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PROF. RUDI MATTER O Espírito Santo

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PROF. RUDI MATTER

O Espírito Santo

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O ESPÍRITO SANTO Quem é Ele, Sua atuação, nossa atenção a Ele,

o resultado da nossa submissão a Ele.

ÍNDICE

1. QUEM É O ESPÍRITO SANTO [pag.4]:-Assim como o Pai e o Filho Jesus, o Espírito Santo é Deus. -Pai, Filho e Espírito Santo formam a Trindade.

2. O PAPEL DO ESPÍRITO SANTO NO VELHO TESTAMENTO [pag.8]:- As semelhanças e diferença dos papéis do Espírito Santo no V.T e no N.T.- A presença e atuação do Espírito Santo durante o V.T.- A habitação permanente do Espírito Santo em nós no curso do N.T.

3. O PAPEL DO ESPÍRITO SANTO NO NOVO TESTAMENTO [pag.10]:- Nos ensina: Lucas 12:12.- Nos assiste em nossas fraquezas: Romanos 8:26.- Intercede por nós: Romanos 8:26. - Se andarmos com Ele, não satisfaremos os desejos da carne: Gálatas 5:16.- Somos fortalecidos, mediante o Espírito: Efésios 3:16.- Ensina-nos a orar e a pedir segundo a vontade de Deus: Efésios 3:16.- Somos guiados pelo Espírito Santo: Romanos 8:14.

4. ANDANDO NO ESPÍRITO E GUIADOS PELO ESPÍRITO [pag.10]:- Referências explícitas a quem andou com Deus.- Exortações ou convites de Deus e promessas sobre o andar com Deus.- Como os cristãos devem andar.- Súplica de quem quer andar com Deus.- Andando no Espírito não satisfaremos os desejos da carne.

5. ORAR “NO” ou “COM” o ESPÍRITO [pag.13]:- Referências na Bíblia.- Significado de orar “no” ou “com” o Espírito.- Função específica de cada Pessoa da Trindade na oração.

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6. O FRUTO DO ESPÍRITO: as nove características indissociáveis [pag.15]:Amor, Alegria, Paz, Longanimidade, Benignidade, Bondade, Fidelidade, Mansidão e Domínio Próprio.

7- OS ADVOGADOS (PARÁKLETOS) [pag.30]:- Os parákletos (advogados).- Jesus: o nosso parákleto junto a Deus Pai.- O Espírito Santo: o parákleto de Jesus que nos foi prometido por Jesus.

8- QUATRO POSSÍVEIS ATITUDES PARA COM O ESPÍRITO SANTO [pag.35]:- Entristecê-lo. Efésios 4:30,31.- Resistir-lhe. Atos 7:51.- Apagá-lo. I Tessalonicenses 5:19,20.- Sermos cheios do Espírito Santo. Efésios 5:18.

9- NOSSO “EU” ou “EGO” [pag.36]:- O domínio ou a vitória sobre o “EU”.- Um possível inimigo íntimo.- O início do caos.- A continuação do caos.- Nosso “EU” no devido lugar.

10- ENCHEI-VOS do ESPÍRITO [pag.42]:- O que é ser cheio do Espírito.- A exortação para sermos cheios do Espírito: “encher-se” ou deixar-se encher”- Porque alguns não são cheios do Espírito.- Temperamentos: o controle sobre as fraquezas.- Uma decisão: podemos ser cheios do Espírito agora.- O que resulta de sermos cheios do Espírito.

11 - O BATISMO com o ESPÍRITO SANTO [pag.45]:- As 7 referências ao batismo com o Espírito Santo no Novo Testamento.- Quando ocorre o Batismo com o Espírito Santo.- O entendimento e o uso adequado da expressão “batismo com o Espírito Santo”.- A coerência do “deixai-vos encher com o Espírito Santo”.- A segunda bênção: entendimento inadequado.

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1. QUEM É O ESPÍRITO SANTO.

1.1 Afirmações básicas:

- Assim como o Pai e o Filho Jesus, o Espírito Santo é Deus. - Pai, Filho e Espírito Santo formam a Trindade.

1.2 O ESPÍRITO SANTO é uma Pessoa.

Jesus nunca chamou o Espírito Santo de “isto” quando falava dEle. Em João 14, 15 e 16, por exemplo, Jesus falou do Espírito Santo como “Ele”, porque Ele não é uma força

ou uma coisa, mas uma Pessoa Divina.Na Bíblia vemos que o Espírito Santo tem intelecto, emoções e vontade. Além disso, como adiante es-

pecificado, diz que Ele faz coisas que somente uma pessoa real faria. Portanto não se trata de uma mera força ou energia.

- Ele fala: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas, Ao vencedor dar-lhe-ei que se alimente da árvore da vida que se encontra no paraíso de Deus”. (Apoc. 2:7).

“E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora. Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado”. (Atos 13:2).

- Ele intercede: “Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havermos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis”.

(Rom. 8:26, IBB).

- Ele testifica: “Quando, porém, vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que dele procede, esse dará testemunho de mim”. (João 15:26).

- Ele guia:“Então disse o Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro, acompanha-o”. (Atos 8:29).

“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” (Rom, 8:14).

- Ele ordena: “E percorrendo a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia, defrontando Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu”. (Atos 16:6,7).

- Ele conduz: “Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas que hão de vir” (João 16:13).

- Ele nomeia: “Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho. Pois o Espírito Santo os pôs como guardiães do rebanho,

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para pastorear a Igreja de Deus, que ele comprou por meio do sangue do Seu própria Filho” (Atos 20:28, BLH).

- Há quem mente para Ele: “Por isso vos declaro: Todo pecado e blasfêmia

Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu?

E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus”. (Atos 5:3,4).

- Pode alguém insultá-Lo: “Por isso vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra a Espírito Santo não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do homem ser-lhe-á isto perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isto perdoado, nem neste mundo, nem no porvir”. (Mat. 12: 31, 32).

- Pode-se entristecê-Lo:“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes seladas para o dia da redenção”. (Efésios 4:30).

1.3-O ESPÍRITO SANTO é Deus:

Cada uma das emoções e atitudes acima alistadas são características de uma pessoa. Ele é uma Pessoa, com todos os atributos de uma personalidade. Mas não é só uma Pessoa; é uma Pessoa Divina.Em toda a Bíblia vê-se que o Espírito Santo é o próprio Deus. Os atributos que lhe são conferidos, sem exceção, são os do próprio Deus, como segue:

- Ele é eterno (Isto significa que nunca houve um momento em que Ele não existiu):.

“Muito mais o sangue de Cristo que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, puri-ficará a nossa consciência de obras mortas para servirmos ao Deus vivo!” (Heb. 9:14).

- Ele é Todo-Poderoso: “Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer, será chamada Filho de Deus”. (Lucas 1:35).

- Ele é Onipresente  (está em todo lugar ao mesmo tempo):

“Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua presença?” (Salmo 139:7, IBB).

- Ele sabe tudo (é onisciente):

“Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas estas coisas perscruta, até mesmo as pro-fundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito que nele está? Assim também as coisas de Deus ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus”. (I Cor. 2:10, 11).

- Ele é chamado Deus: “Então disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito San-to, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus” Atos 5:3, 4)

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- Ele é o Criador: “No princípio criou Deus os céus e a terra.... e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”. (Gên. 1:1)

Assim, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo estavam juntos criando o mundo. É da máxima importância compreender e aceitar estes fatos, tanto na teologia como na prática.A colocação usual das três pessoas da Trindade no Novo Testamento tem a ver com sua seqüência e

função. Dizemos:a) que oramos ao Pai, através do Filho, no poder do Espírito Santo; b) em termos de função, o Pai veio primeiro, depois o Filho se encarnou, morreu e ressuscitou. c) agora, o Espírito atua permanentemente nesta era do Espírito. d) a seqüência não prejudica a igualdade, só tem a ver com função e cronologia.

1.4 A TRINDADE.

Deus se revela, progressivamente, a Si mesmo na Bíblia. Há indicações desde o começo do livro de Gênesis de que Deus existe em três Pessoas – Pai, Filho e

Espírito Santo – e que estas três Pessoas constituem o único Deus.O cristianismo é trinitário, não unitário. Ao mesmo tempo há um só Deus e não três, deixando claro

que o cristianismo não é politeísta.Estudiosos informam que na língua hebraica há 3 graus de número:-  singular:um; - dual: dois;-  plural: mais de dois. A Bíblia começa com uma afirmação majestosa:

“No princípio criou Deus os céus e a terra” (Gên. 1:1).A palavra traduzida por “Deus” em Gênesis 1:1 é plural, indicando mais de dois, certificando o enten-

dimento da nossa fé na doutrina da Trindade, que é claramente revelada no Novo Testamento, apesar de só levemente sugerida no Antigo Testamento.

Vemos no relato da criação que Deus desde o início nos fornece algumas indicações da verdade de que a Deidade se compõe de mais de uma pessoa. Vejamos os textos com grifos:

Em Gênesis 1:26 Deus diz:

“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra.”

Em Gênesis 3:22, o Senhor Deus disse:

“Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal.”Em Gênesis 11:6, 7 o Senhor disse:

“Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo: agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer. Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não enteada a linguagem do outro.”

A pergunta de Deus (em Isaías 6:8): “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?” Isaias respondeu: “Eis-me aqui. Envia-me a mim!”

Em Mateus 28:18-20 o comando de Jesus:

“Fazei discípulos de todas as nações”, batizando os convertidos “em nome do Pai, do Filho e do Espírito

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Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.”

Esta comissão trinitária para batizar associa o Espírito Santo com Deus Pai e Deus Filho. Ele é Deus Espírito Santo. Todos iguais.

É emocionante notar como Jesus diz que não deixará os crentes sozinhos. Assim, através do Espírito Santo que Ele e o Pai enviaram, é dito que Ele nunca nos deixará nem nos

abandonará (Hebreus 13:5). Ele permanecerá com cada crente até o último instante. Este pensamento deve nos encorajar nestes dias sombrios, em que as forças satânicas estão operando

em tantos lugares diferentes do mundo.Na esteira desse pensamento, Paulo afirmou:

“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós” (2 Cor. 13:14).

Esta bênção não deixa dúvidas de que o Espírito Santo é um com o Pai e com o Filho. Se o Pai é Deus, e Jesus é Deus, então o Espírito Santo também é Deus.

O principal problema sobre o entendimento da doutrina da Trindade é que o cristianismo diz ser mono-teísta. Isto é, rejeita o politeísmo, a crença em mais de um Deus.

A resposta é que a Trindade preserva a unidade da Deidade, reconhecendo ao mesmo tempo que nela há três pessoas, que não deixam de ser uma em essência. Deus é um.

Isto é um assunto extremamente difícil – muito além da capacidade de compreensão das nossas mentes limitadas.

Mesmo assim é extremamente importante, na compreensão desse tema, ir até onde a Bíblia nos escla-rece, e ficar em silêncio onde a Bíblia não esclarece.

Assim, Deus Pai é plenamente Deus. Deus Filho e Deus Espírito também. A Bíblia apresenta isto como um fato. Não o explica.

Vimos até aqui que o Espírito Santo é uma pessoa, é Deus, e faz parte da Trindade. Quem não reconhe-cer isto não usufruirá da Sua alegria e de Seu poder.

Uma compreensão deficiente de qualquer pessoa da Trindade trará a mesma conseqüência, porque Deus é importante em todos os sentidos.

Mas isto vale especialmente para o Espírito Santo, porque apesar de o Pai ser a fonte de todas as bên-çãos, e o Filho o canal de todas as bênçãos, é pela ação do Espírito Santo em nós que toda a verdade se torna viva e operante em nossas vidas.

Assim, nós dobramos os joelhos diante dEle, nós O adoramos, e O tratamos em tudo como a Escritura exige que tratemos o Deus Todo-Poderoso.

(Reflexões extraídas e/ou do livro “O ESPÍRITO SANTO”, de Billy Graham).

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2. O PAPEL DO ESPíRITO SANTO NO VELHO TESTAMENTO (VT).

-As semelhanças e diferença do Espírito Santo no V.T e no N.T.-A presença e atuação do Espírito Santo durante o V.T.-A habitação permanente do Espírito Santo em nós no curso do N.T.

2.1 SEMELHANÇAS e DIFERENÇAS no V.T e no N.T .

O papel do Espírito Santo em ambos os Testamentos são semelhantes. Podemos discernir quatro áreas gerais nas quais o Espírito Santo se evidencia tanto no V.T como no N.T:

(1) regeneração, (2) habitação (ou enchimento), (3) contenção, e (4) capacitação para o serviço.

(i) REGENERAÇÃO é a primeira área do trabalho do Espírito.Uma outra palavra para regeneração é “renascimento”, do qual obtemos o conceito de “nascer de novo”. O texto de prova clássico para isto é encontrado no evangelho de João:

“Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo” (João 3:3).Mas o que isso tem a ver com a obra do Espírito Santo no Antigo Testamento? Vejamos.Em seu diálogo com Nicodemos, Jesus diz-lhe:

“Você é mestre em Israel e não entende essas coisas?” (Jo. 3:10).O ponto que Jesus estava destacando é que Nicodemos deveria saber a verdade de que o Espírito

Santo é a fonte de vida nova porque isso é revelado no Antigo Testamento, como segue.Moisés disse aos israelitas antes de entrar na Terra Prometida:

“O Senhor, o seu Deus, dará um coração fiel a vocês e aos seus descendentes, para que o amem de todo o coração e de toda a alma e vivam” (Deuteronômio 30:6).

Esta circuncisão do coração é a obra do Espírito de Deus e pode ser realizada somente por Ele. Sabemos que havia homens de fé no Antigo Testamento. Hebreus 11 nomeia muitos deles (Abel, Eno-

que, Abraão, Jacó, José, Moisés, Josué, Davi e outros). Se a fé é produzida pelo poder regenerador do Espírito Santo, então este deve ser o caso dos santos do

Antigo Testamento, os quais acreditavam que iria acontecer o que Deus havia prometido em relação à sua redenção.

Eles viram as promessas “de longe e de longe as saudaram” (Heb. 11:13), aceitando pela fé que Deus reali-zaria o que prometera.

(ii) HABITAÇÃO é o segundo aspecto da obra do Espírito no VT Aqui há diferença entre os papéis do Espírito no VT e NT. O Novo Testamento ensina que a habitação do Espírito Santo é permanente nos crentes conforme 1

Coríntios 3:16-17 e 6:19-20), pois quando colocamos nossa fé em Cristo para a salvação, o Espírito Santo vem morar em nós.

O Apóstolo Paulo chama isso de habitação permanente, a “garantia da nossa herança” (Ef. 1:13-14). Em contraste com este trabalho no Novo Testamento, a habitação no Antigo Testamento era seletiva e

temporária: o Espírito “apoderava-se” de certas pessoas do Antigo Testamento como Josué (Números

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27:18), Davi (1 Samuel 16:12-13) e até Saul (1 Samuel 10:10). No livro de Juízes (2:18; 6:16), vemos o Espírito “apoderando-se” dos vários juízes que Deus tinha

levantado para libertar Israel de seus opressores. O Espírito Santo veio sobre estes indivíduos para tarefas específicas ou tempos específicos. A habitação era um sinal do favor de Deus sobre determinado indivíduo (caso de Davi), e se o favor de

Deus abandonava uma pessoa, o Espírito sairia (caso de Saul em 1 Samuel 16:14). Finalmente, o Espírito “apoderando-se” de um indivíduo nem sempre indicava a condição espiri-

tual da pessoa (por exemplo: Saul, Sansão e muitos dos juízes). Assim, enquanto no Novo Testamento o Espírito só habita os crentes e de uma forma permanente,

o Espírito veio sobre certos indivíduos do Antigo Testamento para uma tarefa específica, independen-temente da sua condição espiritual. Uma vez que a tarefa foi concluída, o Espírito presumivelmente saía dessa pessoa.

