O Estress Nos Funcionarios Do SAMU Joinville

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1 O ESTRESSE NOS FUNCIONÁRIOS DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MOVEL DE URGENCIA (SAMU) DE JOINVILLE/SC Bianca Pereira Francisconi 1 Daniza Helena de Amorim 2 Fabiola Langraro 3 RESUMO Os profissionais da saúde que atuam em Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) sofrem intensa pressão pela necessidade de ter respostas rápidas em relação aos casos com que se deparam em seu dia a dia. Esses trabalhadores enfrentam situações limítrofes de vida e sofrimento, estando expostos a fatores geradores de estresse. Segundo Lipp (2010), o estresse constitui-se de reação psicofisiológica complexa, em que o principal foco do organismo é manter o equilíbrio interno frente a uma ameaça. Diante deste contexto, esta pesquisa objetivou avaliar a ocorrência de estresse em profissionais da equipe do SAMU de Joinville/SC. Para tanto, foi aplicado o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL) e uma entrevista semiestruturada em 26 dos 32 profissionais deste serviço. Os dados provenientes do ISSL foram submetidos a uma análise estatística de frequência relativa e as entrevistas à análise de conteúdo. Os resultados mostraram que 73% dos participantes da pesquisa não apresentavam níveis de estresse. Entre os 27% que apresentavam algum nível de estresse, foi observado que o grau de estresse nas mulheres é maior que nos homens, que quanto maior o tempo de serviço, maior é probabilidade de estresse e que a maioria dos profissionais não procura atendimento médico regular e tem algum tipo de atividade física para diminuir as tensões diárias. Foi evidenciado que apesar do toda a pressão existente na profissão existe uma satisfação pessoal, o que poderia funcionar como fator de proteção ao estresse. PALAVRAS-CHAVES: estresse, serviço de emergência, socorrista. ABSTRACT Health professionals working in Service Mobile Emergency (SAMU) suffer intense pressure by the need for quick responses in the cases they encounter in their daily lives. These workers face borderline situations of life and suffering, being exposed to factors causing stress. According Lipp (2010), stress is made up of complex psychophysiological reaction, in which the main focus is to maintain the body's internal balance against a threat. Given this context, this study aimed to evaluate the occurrence of stress in professional team SAMU de Joinville/SC. Therefore, we applied the Inventory of Stress Symptoms for Lipp (ISSL) and a semi-structured interview in 26 of the 32 professionals of this service. The data from the ISSL were subjected to a statistical analysis of relative frequency and interviews to content analysis. The results showed that 73 % of respondents did not have stress levels. Among the 27 % who had some level of stress, it was observed that the degree of stress is greater in women than in men, that the longer the service , the greater likelihood of stress and that most professionals do not seek regular medical care and has some kind of physical activity to reduce daily stresses. It was shown that in spite of all the pressure existing in the profession there is a personal satisfaction, which can function as a protective factor against stress. KEY WORDS: stress, emergency service, rescuer. 1 Acadêmica do 5º ano de Psicologia da Faculdade Guilherme Guimbala FGG. 2 Acadêmica do 5º ano de Psicologia da Faculdade Guilherme Guimbala FGG. 3 Orientadora, Mestre em Psicologia e Docente da FGG/ACE.

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Artigo de final de conclusão do curso de Psicologia.Realizado pelas alunos do quinto ano. O artigo traz relevantes informações sobre a saúde dos servidores do SAMU de Joinville/SC.

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O ESTRESSE NOS FUNCIONÁRIOS DO SERVIÇO DE ATENDIMENTO MOVEL

DE URGENCIA (SAMU) DE JOINVILLE/SC

Bianca Pereira Francisconi1

Daniza Helena de Amorim2

Fabiola Langraro3

RESUMO

Os profissionais da saúde que atuam em Serviço de Atendimento Móvel de Urgência

(SAMU) sofrem intensa pressão pela necessidade de ter respostas rápidas em relação aos

casos com que se deparam em seu dia a dia. Esses trabalhadores enfrentam situações

limítrofes de vida e sofrimento, estando expostos a fatores geradores de estresse. Segundo

Lipp (2010), o estresse constitui-se de reação psicofisiológica complexa, em que o principal

foco do organismo é manter o equilíbrio interno frente a uma ameaça. Diante deste contexto,

esta pesquisa objetivou avaliar a ocorrência de estresse em profissionais da equipe do SAMU

de Joinville/SC. Para tanto, foi aplicado o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de

Lipp (ISSL) e uma entrevista semiestruturada em 26 dos 32 profissionais deste serviço. Os

dados provenientes do ISSL foram submetidos a uma análise estatística de frequência relativa

e as entrevistas à análise de conteúdo. Os resultados mostraram que 73% dos participantes da

pesquisa não apresentavam níveis de estresse. Entre os 27% que apresentavam algum nível de

estresse, foi observado que o grau de estresse nas mulheres é maior que nos homens, que

quanto maior o tempo de serviço, maior é probabilidade de estresse e que a maioria dos

profissionais não procura atendimento médico regular e tem algum tipo de atividade física

para diminuir as tensões diárias. Foi evidenciado que apesar do toda a pressão existente na

profissão existe uma satisfação pessoal, o que poderia funcionar como fator de proteção ao

estresse.

PALAVRAS-CHAVES: estresse, serviço de emergência, socorrista.

ABSTRACT Health professionals working in Service Mobile Emergency (SAMU) suffer intense pressure

by the need for quick responses in the cases they encounter in their daily lives. These workers

face borderline situations of life and suffering, being exposed to factors causing stress.

