O ESTÁGIO SUPERVISIONADO: relato de experiência de estágio ... · PDF...
Click here to load reader
-
Upload
truonghuong -
Category
Documents
-
view
219 -
download
3
Transcript of O ESTÁGIO SUPERVISIONADO: relato de experiência de estágio ... · PDF...
O ESTÁGIO SUPERVISIONADO: relato de experiência de estágio na Coordenação de
Atenção a Dependentes Químicos do estado do Piauí
Magali Sampaio de Castro1
Jakelinne Lopes de Sousa Miranda2
Resumo: Este artigo tem por objetivo relatar a experiência de estágio supervisionado em serviço social realizado na Coordenação de Atenção a Dependentes Químicos da Secretaria da Assistência Social e Cidadania (SASC). Dentre os resultados, ressalta-se que a formação profissional implica constantes aproximações com o cotidiano profissional e principalmente com as diversas formas de expressão da questão social. Neste sentido, o estágio é um momento privilegiado para a construção da identidade do profissional, visto que proporciona um momento constante e contínuo de reflexão da realidade concreta na qual o profissional está inserido e da qual é refletido pelo seu exercício profissional. Palavras-chave: Formação profissional, prática profissional. THE SUPERVISED TRAINEESHIP: report of experience of traineeship in the Co-ordination of Attention to Chemical Dependentes of the state of the Piauí. Abstract: This article has since objective reports the experience of traineeship supervised in social service carried out in the Co-ordination of Attention to Chemical Dependentes of the General office of the Social work and Citizenship (SASC). Among the results, it emphasizes that the professional formation implicates constant approximations with the professional daily life and principally with several forms of expression of the social question. In this sense, the traineeship is a moment privileged for the construction of the identity of the professional, when that it provides a constant and continuous moment of reflection of concrete fact in which the professional is inserted and of which is reflected by his professional exercise was seen. Key words: Professional formation, professional practice.
1 Assistente Social. Universidade Federal do Piauí. E-mail: [email protected]
2 Assistente Social. Universidade Federal do Piauí. E-mail: [email protected]
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo “O estágio supervisionado: relato de experiência de estágio na
Coordenação de Atenção a Dependentes Químicos do estado do Piauí” apresenta reflexões e
discussões acerca da prática profissional, a partir da experiência de estágio supervisionado com
destaque para a formação deste profissional e posterior análise das ações de uma
coordenação, enquanto órgão executor de uma política.
2 O ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL
O Estágio Supervisionado em Serviço Social é compreendido enquanto atividade
curricular obrigatória, que se estabelece a partir da inserção do aluno no espaço sócio –
ocupacional, com o objetivo de sua capacitação para o exercício profissional. Neste sentido, é
parte integrante do processo de formação profissional.
Um equívoco, porém seria compreender o estágio como um momento privilegiado de
aplicação dos conhecimentos teóricos adquiridos na academia em uma realidade concreta, na
medida em que se constitui em um momento de unidade teórico – prática que possibilita a
reflexão do fazer e da apropriação de elementos de crítica e descobertas sobre as questões
presentes na dinâmica da sociedade (OLIVEIRA, 2004, p. 72). O estágio não é o momento de
aplicação do que foi aprendido na teoria, mas sim da interação entre esta e a prática. Assim
torna-se fundamental pensar o estágio como um investimento que beneficia todos os
envolvidos.
As disciplinas estágio I e II são desenvolvidas totalmente no campo de estágio sob
acompanhamento / orientação do supervisor de campo e do docente supervisor.
O estagiário insere-se no campo para atuar em programas / projetos desenvolvidos pelo
Serviço Social na instituição ou em programação especialmente planejada para o estágio.
Desta maneira, a trajetória da profissão revela que o Serviço Social, desde sua origem, é
marcado como uma profissão eminentemente interventiva. Iamamoto (1993, p. 108) também
contribui para o debate ao levantar o problema do Serviço Social não se institucionalizar “como
uma ‘ciência especial’ no quadro da divisão do trabalho” não surgindo com a função precípua
de produzir conhecimentos que articulem o campo “peculiar” do saber, consoante a divisão do
trabalho que foi forjada historicamente entre as ciências.
Considerando o caráter dinâmico das transformações societárias, particularmente as
mudanças na própria ordem do capital, expressas no aprofundamento dos efeitos perversos da
“questão social”, como assevera Serra (2000 et. Al., p. 252), o assistente social deve estar
sintonizado com as diversas formas de expressão dos problemas societários, o que pressupõe
o uso da pesquisa e da intervenção como instrumento de análise da realidade, necessário não
somente para responder as demandas já posta , mas às “potenciais à força de trabalho do
assistente social”.
