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MONOGRAFIA “O ESTUDO DA TINTA/TEXTURA COMO REVESTIMENTO EXTERNO EM SUBSTRATO DE ARGAMASSA” Autor: Andreza de Oliveira Cunha Orientador: Prof. Abdias Magalhães Gomes Co-orientador: Prof. Giulliano Polito Janeiro / 2011 Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia Departamento de Engenharia de Materiais e Construção Curso de Especialização em Construção Civil

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  • MONOGRAFIA

    O ESTUDO DA TINTA/TEXTURA COMO REVESTIMENTO EXTERNO EM SUBSTRATO DE ARGAMASSA

    Autor: Andreza de Oliveira Cunha Orientador: Prof. Abdias Magalhes Gomes

    Co-orientador: Prof. Giulliano Polito

    Janeiro / 2011

    Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Engenharia

    Departamento de Engenharia de Materiais e Construo Curso de Especializao em Construo Civil

  • ANDREZA DE OLIVEIRA CUNHA

    O ESTUDO DA TINTA/TEXTURA COMO REVESTIMENTO EXTERNO EM SUBSTRATO DE ARGAMASSA

    Monografia apresentada ao Curso de Especializao em Construo Civil da Escola de Engenharia UFMG

    Gesto e Tecnologia na Construo Civil Orientador: Prof. Abdias Magalhes Gomes

    Co-orientador: Prof. Giulliano Polito

    Belo Horizonte Escola de Engenharia da UFMG

    Departamento de Engenharia de Materiais e Construes Janeiro / 2011

  • Aos meus pais pelo constante apoio e incentivo.

  • AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais, Edmar e Rosni, pelo exemplo e confiana.

    Aos meus irmos, Leonardo e Alexandre, pelo apoio e companhia.

    Ao Marcius, pelo carinho e compreenso.

    Ao meu orientador, Abdias, pela colaborao.

    Ao meu co-orientador, Giulliano, pelos ensinamentos cedidos.

    Aos meus colegas de turma, pela convivncia durante todo curso.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 01 - Estgios da formao de um filme base de disperso aquosa ............. 13 Figura 02 - Componentes bsicos da tinta base solvente e base gua ................ 14 Figura 03 - Processos de fabricao .......................................................................... 15 Figura 04 - Propriedades segundo fator PVC ............................................................. 16 Figura 05 - Exemplos de formulao de tintas ........................................................... 17 Figura 06 - Aspecto microscpico de superfcie pintada com tinta obtida com PVC alto, acabamento fosco ...................................................................................................... 17 Figura 07 - Aspecto microscpico de superfcie pintada com tinta obtida com PVC baixo, acabamento semibrilho .............................................................................................. 18 Figura 08 - Composio de tinta epxi ....................................................................... 26 Figura 09 - Revestimento com agregado colorido ...................................................... 31 Figura 10 - Revestimentos pigmentados .................................................................... 31 Figura 11 - Tipos de efeitos decorativos .................................................................... 34 Figura 12 - Sistema de pintura ................................................................................... 35 Figura 13 - rea de fachada que sofre maior incidncia de chuvas ........................... 40 Figura 14 - Efeitos das salincias no escoamento de gua de chuva ........................ 40 Figura 15 - Efeitos dos ressaltos no escoamento de gua de chuva .......................... 40 Figura 16 - Efeitos das pingadeiras no escoamento de gua de chuva ..................... 41 Figura 17 - Mapa brasileiro de ndice de chuva .......................................................... 42 Figura 18 - Permeabilidade de algumas tintas ........................................................... 44 Figura 19 - Exemplos de cores orgnicas .................................................................. 47 Figura 20 - Exemplos de cores inorgnicas ............................................................... 47 Figura 21 - Esquema das etapas do processo de especificao ................................ 49 Figura 22 - Lixas e apoio ............................................................................................ 50 Figura 23 - Fitas adesivas .......................................................................................... 51 Figura 24 - Trinchas e pincis .................................................................................... 52 Figura 25 - Rolo de l curto, alto e apoio.................................................................... 52 Figura 26 - Detalhe do extensor ................................................................................. 53 Figura 27 - Rolos de espuma rgida ........................................................................... 53 Figura 28 - Desempenadeiras .................................................................................... 53 Figura 29 - Pistola de pintura ..................................................................................... 54 Figura 30 - Recipiente tipo bandeja ............................................................................ 54

  • Figura 31 - Razes do selador .................................................................................... 59 Figura 32 - Sistema de camada nica ........................................................................ 59 Figura 33 - Emassamento .......................................................................................... 60 Figura 34 - Homogeneizao da tinta ........................................................................ 61 Figura 35 - Sedimentao da tinta ............................................................................. 62 Figura 36 - Processos de homogeneizao ............................................................... 62 Figura 37 - Iluminao artificial .................................................................................. 64 Figura 38 - Toro no ponto C ................................................................................... 64 Figura 39 - Cruzamento nos pontos A e B ................................................................. 65 Figura 40 - Inclinao do pincel .................................................................................. 65 Figura 41 - Emendas .................................................................................................. 66 Figura 42 - Sentido das aplicaes com rolo .............................................................. 67 Figura 43 - Panos aplicados simultaneamente para evitar emendas.......................... 68 Figuras 44 - Juntas com efeito decorativo j previstas no projeto de paginao de fachada ...................................................................................................................... 68 Figura 45 - Juntas segregadas com fita crepe ........................................................... 69 Figura 46 - Processo de secagem e cura das tintas conforme o tipo ......................... 70 Figura 47 - Detalhe de duas demos aderentes de tintas .......................................... 70 Figura 48 - Influncia no desempenho do sistema de pintura .................................... 71 Figura 49 - Teste de risco .......................................................................................... 72 Figura 50 - Teste da lixa............................................................................................. 73 Figura 51 - Teste de aderncia .................................................................................. 73 Figura 52 - Mtodo por entalhe .................................................................................. 75 Figura 53 - Mtodo por trao .................................................................................... 76 Figura 54 - Custo de manuteno de pinturas em relao outras manutenes prediais ..................................................................................................................... 80 Figura 55 - Esquema de patologias ............................................................................ 84 Figura 56 - Esquema de degradao de texturas devido radiao .......................... 85 Figura 57 - Desbotamento .......................................................................................... 86 Figura 58 - Vescula ................................................................................................... 88 Figura 59 - Aspereza .................................................................................................. 88 Figura 60 - Calcinao ............................................................................................... 89 Figura 61 - Enrugamento ........................................................................................... 90 Figura 62 - Manchas amareladas ............................................................................... 90

  • Figura 63 - Manchas de aplicao ............................................................................. 91 Figura 64 - Manchas de pingos de gua .................................................................... 91 Figura 65 - Manchas escuras de mofo ou bolor ......................................................... 92 Figura 66 - Saponificao .......................................................................................... 93 Figura 67 - Fissurmetro ............................................................................................ 94 Figura 68 - Fissuras mapeadas e geomtricas .......................................................... 95 Figura 69 - Tratamento de trincas rasas .................................................................... 96 Figura 70 - Tratamento de trincas profundas ............................................................. 96 Figura 71 - Bolhas ...................................................................................................... 97 Figura 72 - Desagregao.......................................................................................... 98 Figura 73 - Descascamento ....................................................................................... 98 Figura 74 - Deslocamento .......................................................................................... 99 Figura 75 - Eflorescncia ........................................................................................... 100 Figura 76 - Variao de temperatura ao longo do tempo ........................................... 101 Figura 77 - Tonalidades disponveis para tintas sustentveis ..................................... 106

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 01 - Consumo e faturamento de tintas no Brasil ............................................. 02 Tabela 02 - Tipos de aditivos ..................................................................................... 12 Tabela 03 - Acabamento segundo fator PVC ............................................................. 16 Tabela 04 - Produtos de mercado .............................................................................. 19 Tabela 05 - Legenda de cores segundo sistema ........................................................ 19 Tabela 06 - Classes de tinta ltex .............................................................................. 21 Tabela 07 - Aspecto, consumo mnimo e dimenso de cargas maiores ..................... 33 Tabela 08 - Granulometria e porcentagem mnima de carga ..................................... 33 Tabela 09 - Espessura ............................................................................................... 34 Tabela 10 - Conformao superficial .......................................................................... 34 Tabela 11 - Classificao dos ambientes ................................................................... 42 Tabela 12 - Classificao dos graus de agressividade do meio ................................. 43 Tabela 13 - Condies de exposio das fachadas ................................................... 43 Tabela 14 - Base para tipo de sistema de pintura ...................................................... 45 Tabela 15 - Empilhamento mximo de embalagens ................................................... 56 Tabela 16 - Produtos para correes, tratamentos e acabamentos ........................... 61 Tabela 17 - Ao do solvente nas tintas ..................................................................... 76 Tabela 18 - Etapas gerais de inspeo ...................................................................... 77 Tabela 19 - Ensaios ................................................................................................... 78 Tabela 20 - Agentes de degradao .......................................................................... 83 Tabela 21 - Requisitos ambientais para tintas imobilirias ......................................... 104 Tabela 22 - Limites de regulamentao Europia para teor mximo de VOC para tintas .......................................................................................................................... 105

  • SUMRIO

    1. INTRODUO ....................................................................................................... 01 1.1. Justificativa e relevncia do tema ............................................................... 04 1.2. Objetivos e metas ...................................................................................... 05 1.3. Metodologia de pesquisa ........................................................................... 06 1.4. Cronograma ............................................................................................... 08

    2. REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................. 09 2.1 TINTA ................................................................................................................... 09

    2.1.1 Contexto da tinta ...................................................................................... 09 2.1.2 Componentes bsicos .............................................................................. 11

    2.1.2.1 Processo de fabricao ................................................................ 15 2.1.2.2 Tipos, composio, usos e caractersticas tcnicas .................... 16 2.1.2.3 Sistema acrlico e Sistema vinlico (tintas ltex) .......................... 21

    2.1.2.3.1 Tinta ltex acrlica ................................................................ 22 2.1.2.3.2 Tinta ltex vinlica ou PVA ................................................... 23

