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A CONSTRUÇÃO DE UM CONSENSO NEOLIBERAL: O CASO DO JORNAL O ESTADO DE S. PAULO NAS ELEIÇÕES DE 1998 Letícia Crespo Bomfim Mestranda no Programa de Pós-Graduação em História Social e do Território na Universidade do Estado do Rio de Janeiro - FFP e Bolsista CAPES. e-mail: [email protected] Introdução O trabalho procura discutir a participação desempenhada pela imprensa na sociedade contemporânea, tomando como estudo de caso, através de reportagens internas e editoriais, o posicionamento do jornal O Estado de São Paulono contexto de eleições presidenciais de 1998, quando o candidato/presidente Fernando Henrique Cardoso conquista sua reeleição, havendo a manutenção do modelo econômico neoliberal no Brasil. Desta forma, o trabalho aproxima-se da concepção presente em Gramsci, que remete a um conjunto de instituições a intenção de interferir na busca em torno da construção de uma visão de mundo. No que diz respeito à eleição de 1998, na qual Fernando Henrique Cardoso é candidato à reeleição ao cargo de Presidente da República, Rubim (2000) afirma que [...] traz a novidade de se realizar em um momento terminal da transição. Isto é, uma circunstância na qual as ambiguidades e possibilidades de uma transição se afunilam em torno de um projeto dominante cada vez mais hegemônico: a inserção do país em uma globalização, sob a égide neoliberal.(RUBIM, 2000, p. 28) Assim, o processo eleitoral analisado se situa dentro de um panorama internacional de expansão de um projeto político e econômico neoliberal, que se disseminou nas décadas de 1970 e 1980 a partir de governos europeus e norte-americano, chegando na década de 1990 aos países periféricos, como o Brasil. O neoliberalismo surge inicialmente como proposta teórica no imediato pós-Segunda Guerra Mundial, reagindo contra o intervencionismo estatal na economia o que ameaça a liberdade política e econômica, garantia do livre mercado , assim como contra o Estado de bem-estar social

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A CONSTRUÇÃO DE UM CONSENSO NEOLIBERAL: O CASO DO JORNAL

O ESTADO DE S. PAULO NAS ELEIÇÕES DE 1998

Letícia Crespo Bomfim

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em

História Social e do Território na Universidade

do Estado do Rio de Janeiro - FFP e Bolsista

CAPES.

e-mail: [email protected]

Introdução

O trabalho procura discutir a participação desempenhada pela imprensa na

sociedade contemporânea, tomando como estudo de caso, através de reportagens internas

e editoriais, o posicionamento do jornal “O Estado de São Paulo” no contexto de eleições

presidenciais de 1998, quando o candidato/presidente Fernando Henrique Cardoso

conquista sua reeleição, havendo a manutenção do modelo econômico neoliberal no

Brasil. Desta forma, o trabalho aproxima-se da concepção presente em Gramsci, que

remete a um conjunto de instituições a intenção de interferir na busca em torno da

construção de uma visão de mundo.

No que diz respeito à eleição de 1998, na qual Fernando Henrique Cardoso é

candidato à reeleição ao cargo de Presidente da República, Rubim (2000) afirma que

“[...] traz a novidade de se realizar em um momento terminal da

transição. Isto é, uma circunstância na qual as ambiguidades e possibilidades

de uma transição se afunilam em torno de um projeto dominante cada vez mais

hegemônico: a inserção do país em uma globalização, sob a égide neoliberal.”

(RUBIM, 2000, p. 28)

Assim, o processo eleitoral analisado se situa dentro de um panorama

internacional de expansão de um projeto político e econômico neoliberal, que se

disseminou nas décadas de 1970 e 1980 a partir de governos europeus e norte-americano,

chegando na década de 1990 aos países periféricos, como o Brasil. O neoliberalismo surge

inicialmente como proposta teórica no imediato pós-Segunda Guerra Mundial, reagindo

contra o intervencionismo estatal na economia – o que ameaça a liberdade política e

econômica, garantia do livre mercado –, assim como contra o Estado de bem-estar social

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e a busca pelo Estado-mínimo1, num intento de retomada de determinadas noções do

liberalismo do século XIX, modificando aspectos da gestão pública, do sistema produtivo

e homogeneizando a cultura por todo o mundo.