According Lipp (2010), stress is made up of complex psychophysiological reaction, in which

the main focus is to maintain the body's internal balance against a threat. Given this context,

this study aimed to evaluate the occurrence of stress in professional team SAMU de

Joinville/SC. Therefore, we applied the Inventory of Stress Symptoms for Lipp (ISSL) and a

semi-structured interview in 26 of the 32 professionals of this service. The data from the ISSL

were subjected to a statistical analysis of relative frequency and interviews to content

analysis. The results showed that 73 % of respondents did not have stress levels. Among the

27 % who had some level of stress, it was observed that the degree of stress is greater in

women than in men, that the longer the service , the greater likelihood of stress and that most

professionals do not seek regular medical care and has some kind of physical activity to

reduce daily stresses. It was shown that in spite of all the pressure existing in the profession

there is a personal satisfaction, which can function as a protective factor against stress.

KEY WORDS: stress, emergency service, rescuer.

1 Acadêmica do 5º ano de Psicologia da Faculdade Guilherme Guimbala – FGG. 2 Acadêmica do 5º ano de Psicologia da Faculdade Guilherme Guimbala – FGG. 3 Orientadora, Mestre em Psicologia e Docente da FGG/ACE.

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1. INTRODUÇÃO

Joinville é uma cidade que está em pleno desenvolvimento. Mais pessoas se mudam

para cá e dia-a-dia a população modifica seus hábitos e costumes para se adaptar a essa nova

realidade. Com o aumento populacional, também vieram as necessidades de atendimento em

saúde a essa população, em todos os seus níveis, incluindo os serviços de urgências e

emergências.

Urgência ressalta Nitschke et al (2005) são situações que apresentam alteração no

estado de saúde do indivíduo com risco iminente à vida, uma ocorrência imprevista de agravo

à saúde, havendo a necessidade de assistência médica imediata. Ainda segundo o autor,

emergências são situações que apresentam alguma alteração no estado de saúde do indivíduo,

mas sem risco iminente a vida, podendo causar dor e sofrimento intenso, sendo necessário

tratamento médico imediato.

Conforme Nitschke et al (2005) foi criada em 2002 a portaria GM/MS 2048/02 que

estabelece as diretrizes para a criação dos sistemas de urgência e emergência no Brasil. A

partir dessa portaria começou a ser implantada no Brasil a Política Nacional de Atenção às

Urgências.

Nesta perspectiva, em dezembro de 2005, foi implantado na cidade de Joinville o

Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). Este serviço surge como resposta às

demandas de urgência e emergência, seja no trabalho, domicílio, vias públicas ou aonde o

paciente vier a precisar.

Para viabilizar o atendimento, existem na cidade quatro viaturas de atendimento básico

de vida, onde 16 equipes se revezam para atender a população 24h. Cada viatura possui quatro

equipes, compostas cada uma por um técnico de enfermagem e um condutor socorrista,

perfazendo um total de 32 funcionários diretamente envolvidos no atendimento pré-hospitalar

na cidade. Não importa onde ou quando, sempre que há uma emergência, uma ambulância do

SAMU sai em atendimento.

Quando a central envia uma ocorrência, a equipe se prepara para o atendimento, mas

não sabe ao certo o que encontrarão no local. Este contexto de incertezas é gerador de tensão,

pois os trabalhadores podem tanto atender a uma pessoa alcoolizada em via pública, como a

um acidente de trânsito com múltiplas vítimas.

Os profissionais que trabalham nesta área sofrem uma intensa pressão pela

necessidade de ter respostas rápidas em relação aos casos com que se depara em seu

dia a dia. Esses trabalhadores enfrentam situações limítrofes de vida e sofrimento, e,

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portanto, estão em um processo constante de ajustes e reajustes para alcançarem o

equilíbrio (CAMPOS 2005, p. 04).

A cada minuto que estes profissionais se encontram em um atendimento, uma vida

pode estar em suas mãos. A responsabilidade de saber o que fazer é imensa, apesar de estarem

sempre em contato via telemedicina com o médico da Central de regulação do SAMU. Isso

não os isenta do cuidado criterioso, da conduta ética e do estresse perante o perigo que pode

estar ali.

Segundo Lipp (2010), o estresse possui várias definições, mas pode ser descrito como

uma reação psicofisiológica complexa, em que o principal foco do organismo é manter o

equilíbrio interno frente a uma ameaça.

Isso pode ocorrer quando a pessoa se confronta com uma situação que, de um modo

ou de outro, a irrite, amedronte, excite ou confunda, ou mesmo que a faça

imensamente feliz. Assim, a reação do stress pode ocorrer frente a estressores

inerentemente negativos, como no caso de dor, fome, frio ou calor excessivo, etc.,

ou em virtude da interpretação que se dá ao evento desafiador (LIPP, 2010, p.18).

O termo estresse deriva do Latim, significa fadiga, cansaço. Foi utilizado na área da

saúde, pela primeira vez por Hans Selye que segundo Pereira (2010) era ainda estudante de

medicina na Universidade de Praga. Selye notou que muitas pessoas sofriam de várias

doenças físicas e constantemente reclamavam de alguns sintomas comuns, tais como: pressão

alta, desânimo e fadiga. “Isso desencadeou extensas pesquisas médicas que culminaram com a

definição, na época, de stress como um desgaste geral do organismo” (RAMÍREZ, 2002, p.

8). Atualmente o termo tem sido utilizado para descrever tanto os estímulos que geram uma

quebra na homeostase do organismo, como a resposta comportamental criada por tal

desequilíbrio (LIPP, 2010, p.17).

Segundo Lipp (2010), o estresse é um processo e não uma reação química.

No início do processo, o stress manifesta-se de modo bastante universal, com o

aparecimento de taquicardia, sudorese excessiva, tensão muscular, boca seca e a sensação de estar em alerta. Mais adiante no seu desenvolvimento, diferenças se

manifestam de acordo com as predisposições genéticas do indivíduo potencializadas

pelo enfraquecimento desenvolvido no decorrer da vida em consequência de

acidentes ou doenças (LIPP, 2010, p.18).

Os fatores considerados relevantes no desenvolvimento do processo de estresse no

indivíduo são características da personalidade, do estilo de vida, experiências passadas,

atitudes, crenças, valores, doenças e predisposição genética (LIPP, 2010, p. 18). Segunda a

autora, o Brasil é um dos países que mais apresenta níveis de estresse e estudos sobre o

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mesmo. O conceito de estresse tem evoluído cada vez mais e isso acaba por proporcionar

estudos mais qualificados na área.