    2.1.2.4 Sistema alqudico ........................................................................ 24 2.1.2.4.1 Tinta leo .......................................................................... 24 2.1.2.4.2 Esmalte sinttico alqudico .................................................. 25

    2.1.2.5 Cal hidratada para pintura ............................................................ 26 2.1.2.6 Tinta epxi .................................................................................. 27 2.1.2.7 Tinta poliuretana .......................................................................... 28

    2.1.3 Verniz ....................................................................................................... 28 2.1.3.1 Verniz poliuretnico ..................................................................... 28

    2.1.4 Silicones ................................................................................................... 29 2.2. TEXTURA ........................................................................................................... 30

    2.2.1. Contexto da textura ................................................................................. 30 2.2.2 Componentes bsicos .............................................................................. 31

    2.2.2.1 Tipos, composio, usos e caractersticas tcnicas .................... 32 2.2.2.1.1 Tinta base de cimento ...................................................... 33 2.2.2.1.2 Tinta texturizada acrlica ...................................................... 33

    2.3. SISTEMAS DE PINTURA / TEXTURA ................................................................ 36 2.3.1 Constituintes ................................................................................... 36

    2.3.2 Tipos de fundos ..................................................................... 37

  • 2.3.2.1 Fundo lquido preparador de paredes ........................ 37 2.3.2.2 Fundo selador acrlico pigmentado ............................ 38 2.3.2.3 Fundo selador vinlico ................................................ 38

    2.3.3 Tipos de massas .................................................................... 39 2.3.3.1 Massa corrida ............................................................ 39 2.3.3.2 Massa acrlica ............................................................ 39 2.3.3.3 Massa epxi ............................................................... 39

    2.3.4 Especificaes e Condies ........................................................... 40 2.3.5 Ferramentas .................................................................................... 51

    2.3.5.1 Preparo de superfcies ........................................................ 51 Esptulas ............................................................................... 51 Desempenadeiras .................................................................. 51 Lixas ...................................................................................... 51 Fitas Adesivas ....................................................................... 52 Lona, papel e filme plstico ................................................... 52 Panos secos .......................................................................... 52

    2.3.5.2 Execuo de pinturas .......................................................... 52 Pincel / Trincha ...................................................................... 52 Rolo de l de carneiro ou sinttico ......................................... 53 Rolo de espuma de polister ................................................. 54 Rolo de espuma rgida ........................................................... 54 Desempenadeira de PVC ...................................................... 54 Revolver ou Pistola ................................................................ 55 Recipiente para acondicionamento de tintas .......................... 55 Mexedores ............................................................................. 56

    2.3.6 Armazenamento e Manuseio........................................................... 56 2.3.7 Preparao do substrato ................................................................. 57

    2.3.7.1 Limpeza .............................................................................. 58 2.3.7.2 Correo ............................................................................. 59 2.3.7.3 Tratamento ......................................................................... 60 2.3.7.4 Acabamento ........................................................................ 61

    2.3.8 Manuseio, aplicaes e execuo. .................................................. 62 2.3.8.1 Aplicao com pincel, trincha ou broxa ............................... 66 2.3.8.2 Aplicao com rolos ............................................................ 67

  • 2.3.8.3 Aplicao com pulverizao ou projeo mecnica ............ 71 2.3.9 Inspeo ......................................................................................... 72

    2.4. MANUTENO E CONSERVAO ................................................................. 81 2.5. PATOLOGIAS CORRENTES ............................................................................ 84

    2.5.1. Na superfcie do substrato ...................................................................... 87 2.5.1.1 Degradao das macromolculas de texturas ............................. 87 2.5.1.2 Desbotamento .............................................................................. 88 2.5.1.3 Friabilidade .................................................................................. 88 2.5.1.4 Pulverulncia ................................................................................ 89 2.5.1.5 Vesculas ..................................................................................... 89

    2.5.2 Na pelcula ............................................................................................... 90 2.5.2.1 Aspereza ...................................................................................... 90 2.5.2.2 Calcinao ................................................................................... 90 2.5.2.3 Enrugamento ............................................................................... 91 2.5.2.4 Manchas amareladas ................................................................... 92 2.5.2.5 Manchas de aplicao .................................................................. 92 2.5.2.6 Manchas de pingos de gua ........................................................ 93 2.5.2.7 Manchas escuras de mofo ou bolor ............................................. 94 2.5.2.8 Saponificao .............................................................................. 95 2.5.2.9 Trincas e fissuras ......................................................................... 95

    2.5.3. Na interface da pelcula com substrato.....................................................98 2.5.3.1 Bolhas...........................................................................................98 2.5.3.2 Desagregao...............................................................................99 2.5.3.3 Descascamento...........................................................................100 2.5.3.4 Deslocamentos........................................................................... 101 2.5.3.5Eflorescncia................................................................................102

    2.6. ASPECTOS GERAIS RELATIVOS AO CONFORTO DO AMBIENTE .............. 104 2.7. ASPECTOS GERAIS RELATIVOS AOS IMPACTOS AMBIENTAIS ................ 106 3. ANLISE CRTICA .............................................................................................. 110

    3.1 Vantagens das tintas .................................................................................110 3.2 Vantagens das texturas .............................................................................110 3.3 Desvantagens das tintas ...........................................................................111 3.4 Desvantagens das texturas .......................................................................111 3.5 TintasxTexturas: especificaes para substratos externos de argamassa 111

  • 4. CONCLUSO ......................................................................................................114 5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................... 116

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    1. INTRODUO

    Segundo a norma brasileira, NBR 12554, as tintas so:

    [...] produtos compostos de veculo, pigmentos, aditivos e solventes que, quando aplicados sobre um substrato, se convertem em pelcula slida, dada a evaporao do solvente e/ou reao qumica, com a finalidade de decorao,proteo e outras.

    Ou seja, a tinta uma composio lquida que depois de aplicada sobre uma superfcie, passa por um processo de secagem se transformando em um filme slido.

    De modo geral, as tintas/texturas tm a funo combinatria de decorar, dar acabamento e proteger a parte mais visvel e exposta de um edifcio. A proteo a sua funo primordial, agindo no sentido de prolongar a durabilidade dos elementos estruturais e de vedao evitando a ao direta de agentes agressivos. As funes estticas e decorativas contribuem para uma boa aparncia influenciando a definio do padro do edifcio. As tintas/texturas se mostram como um meio fcil e barato de valorizao de imveis atravs do apelo de cores e efeitos de acabamento.

    No mercado encontra-se uma extensa variedade de tipos de tintas graas ao desenvolvimento de melhores resinas, pigmentos e formulao variada e computadorizada disponibilizada pela maioria dos fabricantes. O avano tecnolgico possibilitou o lanamento de produtos cada vez mais inovadores onde possvel encontrar produtos que tenham ainda funes tcnicas especiais como reduzir a absoro de gua, melhorar aspectos de higiene, resistncia abraso, resistncia ao crescimento de fungos, anti-esttica, conforto trmico, entre outros.

    O Brasil est entre os cinco maiores mercados mundiais de tintas. Em 2009, o faturamento do setor atingiu US$ 3,03 bilhes com a produo de 1.232 bilhes de litros, segundo dados da Associao Brasileira dos Fabricantes de Tintas (Abrafati). O segmento mais conhecido o de tintas imobilirias que

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    representa 76% do volume total de produo e 59% do faturamento do setor no pas. Tal porcentagem corresponde ao consumo de 662 milhes de litros e aos 792 milhes de dlares de faturamento. (ABRAFATI, 2006)

    Tabela 01: Consumo e faturamento de tintas no Brasil

    FONTE: ABRAFATI, 2006

    Quanto ao uso das pinturas/texturas como acabamento de edificaes, uma pesquisa realizada em So Paulo (2007) pela revista PINI, demonstrou que em edifcios de mdio padro (2 quartos) a pintura foi utilizada em 68% como revestimento de fachada e em edifcios de alto padro ( 3 4 quartos) 57% receberam pintura de fachada e estes nmeros s tendem crescer.

    Apesar do elevado consumo de tinta/textura, no existem critrios para a escolha do produto mais adequado, sendo efetuada a especificao com base, principalmente, no preo. No entanto, essa indicao considerada insuficiente em virtude da variao de desempenho entre os produtos disponveis e da falta de informaes tcnicas.

    necessrio reconhecer e conhecer a importncia de se considerar a natureza de cada tinta/textura, o tipo de uso, a aparncia, as limitaes de aplicao (toxidez, inflamabilidade, odor, tempo de secagem), o modo de aplicao (por pincel, rolo, asperso, etc) e, tambm o custo, para selecionar o

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    sistema de pintura adequado. Outros fatores relevantes so: a aplicao em ambiente externo ou interno, a vida til desejvel, as propriedades fsico-qumicas (resistncia qumica a cidos, bases, detergentes, resistncia ao calor, frio, radiao solar, entre outros). Portanto, devem ser conhecidos os aspectos gerais de uma edificao e as caractersticas e propriedades das tintas/texturas para que seja realizada uma seleo adequada ao uso.

    Desta forma, o presente estudo oferece uma reviso bibliogrfica com uma anlise crtica das tintas e texturas fornecidas pelos fabricantes nacionais. Assim, tendo em uma nica pesquisa a apresentao de todos os produtos possvel obter um conhecimento completo e comparativo, trazendo diretrizes de especificao adequada e embasada.

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    1.1. JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA DO TEMA

    Esta monografia motivada pelo uso constante, podendo dizer at intrnseco, da tinta/textura na construo civil, sendo um dos principais e essenciais materiais de acabamento. Por sua funo esttica e protetora a tinta/textura utilizada em diversas situaes, o que comprova os mais variados tipos de opes oferecidos pelo mercado. Porm, muitas vezes esta diversidade erroneamente generalizada ao considerar apenas tinta ltex acrlica para exteriores e tinta ltex PVA para interiores nas especificaes tcnicas, desconsiderando o estudo do ambiente em que est inserido, as condies de utilizao e a variabilidade de tipos de produtos oferecidos pelo mercado, representando uma carncia de terminologia, caracterizao e critrios para uma adequada especificao perante os profissionais da rea. necessrio estabelecer um procedimento padro para adquirir os materiais criando uma metodologia de especificao, execuo e inspeo. Porm, para isso, necessrio que antes tenha conscincia da importncia ao definir um material a ser utilizado nas obras por ser um sistema que mais recebe agresso do meio ambiente, logo, preciso ter contedo necessrio e adequado para ser capaz de especificar estes materiais to utilizados, com responsabilidade e segurana.