Segundo Filgueiras (2000), no neoliberalismo

“o objetivo maior, e quase único, da política econômica deve ser o de defender

a moeda, assegurando a estabilidade dos preços, e garantir o cumprimento dos

contratos e da ‘livre concorrência’. Esta última deve ser viabilizada através da

desregulamentação, em geral, e do mercado de trabalho, em particular, com

destaque para a flexibilização das relações trabalhistas. No plano internacional,

se materializa na livre mobilidade de capitais e mercadorias, com a derrubada

de restrições ao comércio e a livre circulação do capital financeiro.

Do ponto vista social, também não deve haver políticas ativas que

procurem diminuir as igualdades entre os indivíduos [...]. Em resumo, em todas as instâncias – econômica, social e política –, o

pensamento neoliberal tem como referência maior os indivíduos sendo a

própria sociedade concebida como um mero somatório destes”.

(FILGUEIRAS, 2000, p. 45-46)

O primeiro governo FHC, dentro daquele contexto global, foi a consolidação de

um projeto conservador. Para Barbosa e Silva, “A posse de Fernando Henrique Cardoso

em janeiro de 1995 é carregada de significações. Representa o ajuste e a organização do

projeto liberalizante em solo brasileiro. E, em parte como consequência disso, o

fechamento de uma “Era”, seus erros e sua história” (SILVA, 2008, p. 56). A “Era”

referida naquela passagem se trata da “Era Vargas”, período de forte intervenção estatal

na economia e na sociedade. Segundo Fernando Henrique Cardoso proferiu em seu

Discurso de Despedida do Senado Federal, em dezembro de 1994, já eleito presidente da

República, esse passado em seu governo seria superado, pois era sinônimo de atraso frente

ao processo de globalização – processo este que implicava políticas liberais.

“Ao governo FHC coube a tarefa de aprofundar o processo de “ajuste”

da política e da economia brasileira, iniciado por Collor e interrompido pelo

processo de impeachment em 1992, à nova ordem internacional, marcada pela

hegemonia neoliberal e conduzida pela agenda de reformas propostas por

organismos financeiros internacionais (Banco Mundial, FMI, BID) e pelo o

que se convencionou chamar de consenso de Washington, um conjunto de

medidas orientadas para o mercado para serem aplicadas pelos governos de diversos países da América Latina. [...] Com o lançamento do plano de

estabilização macroeconômica, conhecido como Plano Real2, e com a eleição

1 De acordo com Brandão, “A função central do Estado não seria mais a de regular as relações econômicas,

mas sim a de possibilitar as condições necessárias para a realização do modelo de acumulação dessa nova

fase do capitalismo, que privilegia a lógica do capital financeiro”. Sendo mínimo apenas para as políticas

sociais. (BRANDÃO, 2013, p. 44-45) 2 Afirma Filgueiras que o Plano Real é “um produto econômico, político e ideológico de confluência [...]

de três fenômenos [...]: a hegemonia da doutrina e das políticas liberais, a difusão do processo de

reestruturação produtiva [...] e a reafirmação do capitalismo – [...] enquanto um sistema de produção

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de FHC para a presidência de 1994, um novo pacto hegemônico começou a ser

formado no país. O ajuste neoliberal do governo FHC [...].” (BRANDÃO,

2013, p. 25)

Isto pois, Fernando Henrique Cardoso implementou um amplo programa de

reformas do Estado que compreendeu a modificação na legislação trabalhista,

previdenciária, tributária e administrativa, assim como a quebra de monopólios estatais,

desregulamentação financeira, abertura econômica e privatizações.

O processo de disseminação dos ideais neoliberais, em âmbito global e interno

brasileiro, teve como grande apoio os meios de comunicação, que se esforçaram em

construir um consenso em torno do modelo político e econômico neoliberalista.