Nesse sentido, o estresse que se desenvolve a partir de/nos contextos ocupacionais

pode ser definido como um padrão de reações emocionais, cognitivas, comportamentais e

fisiológicas para aspectos negativos e prejudiciais relacionados ao conteúdo do trabalho,

organização do trabalho e ambiente de trabalho. É a resposta que as pessoas podem ter

quando há um desequilíbrio entre as exigências do trabalho, as pressões e os recursos

(ambientais e pessoais) que se dispõe para o enfrentamento. Caracteriza-se por elevados

níveis de agitação e angústia e que desafiam a capacidade de confrontação (WHO, 2010).

Para Almeida et al (2011), com as exigências de um atendimento rápido e eficiente à

vítima nos serviços móveis de emergência, somam-se ainda as questões ligadas direta e

indiretamente com a vida e a morte, fazendo com que o estresse acabe deixando muitos

profissionais doentes e incapacitados para exercer a sua profissão. Conforme Boller (2003) os

profissionais da saúde estressados diminuem a sua capacidade de produção, ficam

desmotivados, elaborando atividades com menor precisão, adoecem frequentemente, tendem a

ficar tensos e cansados, mais ansiosos e depressivos, com atenção dispersa e não se

preocupam com a realização pessoal.

Os principais sintomas físicos vão desde uma simples gripe até a morte, de tonturas e

dores de cabeça até ataques cardíacos, insônias, fadiga e alta pressão arterial, da dermatite às

úlceras hemorrágicas (BOLLER, 2003). Posen (1995 apud FILGUEIRA; HIPPPERT, 2010)

relata que os sintomas psíquicos como diminuição da concentração, indecisão, ansiedade e

impaciência são fatores que acompanham constantemente os profissionais dessa área. Por

estes motivos, conforme descreve a Organização Internacional do Trabalho (OIT, 1986 apud

WHO, 2010), riscos psicossociais relacionados ao trabalho andam de mãos dadas com a

experiência de estresse, visto que afetam a saúde das pessoas através de mecanismos

psicológicos e fisiológicos.

O interesse pela pesquisa surgiu, portanto, da necessidade de compreender os impactos

das características de trabalho dos profissionais do SAMU, por meio da avaliação da

ocorrência de estresse. Para tanto, foram utilizados e elaborados materiais que pudessem

identificar os níveis de estresses a que esta população está exposta.

A seguir está descrita a metodologia utilizada na pesquisa, bem como os resultados

alcançados.

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2. METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa quali e quantitativa. Segundo Pádua (1996) a pesquisa

quantitativa caracteriza-se pela utilização de ferramentas e técnicas de mensuração para

qualificar o objeto de pesquisa. Já a pesquisa qualitativa se preocupa “com o significado dos

fenômenos e processos sociais, levando em consideração as motivações, crenças, valores,

representações sociais, que permeiam a rede de relações sociais” (PÁDUA, 1996, p. 31). Em

seus objetivos a pesquisa caracterizou-se como exploratória, pois, segundo Piovesan e

Temporini (1995), buscou a compreensão com relação ao objeto de estudo, proporcionando o

aprimoramento de ideias.

2.1 Participantes

Foram entrevistados 26 dos 32 profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de

Urgência (SAMU) de Joinville, em que 12 são condutores socorristas e 14 técnicos de

enfermagem. O objetivo inicial era avaliar todos os 32 profissionais, mas como uma das

pesquisadoras faz parte do quadro funcional, a mesma foi descartada. Ficando assim 31 destes

profissionais, mas no período em que ocorreram as entrevistas, dois profissionais estavam de

férias, dois de afastamento por saúde e um pediu exoneração por mudança de cargo. A

pesquisa ocorreu dentro da sede do SAMU em Joinville, e foi aprovada por Comitê de Ética

sob parecer nº 273.990, cumprindo com o estabelecido pela Resolução 466/2012 do Conselho

Nacional de Saúde.

As entrevistas ocorreram durante os intervalos dos atendimentos realizados pelos

profissionais. Foi observada certa resistência nos entrevistados, explicitada por pedidos de que

se deixasse a entrevista para outro momento, questionamentos sobre o teor das perguntas,

denotando certa angústia por estarem sendo chamados a falar sobre seus sentimentos, seu dia

a dia no atendimento pré-hospitalar. Em nenhum momento comentou-se de que o fato de uma

das pesquisadoras fazer parte do grupo poderia estar gerando desconforto. Pelo contrário, de

modo geral os sujeitos pareciam sentir-se à vontade para falar com alguém que compartilhava

de seu cotidiano. Observa-se, assim, que geralmente estes funcionários são pessoas falantes,

mas na ocasião em que foram abordados e questionados sobre o seu trabalho e como o

exercem, tiverem dificuldade para expressar o que lhes era pedido. Além disso, aparentavam

certa ansiedade pela devolutiva das entrevistas, pois queriam saber se apresentavam ou não

algum grau de estresse.

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Em alguns momentos os testes foram realizados em grupo, devido a dificuldade de

conseguir fazê-lo individualmente. Nesses momentos as pesquisadoras percebiam certa

descontração, quando todos estavam juntos, pois isso aliviava a tensão que a realização do

teste provocava. Após o término da pesquisa e realizada as correções, foi feita a devolutiva

com os profissionais e isso se mostrou importante, pois os mesmos sentiram-se reconhecidos,

valorizados por fazerem parte de uma pesquisa que se refere ao seu campo de atuação.

2.2 Instrumentos

Como instrumento para a coleta de dados foi utilizada uma entrevista semiestruturada,

composta de: 1) questionário sócio demográfico baseado em modelo dos autores Aguiar et al

(2000), constituído por perguntas tais como idade, estado civil, escolaridade, cargo no

SAMU; 2) perguntas pertinentes ao objetivos do estudo, tais como o que você entende por

estresse, o que você faz quando se sente estressado, Como você se sente socorrendo pessoas

em risco eminente de vida? No seu trabalho, quais as situações que você considera

estressante, de que forma o papel de socorrista interfere no seu estado psicológico, quais os

motivos que você procurou assistência médica nos últimos dois anos e qual o atendimento que

você fez que marcou sua trajetória no serviço.

