contexto, dariam preciosos subsdios para a compreenso do passado. Constituam, para ele, um generoso manancial de notcias relativas organizao da famlia, vida ntima, economia e cultura dos povoadores de So Paulo. Em sua opinio, constituam depoimentos incomparveis do teor da vida e da feio das almas na sociedade colonial7

    A seus estudos, seguiram-se outros importantes. A histria econmica e demogrfica, por exemplo, tem dado contribuies fundamentais para que se faam novas reflexes sobre nosso passado. Osrio

    . Elaborando novas questes sobre a vida colonial, este autor haveria de se dedicar ao estudo de fontes que, at

    ento, no eram to valorizadas. Neste sentido, os inventrios demonstraram toda a sua riqueza. Em sua leitura, destacou, em primeiro lugar, a anlise das fortunas coloniais. O que naquele perodo tinha maior valor nos esplios? Perguntava-se. Para responder a tal indagao demonstrou ser cauteloso com a anlise dos dados ali registrados. Qual o peso das terras e da fora de trabalho indgena, em um momento no qual as terras nem sempre eram partilhadas e os ndios administrados nem sempre eram mencionados? A partir, pois, de uma leitura cuidadosa vai escrever um dos primeiros trabalhos sobre a constituio das fortunas e sobre o impacto do trabalho servil em sua constituio. Detalhista em suas observaes vai apontar os negros da terra, os registros das naes indgenas, o aparecimento, ainda no sculo XVII, dos escravos africanos. Machado ao valorizar a leitura dos inventrios, abria as portas para importantes campos de reflexo sobre o passado brasileiro.

    8, referindo-se historiografia sul rio-grandense, j destacava em seu estudo o quanto havia predominado nas geraes precedentes abordagens diplomticas, militares e administrativas. Ela apontava, ainda, a ausncia de uma pesquisa primria e de uma abordagem mais exaustiva e quantitativa para uma melhor compreenso da histria local. Inspirador, sem duvida, para a pesquisa desta autora sobre a estrutura produtiva e faixas de fortuna foi o trabalho de Joo Fragoso e sua critica quelas interpretaes que descreviam o Brasil colonial a partir da agroexportao, da monocultura e do trabalho escravo, com uma produo voltada apenas para o exterior, resultando na incapacidade da colnia em gerar circuitos internos de acumulao. Fragoso vai se preocupar em demonstrar o quanto a sociedade escravista colonial apresentava um perfil de riquezas diferenciado deste modelo. Em seu estudo sobre o Rio de Janeiro conclui que a estrutura de produo colonial gerava seus mercados de homens e alimentos o que viabilizava a apario de circuitos internos de acumulao para alm das trocas com a Europa. No espao colonial, por sua vez, havia um amplo mosaico de formas de produo no capitalistas que se utilizavam, inclusive, do trabalho escravo, entre outras formas de trabalho, na produo de alimentos e de insumos bsicos a baixos custos. Em relao aos escravos, por exemplo, mostrou que a utilizao de sua fora de trabalho ia muito alm das plantations, sendo acessvel para pequenos e mdios proprietrios. Em sua pesquisa buscou ir alm dos simples relatos de cronistas e viajantes para privilegiar fontes seriais tais como os inventrios post-mortem. Por ser uma fonte homognea, macia e reiterativa no tempo, foi essencial para estudar a composio das fortunas escravistas9

    Outras pesquisas tambm buscaram demonstrar a difuso da posse de cativos, indicando uma diversidade espacial e social maior do que se supunha. Schwartz, analisando a Bahia, chama a ateno para a disperso dos escravos por toda a populao, sua presena tanto no contexto rural quanto no urbano e a influncia dos padres de posse de escravos sobre a vida e a cultura escrava. Assinale-se tambm trabalhos como o de Iraci Del Nero da Costa sobre a estrutura de posse em So Paulo e os importantes estudos demogrficos desenvolvidos no NEHD

    .

    10. Por ltimo, mas, no menos importante, so trabalhos como os de Karasch11

    2006. Para as alforrias em Porto Alegre, consulte Moreira, Paulo Roberto Staudt. Que com seu trabalho nos sustenta : as cartas de alforria de Porto Alegre (1748-1888). Porto Alegre: EST, 2007. 800 p. 7 Machado, Alcantara. Vida e morte do bandeirante. 2. ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 1930. 278 p 8 Osrio, Helen. O imprio portugus no sul da Amrica : estancieiros, lavradores e comerciantes. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. 355 p 9 Cardoso, Ciro Flamarion (Org). Escravido e abolio no Brasil: novas perspectivas. Rio de Janeiro:Jorge Zahar Editor, 1988, p. 15-62. Fragoso, Joo e Manolo Florentino. O arcasmo como projeto. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2001, p. 23-41. 10 Schwartz, Stuart. Segredos Internos. So Paulo: Companhia das Letras, 1988. Costa, Iraci Del Nero e Luna, Francisco Vidal. Posse de escravos em So Paulo no incio do sculo XIX. Estudos Econmicos, 13(1):211-21, 1983 e consulte-se o site do NEHD-Ncleo de Estudos em Histria Demogrfica da FEA/USP, http://historia_demografica.tripod.com. 11 Karasch, Mary. A vida dos escravos no Rio de Janeiro (1808-1850). So Paulo: Companhia das Letras, 2000.

    sobre a escravido urbana que muito nos auxiliam para o entendimento sobre a vivncia dos escravos, sobre suas procedncias, suas sades, seus ofcios, etc.

  • 11

    Em alguns locais no Brasil, tem-se a vantagem de se contar tambm com listas nominativas, censos e estimativas governamentais. Tais fontes tm permitido trabalhos pioneiros como os de Eisenberg12 sobre o perfil dos habitantes de unidades produtivas (ou fogos), sobre a quantidade de bens e de produo, sobre a posse e o uso diferencial da terra e de escravos, a mobilidade geogrfica e social dos chefes dos fogos, entre outros aspectos. A pesquisa dele seguiu-se outras como o livro de Bacelar13 sobre Sorocaba durante o sculo XVIII e XIX, na qual soma a investigao em listas nominativas a registros paroquiais para desvendar padres demogrficos e recuperar histrias de vida de atores annimos. Sobre o padro de posse de escravos em Bananal, tem-se a extensa pesquisa de Jos Flvio Motta14. A enumerao de autores aqui seria exaustiva, mas quero apenas destacar a riqueza de trabalhos como estes para que se revejam modelos interpretativos sobre o passado escravista brasileiro. A histria demogrfica, de cunho mais quantitativo, por sua vez, se renovou bastante com o dilogo com a histria social e com as anlises mais qualitativas. Exemplar, neste sentido, o belssimo livro de Slenes15

    No caso do Rio Grande do Sul, no entanto, os dados so mais escassos. Na ausncia de censos detalhados ou de listas nominativas, h trabalhos que privilegiaram fontes eclesisticas tais como os ris de confessados para compreender o processo formativo desta localidade. Kuhn

    que, partindo de um estudo sobre a demografia e a economia da escravido no Brasil (1850-1888) questionou, em primeiro lugar, a patologia da famlia escrava, vindo no decorrer da pesquisa, a aprofundar seus estudos, buscando no cruzamento com fontes qualitativas, investigar sobre a autonomia dos escravos e a cultura centro-africana no Brasil.

    16

    Quero destacar, em seguida, autores como Zarth, Osrio, Farinatti e Arajo por terem em seus respectivos trabalhos se dedicado a analise de inventrios. Zarth analisou dados sobre a Provncia desde o inicio do sculo XIX at a abolio em 1888. Osrio, tambm investigando a totalidade da Provncia, restringiu seus estudos ao perodo colonial, 1737-1822. J Farinatti, pesquisou Alegrete no perodo de 1831-1850 e Arajo, por fim, trabalhou com a regio de Cruz Alta em 1834-1879

    , ao trabalhar estes dados para Viamo (1751), reavalia a importncia da populao escrava, a expressiva presena de cativos africanos, alm de citar alguns indicadores relativos a estrutura de posse de cativos e a presena e difuso da famlia escrava, entre outros aspectos. Os dados apresentados em documentos tais como os ris de confessados so riqussimos, sem dvida alguma, e a eles deve se somar a contribuio da pesquisa em inventrios. Estes ltimos, por ser fontes seriadas, por sua extenso no espao sul rio-grandense, permitem abordagens quantitativas, nas quais se destaca a possibilidade de examinar, entre outros elementos, a formao de fortunas e a estrutura de posse dos escravos ao longo do tempo. Somados a outras fontes e formas de abordagem qualitativa, podem tambm constituir-se em fonte inovadora sobre a histria do Rio Grande do Sul.