“aclamado de forma dominante nas academias e demais centros de

produção de conhecimento, foi vulgarizado para o grande público, com apoio

e influência decisivos da mídia. Os seus princípios passaram a ser aceitos,

consciente ou inconscientemente, pela maior parte da população,

evidenciando-se, assim, a constituição de uma hegemonia na forma de se

pensar a vida sem sociedade [...]”. (FILGUEIRAS, 2000, p. 43)

Segundo Kucinski, no neoliberalismo, os jornais com pautas uniformes, difundem

um discurso que enfatiza a necessidade da adoção de política neoliberais, sendo isto

natural e inevitável. Assim, “[...] a mídia fala em nome do interesse público, mas serve

ao interesse privado” (KUCINSKI, 2005, p. 119). Assim, inserido neste contexto,

Fernando Henrique Cardoso torna-se “garoto-propaganda” de um projeto conservador,

de desmonte do Estado, de reformas e privatizações que ganhou espaço na mídia –

discussão que será abordada de forma mais aprofundada adiante, no caso das eleições de

1998 no jornal O Estado de S. Paulo.

A imprensa como partido

De acordo com uma concepção liberal, a mídia apresenta sua própria imagem

como neutra e objetiva; vende uma ideia de que ela possui uma responsabilidade social,

de que é uma prestadora de serviços da população, tendo como função informar sobre

aquilo que acontece no mundo. Esta autoimagem defende ainda que, entre as suas

mundializado ou globalizado.” (FILGUEIRAS, 2000, p. 30-31). O Plano Real somado à um programa de

reformas do Estado – que englobava amplas reformas – trabalhista, econômica, administrativa, da

previdência, a reforma tributária e as privatizações – estruturaram o ajuste neoliberal no Brasil.

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funções, compete à mídia fiscalizar o Estado, ser representante do povo e expressar a

verdade sobre os fatos. Ela se apresenta como uma observadora independente de

interesses sociais, políticos ou econômicos.

No entanto, a mídia não é uma ferramenta de informações imparcial. Ao contrário,

ela está envolta pela subjetividade daqueles que produzem as informações que ela

transmite. Tendo a imprensa como objeto de estudo, Maria Capelato afirma que “A

imprensa constitui um instrumento de manipulação de interesses e intervenção na vida

social. [...] A categoria abstrata imprensa se desmistifica quando se faz emergir a figura

de seus produtores como sujeitos dotados de consciência determinada na prática social”

(CAPELATO, 1988, p. 21).

Manuel Catells (2017) afirma que é por meio da comunicação que o ser humano

se relaciona com o meio social; a comunicação é fundamental para o alcance da definição

e aplicação de um projeto político, social e econômico em uma sociedade. E, sendo assim,

este meio é também palco das relações de poder. Logo, a mídia e sua informação é uma

forma de poder 3.

Esta premissa vem do fato de que o objeto deste trabalho devido à sua visibilidade,

possui o controle da informação, um papel significativo de influir e mediar causas e

agendas políticas e de governo, as relações sociais, a opinião pública, o de atuar

politicamente no meio no qual se insere, privilegiando alguns assuntos em detrimento de

outros (FONSECA, 2011). A produção midiática não é apenas um material de difusão de

informações, mas contribui para moldar valores.

Para Gramsci, a conquista do poder se dá na esfera da luta pela hegemonia,

conquistada a partir de conflitos que se dão nas esferas econômica e política, mas também

naquilo que diz respeito ao plano ético-cultural. Ao analisar o pensamento gramsciano,

Dênis de Moraes explica que a hegemonia “não deve ser entendida nos limites de uma

coerção pura e simples, pois inclui a direção cultural e o consentimento social a um

universo de convicções, normas morais e regras de conduta, assim como a destruição e a

superação de outras crenças e sentimentos diante da vida e do mundo” (MORAES, 2010,

3 Para Castells, as relações de poder são o que define o que é institucionalizado e o que é valorizado na

sociedade. “O poder é a capacidade relacional que permite a um ator social influenciar assimetricamente as

decisões de outro(s) ator(es) social (is) de formas que favoreçam a vontade, os interesses e os valores de

ator que detém o poder [...]” (CASTELLS, 2017, p. 57).

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p. 55). Sendo assim, para Gramsci, a construção de hegemonia se faz através de um

determinado consenso, não apenas través de uma força material.

Ao pensar o processo pelo qual se dá a obtenção da hegemonia, Gramsci analisa

os contornos do Estado, entendido por ele como Estado ampliado.