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    1.2 OBJETIVOS E METAS

    Objetivo Geral

    Levantar informaes e adquirir conhecimentos sobre os variados tipos de tintas e texturas que possam ser empregados nos mais diversos ramos da construo civil, com nfase dos produtos como revestimento externo.

    Objetivos Especficos

    Estudar a origem e a evoluo das tintas e texturas;

    Exemplificar os tipos de tintas e texturas considerando composio, desempenho e propriedades;

    Aprender a forma correta de aplicao;

    Conhecer as formas de conservao e manuteno;

    Reconhecer as patologias correntes;

    Apresentar subsdios para uma correta especificao dos materiais, tendo conscincia de suas vantagens e desvantagens;

    Sistematizar conhecimento para evitar o meio de aprendizado mais comum e arriscado de tentativas, erros e acertos;

    Apresentar um estudo comparativo sobre tintas/texturas que possa ajudar a repensar no seu uso em maior escala, em detrimento de outros materiais de revestimento.

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    1.3 METODOLOGIA DE PESQUISA

    O estudo do tema proposto ser desenvolvido a partir de uma reviso bibliogrfica de teses, dissertaes, monografias, artigos, normas, livros e catlogos tcnicos para obter maior conhecimento sobre as principais tintas e texturas utilizadas na construo civil.

    Em um primeiro momento, ser relatado um breve histrico sobre o surgimento da tinta/textura com suas transformaes e inovaes que se confundem com a prpria civilizao humana.

    Aps o estudo da evoluo, sero apresentadas as tintas e texturas que hoje se encontram no mercado, exemplificando os tipos disponveis para os diversos usos na construo civil, com nfase para aplicao em superfcies externas. Neste captulo, o estudo comparativo de catlogos tcnicos ser imprescindvel para obter a melhor definio e as principais composies, propriedades e desempenho de cada tipo.

    Com o estudo aprofundado das tintas e texturas disponveis importante, por conseguinte, estudar como utiliz-las de modo a obter os resultados desejveis e oferecidos conforme fabricantes. Nos captulos posteriores sero abordados os cuidados tomados na pintura de uma superfcie, considerando os fatores possveis para que se obtenha o melhor desempenho. Neste contexto, o estudo aprofundado de sistemas de pintura, preparao de superfcies e aplicaes atravs de manuais de construo, normas e artigos tcnicos e prticos, ser responsvel por apresentar a melhor maneira de se aplicar os materiais, de modo a obter uma proteo duradoura. Porm, vale ressaltar que a durabilidade no alcanada apenas com uma aplicao eficiente. O estudo da conservao adequada e a posterior manuteno so de extrema relevncia para o prolongamento do perfeito comportamento dos produtos. Para isso, analisar as patologias correntes buscando as causas, efeitos e conseqncias o que trar contedo para definir as intervenes hbeis e necessrias em diversos casos que profissionais da rea possam deparar.

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    Uma vez aplicado, conservado e mantido, a pesquisa foi direcionada para a performance dos produtos considerando aspectos gerais relativos ao conforto ambiental para os usurios, tentando encontrar alguma influncia da tinta/textura na absoro ou refletncia dos raios solares da superfcie externa para os espaos internos. Assim como tambm, o estudo de suas performances em relao aos impactos ambientais seja no processo de fabricao, ao longo da vida til e na deteriorao e descarte.

    Tendo todo este contedo revisado, possvel desenvolver, em seguida, uma anlise crtica e comparativa das tintas e texturas. Esta anlise apresentar, de forma clara e objetiva, o desempenho, vantagens, desvantagens destes materiais to utilizados na construo civil. Desta forma, ser possvel desenvolver parmetros com embasamento para especificar produtos apropriados para obter um adequado revestimento externo, sendo um ponto de partida de comparao com outros revestimentos.

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    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 TINTA

    2.1.1 CONTEXTO DA TINTA

    O desenvolvimento da tinta com suas transformaes e inovaes se confunde com a prpria civilizao. Variao de tons, texturas e tratamentos eram vistas atravs de imagens que ditavam a histria humana em superfcies milenares, na busca de retratar fielmente relatos de cada poca.

    Os primeiros testemunhos se encontram nas paredes de grutas e cavernas atravs de uma pintura rupestre criada pelo homem do perodo Paleolntico a partir da mistura de terra, argila, ossos calcinados, carvo vegetal, sangue, gordura e excrementos.

    Com o passar dos sculos foram desenvolvidas tcnicas pictricas. Uma das mais praticadas foi a tcnica da argamassa mida em que pigmentos se integravam nas estruturas cristalizando na superfcie da parede, tendo o ovo como aglutinador. O predomnio desta tcnica de tmperas, que apresentavam maior durabilidade e menor susceptibilidade de manchar, foi utilizada por vrios sculos sendo substituda pela tinta leo cujo grande segredo eram os aglutinantes desenvolvidos pelos alquimistas.

    A maior limitao desta tcnica era a lentido de secagem que a partir de estudos, experimentos e aperfeioamento ao longo de trs sculos introduziram catalisadores como acelerador, se tornando um grande marco de renovao. A pintura era preparada com leo de linhaa, pigmento modo e um elemento voltil que ofereceram originalmente superfcies lustrosas, brilhantes e com grande poder de cobertura, se tornando a tcnica favorita entre os pintores.

    A partir de meados do sculo XIX, a tinta sofreu transformaes radicais como conseqncia da Revoluo Industrial. O desenvolvimento de indstrias de tintas leo, acrescidos com pesquisas qumicas que introduziram novos pigmentos, foi possvel obter tintas variadas com textura e plasticidade. Desta

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    forma, a aplicao passou a ser feita por camadas cuja primeira era mais gordurosa e por cima uma tinta mais diluda.

    No perodo entre guerras o leo de linhaa, por ser muito utilizado para fins militares, foi substitudo por resinas sintticas desenvolvidas por qumicos da poca. Juntamente com novos estudos e experimentos, nos anos 50 foram criadas tintas especiais para a superfcie externa e novos tipos de esmaltes. J na dcada de 60, novas resinas concederam s tintas maior estabilidade e resistncia contra substncias qumicas e gasosas marcando o surgimento das tintas acrlicas. Alm disso, foi nessa poca que houve o avano quanto variao de cores. O desenvolvimento da qumica permitiu a criao de pigmentos orgnicos de sntese, compostos por carbono, tendo a qumica do petrleo como o grande responsvel pelo surgimento das mais variadas nuance de pigmentos. (SCHENKER, 2009; ALVES, 2003)

    No Brasil, a primeira indstria de tinta data de 1886, instalada na cidade de Blumenau. O grande avano do sculo XX foi a produo e a comercializao das tintas solveis em gua que, inicialmente, eram constitudas de casena e leo, alm de pigmentos, umectantes, emulsionantes e dispersantes. O incio da comercializao das tintas ltex ocorreu em 1950, sendo que as propriedades que as destacaram das tintas existentes na poca foram fcil aplicao, durvel, lavvel e inodora. A partir da dcada de 50, com o desenvolvimento da indstria nacional, muitas resinas foram sintetizadas, surgindo tintas para as mais diversas aplicaes.

    Nos dias atuais, pode-se dizer que a tinta composta basicamente por 4 elementos: pigmentos, resina, solvente e aditivos. Os pigmentos concedem o poder da cor, os ligantes aderem e do liga aos pigmentos e os lquidos so capazes de dar consistncia desejada. J a variabilidade de aditivos so os maiores responsveis por aperfeioar uma srie de caractersticas e tipos especficos de tintas sejam eles base de gua ou solvente, que se encontra no mercado. (ABRAFATI, 2006)

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    2.1.2 COMPONENTES BSICOS

    A tinta um material de acabamento com funo decorativa e protetora ao garantir acabamento esttico e impedir a penetrao de agentes deletricos ao substrato como; gua, umidade, poluio atmosfrica, partculas do meio, etc. A tinta constituda basicamente por: pigmento, resina (ou polmero), solvente e aditivos.