(iii) CONTENÇÃO é o terceiro aspecto da obra do Espírito no Antigo Testamento: a Sua contenção do pecado.

Gênesis 6:3 parece indicar que o Espírito Santo restringe a pecaminosidade do homem, e que essa res-trição pode ser removida quando a paciência de Deus sobre o pecado chegar a um “ponto de ebulição”.

Este pensamento é bem esclarecido em 2 Tess. 2:3-8, quando, no fim dos tempos, uma crescente apos-tasia vai sinalizar a vinda do juízo de Deus, em cuja situação “o Espírito se afastará”.

Até o tempo predeterminado quando o “homem do pecado” (v. 3) será revelado, o Espírito Santo restringe o poder de Satanás e o soltará apenas quando para fazê-lo cumprir os Seus propósitos.

(iv) A CAPACIDADE PARA O SERVIÇO é o quarto aspecto da obra do Espírito no Antigo Testamento.

Muito parecido com a maneira em que os dons espirituais operam no Novo Testamento, o Espírito ca-pacita certos indivíduos para o serviço.

Consideremos o exemplo de Bezalel em Êxodo 31:2-5, o qual foi dotado para fazer trabalho de arte relacionado com o Tabernáculo:

Disse então o Senhor a Moisés: “Eu escolhi a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, dando-lhes destreza, habilidade e plena capacidade artística para desenhar e execu-tar trabalhos em ouro, prata e bronze, para talhar e esculpir pedras, para entalhar madeira e executar todo tipo de obra artesanal.

Além disso, recordando a habitação seletiva e temporária do Espírito Santo antes referida, vemos que estes indivíduos foram dotados para executar determinadas tarefas, assim como reinar sobre o povo de Israel (ex. Saul e Davi).

Finalmente, cabe mencionar também o papel do Espírito na criação, pois Gênesis 1:2 fala do Espí-rito “pairando sobre as águas” e superintendendo a obra da criação.

De forma semelhante, o Espírito é responsável pela obra da nova criação (2 Cor.17) ao trazer pessoas ao reino de Deus através da regeneração.

Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!

Em suma, em grande parte, o Espírito realiza na nossa época atual as mesmas funções que nos tempos do Antigo Testamento, sendo a habitação permanente do Espírito nos crentes agora.

A certificação disso está nas palavras de Jesus em Jo 14:17:

“Mas vocês O conhecem, pois Ele vive com vocês e estará em vocês”.

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3. O PAPEL do ESPÍRITO SANTO no NOVO TESTAMENTO (de modo permanente).

- Nos ensina (Lucas 12:12):“pois naquela hora o Espírito Santo ensinará o que deverão dizer”.

- Nos assiste em nossas fraquezas (Rom. 8:26)“Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza,pois não sabemos como orar”, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.

- Intercede por nós, conforme a vontade de Deus (Rom. 8:27): E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus.

- Impede que satisfaçamos os desejos da carne (Gal.516)Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne.

- Somos fortalecidos, mediante o Espírito (Efésios 3:16):“Oro para que, com as suas gloriosas riquezas, Ele os fortaleça no íntimo do seu ser com poder, por meio do seu Espírito.”

- Ensina-nos a pedir segundo a vontade de Deus (Rom8:27):

“E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos san-tos de acordo com a vontade de Deus”.

- Se Filhos de Deus, somos guiados pelo E. Santo (Rom. 8:14):“porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”.

Importa compreendermos que, assim como nossa salvação está baseada totalmente no que Deus fez em Cristo, assim também dependemos de Deus –Espírito Santo para realizarmos “as obras que Deus preparou de antemão para que andássemos nelas “ (Ef.2:10).

4. ANDANDO no ESPÍRITO e GUIADOS pelo ESPÍRITO.

- Referências explícitas a quem andou com Deus.- Exortações ou convites de Deus e promessas sobre andar com Deus.- Como cristãos, como devemos andar.- Súplica de quem quer andar com Deus.- Andando no Espírito não satisfaremos os desejos da carne. - Exortações ou convites de Deus e promessas sobre andar com Deus.- Como cristãos, como devemos andar.- Súplica de quem quer andar com Deus.- Andando no Espírito não satisfaremos os desejos da carne. - No e pelo Espírito

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4.1 Referências explícitas a quem andou com Deus:

“Andou Enoque com Deus, e já não era porque Deus o tomou para si.” Gn. 5:24

“Noé era homem justo e íntegro entre seus contemporâneos; andava com Deus..” Gn 6:9

4.2 Exortações ou convites de Deus e promessas:

“Assim diz o Senhor: Ponde-vos à margem do caminho e vede e perguntai, qual é o bom caminho; an-dai por ele e achareis descanso para as vossas almas; Mas eles dizem: não andaremos.” (Jr. 6:16)

“Mas isto vos ordenei, dizendo: daí ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos ordeno, para que vos vá bem.” (Jr.7:23)

“Bem aventurados os irrepreensíveis no seu caminho, que andam na lei do Senhor”. Sl.119:1

4.3 Como cristãos, como devemos andar:

“Andemos nós em novidade de vida...” Rm.6.4

“.. andeis de modo digno da vocação a ...” Ef. 4:1

“andai em amor, assim como Cristo.... Ef. 5:2

“andai como filhos da luz....” Ef. 5:8

“aquele que diz que permanece Nele, esse deve andar assim como Ele andou” 1Jo 2:6

“Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” Ef. 2:10

4.4 Súplica de quem quer andar com Deus:

“Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade.” Sl 86:11

4.5 Os efeitos de andarmos no Espírito:

“Andai pelo Espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne.” Gal.5:16a) um andar correto implica numa maneira de viver, de um modo de se comportar consigo mes-

mo e com o próximo;b) tal andar correto requer uma atenção e uma ação contínua, baseada em princípios presentes na

memória ou que são trazidos à lembrança em toda e qualquer circunstância.c) o texto de Romanos 13:13 ilustra bem esse “andar”:

“Andemos honestamente, como de dia, não em glutonarias e bebedeiras, não em impudicí-cias (prostituição de qualquer espécie) e dissoluções (desejos indecentes), não em contendas (ódios, discórdias, desarmonia) e invejas (que geram divisões ou facções no corpo de Cristo)”.

d) em Romanos 6:4 há um destaque na novidade desse andar:

“Fomos, pois sepultados com Ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida .”

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e) Em Rom. 8:4 outro destaque sobre esse andar no Espírito:

“para que a justa exigência da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segun-do o Espírito.

4.6 “Cobiça”:

Concupiscência, desejo de coisas prejudiciais à própria pessoa, e que não combinam com a santidade de Deus ou afrontam aos seus princípios; tais desejos:

a) se revelam em impulsos que levam a dominar a vontade das pessoas, transformando-as em rés, re-féns ou dependentes de tais atrações irresistíveis;

b) regra geral, estão associados à satisfação dos sentidos ou apetites do corpo, que normalmente envolvem alguma perversão de impulso sexual;

c) se revelam também em qualquer coisa que o corpo reivindica, mas que causa dano espiritual, corporal e material à pessoa e/ou as pessoas a ela ligadas ou que podem vir se ligar.

4.7 Não sujeitos à exigências da Lei:

“Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.” Gálatas 5:18

4.7.1 A Lei:

a) O princípio da graça divina libera-nos de todo e qualquer princípio legal;b) As pessoas que se recusam a compreender e a receber a pessoa de Cristo, como Salvador e Senhor,

automaticamente ficam sujeitos à Lei, e, porque não tem condições de cumprir toda a Lei, ficam su-jeitos à condenação.

4.7.2- Livres, se “Guiados pelo Espírito”:

a) se nos deixarmos ser “guiados pelo Espírito”, estaremos livres do princípio legalista;b) o ser “guiado pelo Espírito” implica em uma orientação contínua, em auxílio constante, e

isso nos leva para longe do pecar e a evoluirmos em santidade, transformando-nos segundo a imagem de Cristo.

c) tal andar nos habilita a usufruir do gozo dos lugares ou prazeres celestiais e em Deus, ainda que aqui estejamos.

4.8 Reflexões:

(i) Qual a sua experiência no “andar no Espírito” ou ser “guiado pelo Espírito”?.(ii) O que poderia lhe impedir de andar e ser guiado pelo Espírito?(iii)-Como você tem buscado satisfazer sua alma em Deus? O que isso significa para você?(iv)-O que podemos fazer para que possamos viver mais e mais no Espírito?

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5. ORAR “NO” ou “COM” o ESPÍRITO.

-Referências na Bíblia.-Significado de orar “no” ou “com” o Espírito.-Função específica de cada Pessoa da Trindade na oração

5.1.- REFERÊNCIAS na BÍBLIA :

Orar “no” ou “com” o Espírito é citado nos seguintes textos:

1 Coríntios 14:15: “Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente”.

Efésios 6:18: “com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”.

Judas 20: “Vós, porém, amados, edificando-vos na vossa fé santíssima, no Espírito Santo”.

1 Coríntios 14:15:O que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente.”

5.2 SIGNIFICADO de ORAR “no” ou “com” o ESPÍRITO :

A palavra grega traduzida “orar em” pode significar:“por meio de”, “com a ajuda de”, “na esfera de” e “em conexão ao”.

Assim, orar “com” ou “no” Espírito:a) não se refere às palavras que estamos dizendo;b) refere-se a como estamos orando;c) é orar de acordo com a liderança do Espírito;d) é orar por coisas que o Espírito nos leva a mencionar:

“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis”. Roma-nos 8:26

O que alguns entendem por orar no Espírito, tomando por base:

“O que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com a mente; cantarei com o espírito, mas também cantarei com a mente.” 1 Coríntios 14:15

Baseados nesse texto igualam orar “no” Espírito com orar “em línguas”. No entanto, o capítulo 14 de 1Coríntios declara que:

a) quando uma pessoa ora em línguas, ela não sabe o que está dizendo porque está falando em uma lín-gua desconhecida;

b) além disso, ninguém poderá entender o que está sendo dito, a menos que haja um intérprete. Em Efésios 6:18, Paulo diz:

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“com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos”.

Como podemos orar com toda oração e súplica por todos os santos se ninguém, incluindo o orador, entende o que está sendo dito?

Portanto, orar “no” Espírito deve ser entendido como orar “no poder” do Espírito, de acordo com a liderança e a vontade do Espírito, e não como orar em línguas.

5.3 FUNÇÕES ESPECÍFICAS das PESSOAS da TRINDADE:

É importante entender que cada Pessoa da Divindade tem uma função específica. E, na oração, se dá o seguinte:

a) O Pai atende nossas orações (Mateus 7:7-11); b) Jesus, nosso intercessor, é a garantia de que seremos ouvidos em conformidade com João 14:13;

1 Timóteo 2:5 e 1 João 5:14); ec) o Espírito Santo é quem nos ajuda a orar corretamente, aperfeiçoando a nossa comunicação (Rom.

8:26).Ainda que alguém costume orar ao Pai em nome do Filho, isso não significa que dirigir uma prece as

outras Pessoas da Divindade, o que inclui o Espírito Santo, pudesse ser equivocado ou errado.Em Judas 1: 20 e 21 o Espírito Santo é destacado numa posição privilegiada em relação a Deus Pai e a

Deus Filho no que diz respeito à oração, afirmando:

“Edifiquem-se, porém, amados, na santíssima fé que vocês têm, orando no Espírito Santo. Mantenham-se no amor de Deus, enquanto esperam que a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo os leve para a vida eterna”.

A verdade é que cada Pessoa da Trindade tem uma função que não torna um “mais importante” ou “menos Deus” que a Outra.

Sendo que essencialmente não há diferença entre as Três Pessoas da Trindade, não há restrição para se orar a Jesus ou ao Espírito Santo, tanto que, em João 14:14 Jesus nos orientou a orar diretamente a Ele próprio:

“Se ME pedirdes alguma coisa em meu nome, EU o farei”. João 14:14 A função que cada Pessoa da Divindade possui no plano de Salvação não traz limitações, de modo que

uma não possa fazer o que a Outra faz. Exemplo disso podemos ler nas palavras de Cristo em João 5:21:

“Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer”.

Conclusões :(a) o padrão geral de oração é aquela dirigida ao Pai, em nome do Filho, com o conhecimento de que os

“gemidos” do Espírito transmitem nossas preces;(b) em ocasiões de oração pessoal e coletiva, entretanto, pode parecer melhor orar à Pessoa mais envol-

vida da Divindade, ou seja, poderia parecer mais apropriado orar diretamente ao Espírito Santo quando solicitamos dons e poder de testemunho para a igreja.

(c) orações a Jesus poderiam incluir confissão, penitência, perdão, gratidão pelo sacrifício Dele na cruz i e o clamor para que Ele venha logo.

(d) em suma, considerando que as Pessoas da Divindade são realmente uma em natureza, caráter e propósito, parece lógico e prático dirigir petições e louvores apropriados a qualquer Pessoa da Trindade, num determinado tempo e situação.

[Conforme concluído pelos autores do livro “A Trindade –“Como entender os mistérios da pessoa de Deus na Bíblia e na his-tória do cristianismo” (Casa Publicadora Brasileira – site: www.cpb.com.br), pág. 307].

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6. O FRUTO DO ESPÍRITO. Suas nove características indissociáveis.

6.1 AS NOVE CARACTERISTICAS do FRUTO do ESPÍRITO:

O “Fruto do Espírito” é uma expressão bíblica que engloba nove atributos ou características vi-síveis de uma vida cristã verdadeira, compreendido como um só “fruto” e que caracteriza ou se ma-nifesta em todos aqueles que verdadeiramente se encontram submissos ao Espírito Santo e que andam Nele.

Este é o fruto que cada cristão autêntico revela na sua nova vida, na medida em que se submete ao senhorio de Jesus.

Tais atributos estão assim enumerados:

“Mas o fruto do espírito é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio ...” Gálatas 5:22-23.

O texto de Gálatas (5:24) ainda acrescenta que:

“Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos”.E o complemento (em II Cor.5:15):

“já não vivem para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou”Assim como um ramo precisa da videira para produzir, nós necessitamos da atuação do Espírito

Santo em nós, afim de que se manifeste o fruto do ESPÍRITO, pelo qual se identifica um cristão ín-tegro.

Por tal fruto se viabiliza a produção das “boas obras que Deus de antemão preparou para que an-dássemos nelas” (conforme Efésios 2:10), vale dizer, a produção dos “frutos” pelos quais os autênticos cristãos serão conhecidos (“pelos seus frutos os conhecereis”).

O propósito das presentes reflexões é se debruçar sobre cada uma dessas nove características ou atributos, com vistas a vislumbrar o que elas realmente significam e o efeito que as manifestações do seu conjunto indissociável proporcionam nas ações daqueles que estão sobre o domínio do Espírito Santo.

O melhor modo de compreender o que significa o amor e as demais características ou atributos do Espírito,é apreciar o que as próprias Escrituras Sagradas falam sobre elas. E é o que vai adiante exposto, seguido de destaques.

6.1.1 A M O R .

“E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e quem permanece em amor, permanece em Deus, e Deus nele”. (1 João 4:16).

De todas as virtudes, o amor é a principal, pois é a primeira característica identificadora de DEUS. Assim, para nos identificarmos com o que Deus é e o que Ele tem para conosco, importa assimilar-

mos e reconhecermos o que está expresso no texto acima, pelo qual afirmamos que cremos:a) que Deus é amor e no amor que Ele nos tem;b) que só permanecemos em Deus e Deus em nós se permanecermos em amor. É pelo amor que DEUS criou, mantém o que criou e realizou um plano extraordinário para a salvação

dos pecadores mediante o sacrifício na cruz de seu filho Jesus, pelo qual são remidos os nossos pecados.O amor é a base de como DEUS age, é a sua marca por excelência, sendo o elo ou amálgama que reúne

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e permeia todas as características do fruto do Espírito, importando destacar que elas nunca serão manifestações da nossa mera força de vontade, mas uma consequência da nossa submissão ao comando e vontade do Espírito Santo em nós..