“Fica claro que a definição de Estado até aqui esboçada procura evitar uma

concepção que o reduziria ao aparelho coercitivo. A construção do consenso

também encontrava lugar nesse Estado. De modo resumido, mas nem por isso

menos significativo, Gramsci apresentava sua concepção de maneira já

clássica, ‘Estado = sociedade política + sociedade civil, ou seja, hegemonia

encouraçada de coerção’ (Q 6, § 88, p. 763-764), ou como dirá mais adiante,

no mesmo QuadernoI, ‘Estado (no sentido integral: ditadura + hegemonia’

(Q6, § 155, p. 810-811).” (BIANCHI, 2008, P. 177)

A sociedade política refere-se ao Estado no sentido restrito, responsável pelos

mecanismos de repressão através dos aparelhos de coerção, que garantem a disciplina

daqueles que não consentem. A sociedade civil, por sua vez, é a responsável pela

manutenção, difusão ideológica. Segundo Gramsci, é a sociedade civil espaço de luta pelo

consenso onde atuam os aparelhos privados de hegemonia. Bianchi (2008), em seu

estudo sobre o filósofo Gramsci, destaca o caráter material, de conformação de uma

hegemonia desses aparelhos:

“A luta de hegemonias não é apenas luta entre ‘concepções de mundo’, como, por exemplo, aparece no Quaderno 10, ela é também luta dos

aparelhos que funcionam como suportes materiais dessas ideologias,

organizando-as e difundindo-as.

A lista de tais aparelhos hegemônicos é grande, mas conhecida: igreja,

escolas, associações privadas, sindicatos, partidos e imprensa são alguns deles.

A função desses organismos é articular o consenso das grandes massas e sua

adesão à orientação social impressa pelos grupos dominantes.” (BIANCHI,

2008, P. 179)

Segundo Dênis de Moraes, este conceito de hegemonia desenvolvido por Gramsci

coloca luz sobre a participação dos meios de comunicação no mundo contemporâneo,

pois, tidos como aparelho privado de hegemonia e, sendo os produtores dos conteúdos

que circulam por esse meio uma classe com privilégios, organizam e difundem uma

“frente teórica”, constroem uma visão de mundo homogênea (MORAES, 2010, p.8).

Assim, o caráter partidário da imprensa é enfatizado; a imprensa assume o papel de

partido político quando atende a alguma ação ou objetivo de uma classe, interfere de

forma subjetiva no que é divulgado, oferece uma visão da realidade que atenda a um

projeto político assumido nas entrelinhas, a uma opinião dominante e constrói uma

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opinião pública. A função partidária se dá no sentido de proporcionar organização a uma

atitude dominante.

Gramsci, quando aborda a temática do jornalismo faz isso no sentido do que ele

chama de “jornalismo integral”, definido assim por ser um jornalismo que tem a

preocupação de expandir sua atuação, criar um público que será seu consumidor e

também criar suas necessidades e não apenas um jornal que atende certas necessidades

deste público. O jornal, como empresa capitalista, visa obter lucros, por isso deve atrair

um maior número de pessoas que o consomem, transmitindo conteúdos que unifiquem a

opinião pública; assim atua no campo econômico e simbólico.

Partindo desta perspectiva, a informação transforma-se em uma mercadoria dentro

de uma lógica de mercado. Para Dênis de Moraes, os meios de comunicação foram

confiscados pelos poderes econômicos e financeiros. “A informação assumiu a dianteira

na rotação vertiginosa do capitalismo global. Tornou-se fonte alimentadora das

engrenagens indispensáveis à hegemonia do capital, uma espécie de “mais-valia

decisória” que se qualifica como recurso básico de gestão e produção” (MORAES, 2004,

P. 18).

A eleição de 1998 e a relação da Imprensa e FHC: o estudo de caso do jornal O

Estado de S. Paulo

Já durante o Governo Itamar Franco, quando indicado ao Ministério da Fazenda,

Fernando Henrique já aparecia nas páginas da imprensa com uma imagem favorecida. O

Plano Real, bem sucedido em seu plano de estabilização da economia fez com que a mídia

se alinhasse cada vez mais a sua imagem, apoiando o político para a campanha eleitoral

de 1994 e durante todo o seu primeiro mandato.