    Os pigmentos so substncias no volteis, inorgnicas ou orgnicas, utilizados com a finalidade de promover cor, opacidade, consistncia e durabilidade, que se apresentam dispersos na tinta como um p bem fino. Os pigmentos orgnicos (ftalocianinas azul e verde, quinacridona violeta e vermelha, perilenos vermelhos, toluidina vermelha, aril amdicos amarelos,etc) possuem maior facilidade de desbotamento em exposio aos raios solares, so mais caros do que os pigmentos inorgnicos e possuem alto poder de tingimento. Os pigmentos inorgnicos (dixido de titnio, amarelo xido de ferro, vermelho xido deferro, cromatos e molibidatos de chumbo, negro de fumo, azul da Prssia, etc) so classificados como inertes e ativos. Os inertes (carbonato de clcio, talco, etc) so responsveis pelo enchimento, textura e resistncia a abraso e os ativos promovem a cor. Um dos pigmentos ativos mais empregados o dixido de titnio, pois capaz de melhorar a qualidade da tinta, garantir maior poder de cobertura, alvura, durabilidade, brilho e opacidade. Existem, tambm, os pigmentos que proporcionam volume, brilho e resistncia abraso conhecidos como cargas. Tais pigmentos usados mais freqentemente so: argila (proporciona poder de cobertura), slica e silicatos (proporcionam resistncia abraso), slica diatomcea (controla o brilho), xido de zinco (inibidor de corroso e resistncia a mofo), talco e carbonato de clcio. (ABRAFATI, 2006; NETO, 2007; UEMOTO, 2005; QUALIMATI SINDUSCON, 2010; IBRACON, 2009)

    A resina, tambm conhecida como ligante, um veculo no voltil sendo o aglutinante que adere as partculas dos pigmentos, formando uma pelcula ntegra. Sua composio interfere diretamente nas propriedades

  • 11

    do filme como dureza, aderncia, resistncia a abraso, resistncia a lcalis, reteno de cor, brilho, flexibilidade e adeso. De modo geral, as resinas podem ser naturais ou sintticas. As resinas naturais so substncias orgnicas, slidas, solveis em solventes orgnicos e oriundas da secreo de algumas plantas, fsseis ou insetos. As resinas sintticas so obtidas por processo de polimerizao, que consiste na ligao de duas ou mais molculas de duas ou mais substncias formando uma estrutura mltipla. A escolha da resina um dos principais parmetros para uma boa especificao, podendo ser encontradas como resina vinlica que consiste em polmeros obtidos atravs do processo de adio. So processadas a partir de molculas do tipo vinlica, dos quais destacam os acetatos de vinila, cloreto de vinila e estireno butadieno. Resinas acrlicas so compostas de alto peso molecular que contm grupos reativos como hidroxila, carboxila e ster acrlico. Resinas alqudicas so resinas sintticas usadas em tintas leo, esmaltes sintticos, vernizes e complementos. So obtidas pela condensao do anidrido ftlico e cidos graxos. Resinas tipo epxi/poliuretanas so utilizadas em produtos sofisticados. (ABRAFATI, 2006; NETO, 2007; UEMOTO, 2005; QUALIMATI SINDUSCON, 2010; IBRACON, 2009)

    Os aditivos so produtos qumicos sofisticados, com alto grau de eficincia, que proporcionam caractersticas especiais ou melhorias nas propriedades das mesmas. Os aditivos so adicionados em pequenas propores (geralmente 5%) em que, conforme seu tipo, podem aumentar a resistncia de fungos e bactrias, estabilizar emulses, alterar a temperatura de formao de filmes, entre outros. Porm, seu consumo indiscriminado pode causar baixa resistncia superficial no acabamento final. (ABRAFATI, 2006; NETO, 2007; UEMOTO, 2005; QUALIMATI SINDUSCON, 2010; IBRACON, 2009) Os aditivos mais comuns so:

  • 12

    Tabela 02: Tipos de aditivos FONTE: ABRAFATI, 2006

    O solvente um veculo voltil, de baixo ponto de ebulio, incolor e neutro usado para oferecer viscosidade adequada para a aplicao e alastramento das tintas e dissolver a resina, aumentando a aderncia ao substrato. Ao ser totalmente evaporado, ele deixa a pelcula de pigmento estruturada com a resina. Como caractersticas tpicas, os solventes apresentam, alm da volatilidade e poder de solvncia, a inflamabilidade, toxicidade e odor forte. Quando a tinta base gua significa que o solvente substitudo pela gua, adicionada com pequena quantidade de lquidos orgnicos compatveis, funcionando como diluente da resina, no sendo, portanto, capaz de dissolv-la. (ABRAFATI, 2006; NETO, 2007; UEMOTO, 2005; QUALIMATI SINDUSCON, 2010; IBRACON, 2009)

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    Figura 01: Estgios da formao de um filme base de disperso aquosa FONTE: IBRACON, 2009

    A principal vantagem no uso da gua a melhor condio de salubridade dada ao pintor uma vez que ela inodora e no inflamvel. Alm disso, tintas base gua oferecem melhor flexibilidade em longo prazo, maior resistncia ao craqueamento, amarelamento e proliferao de microrganismos biolgicos, podem ser limpas com gua e oferecem maior variedade de cores. Em contrapartida, tintas base de solvente proporcionam melhor cobertura j na primeira demo, maior poder de aderncia, resistncia abraso e tempo de abertura maior, possibilitando melhor trabalhabilidade, principalmente nos reparos. (ABRAFATI, 2006; NETO, 2007; UEMOTO, 2005; IBRACON, 2009)

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    Figura 02: Componentes bsicos da tinta base solvente e base gua FONTE: IBRACON, 2009

    2.1.2.1 PROCESSO DE FABRICAO

    O processo de fabricao pode ser resumido nas 6 etapas descritas abaixo:

    1. Pesagem: dosagem dos componentes na quantidade pr-determinada. 2. Pr-mistura: formao da pasta contendo uma poro de resina, pigmento

    e solvente. 3. Disperso: disperso, separao ou dissipao das partculas que compe

    a pasta em um veculo. 4. Adio: adio dos demais compostos na mistura, incluindo o restante de

    resina. 5. Tingimento: adio de pigmentos em quantidades suficientes para se

    atingir a cor desejada. Nesta etapa ocorrem possveis correes de formulao para atender as especificaes pretendidas.

    6. Enlatamento: insero do produto na embalagem final. (IBRACON, 2009)

  • 15

    Figura 00: Processos de fabricao FONTE: IBRACON, 2009

    2.1.2.2 TIPOS, COMPOSIO, USOS E CARACTERSTICAS TCNICAS

    O que difere os tipos de tintas, propriedades e desempenho so a sua composio e formulao dos componentes bsicos. O conhecimento dos componentes que compe uma tinta assim como as propores na formulao estimula algumas propriedades da pintura podendo ser atingida de acordo com a necessidade almejada. Porm, de modo geral, as indstrias procuram desenvolver a tinta com certos padres, de maneira a ter a melhor relao custo-benefcio. (IBRACON, 2009)

    A composio de uma tinta estudada a partir de diversos parmetros de comparao entre os componentes que o compe. Porm, o mais utilizado a relao pigmento/resina denominada PVC - Pigment Volume Content (ndice de Volume do Pigmento). (SILVA E UEMOTO, 2005; IBRACON, 2009). O PVC corresponde relao, em volume percentual, do pigmento sobre o volume total de slidos do filme seco, sendo:

    Volume de pigmento PVC= x 100

    Volume de pigmento + Volume de veculo slido

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    Tabela 03: Acabamento segundo fator PVC FONTE: IBRACON, 2009

    Figura 04: Propriedades segundo fator PVC FONTE: POLITO, 2010

    O fator PVC, alm de influir na porosidade e permeabilidade do sistema de proteo por barreira, ainda responsvel por distinguir os acabamentos: brilhante, semibrilho e fosco. Tinta com acabamento brilho possui PVC baixo e PVC alto em acabamentos foscos. (IBRACON, 2009). Alm do fator PVC, a porcentagem de resina em sua composio tambm influi no tipo de acabamento, apresentado na imagem abaixo:

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    Figura 05: Exemplos de formulao de tintas FONTE: POLITO, 2010

    Tintas mais foscas, ou seja, PVC alto e baixa porcentagem de resina possuem menor lavabilidade e menor resistncia mecnica e intempries por apresentar elevada porosidade e permeabilidade.

    Figura 06: Aspecto microscpico da superfcie pintada com tinta obtida com PVC alto, acabamento fosco

    FONTE: IBRACON, 2009

    Tintas com brilho, ou seja, PVC baixo e alta porcentagem de resina possuem maior lavabilidade e grande resistncia mecnica e intempries devido sua baixa porosidade e permeabilidade, porm, reala possveis ondulaes. (POLITO, 2010)

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    Figura 07: Aspecto microscpico da superfcie pintada com tinta obtida com PVC baixo, acabamento semibrilho FONTE: IBRACON, 2009

    Tintas de baixa qualidade possuem pouca resina, impedindo que as molculas se reajam para formar a pelcula. Tintas de melhor qualidade possuem alto teor de slido (resina + pigmento).

    Segundo a figura 05, possvel perceber que independente do acabamento as tintas brilho, semibrilho, acetinada e fosca possuem o mesmo teor de slido variando apenas a proporo da resina e do pigmento. As tintas foscas possuem menos resina e mais pigmento se comparadas com as tintas brilho, dessa forma, elas oferecem maior poder de cobertura disfarando com mais eficincia possveis defeitos da superfcie.

    Vrias so as formas de classificar as tintas tendo como referncia a base, a resina e a nomenclatura comercial. Quanto base classificam como:

    Base solvente; Base gua.

    Quanto resina classificam como: Bsica: cal, cimentcios; cidos: epoxdeos, poliuretanos, alqudeos; cidos graxos: acetato de polivinila - PVA; Acrilatos: acrlicos puros ou associados.

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    Quanto nomenclatura comercial, os produtos mais utilizados para pintura no mercado da construo civil esto apresentados na tabela abaixo, conforme o substrato e conforme o sistema:

    Tabela 04: Produtos de mercado FONTE: adaptado UEMOTO, 2005

    Tabela 05: Legenda de cores segundo o sistema FONTE: AUTOR

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    2.1.2.3 SISTEMA ACRLICO E SISTEMA VINLICO (TINTAS LTEX)

    As tintas ltex merecem uma abordagem especial por serem as tintas mais consumidas na construo civil. A disseminao de seu uso atribuda facilidade de aplicao e de manuseio, bem como possibilidade de se obter diversos tipos de acabamentos.

    A denominao tinta ltex deriva do aspecto das emulses utilizadas no processo de fabricao, que se assemelham ao produto da seringueira conhecido como ltex.

    So encontradas diversas formulaes para obteno de tinta ltex, com diferentes acabamentos (fosco, acetinado, semibrilho e brilhante) com indicaes de uso para rea interna e externa. O aspecto de brilho obtido nas pinturas ltex depende, dentre outros fatores, do tipo de emulso (vinlica e acrlica) utilizada em sua composio, do peso molecular e da temperatura mnima de formao de filme destas emulses. J as propriedades sero influenciadas, alm dos tipos de emulses, pela distribuio do tamanho de partculas dos polmeros, sua flexibilidade, resistncia gua, dureza, teor de resinas, brilho, resistncia abraso, poder de cobertura de tinta mida, porosidade, suscetibilidade impregnao de sujeiras, absoro de gua por capilaridade, entre outros.