E é esse amor que Ele quer ver em nosso caráter e em nossas ações. Daí porque é indispensável compreendermos bem a profundidade desse atributo.

O texto abaixo é um dos que nos dá uma ideia muito prática, tanto do que seja o amor e do quanto ele está presente nas outras características do fruto do Espírito:

“O amor é paciente, o amor é bondoso;

o amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece;

não se porta com indecência; não busca os seus interesses,

não se irrita, não suspeita mal.

O amor não se deleita com a injustiça, mas folga com a verdade;

tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor nunca falha”.

(1 Coríntios 13:4-8).Jesus, para nos fazer compreender a profundidade do seu amor por nós, ao mesmo tempo que compara

como Ele é amado pelo Pai, apela para nós nos unirmos nesse triângulo de amor. É o que nos revela o seguinte texto:

Como o Pai me amou, assim Eu os amei; permaneçam no meu amor. João 15: 9E Jesus explica o que significa “permanecer no seu amor”, não o restringindo a uma mera emoção ou

sentimento, mas enfatizando a necessidade da fidelidade e da obediência: “Se vocês obedecerem aos meus mandamentos, permanecerão no meu amor, assim como tenho obedeci-

do aos mandamentos de meu Pai e em seu amor permaneço”. João 15:10Essa pretensão e convite não é um mero capricho de Jesus, mas um profundo desejo para que possamos

usufruir ao máximo da mais completa e possível alegria:

“Tenho dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa.” João 15:11

E completa, não só nos ordenando que nos amemos assim como Ele nos amou, mas lembrando que não há maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos.

“O meu mandamento é este: Amem-se uns aos outros como eu os amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus” amigos. João 15:12-13

Nesse particular de “dar” e de “se dar”, manifestação imensurável do que seja o amor, Deus Pai e Deus Filho dão um exemplo inigualável do que realizaram e do que nos ofertaram.

“Porque Deus tanto amou o mundo

que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16

Por isso é que meu Pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la. Ninguém a tira de mim, mas eu a dou por minha espontânea vontade. João 10:17-18

Paulo, bem interpretando o mandamento de amor que Jesus vivenciou e propôs para nós, especifica-o em termos práticos nos seguintes textos:

“O amor deve ser sincero. Odeiem o que é mau; apeguem-se ao que é bom. Dediquem-se uns aos outros com amor fraternal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a vocês. Nunca falte a vocês o zelo, sejam fervorosos no espírito, sirvam ao Senhor. Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perse-verem na oração. Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades. Pratiquem a hospi-

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talidade. Abençoem aqueles que os perseguem; abençoem-nos, não os amaldiçoem. Alegrem-se com os que se alegram; chorem com os que choram. Tenham uma mesma atitude uns para com os outros. Não sejam orgulhosos, mas estejam dispostos a associar-se a pessoas de posição inferior. Não sejam sábios aos seus próprios olhos. Não retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos. Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois está escrito: “Minha é a vingança; eu retribuirei”, diz o Senhor.

Ao contrário: “Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele”. Não se deixem vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem. Romanos 12: 9-21

Para coroar o entendimento sobre a importância vital do amor, Paulo, nos seguintes textos, sublinha que nada terá valor se for realizado sem amor:

“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos,

se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.

Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei.

 Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá.

 O amor é paciente, o amor é bondoso.

Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.

 Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente,

não guarda rancor.

 O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

 O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará......

 Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor.

O maior deles, porém, é o amor.”

(1Coríntios 13: 1-13:)Não basta reconhecermos a legitimidade das afirmações acima de Paulo sobre o amor, pois nada produ-

ziremos efetivamente com amor, se o amor de Cristo por nós manifesto no seu sacrifício na cruz, não nos sensibilizar e não nos constranger a assumi-Lo como nosso Senhor, pois é por Ele que somos salvos e podemos ser adotados como filhos de Deus e gozarmos de sua presença em nós, aqui e agora e para todo o sempre, .

Somos convocados a imitar a Deus para que sejamos identificados como “filhos amados”, como refe-rido por Paulo:

“Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou e se entregou por nós como oferta e sacrifício de aroma agradável a Deus. Efésios 5:1-2

Conclusivamente, o apóstolo João nos exorta a amar como Cristo nos amou, resumindo no que consiste o amor:

 Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.

 Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.

 Foi assim que Deus manifestou o seu amor entre nós: enviou o seu Filho Unigênito ao mundo, para que pudéssemos viver por meio dele.

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 Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.

 Amados, visto que Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros. I João 4: 7-11

6.1.2- A L E G R I A.

Na concepção do mundo, o oposto da alegria é a tristeza, assim como, o oposto da felicidade é a infeli-cidade.

Na vida há momentos de muitas alegrias, que, repentinamente, pode de se tornar em tristeza, mediante o recebimento de uma notícia ruim. Essa tristeza é de esperar, pois é natural.

A alegria e a tristeza são alternâncias sucessivas nesse mundo, por causa do pecado. Mas quem tem a esperança da salvação em Cristo, nunca será um infeliz, embora possa ter momentos de tristeza.

Assim, as tristezas momentâneas, necessariamente, não devem levar aqueles que pertencem a Jesus, a perderem aquela alegria perene que advém da comunhão com o Espírito Santo, em realidade uma das manifestações do Seu Fruto.

Tal alegria nada tem a ver com as alegrias que o mundo pode oferecer, sejam boas ou aceitáveis ou não, pois estas sempre tendem a ser efêmeras ou passageiras.

A verdadeira alegria vinda do Senhor nada pode ou deva roubá-la ou desvanecê-la, pois ela é incom-parável com qualquer outra que o mundo pode oferecer.

A alegria cristã não é uma emoção artificial e menos ainda episódica ou passageira. Antes é uma ação do Espírito de Deus no espírito humano, pelo qual este reconhece que tudo está sob o

controle neste mundo e que ele está também nas mãos de Deus. É a certeza de que nada é por acaso, e que tudo está no contexto dos pensamentos e planos de Deus. É

uma segurança e um gozo que o mundo não pode oferecer.O anjo que anunciou o nascimento de Jesus gritou: “Eis que vos trago boas novas; nasceu o redentor.”

Deus nos enviou alegria e quer que nos é a vivenciemos em qualquer circunstância.A verdadeira alegria tem a ver com ações de graça pela salvação e pelas suas bênçãos, conforme

bem enfatizado por Pedro:

 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo!

Conforme a sua grande misericórdia, ele nos regenerou para uma esperança viva, por meio da ressur-reição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança que jamais poderá perecer, macular-se ou perder o seu valor.

Herança guardada nos céus para vocês que, mediante a fé, são protegidos pelo poder de Deus até che-gar a salvação prestes a ser revelada no último tempo.

Nisso vocês exultam, ainda que agora, por um pouco de tempo, devam ser entristecidos por todo tipo de provação.

Assim acontece para que fique comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado. Mesmo não o tendo visto, vocês o amam; e apesar de não o verem agora, crêem nele e exultam com alegria indizível e gloriosa, pois vocês estão alcançando o alvo da sua fé, a salvação das suas almas. 1 Pedro 1: 3-9

Não sem razão, pois, que diante de tão maravilhosa revelação e perspectiva, Paulo nos roga para que nos enchamos de toda alegria:

Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança Nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo. Romanos 15:13

Paulo exortou que nos alegrássemos sempre no Senhor, independentemente das circunstâncias.

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“Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, alegrai-vos.” Filipenses 4:4

“.. aprendi a viver contente em toda e qualquer situação.” Filipenses 4:11.Com o nosso nascimento físico ganhamos uma alma imortal, que Deus quer que retorne a Ele, junto com

o nosso corpo ressurreto, para que estejamos com Ele por toda a eternidade que não tem fim. Precisamos ter nossos olhos fixos nessa firme expectativa, e desfrutarmos desde já, essa alegria

que nos está proposta, nos identificando com Jesus na seguinte passagem:.

“Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus” (Hebreus 12:2).

Assim, se porventura alguém estiver refém de algum vício ou gozo condenável pela Palavra do Senhor, tantas vezes não há como demover a pessoa de tal prática nociva, a não ser que vislumbre e aceite o gozo ou a alegria maior de desfrutar da alegria da comunhão com o Senhor, e da perspectiva de estar com Ele por toda a eternidade.

6.1.3. P A Z.

PAZ é um estado de harmonia, de sossego, de tranqüilidade, sem beligerância, sem temor conforme rezam os nossos dicionários e em conformidade com o senso comum de todos nós. .

Em nossa sociedade, todavia, não tem havido fatos ou providências que possam nos garantir uma paz duradoura, resultando que o mundo a experimenta apenas episodicamente ou durante algum tem-po, sendo rompida fácil e sistematicamente nas mais diversas situações. A história da humanidade certi-fica isso.

Jesus, bem situando tal situação periclitante, ofereceu outro tipo de paz, uma paz que só Ele pode produzir. Eis a oferta Dele:

“Deixo a paz a vocês; a minha paz dou a vocês. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo”. João 14:27.

Está implícito nessa oferta que não se trata de uma paz efêmera, mas de algo consistente e pere-ne.

Desse modo, poderemos experimentar em nosso interior tal paz permanente, contanto que tenha-mos o ESPÍRITO SANTO habitando em nós e nos conduzindo de acordo com a Sua vontade, tendo como pressuposto termos recebido a Cristo como nosso Senhor e Salvador e a ele sermos submissos.

Paulo, no seguinte texto, bem interpretou a oferta de Jesus, nos admoestando sobre o que não fazer e do que deve ser feito para que possamos experimentar essa PAZ que só Jesus pode nos proporcionar:

“Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apre-sentem seus pedidos a Deus.

E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus.” Filipenses 4:6-7

Como preconizou um sábio oriental: “não podemos impedir que uma ave voe sobre nossa cabeça, mas pode-mos, perfeitamente, impedir que ela faça ninho sobre nossa cabeça”.

Assim é com a ansiedade, que nos quer tirar a paz, não devendo nós convidá-la para se instalar em nossa cabeça, mas abrir a nossa boca e fazer as súplicas que forem necessárias ao nosso Deus, para que nossa mente e o nosso coração sejam preservados em plena paz.

Assim, a paz é algo que pode ser permanente em nós, independente das circunstâncias, podendo nos sentir seguros, sabendo que rumo tomar, o que fazer, o que valorizar, como nos relacionarmos com nossos semelhantes, como nos relacionarmos com DEUS.

Jesus bem conhecia a nossa natureza e bem sabia que passaríamos por muitas aflições e por isso cha-mou para si a responsabilidade de nos manter em paz, contanto que nos mantenhamos ligados a Ele,

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como destacado no seguinte texto:

“Eu lhes disse essas coisas para que em mim vocês tenham paz. Neste mundo vocês terão aflições; contudo, tenham ânimo! Eu venci o mundo”. João 16:33

Paulo, em sua Carta aos Romanos (15:3) intercedeu por seus irmãos para que “Deus da esperança os enchesse de toda alegria e paz, por sua confiança Nele, para que transbordassem de esperança, pelo poder do Espírito Santo.”

Paulo apresentou ainda muitas exortações para que fizéssemos todo o possível para vivermos em paz com todos e promovermos tudo quanto conduz à paz. Os seguintes textos dão testemunho disso:

“Façam todo o possível para viver em paz com todos.” Romanos12:18.

“Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto conduz à paz e à edificação mútua.” Romanos 14:19.

“Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá o Senhor.” Hebreus 12:14.

Pedro, falando aqueles que aguardam confiantes os novos céus e a nova terra, faz a seguinte derradeira exortação, para que sejamos encontrados com aquela paz que somente Cristo pode nos conceder:

“Todavia, de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça. Portan-to, amados, enquanto esperam estas coisas, empenhem-se para serem encontrados por ele em paz, imacu-lados e inculpáveis.” 2 Pedro 3:14

6.1.4 L O N G A N I M I D A D E (paciência).

Como as demais características, a longanimidade é uma notável qualidade moral de Deus, pois signi-fica que Ele tolera, pacientemente, todas as iniqüidades dos humanos, não se deixando levar de pronto por explosões de ira, retardando a aplicação da sua justiça dando oportunidade para que as pessoas se arrependam. Os Livros do Antigo Testamento estão repletos de narrativas onde Deus exerce paciência extraordinária.

Assim, não obstante as atitudes pecaminosas dos homens, Deus se mostra longânimo, isto é, estende o seu ânimo, prolonga a sua paciência aplicando a sua misericórdia, quando poderia , imediatamente, apli-car sua justiça.

Desse modo ele mostra em seu proceder como nós também devemos agir em relação ao nosso semelhan-te, vale dizer, “sendo santos como Ele é”.

A longanimidade, pois, consiste em termos tolerância suportando as provocações alheias, devendo, para tanto, copiarmos Deus, tendo a mesma consideração de paciência para com outros que Deus tem mostrado para nós, e, assim, mostrando ao mundo que somos discípulos e servos do Senhor. Paulo enfatiza isso muito bem aos Coríntios:

“ Pelo contrário, em tudo mostramos que somos servos de Deus, suportando com muita paciência as afli-ções, os sofrimentos e as dificuldades. Temos sido chicoteados, presos e agredidos nas agitações populares. Temos trabalhado demais, temos ficado sem dormir e sem comer. Por meio da nossa pureza, conhecimento, paciência e delicadeza, mostramos que somos servos de Deus. Por meio do Espírito Santo, temos mostrado isso pelo nosso amor verdadeiro” 2 Corintios 6: 4-6.

Tal paciência é impraticável se apenas pela nossa força de vontade. Ela só se materializa quando procede da ação do Espírito Santo através de nós, mediante a nossa submissão à vontade de Dêle. De novo é Paulo que deixa isso bem explícito:

“ Pedimos a Deus que vocês se tornem fortes com toda a força que vem do glorioso poder dele, para que pos-sam suportar tudo com paciência”. Colossenses 1:11

Como exortados por Jesus, não temos o direito de julgar a ninguém, pois isto é da competência absoluta de Deus. Todos somos falhos em alguns aspectos e por isso temos que exercer tolerância uns para com os

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outros. E não significa literalmente “aguentar” os outros, mas dar um “ombro” um “braço” um “apoio” a quem

está necessitado, não levando em conta a crítica ou a agressividade de outrem, mas usarmos de toda a humildade e mansidão para com alguém que não está sob a influência do Espírito Santo, conforme instru-ções de Paulo nas seguintes passagens:

“Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros, em amor”. (Efé-sios. 4:2).

“Vocês são o povo de Deus. Ele os amou e os escolheu para serem Dele. Portanto, vistam-se de misericórdia, de bondade, de humildade, de delicadeza e de paciência. Colossenses 3:12

“Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com amor. Efésios 4:2

Como a paciência genuína só pode ser produzida em nós pela ação do Espírito Santo, é dela que pre-cisamos para, adequadamente, conduzirmos outros ao arrependimento e ao realinhamento com Deus, seja pelo ensino, repreensão ou convencimento, como bem advertido por Paulo em uma de suas cartas a Timóteo:

“Procure convencer, repreenda, anime e ensine com toda a paciência.” 2 Timóteo 4:2Finalmente, não temos porque nos desanimar diante das contrariedades que a vida nos oferece a cada

dia, se realmente cremos que é certo e próximo o retorno do Senhor Jesus :

“Por isso, irmãos, tenham paciência até que o Senhor venha. Vejam como o lavrador espera com paciência que a sua terra dê colheitas preciosas. Ele espera pacientemen-te pelas chuvas do outono e da primavera. Vocês também precisam ter paciência. Não desanimem, pois o Senhor virá logo. Tiago 5: 7-8

E a recompensa por essa paciência vem bem lembrada por Pedro:

“.. Mas, se vocês sofrem por terem feito o bem e suportam esse sofrimento com paciência, Deus os abençoa-rá por causa disso” 1 Pedro 2:20

6.1.5 B E N I G N I D A D E .

“Diz o SENHOR Deus: “Mas agora voltem para mim com todo o coração, jejuando, chorando e se lamen-tando.