    17

    Ao dialogar com o trabalho de Zarth, Osrio argumentou sobre a necessidade de se investigar cada vez mais a composio do patrimnio produtivo sul-rio-grandense. Qual o peso das terras e suas benfeitorias, dos equipamentos, dos animais e, principalmente, dos escravos na constituio das fortunas? Qual a efetiva participao dos escravos no trabalho das estncias ou na produo do trigo, alm do grau de disseminao da propriedade escrava entre a populao? Atravs de

    . Recortes temporais e espaciais como estes j anunciam a potencialidade das comparaes relativas a diferentes regies e formas de produo no Rio Grande do Sul.

    Zarth foi um dos primeiros autores a mergulhar na leitura dos inventrios e a mostrar com riqueza de detalhes e para vrios municpios, aspectos sobre a produo, tecnologia, estrutura fundiria e relaes de trabalho. Ao discutir a presena dos escravos, ponderou que, no momento em que fez sua pesquisa, o papel da escravido nas diversas atividades produtivas ainda no estavam muito claras, principalmente no tocante a produo de gado nas estncias. Referindo-se a historiografia tradicional ressaltava o quanto se minimizava a presena dos escravos africanos na formao do Rio Grande do Sul. Se se considerava o trabalho escravo na produo de charque, diminua-se sua importncia nos estabelecimentos pastoris. A leitura dos inventrios permitiu a este autor revisitar a historiografia, apresentando uma concluso bem diferente. No quadro que descreve a escravido no apenas havia sido significativa nas estncias rio-grandenses como os estabelecimentos pastoris haviam recorrido ao trabalho escravo com regularidade.

    12 Eisenberg, Peter. Homens esquecidos: escravos e trabalhadores livres no Brasil, sc. XVIII e XIX. Campinas: Editora da Unicamp, 1989. 13 Bacellar, Carlos A. P. Viver e sobreviver em uma vila colonial , Sorocaba, sculos XVIII e XIX. So Paulo: Annablume-Fapesp, 2001. 14 Motta, Jos Flvio. Corpos escravos, vontades livres: posse de cativos e famlia escrava em Bananal (1801-1829). So Paulo: Annablume-Fapesp, 1999. 15 Slenes, Robert. Na Senzala, uma flor. Esperanas e recordaes na formao da famlia escrava, Brasil sudeste, sculo XIX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 16 Kuhn, Fbio. Gente da fronteira: sociedade e famlia no sul da Amrica portuguesa sculo XVIII In Grij, L. (Et Al). Captulos da Histria do Rio Grande do Sul. Porto Alegre:Editora da UFRGS, 2004, p. 47-74. 17 Zarth, Paulo Afonso. Do arcaico ao moderno: O Rio Grande do Sul agrrio do sculo XIX. Iju:Editora Uniju, 2002. Osrio, Helen. O imprio portugus no sul da Amrica : estancieiros, lavradores e comerciantes. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007. 355 p. Farinatti, Luis Augusto E. Confins Meridionais: famlias de elite e sociedade agrria na fronteira sul do Brasil, (1825-1865). Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007. Arajo, Thiago Leito. Escravido, fronteira e liberdade: polticas de domnio, trabalho e luta em um contexto produtivo agropecurio (vila da Cruz Alta, provncia do Rio Grande de So Pedro, 1834-1884). Dissertao de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2008.

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    uma leitura aprofundada dos inventrios, dedicou-se a tarefa de definir o perfil das estncias, investigar a atividade pecuria e agrcola, a utilizao da terra e, principalmente, do trabalho dos escravos. A leitura dos inventrios, dependendo da forma de abordagem permite, em sua opinio, tanto averiguar de maneira mais densa um determinado momento da estrutura econmica de uma regio ou em uma leitura seriada, perceber as permanncias e as mudanas desta estrutura. Ela mesma opta por esta segunda alternativa. Farinatti, por sua vez, tambm considera que os inventrios constituem uma fonte segura para informar sobre o conjunto das unidades produtivas, oferecendo uma radiografia dos patrimnios, ajudando a se perceber a concentrao da riqueza. Este autor, referindo-se aos estudos recentes, baseados em pesquisa emprica no Rio Grande do Sul, assevera que se tem demonstrado a importncia do trabalho escravo em diversas reas voltadas para a criao de gado, enfatizando a necessidade de se aprofundar e sofisticar a pesquisa na anlise de locais especficos, tais como Alegrete, objeto de seu trabalho. Araujo, ao investigar Cruz Alta, busca compreender a organizao das unidades produtivas, o universo dos trabalhadores, a estrutura de posse e a demografia da populao escrava para aquela localidade, comparando-a com outros lugares. Ao ler trabalhos como os citados acima, podemos com tranqilidade concordar com Osrio quando afirma que a escravido vigeu, por muito tempo, nos campos gachos, naqueles territrios em que a tradio, o folclore e boa parte da historiografia sempre viram povoados apenas por gachos. Afinal, conclui-se que os escravos tiveram uma participao constante na pecuria pelo menos at meados do sculo XIX.

    Os inventrios constituem, pois, fonte primordial para se discutir a escravido no Rio Grande do Sul. O instrumento de pesquisa organizado pelo arquivo pblico d acesso privilegiado a esta fonte, embora, naturalmente, no a esgote. Atravs da descrio dos verbetes, o leitor ter acesso a informaes tais como o nome do inventariado, a condio (escrava ou liberta) dos trabalhadores alm de dados como o nome do escravo, sexo, cor, idade, procedncia, ocupao, preo, condies fsicas e de sade, sobre fugas, entre outras.

    Estes dados representam uma porta de entrada para quem deseja trabalhar com o tema da escravido, pois devem permitir abordagens quantitativas e qualitativas, inclusive no cruzamento com outras informaes contidas nos prprios inventrios ou mesmo na contraposio com a leitura de outras fontes. Inspirados por trabalhos como estes citados acima, pode-se proceder, por exemplo, a uma classificao que relacione as caractersticas dos grupos de escravos arrolados por inventrio ou unidade produtiva com faixas de fortuna de seus proprietrios. Pode-se inquirir ainda sobre a formao de laos familiares entre os escravos, a estabilidade das famlias, sobre a reproduo endgena. Averiguando-se locais e tempos diversos, pode-se perceber as mudanas do perfil demogrfico dos escravos e sua relao com guerras e conflitos, com o trfico transatlntico e interno de cativos ou o impacto de sua proibio, com o fluxo do comrcio. Os inventrios, analisados em seu conjunto, podem informar sobre o tamanho dos plantis em diferentes localidades do Rio Grande do Sul, auxiliando a formular indagaes sobre seu impacto na produo econmica e na formao social.

    Os dados contidos nos inventrios e presentes no Catlogo Seletivo organizado pelo APERS devem ser sempre problematizados. Osrio nos previne, por exemplo, sobre o risco de sobre-representao dos setores mais ricos da populao. Deve-se estar atentos, ainda, para os significados dos silncios da fonte. Cito o caso, por exemplo, dos dados referentes ocupao. Eles tendem a no ser muito constantes nos arrolamentos dos escravos. Apesar disso, autores como os citados acima, demonstram que mesmo sendo eles lacunares informam sobre as atividades produtivas. A ausncia de uma definio mais objetiva pode indicar, em alguns casos, a variedade e diversidade das ocupaes, uma vez que os escravos poderiam ser empregados em quase todas as atividades tais como campeiros, roceiros (ocupados com a produo de mantimentos) ou empregados nos servios domsticos. Muitas estncias podiam tambm praticar, simultaneamente, a pecuria e a agricultura. Para uma melhor compreenso destes dados sobre a profisso dos escravos, pode-se proceder tanto a uma anlise quantitativa quanto buscar, em outras fontes, o cruzamento com dados mais qualitativos.