Também foi utilizado o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL),

que visa analisar e identificar a sintomatologia do estresse, avaliando se o respondente possui

tais sintomas, de que natureza e em que fase. De acordo com Lipp (2010), a partir do

momento em que o organismo se depara com uma situação de estresse surgem reações

distintas, que podem ser divididas em um modelo quadrifásico, composto por:

1) Fase de alerta: Nessa fase a uma resposta inicial do organismo ao estressor, mobilizando

uma resposta orgânica rápida para o enfrentamento. Podem ser observadas nesta fase várias

reações fisiológicas, como sudorese excessiva, taquicardia, respiração ofegante. Há uma

quebra na homeostase nesta fase. Ocorre também a face positiva do estresse, com aumento do

nível de atenção e velocidade na articulação de pensamentos, além de aumento na motivação,

entusiasmo e energia e vontade de iniciar novos projetos.

2) Fase de resistência: Nessa fase, ocorre o aumento da capacidade de resistência do

organismo acima do normal, independentemente da permanência ou não do estressor, com

uso de toda a energia e recursos disponíveis, podendo gerar sensação de desgaste, falta de

memória , o que confirma que a demanda ultrapassou o limite da pessoa de lidar com a

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situação presente. Nessa fase existe uma tentativa do organismo em busca do reequilíbrio,

acarretando uma utilização grande de energia, gerando uma sensação de desgaste.

3) Fase de quase exaustão: fase recentemente descrita por Lipp (2010), em que é comum a

pessoa oscilar entre momentos de bem estar e tranquilidade e momentos de desconforto,

ansiedade e cansaço. Essa se caracteriza pelo enfraquecimento e incapacidade do indivíduo

em resistir ou se adaptar ao estressor, podendo ocasionar leves problemas de saúde, que não o

incapacitam.

4) Fase de exaustão: caracterizada pela impossibilidade de resistência ao estressor, em que o

organismo é incapaz de eliminá-lo ou adaptar-se adequadamente, com surgimento de

patologias orgânicas e psíquicas. A fase, embora bastante grave, não é necessariamente

irreversível, desde que afete unicamente partes do corpo. Podem ser observados sintomas

específicos dos órgãos afetados e da enfermidade que nele se instalar, podendo ocorrer

enfarte, úlceras, psoríase, depressão e outros, ou até mesmo a morte em casos mais graves.

Este modelo quadrifásico propõe um método de avaliação do estresse que enfatiza a

sintomatologia somática e psicológica etiologicamente a ele ligada.

2.3 Análises de dados

O teste Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL) foi devidamente

corrigido conforme o próprio manual, e seus resultados numéricos descritos e demonstrados

em gráficos, gerados por meio da análise de sua frequência relativa (fr), sendo esta o

quociente entre a frequência absoluta da variável e o número total de observações, ou seja, a

frequência de determinada classe dividida por todas elas (SILVA, 2001).

Para realizar a análise dos dados obtidos pela entrevista, as pesquisadoras utilizaram

leitura reflexiva, seguida por interpretações das falas, que haviam sido transcritas literalmente

para esta finalidade. No que tange a fase de categorização dos dados, foi utilizado o método

de análise de conteúdo que, segundo Chizzotti (2011), tem como referência as técnicas

sistemáticas de análises documentárias, podendo ser palavras, termos ou frases significativas

apresentadas no discurso dos entrevistados. “Em outras palavras, através da análise de

conteúdo, podemos caminhar na descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos,

indo além das aparências do que esta sendo comunicado” (DESLANDES, 2012, p. 84).

Assim, a partir da análise de conteúdo foram construídas categorias temáticas, agrupando-se

os conteúdos das falas conforme semelhanças e recorrências, possibilitando a discussão

teórica acerca dos estudos relacionados ao estresse.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Dados sócio-demográficos

Por meio do questionário sócio-demográfico foi possível constatar que a maioria dos

entrevistados é do sexo masculino (21) e a minoria feminina (05), têm idades entre 25 e 51

anos, sendo que vinte são casados, quatro solteiros e dois separados. Vinte e cinco dos

entrevistados tem 2º grau completo e desses, sete fazem curso superior. Apenas um

funcionário possui primeiro grau completo. Dos 26 entrevistados, apenas cinco possuem outro

vínculo empregatício e destes todos são do sexo masculino. A jornada de trabalho no SAMU

é por escala de 12 por 36 horas, ou seja, todos os funcionários trabalham doze horas corridas e

folgam as 36 horas seguintes. Do total de entrevistados 12 tem mais de dois anos de trabalho

no SAMU, sendo que destes o menor tempo de vínculo é de três anos e o maior é de sete

anos, e 14 funcionários têm entre três meses a dois anos de trabalho nesta instituição.

3.2 Cargos dos entrevistados no SAMU

Dos 32 funcionários do SAMU de Joinville, 16 são socorristas condutores e, no total,

12 participaram da pesquisa, sendo todos homens. E os outros 16 funcionários que trabalham

no local são técnicos de enfermagem socorristas e destes, 14 participaram da pesquisa, sendo

que são cinco mulheres e nove homens. O gráfico abaixo ilustra a porcentagem dos

participantes conforme sua ocupação e gênero.

Gráfico 1: Perfil dos participantes conforme cargo e gênero

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3.3 Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISSL)

Dos 26 socorristas, 19 não apresentaram nenhum grau de estresse, o que corresponde a

73% do grupo entrevistado, e sete apresentam algum grau de estresse, sendo que este número

corresponde a 27%. Estes dados estão expostos no gráfico 2.

Gráfico 2: Incidência de estresse nos profissionais do SAMU.