Em sinal de arrependimento, não rasguem as roupas, mas sim o coração. Voltem para o SENHOR, nosso Deus, pois ele é bondoso e misericordioso; é paciente e muito amoroso e está sempre pronto a mudar de idéia e não castigar.” Joel 2: 12-13

“Pois antigamente nós mesmos não tínhamos juízo e éramos rebeldes e maus. Éramos escravos das paixões e dos prazeres de todo tipo e passávamos a nossa vida no meio da malícia e da inveja.

Os outros tinham ódio de nós, e nós tínhamos ódio deles.

Porém, quando Deus, o nosso Salvador,

mostrou a sua bondade e o seu amor por todos,

Ele nos salvou porque teve compaixão de nós, e

não porque nós tivéssemos feito alguma coisa boa.

Ele nos salvou por meio do Espírito Santo, que nos lavou, fazendo com que nascêssemos de novo e dando--nos uma nova vida.

Deus derramou com generosidade o seu Espírito Santo sobre nós,

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por meio de Jesus Cristo, o nosso Salvador.

 E fez isso para que, pela sua graça, nós sejamos aceitos por Deus e recebamos a vida eterna que esperamos.” Tito 3:4-7

Tais textos bem exemplificam as atitudes gentis e misericordiosa de Deus, enfim a sua benignidade.Como os demais atributos do fruto do Espírito, Deus é a fonte originária da benignidade, e foi Cristo

quem melhor exemplificou em sua vida tal manifestação.As pessoas que estão sob a influência do Espírito Santo, necessariamente revelam essa qualidade gentil

e graciosa. Revelam doçura de temperamento, predispondo-se a uma atitude afável e cortês, que en-seja facilidade no trato com as pessoas.

Não obstante Jesus ter sido duro diante de certas circunstâncias e que, Ele como Deus homem que era, teve todo o direito de exercer uma atitude severa, como ocorreu com a expulsão dos vendilhões no Tem-plo, verdade incontestável é que no Seu ministério de três anos entre nós, obteve êxitos incomparáveis diante da amabilidade com que abordava as pessoas.

Quando alguém, na Igreja ou Corpo de Cristo, se presta a desencaminhar outras pessoas do caminho da salvação, a amabilidade não resolve, e sim, a firmeza e dureza, chegando até às vezes à exclusão da ofen-sora que não se arrepende.

A regra gera, contudo é a de sermos amáveis, inclusive com pessoas que erraram ou que erram, mas que revelam arrependimento e disposição para mudança de procedimentos.

Como referido por Cícero (De Officiis) “é difícil dizer o quanto as mentes dos homens se deixam conciliar por maneiras gentís e por palavras suaves”.

Portanto,

Devemos viver “na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Es-pírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas

armas da justiça, à direita e à esquerda” (2 Coríntios 6:6-7).

6.1.6 B O N D A D E .

Segundo os dicionários bondade é altruísmo, benignidade, clemência, indulgência, misericórdia, carida-de, filantropia, compaixão, piedade, magnanimidade, beneficência, benevolência, generosidade.

Lutero destacou que uma pessoa é “bondosa quando se dispõe a ajudar aqueles que estão em necessidade”.Segundo Harry Allen Overstreet, “a bondade é uma forma especial de verdade e de beleza. É a verdade e a

beleza no comportamento humano”.A amabilidade e a bondade, ainda que possam andar juntas, não são a mesma coisa, não obstante

serem atributos próximos e parecidos. Assim, ser amável é tratar a pessoa com delicadeza, e ser bondoso é ajudar à quem está necessitado.

A vida terrena inteira de Jesus foi vivida em meio a atos de bondade para com outros. E Ele assim pro-cedeu porque viveu em todo o tempo submisso à ação e ao poder do Espírito Santo.

E é só sob essa capacitação sobrenatural, decorrente da nossa submissão ao comando do Espírito Santo, é que poderemos também refletir tais atos de bondade.

Recomendável, todavia, que se façam súplicas ao Senhor no sentido de que aprendamos a viver de acor-do com o coração Dele, e para que nos trate com mesma bondade que está registrada nas narrativas do Antigo Testamento, tal como orou o salmista:

“Ensina-me a viver de acordo com a tua verdade, pois tu és o meu Deus, o meu Salvador. Eu sempre confio em ti. Ó SENHOR, lembra da tua bondade e do teu amor, que tens mostrado desde os tempos antigos. Esquece os pecados e os erros da minha mocidade. Por causa do teu amor e da tua bondade, lembra de mim,

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ó SENHOR Deus!  O SENHOR é justo e bom e por isso mostra aos pecadores o caminho que devem seguir. Salmo 33:5-8

Se vivermos na comunhão e na dependência do Espírito Santo, poderemos afirmar e ter a mesma certe-za expressa pelo Salmista:

“Certamente que a tua bondade e o teu amor ficarão comigo enquanto eu viver. E na tua casa, ó SENHOR, morarei todos os dias da minha vida”. Salmo 23:6

Se ficarmos julgando os nossos semelhantes, certamente a bondade de Deus não estará conosco. A nós cabe manifestar aos outros a mesma bondade, tolerância e paciência que Deus tem demonstrado a nós. Julgamento e bondade são incompatíveis.

Vejamos adiante a severa advertência que Paulo nos faz:

“Meu amigo, não importa quem você seja, você não tem desculpa quando julga os outros.

Pois, quando você os julga, mas faz as mesmas coisas que eles fazem, você está condenando a você mes-mo. Nós sabemos que Deus é justo quando condena os que fazem essas coisas.

Mas você, que faz as mesmas coisas que condena nos outros, será que você pensa que escapará do julgamento de Deus?

Ou será que você despreza a grande bondade, a tolerância e a paciência de Deus? Você sabe muito bem que ele é bom e que quer fazer com que você mude de vida.

Mas o seu coração é duro e teimoso.

Por isso você está aumentando ainda mais o castigo que vai sofrer no dia em que forem revelados a ira e os julgamentos justos de Deus, pois ele recompensará cada um de acordo com o que fez.

Deus dará a vida eterna às pessoas que perseveram em fazer o bem e buscam a glória, a honra e a vida imortal.

Mas fará cair a sua ira e o seu castigo sobre os egoístas e sobre os que rejeitam o que é justo a fim de seguir o que é mau. Romanos 2: 1-8

Vejam como Deus é bom e também é duro. Ele é duro para os que caíram e bom para vocês, se continuarem sempre confiando na bondade Dele.Se não, vocês também serão cortados. Romanos 11: 21 -22

Finalmente, Paulo faz mais essas exortações:

“Antigamente vocês mesmos viviam na escuridão; mas, agora que pertencem ao Senhor, vocês estão na luz. Por isso vivam como pessoas que pertencem à luz, pois a luz produz uma grande colheita de todo tipo de bondade, honestidade e verdade”. Efesios 5: 8-9

 Vocês são o povo de Deus. Ele os amou e os escolheu para serem Dele. Portanto, vistam-se de misericórdia, de bondade, de humildade, de delicadeza e de paciência. Colossenses 3:12

E temos essas promessas:

“Quem é bondoso e direito terá uma vida longa e será tratado com respeito e justiça”. Provérbios 21:21

“Quem age com bondade faz bem a si mesmo”. Provérbios 11:17

6.1.7- F I D E L I D A D E.

Lealdade, credibilidade, integridade e confiança é o que se compreende por fidelidade.Deus é fiel”; essa é uma das preciosas características do caráter de Deus. Ele é digno de confiança, com

vem bem expresso pelo salmista:

O seu amor por nós é forte, e a sua fidelidade dura para sempre. Salmos 117:2 Toda a confusão e dificuldades para e entre nós começou no Jardim do Éden quando o primeiro casal

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duvidou do que Deus advertiu.Assim como essa falta de confiança gerou o desfazimento da comunhão da raça humana com Deus, o ca-

minho de volta para o reatamento da nossa relação com Deus, será sempre mediante a confiança absoluta Nele, porque, como está escrito, “sem fé é impossível agradar a Deus”.

Ele já provou o Seu amor por nós através de Jesus. Não há como identificar qualquer resquício de dúvida quanto a isso.

E tudo o que Ele requer de mim e de você é que:

“andemos em todos os Seus caminhos, e O amemos, e O sirvamos de todo o nosso coração e de toda a nossa alma” (Dt.10:12).

Essa é a recíproca que Ele requer de nós.Josué fez um apelo ao povo que estava sob o seu comando:

Agora, pois, temei ao SENHOR e servi-o com integridade e com fidelidade;E o povo assim respondeu:

Longe de nós o abandonarmos o SENHOR para servirmos a outros deuses; Ao SENHOR, nosso Deus, ser-viremos e obedeceremos à sua voz. Josué 24: 14,16,24

Sempre é oportuno lembrar que entre “outros deuses”, o maior destes pode estar dentro de nós que-rendo reinar; estamos falando do nosso “eu” ou “ego” quando dissociado da fidelidade para com Deus.

Deus não se propõe ser passageiro com nós ao volante da vida.O inverso é que está nos planos Dele, propondo-se ser o nosso condutor.“Eu sou o caminho” disse Jesus. Portanto, não precisamos e nem devemos perguntar ao Senhor por qual

caminho devemos seguir. Basta estar em comunhão com Ele, e seremos levados, pela atuação do Espírito Santo em nós, na forma dos planos que tiver traçado para cada um de nós. Afinal, Ele é o caminho.

A seguinte passagem ilustra bem que aceitar o convite de Jesus para andar com Ele, não é para os que duvidam Dele, mas para aqueles que não tiram os olhos Dele, que não só andam com confiança na direção Dele, mas que não se deixam afundar com medos que a vida oferece a todo o momento:

29 – Venha! – respondeu Jesus. Pedro saiu do barco e começou a andar em cima da água, em direção a Jesus.

30 Porém, quando sentiu a força do vento, ficou com medo e começou a afundar. Então gritou: – Socorro, Senhor!

31 Imediatamente Jesus estendeu a mão, segurou Pedro e disse: – Como é pequena a sua fé! Por que você duvidou?

32 Então os dois subiram no barco, e o vento se acalmou.

33 E os discípulos adoraram Jesus, dizendo: De fato, o senhor é o Filho de Deus! Mateus 14: 29-33Ora confiar, ora desconfiar é um procedimento bem característico da nossa fragilidade humana decor-

rente dos medos que a vida nos inflige. Mas a advertência de Jesus tem que estar sempre presente na nossa lembrança: “Não temam” e “coragem”.

Por que Jesus usou tais expressões aos seus discípulos? Porque bem conhece a natureza humana.Contudo é relevante considerar que o medo é uma das fortes bases da desconfiança e pode, inclusive nos

levar ao absurdo de questionar o caráter de Deus, como ocorreu com os discípulos, quando estavam com Jesus num barco no meio de uma tempestade. E porque Jesus dormia, fizeram este forte questiona-mento: “não te importas que morramos?”

É importante lembrar que tais questionadores já tinham presenciado inúmeros milagres feitos por Jesus, e, que, portanto, não tinha razão para duvidar que “tudo estava sob controle”, pois se encontra-vam com Jesus no “mesmo barco”.

Assim, olhando (de fora daquele barco) para a expressão “não te importas?” somos inclinados a dizer: mas que audácia desses discípulos!

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No entanto, se fizermos um exame de consciência, provavelmente vamos encontrar também em nós essa “audácia”, talvez não tão ostensiva, mas ela poderá estar lá em alguns momentos da história da nossa vida, quando não estivemos aceitando certos fatos e duvidando de que Deus teria algo proveito-so para permitir aquelas circunstâncias e, por conseqüência não levando em consideração o que Paulo sublinha em Romanos 8:28:

“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam o Senhor, que são chamados segun-do o Seu propósito”.

Sabemos? Isto é, cremos nisso? Vivemos com essa crença?O caminho de volta e para o convívio com Deus tem como requisito essencial a confiança, como reitera-

damente expresso em várias passagens das Escrituras, das quais vão destacadas as seguintes:

“Pois o evangelho mostra como é que Deus nos aceita: é por meio da fé, do começo ao fim. Como dizem as Escrituras Sagradas: “Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus.” Romanos 1: 17

 Deus aceita as pessoas por meio da fé, que elas têm em Jesus Cristo.É assim que ele trata todos os que crêem, pois não existe nenhuma diferença entre as pessoas.Todos pecaram e estão afastados da presença gloriosa de Deus.Mas, pela sua graça e sem exigir nada, Deus aceita todos por meio de Cristo Jesus, que os salva.Deus ofereceu Cristo como sacrifício para que, pela sua morte na cruz, Cristo se tornasse o meio de as pes-soas receberem o perdão dos seus pecados, pela fé, nele. Deus quis mostrar com isso que ele é justo.

No passado ele foi paciente e não castigou as pessoas por causa dos seus pecados; mas agora, pelo sacrifício de Cristo, Deus mostra que é justo. Assim ele é justo e aceita os que crêem em Jesus. Romanos 3: 22-25

 Agora que fomos aceitos por Deus pela nossa fé, nele, temos paz com ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo.Foi Cristo quem nos deu, por meio da nossa fé, esta vida na graça de Deus.E agora continuamos firmes nessa graça e nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus. Romanos 5: 1-2

“Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus. Efésios 2:8

Como visto em tais textos fé e crença são conceitos siameses, ou seja, indissociáveis. Reunidos são identificados numa única palavra: “confiança”, que precisa se revelar em nossos atos.

O capítulo 11 de Hebreus oferece uma síntese histórica de exemplos de fé depositada em Deus por vários personagens, com destaque do que lhes foi favorecido por tal confiança. É por demais relevante re-ver o currículo de tais vidas, porque servem de alento e motivação para nós que ainda estamos nesta vida, notadamente, para, se for o caso, realinharmos nossos procedimentos afinando-os com os propósitos e os almejos de Deus para nós. Eis os testemunhos:

1 A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver.

2 Foi pela fé que as pessoas do passado conseguiram a aprovação de Deus.

3 É pela fé que entendemos que o Universo foi criado pela palavra de Deus e que aquilo que pode ser visto foi feito daquilo que não se vê.

4 Foi pela fé que Abel ofereceu a Deus um sacrifício melhor do que o de Caim. Pela fé ele conseguiu a apro-vação de Deus como homem correto, tendo o próprio Deus aprovado as suas ofertas.

Por meio da sua fé, Abel, mesmo depois de morto, ainda fala.

5 Foi pela fé que Enoque escapou da morte. Ele foi levado para Deus, e ninguém o encontrou porque Deus mesmo o havia levado. As Escrituras Sagradas dizem que antes disso ele já havia agradado a Deus.

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6 Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque quem vai a ele precisa crer que Ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-lo melhor.

7 Foi pela fé que Noé ouviu os avisos de Deus sobre as coisas que iam acontecer e que não podiam ser vistas. Noé obedeceu a Deus e construiu uma barca em que ele e a sua família foram salvos. Assim Noé condenou o mundo e recebeu de Deus a aprovação que vem por meio da fé.

8 Foi pela fé que Abraão, ao ser chamado por Deus, obedeceu e saiu para uma terra que Deus lhe prometeu dar. Ele deixou o seu próprio país, sem saber para onde ia.

9 Pela fé ele morou como estrangeiro na terra que Deus lhe havia prometido. Viveu em barracas com Isaque e Jacó,

que também receberam a mesma promessa de Deus.