    A escolha do sexo dos escravos a serem adquiridos poderiam tambm decorrer do tipo de atividade desenvolvida pela unidade produtiva ou pela necessidade do proprietrio. O perfil demogrfico pode auxiliar no entendimento sobre a formao de famlia e, tambm, sobre as formas de vida e organizao do trabalho, sobre o cotidiano dos escravos.

    A procedncia, a cor, idade e o preo dos escravos constituem dados relevantes para que se possa indagar sobre a reposio dos plantis e sobre o acesso ao mercado. Pode auxiliar na investigao sobre a formao de laos solidrios baseados na cor, em identidades tnicas ou sobre a reformulao destas identidades, ou ainda, sobre o impacto da cultura africana entre os escravos. Estes elementos podem ser relevantes na formao de associaes, tais como irmandades, clubes recreativos ou, tambm, vir a constituir uma estratgia importante para a compra de alforrias ou para a organizao de levantes e fugas. Ou seja, alm das concluses que podem vir a ser sugeridas por uma abordagem mais quantitativa, h sempre a possibilidade de descortinar novas possibilidades de interrogao sobre a experincia dos escravos e libertos no Rio Grande do Sul.

    A sade e as condies fsicas dos escravos, embora nem sempre sejam registradas, podem indicar as doenas que mais atingiam os escravos, suas condies de trabalho, de alimentao e ajudar a se interrogar sobre suas prticas de cura. No Rio Grande do Sul dados como estes sempre podem ser problematizados no intercruzamento com outros documentos

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    tais como aqueles da Santa Casa de Misericrdia. Abrem tambm a possibilidade de dilogo com pesquisas efetuadas em outras localidades tais como aquela desenvolvida por Angela Porto e Kaori Kodama na Casa de Oswaldo Cruz18

    . Enfim, diante de fontes to ricas, estou longe de querer esgotar, com minhas consideraes, as possibilidades de

    pesquisa oferecidas por um trabalho to extenso como este efetuado pelo Arquivo Pblico. sempre til assinalar que foram mais de 38 mil inventrios consultados, dos quais 16 mil so citados com o respectivo arrolamento de escravos, totalizando 109.498 cativos. Abrange cerca de 55 municpios, em um largo recorte temporal que vai de 1766 a 1888. A preciosidade, o volume destes dados j demonstra a potencialidade da pesquisa e o quanto deve influir em novas anlises e na renovao do conhecimento histrico que se tem sobre a experincia da escravido no Rio Grande do Sul. Diante desta certeza, resta-me agradecer a todos aqueles que estiveram engajados neste trabalho e desejar a voc leitor uma tima pesquisa!

    Regina Clia Lima Xavier

    18 Porto, Angela. Fontes para a histria da sade dos escravos no Brasil. http://www.labhstc.ufsc.br/ivencontro/pdfs/comunicacoes/AngelaPorto.pdf

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    INTRODUO

    Ao publicarmos este catlogo j se torna desnecessrio comentar sobre a grande quantidade de pesquisas sobre a escravido no Brasil e, mais especificamente, no Rio Grande do Sul. J em 2006, quando da publicao do catlogo fundador do Projeto Documentos da Escravido no Rio Grande do Sul19

    Nome do escravo: sempre destacado em negrito. Caso o nome no constasse no documento, foi adotada a conveno [sem nome]. Obs.: A grafia dos nomes foi atualizada;

    - o referente s cartas de alforria do interior do estado se observava a virada nas pesquisas histricas sobre essa temtica, principalmente a partir do centenrio da abolio. Porm, cabe salientar que, daquele ano para c, o interesse e a produo de trabalhos acadmicos que tem por objetivo ajudar a desvendar a histria dos escravos e seus descendentes no diminuiu. Dentro desta ampla temtica, os mais diversos objetos so alvos de pesquisas: a resistncia, a famlia, o trfico, o comrcio, a estrutura de posse cativa, a demografia, a sociabilidade, o trabalho, a religiosidade, etc.

    Nesta busca pela histria da escravido e dos escravos, o acesso a documentos primrios diversos torna-se de extrema importncia. Pesquisando na mais variada quantidade e tipologias documentais, os historiadores puderam analisar e rever diversos aspectos da vida escrava. Se impossvel pensar a sociedade e a economia do Rio Grande do Sul nos sculos XVIII e XIX sem levar em conta a participao e presena escrava, tambm impossvel analisar essa presena sem o uso de fontes primrias. Em vista da importncia dos documentos para a Histria do Rio Grande do Sul, o Arquivo Pblico do Estado do Rio Grande do Sul, em parceria com a Associao dos Amigos do Arquivo Pblico com apoio de diversas entidades, atravs do programa de incentivos ligados Lei Rouanet oferece aos pesquisadores um novo instrumento de pesquisa, pretendendo facilitar as investigaes e contribuir para desvelar ainda mais o passado da sociedade gacha.

    Seguindo a diviso judiciria do estado, esse catlogo est organizado a partir de Comarcas (que constituem os fundos documentais do Arquivo Pblico), com os documentos organizados conforme a localidade (termo, municpio, vila, freguesia) a qual se referem. Cada fundo documental est dividido em subfundos, de acordo com as Varas de origem (Vara de Famlia e Sucesso, Provedoria, Vara Cvel e Crime, etc.). Alm disso, cada documento est identificado com um nmero e o ano de produo, alm do nome do inventariado para a localizao do mesmo.

    Nessa organizao, o catlogo foi estruturado em verbetes os quais foram elaborados em trs etapas bsicas: o mapeamento, a digitao e a reviso. O mapeamento consistia na leitura, localizao e sinalizao dos inventrios com escravos arrolados, bem como das pginas onde se encontravam as listas de relao e avaliao de bens. Com os processos mapeados e sinalizados, na fase da digitao os dados foram extrados dos documentos e digitados em formato de verbete, contendo as informaes consideradas importantes (que sero indicadas mais adiante). Finalmente, de posse dos verbetes e do documento, na fase da reviso foram conferidas as informaes extradas e corrigidos possveis erros de formatao e dados.

    Para a confeco dos verbetes foram retiradas as informaes referentes a: a) localizao do inventrio no acervo; b) nome do (a/s) inventariado (a/s); e c) listagem dos escravos arrolados, contendo nomes e caractersticas. Entre os itens a e b encontram-se ano e nmero do processo e nome do inventariado, todas informaes localizadas nas capas dos inventrios. O que se destaca no verbete so os nomes e caractersticas dos escravos arrolados os quais foram identificados nas listas de relao e avaliao de bens. Abaixo uma breve explicao de como foi trabalhada cada caracterstica.

    Estado de liberdade: analisando a documentao, encontraram-se escravos sendo libertos no inventrio com condio ou no, ou mesmo escravos em liberdade condicional presos a algum tipo de prestao de servio. Alm dessas liberdades observadas ao longo de todo o perodo estudado, importante destacar que a partir de 1884, em decorrncia da srie de alforrias em massa promovidas na provncia, algumas das caractersticas da escravido se alteram. Grande parte dessas alforrias foram concedidas sob condies de prestao de servios por at sete anos, conforme regulava a lei de 28 de setembro de 1871, a Lei do Ventre Livre. A partir dessa lei, mas principalmente aps a metade da dcada de 1880, a relao dos escravos com prestao de servios nos inventrios passou ser denominada por Contratados ou Escravos contratados. Optou-se por caracterizar o estado de liberdade desses sujeitos como liberdade condicional. Assim, convencionou-se (L) para os libertos e (LC) para os libertos condicionais. No caso de haver condies, optamos por no especificar quais;

    Estado civil: casado (a), solteiro (a), vivo (a). No foram includos os nomes dos cnjuges; Cor: foram utilizadas as denominaes encontradas na fonte, no criamos categorias ou simplificaes alguma;

    19 ARQUIVO PBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Documentos da escravido. Catlogo seletivo de cartas de liberdade. Acervo dos tabelionatos do interior do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: CORAG, 2006.