    No mercado, as tintas ltex so classificadas de acordo com a rea de aplicao indicada sendo que, por via de regra, o tipo de tinta destinada aplicao em superfcies internas possuem menor resistncia s intempries que o tipo destinado s superfcies externas. As designaes Ltex PVA e Ltex Acrlico nem sempre correspondem composio da tinta. Essa designao utilizada pelo fato do consumidor associar estes dois tipos de resinas ao desempenho da tinta, sendo que a tinta de base acrlica considerada como a de maior durabilidade, menor permeabilidade e maior aderncia.

    Aps uma pesquisa de mercado pode-se considerar que o mesmo agrupa as tintas ltex em cinco classes as quais recebem as designaes: Vinil acrlica, Ltex PVA, Acrlica Fosca, Acrlica Acetinada e Acrlica semibrilho. (SILVA E UEMOTO, 2005)

  • 21

    Tabela 06: Classes de tinta ltex FONTE: UEMOTO, 2005

    2.1.2.3.1 Tinta ltex acrlica Composio: formulao com disperso de polmeros acrlicos ou

    estireno acrlico, cargas, aditivos, pigmentos como dixido de titnio e/ou pigmentos coloridos.

    Acabamento: semibrilho (externo) ou fosco aveludado (interno). Usos: superfcies internas e externas de alvenaria base de cimento, cal,

    argamassa, concreto, bloco de concreto, cimento amianto, gesso e cermica no vitrificada.

    Caractersticas tcnicas: disperso aquosa isenta de solventes orgnicos, liberando baixo teor de orgnicos volteis (baixa toxidade), fcil aplicao e secagem rpida. Alta durabilidade, resistncia de aderncia, resistncia gua, luz solar e alcalinidade se comparado tinta ltex PVA. As pelculas so mais porosas (permeveis) se comparadas tintas leo e esmaltes e menos porosas do que a tinta ltex PVA. Por ser

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    menos porosa que a PVA, as tintas acrlicas dificultam a absoro de gua para o substrato. Considerando ambientes externos de baixa agressividade, sua vida til at a primeira repintura de 5 anos. (UEMOTO, 2005)

    2.1.2.3.2 Tinta ltex vinlica ou PVA Composio: formulao com disperso de polmeros vinlicos

    (poliacetato de vinila ou PVA), cargas, aditivos, pigmentos como dixido de titnio e/ou pigmentos coloridos.

    Acabamento: semibrilho (externo) ou fosco aveludado (interno). Usos: superfcies internas e externas de alvenaria base de cimento, cal,

    argamassa, concreto, bloco de concreto, cimento amianto, gesso e cermica no vitrificada.

    Caractersticas tcnicas: disperso aquosa isenta de solventes orgnicos, liberando baixo teor de orgnicos volteis (baixa toxidade), fcil aplicao e secagem rpida. Permite a aplicao da segunda demo no mesmo dia com intervalos de 4 horas, aproximadamente. Menor resistncia de aderncia, durabilidade, resistncia gua e alcalinidade ao sistema acrlico. As pelculas so mais porosas (permeveis) se comparadas s tintas leo, esmaltes e acrlico oferecendo, portanto, maior velocidade de evaporao da gua absorvida pelo substrato . Considerando ambientes externos de baixa agressividade, sua vida til at a primeira repintura de 3 anos. (UEMOTO, 2005)

    Por mais que as tintas ltex sejam as mais utilizadas, segue abaixo outros tipos de tintas que se encontram disponveis no mercado, com funes, composies, propriedades e destinaes distintas:

  • 23

    2.1.2.4 SISTEMA ALQUDICO

    Produtos conhecidos como esmaltes, utilizados em interiores secos ou abrigados ou em exteriores normais, sem poluio.

    Propiciam desempenho suficiente, desde que no fiquem expostas umidade intensa ou em ambiente agressivo. No resistem imerso em gua, por serem muito permeveis e se destacam de concreto ou reboco novos que sofram molhamentos, por no serem muito resistentes em meios alcalinos. (UEMOTO, 2005)

    2.1.2.4.1 Tinta leo Composio: formulao base de leos secativos ou semi-secativos,

    pigmentos orgnicos e inorgnicos ativos, cargas minerais inertes, secantes organometlicos, aditivos e solventes hidrocarbonetos alifticos.

    Acabamento: alto brilho Usos: recomendada para superfcies metlicas ferrosas, madeira e

    alvenaria. No indicado para superfcies muito alcalinas. Caractersticas tcnicas: libera alto teor de produtos orgnicos volteis

    (alta toxidade). Possui caractersticas semelhantes tinta esmalte sinttico brilhante, porm com menor durabilidade e velocidade de secagem. No recomendada para aplicao em substratos expostos a produtos qumicos (solventes, lcalis e cidos) e umidade excessiva. Se comparada aos sistemas de pintura base de gua possui menor resistncia alcalinidade logo, imprescindvel que seja aplicada em superfcies bem secas, alm disso, as pelculas so menos porosas (permeveis). Se aplicado em alvenarias recm executadas requer o uso de tinta de fundo resistente alcalinidade. Secagem lenta no permitindo a aplicao da segunda demo no mesmo dia, intervalo entre demos de 10 horas, aproximadamente. (UEMOTO, 2005)

  • 24

    2.1.2.4.2 Esmalte sinttico alqudico Composio: formulao base de resina alqudica, sintetizada partir

    de leos secativos ou semi-secativos, pigmentos orgnicos e inorgnicos ativos e cargas minerais inertes nos acabamentos foscos e acetinados, secantes organometlicos, aditivos e solventes hidrocarbonetos alifticos.

    Acabamentos: brilhante (externo), acetinado (geral) e fosco (interno). Usos: recomendado para aplicao sobre superfcies metlicas, madeira,

    cermicas no vidradas e alvenaria. No indicado para superfcies muito alcalinas.

    Caractersticas tcnicas: libera alto teor de produtos orgnicos volteis (alta toxidade). As resinas alqudicas so provenientes de polisteres resultantes de reaes qumicas entre polilcoois e cidos graxos ou leos. A pelcula se forma por oxidao durante a exposio ao ar. Se comparado aos sistemas de pintura com base de gua possui menor resistncia alcalinidade logo, imprescindvel que seja aplicado sobre superfcies bem secas. Se aplicado em alvenarias recm executadas requer o uso de tinta de fundo resistente alcalinidade. Secagem lenta no permitindo a aplicao da segunda demo no mesmo dia, intervalo entre demos de 10 horas, aproximadamente. Possui pelcula menos porosa (permevel) do que aquelas base de gua e por serem compostas de leos vegetais, propiciam a proliferao de microrganismos biolgicos. Apresenta boa resistncia em ambientes no agressivos e no recomendado em substratos expostos a produtos qumicos ou umidade excessiva. Considerando ambientes externos de baixa agressividade, sua vida til at a primeira repintura dos acabamentos brilhantes e acetinados acima de 5 anos e acabamentos foscos at 5 anos. (UEMOTO, 2005)

  • 25

    2.1.2.5 CAL HIDRATADA PARA PINTURA

    2.2.5 Cal hidratada para pintura Composio: formulada com cal hidratada podendo conter pigmentos

    opacificantes e/ou coloridos, cargas minerais, sais higroscpicos e eventualmente produtos repelentes gua.

    Usos: superfcies externas e internas, rsticas e porosas como alvenarias de cimento, cal, concreto, bloco de concreto. Pode ser aplicado em superfcies midas e frescas. No deve ser aplicado em superfcies lisas como cermica, nem sobre superfcies pintadas com outros tipos de tinta.

    Caractersticas tcnicas: disperso aquosa isenta de solventes orgnicos, liberando baixo teor de orgnicos volteis (baixa toxidade). O p misturado gua pouco antes da aplicao. O leite de cal, ao ser aplicado, reage com o andrico carbnico (CO2) do ar formando o carbonato de clcio (CaCO3). Geralmente, dolomitos de granulao muito fina e arredondada resultam em cal hidratada para pintura de melhor desempenho do que os calcrios. De modo geral, a pelcula de caiao possui bom poder de cobertura quando seca e baixo poder quando mida. Devido a sua alcalinidade suas cores so limitadas. A maioria dos pigmentos orgnicos incompatvel com este tipo de pintura, devido a sua suscetibilidade alcalinidade. J os pigmentos minerais so compatveis, principalmente xidos de ferro. Se comparada s tintas convencionais e pintura de base de cimento, forma uma camada mais permevel permitindo a transpirao do substrato mido. Possui baixa resistncia a cidos e elevada resistncia alcalinidade e gua. A resistncia alcalinidade torna-a muito recomendada para aplicao em substratos com base de cimento ou cal recm-executados, no sendo adequada para aplicao em ambientes industriais onde o meio cido. (UEMOTO, 2005)

  • 26

    2.1.2.6 TINTA EPXI

    So tintas de tima resistncia umidade, imerso em gua doce ou salgada, flexibilidade e aderncia em concreto. (IBRACON, 2009)

    2.1.2.6.1 Tinta epxi Composio: formulao base de resinas epxi que so produtos de

    reao entre epiclorohidrina e bisfenol-a e so caracterizadas pela presena do grupo glicidila ou epxi e de outros grupos funcionais na molcula. Os catalisadores (componente B) mais comuns so base de poliaminas, poliamidas e isocianato aliftico. O excesso de componente B torna a pelcula dura e quebradia. O componente A a base pigmentada, o excesso deste pigmento torna a pelcula mole e pegajosa.

    Usos: indicada para pinturas de equipamentos industriais, estruturas metlicas e todos os substratos. No indicada para reas externas, pois no possui resistncia luz solar.