10 Porque Abraão esperava a cidade que Deus planejou e construiu, a cidade que tem alicerces que não podem ser destruídos.

11 Foi pela fé que Abraão se tornou pai, embora fosse velho demais e a própria Sara não pudesse mais ter filhos. Ele creu que Deus ia cumprir a sua promessa.

12 Assim, de um só homem, que estava praticamente morto, nasceram tantos descendentes como as estre-las do céu, tão numerosos como os grãos de areia da praia do mar.

13 Todos esses morreram cheios de fé. Não receberam as coisas que Deus tinha prometido, mas as viram de longe e ficaram contentes por causa delas. E declararam que eram estrangeiros e refugiados, de passagem por este mundo.

14 E aqueles que dizem isso mostram bem claro que estão procurando uma pátria para si mesmos.

15 Não ficaram pensando em voltar para a terra de onde tinham saído. Se quisessem, teriam a oportuni-dade de voltar.

16 Mas, pelo contrário, estavam procurando uma pátria melhor, a pátria celestial. E Deus não se envergo-nha de ser chamado de o Deus deles, porque ele mesmo preparou uma cidade para eles.

17 Foi pela fé que Abraão, quando Deus o quis pôr à prova, ofereceu o seu filho Isaque em sacrifício. Deus tinha prometido muitos descendentes a Abraão, mas mesmo assim ele estava pronto para oferecer o seu único filho em sacrifício.

18 Deus lhe tinha dito: “Por meio de Isaque é que você terá descendentes.”

19 Abraão reconhecia que Deus era capaz de ressuscitar Isaque, e, por assim dizer, Abraão tornou a receber da morte o seu filho Isaque.

20 Foi pela fé que Isaque prometeu bênçãos para o futuro a Jacó e a Esaú.

21 Foi pela fé que Jacó, pouco antes de morrer, abençoou os filhos de José. Ele se apoiou na sua bengala e adorou a Deus.

22 Foi pela fé que José, quando estava para morrer, falou da saída dos israelitas do Egito e deu ordens sobre o que deveria ser feito com o seu corpo.

23 Foi pela fé que os pais de Moisés, quando ele nasceu, o esconderam durante três meses. Eles viram que o menino era bonito e não tiveram medo de desobedecer à ordem do rei.

24 Foi pela fé que Moisés, quando já era adulto, não quis ser chamado de filho da filha de Faraó.

25 Ele preferiu sofrer com o povo de Deus em vez de gozar, por pouco tempo, os prazeres do pecado.

26 Ele achou que era muito melhor sofrer o desprezo por causa do Messias do que possuir todos os tesouros do Egito. É que ele tinha os olhos fixos na recompensa futura.

27 Foi pela fé que Moisés saiu do Egito, sem ter medo da raiva do rei, e continuou firme, como se estivesse vendo o Deus invisível.

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28 Pela fé Moisés começou o costume de celebrar a Páscoa e mandou marcar com sangue as portas das casas dos israelitas para que o Anjo da Morte não matasse os filhos mais velhos deles.

29 Foi pela fé que os israelitas atravessaram o mar Vermelho como se fosse terra seca. E, quando os egípcios tentaram atravessar, o mar os engoliu.

30 Foi pela fé que caíram as muralhas de Jericó, depois que os israelitas marcharam em volta delas durante sete dias.

31 Foi pela fé que Raabe, a prostituta, não morreu com os que tinham desobedecido a Deus, pois ela havia recebido bem os espiões israelitas.

32 O que mais posso dizer? O tempo é pouco para falar de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas.

33 Pela fé eles lutaram contra nações inteiras e venceram. Fizeram o que era correto e receberam o que Deus lhes havia prometido. Fecharam a boca de leões,

34 apagaram incêndios terríveis e escaparam de serem mortos à espada. Eram fracos, mas se tornaram fortes. Foram poderosos na guerra e venceram exércitos estrangeiros.

35 Pela fé mulheres receberam de volta os seus mortos, que ressuscitaram. Outros foram torturados até a morte; eles recusaram ser postos em liberdade a fim de ressuscitar para uma vida melhor.

36 Alguns foram insultados e surrados; e outros, acorrentados e jogados na cadeia.

37 Outros foram mortos a pedradas; outros, serrados pelo meio; e outros, mortos à espada. Andaram de um lado para outro vestidos de peles de ovelhas e de cabras; eram pobres, perseguidos e maltratados.

38 Andaram como refugiados pelos desertos e montes, vivendo em cavernas e em buracos na terra. O mun-do não era digno deles!

39 Porque creram, todas essas pessoas foram aprovadas por Deus, mas não receberam o que ele havia pro-metido.

É animador trazer à lembrança a biografia dessas pessoas tementes e fiéis a Deus, pois emprestam sustentabilidade à confiança que devemos ter em Deus, nos levando a louvá-LO e a engrandecê-LO. O profeta Isaias nos mostra como devemos externar isso:

“Ó Senhor, tu és o meu Deus; exaltar-te-ei a Ti, e louvarei o Teu nome, porque fizeste maravilhas: os Teus conselhos antigos são verdade e firmeza”. (Isaías 25:1).

Vê-se, pois que fidelidade tem a ver com credibilidade, e isso com, veracidade,integridade, zelo, precisão, dedicação, constância, pontualidade, cumprimento, firmeza, lealdade.

Deus sempre assim age. É digno de confiança. É previsível. Pode-se esperar Dele sempre o que é bom e justo.

E é isso que Ele espera de nós: Crermos e obedecermos, não nos afastando nem para a direita nem para a esquerda, revelando-nos pessoas que transmitem confiabilidade ao que dizem e ao que fazem.

E esse agir só pode ser resultante da atuação do Espírito Santo em nós, em face da nossa submissão ao comando Dele.

6.1.8 M A N S I D Ã O.

Compreende-se como mansidão: modéstia, cortesia, gentileza, suavidade, serenidade, quietude, doçura, brandura, amenidade, calma, paciência.

A mansidão é a terceira entre as bem-aventuranças destacadas em Mateus 5:

“Bem aventurados os mansos, porque herdarão a terra”.A mansidão origina-se da genuína humildade, eis que uma pessoa humilde não considera quem quer

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que seja superior a si mesmo. Para a pessoa humilde sempre haverá alguém, em algum ou alguns aspectos superior a ela.

Jesus se apresentou como manso, ao convidar seus ouvintes a virem a Ele, para aliviarem suas cargas, prometendo que o Seu jugo é suave.

Sejam meus seguidores e aprendam comigo porque sou manso e humilde de coração; e vocês encontrarão descanso. Mateus 11:29

A mansidão não é uma virtude recomendada entre os humanos. O que se vê estimulados é a bravura e o orgulho, visando, na força do braço, resolver os conflitos.

A história da humanidade mostra que é valorizado aquele que de pronto bate quando apanha. Esta valorização alimenta os desentendimentos, os homicídios e as guerras.

No entanto, a verdadeira bravura está naquele que é manso. A verdadeira superioridade está na mansi-dão. Quando me deixo dominar ou me tornar refém da raiva, eu me torno inferior ao meu semelhante.

Não devemos, todavia, confundir mansidão com indiferença ou acomodação.Moisés é apresentado nas Sagradas Escrituras como um homem muito manso, “mais do que todos os

homens que havia sobre a terra” (Nm 12.3). E Deus o usou de modo notável para realizar os Seus planos. No entanto, perdeu a oportunidade de ingressar na terra prometida em face de em uma circunstância ter deixado de adotar uma atitude de humildade.

Jesus se mostrou superior aos seus algozes quando não replicou, não reagiu, mas tão somente respon-deu com mansidão.

No entanto foi Ele que expulsou os comerciantes de uma das áreas do templo (Jo 2.14-17) e não se cansava de denunciar a hipocrisia dos fariseus (Mt 23.13ss). Nesses episódios identificamos uma santa indignação, manifestada por motivos corretos e pela pessoa credenciada para isso. Sim, Jesus.

Significa que a indignação deve fazer parte do caráter cristão; do contrário, o cristão seria um cínico. No entanto, mesmo a indignação deve ser exercida com mansidão que não pode ser confundida com timidez, com falta de firmeza ou com covardia.

 O servo do Senhor não deve andar brigando, mas deve tratar todos com educação. Deve ser um mestre bom e paciente,  que corrige com delicadeza aqueles que são contra ele. Pois pode ser que Deus dê a eles a oportunidade de se arrependerem e de virem a conhecer a verdade. 2 Timoteo 2: 24-25

Quando cremos que Deus é o Senhor da história, e que somos seus servos na promoção da Sua sobe-rania, e que tão somente a Ele pertence o julgamento, portamo-nos como mansos, exibindo a marca da humildade.

Conclusivamente, seguem algumas recomendações bíblicas:Assim, revistamo-nos “como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bonda-de, de humildade, de mansidão, de longanimidade” Colossensses Cl 3.12.

O servo do Senhor não deve andar brigando, mas deve tratar todos com educação. Deve ser um mestre bom e paciente, que corrige com brandura aqueles que são contra ele. Pois pode ser que Deus dê a eles a oportu-nidade de se arrependerem e de virem a conhecer a verdade. 2 Timoteo 2: 24-25

“Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós,que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo,para que não sejas, também, tentado” (Gálatas 6:1).

“Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros, em amor” (Efésios 4:2).

Existe entre vocês alguém que seja sábio e inteligente? Pois então que prove isso pelo seu bom comporta-mento e pelas suas ações, praticadas com mansidão e sabedoria. Tiago 3:13

E esta promessa:

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Deus guia os humildes no caminho certo e ensina aos mansos a sua vontade. Ele é fiel e com amor guia todos os que são fiéis à sua aliança e que obedecem aos seus mandamentos. Salmos 25: 9-10

6.1.9 D O M Í N I O P R Ó P R I O (Temperança ou Autocontrole):

“Vós, também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude, a ciência, e à ciência, domínio próprio, e ao domínio próprio, paciência, e à paciência, piedade, e à piedade, amor fra-ternal, e ao amor fraternal, amor” 2 Pedro 1:5-7.

Está presente aqui a idéia de se exercer um autocontrole tanto sobre o próprio temperamento, quanto sobre toda e qualquer forma de egoísmo e sobre toda e qualquer manifestação que esteja dissociada do caráter de Deus.

É oportuno lembrar que, ao nascermos, já temos definida a composição do nosso temperamento, sem-pre com o predomínio de um deles (melancólico, fleumático, sanguíneo e colérico), onde estão presentes tendências positivas e negativas, necessitando estas últimas de especial autocontrole.

O exercício do autocontrole pela mera força de vontade é extremamente difícil porque nossa natureza é inclinada para satisfazê-la. Paulo resume bem isso quando diz que “a carne milita com o espírito” .

Não sem razão, pois, que o domínio próprio esteja entre as nove características do fruto do Espírito, considerando que necessitamos da capacitação do Espírito Santo para o enfrentamento das nossas ten-dências carnais, ou seja, dos procedimentos que visam satisfazer o nosso prazer, independentemente da aprovação de Deus.

A importância desse autocontrole vem muito bem ilustrada na seguinte passagem do Livro de Provér-bios (25:28):

Quem não sabe se controlar é tão sem defesa como uma cidade sem muralhas.A relevância do domínio próprio também vem bem acentuada por outros pensadores além dos escritos

nas Sagradas Escrituras, merecendo destaque as seguintes manifestações:

Considero mais corajoso aquele que domina os seus próprios desejos do que aquele que conquista os seus inimi-gos; pois a vitória mais difícil é a vitória sobre o próprio “eu” (Aristóteles, Stobaeus: Florilegium).

Nenhum conflito é tão severo como o daquele que se força por subjugar a si mesmo (Tomás Kempis, Imitação de Cristo).

Domina-te a ti mesmo. Enquanto não tiveres conseguido isso,serás apenas um escravo; porque será quase a mes-ma coisa que ser sujeito ao apetite alheio, o seres sujeito as tuas próprias paixões. ( Roberto Burton, Anatomy of

Melancholy)No nosso dia-a-dia enfrentamos um sem número de situações que podem provocar a nossa irritação e

destempero. Se não estivermos sobre a influência e controle do Espírito Santo, facilmente deslizaremos para reações que não combinarão com o caráter de Deus com o qual temos o dever de nos identificar.

O conflito, entre fazer a vontade do nosso “eu” e o de realizar a vontade de Deus em nossa vida, estará sempre presente em nossa vida.

Mas se estivermos permanentemente lembrando do amor de Deus para conosco revelado em Cristo Jesus na cruz, teremos a motivação certa e a força que nos sustentará para agirmos e reagirmos de con-formidade com a vontade Dele.

6.2 CONCLUSÕES .

Essas nove características do “Fruto do Espírito Santo”, assim verticalizadas, nos dão a compreensão necessária da importância de cada uma delas, e devem nos convencer do porque precisam se manifestar

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juntas, tal como uma receita de bolo completa, sem a qual o “fruto” final, resultante dos ingredien-tes ou atributos divinos misturados, não será obtido, porque são indissociáveis.

Com a nossa plena submissão ao comando do Espírito Santo, teremos tal “fruto” inserido no nosso caráter, e, assim, com nossos temperamentos controlados pelo Espírito Santo, aptos, pois, a manifestar as características Dele em nosso agir:

“feitura Dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras que Deus de antemão preparou para que andás-semos nelas. (Ef. 2:10) .

7. OS ADVOGADOS (parákletos)

- Os parákletos (advogados).- Jesus: o nosso parákleto junto a Deus Pai.- o Espírito Santo: o parákleto de Jesus, prometido para nós por Jesus.

7.1 Os PARÁKLETOS.

Na língua grega “parákleto” é o termo que designa a função de advogado. E “parákleto”, nos textos em grego constantes dos Livros da Bíblia, é usado tanto para Cristo como para o Espírito Santo, o en-viado por Deus Pai, prometido por Jesus para que não ficássemos órfãos, mas supridos pela ação desse enviado como ensinador, consolador, intercessor e capacitador.

Assim, há dois “parákletos”, nas duas pessoas da Santíssima Trindade, com ministérios semelhantes mas também próprios, que agem em perfeita sintonia com a terceira pessoa que é Deus o Pai.

Se debruçar sobre esse mistério e ministério é algo que enseja um maravilhoso descortinar de como isso atua em nosso favor, assim como podemos corresponder às expectativas de Deus, e, por decorrência, como vivenciar uma vida incomparavelmente mais significativa que não se limita a esta, mas que nos pre-para para algo indescritível para toda a eternidade.

Nas reflexões que adiante faremos, queremos nos ocupar em destacar como o exercício de uma adequada comunicação com a Trindade pode fazer diferença em nossas vidas, mediante o exercício de orações e intercessões realizadas na conformidade, tanto do conhecimento da Palavra quanto da influência do Espí-rito Santo em nós, no empenho de estarmos procurando por conhecer e por realizar a vontade de Deus, o plano , as obras que Ele preparou de antemão para cada um de nós.

Comecemos por JESUS.

7.2 JESUS: O ADVOGADO PERANTE DEUS-PAI.

É notório que para muitos é desconhecida a afirmação do próprio Jesus adiante referida, e, por conse-guinte, o fato de que não há como estabelecer relação com Deus Pai, senão através de Cristo.

Respondeu Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim. João 14:6

Aquele que se identifica como não suficiente em si mesmo, e que busca, sinceramente, encontrar o único DEUS verdadeiro, Este o remete ao Seu Filho Jesus, o único advogado ou mediador, capaz de representação eficaz, a ponto de atender aos requisitos de Deus Pai.