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    Idade: importante alertar que a idade atribuda a um escravo nos inventrios no corresponde necessariamente idade exata do mesmo. Muitas vezes era atribuda pelo senhor ou pelo encarregado pelo inventrio a partir de caractersticas fsicas do cativo. Isso explica a inexatido dessa informao, tanto no documento quanto no verbete. Manteve-se ao mximo a fidedignidade com o inventrio, incluindo expresses como 50 anos mais ou menos, de 20 a 25 anos, mais de 60 anos, etc.;

    Origem: sempre iniciada em letra maiscula. Foram utilizadas as denominaes apresentadas na fonte; Profisso: quando informada, a ocupao do escravo foi utilizada; Filiao: foi includo o nome da me e/ou do pai do escravo, indicando a filiao; Caractersticas: neste campo foram includas as mais diversas caractersticas que no puderam ser descritas

    anteriormente. Entre as caractersticas mais comuns encontraram-se: doenas, deficincias fsicas, doaes, fugas, vendas, falecimentos, etc.;

    Valor: expressado em ris ($). Foi utilizado no formato em que constava na documentao: 1:000$ (um conto de ris), 100$ (cem mil ris), 25$500 (vinte cinco mil e quinhentos ris), etc.

    Acima da relao de escravos, inclumos uma breve descrio da quantidade de cativos arrolados, entre homens e mulheres, libertos, libertos condicionais e no libertos.

    Alguns casos excepcionais: 1) Quando no foi possvel identificar o sexo do cativo, ele foi somado apenas ao nmero geral e no s categorias

    masculino ou feminino; 2) Na documentao analisada, frequentemente apareceram informaes diferentes nas listas. Nesses casos, optou-se

    por manter as duas informaes, separadas por barras; 3) Quando mais de um escravo foi avaliado junto normalmente eram mes avaliadas com seus filhos separou-se

    os cativos por barras, incluindo o valor dos ditos ao final da descrio; 4) Quando um documento estava rasurado ou ilegvel, convencionou-se por [?], seguido da especificao do campo

    dessa caracterstica, no caso de identificao. Por exemplo: Joo, preto, 30 anos, [?] Nao; 5) comum encontrar processos que contenham dois ou mais inventrios, escritos em anos diferentes e de pessoas

    diferentes (por exemplo, marido e mulher). Nesses casos, optou-se por catalogar todos os inventrios que contivessem escravos fazendo a referncia no cabealho aos anos de cada inventrio e no corpo do verbete dividindo os escravos referentes a cada um deles.

    necessrio ressaltar a importante contribuio dada pela equipe de pesquisadores que fez parte deste trabalho:

    estudantes de histria e filosofia das universidades da regio metropolitana de Porto Alegre (UFRGS, PUC-RS, FAPA e UNILASSALE). Ao longo de aproximadamente nove meses, a equipe de 19 pesquisadores (18 estagirios e um coordenador) manuseou aproximadamente 40 mil processos, dos quais mais de 16 mil foram catalogados. O trabalho desse grupo foi importante em diversos sentidos, discutindo caso a caso, estabelecendo regras, repensando e reformulando a metodologia utilizada quando necessrio e encarando o desafio da produo desse catlogo com muita seriedade e profissionalismo.

    Discusses e estudos foram importantes para o sucesso do trabalho. Devido s caractersticas do mesmo como a grande quantidade de documentos manuseados e a ambigidade e confuso das fontes , houve certos limites na sua execuo. Alguns casos que primeira impresso pareciam excees, com maior ateno e experincia se mostravam de relativa importncia. Quando essas situaes ocorriam, no era possvel voltar atrs e revisar o que havia sido produzido por risco de nunca concluir a empreitada. De tal modo, o aprendizado obtido com essas situaes foi importante no s para o projeto, mas para os que nele trabalhavam, permitindo aos futuros profissionais da rea questionar at mesmo o conhecimento acadmico acerca da escravido. Ao longo do trabalho, novas formulaes foram geridas e propostas por esses futuros professores e pesquisadores no s para o conhecimento acadmico, mas para as prticas escolares, pensando no uso da riqueza de informaes dos documentos tambm neste espao de produo do conhecimento.

    Espera-se que o trabalho e discusses desse grupo possam ter alcanado um denominador comum que seja utilizado por um vasto pblico e de diversas formas. No ignorando as possveis lacunas que tenham ficado das escolhas metodolgicas adotadas, esse catlogo , com certeza, um importante passo para a preservao e divulgao da documentao, alm da retomada da histria e memria dos sujeitos escravizados no Rio Grande do Sul nos sculos XVIII e XIX.

    Bruno Stelmach Pessi e Equipe de Pesquisadores Projeto Documentos da Escravido no Rio Grande do Sul

  • FUNDO 004:

    COMARCA DE PORTO ALEGRE (CONT.)

  • 19

    Localidade: Estrela

    Subfundo: Vara de Famlia

    Ano: 1861 Processo n: 02

    Inventariado: Joo Leonardo Cardozo Descrio: 14 escravos, 07 masculino, 07 feminino Isequiel, 60 anos, doente, 100$; Manoel Quaresma, 44/64 anos, quebrado, 100$; Francisco, 66 anos, da Costa, doente, 100$; Antnio, pardo, 44/46 anos, doente do peito, 600$; Ado, 30 anos, Crioulo, 1:100$; Potenciano, pardo, 19 anos, 1:200$; Maurcio, 1 ano, Crioulo, 100$; Ricarda, 58 anos, Crioula, 200$; Claudina, 22 anos, 1:000$; Florisbela, parda, 23 anos, 1:000$; Maria, 20 anos, Crioula, 1:000$; Felipa, 12/14 anos, 1:000$; Julia, parda, 12 anos, 1:000$; Eufrsia, 3 anos, Crioula, 300$.

    Ano: 1863 Processo n: 04

    Inventariado: Vitorino Jos Ribeiro Descrio: 02 escravos, 01 masculino, 01 feminino Jos, 65 anos mais ou menos, Nao, doente, 300$; Paula, 40 anos mais ou menos, Crioula, 1:000$.

    Ano: 1866 Processo n: 06

    Inventariada: Maria Catarina Cristiana Descrio: 02 escravos, 01 masculino, 01 feminino Joo, 40 anos, 500$; Maria, 40 anos, 500$.

    Ano: 1869 Processo n: 08

    Inventariado: Henrique Pedro Koch Descrio: 07 escravos, 06 masculino, 01 feminino Antnio, 55 anos, Nao, 600$; Pascoal, 50 anos, Nao, 700$; Jos, 25 anos, Nao, quebrado, 800$; Manoel, 18 anos, Crioulo, 1:000$; Guilherme, 15 anos, m figura, 900$; Justina, 6 anos, 500$; Joo, 4 anos, doente, 350$.

    Localidade: Lageado

    Subfundo: Vara de Famlia e Sucesso

    Ano: 1861 Processo n: 01

    Inventariado: Joo Xavier de Azambuja Descrio: 18 escravos, 11 masculino, 07 feminino Eduardo, 50 anos, Nao, 800$; Joaquim, 28 anos, Crioulo, 800$; Mariano, 19 anos, Crioulo, 1:300$; Genoveva, 18 anos, Crioula, 1:300$; Benedita, 16 anos, Crioula, 1:300$; Florinda, 10 anos, Crioula, 700$; Carolina, 48 anos, Nao, 800$; Lzaro, 52 anos, Nao, 800$; Benedito, 70 anos, Nao, sem valor; Davi, 29 anos, Crioulo, com achaques, 1:000$; Narcisa, 70 anos, Crioula, 100$; Lucas, 12 anos, Crioulo, 800$; Felisberta, 2 anos, Crioula, 200$; Benedito, 19 anos, Crioulo, 1:300$; Inocncio, 19 anos, Crioulo, 1:300$; Dorotia, 20 anos, Crioula, 1:300$; Ricardo, 42 anos, Crioulo, 800$; Felisbino, 22 anos, Crioulo, 1:300$.

    Localidade: Montenegro

    Subfundo: Vara de Famlia

    Ano: 1833 Processo n: 09

  • 20

    Inventariadas: Ana Severina de Azambuja e Marceliana Maria de Menezes Descrio: 02 escravos, 01 masculino, 01 feminino Antnio, 14 anos, da Costa, 250$; Amrica, Crioula, 230$.