    Caractersticas tcnicas: so produtos mais impermeveis a gua e ao vapor de gua do que esmalte sinttico. Possui excelente resistncia abraso, solventes, derivados de petrleo, cidos e lcalis. (GERDAU, 2003)

    Figura 08: Composio de tinta epxi FONTE: IBRACON, 2009

  • 27

    2.1.2.7 TINTA POLIURETANA

    2.1.2.7.1 Tinta poliuretana Composio: formulao base de resinas poliuretanas que tm como

    componente A o acrlico ou polister e componente B isocianatos alifticos ou aromticos. Reao de um grupo isocianato com grupos hidroxila presentes em polisteres, ou acrlicos polihidroxilados acrlica (cido metacrlico e o metacrilato de metila copolimerizado com acrilato de etila ou butila)

    Usos: indicada para pintura externa de esferas de gases liquefeitos de petrleo, tanques em indstrias alimentcias, farmacuticas e tubulaes areas. Pinturas de iates, e pequenas embarcaes na indstria naval.

    Caractersticas tcnicas: excelente resistncia a respingos e derrames de cidos, solventes, sais e produtos qumicos. So produtos mais impermeveis a gua e ao vapor de gua do que esmalte sinttico. (UEMOTO, 2005)

    2.1.3 VERNIZ

    2.1.3.1 Verniz poliuretnico Composio: formulao base de resina poliuretnicas, secantes

    organometlicos, pigmento inorgnico, aditivos e solventes hidrocarbonetos alifticos contendo ou no aromticos. No acabamento fosco possui cargas sintticas como agente regulador de brilho.

    Acabamento: brilhante e fosco Usos: recomendado para superfcies internas e externas de madeira ou

    outros substratos. Caractersticas tcnicas: libera alto teor de produtos orgnicos volteis

    (alta toxidade). A pelcula se forma por oxidao durante a exposio ao ar. Secagem lenta no permitindo a aplicao da segunda demo no mesmo dia, intervalo entre demos de 10 horas, aproximadamente. A

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    pelcula formada mostra os ns e veios naturais da madeira. A presena de filtro solar protege o substrato da ao da radiao solar e o acabamento brilhante apresenta maior resistncia aos intempries. Se comparado ao verniz alqudico forma uma pelcula de maior resistncia de aderncia, mecnica, qumica e ao intemperismo. Por ter elevada resistncia alcalinidade adequado para aplicao em concretos. (UEMOTO, 2005)

    2.1.4 SILICONES

    Silicones Composio: constitudos por produtos organossilcicos como siliconatos,

    silicones oligmeros ou siloxanos Usos: recomendados para superfcies de baixa e elevada porosidade

    como tijolo aparente, cermica, pastilhas no vidradas, concreto aparente, telhas e pedras.

    Caractersticas tcnicas: so produtos que no vedam poros, mas repelem gua sem formao de filme. O tratamento permite a respirao do substrato. Forma uma camada permevel ao vapor de gua e a gases e reduz a absoro de gua, diferenciando das tintas convencionais. No altera cor e o aspecto original da superfcie por ser uma camada invisvel. A durabilidade do produto depende da profundidade de penetrao no substrato e este depende da porosidade da superfcie, de seu teor de umidade, do tipo de silicone e do solvente utilizado. (UEMOTO, 2005)

  • 29

    2.2. TEXTURA

    2.2.1 CONTEXTO DA TEXTURA

    As principais denominaes presentes no mercado brasileiro para esse tipo de revestimento so: revestimento decorativo, revestimento texturizado, revestimento texturado, textura, argamassa texturizada, revestimento plstico, revestimento de quartzo, graffiato, massa texturizada, entre outros. Porm, independente da variabilidade de denominao, todas elas so argamassas responsveis por conceder acabamento e proteo ao substrato, atravs de diversos efeitos decorativos. Devido sua conformao superficial, os revestimentos plsticos foram denominados como texturas disseminando a nomenclatura por todo pas. Para maior entendimento e por ser o termo mais conhecido e utilizado no mercado, os revestimentos plsticos sero designados como texturas, no presente estudo.

    De origem francesa, os pases europeus foram os pioneiros na utilizao deste material denominado de revestimento plstico, a cerca de 60 anos. No Brasil foi introduzido por volta da dcada de 60, tendo como composio bsica gros de quartzo ou dolomita pigmentados artificialmente, agregados com resina.

    Devido os efeitos decorativos fornecidos por este revestimento provvel quem tenham sido concebidos baseados no estuque, tcnica oriental de revestimento milenar (registros de 2000 a.C) que consiste na argamassa base de cal hidratada, areia e p de rocha ou mrmore.

    Com o advento do processo de fabricao de tinta por emulso acredita-se que as texturas no demoraram a surgir visto que se diferem da tinta apenas por apresentarem consistncia pastosa e por conter cargas minerais com maior dimenso e granulometria varivel sendo, assim mais guarnecidas e espessas.

    No mercado brasileiro, a textura tem sido muito empregada na construo civil devido possibilidade de agregar s superfcies efeitos estticos diferentes das pinturas tradicionais de acabamento liso, com inmeras opes de texturas e nuances de cores.

  • 30

    As texturas so aplicadas em uma espessura de 1 a 3 mm sendo capazes de esconder possveis imperfeies do substrato. Sua durabilidade, superior ao das pinturas, de 10 15 anos desde que devidamente aplicado e especificado. A partir deste tempo, a textura pode apresentar ressecamento, perda de flexibilidade e fissuras devido exposio prolongada. (BRITEZ, 2007)

    2.2.2 COMPONENTES BSICOS

    Assim como as tintas, a formulao das texturas interfere no seu desempenho. De modo geral elas so compostas por ligantes sintticos (geralmente resina acrlica), cargas minerais, aditivos, veculo voltil e pigmentos, quando se quer cor.

    Os ligantes sintticos so as resinas em emulses e as resinas em soluo de natureza orgnica. Assim como nas tintas, o ligante o principal componente, pois responsvel por unir os componentes entre si e aderir ao substrato. Se o teor de resina for baixo ou de m qualidade, pode acarretar em perda na durabilidade, flexibilidade e coeso. (BECERE, 2007; BRITEZ 2007)

    As cargas so partculas slidas maior ou igual a 0,25mm que compe a camada decorativa, contribuindo para dar corpo ao revestimento atravs de uma estrutura densa. As tintas tambm possuem cargas porm, possuem aspecto mais granular. Assim como as cargas das tintas, as cargas para texturas podem ser mineiras naturais e/ou sintticas e tambm so responsveis pela resistncia intempries, ao risco, reduz o brilho, altera as caractersticas de deformao e sedimentao. As principais cargas minerais so: carbonato de clcio (calcita), carbonato de clcio e magnsio (dolomita), quartzo, silicato de magnsio, sulfato de brio, slica, caulim e mica. Dentre elas destacam as cargas grossas, areias e gros que por sua natureza, distribuio, propriedades e granulometria oferecem os diversos tipos de acabamento como riscado, graffiato, etc. No Brasil, as cargas grossas mais utilizadas so as rochas carbonticas e areias quartzosas de praia ou rio. (BECERE, 2007; BRITEZ 2007)

  • 31

    Os aditivos conferem as mesmas caractersticas, funes e tipos j exemplificados para as tintas, acrescentando apenas o aditivo espessante responsvel por aumentar a consistncia do produto em pasta. (BECERE, 2007; BRITEZ 2007)

    Os veculos volteis e pigmentos conferem as mesmas caractersticas, funes e tipos j exemplificados para as tintas, porm, as texturas utilizam mais a gua como diluente em detrimento dos solventes orgnicos. (BECERE, 2007; BRITEZ 2007)

    2.2.2.1 TIPOS, COMPOSIO, USOS E CARACTERSTICAS TCNICAS

    Os principais tipos de texturas encontrados no mercado podem ser classificados segundo seu aspecto superficial:

    Revestimentos com agregado colorido: constitudos por cargas minerais coloridas natural ou artificialmente, ligante incolor e aditivos.

    Revestimentos pigmentados: constitudos por cargas, ligantes, pigmentos e aditivos.

    Figura 09: Revestimento com agregado colorido FONTE: BECERE, 2007

    Figura 10: Revestimentos pigmentados FONTE: BECERE, 2007

  • 32

    2.2.2.1.1 Tinta base de cimento Composio: formulado com cimento branco, cal hidratada em menores

    teores, pigmentos opacificantes e/ou coloridos, cargas minerais, sais higroscpicos e eventualmente produtos repelentes gua.

    Acabamento: chapiscado, rstico, raspado, entre outros. Usos: aplicado em alvenarias de cimento e/ou cal, concreto, emboos,

    bloco de concreto, concreto celular, bloco slico-calcrio de superfcies externas e internas. No deve ser aplicado sobre superfcies pintadas com outros tipos de tinta nem sobre superfcies de gesso.

    Caractersticas tcnicas: disperso aquosa isenta de solventes orgnicos, liberando baixo teor de orgnicos volteis (baixa toxidade). A tinta reage com a gua formando silicatos de clcio hidratados e liberando Ca(OH)2 (hidrxido de clcio), substncia de elevada alcalinidade. Ele fornecido como p e misturado gua pouco antes do uso, aps 3 a 4 horas se pode aplicar o produto. Devido a sua alcalinidade suas cores so limitadas. A maioria dos pigmentos orgnicos incompatvel com este tipo de pintura, devido a sua suscetibilidade alcalinidade. J os pigmentos minerais so compatveis, principalmente xidos de ferro. Se comparada s tintas convencionais, forma uma camada mais permevel. Possui baixa resistncia a cidos e elevada resistncia alcalinidade e gua. A resistncia alcalinidade torna-a muito recomendada para aplicao em substratos com base de cimento ou cal recm-executados, no sendo adequada para aplicao em ambientes industriais onde o meio cido. (UEMOTO, 2005).

    2.2.2.1.2 Tinta texturizada acrlica Composio: formulao com disperso de polmeros acrlicos ou

    estireno acrlico, cargas especiais para efeito texturizado, aditivos, hidrorepelentes, pigmentos como dixido de titnio e/ou pigmentos coloridos.

    Acabamento: microtexturizado ou texturizada

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    Usos: superfcies internas e externas de alvenaria base de cimento, cal, argamassa, concreto e bloco de concreto.