Kucinski (1999) afirma ainda que o apoio midiático ao governo FHC e o que ele

representava era determinante, principalmente em momentos de grandes críticas ao

presidente e a escândalos de seu governo – nem mesmo durante estes acontecidos este

apoio se altera. Além disso, destaca-se na era Fernando Henrique a homogeneidade do

discurso do jornalismo brasileiro em torno deste apoio, em torno de um jornalismo

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econômico em sua essência que tinha como principal objetivo persuadir seu público, o

que, por sua vez, impediu o debate das questões que se colocavam naquele contexto.

O discurso da mídia, assumidamente favorável à FHC, acabou por ter a função de

ser um meio de desinformar a população e de propagar as verdades do governo porque,

para que o presidente não fosse prejudicado, muitos fatos relevantes de assuntos

polêmicos ou problemas advindos das decisões do governo, eram sufocados, não foram

noticiados ou, quando o eram, eram amenizados, não tinham análises profundas. A

mobilização midiática, em sua maioria, se dava com o intuito de manter o projeto político

e econômico neoliberal, preocupando-se em apresentar ao público suas vantagens.

Estas seleções, enquadramentos de alguns fatos do governo FHC, ou

esquecimento, não deixam de ser fazer presentes nem mesmo quando o projeto de

“modernização” pretendido por Cardoso não impede uma grande instabilidade econômica

e social que assola seu primeiro governo: a política econômica, estabelecida a partir do

Plano Real – ao qual estavam relacionadas aquelas reformas proposta pelo governo FHC

–, tornou o Brasil muito frágil a conjunturas econômicas externas, fazendo com que o

país sofresse de forma quase imediata aos impactos das crises internacionais, como a do

México (1994), Ásia (1997) e Rússia (1998). Isto deveu-se ao fato de que o Plano Real

era muito dependente do capital internacional, segundo Filgueiras (FILGUEIRAS, 2000,

p. 117).

Tal processo de dependência teve efeitos negativos no Brasil: as medidas de

austeridade tomadas pelo governo para que a crise se aprofundasse no país tornou difícil

a sustentação do Plano Real. A economia brasileira passa então por períodos de recessão

e estagnação econômica; o nível de desemprego alcança patamares elevados4, assim como

os números de falências e inadimplências. Além disso, a balança comercial tornou-se

4 A taxa de desemprego, do período que vai de 1992 até 1995 vinha sendo reduzida, devido a retomada do

crescimento econômico brasileiro. Porém, no ano de 1998, a taxa de desemprego que era de 4,64% aumenta,

chegando a 7,59%. Apesar de o governo manter um discurso de que o crescimento do desemprego era

consequência de uma conjuntura externa, “[...] a política de estabilização, calcada na valorização do câmbio

– durante quatro anos e meio –, numa ampla abertura comercial e em elevadas taxas de juros – que

restringem a possibilidade de crescimento econômico [...] tinha responsabilidade no aumento nas taxas de

desempregados (FILGUEIRAS, 2000, p. 170 – 173). Soma-se a este quadro o fato da piora da qualidade

de ocupação dos brasileiros. No país, o número de pessoas com carteira assinada havia diminuído 1,6%,

enquanto o trabalho informal, sem carteira assinada, havia aumentado.

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deficitária, pois a abertura econômica aumentou as importações em 80%, enquanto as

exportações cresceram apenas 20%.

Seguiu-se a isto um processo de desnacionalização, devido a união das vendas de

empresas estatais brasileiras ao mercado, aumentando de forma considerável a

participação estrangeira na economia brasileira e, em contrapartida, reduzindo a

participação nacional.

Somam-se ainda a esta conjuntura o aumento do déficit público e da dívida

interna, o que comprometeu o orçamento público e acarretando no aumento de impostos.

O mesmo ocorreu com a dívida externa que cresceu de forma muito rápida, repercutindo

no crescimento da dependência externa do Brasil.

Vale ser destacado que foi em 1998, durante as repercussões da crise russa no

Brasil, diferentemente de outras conjunturas de crise enfrentada pelo governo presidido

por Fernando Henrique Cardoso, que, mais uma vez, o Brasil recorre à ajuda financeira

do Fundo Monetário Internacional (FMI).