A eficácia dessa representação é completa, pois, além de advogado, Jesus assumiu a remissão da pe-nalidade que vem imposta a toda humanidade em vista do que ocorreu no Jardim do Éden, ensejando aos

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que vem a Ele, receber a garantia da vida eterna com Deus. É o que o seguinte texto assegura:

Todo o que o Pai me der virá a mim, E quem vier a mim eu jamais rejeitarei. Pois desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade Daquele que me enviou. E esta é a vontade Daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que Ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Porque a vontade de meu Pai é que todo o que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressus-citarei no último dia”. João 6:37-40

Enquanto esteve entre nós, JESUS se apresentou como nosso único mediador perante Deus Pai, como referido na 1ª carta de Paulo à Timóteo (2:5): 

“Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus”.Tudo o que se possa compreender nos termos “representante, intercessor, procurador, advogado”,

estão incutidos no conceito de mediador.Mais do que se identificar e se anunciar como o advogado da humanidade junto à corte celestial, Je-

sus se propôs ainda a ser nosso salvador, resgatador ou remidor da sentença que paira sobre nós, e de fato realizou isso no calvário, resgatando as dívidas daqueles que o reconhecem como seu salvador, realizando a propiciação pelos nossos pecados, como bem explícito na seguinte passagem:

Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. E Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos,mas também pelos de todo o mundo. I João 2:1,2.

Tarefa singular essa de Jesus de se tornar nosso advogado, eis que diante dele se apresentava um caso potencialmente perdido, pois de todos que Ele pretendia ser advogado, mediador, protetor, se encontra-vam sobre uma pesada sentença, e que era de estarem separados da presença de Deus, em face de serem pecadores, distantes de realizarem em toda a sua plenitude a vontade de Deus explícita em seus princípios constantes das Escrituras Sagradas.

Para se credenciar ou se tornar nosso advogado, Jesus teve de chamar a si o sacrifício exigido por Deus Pai para cumprir ou satisfazer a sentença que nos estava selada.

Tendo Jesus cumprido a sentença, tornou-se, potencialmente, nosso Salvador, pois resgatou a dívida que tínhamos para com o Pai, cujo sacrifício satisfez a justiça que Ele requeria. Potencialmente, porque tal remissão só está disponibilizada para que aqueles que reconhecem a veracidade de tal resgate e recebem em suas vidas o Resgatador.

Com tal procedimento, Jesus foi habilitado a ser nosso mediador diante do Pai, em suma, nosso advoga-do com a credencial de já ter cumprido a sentença atribuída a cada um de nós.

Não há como não ficar perplexo diante da realidade de que tantos não se sensibilizam com essa atuação de Jesus e como isso pode afetar suas vidas, tanto no presente, quanto ao que virá após esta, não se incli-nando e nem se decidindo por adotar esse Advogado, preferindo defender cada um a sua própria causa, como se fosse possível, por essa auto suficiência, escapar da sentença que lhe está reservada.

Como se pode entender tal descaso ou rejeição? Não se tem noticia de que qualquer advogado tenha proposto algo semelhante para quem quer que seja,

isto é, além de patrocinar a sua causa, ter a determinação de cumprir a sentença que pudesse estar reser-vada para o seu cliente.

É um ato heróico singular e se assemelha com a atitude de um médico que sensibilizado com um pacien-te com seu coração comprometido, se disponha a ceder o seu próprio coração para que o enfermo viva.

Certamente Você e eu não conhecemos e nem ouvimos falar dessa suposta atitude de um médico, mas ouvimos do feito notável e singular de Jesus pela humanidade, que inclui Você e eu.

Até onde esse feito nos sensibiliza? Como está o nosso interesse em, além de nos apropriar da promessa segura de que a nossa sentença

pode ser por Ele remida ou quitada, nos valer da disposição de JESUS de ser nosso Advogado? E, lembran-do, é por graça !

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7.3 O ESPÍRITO SANTO: o “PARÁKLETO”, de JESUS por Este prometido para nós.

A missão de Jesus, enquanto aqui esteve, foi para ofertar uma nova aliança entre Deus e a humanida-de, oferecer Sua vida para que isso pudesse ocorrer, tornando-se nosso mediador diante de Deus-Pai. E em três anos cumpriu tal missão.

Quando afirmou que teria que voltar ao Pai, garantiu que enviaria um Conselheiro (o termo usado na língua grega foi parákleto que significa advogado), que veio identificado como o Espírito Santo, um ajudador, um orientador, um condutor, um consolador e um intercessor que saberia como deve-ríamos peticionar em nome de Jesus, pois conhecedor da vontade de Deus Pai e de Jesus.

 E eu pedirei ao Pai, e Ele lhes dará outro Conselheiro para estar com vocês para sempre, o Espí-rito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês.

 Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês.Dentro de pouco tempo o mundo não me verá mais; vocês, po-rém, me verão. Porque eu vivo, vocês também viverão. Naquele dia compreenderão que estou em meu Pai, vocês em mim, e eu em vocês.

 Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele.

 Disse então Judas (não o Iscariotes): “Senhor, mas por que te revelarás a nós e não ao mundo?”

 Respondeu Jesus: Se alguém me ama, obedecerá à minha palavra.

Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos morada nele.

 Aquele que não me ama não obedece às minhas palavras. Estas palavras que vocês estão ouvindo não são minhas; são de meu Pai que me enviou.

 Tudo isso lhes tenho dito enquanto ainda estou com vocês.

 Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse. João 14: 16-26

A promessa de Jesus de que não nos deixaria órfãos ou desamparados, veio cumprida no dia de pente-costes sobre os apóstolos.

Tal fenômeno não passou despercebido dos que se encontravam em Jerusalém, causando perplexidade aos que o presenciaram, assim como temor ao ouvirem o discurso de Pedro, conforme o seguinte registro:

Havia em Jerusalém judeus, tementes a Deus, vindos de todas as nações do mundo. Ouvindo-se este som, ajuntou-se uma multidão que ficou perplexa, pois cada um os ouvia falar em sua própria língua. Atônitos e maravilhados, eles perguntavam:

“Acaso não são galileus todos estes homens que estão falando? Então, como os ouvimos, cada um de nós, em nossa própria língua materna? Nós os ouvimos declarar as maravilhas de Deus em nossa própria língua! Atônitos e perplexos, todos perguntavam uns aos outros:

“Que significa isto?”

Alguns, todavia, zombavam deles e diziam: “Eles beberam vinho demais”.

Então Pedro levantou-se com os Onze e, em alta voz, dirigiu-se à multidão:

“Homens da Judéia e todos os que vivem em Jerusalém, deixem-me explicar-lhes isto! Ouçam com atenção: estes homens não estão bêbados, como vocês supõem. Ainda são nove horas da manhã! Pelo contrário, isto é o que foi predito pelo profeta Joel:

..........

Prevendo isso, Pedro falou da ressurreição do Cristo, que não foi abandonado no sepulcro e cujo corpo não sofreu decomposição. Deus ressuscitou este Jesus, e todos nós somos testemunhas desse fato. Exaltado à

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direita de Deus, ele recebeu do Pai o Espírito Santo prometido e

derramou o que vocês agora vêem e ouvem.

.......

“Portanto, que todo Israel fique certo disto: Este Jesus,a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo”. Quando ouviram isso, os seus corações ficaram aflitos, e eles perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos: “Irmãos, que faremos?

“Pedro respondeu: Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos seus pecados, e receberão o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vocês, para os seus filhos e para todos os que estão longe, para todos quantos o Senhor, o nosso Deus chamar”. Atos 2:5- 39.

A partir de então, esse outro parákleto passou a habitar naqueles que reconheceram e que tem reconheci-do que precisam de Jesus como o Redentor, dispondo para todos os remidos a capacidade de viverem uma nova vida em estreita comunhão com o Pai Eterno.

A possibilidade de virmos a recepcionar tal hóspede, nada mais nada menos que uma das pessoas da Trindade, é um privilégio que, a toda evidência, tem sido ignorado ou desdenhado por tantos, cuja compa-nhia enseja diferença na qualidade de vida e no que resulta dela com conseqüências por toda a eternidade.

Existe dúvida sobre isso? Parece que na época de Paulo havia também quem não tinha se apropriado dessa verdade, como transparece no seguinte questionamento de Paulo:

“Não sabeis que sois o santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós ?” 1 Cor.3:15Essa possibilidade de hospedarmos essa Pessoa Divina ilustre, contanto que encontre em nós um espí-

rito quebrantado, humilde ou contrito, vem bem certificada já pelo profeta Isaias na seguinte passagem:

 Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: Habito num lugar alto e san-to, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito. Isaias 57:15

Não tem como não nos admirarmos do cuidado que Deus Pai, em nome de Jesus, teve ao nos enviar o Espírito Santo, pois é perfeitamente possível vislumbrarmos de que sem Ele, estaríamos absolutamente por conta própria, sendo difícil imaginar que até a própria Igreja de Cristo subsistiria sem a atuação Dele.

Essa atitude zelosa da Trindade vem bem demonstrada nas passagens que adiante vamos destacar, que explicitam as várias missões desse outro parákleto , ou seja, do advogado de Jesus junto a nós.

Antes, importa perguntarmos: ao Você pretender identificar e buscar um advogado que queira contratar para atender a uma determinação situação do seu interesse, o que Você esperaria dele?

Veja se concorda com as seguintes exigências ou requisitos: a) que tenha disposição de escutar;b) que tenha capacidade de entender o que está se passando após ouvir os fatos; c) que bem conheça o que pode resultar de tais fatos; d) que vislumbra qual é a solução para o caso; e) que é capaz de orientar então os procedimentos a serem adotados; f) que transmita confiança e segurança de que o resultado será o desejado ou esperado.Veremos adiante que as disposições e as capacidades desse parákleto que veio suprir a partida de

Jesus, preenchem bem os requisitos acima e com uma vantagem sobre qualquer outro advogado: Ele é onisciente, onipresente e onipotente, e, assim, já está lá no futuro e conhece o que acontecerá.

Você poderia ser melhor conduzido do que por Ele?Agora, de forma específica, vejamos o que as Escrituras registram o que seja o ministério desse Divino

Hóspede:(i) um guia para todos os que são filhos de Deus e que se deixam conduzir, na conformidade da vontade

de Deus Pai:

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“porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.” Romanos 8:14(ii)um ajudador, um orientador, um intercessor inclusive de como devemos orar, como devemos

formular nossas petições:

Da mesma forma o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o pró-prio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.

E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus. Romanos 8:26,27.

(iii) um conselheiro que nos ensinará tudo o que precisamos saber sobre os propósitos de Deus para nós:

Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse. João 14:26

Esse ministério do Espírito Santo não anula e nem interfere no ministério de Jesus para conosco, pois nossos pedidos ao Pai, devem continuar sendo feito em nome de Jesus.

O aspecto notável disso é a harmonia dos dois ministérios, notadamente o Espírito Santo nos lem-brando do que temos sido ensinados, intercedendo e orando por nós, nos induzindo a como pensar e reve-lando qual seja a vontade de Deus Pai, para que nossas petições a Deus-Pai, possam ser feitas “em nome” de Jesus, pois precisamos considerar que Este não levará Àquele algo que não combine com Sua vontade, lembrando de novo o que João registrou e nos legou nesse sentido:

 Esta é a confiança que temos ao nos aproximarmos de Deus: se pedirmos alguma coisa de acordo com a vontade de Deus,

Ele nos ouvirá. E se sabemos que ele nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que temos o que dele pedimos. 1 João 15:14-15

Poderíamos pretender mais do que isso? Algo mais do que a disposição da própria Terceira Pessoa da Trindade nos conduzir, fortalecer e orientar sobre o que almejar e como viver?

Sim, devemos querer mais! É querer andar com Ele, como andou Noé (Gn.6:9), Enoque (G.5:24), Davi (1Rs 3:14) e outros, que

atenderam ao convite de andar na companhia de Deus, como espelhado nessas seguintes passagens, ainda que, admiravelmente, encontrou e ainda encontra quem recusa tal convite:

“Assim diz o Senhor: Ponde-vos à margem do caminho e vede e perguntai, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para as vossas almas; Mas eles dizem: não andaremos. Jr. 6:16

Graças a Deus pela sua misericórdia e longanimidade, pois, através de seus profetas, não tem se cansado de insistir nesse convite:

“Mas isto vos ordenei, dizendo: dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos ordeno, para que vos vá bem. Jr.7:23

O que nos falta ou por que resistiríamos a tal convite? Ele vem dizendo, desde que criou o mundo, que quer que nós nos demos bem na vida, e que para tanto Ele quer nos conduzir pelos seus caminhos.

Dada a relevância desse assunto sobre ANDAR, mais adiante voltaremos ao mesmo.

7.4 CONCLUSÕES :

Concluindo essas primeiras reflexões, destacamos:(i) JESUS cumpriu a obra que o PAI lhe atribuiu, tornando-se o nosso REMIDOR ou SALVADOR, cons-

tituindo-O como o nosso único mediador junto ao PAI, vale dizer, o nosso ADVOGADO, habilitado ou credenciado a nós representar perante ao PAI, levando a Ele as nossas petições;

(ii) tendo retornado aos céus, JESUS cumpriu a sua promessa enviando o ESPÍRITO SANTO, para não

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nos deixar órfãos. É essa Pessoa da Santíssima Trindade que se oferece para ser um HÓSPEDE DIVINO em todo aquele que recebe a Cristo como seu Salvador e Senhor;

(iii) assim, há dois Advogados: JESUS, como o Advogado do crente junto ao Pai; e o ESPÍRITO SANTO, como o Advogado de Jesus junto ao crente; vale dizer, um cuida dos interesses do crente no Céu e o outro cuida dos interesses de Cristo no crente;

(iv) portanto a função do ESPÍRITO SANTO é resguardar os interesses e os direitos reais do Senhor Je-sus neste mundo, na Igreja e nos crentes; é a isto que Jesus se referia quando disse que o Espírito Santo O glorificaria (Jo.16:14); disse mais: “Ele há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar”

(v) específicamente a obra do ESPÍRITO SANTO é apresentar Cristo, falar, exaltar e tratar dos inte-resses de Cristo junto aos homens, convendê-los dos pecados, levá-los ao arrependimento por não terem dado à Cristo o lugar devido;

(vi) com a ressurreição dos salvos e o arrebatamento da IGREJA, o ESPÍRITO SANTO se ausentará, e em seu lugar retornará CRISTO, mas então como JUIZ;

(vii) então todos estaremos perante Cristo: alguns contando com Jesus como seu Advogado, e outros apenas enfrentando-O apenas como Juiz;

(viii) porque o julgamento será realizado pelo Justo Juiz, é certo que nada será omitido ou desconside-rado; assim, a nós será atribuído tudo de acordo com o que tivermos semeado ou não semeado.

Guardemos, desde logo, em nossas mentes essas duas promessas: Cristo virá e com Ele a recompensa por aquilo que tiver sido feito:

Eis que cedo venho e está comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo a sua obra. Apocalipse 22:12.

8. QUATRO POSSÍVEIS ATITUDES PARA COM O ESPÍRITO SANTO.

8.1 ENTRISTECÊ – LO. Ef. 4:30/32.

Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. Livrem-se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bon-dosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus perdoou vocês em Cristo.

ELE não poderá agir através de nós, se não confessarmos e nos arrepender dos nossos pecados e ado-tarmos os procedimentos que Ele espera de nós.

8.2 RESISTIR-LHE. Atos 7:51

“Povo rebelde, obstinado de coração e de ouvidos! Vocês são iguais aos seus antepassados: sempre resistem ao Espírito Santo! Atos 7:51

Mesmo que NOS convença do pecado podemos oferecer-LHE resistência não confessando.

8.3 APAGÁ-LO. I Tess. 5:19/22.

Não apaguem o Espírito. Não tratem com desprezo as profecias, mas ponham à prova todas as coisas e fiquem com o que é bom. Afastem-se de toda forma de mal.

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Podemos apagar o fogo do E.S. quando ELE está operando através de alguém e nós jogamos água fria desencorajando ou impedindo a ação.