    Caractersticas tcnicas: disperso aquosa isenta de solventes orgnicos, liberando baixo teor de orgnicos volteis (baixa toxidade), diluvel em gua (quanto maior diluio menor o relevo obtido) e secagem rpida. Possui elevada consistncia, poder de enchimento e capacidade de corrigir/disfarar imperfeies, logo, recomenda-se a aplicao de apenas uma demo. Se comparado s tintas de acabamento liso possui maior resistncia ao intemperismo, chuva e penetrao de pelculas sendo quanto maior a espessura maior a resistncia. (UEMOTO, 2005).

    As texturas so materiais que possuem, de modo geral, composio mais padronizada, porm, possuem variao do aspecto fsico, podendo ser classificados segundo 4 critrios:

    A. Aspecto, consumo mnimo e dimenso de cargas maiores

    Tabela 07: Aspecto, consumo mnimo e dimenso de cargas maiores FONTE: REVISTA TCHNE 127

    B. Granulometria e porcentagem mnima de cargas

    Tabela 08: Granulometria e porcentagem mnima de cargas FONTE: REVISTA TCHNE 127

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    C. Espessura

    Tabela 09: Espessura FONTE: REVISTA TCHNE 127

    D. Conformao superficial

    Tabela 10: Conformao superficial FONTE: REVISTA TCHNE 127

    Rolado Riscado Projetado Travertino Figura 11: Tipos de efeitos decorativos

    FONTE: BRITEZ, 2007

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    2.3. SISTEMAS DE PINTURA / TEXTURA

    2.3.1 CONSTITUINTES

    A denominao pintura/textura consiste em um sistema de vedao que no deve ser entendido apenas como a tinta/textura aplicada. A tinta/textura um dos elementos que faz parte do sistema de revestimento que consiste em um conjunto de vrias camadas que recobrem uma superfcie, de natureza e funes distintas, mas que devem ser complementares. (BRITEZ, 2007)

    Figura 12: Sistema de pintura FONTE: BRITEZ, 2007

    Os constituintes do sistema so: o substrato, fundos, lquidos preparadores de paredes, massas e, por fim, a tinta/textura de acabamento. Cada um desses elementos a seguir possui funo definida e so responsveis pelo efeito final.

    O fundo o produto que funciona como o intermedirio entre o substrato e a tinta de acabamento atravs da primeira ou mais demos sobre a superfcie. No mercado, ele conhecido como selador e primer. O fundo chamado de selador quando aplicado em superfcies de argamassa para uniformizar a absoro, corrigir propriedades do substrato, isolar quimicamente a tinta do substrato, otimizar a aderncia e diminuir o consumo de material. Quando aplicado em superfcies metlicas chamado de primer, porm, neste caso, entra em sua composio pigmentos anticorrosivos. (NETO, 2007; UEMOTO 2005)

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    O fundo preparador de paredes um produto que promove a coeso de partculas soltas do substrato sendo recomendada sua aplicao em superfcies pouco firmes e coesas como: argamassa pobre, velha e sem resistncia mecnica, caiao, repinturas e superfcies com gesso. Somente o fundo preparador de parede atuar em situaes em que ocorrem problemas de alcalinidade, pulverulncia e absoro ao mesmo tempo. (NETO, 2007; UEMOTO 2005)

    A massa, conhecida no mercado como massa corrida, um produto pastoso, com elevado teor de cargas que serve para correo de irregularidades da superfcie j selada, tornando-a mais lisa. Porm, este produto deve ser aplicado em camadas finas para evitar o aparecimento de fissuras ou reentrncias. (NETO, 2007; UEMOTO 2005)

    Acabamento a parte visvel do sistema de pintura/textura ao qual se atribui os efeitos estticos como cor, brilho, textura, entre outros atributos. Alm de conferir o aspecto final, o acabamento tambm tem a funo de garantir as propriedades de resistncia por ser o elemento que mais sofre contato direto com o meio. (NETO, 2007; UEMOTO 2005)

    2.3.2 TIPOS DE FUNDOS

    2.3.2.1 Fundo lquido preparador de paredes Composio: formulao com disperso ou suspenso de polmeros e

    aditivos. Usos: recomendado para uniformizar ou reduzir a absoro de superfcies

    porosas como gesso, tijolo aparente, telha cermica, concreto, pedras. Aumenta a coeso de superfcies sem resistncia mecnica. Aglomera pulverulncias de superfcies de caiao, gesso e pintura calcinada.

    Caractersticas tcnicas: libera alto teor de produtos orgnicos volteis (alta toxidade). Se comparado a fundos seladores possui maior capacidade de penetrao em superfcies porosas e maior poder de aglomerao de partculas. (UEMOTO, 2005).

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    2.3.2.2 Fundo selador acrlico pigmentado Composio: formulao com disperso de polmeros acrlicos ou

    estireno acrlico, aditivos, pigmentos ou cargas. Usos: recomendado para reduzir e uniformizar a absoro de superfcies

    internas e externas muito porosas, sem pintura, como reboco, concreto, tijolo, gesso, massas niveladoras.

    Caractersticas tcnicas: disperso aquosa isenta de solventes orgnicos, liberando baixo teor de orgnicos volteis (baixa toxidade). Secagem rpida e permite aplicao da tinta de acabamento no mesmo dia. Se comparado ao fundo lquido preparador de paredes possui maior poder de enchimento e cobertura. (UEMOTO, 2005).

    2.3.2.3 Fundo selador Vinlico Composio: formulao com disperso de polmeros vinlicos

    (poliacetato de vinila ou PVA), aditivos, contm ou no pigmentos ou cargas.

    Usos: recomendado para reduzir e uniformizar a absoro de superfcies internas e externas muito porosas, sem pintura, como reboco, concreto, tijolo, gesso, massas niveladoras.

    Caractersticas tcnicas: disperso aquosa isenta de solventes orgnicos, liberando baixo teor de orgnicos volteis (baixa toxidade), fcil aplicao e secagem rpida. Permite a aplicao da tinta de acabamento no mesmo dia. Se comparado ao fundo lquido preparador de parede possui maior poder de enchimento e cobertura. Se comparado ao fundo selador acrlico lquido possui menor resistncia alcalinidade e gua. (UEMOTO, 2005).

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    2.3.3 TIPOS DE MASSAS

    2.3.3.1 Massa corrida Composio: formulao com disperso de polmeros vinlicos

    (poliacetato de vinila ou PVA), aditivos, contm pigmentos ou cargas. Usos: recomendada para uniformizar, nivelar e corrigir pequenas

    imperfeies de superfcies internas de argamassas e concreto. Caractersticas tcnicas: disperso aquosa isenta de solventes

    orgnicos, liberando baixo teor de orgnicos volteis (baixa toxidade). Secagem rpida, permitindo lixar e aplicar a tinta de acabamento no mesmo dia para dar proteo e resistncia massa. Se comparada massa acrlica possui menor resistncia alcalinidade e gua e maior facilidade de aplicao e lixamento. (UEMOTO, 2005).

    2.3.3.2 Massa acrlica Composio: formulao com disperso de polmeros acrlicos ou

    estireno acrlico, aditivos, pigmentos ou cargas. Usos: recomendada para uniformizar, nivelar e corrigir pequenas

    imperfeies de superfcies internas de argamassas e concreto. Caractersticas tcnicas: disperso aquosa isenta de solventes

    orgnicos, liberando baixo teor de orgnicos volteis (baixa toxidade). Secagem rpida, permitindo lixar e aplicar a tinta de acabamento no mesmo dia para dar proteo e resistncia massa. Se comparada a massa corrida (vinlica) possui maior resistncia aderncia, alcalinidade e gua. Porm, maior dificuldade de aplicao e lixamento. (UEMOTO, 2005).

    2.3.3.3 Massa epxi Composio: formulao com alto teor de slidos. Usos: recomendada para uniformizar, nivelar e corrigir pequenas

    imperfeies de superfcies internas de argamassas e concreto a serem pintadas com tinta epxi ou poliuretana.

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    Caractersticas tcnicas: so recomendadas para o nivelamento de superfcies. No devem ser aplicadas em camadas maiores do que 50 mm. Devem ser aplicadas em camadas nicas. Compem com as poliuretnicas, esquemas de alto desempenho, sendo usadas como primer e/ou como intermedirias. (UEMOTO, 2005).

    2.3.4 ESPECIFICAES E CONDIES

    Para se ter o mximo de aproveitamento dos sistemas de pintura importante se preocupar e racionalizar as decises e especificaes ainda em fase de projeto que devem ser compatibilizadas com o processo executivo. Cada obra deve ser estudada individualmente considerando o meio em que est inserida, as condies de aplicao e j prevendo os meios de manuteno. Mesmo sendo uma das ltimas etapas da fase de obra, adotar este estudo preliminar evita solues inadequadas, improvisos, retrabalhos, gastos e desgastes entre construtor, fabricante e consumidor.

    No mbito da geometria de um projeto, deve-se evitar superfcies de contornos angulosos que resultam em pelculas muito finas e de baixa proteo. So recomendados projetos com contornos de raios de pelo menos 1,5mm. Assim como tambm, superfcies inclinadas facilitam a deposio de partculas em suspenso e possibilitam maior contato com o filme de gua de chuva, devendo ser evitadas.

    As superfcies a serem pintadas devem ser projetadas de modo a facilitar o acesso, evitando formas ou condies que sejam barreira para a aplicao e manuteno. Alm disso, recomendvel prever suportes para ancoragem de andaimes e/ou balancins para a execuo posterior de lavagens peridica e repinturas.

    Em ambientes que sofrem com a condensao permanente de umidade, como paredes e tetos de banheiros e cozinhas, facilitam a proliferao de fungos que degradam a pintura. Portanto, importante projetar aberturas que tragam boa ventilao e entrada da luz solar.