Dos sete funcionários com algum grau de estresse, dois são mulheres e cinco são

homens, situação representada no gráfico 3.

Gráfico 3: Gênero dos funcionários com algum grau de estresse.

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Com relação ao nível de estresse dos sete funcionários acima retratados, uma das

mulheres apresentou nível de estresse em quase exaustão com predominância em sintomas

físicos que segundo Lipp (2010) podem ser descritos como: tensão muscular, aperto da

mandibular/ranger dos dentes, mudança de apetite, cansaço constante, formigamento das

extremidades, dificuldades sexuais, excesso de gases, entre outros. A outra socorrista

apresentou nível de estresse em fase de resistência com predominância em sintomas físicos

como: tensão muscular, sensação de desgaste físico constante, aparecimento de problemas

dermatológicos, cansaço constante, tontura sensação de estar flutuando, náusea e problemas

de memória.

Os cinco homens que apresentam níveis de estresse estão em fase de resistência. Dois

deles apresentam predominantemente sintomas físicos semelhantes aos acima citados. E três

possuem sintomas psicológicos, descritos por Lipp (2010) como: sensibilidade emotiva

excessiva, pensar constantemente em um só assunto, irritabilidade excessiva, vontade de fugir

de tudo, cansaço excessivo, angústia e ansiedade diária.

Esta situação está ilustrada no gráfico 4.

Gráfico 4: Níveis de estresse dos funcionários do SAMU.

Relacionando-se os dados da prevalência de algum grau de estresse (gráfico 2) entre

os funcionários (27%) com as demais variáveis observadas, ou seja, ser homem ou mulher

(gráfico 3), tempo de trabalho no SAMU e os níveis de estresse identificados (gráfico 4),

observa-se que os homens são afetados por estresse em maior número, mas as mulheres têm

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níveis mais elevados. Ainda, os sete funcionários que apresentaram algum grau de estresse

são aqueles que têm maior tempo de atuação no SAMU.

Almeida et al. (2011) e Mendes et al. (2011) indicam que o tempo de serviço é um

fator que pode contribuir na ocorrência do estresse, ou seja, que quanto maior o tempo de

exposição a uma atividade potencialmente estressante, maiores poderão ser os níveis de

estresse encontrados nos sujeitos. Este argumento corrobora os dados encontrados nesta

pesquisa de que dos 73% dos funcionários que não apresentaram estresse, todos estão no

SAMU há no máximo dois anos, em contraposição aos 27% que apresentaram estresse e estão

em serviço de três a sete anos. Estas características com relação ao tempo de trabalho neste

setor estão relacionadas a mudanças ocorridas nos últimos dois anos no SAMU de Joinville,

como a modificação do quadro funcional, visto que mais de 50% do quadro foi substituído

neste período.

Apesar disto, não há concordância entre autores de que o fator tempo seja

determinante para a ocorrência do estresse. Conforme Pereira (2010), mais do que a relação

com o fator tempo, o estresse tem variações de acordo com cada pessoa, visto que algumas

podem apresentar estresse no início da profissão, devido a pouca experiência e não haver

desenvolvido formas de enfrentamento adequadas. Ainda segundo esse autor, outros sujeitos

acabam por apresentar estresse com maior tempo na profissão devido ao longo período de

exposição e também por formas ineficientes de enfrentamento.

Segundos Vieira et al (2003, p. 181) “de fato, os fatores causadores de estresse podem

variar de acordo com a especialidade, a organização do trabalho, as relações estabelecidas,

entre outros fatores. Entretanto, nem sempre o que parece inexoravelmente estressante é

comprovado como tal.”

Nos funcionários que apresentam algum grau de estresse, a predominância é do sexo

masculino, indo contra as afirmações de Calais (2010) que refere que as mulheres são mais

vulneráveis ao estresse que os homens, sendo que dos cinco socorristas que apresentam níveis

de estresses, todos estão em fase de resistência. Esta fase é descrita por alguns autores

(Mendes et al. 2011; Ramires, 2002; Almeida et al. 2011) como uma necessidade do

organismo em se adaptar a situações estressoras, aumentando a capacidade de resistência

deste e reestabelecendo seu equilíbrio interno. Porém, os homens aparecem em mais

quantidade, mas com níveis mais baixos de estresse. As mulheres, embora em menor

quantidade, apresentaram níveis mais elevados de estresse. Dois apresentam sintomas físicos

e três sintomas psicológicos. Isso pode estar relacionado ao tempo de serviço, já que os dados

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levantados demonstram que eles possuem mais de dois anos na função, e isso acarreta um

tempo maior de responsabilidade no serviço prestado.

Para Pereira (2010) o contato constante com o sofrimento, a dor e muitas vezes a

morte, faz com que esse profissional ao mesmo tempo adquira conhecimento e experiência ao

longo da carreira, mas também pode vir a se desencantar por suas atividades pelas crescentes

frustrações e mal estar que seu trabalho pode vir a lhe proporcionar.

Já em relação ao sexo feminino, uma técnica de enfermagem socorrista apresenta nível

de estresse em fase de resistência com predominância em sintomas físicos e a outra técnica de

enfermagem socorrista apresenta nível de estresse em fase quase exaustão com predominância

em sintomas físicos também. Observou-se, assim, que na população que apresenta algum

nível de estresse, as mulheres apresentam sintomas mais graves que nos homens. Isso pode

estar relacionado também ao tempo de serviço, pois as duas têm mais de dois anos na função

e também as responsabilidades que o cargo exige e por uma maior exigência física e

emocional das mesmas.

Além das mulheres experimentarem alguns estressores que só fazem parte da

condição do sexo feminino como a tensão pré-menstrual, a gravidez, a menopausa e

alterações hormonais, a mulher tem também de lidar com situações bastante

conflitantes (TANGANELLI, 2010, p. 205).

Conforme Tanganelli (2010 p. 205), “por viverem em uma cultura competitiva, o

ambiente pode favorecer o aparecimento de estressores internos, relacionados com a maneira

como a mulher encara as situações e reage a elas”.