É nesse quadro político, econômico e social que se encontrava o Brasil, que se faz

o estudo de caso do periódico O Estado de S. Paulo. Para isto, primeiro se faz necessário

analisar o jornal, suas características.

O periódico O Estado de São Paulo (OESP), chamado de A Província de São

Paulo até antes de 1889, foi fundado no ano de 1875 sob a organização e liderança de um

grupo5 nomeado pelo Congresso Republicano de Itu, em 1874, e constituído também por

diversos integrantes da sociedade do café 6 – já é percebido que, desde o seu início, o

jornal atende aos interesses de uma classe, de uma elite agrária. O jornal desenvolve seu

trabalho em torno de ideias republicanas, apresentando-se como autônomo em relação às

discussões políticas e sociais no Brasil, independente do Partido Republicano Paulista

5 Teve como principais articuladores Américo Brasiliense, atuando na cidade de São Paulo, e Campos Sales,

atuando em Campinas. 6 Principalmente fazendeiros de café do Oeste Novo paulista Américo Brasílio de Campos, Antônio Carlos

de Sales, Antônio Pompeu de Camargo, Bento Augusto de Almeida Bicudo, Cândido Vale, o major Diogo

de Barros, Francisco de Sales, Francisco Glicério de Cerqueira Leite, Francisco Rangel Pestana, João

Francisco de Paula Sousa, João Manuel de Almeida Barbosa, João Tibiriçá Piratininga, João Tobias de

Aguiar e Castro, José Alves de Cerqueira César, José de Vasconcelos de Almeida Prado, José Pedroso de

Morais Sales, Manuel Elpídio Pereira de Queirós, Martinho Prado Júnior e Rafael Pais de Barros.

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(PRP), partido nascente na época. Esta autonomia era buscada, pois seus representantes

acreditavam ser a única forma de desempenhar um trabalho livre crítico.

“[...] é importante ressaltar que o conservadorismo de O Estado de S. Paulo

não se traduz em submissão ao Estado e nem mesmo ao governo, ou a partidos

políticos. Embora seus dirigentes tenham ocupado eventualmente cargos

públicos [...] ou participado ativamente de partidos políticos, o jornal não se

tornou um porta-voz, a não ser de seu próprio projeto político” (SPONHOLZ,

1999, p. 45).

Em 1885, Júlio Mesquita começa a integrar a equipe do periódico como redator-

gerente, envolvendo-se junto ao jornal com duas campanhas: a abolição da escravatura –

mais assumido pelo jornal – e a proclamação da República. Já em 1888, Júlio Mesquita,

ao lado de Rangel Pestana, passa ao cargo de codiretor do jornal. E, em 1891, com a

eleição de Rangel Pestana para Senado, Mesquita o substitui na direção de A Província

de São Paulo. Desde então, a direção do jornal está nas mãos da família Mesquita.

Analisando o periódico publicado entre os anos de 1927 e 1937, Capelato (1980)

aponta características próprias, as referências do jornal O Estado de São Paulo que se

destacam na imprensa brasileira e que estão em sua maioria presentes atualmente. Ela

ressalta característica como a defesa dos princípios liberais, sua própria definição de se

constituir oposição aos governos constituídos e sua preocupação e uso político da

“opinião pública”. OESP age conforme seus interesses particulares, seus valores,

propondo programas com os quais a classe dominante se identifique. Os representantes

do jornal não ficam omissos diante dos acontecimentos da história do Brasil, ao contrário,

tem uma participação ativa nos debates que se colocam, buscando influenciar e direcionar

o comportamento de seus leitores. Desta forma, o que é produzido no jornal se faz com o

intuito de atuar politicamente, idealizando um projeto de futura para o Brasil, projeto este

calcado em bases da doutrina liberal.

“O modelo político defendido pelo periódico é considerado ‘ideal’ para o país

norteia-se pelos princípios liberais e consubstancia-se na prática da democracia [...]”

(CAPELATO, PRADO, 1980, p. 91). Ainda segundo Capelato e Prado, desde o início do

século XX, o periódico expõe ideias contrárias à interferência do Estado na economia,

pois defende que ir contra o princípio liberal de liberdade de mercado ocasiona em atraso.