    Ano: 1833 Processo n: 11 Inventariada: Izabel Maria de Jesus Descrio: 03 escravos, 03 masculino Urbano, 204$800; Manoel, Crioulo, 350$; Agostinho, 60$.

    Ano: 1833 Processo n: 13 Inventariado: Ludovico Gularte Pinto Descrio: 10 escravos, 06 masculino, 04 feminino Benedito, 50 anos, Nao, sapateiro, falecido, 350$; Jos, 30 anos, Nao, adoentado, 300$; Manoel, 20 anos, Nao, 400$; Joo, 22 anos, Nao, 350$; Domingos, 60 anos, Nao, 150$; Manoel, mulato, 10 anos, 250$; Joana, mulata, 7 anos, 250$; Maria, 22 anos, Crioula, 400$; Lusa, mulata, 16 anos, 400$; Teresa, 16 anos, Nao, 400$.

    Ano: 1833 Processo n: 15 Inventariada: Vicncia Maria de Jesus Descrio: 03 escravos, 02 masculino, 01 feminino Joaquim, Crioulo, 350$; Antnio, da Costa, 300$; Paula, mulata, 250$.

    Ano: 1834 Processo n: 16 Inventariada: Ana Maria Brbara Descrio: 02 escravos, 02 feminino Florinda, parda, 35 anos, 440$; Maria, 10 meses, Crioula, Florinda, 60$.

    Ano: 1835 Processo n: 18 Inventariado: Maria Teresa de Jesus Descrio: 10 escravos, 07 masculino, 03 feminino Maria, 60 anos mais ou menos, Crioula, achacada de molstias, 50$; Anglica, 30 anos mais ou menos, Crioula, esquecida do lado direito e asmtica, 80$; Vitoriano, 14 anos mais ou menos, Crioulo, 350$; Dorotia, cabra, 9 anos mais ou menos, 150$; Cesrio, 13 anos mais ou menos, Crioulo, 350$; Manoel, 5 anos mais ou menos, Crioulo, 100$; Agostinho, 24 anos, Crioulo, 450$; Onofre, 3 anos, Crioulo, 64$; Firmino, 2 anos, Crioulo, 40$; Jos, 40 anos, da Costa, sem valor por estar condenado morte.

    Ano: 1836 Processo n: 19 Inventariado: Antnio Jos Machado Leo Descrio: 23 escravos, 06 masculino, 16 feminino Joaquim, 40 anos mais ou menos, Mina, 200$; Manoel, 40 anos mais ou menos, Rebolo, 200$; Antnio, 50 anos mais ou menos, Congo, quebrado, 80$; Maria, 70 anos mais ou menos, Congo, aleijada de uma perna, 12$800; Jos, 22 anos, Crioulo, 500$; Valrio, 22 anos, Crioulo, 500$; Josefa, 15 anos, Crioula, 450$; Justa, 11 anos, Crioula, 300$; Marcelina, 8 anos, Crioula, 250$; Eva, 7 anos, Crioula, 200$; Teodora, 3 anos, Crioula, 100$; Lucrcia, 8 meses, Crioula, 25$600; Maria, 12 anos, 200$; Joana, 17 anos, 450$; Eva, Crioula, falecida, 12$800; Libnia, Crioula, doada, falecida, 4$; Caetano/Catarina, 40 anos mais ou menos, Moambique, 230$400; Bento, Crioulo, falecido, 12$800; Anglica, 50 anos, da Costa, 200$; Lucia, 40 anos, da Costa, 350$; Faustina, parda, 5 anos, 200$; Lucrcia, 2 anos, Crioula, 60$; Maria, 1 anos, Crioula, 40$.

    Ano: 1837 Processo n: 20 Inventariado: Reverendo Clementino Jos dos Santos Lima Descrio: 04 escravos, 02 masculino, 02 feminino Calisto, 48 anos mais ou menos, Crioulo, 350$; Domingas, 34 anos, Crioula, 350$; Feliciana, parda, 14 anos, 400$; Hortncio, pardo, 5 anos, 200$.

    Ano: 1842 Processo n: 21 Inventariado: Eugenio Joaquim Pires

  • 21

    Descrio: 02 escravos, 01 masculino, 01 feminino Jos, 60 anos, Mina, aleijado de uma mo e com o mau de gota coral, 60$; Maria, 56 anos, Congo, sem prstimo algum, 150$.

    Ano: 1842 Processo n: 22 Inventariado: Francisco Manoel de Freitas Descrio: 08 escravos, 04 masculino, 04 feminino Joo, 50$; Antnio, 400$; Alifonso/Elidefonso, 500$; Fortunato, 400$; Incia, 450$ Martinha, 450$; Maria, 300$; Manoela, 250$.

    Ano: 1842 Processo n: 23 Inventariado: Jernimo Francisco de Vargas Descrio: 13 escravos, 05 masculino, 08 feminino Manoel, 80 anos, Crioulo, quebrado, 50$; Sebastio, 50 anos, da Costa, pedreiro, quebrado, 450$; Domingos, 45 anos, da Costa, 600$; Pedro, 17 anos, Crioulo, maneta da mo direita, 300$; Silvrio, 11 anos, Crioulo, 500$; Maria, 45 anos, da Costa/Januria, 1 ano, Maria, 640$; Maria, 5 anos, Crioula, 300$; Fabiana, 2 anos, Crioula, 180$; Joana, 20 anos, Crioula, 650$; Cristina, 19 anos, Crioula, 650$; Luzia, 12 anos, Crioula, 500$; Rosa, 7 anos, Crioula, 400$.

    Ano: 1842 Processo n: 24 Inventariado: Manoel Lopes Duarte Descrio: 19 escravos, 11 masculino, 08 feminino Jesuno, pardo, 650$; Manoel, Crioulo, 550$; Manoel, da Costa, 280$; Flaubiano, pardo, 700$; Manoel, Nao, 350$; Joo, Nao, 520$; Manoel, 10 anos, Crioulo, 200$; Joo, 4 anos, Crioulo, 120$; Rita, parda, velha, 200$; Joaquina, Crioula, muito doente, 250$; Manoela, Crioula, 500$; Maria, Crioula, 360$; Pedro, pardo, 700$; Ricarda, cabra, 200$; Rosaura, 70 anos, Crioula, 70$; Constana, Crioula, 500$; Manoel, pardo, 10 anos, Constana, 300$; Joaquim, pardo, 1 ano, Constana, 80$; Ana, negra, 85 anos, velha, 12$.

    Ano: 1842 Processo n: 25 Inventariada: Dona Umbelina Francisca Ilha Descrio: 07 escravos, 06 masculino, 01 feminino Elisbo, 38 anos mais ou menos, Nao, 650$; Jos, 30 anos mais ou menos, Nao, falecido, 400$; Andr, 40 anos mai sou menos, Nao, 350$; Luciana, 40 anos mais ou menos, Crioula, 500$; Venerato, 17 anos mais ou menos, Crioulo, Luciana, 450$; Moiss, 15 anos mais ou menos, Crioulo, Luciana, 350$; Pedro, 11 anos mais ou menos, Crioulo, Luciana, 250$.

    Ano: 1843 processo n: 27 Inventariado: Tenente Francisco Machado Coelho Descrio: 04 escravos, 02 masculino, 02 feminino Jos, 30 anos, Nao, 650$; Jos Carioca, 60 anos, 90$; Mariana, 28 anos, Nag, 650$; Bernardina, 3 anos, Crioula, 180$.

    Ano: 1844 Processo n: 28 Inventariado: Escolstica Maria de Jesus Descrio: 11 escravos, 06 masculino, 05 feminino Manoel, 46 anos, Crioulo, 450$; Jesuino, 27 anos, 600$; Manoel, 60 anos, Nao, 200$; Flaubiano, pardo, 27 anos, 550$; Manoel, 40 anos, Nao, 350$; Joo, 40 anos, 500$; Manoela, 30 anos, 500$; Rita, parda, 50 anos, 150$; Maria, 14 anos, 400$; Rosaura, 75 anos, 30$; Joaquina, 54 anos, 150$.