3.4 Entrevistas semiestruturadas

Na análise de conteúdo das entrevistas foram evidenciadas quatro categorias

principais: percepção do que é estresse e agentes estressores, sentimentos que surgem durante

o atendimento de emergência, assistência a saúde e mecanismos de liberação do estresse e

atendimentos que marcaram a trajetória no serviço.

3.4.1 Percepção do estresse e agentes estressores

Verificou-se que os socorristas percebem o estresse como algo relacionado ao aspecto

emocional e em alguns casos a fatores físicos. Na maioria das respostas foi enfatizada a

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irritabilidade, o cansaço físico e mental, sendo o estresse visto como algo prejudicial que

impossibilita a pessoa de agir adequadamente.

Segundo Lipp (2010), nas dimensões psicológica e emocional o estresse excessivo

produz cansaço mental, dificuldade de concentração, perda de memória imediata, apatia e

indiferença emocional. Causa, assim, baixa produtividade e prejudica a criatividade. Estes

aspectos ficam evidenciados nas falas abaixo:

Fatores do dia a dia que te deixam irritado, ou que afetam sua atividade física e

psicológica. Quando vou para atendimento e a realidade que encontro é mais difícil

para atender, trabalhar com pessoas que não estão qualificadas para os

atendimentos realizados, como por exemplo: condutor que não conhece o trabalho.

(E6)

Sensação de ficar só, ódio, desperta agonia, inquietação, morte e cansaço. (E14)

Cansaço mental. Atender o que não é urgência e emergência. (E7)

Mal estar, motivado por situações externas, nervosismo excessivo, que atrapalha as

atividades diárias. (E10)

Temos muitas dificuldades, por exemplo: falta de estrutura, de ambulâncias em

situações precárias, isso tudo é muito estressante. (E12)

Os relatos acima ainda demonstram uma visão simplificada, mas em que os

entrevistados reconhecem a incidência do estresse em suas atuações diárias. Neste sentido,

considera-se que o estresse presente na atividade de socorrismo remete às próprias situações

de emergência, onde os profissionais precisam codificar e decodificar uma quantidade

importante de informações, o que redunda em uma organização e ação contra o tempo

(RAMIRÉZ 2002, p. 51).

Ainda, foi possível evidenciar algumas falas mais complexas, deixando claro que

alguns entendem mais aprofundadamente as questões que englobam o estresse.

Estresse pra mim que sou profissional do volante é tudo que diz respeito ao trânsito e a falta de condições etc. (E12)

Estresse é um fator importante para nós, pois dependemos dele para termos ações e reações, possibilitando assim realizar nossas atividades. (E26)

Em alguns relatos, houve a indicação de agentes estressores externos, tais como

condições físicas das viaturas, a falta de materiais adequados, a dificuldade de acesso rápido

Page 14: O Estress Nos Funcionarios Do SAMU Joinville

14

no transito entre outros. Segundo Pereira (2010), trabalhar (ou viver) em condições de intenso

calor, ruídos excessivos, iluminação insuficiente, locais com pouca ou nenhuma higiene, tem

demonstrado interferir na saúde psicológica e física dos indivíduos podendo acarretar agravos

maiores a saúde além do estresse. Ainda segundo essa autora, o ambiente de trabalho em que

esses indivíduos interagem pode aumentar os riscos físicos e até de vida, onde o bom

desempenho da função pode vir eventualmente a causar danos e até a morte.

Para Santana et al ( 2012 ), o atendimento nos serviços pré-hospitalares devem conter

materiais e equipamentos necessários para o atendimento adequado da vítima, sendo esta

uma exigência de grande relevância para esse serviço.“Percebe-se a importância da qualidade

e quantidade dos materiais e equipamentos que são fundamentais para o trabalho dos

profissionais de saúde, dando segurança as equipes e eficácia na assistência a vítima.”

(SANTANA et al 2012, p.13)

Apesar do estresse a que estão expostos diariamente, os socorristas conseguem

interagir a ponto de controlar as emoções e realizar um trabalho eficiente. Segundo Rossi

(2004 apud STUMMM et al, 2008) as emoções e a saúde física e mental dependem sempre da

interpretação de cada um sobre o mundo exterior. Quanto mais se entende as pressões e

situações que o influenciaram, melhor é a adaptação às demandas.

3.4.2 Sentimentos que Surgem Durante o Atendimento de Emergência

A profissão de socorrista do SAMU é uma profissão com grau considerável de risco.

A sobrecarga de trabalho mental, físico e psíquico à qual os profissionais de

emergência estão submetidos, assim como a gravidade dos pacientes, a possível

mudança no estado geral da vítima, a morte, o deslocamento da ambulância, o

tráfego, os locais das ocorrências, o atendimento em si, a família da vítima e a

expectativa do envio podem ser considerados como geradores de stress, exigindo

equilíbrio dos profissionais na tomada de decisões, a fim de que o atendimento seja

adequado (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2000, apud MENDES et al 2011, p. 202)

Isso permeia uma grande responsabilidade, mas através das falas pode-se perceber que

toda vez que um socorrista sai em auxílio a uma emergência há um sentimento de dever com

o outro. Segundo Nascimento (2007) a profissão de socorrista e a atuação no atendimento

promove um sentimento de prazer, gratificação e recompensa, por poderem salvar vidas em

risco eminente. Um sentimento que só aumenta quando há êxito no atendimento, quando a

ocorrência segue seu rumo. Marcando assim o socorrista com a sensação de satisfação pelo

que faz, de dever cumprido. É o que se percebe nos relatos abaixo.

Page 15: O Estress Nos Funcionarios Do SAMU Joinville

15

Me sinto satisfeito e grato por poder ajudar. (E20)

Importante nas vidas de pessoas desconhecidas. Gratificante (E18)

Fico muito tensa durante a ocorrência, mas depois o sentimento de dever cumprido.