Ao Estado cabia apenas garantir os direitos naturais do homem, justiça, segurança,

liberdade, propriedade (CAPELATO, PRADO, 1980, p. 98). Soma-se a estas ideias o

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apoio de O Estado de São Paulo a entrada de capitais estrangeiros, alegando que era uma

instigação ao desenvolvimento, já que o Brasil não possuía capacidade de investimento.

Segundo a posição assumida pelo periódico, é a opinião pública que faz e desfaz

um governo. No entanto, este vetor não é independente, é também manipulado, criado e

atraído, principalmente pela imprensa e, desta forma, é mobilizada pelo OESP intentando

legitimar seu posicionamento político.

Fonseca (1994) destaca outras características do periódico analisado. O

tradicionalismo torna-se uma característica importante, é por este meio que se estima a

moral, a religião e o passado, seus heróis e legado, que serviriam como exemplo de como

agir no presente e no futuro. Além disso, o conservadorismo é também presente em OESP.

Em relação à análise dos editoriais e matérias internas d’O Estado de S. Paulo

durante o processo eleitoral de 1998, é possível perceber que o periódico se posiciona de

forma favorável ao candidato-presidente Fernando Henrique Cardoso. Tal análise se deu

principalmente em torno de alguns temas centrais: o projeto de privatizações e de

reformas; as crises econômicas internacionais e as medidas do governo brasileiro quanto

aos seus reflexos no país; o Plano Real, que completou quatro anos no ano estudado; e

por fim, a disputa entre os candidatos à presidência – principalmente o destaque negativo

dado a Luis Inácio Lula da Silva no jornal O Estado de S. Paulo.

As temáticas que se relacionam com o processo de privatizações, assim como o

de reformas – da Previdência e tributária, principalmente – ganham um amplo espaço nas

páginas de OESP

O projeto de privatizações do Governo FHC ocupa um grande espaço nas páginas

do jornal, seja no que concerne às disputas políticas e judiciais em torno disto ou no que

diz respeito às vantagens consideradas por O Estado de S. Paulo. No periódico, a visão

que se apresenta é a de que as privatizações trariam benefícios tanto ao governo, que

atrairia investimentos interno e externo, como para os consumidores, que teriam mais e

melhores ofertas de serviço. As privatizações passam a ser, para o jornal a principal arma

brasileira no que diz respeito ao combate à crise econômica, além de ser fundamental na

consolidação da estabilização econômica.

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Já as reformas, seriam para no periódico um óbvio interesse nacional, pois

significariam um enorme crescimento da qualidade de vida dos brasileiros, isto porquê

acarretaria em crescimento econômico – levando a criação de postos de emprego,

melhores serviços de infraestrutura e o equilíbrio das contas públicas.

O que chama a atenção no estudo da fonte é o fato de que o periódico por diversas

vezes, em especial no que concerne aos editoriais, retira do governo, de Fernando

Henrique Cardoso e suas decisões, a responsabilidade pelo contexto social e econômico

interno brasileiro, tornando culpados outros sujeito que faziam parte dos embates

políticos da época. Isto ocorre tanto no que se refere ao atraso das reformas, considerados

pelo jornal fundamentais, quanto nos reflexos da crise no Brasil.

Para o jornal a oposição no Congresso e até mesmo fora dele, no caso de Lula,

dificultava as melhorias propostas por FHC; estavam mais interessados em desmoralizar

o governo de FHC entravando as reformas por ele propostas. Para O Estado de S. Paulo,

o governo ficaria de mãos atadas para enfrentar o déficit público de forma eficiente se o

Congresso não entendesse a gravidade da questão para o Brasil.

Quando analisado o contexto das eleições presidenciais de 1998, ficam em

evidência as crises mundiais que também atingem a economia brasileira. E sobre essa

temática são destacados em diversos editoriais do jornal as medidas de Fernando

Henrique Cardoso para enfrentar a crise e o apoio dos editorialistas a todas elas,

antecipando um futuro de austeridade e a necessidade do sacrifício popular. Para Soares

(SOARES, 2009, p. 173), “Fazendo isso, os editoriais restringiram-se a interpretações de

curto alcance da crise, pautando-se por argumentações que desresponsabilizavam as

políticas econômicas pela força do impacto da crise mundial.”