3 A IMPORTÃNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO PARA FORMAÇÃO PROFISSIONAL
DO ASSISTENTE SOCIAL: relato de experiência
Pode-se verificar que o estágio em Serviço Social requer esforços por parte do
estagiário tanto intelectual como prático. Intelectual porque exige um alto nível de abstração, a
apreciação das diversas teorias existentes por meio das quais se busca compreender a
realidade; prático, porque o estágio requer planejamento e compromisso na busca do alcance
dos objetivos a que se propõe.
O que se coloca como intrigante nesta experiência é que esta busca por novos
conhecimentos e a necessidade de no processo de estágio se elaborar um conjunto de
atividades como o Plano de Estágio, Projeto de Intervenção, Relatório de Estágio, dentre outros
se tornou evidente que o que se coloca é não somente descobrir o que há de novo, mas o que
se encontra atrás da aparência do dado, possível por meio das experiências proporcionadas
pelo estágio no cotidiano profissional.
A experiência de estágio, destacada neste estudo, foi devidamente supervisionada pela
professora Drª Lúcia Cristina dos Santos Rosa e pela Assistente Social Liana Cronemberger.
Todo o processo de estágio, que envolve desde a inserção institucional foi orientado por estas
supervisoras e pelo Plano de Estágio elaborado no início da inserção no campo que objetivou
nortear as atividades a serem desenvolvidas pela estagiária, detalhando os procedimentos,
técnicas e períodos previstos para execução.
Destaca-se como fundamental que o estágio também proporcionou um contato direto
com a dinâmica institucional e os entraves postos a profissão na execução de suas atividades,
no atendimento dos usuários assim como na aplicação dos instrumentais que vão se
aperfeiçoando na medida em que estão sendo utilizados e reinsignificado pela prática
profissional e necessidades da demanda.
Nesse sentido, o estágio proporcionou a discente um olhar mais crítico e a necessidade
de criatividade assim como de constante capacitação para estar preparada para informar e
encaminhar o usuário de forma que atenda as suas necessidades.
Considerando o estágio como um processo de constante aprendizagem do saber
profissional pode-se ressaltar que na Coordenação e Atenção a Dependentes Químicos foi
possível observar e analisar as competências da coordenação, o fazer profissional da
supervisora as demandas que se apresentaram no cotidiano institucional. Proporcionando ao
estagiário um conhecimento substanciado a partir de situações reais de trabalho no campo de
estágio atentando-se para as dimensões teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política
da profissão.
A relação de supervisão estabeleceu-se de forma contínua e com base no diálogo
constante e orientações, o que contribuiu para um ambiente de estágio construtivo, o processo
de formação e construção da identidade profissional consistente e mediatizado por experiências
não somente do cotidiano de atendimento da coordenação, mas como da relação com uma
equipe de trabalho e dos profissionais de outras unidades da SASC. Com base nestas
observações foi proposto o projeto de intervenção “Álcool e outras drogas – organização dos
Serviços e Recursos Comunitários para Dependentes Químicos no município de Teresina” com
o objetivo de verificar como se organiza e se realiza o atendimento a dependentes químicos,
seus pressupostos, suas concepções e as formas de tratamento oferecidos pelos serviços
existentes em Teresina
4 CONCLUSÃO
A formação profissional implica constantes aproximações com o cotidiano profissional e
principalmente com as diversas formas de expressão da questão social. O estágio é um
momento privilegiado para a construção da identidade do profissional, visto que proporciona um
momento constante e contínuo de reflexão da realidade concreta na qual o profissional está
inserido e da qual é refletido pelo seu exercício profissional.
Com relação ao conjunto de instrumentos e técnicas que permitem a operacionalização
profissional ressalta-se que por mais que a formação privilegie este aspecto, ainda há muitas
lacunas neste sentido, no entanto durante o estágio foi possível compreender que a prática
profissional exige constante capacitação, criatividade e habilidade técnica do profissional para
atender as finalidades das ações que desenvolve, e os determinantes políticos, sociais e
institucionais.
Como coloca Martinelli (1994) que as ações profissionais articulam-se entre os eixos
valorativos (finalidades e objetivos), metodológicos (operacionalização) e operativo (estratégias
e táticas).
A relação de supervisão, tanto com a supervisora de campo quanto com a docente, foi
significativa e preponderante para a apreensão de conhecimentos e ao apoio que o estagiário
necessita neste momento de sua formação como fatores determinantes para sua futura atuação
como profissional de serviço social no mercado de trabalho. Além de se estabelecer mediante
um constante diálogo e esclarecimento das ações ali desenvolvidas, o que leva ao estagiário a
formação crítica do fazer profissional e a reflexão, assim como da necessidade de constantes
indagações que se fazem necessárias para uma formação que além de técnica-operativa do
serviço social é eminentemente política.
Nesse sentido a supervisão assume uma dimensão educativa, cuja finalidade é a
produção de conhecimentos que aumentem a consciência e a capacidade de iniciativa
transformadora que define as bases do serviço social enquanto profissão.