(E11)

Quando atendo familiares e ou pacientes agressivos e conseguimos sucesso, fico me

sentindo realizada. (E4)

Essa é uma função gratificante em poder ajudar pessoas que estão em risco

eminente, né? Correndo risco, conseguir identificar e iniciar um tratamento

imediato para que possa mantê-la viva. (E24)

Em outros momentos, quando a perda do outro é inevitável, percebe-se um sentimento

de desgaste, de frustração, mesmo que façam todo o possível pela pessoa que está ali em risco

eminente de vida.

Os sentimentos de responsabilidade para como outro, a impossibilidade de melhor atendimento e o desgaste emocional foram descritos como emoções percebidas nas

situações de assistência às vítimas em risco eminente de vida, aspectos que denotam o grande “peso” da profissão, principalmente nos casos de insucesso na recuperação da

vítima. (NASCIMENTO et al, 2007, p. 15)

Isso fica bem demonstrado nas falas abaixo:

Não interfere, pois me sinto bem em ajudar e auxiliar o próximo. (E13)

De muitas formas, cada atendimento é como se fosse o primeiro. Fico com muita

tensão muscular e não consigo digerir as perdas dos pacientes quando falecem.

(E6)

Eu acho que a gente tem que tá psicologicamente preparado né, pra atuar em

situações, por que assim a tal ocorrência pressiona muitas vezes por tratar de

idosos, crianças. Então a gente tem que trabalhar com a razão e não com a emoção

né. Tentar ser o mais firme possível, para que a gente possa nesse momento dar um

atendimento adequado a vítima. (E24)

É pra mim apesar das dificuldades, gratificante poder ajudar quem esta precisando.

(E12)

Marcelino e Figueira (2006) relatam que os profissionais que tendem a confrontar-se

com decisões de vida ou morte, são forçados a encontrar formas ou maneiras de lidar com as

perdas inerentes ao seu trabalho. Ainda segundo os autores quanto maior a satisfação no

trabalho e uma boa convivência com os colegas, maior o sentido interno de adaptação e

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16

menor a instabilidade emocional. Isso acaba por promover as relações de trabalho, pois se faz

necessário o trabalho em equipe, favorecendo a estabilidade emocional e promovendo o

suporte social entre as equipes.

3.4.3 Assistência à saúde e mecanismos de liberação do estresse

Ao serem questionados em relação à saúde, muitos deles relatam que não procuraram

auxílio médico, outros já procuram auxílio por dores musculares, cefaléia e problemas

dermatológicos e ou gastrointestinais.

Nos casos de dores musculares, segundo Cohen et al (2010, p. 121) “uma das relações

do stress com as dores musculares está nesta debilidade associada ao esforço excessivo e

repetitivo[...]”. Isso está relacionado às atividades executadas pelos socorristas no seu dia a

dia como, por exemplo, carregar macas pesadas, ajoelhar-se ao solo para atendimento a

traumas e toda tensão do atendimento em si.

A maioria das pessoas somatiza de alguma forma este stress e aí surgem vários

“órgãos de choque” no corpo. Alguns têm cefaléia, outros gastrite, alguns sentem

um “vazio” inexplicável e assim por diante. A pele é um destes “órgãos de choque”,

e certamente sofre em função dos stress. (STEINER; PERFEITO, 2010, p. 11)

Segundo Magalhães e Brasio (2010) a influência das emoções principalmente

desencadeadas pelo estresse podem dar origem a doenças orgânicas gastrointestinais,

funcionais ou somatoformes do aparelho digestivo, como dispepsia funcional e síndrome do

intestino irritável.

Isso se percebe nos relatos a seguir.

Faço acompanhamento mensal com osteopata, tenho muita dor no quadril, pescoço,

ombros e cabeça. Trato com gastroenterologista o estômago (refluxo), dermatologista. (E6)

Tendinite no punho direito, refluxo, nutricionista e dor no cotovelo direito. (E17)

Dor lombar. (E20)

Dor nas costas. (E15)

Exames de rotina, nada importante. (E12)

Quando questionados sobre o que faziam para aliviar o estresse, foram apresentados

vários mecanismos utilizados para amenizar a carga de responsabilidade da função. Conforme

descreve Zakir (2010), estes mecanismos são denominados coping, ou seja, mecanismos de

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17

enfretamento ao estresse que se processam mediante mobilização de recursos naturais com

fins de administração de situações estressoras. Assim, o coping consiste na “interação entre o

organismo e o ambiente, na qual se lança mão de um conjunto de estratégias destinadas a

promover a adaptação ás circunstâncias estressantes” (ZAKIR, 2010, p.93).

A prática de esportes e atividades de lazer foram citadas pelos socorristas como um

dos mecanismos de defesa contra o estresse, conforme relatos abaixo.

Pratico surf sempre e gosto de jogos eletrônicos. (E8)

Jogo futebol nos finais de semana, mais academia. (E15)

Pratico esporte e surf. (E19)

Brinco com meu gatos, faço natação ouço música e leio romances. (E6)

Estudos comprovam que a atividade física melhora os níveis de qualidade de vida,

bem como aumenta os sentimentos de bem estar, em particular pela redução da ansiedade e da

tensão e pelo aumento do vigor físico (LANDERS, 1994 apud NEGRÃO; ÂNGELO, 2010).

Desta forma, estudos indicam questões abrangentes relacionando indivíduos com a

prática regular de atividades físicas e como esta prática altera a qualidade de vida deles. Segundo Weinberg & Gould (2001:3286), as pesquisas já apontam que

indivíduos fisicamente ativos tendem a ter melhor saúde, demonstram energia, tem

atitudes mais positivas em relação ao trabalho e revelam uma maior capacidade de

lidar com o stress e com a tensão (NEGRÃO; ÂNGELO, 2010 p. 2013).

A inclusão de pequenos hábitos e atividades no dia a dia beneficia uma qualidade de

vida melhor e um enfrentamento ao estresse mais eficaz. Segundo ainda os autores acima

citados os benefícios psicológicos conseguidos com a prática esportiva regular favorecem

uma redução do estado atual de ansiedade, da instabilidade emocional, do nível de depressão

moderada e de vários sintomas de estresse.