    Ano: 1844 Processo n: 29 Inventariado: Estevo Jos de Simas Descrio: 06 escravos, 03 masculino, 03 feminino Rosa, parda, 60 anos mais ou menos, 100$; Inocncia, parda, 19 anos, 600$; Antnia, 26 anos, Crioula, 600$; Roberto, 60 anos mais ou menos, Nao, 100$; Domingos, 58 anos mais ou menos, Nao, 100$; Incio, 4 anos, 200$.

    Ano: 1844 Processo n: 30 Inventariado: Janurio Jos Rodrigues Descrio: 06 escravos, 03 masculino, 03 feminino

  • 22

    Lus, 60 anos, da Costa, com uma ferida incurvel, 100$; Maria, 58 anos, da Costa, 102$; Lourena, 24 anos, Crioula, demente, 300$; Ado, 16 anos, Crioulo, 450$; Gaspar, 11 anos, Crioulo, 250$; Luzia, mulata, 2 anos, 80$.

    Ano: 1844 Processo n: 31 Inventariada: Umbelina Rosa de Jesus Descrio: 01 escravo, 01 feminino Laurinda, parda, 12 anos, 450$.

    Ano: 1845 Processo n: 32 Inventariado: Capito Antnio Cndido da Silva Descrio: 04 escravos, 02 masculino, 02 feminino Manoel, pardo, 31 anos, 600$; Marcelino, 13 anos, Crioulo, 400$; Maria, 14 anos, Crioula, aneurisma no pescoo, 350$; Teresa, 48 anos, da Costa, 200$.

    Ano: 1845 Processo n: 33 Inventariada: Isabel Francisca de Almeida Descrio: 01 escravo, 01 masculino Miguel, 600$.

    Ano: 1845 Processo n: 34 Inventariado: Joo da Silva Machado Descrio: 11 escravos, 06 masculino, 05 feminino Marcos, 28 anos, Crioulo, 600$; Tom, 32 anos, da Costa, 500$; Francisco, 27 anos, da Costa, 500$; Joaquim, 60 anos, da Costa, 150$; Antnio, 61 anos, Crioulo, 150$; Leopoldina, 22 anos, Crioula, 550$; Sebastiana, 28 anos, Crioula, 500$; Maria, 58 anos, da Costa, 200$; Rita, 61 anos, da Costa, 150$; Prudncia, 3 anos, Crioula, 150$; Domingos, 2 anos, Crioulo, 100$.

    Ano: 1846 Processo n: 36 Inventariados: Antnio Garcia da Rosa e sua mulher Mariana Perptua da Conceio Descrio: 02 escravos, 01 masculino, 01 feminino Francisco, 40 anos mais ou menos, Nao, com um pequeno achaque em uma perna, 400$; Maria, 55 anos mais ou menos, Crioula, muito achacada de enfermidades, 100$.

    Ano: 1846 Processo n: 37 Inventariada: Francisca Rapoza Descrio: 02 escravos, 01 masculino, 01 feminino Ado, 25 anos, Crioulo, 800$; Simoa, 60 a 70 anos, 50$.

    Ano: 1846 Processo n: 40 Inventariada: Perptua Rosa Guerreiro Descrio: 11 escravos, 03 masculino, 07 feminino Manoel, Crioulo, campeiro, 800$; Joaquim, preto, velho e doente, 150$; Catarina, preta, velha, 70$; Rosa, Crioula, 600$; Ana, Crioula, 700$; Maria, 11 anos, Crioula, 450$; Constana, 7 anos, Crioula, 300$; Estcio, mulato, 8 anos, 450$; Cristina, 4 anos, Crioula, 250$; Maria, doada, 700$; [sem nome], 3 meses, Maria, 64$.

    Ano: 1846 Processo n: 41 Inventariada: Dona Rita Eullia de Carvalho Descrio: 08 escravos, 02 masculino, 05 feminino Zelindra, parda, 25 anos, 600$; Malaquias, 2 anos, Zelindra, 60$; Simio, pardo, 10 anos, 350$; Deolinda, parda, 16 anos, 700$; Maria, parda, 16 anos, com achaques e molstias interiores, 300$; [sem nome], 3 meses, Maria, 25$600; Domingas, parda, 9 anos, 350$; Cndida, mulata, 46 anos, com molstias incurveis, 200$.

    Ano: 1847 Processo n: 42 Inventariada: Ana Joaquina de Jesus Descrio: 04 escravos, 02 masculino, 02 feminino

  • 23

    Manoel, 52 anos, da Costa, 350$; Joo, 18 anos, Crioulo, 700$; Eva, 20 anos, Crioula, 700$; Claudina, 17 anos, Crioula, 680$.

    Ano: 1847 Processo n: 43 Inventariado: Benigno Antnio Carpes Descrio: 04 escravos, 02 masculino, 02 feminino Jos, 55 anos mais ou menos, Nao, quebrado de uma virilha, 250$; Maria, 45 anos mais ou menos, muito adoentada, 300$; Efignia, 10 anos, Crioula, 400$; Silvrio, 8 anos, Crioulo, 350$.

    Ano: 1847 Processo n: 44 Inventariada: Ceclia Maria de Jesus Descrio: 01 escravo, 01 masculino [sem nome], 42 anos mais ou menos, Nao, sem ofcio, 300$.

    Ano: 1847 - Processo n: 45 Inventariado: Cristvo Rodrigues da Rosa Descrio: 05 escravos, 04 masculino, 01 feminino Manoel, 25 anos mais ou menos, Nao, 600$; Joaquim, 42 anos mais ou menos, Nao, 275$; Belisrio, 11 anos mais ou menos, Crioulo, 375$; Fortunato, 7 anos mais ou menos, Crioulo, 250$; Justina, 5 anos mais ou menos, Crioula, 200$.

    Ano: 1847 - Processo n: 46 Inventariado: Elias Jos Machado Descrio: 07 escravos, 03 masculino, 04 feminino Antnia, 48 anos, Nao, 450$; Manoel, 50 anos, 500$; Silvrio, 20 anos, Crioulo, 650$; Claudina, 18 anos, Crioula, doente, 500$; Mariana, 15 anos, Crioula, 650$; Nicolau, 11 anos, Crioulo, 350$; Silvana, 9 anos, Crioula, 300$.

    Ano: 1847 Processo n: 47 Inventariada: Engrcia Raquel de Oliveira Descrio: 04 escravos, 03 masculino, 01 feminino Zacarias, 24 anos, Crioulo, 650$; Pedro, 18 anos, da Costa, 600$; Paulo, 18 anos, da Costa, 600$; Izabel, 20 anos, 550$.

    Ano: 1847 Processo n: 49 Inventariado: Joaquim dos Santos Carvalho Descrio: 01 escravo, 01 masculino Job, Crioulo, 600$.

    Ano: 1847 Processo n: 50 Inventariado: Jos Cezario Descrio: 03 escravos, 02 masculino, 01 feminino Joo, 52 anos, Nao, 300$; Mariana, 56 anos, Nao, 260$; Manoel, 5 anos, Crioulo, 140$.

    Ano: 1847 Processo n: 51 Inventariada: Maria Anglica da Conceio Descrio: 04 escravos, 03 masculino, 01 feminino Agostinho, 39 anos mais ou menos, 600$; Jos, 35 anos mais ou menos, 600$; Joo, 37 anos mais ou menos, 650$; Damsia, 15 anos, Crioula, 550$.

    Ano: 1848 Processo n: 53 Inventariado: Jos Garcia Soares Descrio: 10 escravos, 05 masculino, 05 feminino Domingos, 64 anos, da Costa, 200$; Germano, 21 anos, Crioulo, 600$; Margarida, 19 anos, Crioula, 600$; Felisbina, 22 anos, Crioula, 550$; Plucena, 15 anos, Crioula, 550$; Marcolina, 14 anos, Crioula, 500$; Lucrcia, 48 anos, da Costa, 450$; Crispim, 3 anos, Crioulo, 100$; Ado, 3 anos, Crioulo, 100$; Vitoriano, 1 ano, Crioulo, 50$.