A instituição, segundo Martinelli (1994), enquanto organização, cabe produzir
instrumentais que garantam o acompanhamento dos programas em execução, a mensuração
dos resultados obtidos e a relação estabelecida entre os custos e os benefícios. Neste sentido a
presença do Assistente Social na Coordenação de Atenção a Dependentes Químicos pôde ser
avaliada como indispensável para que se possa complementar a ação institucional. Pois este
profissional ao mesmo tempo em que se encontra inserido no cotidiano institucional assume
uma postura comprometida e intencional com a demanda que requer respostas as suas
necessidades.
Esta ação é reforçada, pois este profissional em sua formação qualificou-se para possuir
uma visão geral das questões sociais e das formas de se mediar os conflitos originados por
estas. É também sua capacidade de resignificar as demandas que lhe são destinadas que
fazem de sua prática uma intervenção necessária e reconhecida socialmente, que ultrapassa a
mera burocracia.
A atividade profissional do serviço social está submetido a um conjunto de
determinantes sociais inerentes ao trabalho na sociedade capitalista que limitam a prática deste
profissional que muitas vezes subordina o conteúdo do trabalho aos objetivos e necessidades
das instituições que se encontram inseridos. Há também a disponibilidade de recursos que
devido à política neoliberal encontra-se reduzido a ações eminentemente pontuais e
focalizadas. Permeado por estas limitações o assistente social realiza uma prática muitas vezes
idealista para ver a concretização e efetividade de suas proposições o que requer do mesmo
constante convicção do que é ser um profissional de serviço social, profissão esta que segundo
Costa (2000. p. 41) é mediatizada pelo reconhecimento social da profissão e por um conjunto
de necessidades que se definem e redefinem a partir das condições históricas sob as quais
esta submetida.
O planejamento em serviços social é imprescindível para que está prática não seja
confundida com o imediatismo presente nos interesses do público-alvo dos serviços. Outro fator
é manter sempre o registro de suas ações e apresentar periodicamente seus resultados como
forma de adquirir maior credibilidade perante a instituição a qual se insere e aos usuários de
seus serviços.
Assim, considera-se que tais constatações expressão, no dizer de Netto (1992) a
revelação de que “ao longo de toda a evolução do serviço social profissional, a tensão entre os
‘valores da profissão’ e os papéis que objetivamente lhes foram alocados resultou numa
hipertrofia dos primeiros na auto-representação profissional, resultou num voluntarismo que,
sob formas distintas, é sempre flagrante no discurso profissional”. Neste sentido coloca-se que
se faz necessário uma prática que considere os valores da profissão como norte para que se
atenda a demanda, e que tal decisão requer uma capacidade propositiva de enfrentar os
desafios postos e que necessita de uma ação profissional, mesmo no espaço institucional, que
tem suas restrições, um nível de articulação com outros segmentos sociais na discussão e
encaminhamento do problema, a necessidade de reflexão constante, de tomada de decisão e
avaliação.
E todos estes aspectos tornam-se evidentes no estágio, momento este de constatação
das particularidades do trabalho dos assistentes sociais e das diversas formas de expressão da
questão social.
Muito ainda se poderia relatar sobre estas experiências e além de tudo problematizar
tais vivência. No entanto, o presente estudo objetiva expor, de forma sintética, relato de
experiência de estágio para fins desta jornada.
5 REFERÊNCIAS
COSTA, Maria Dalva Horácio da. O trabalho nos serviços de saúde e a inserção dos (as) assistentes sociais. Serviço social e sociedade. Cortez, nº 62, ano XX, março, 2000, p. 35-41. IAMAMOTO, Marilda Vilela. Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2005. _______________. Ensino e pesquisa no Serviço Social: desafios na construção de um projeto de formação profissional. Cadernos ABESS 6. São Paulo: Cortez, 1993, p.101-116. LAKATOS, E. M. Marconi. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas AS, 1990. MARTINELLI, Maria Lúcia; KOUMROUYAN, Elza. Um novo olhar para a questão dos instrumentais técnico-operativos em serviço Social. Serviço social e sociedade. Cortez, nº 45, ano XV, ago, 1994, p. 137-140.
NETTO, José Paulo. Capitalismo monopolista e Serviço Social. São Paulo. Cortez, 1992. OLIVEIRA, Cirlene Aparecida Hilário da Silva. O estágio supervisionado na formação profissional do assistente social: desvendando significados. Serviço Social e Sociedade, n. 80, São Paulo: Cortez, 2004. PASSOS, Sônia Regina Lambert; CASTRO, Marcelle M. L. D. Entrevista motivacional e escalas de motivação para tratamento em dependência de drogas. Rev. de Psiquiatria Clínica. v. 32, n. 6. São Paulo, nov / dez. 2005, p. 01-07. PIAUÍ. Governo do Estado do Piauí. Secretaria de Assistência Social e Cidadania. Coordenação do centro de referência e apoio a dependentes químicos. S.d.b.