3.4.4 Atendimentos que marcaram a sua trajetória no serviço.

A última pergunta do questionário foi em relação aos atendimentos marcantes para esses

socorristas. Mendes (2001, p. 207) relata que “o fato de o profissional optar por exercer suas

atividades nesse local de trabalho favorece o exercício de sua autonomia, permitindo sentir

controle sobre sua vida, podendo esse sentimento se tornar um fator protetor contra o stress”.

Page 18: O Estress Nos Funcionarios Do SAMU Joinville

18

Essa pergunta foi colocada com o intuito de avaliar como a vida dos profissionais foi

marcada por estes atendimentos. O que mais chama a atenção sobre esses relatos são os

atendimentos envolvendo crianças. No serviço de emergência essa relação é rápida pela

natureza do encontro entre o paciente crítico e a equipe de saúde, mas é aprofundada e

expressada por meio dos sentimentos que afloram na situação de emergência (TACSI, 2003).

Ainda segundo Tacsi (2003), a maioria das ocorrências, quando em casos de acidentes

ou traumas com crianças acompanhadas pelos pais ou responsáveis pelo ocorrido a essa, há

uma situação bastante crítica e desesperadora, não só para os pacientes e familiares, mas

também para a própria equipe.

Para eles, essas ocorrências são de grande emoção e tensão, pois envolvem o começo

de uma nova vida ou a morte desta.

Atendimento de natimorto, nasceu sem caixa craniana. (E16)

Afogamento com óbito de gêmeos (12 anos/ 02 masculinos), aborto em vaso

sanitário (feto feminino), segundo a mãe, espontâneo. Tentativa de homicídio com

ferimento por arma branca 02 casos – múltiplas facadas – ferimento corte contuso na traqueia. (E13)

Participei há quinze dias pelo segunda vez de um parto. Isso mexe muito com a

gente. É muito marcante (E12).

Foi quando atendi um parto, a mãe já estava na quinta gestação e estava em

trabalho de parto. No meio do caminho ela acaba dando à luz, mas o bebe nasceu

dentro da bolsa amniótica. Essa não estourou. Fiquei em desespero, pois não sabia

se estourava a bolsa ou não. Mas ainda bem que estava já na porta da maternidade

e a médica de plantão veio até a porta e a estourou. E o bebê estava vivo (E26).

Realizei um parto dentro da ambulância (E8).

Uma criança que estava em parada cardíaca, nós fomos atender, pois estava vindo

no carro da policia rodoviária federal. A mesma veio a falecer. (E02)

De acordo com Stumm et al (2008) esses aspectos influenciam na qualidade do

atendimento e implicam em trabalhar a partir do ocorrido em cada situação de emergência,

permitindo não apenas enfrentar e sobrepor-se, mas também fortalecer-se. Assim, cada

situação é única, com variáveis distintas, porém, todas merecedoras de atenção e ações da

equipe direcionadas à manutenção da vida, de maneira eficaz e eficiente.

Page 19: O Estress Nos Funcionarios Do SAMU Joinville

19

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos dados produzidos pelas pesquisadoras, revelou-se que a incidência de

estresse na equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Joinville é

menor do que as pesquisadoras esperavam considerando as literaturas que deram base ao

estudo. Esta incidência pode estar associada às mudanças organizacionais ocorridas nos

últimos anos no quadro funcional, caracterizado por pessoas que estão no serviço há menos de

dois anos e, conforme discutem os autores, expostos há menos tempo a fatores geradores de

estresse.

Com relação aos colaboradores que apresentaram algum grau de estresse, foi

observada incidência em maior quantidade de homens quando comparados às mulheres, mas

que nestas o grau de estresse é mais elevado, o que poderia estar associadas a cobranças

sociais a que hoje elas estão expostas, e também ao tempo superior de serviço no SAMU. Os

principais fatores geradores de estresse destacados pelos entrevistados foram: a falta de

estrutura no serviço, a má regulação médica, o atendimento de crianças em risco eminente a

vida, falta de informações coerentes durante a prestação do atendimento e as cobranças

excessivas pelo atendimento rápido e eficiente.

Desta forma, quanto aos que apresentaram estresse, seria interessante que a instituição

procurasse identificar as fontes do estresse, para que futuramente possam estabelecer

estratégias de combate à doença. Pois caso não sejam identificados e/ou minimizados, esses

profissionais estarão sujeitos a ter o nível de estresse agravado, o que acarretará em grandes

prejuízos não só para a saúde destes, como também, para a organização de trabalho da

instituição.

A partir das entrevistas, ficou evidenciado que esses profissionais são submetidos a

variadas situações de vida e de morte e atuam em ambientes carregados de fatores estressantes

físicos e psicológicos. Mas que possuem uma flexibilidade que ajuda a diminuir esses

estressores, tais como a prática de esportes, trabalhos manuais, passeios e outros.

Outro ponto observado é a satisfação e a realização pessoal no exercício da profissão.

Mesmo que as possibilidades de êxito sejam muitas vezes pequenas, eles demonstram

equilíbrio para internalizar esses fatos, que em muitos casos não podem ser modificados.

Por ser uma área de contato com o outro em situações de emergência, de constantes

mudanças físicas e emocionais o acompanhamento do profissional psicólogo será bem visto e

se faz necessário para uma intervenção no suporte emocional e na qualidade de vida destes

profissionais.

Page 20: O Estress Nos Funcionarios Do SAMU Joinville

20

Os resultados desta pesquisa podem servir de subsídios para ampliar a qualidade de

vida desses profissionais, mostrando com isso que são valorizados no que se refere aos

aspectos humanos e profissionais e reforçando a resistência desses indivíduos no combate aos

agentes estressores.

Levando em consideração os resultados e conclusões de nosso estudo, evidenciamos

que esta equipe possui elementos de estresse, mas que ainda consegue manter-se em

equilíbrio.

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