    Ano: 1850 Processo n: 55

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    Inventariado: Antnio Alves de Carvalho Fanfa Descrio: 02 escravos, 01 masculino, 01 feminino Jos, 28 anos, Crioulo, 500$; Antnia, 40 anos, Nao, 330$.

    Ano: 1850 Processo n: 56 Inventariada: Cndida Francisca de Oliveira Descrio: 04 escravos, 01 masculino, 03 feminino Joana, 24 anos, 450$; Jos, mulato, 5 anos, 150$; Maria Madalena, mulata, 3 anos, 120$; Maria, mulata, 1 ano, 80$.

    Ano: 1850 Processo n: 58 Inventariado: Jos Joaquim Gomes e Gertrudes Joaquina de Arajo Descrio: 15 escravos, 09 masculino, 06 feminino Lucrcia, Nao, velha, 150$; Gonalo, Nao, velho, 50$; Antnio, Nao, velho, 50$; Hortncio, Crioulo, 480$; Seraco, Crioulo, 400$; Generoso, Crioulo, 500$; Justino, Crioulo, 325$; Alexandra, Crioula, 500$; Maria, Crioula, 500$; Teodora, Crioula, 500$; Libania, Crioula, 500$; Rafael, 1 ano, Crioulo, 50$; Bibiano, 7 meses, Crioulo, 50$; Maria, mulata, 5 anos, 200$; Ponciano, mulato, 2 anos, 125$.

    Ano: 1850 Processo n: 59 Inventariada: Januria Maria da Conceio e sua mulher Joo Antnio de Vargas Descrio: 01 escravo, 01 masculino [sem nome], 50 e tantos anos, Africano, 240$.

    Ano: 1850 Processo n: 60 Inventariada: Maria Francisca de Oliveira Descrio: 04 escravos, 02 masculino, 02 feminino Domingos, 36 anos, Nao, 350$; Pedro, 25 anos, Crioulo, maneta da mo direita, 250$; Maria Joana, 45 anos, Nao, 225$; Fabiana, 11 anos, Crioula, 250$.

    Ano: 1850 Processo n: 61 Inventariada: Maria da Conceio Descrio: 11 escravos, 07 masculino, 04 feminino Joo, 90 anos mais ou menos, com vrias enfermidades, 8$; Joaquim, 90 anos mais ou menos, 25$600; Manoel, 80 anos, com vrias enfermidades visveis, 50$; Luis, 60 anos mais ou menos, quebrado das virilhas, 50$; Jos, 60 anos, 100$; Jordo, 40 anos mais ou menos, Crioulo, 500$; Antnia, 60 anos mais ou menos, 180$; Martiniano, 19 meses, Crioulo, 60$; Luisa, 60 anos mais ou menos, 150$; Delfina, 30 anos mais ou menos, com achaque de cair morta, 200$; Eva, 18 anos, Crioula, surda e com princpio de papo, 450$.

    Ano: 1850 Processo n: 62 Inventariada: Mariana Tomsia de Jesus Descrio: 07 escravos, 03 masculino, 04 feminino Clemncia, 35 anos mais ou menos, Crioula, 300$; Rita, 17 anos, da Costa, 400$; Pedro, pardo, 15 anos, 450$; Caetano, mulato, 9 anos mais ou menos, 350$; Maria, cabra, 7 anos mais ou menos, Crioula, 250$; Carolina, mulata, 6 anos, 200$; Agostinho, mulato, 16 meses, 80$.

    Ano: 1851 Processo n: 64 Inventariada: Dona Antnia Maria de Oliveira Descrio: 06 escravos, 01 masculino, 05 feminino Lus, 40 anos, Crioulo, roceiro, adoentado, 300$; Ana, 45 anos, Crioula, doente, 400$; Marcelina, 50 anos, Nao, muito adoentada, 200$; Balbina, parda, 23 anos, 600$; Adriana, parda, 1 ano, 80$; Deolinda, 22 anos, Crioula, 600$.

    Ano: 1851 Processo n: 65 Inventariado: Antnio Jos Nogueira Descrio: 05 escravos, 03 masculino, 02 feminino Zaquiel/Izaquiel, 40 anos, 400$; Jos, 38 anos, 350$; Bernardina, 26 anos, Crioula, 350$; Ado, 12 anos, Crioulo, 250$; Maria, mulata, 8 anos, 150$.

  • 25

    Ano: 1851 Processo n: 66

    Inventariado: Felipe Jos de Souza Descrio: 10 escravos, 04 masculino, 06 feminino Eugnia, 50 anos, Rebolo, 100$; Israel, 29 anos, Crioulo, 500$; Suzana, 30 anos, 450$; Incia, 16 anos, Crioula, 450$; Venncio, 18 anos, Crioulo, 500$; Maria, 14 anos, Crioula, 400$; Joana, 12 anos, Crioula, 300$; Jos, 8 anos, Crioulo, 250$; Manoel, 3 anos, Crioulo, 150$; Leopoldina, mulata, 6 meses, 50$.

    Ano: 1851 Processo n: 67 Inventariada: Faustina Rosa de Brito Descrio: 17 escravos, 11 masculino, 06 feminino Fortunato, 51 anos, 375$; Jos, 62 anos, 90$; Antrio/Eleutrio, 41 anos, doente, 250$; Domingos, 39 anos, rendido de uma virilha, 150$; Laurindo, 29 anos, 550$; Loureno, 21 anos, doente, 500$; Antnio, 18 anos, doente, 300$; Marciano, 14 anos, doente, 250$; Porfrio, 7 anos, 125$; Francisco, 3 anos, 80$; Manoel, 2 anos, doente, 25$; Teresa, 51 anos, 200$; Dionsia, 31 anos, Crioula, doente, 350$; Helena, 29 anos, Crioula, 450$; Maurcia, 13 anos, Crioula, 400$; Emilia, mulata, 16 anos, 500$; Marcolina, 20 dias, recm nascida, 12$.

    Ano: 1851 Processo n: 68 Inventariado: Jos Joaquim Ferreira Descrio: 04 escravos, 03 masculino, 01 feminino Jos, mulato, 29 anos, 600$; Fermino, mulato, 26 anos, 500$; Severiana, 24 anos, 500$; Manoel, 5 anos, Crioulo, 200$.

    Ano: 1851 Processo n: 69 Inventariado: Capito Luiz Rodrigues da Rosa Descrio: 06 escravos, 04 masculino, 02 feminino Joaquim, 45 anos mais ou menos, Nao, sem oficio, 380$; Pedro, 25 anos mais ou menos, Nao, sem oficio, 450$; Ado, 18 anos, Crioulo, 500$; Anacleta, 25 anos mais ou menos, Crioula, 400$; Esperana, 60 anos mais ou menos, Mina, 100$; Jos, 16 anos, Crioulo, aleijado, muito doente, sem valor.

    Ano: 1851 Processo n: 71 Inventariada: Dona Maria Leonor de Farias Descrio: 05 escravos, 02 masculino, 03 feminino Pedro, pardo, campeiro e roceiro, 600$; Joo, pardo, campeiro e roceiro, 700$; Bento, pardo, campeiro e roceiro, 500$; Sara, parda, 300$; Sofia, parda, 250$; Joana, parda, da Costa, 400$.

    Ano: 1852 Processo n: 73 Inventariada: Faustina Maria de Souza Descrio: 01 escravo, 01 masculino Bento, pardo, 30 anos mais ou menos, demente, 300$;

    Ano: 1852 Processo n: 74 Inventariados: Joaquim dos Santos Carvalho e Rafael Arcanjo de Carvalho Descrio: 01 escravo, 01 masculino Job, 41 anos, Crioulo, 600$.

    Ano: 1852 Processo n: 75 Inventariada: Dona Maria do Carmo da Luz Descrio: 11 escravos, 04 masculino, 07 feminino Ventura, 40 anos, da Costa, 425$; Francisco, 60 anos, da Costa, 350$; Cipriana, 25 anos, Crioula, 500$; Helena, 25 anos, Crioula, 500$; Deliosa, 30 anos, Crioula, 450$; Rufina, parda, 11 anos, 450$; Leopoldina, parda, 5 anos, 250$; Elisia, 3 anos, Crioula, quebrada, 100$; Ninfa, 3 anos, Crioula, 150$; Valentim, 10 anos, Crioulo, 300$; Rafael, 7 anos, Crioulo, 200$.