8.4 ENCHER-NOS do ESPÍRITO SANTO. Ef.5:18

Não se embriaguem com vinho, que leva à libertinagem,mas deixem-se encher pelo Espírito,Confiando no Senhor, nos entregando aos seus cuidados, deixando que o Fruto do Espírito, em todas as

Suas nove características ser manifeste em nós e através de nós.

9. NOSSO “EU”: UM POSSÍVEL INIMIGO ÍNTIMO.

9.1 O DOMÍNIO OU A VITÓRIA SOBRE O “EU”:

“Considero mais corajoso aquele que domina os seus próprios desejos do que aquele que conquista os seus inimigos; pois a vitória mais difícil é a vitória sobre o próprio “eu” (Aristóteles, Stobaeus: Florile-

gium).

...”ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, pelo contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu.” Romanos 12:2,3.

Se nosso “eu” for exacerbado e nos dominar, é certo que não encontraremos aquele contentamento que só os espíritos generosos e equilibrados alcançam pela sua submissão à atuação do Espírito Santo, que “não pensam de si além do que convém”.

9.2 UM POSSÍVEL INIMIGO ÍNTIMO.

O “inimigo íntimo”, expressão que, de vez em quando, tem chegado aos nossos ouvidos ou se apresenta diante de nossos olhos, reveladora de uma intenção e determinação de obter, manter e se assegurar de que todas as coisas, acontecimentos e conquistas nos satisfaçam.

Estamos falando de um “eu” que busca, prioritariamente, satisfação própria, independente do que isso possa refletir ou repercutir em outras pessoas, ou, mais especialmente, em vista do que Deus espera de nós.

Esse posicionamento, facilmente, pode ser constatado por nós em outras pessoas, ora pela forma osten-siva de como agem e reagem, ora mediante uma observação mais atenta.

Contudo, quanto dessa argúcia e/ou habilidade de observar o “eu” dos outros encontra disposição em mim para uma imersão para dentro do meu “eu” para bem conhecê-lo e constatar o quanto ele está ou não domado ou controlado (*) por virtudes que me ensejem uma personalidade que, além de proporcionar para mim as autênticas alegrias que vida pode proporcionar, esteja disponível para contri-buir com os que encontramos, diariamente, em nossas vidas (*) [ex.cavalo antes e depois de ser domado].

Seria de se esperar que ninguém deva criar, cultivar e manter um “eu” egoísta, refletindo um egocentris-mo que ninguém admira, um personalismo que causa mal estar em qualquer convívio.

Contudo, aquilo que não apreciamos em outrem, poderá ser encontrado em nós mesmos, razão pela qual importa que, em algum momento, ou melhor, periodicamente, façamos uma introspecção auditora para ver se há ou não em nós um “inimigo íntimo”.

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Uma introspecção permanente nesse sentido se presta para buscarmos e mantermos um equilíbrio de propósitos em nossas vidas, pois implica em um combate diário contra um egocentrismo dominador, que se vencedor, ensejará dores e insatisfações tanto para si próprio quanto para os que com nós convivem.

Essas breves reflexões visam motivar Você a conhecer melhor como esse possível “inimigo íntimo” atua ou pode atuar em sua vida.

Espero que o adiante exposto contribua para que, ao final de sua leitura e reflexões, Você possa ter reu-nido bons subsídios para levantar uma muralha que proteja o seu “eu”, permitindo que projete uma personalidade com quem todos tenham prazer em conviver, e, acima de tudo encontre prazer e aprovação em seu Criador.

9.3 O INÍCIO DO CAOS: O ORGULHO .

Uma distinção inicial.O orgulho , quando vem inserido numa frase “nosso filho é o nosso orgulho”, terá uma conotação positiva,

quando significa uma justa e equilibrada admiração pela personalidade ou pelo desempenho de um ente querido.

No entanto, o conceito de orgulho trazido pelos nossos dicionários dão conta de que o orgulho tem como sinônimos a arrogância, a vaidade, a soberba, o excesso de amor-próprio, que pode vir dissi-mulado em supostas atitudes virtuosas.

Invariavelmente, no contexto do que preconiza o cristianismo, conforme referido em inúmeras pas-sagens bíblicas, o orgulho tem sempre uma conotação negativa, pois revela uma pessoa vaidosa e prepotente em oposição ao que Deus é e requer dos homens. Em síntese, o orgulho é sempre tratado como um grave pecado.

E é nesse sentido que vamos tratar o orgulho no que segue, examinando como nosso “eu” pode se manifestar de modo negativo, ensejando dores e destinos indesejáveis e irreparáveis.

O ponto de partida.O ponto de partida de nossas reflexões sobre o “eu” narra um fato ocorrido em algum momento na

eternidade.Ainda que para alguns soe como uma lenda e não como algo que efetivamente ocorreu, importa lembrar

que, assim como se aprende com fábulas, a narrativa que segue, ainda que fosse uma lenda, se presta para demonstrar como é o nascedouro de um coração ou mente que se exalta a si mesmo.

Para os cristãos, no entanto, é mais que uma fábula, é um registro fidedigno do início das conseqüên-cias trágicas que o mundo passou a experimentar.

Lúcifer, o querubim que reunia beleza, distinção e sabedoria incomparáveis entre os demais seres celes-tiais criados por Deus, ousadamente pretendeu ser igual a Deus.

O que ele disse e lhe foi dado como resposta:

“Você que dizia no seu coração: “Subirei aos céus; erguerei o meu trono acima das estre-las de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo”. Mas às profundezas do Sheol você será levado, irá ao fundo do abismo! Isaías 14:13-14

Não obstante dotado de extraordinária sabedoria, enganou a si próprio, imaginando que poderia se igualar ao Seu Criador em formosura, distinção e poder: não assimilou que não tinha luz própria, mas sim que lhe tinha sido obsequiada pelo Criador.

O texto acima de Isaias revela essa insana pretensão e certifica o destino de Lúcifer em face do seu tres-loucado orgulho: as profundezas do Sheol.

Tal atitude rebelde inaugurou a primeira afronta ao Criador, constituindo-se no primeiro pecado

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que, certamente, assombrou as demais criaturas angelicais que se mantiveram fiéis ao Criador, assim como deixa perplexos aqueles que atentam para a origem dos males que o mundo vem viven-ciando desde que o primeiro casal de humanos se deixou seduzir pelo inimigo número um de Deus .

Ninguém tentou Lúcifer a não ser o seu próprio eu, que se ensoberbeceu e se entendeu maior do que era, abandonando a sua fidelidade e submissão Àquele que o criou, de cuja fonte vinham todos os predicados que possuía.

Foi destituído de sua posição e do seu nome original, passando a ser identificado como satanás ou diabo, fir-mando em sua mente a obstinação de arrastar para a sua companhia quantas criaturas de Deus pudesse.

Assim, sua extraordinária sagacidade se prestou para seduzir e obter adesão a sua atitude rebel-de, de um número expressivo de anjos, que acabaram por segui-lo para o abismo, convertendo-se em demônios.

Certamente, ao ouvir do Criador “façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhan-ça,... ”(Gn1:26), encheu-se de ira e inveja, e como tal, ansioso e determinado a compartilhar sua condenação com essa nova criatura feita “à semelhança” com o Criador.

Assim, tomando de sua própria experiência e fator da sua desgraça -o orgulho-, inoculou tal veneno no primeiro casal que Deus colocou no Éden, despertando neles também a aspiração de ser igual a Deus, como espelhado nos textos de Gênesis a seguir destacados :

Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que o Senhor Deus tinha feito. E ela per-guntou à mulher: “Foi isto mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim’? “

Observa-se que o diálogo começa por uma insinuação mentirosa, um questionamento que visa des-confiar do que Deus teria dito.

Se fizermos uma retrospectiva das dúvidas que tem nos assaltado em nossas vidas, veremos que essa artimanha de Satanás continua em pleno uso nos raciocínios que tantas vezes temos diante de circunstâncias da vida.

Vamos adiante e ver o que a mulher respondeu à serpente:

“Podemos comer do fruto das árvores do jardim,mas Deus disse: ‘Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão’”.

Disse a serpente à mulher: “Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal”.

Tirando Deus para mentiroso ou enganador, Satanás implantou nos pensamentos de Eva a aspira-ção insana de “ser igual a Deus”. É o que o texto a seguir revela:

Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também. Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se. Gênesis 3:1-7

Por isso o Senhor Deus os mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora tirado. Gênesis 3:23

Diante desse precedente, é de se esperar que nossa mente esteja sempre predispos-ta à satisfação do nosso “eu”, tendo como instigador e incentivador satanás, o inimigo número um de Deus.

9.4 A CONTINUIDADE do CAOS :

O orgulho na base de nossos atos.

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Como herdeiros do primeiro casal, afetados pela louca pretensão de ser igual a Deus, experimentamos, diuturnamente, tentações para adotarmos atitudes que nossa mente nos dita e nos engana como sendo apropriada para atender aos desejos do nosso “eu”, desconsiderando o que Deus tem dito e planejado para suas criaturas, incluindo como Ele retribuirá a cada segundo os seus procedimentos:

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá? Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração e provo os rins; e isto para dar a cada um segundo os seus ca-minhos e segundo o fruto das suas ações.” Jeremias 17: 9 e 10.

Por certo que o inimigo número um de Deus tem dado todo incentivo e apoio às nossas eventuais pretensões de satisfazer os nossos “eu”, dissociadas do que possa demonstrar fidelidade e submissão à Deus , e mais, daquilo que possa dar glória a Ele.

A conscientização dessa tendência implantada em nossas mentes se mostra fundamental, pois precisa estar presente, permanentemente, em nossos raciocínios, planejamentos e desejos, sob pena de sermos, facilmente, induzidos a fazer o que apenas nos agrada, independentemente de ter a aprova-ção de Deus, exercendo soberania sobre nossas vidas, como se elas pudessem sobreviver sem Ele.

Os relatos da rebeldia de Lúcifer e do primeiro casal, bem demonstram as conseqüências dessa aspira-ção de auto-suficiência e soberania sobre os nossos atos, e, por isso, precisamos ter sempre presente que há um abismo ou uma catástrofe aguardando por quem se posiciona com essa independên-cia do Criador.

Mas as conseqüências não estão reservadas somente para o final da vida para quem alimenta o seu “eu” com toda sorte de satisfação que não se identifica com a vontade de Deus.

No curso da vida os frutos dessa independência já vão sendo colhidos, pois estará presente a soberba, a inveja, a cobiça, enfim atitudes que ensejarão dores para a própria pessoa e para aquelas que sofrerem os efeitos de uma mente egocêntrica ou egoísta.

É de se esperar que nossa mente esteja sempre predisposta à satisfação do nosso “eu”, tendo como in-centivador satanás e seus seguidores como acima já acentuado.

A rebeldia do primeiro casal causou um profundo dano em nós, corrompendo a base do nosso re-lacionamento com Deus, conforme o texto de Jeremias 17:9 que acentua como nosso coração ou mente se tornou “desesperadamente corrupto”.

Isso está a significar que nossa luta por restabelecer um adequado relacionamento com o Criador, pressupõe uma busca de suficiência Nele próprio, ou seja, capacitação para sobrepujar as nossas vontades próprias.

Não nos enganemos, precisamos proteger as bases dos nossos raciocínios, pois neles estão im-pregnados fortes desejos para, prioritariamente, ensejar satisfação ao nosso “eu”, onde o orgu-lho ou a vaidade é uma praga que só pode ser debelada pela atuação do poder do Espírito Santo em e por nós, desde que a desejemos e a Ele nos submetamos.

É essa Terceira Pessoa da Trindade que nos foi enviada para habitar em nós e para se tornar nos-so Conselheiro, Intercessor, Condutor a toda a verdade e ainda para nos conceder todo o poder para vencermos um “eu” rebelde que queira andar por conta própria e não pelos princípios, pensamentos e projetos de Deus.

Atentemos com zelo para o que ocorre com nossa mente no nosso dia-a-dia e veremos horroriza-dos o quanto servimos ao nosso “eu além daquilo que convém”, elegendo-o como um soberano que quer e exigi que todas as coisas lhe satisfaçam.

Não se trata do legítimo amor próprio, por certo necessário inclusive para a nossa sobrevivência. O acima aventado diz respeito à exacerbação dos cuidados consigo mesmo, do querer ser servido em

todas as circunstâncias e por todos os meios independentemente do quanto isso possa prejudicar a si pró-prio, ou aos semelhantes, e, principalmente, o quanto isso possa desagradar ou ofender o Criador.

Paulo, bem sintetizou isso nas seguintes passagens:

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para

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que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Pois pela graça que me foi dada digo a todos vocês: ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, pelo contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu. Romanos 12:2,3

Atentemos, pois para as ênfases que precisamos considerar sobre o orgulho. Vimos que o orgulhoso se acha e se coloca, presunçosamente, como alguém superior, por primeiro acima

do que realmente é, e a seguir, acima do que são os outros, inclusive e especialmente não reconhecendo a sua dependência de Deus.

O orgulhoso tem uma estima exagerada de si mesmo, pratica uma projeção esnobe da sua identidade ou personalidade.

A soberba ou orgulho dá à luz um sentimento de superioridade e, assim, uma visão distorcida de si mesmo, achando-se melhor que os outros, não os tratando com o respeito e a dignidade que merecem, postando-se com uma altivez que, por certo, não é bem recebida no seu convívio.

Essa insensatez e insensibilidade não tem outro destino senão o prenúncio de uma humilhação e o cair em desgraça, pois, inevitavelmente, o castigo da soberba é a humilhação.

O soberbo não entende que sua vida depende de Deus, tal como qualquer outra pessoa. Então, por causa de suas atitudes insensatas, o soberbo cairá em desgraça.

Isto vem certificado nas seguintes passagens que fazem severas referências ao orgulho e à conseqüência reservada para quem assim se posiciona:

O orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo, antes da queda. Provérbios 16:18

O orgulho do homem o humilha, mas o de espírito humilde obtém honra. Provérbios 29:23

“Salvas os humildes, mas os teus olhos estão sobre os orgulhosos para os humilhar. Tu és a mi-nha lâmpada, ó Senhor! O Senhor ilumina-me as trevas. 2 Samuel 22:27-29

A arrogância do seu coração o tem enganado, você que vive nas cavidades das rochas e constrói sua morada no alto dos montes; você que diz a si mesmo: ‘Quem pode me derrubar?’ Ainda que você suba tão alto como a águia e faça o seu ninho entre as estrelas, “dali eu o derrubarei”, declara o SENHOR. Obadias 1:2-4

Vê-se, pois, que Deus humilha os soberbos e honra os humildes, apresentando a humildade como a solução para a soberba.

Todos fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Cada um de nós é único e especial diante Dele. Mas, como descendentes do primeiro casal, herdamos a conseqüência de sua rebeldia e, assim, suscetí-

veis a praticar o que não agrada ou ofende à Deus, no que nos identificamos como pecadores. Poderemos nos manter contumazes nisso ou exercendo uma luta constante contra o que não combina

com a essência de Deus, arrependendo-nos e emendando-nos com humildade sempre que somos vencidos nessa luta.

Longe de Deus a vida não é vida, pois só Deus pode dar à vida um significado proveitoso, eis que ela é para ser usada e gozada para a glória de Deus.

Tudo o resto é vaidade, busca imoderada de ter e não de ser o que Deus nos propõe, de atrair admi-ração e aplauso dos homens e não de Deus, em suma, uma vanglória, que é ilusória, fútil e de pouca duração, porque “voltaremos ao pó”.

Gravemos isso: quando o homem se dissocia da mente de Deus, resulta que ele se volta tão intensamen-te para si mesmo, que o seu “deus” se torna o seu próprio ventre, isto é, o seu próprio “eu”

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9.5 O NOSSO “EU” NO SEU DEVIDO LUGAR.