O discurso dominante no jornal é o de que as dificuldades econômicas pelas quais

passava o Brasil eram efeito do cenário econômico-financeiro internacional, de seus

“desacertos e distorções”. Mesmo tendo provocado arrocho salarial e a piora da qualidade

de vida da população, as medidas tomadas por Cardoso eram inevitáveis, necessárias na

tentativa de amenizar as consequências da crise internacional. Segundo colocam os

editorialistas, naquele momento o tema era crise e os motivos de descontentamento eram

culpa de FHC. Porém, mesmo que as medidas tomadas por seu governo não tenham tido

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êxito maior, nenhum outro governante brasileiro teve melhores resultados que Fernando

Henrique Cardoso.

Os quatro anos de Plano Real marcaram a eleição de 1998. A estabilidade

conseguida por este Plano ainda era conteúdo das matérias internas do jornal, além de ser

motivo de comemoração, de defesa da continuidade do projeto implementado por FHC

no Brasil. Segundo OESP fica claro que sem a implantação do real, seriam impraticáveis

as transformações conseguidas desde 1994, como o fato de o governo, economia e

sociedade voltaram a funcionar; foi dado fim a superinflação que assolava o Brasil; entre

1994 e 1997, houve redução do número de miseráveis, assim como da concentração de

renda e a taxa de mortalidade infantil.

“[..] o real é mais do que uma moeda firme, assim como o Real é mais do que

um plano bem-sucedido. Apesar dos juros e do câmbio, da dívida e do déficit,

da crise asiática e do saco de maldades; apesar do desemprego e da dengue, da lentidão do governo em acudir quem fica na pior e de sua relutância em

reconhecer erros e omissões evidentes; apesar dos maus passos e dos maus

parceiros do presidente, e seu soberbo desdém pelos críticos e de seu tão

comentado distanciamento das situações de comoção popular – o fato essencial

é que nunca o País mudou tanto para melhor, em tão pouco tempo, em regime

de democracia plena.” (23/06/1998, p.2)

A eleição presidencial do ano eleitoral analisado teve como destaques principais

os candidatos Fernando Henrique Cardoso, que, como foi mencionado, era um caso

particular por ser ele candidato/presidente, e Luis Inácio Lula da Silva, principal

candidato da esquerda naquele contexto. Como ficou evidente nos editoriais

apresentados, O Estado de S. Paulo adere ao governo e às suas medidas. No que diz

respeito ao segundo candidato, ocorre o extremo oposto. Lula, nos editoriais e algumas

matérias, faz parte da oposição despreparada e responsável pelo aprofundamento dos

problemas econômicos e sociais que atingem o Brasil, que busca a todo tempo

desestabilizar o então atual governo em benefício de sua candidatura e é um risco para o

futuro.

Considerações finais

O posicionamento do jornal objeto deste estudo se justifica no seu apoio a uma

agenda neoliberal que faz oposição à intervenção estatal na economia e defende redução

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de gastos públicos, privatizações e abertura econômica ao mercado estrangeiro. Tendo

como um aspecto importante de seu funcionamento a manutenção de um

conservadorismo na sociedade brasileira.

Através da análise dos editoriais e matérias internas do jornal O Estado de S. Paulo

do ano de 1998, fica claro o alinhamento do periódico com o Governo Fernando Henrique

Cardoso e o que ele representa para um projeto neoliberal. Partindo da perspectiva de

Gramsci de que há um conjunto de instituições que visam interferir na sociedade política

e culturalmente, em busca de um consenso acerca de uma concepção de mundo,

conhecidos como aparelhos privados de hegemonia, é possível perceber que o jornal O

Estado de S. Paulo atuou como tal em defesa da reeleição de Fernando Henrique Cardoso

assim como da manutenção de um projeto neoliberal conservador.

Fontes

O Estado de S. Paulo, 1998.

Localização: Biblioteca Nacional, Seção de Periódicos. Coleção microfilmada

O acervo de O Estado de S. Paulo também está disponível para a consulta on-line através

do sítio:https://acervo.estadao.com.br/;

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