    Ano: 1853 Processo n: 77 Inventariado: Manoel Caetano da Cunha

  • 26

    Descrio: 17 escravos, 05 masculino, 12 feminino Manoel, mulato, 40 anos, oleiro, 700$; Florncio, 48 anos, Crioulo, 350$; Joo, 28 anos, Crioulo, 700$; Tibrcio, 54 anos, Nao, 200$; Jos, 50$; Eva, 40 anos, Nao, 300$; Bernarda, 50 anos, Nao, doente, 150$; Bernarda, 35 anos, Crioula, 350$; Joana, 14 anos, Crioula, 500$; Vitria, 13 anos, Crioula, 480$; Geralda, 12 anos, Crioula, 350$; Esperana, 11 anos, Crioula, 320$; Florinda, 8 anos, Crioula, 280$; Diolinda, 3 anos, Crioula, 150$; Leocdia, 1 ano e meio, Crioula, 90$; Sofia, doada/[sem nome], Sofia, 600$; Afra, Crioula, doada, 450$.

    Ano: 1854 Processo n: 78 Inventariado: Jernimo Jos de Vargas Descrio: 02 escravos, 02 masculino Ado, 54 anos mais ou menos, da Costa, 250$; Sezefredo, 43 anos mais ou menos, Crioulo, 600$.

    Ano: 1854 Processo n: 79 Inventariado: Joo Jos Alves Descrio: 09 escravos, 05 masculino, 04 feminino Agostinho, 60 anos, Crioulo, rendido de ambas as virilhas, 400$; Lucas, 25 anos, Crioulo, 900$; Paulino, 4 anos, Crioulo, 300$; Tomas, 2 anos, Crioulo, 200$; Leandro, pardo, 5 meses, 60$; Joana, parda, 40 anos, doente, 500$; Feliciana, 27 anos, Crioula, 1:000$; Maria, parda, 23 anos, 1:000$; Henriqueta, parda, 2 anos, 200$.

    Ano: 1854 Processo n: 80 Inventariada: Joaquina Maria da Conceio Descrio: 03 escravos, 02 masculino, 01 feminino Manoel, 60 anos, Crioulo, 300$; Albano, 40 anos, Crioulo, 800$; Cristina, 23 anos, Crioula, com uma lepra que mostra no ser sadia, 550$.

    Ano: 1854 Processo n: 81 Inventariado: Jos Incio Ferreira Descrio: 10 escravos, 06 masculino, 04 feminino Bento, 28 anos, Crioulo, 750$; Bernardo, 30 anos, Crioulo, 750$; Andr, 19 anos, Crioulo, com oficio, 800$; Albano, 17 anos, Crioulo, doente, 500$; Florncio, 23 anos, Crioulo, 750$; Francisca, 21 anos, Crioula, 750$; Deolinda, 18 anos, Crioula, 750$; Mariana, 15 anos, Crioula, 750$; Marcolina, 2 anos, Crioula, 100$; Felisbino, pardo, 5 meses, 50$.

    Ano: 1854 Processo n: 83 Inventariada: Maria Altina Meirelles Descrio: 04 escravos, 04 feminino Umbelina, 150$; Eva, 700$; Maria, Crioula, 700$; Florentina, 480$.

    Ano: 1855 Processo n: 84 Inventariado: Cludio Jos de Almeida Cruz Descrio: 18 escravos, 11 masculino, 08 feminino Ado, 20 anos, Crioulo, doente, 1:000$; Pedro, negro, 50 anos, Nao, muito doente, 200$; Pedro, negro, Nao, carpinteiro, doente, 600$; Felipe, negro, Nao, oleiro, 600$; Jos, o Grande, negro, Nao, roceiro, 900$; Jos, o Pequeno, negro, Nao, roceiro, 900$; Zeferino, negro, Nao, cozinheiro, 850$; Serafim, 16 anos, Crioulo, campeiro, 1:000$; Elisbo, 8 anos, Crioulo, 550$; Joo, negro, Nao, roceiro, muito velho, 50$; Jos, alfaiate, muito velho e muito doente, 25$; Joaquina, 21 anos, Crioula, de boa sade, 1:000$; Antnia, 3 anos, Crioula, 250$; Maria, 6 meses, Crioula, Joaquina, 100$; Sabina, mulata, 22 anos, costureira/[sem nome], 1 ms, Sabina, 1:300$; Catarina, negra, Nao, servente, 800$; Brgida, negra, Nao, servente, 700$; Anglica, negra, Nao, servente, 700$.

    Ano: 1855 Processo n: 86 Inventariado: Felipe Jos de Souza Descrio: 02 escravos, 01 masculino, 01 feminino Joo, 4 meses, Crioulo, rendido do umbigo, 64$; Suzana, 38 a 40 anos, Crioula, adoentada, 700$.

    Ano: 1855 Processo n: 87

    Inventariado: Francisco Joaquim Lopes Descrio: 05 escravos, 02 masculino, 03 feminino

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    Incia, parda/mulata, 38 anos mais ou menos, quebrada do umbigo, 300$; Firmo, pardo/mulato, 10 para 11 anos, 700$; Maria, parda/mulata, 7 anos, 450$; Maria, 5 anos, Crioula, 350$; Felizardo, 3 anos, Crioulo, 250$.

    Ano: 1855 Processo n: 88 Inventariado: Jos de Freitas Luz Descrio: 08 escravos, 04 masculino, 04 feminino Justino/Jacinto, 18 anos, Crioulo, 700$; Rosa, 20 anos, Crioula, 700$; Maria, 12 anos, Crioula, 650$; Tereza, 45 anos, da Costa, 500$; Domingos, 46 anos, da Costa, 500$; Justino, 6 anos, Crioulo, 150$; Felisbina, 3 anos, Crioula, 100$; Pedro, 30 anos, Crioulo, com uma mo de menos, 400$.

    Ano: 1855 Processo n: 89 Inventariado: Mateus Jos Alves Descrio: 03 escravos, 03 masculino Valrio, mulato/pardo, 30 anos, 1:000$; Manoel, 52 anos, Crioulo, 900$; Antnio, 60 anos, Nao, 200$.

    Ano: 1856 Processo n: 90 Inventariada: Cristina Maria da Silva Descrio: 03 escravos, 03 feminino Fignia, 20 anos mais ou menos, Crioula, 900$; [sem nome], 6 meses, Crioula, Fignia, por batizar, 100$; Maria, 60 anos mais ou menos, Nao, muito doente, 300$.

    Ano: 1856/1860 Processo n: 91 Inventariada: Cndida Maria de Arajo, Clementino Jos de Vargas e sua filha Rafaela Descrio: 05 escravos, 03 masculino, 02 feminino Joaquina, mulata, 20 anos, 800$; Eva, 26 anos, Crioula, doente, 750$; Porfrio, 10 anos, Crioulo, 600$; Janurio, 2 anos, Crioulo, 80$; Florentino, Nao, muito doente, 50$.

    Ano: 1856 Processo n: 92 Inventariada: Francisca Cndida Garcia Descrio: 01 escravo, 01 feminino Maria, Nao, 650$.

    Ano: 1856 Processo n: 93 Inventariada: Florisbela Maria de Jesus Descrio: 10 escravos, 09 no libertos, 01 liberto, 06 masculino, 04 feminino Manoel, 24 anos, Crioulo, 900$; Albino, pardo, 5 anos, 500$; Manoel, 3 anos, Crioulo, quebrado, doado, 100$; [sem nome], mulato, 4 meses, 60$; Leandro (L), pardo, 40 anos, muito doente e demente, 200$; Joaquim, preto, 80 anos, Nao, 16$; Merenciana, 50 anos, Crioula, doada, 300$; Engrcia, 20 anos, Crioula, doada, 850$; Bernarda, 23 anos, Crioula, doada, 850$; Constncia, 46 anos, Crioula, 400$.

    Ano: 1856 Processo n: 94 Inventariado: Joaquim Vieira de Brito Descrio: 05 escravos, 02 masculino, 03 feminino Jordo, 35 anos, Crioulo, 1:000$; Evaristo, 14 meses, C