A expressão usada por João Batista que continua ressoando:

“Convém que ELE cresça e que eu diminua”. João 3:30Em Mateus 11.11 Jesus assim fala sobre João Batista:

“ entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista” .Vistas em conjunto, essas duas passagens sobre esse homem extraordinário, temos muito a apreender

e assim nos acautelar sobre o que possa ocorrer em nosso íntimo, afim de que possamos correspon-der à expectativa de Deus a nosso respeito.

Não é sem razão que Jesus, ao proferir o Sermão do Monte, e, assim iniciar o seu ministério, apresen-tou desde logo as condições para sermos felizes segundo o padrão de vida que Ele que propõe para nós, especificando-o em NOVE BEM-AVENTURANÇAS, que Augusto Cury, em sua obra “O Homem Mais Feliz da História”, chama de os “códigos da felicidade”.

A propósito de felicidade, é importante termos como premissa que ela não é algo para ser buscada, por-que ela será sempre o resultado das atitudes corretas que adotarmos segundo os princípios e propostos de Deus.

Para as reflexões do tema que aqui estamos abordando (o nosso “eu”), importa que destaquemos o enunciado da PRIMEIRA BEM-AVENTURANÇA, pois ela é a chave para ser possível a implementação das demais, assim como, como preparação indispensável para nos ENCHERMOS COM O ESPÍRITO.

“Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Mateus 5:3Para efeito de bem extrairmos as lições sobre esse tema, a partir de agora, vamos substituir “eu” pelo

seu sinônimo, ou seja, “ego” .É preciso considerar, antes de tudo, que a adoção de tais “códigos da felicidade” em nosso padrão de vida,

além de nos assegurar um lugar no “reino dos céus”, nos oferece a fórmula de como podemos viver felizes, aqui e agora, independentemente das circunstâncias, haja vista que por tal fórmula, podemos nos manter emocionalmente equilibrados e confiantes de que tudo está sob o controle de Deus.

Na introdução das BEM AVENTURANÇAS Jesus acentua a necessidade de sermos HUMILDES. Em outras palavras, ESVAZIARMOS nosso EU, tal como João Batista procedeu, abrindo espaço para que o ESPÍRITO de DEUS se estabeleça, nos influencie e nos capacite a realizar as OBRAS que Deus preparou de antemão para que andássemos nelas, conforme Efésios 2:10.

Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos.

Com o nosso EU no devido lugar, “não pensando de si mais do que convém”, a atuação do ESPÍRITO SANTO em nós ensejará que tenhamos as nossas emoções sob controle, gestão só possível pela capacita-ção do ESPÍRITO SANTO.

Por estarmos controlados pelo ESPÍRITO SANTO e não pelo nosso EGO, estaremos dando o testemu-nho esperado por Deus, podendo Este nos usar para a Sua glória.

Precisamos, permanentemente, estar calibrando nosso EU, para que se posicione na medida certa.Com esse temor do Senhor estaremos nos enxergando como somos ou estamos e, assim, possibili-

tando que assumamos a postura desejada por Deus, ou seja, esvaziando o nosso EGO, permitindo que Deus haja em nós e através de nós.

No Sermão do Monte Jesus disse: vós sois a luz do mundo, brilhe a vossa luz diante dos homens. E não se trata de luz própria, mas sim com uma lua, refletindo a luz implantada por Deus em nós.

Lembremos: Deus não divide a Sua glória com ninguém. Busquemos, assim, destacar a glória Dele em nossos atos, querendo tão somente o aplauso Dele e não o aplauso dos que nos cercam.

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10. ENCHEI-VOS DO ESPÍRITO SANTO.

- O que é ser cheio do Espírito.- A exortação para sermos cheios do Espírito: “encher-se” ou “deixar-se encher”.- Por que alguns não são cheios do Espírito.- Temperamentos: o controle sobre as fraquezas.- Uma decisão: podemos ser cheios do Espírito agora- O que resulta de sermos cheios do Espírito.

10.1 O que é ser cheio do Espírito.

a) é ter esvaziado nosso “eu”, na medida em que não estaremos nos considerando mais do que con-vém;

b) é ter aberto espaço para que o Espírito Santo encontre rendição em nós;:c) é permitir que o Espírito Santo insira em nosso caráter as características do Fruto do Espírito, e,

assim,d) é ensejar que se realize as obras que Deus preparou de antemão para cada um de nós.

10.2 A exortação para sermos cheios do Espírito .

“Tenham cuidado com a maneira como vocês vivem; que não seja como insensatos, mas como sábios, apro-veitando ao máximo cada oportunidade, porque os dias são maus. Portanto, não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade do Senhor. Não se embriaguem com vinho, que leva à liber-tinagem, mas deixem-se encher pelo Espírito, falando entre si com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor, dando graças constantemente a Deus Pai por todas as coisas, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.” Efésios 5:15-20

10.3 “Se encher”, ou “deixar-se encher” (*).

No original grego “enchei-vos” está na voz passiva, ou seja, não é para nós nos encher, mas para sermos “enchidos”.

É algo feito para nós, e não algo que possamos fazer nós mesmos. Tudo que nós temos que apresentar é nosso vazio, a nossa submissão.

Assim, ser cheio do Espírito é algo que recebemos, depois que tivermos feito a nossa parte, ou seja, é termos nos arrependido dos pecados que tivermos cometido e assumirmos uma submissão ao Espírito Santo, afim de que Ele nos encha com Sua atuação.

Não se trata de, em primeiro lugar, nos esforçarmos por atitudes melhores, mas de nos arrependermos e abrirmos espaço para o Espírito Santo. E isso estará ocorrendo continuamente na medida em que ”an-darmos na luz”.

[ (*) “Enchei-vos Agora – Roy Hession – 5ª Ed. Editora Betânia]

10.4 Por que alguns não são cheios do Espírito .

O Espírito Santo não nos enche e menos ainda reveste de poder o “eu” ensimesmado e não rendido.Se não estamos cheios do Espírito Santo, será sempre por uma causa: o pecado; e este pressupõe que

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estaremos servindo ao nosso “eu”.Contudo, basta nos humilharmos com arrependimento, sob a convicção do Espírito Santo, para

que o sangue de Jesus nos purifique do pecado confessado. Imediatamente, teremos a plenitude ou de volta a plenitude.

10.5 Temperamentos: o controle sobre as fraquezas .

10.5.1 Sabemos que:

a) a composição dos nossos temperamentos, com a predominância de um deles - Colérico, Sanguíneo, Melancólico e Fleumático, já vem inseridos em nossa personalidade com o nosso nascimento;

b) cada um deles contam tanto com aspectos positivos quanto com aspectos negativos; estes últi-mos decorrentes da nossa natureza carnal herdada em face do primeiro pecado no Éden;

c) para amenizar ou eliminar os aspectos negativos, contamos ou apenas com a nossa força de vontade, ou com a atuação do Espírito Santo, para a qual se faz necessária a nossa submissão a Ele.

d) todas as fraquezas básicas do homem provêm do egoísmo, o pecado original de Satã; e) o egocentrismo do homem é a razão pela qual ele é insatisfeito, pusilânime, explosivo, impetuoso e

egocêntrico, indolente, medroso ou deprimido.

10.5.2 Como vencer nossas fraquezas.

a) começando por identificar a composição do nosso temperamento, notadamente, aquele que se revela predominante;

b) identificando os aspectos negativos deles, para ter consciência de suas tendências; um exame ho-nesto de nossas fraquezas pode ser utilíssimo para indicar as áreas de nossa vida que necessitam da unção do Espírito Santo; assim, se somos cristãos não temos de ser escravos de nossas fraquezas ingênitas;

c) ao mesmo tempo que reconhecê-los, dispor-se a combatê-los mediante a submissão ao comando do Espírito Santo, que espera por isso.

d) Quando a nossa fé atinge ao ponto em que nos dispomos a oferecer nossa vida completamente a Jesus Cristo, o Espírito de Deus curará o nosso egoísmo.

e) Como antes visto, as nove características do Fruto do Espírito, uma vez inseridas em nosso caráter, são aptas a vencer as nossas fraquezas ingênitas.

“Esta é a confiança que temos Nele: se pedirmos alguma coisa conforme a Sua vontade, Ele nos ouve. E se sabemos que nos escuta, em tudo que pedirmos, sabemos que possuímos tudo o que houvermos pedido a Ele.” (Jo 5,14-15)

10.5.3 0s temperamentos modificados pelo Espírito Santo

- Quando o Espírito Santo penetra e assume a vida de um homem, este começa, imedia-tamente, a atuar no seu temperamento.

Tantas pessoas nada conhecem a respeito de temperamentos, mas constatam a diferença em suas vidas quando se entregam ao comando do Espírito Santo.

Sabemos que o “nascer novamente” é uma experiência sobrenatural e como tal deve exercer um efeito

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sobrenatural sobre o indivíduo. O grau de modificação no temperamento de uma pessoa será diretamen-te proporcional à plenitude do Espírito Santo em sua vida. O Espírito Santo, automaticamente, introdu-zirá novos traços e características na natureza de um indivíduo, destacando os aspectos positivos e amenizando e até eliminando os aspectos negativos.

As nove características do Fruto do Espírito Santo, fornecem a base de um trabalho para demonstrar o que Deus pode fazer com a matéria-prima do nosso temperamento.

10.6 Uma decisão: podemos ser cheios do Espírito agora .

Ser cheio do espírito é, acima de tudo, uma questão de vontade em submissão ao que Deus espera de nós: limpo de coração e disponível para realizar a vontade de Deus, pois só exerce domínio onde há :

-confiança , rendição, arrependimento, - confissão e mudança de vida.O sangue de Jesus vertido em nosso favor, nos dá a expectativa certa de que o Espírito Santo nos

encherá com sua presença e atuação, se andarmos na luz, como Ele está na luz:

Se, porém, andamos na luz, como Ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. 1 João 1:7

10.7 O que resulta de sermos cheios do Espírito .

10.7.1 O primeiro resultado:

É ter um cântico de louvor ao Senhor no coração. Essa melodia ao Senhor é inteiramente racional, e não resultado de uma exaltação de emoções.

Estar cheio do Espírito nada significa se não houver uma operação do Espírito Santo mostrando-nos con-tinuamente o Senhor Jesus, em seu vários aspectos, como suficiente para todas as nossas necessidades.

Essa visão de Cristo e de sua graça, que nos é dada pelo Espírito Santo, impedirá que deixemos de lou-var.

10.7.2 O segundo resultado:

É a capacidade de dar graças por tudo (Ef.5:20)Isso significa vermos a Deus em todas as coisas, sabendo que tudo contribui para o bem daqueles amam o

Senhor, que são chamados segundo o seu propósito.”

10.7.3 O terceiro resultado:

É a mútua submissão e cuidado para com o outro, em todos os relacionamentos da vida: sujeitando-vos uns aos outros no temor do Senhor ( Ef.5:22).

10.7.4 Em suma:

Sujeitando-nos ao Espírito Santo, deixando-nos encher por Ele, realizaremos as obras que Deus preparou de antemão para que andássemos nelas.( Ef.2:10).

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11. O BATISMO com o ESPÍRITO SANTO (*)

11.1 As 7 referências no NT ao batismo com o Espírito Santo:

a) quatro, referidas por JOÃO BATISTA:

“Eu os batizo com água para arrependimento. Mas depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de levar as suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Mateus 3:11:

Eu os batizo com água, mas ele os batizará com o Espírito Santo”. Marcos 1:8

João respondeu a todos: “Eu os batizo com água. Mas virá alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de curvar-me e desamarrar as correias das suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Lucas 3:16

Eu não o teria reconhecido, se aquele que me enviou para batizar com água não me tivesse dito: ‘Aquele so-bre quem você vir o Espírito descer e permanecer, esse é o que batiza com o Espírito Santo’. João 1:33:

b) a quinta, por JESUS: Atos 1:5:

“Pois João batizou com água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo”.c)a sexta, por PEDRO: Atos 11:5-17:

“Quando comecei a falar, o Espírito Santo desceu sobre eles como sobre nós no princípio. Então me lembrei do que o Senhor tinha dito: ‘João batizou com água, mas vocês serão batizados com o Espírito Santo’. Se, pois, Deus lhes deu o mesmo dom que nos dera quando cremos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu para pensar em opor-me a Deus? “

d) a sétima, por PAULO: I Coríntios 12:13:

Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escra-vos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito.

Nas primeiras seis é dito que é Jesus quem batiza com o Espírito Santo. E na sétima passagem vem ex-presso para quem é o batismo; e afirma que é “para todos”.

Por esse texto Paulo destaca a unidade do Corpo de Cristo pela diversidade de dons, e por outro lado, a convergência de todos no batismo com o Espírito Santo.

11.2 Quando ocorre o Batismo no Espírito Santo.

Na conversão a Cristo. Nela recebemos o Espírito Santo e com Ele a diversidade de dons; assim a dife-rença entre nós cristãos o que difere é essa diversidade que enseja a unidade, tal como as funções diversas no corpo humano, onde tudo converge para um funcionamento harmônico.

E toda essa capacitação para a harmonia entre a diversidade e a unidade nos é proporcionada pela atua-ção do Espírito Santo que nos é dada quando o recebemos na conversão a Cristo.

Assim, tanto o batismo no ou com o Espírito, como os dons por Ele concedidos são para todos os que se convertem a Cristo. Não é apenas para “os mais consagrados”

11.3 O entendimento e o uso adequado da expressão “batismo com o Espírito Santo”.

Jesus é tanto o que tira o pecado do mundo, quando o que batiza com o Espírito Santo. Está expresso em João 1: 29 e 33:

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“(v29) No dia seguinte João viu Jesus aproximando-se e disse: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!

(v.33): Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e permanecer, esse é o que batiza com o Espírito Santo’.

Em Tito 3: 4-6 temos a certificação de que Deus Pai, por intermédio de Jesus, derramou o Espírito sobre todos no ato da sua salvação, ou seja, quando receberam a Jesus:

Mas quando se manifestaram a bondade e o amor pelos homens da parte de Deus, nosso Salvador, não por causa de atos de justiça por nós praticados, mas devido à sua misericórdia, Ele nos salvou pelo lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador.

Assim, no ato da conversão, porque ficamos limpos dos pecados, e passarmos a ter o Espírito Santo como hóspede divino em nós, é motivo de exuberante alegria, a qual poderá ser mantida na medida em que nos conservarmos longe do pecado.

11.4 A coerência do “deixai-vos”.

A expressão “deixai-vos encher com o Espírito Santo” constitui o convite e o desafio para mantermos essa afinidade com Ele e por conseqüência estarmos agindo e reagindo com conformidade com a nossa submissão voluntária a Ele.

É o fruto Dele inserido em nosso caráter e, portanto em nossos procedimentos, é que nos concede todo o poder ou capacitação para fazermos a vontade de Deus.

E serão os sinais morais refletidos em nossos procedimentos que demonstrarão o quanto estamos nos deixando usar pelo Espírito Santo.

11.5 Segunda bênção: entendimento inadequado.

Teologicamente, é inadequado entender o “batismo com o Espírito Santo como uma “segunda benção”, pois tal batismo é sinônimo de regeneração e novo nascimento, pois “todos fomos batizados pelo mesmo Espírito, e a todos foi dado beber do mesmo Espírito.”

Portanto, considerar o batismo no Espírito Santo como uma segunda benção, equivale a crer que tería-mos recebido “uma vacina divina” que nos garantiria sermos excepcionais cristãos permanentemente.

A realidade, contudo, nos demonstra que é pela constante determinação de nos mantermos fieis e sub-missos ao comando do Espírito Santo, é que poderemos realizar as “obras que Deus preparou de antemão para nós” (Ef.2:10).

(*) Compilações parciais da obra “Espírito Santo -O Deus que Vive em Nós” - Caio Fábio D’Araujo Filho.