  • 40

    Devem-se criar elementos que protejam as partes mais vulnerveis e evitam a incidncia direta do sol e, principalmente, da gua da chuva dispondo detalhes arquitetnicos que evite concentrao de gua e facilite sua dissipao e escoamento (frisos, beirais, calhas, salincias, ressaltos,pingadeiras, etc). (NETO, 2007; UEMOTO, 2005)

    Figura 13: rea da fachada que sofre maior incidncia de chuvas FONTE: BAUER, 1988

    Figura 14: Efeitos das salincias no escoamento da gua de chuva FONTE: UEMOTO, 2005

    Figura 15: Efeitos dos ressaltos no escoamento da gua de chuva FONTE: UEMOTO, 2005

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    Figura 16: Efeitos das pingadeiras no escoamento da gua de chuva FONTE: UEMOTO, 2005

    Superfcie com facilidade de reter gua de chuva pode se saturar em apenas 1 dia, levando at 10 dias para que a gua evapore da superfcie, tempo suficiente para desenvolver patologias.

    Cuidado especial deve ser tomado com as superfcies horizontais que acumulam sujeiras. Elas so arrastadas durante a chuva e escorrem pelas fachadas. Este fluxo de gua suja pode provocar manchas superficiais podendo ser minimizados atravs de ressaltos com a geometria adequada.

    Uma vez compatibilizado o projeto para receber o sistema de pintura a sua especificao no deve considerar apenas o custo, a disponibilidade do produto e o efeito esttico. Deve-se indicar, no mnimo, os elementos que compe o sistema que pode conter fundos preparadores, massas e a tinta de acabamento com a tonalidade devidamente especificada. A definio do sistema de pintura tarefa complexa e exige conhecimentos de profissionais adequados. O ideal promover a interao do fabricante, dos responsveis pela obra e da mo de obra que ir executar que em conjunto iro definir os sistemas, os produtos e o quantitativo.

    Para garantir um bom desempenho, com tempo de vida til elevado e baixa freqncia de manuteno necessrio analisar o ambiente onde se encontra a edificao, considerado as condies climticas da regio, o regime de chuvas e o grau de agressividade do meio definindo-o como: interno seco, interno mido, externo agressivo, externo no agressivo ou externo no agressivo mido.

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    Tabela 11: Classificao dos ambientes FONTE: QUALIMAT SINDUSCON, 2010

    A classificao para o regime anual de chuvas varia de baixo para regies secas, mdias para moderadas e elevada para cidades mais midas que possui 9 meses de chuvas anuais. Abaixo segue o mapa do Brasil representando o ndice de chuva em manchas variando de severo (vermelho), alto (roxo), moderado (amarelo) e protegido (verde) em cada regio.

    Figura 17: Mapa brasileiro de ndice de chuva FONTE: BECERE, 2007

    Atravs da anlise do mapa pode-se considerar que a maior parte do territrio brasileiro apresenta ndices pluviomtricos e ventos elevados.

    Quanto atmosfera considera-se grau baixo para reas no industriais, mdia para rea semi-industrial e elevada para reas industriais e martimas. (BECERE, 2007)

  • 43

    Analisando todos os critrios de identificao do meio em que uma edificao est inserida pode-se, em geral, classific-lo segundo seu grau de agressividade e segundo as condies de exposio das fachadas. Tais critrios devem ser levados em considerao para a especificao do sistema mais adequado s fachadas. Segue tabelas abaixo:

    Tabela 12: Classificao dos graus de agressividade do meio FONTE: UEMOTO, 2005

    Tabela 13: Condies de exposio das fachadas FONTE: BECERE, 2007

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    Vale ressaltar que em ambientes urbanos e industriais o efeito das chuvas agravado, pois as gotculas entram em contato com poluentes formando a chuva cida. O principal componente da chuva cida o cido sulfrico que ao ser absorvido pelos poros ou microfissuras da superfcie atacam agressivamente a camada de pintura. (NETO, 2007)

    O substrato tambm deve ser considerado para a especificao do sistema, avaliando-o tanto no aspecto do material constituinte como na inspeo de planicidade. imprescindvel uma anlise da superfcie onde ser aplicado o sistema, de modo a serem compatveis. As caractersticas prprias de cada superfcie influem diretamente no desempenho do sistema de pintura aplicado.

    No mbito da construo civil, os tipos de superfcies mais comuns so alvenarias revestidas de argamassa de cimento e/ou cal e concreto. Assim que so executadas, tais superfcies apresentam elevada umidade e alcalinidade. Se no respeitar a cura da argamassa e do concreto por volta de 28 dias antes da aplicao, a tinta e seus complementos podem alterar a cor, sofrer ataque alcalino, eflorescncias, dentre outras patologias. Alm disso, a resistncia das argamassas penetrao de gua, agentes fsicos e qumicos influenciada pela porosidade do substrato e da prpria pintura, portanto, importante determinar a tinta/ textura correta considerando a formulao dos produtos com sua capacidade de absoro. (GERDAU, 2003)

    Figura 18: Permeabilidade de algumas tintas FONTE: GERDAU, 2003

    A seleo da tinta para superfcies base de cimento, cal ou concreto deve ser realizada com base nos aspectos citados, podendo considerar a tabela abaixo:

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    Tabela 14: Base para tipo de sistema de pintura T=texturizado B=brilhante A=acetinado F=fosco R=recomendvel =recomendvel p/ at 2 pav.

    FONTE: UEMOTO, 2005

    Para obter a qualidade da tinta/textura, deve-se garantir que elas permanecero firmes, coesas e aderidas ao substrato mantendo suas propriedades essenciais ao longo de sua vida til. De modo geral, so especificadas tintas base de aglomerantes inorgnicos e base de resinas sintticas. Em caso de superfcies expostas em meios poludos ou em contato com agentes qumicos seja na forma gasosa, lquida ou slida, o substrato deve ser protegido com tintas da linha industrial como poliuretana, epxi, entre outros.

    Quanto especificao das cores deve ser levado em conta no apenas o efeito esttico, como tambm o contraste de cores que influencia no:

    Tamanho: cores escuras achatam e pesam e cores claras alongam e trazem leveza.

    Volume: cores escuras diminuem o espao aparente e cores claras e frias aumentam.

    Temperatura: a cor tem o poder de sugerir calor ou frio para o ambiente sendo um dos fatores que influenciam no conforto trmico. Superfcies escuras absorvem mais calor tornando o ambiente interno mais quente e

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    sombrio. Superfcies ensolaradas podem ser amenizadas com o uso de cores mais frias ou pastis.

    Luminosidade: tintas com maior quantidade de colorante branco do a impresso de estar mais iluminada que aquelas que utilizam maior quantidade de colorante na cor preta.

    Alm disso, as cores podem trazer sensaes e reaes como:

    Vermelho: excitante, estimulante, motivante, aquece o ambiente e aumenta o volume aparente.

    Amarelo: ativa o intelecto, a ao e a comunicao e estimula o sistema nervoso. Expande o ambiente, traz luminosidade e vibrao.

    Verde: neutro, traz equilbrio, calma, alvio, quietude e harmonia. Estimula a receptividade, revigora e traz sensao de leveza e distncia.

    Azul: acalma, inspira, vitaliza, refresca, traz sensao de distncia e repouso.

    Roxo e lils: estimulantes e relaxantes, favorecem a meditao e a concentrao. Adormece, traz melancolia, devoo e respeito.

    Laranja: alegre e social, traz otimismo, bem estar e entusiasmo. Estimula a criatividade e a comunicao.

    Preto: aumenta o calor, o peso e diminui a sensao de volume aparente. Traz as reaes de desconhecimento, depresso, medo, mas estimula o repouso.

    Branco: reflete o calor e aumenta a sensao de volume aparente. Traz brilho, frieza, limpeza e pureza, mas pode estimular as sensaes de cansao.

    Cinza: remete a sujeira e nublado. Pode trazer a sensao de obscuridade, negatividade, indeciso e submisso, mas pode estimular a interiorizao.

    Metlicos e perolados: chamam ateno, do brilho e toque de sofisticao e requinte. Oferecem um aspecto moderno e estimulam o fluxo de energia. (IBRACON, 2009)

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    Porm, importante considerar que cores mais vivas (orgnicas), principalmente azul e verde, tendem a serem menos suscetveis radiao solar podendo se desbotar com pouco tempo de aplicao, alm de realarem possveis ondulaes da superfcie. J as cores mais pastis (inorgnicas) possuem maior estabilidade de cor. (POLITO, 2010)

    Figura 19: Exemplos de cores orgnicas Figura 20: Exemplos de cores inorgnicas FONTE: POLITO, 2010

    Conforme indicao de um dos principais fabricantes de tinta no Brasil, o uso das cartelas e leques de cores como nica referncia pode ser insuficiente, pois as cores so aplicadas sobre papel podendo apresentar diferenas de tonalidade e brilho ao ser aplicado no substrato. Condies de iluminao tambm podem influenciar na esttica final.

    Abaixo segue um esquema com as principais etapas do processo construtivo que deve ser seguido para que se possa estabelecer a especificao do sistema de pintura ideal para cada caso:

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    Figura 21: Esquema das etapas do processo de especificao FONTE: NETO, 2007

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    2.3.5 FERRAMENTAS

    As ferramentas sero classificadas segundo sua funo, preparo de superfcies e execuo de pinturas.

    2.3.5.1 PREPARO DE SUPERFCIES:

    Esptulas: usadas para remover tintas e aplicar massas em pequenas reas.

    Desempenadeiras: usadas para aplicar massa corrida e acrlica em grandes reas.

    Lixas: usadas para reduzir rugosidade, auxiliar na limpeza do substrato, retirar sujeiras e pontos pontiagudos da superfcie dando melhor acabamento e melhorando a aderncia da pintura. O tipo e a granulao do abrasivo devem ser de acordo com as caractersticas do substrato e da textura especificada. Para rebocos utilizam-se lixas de gramatura 36 e para massa corrida 180 a 220. Quanto maior a gramatura melhor o acabamento, porm menor produtividade. Para um melhor desempenho e durabilidade da lixa bom que ela seja utilizada com um apoio do tipo desempenadeira, isto uniformiza a presso aplicada para melhor regularizao. (POLITO, 2010)

    Figura 22: Lixas e apoio FONTE: POLITO, 2010

    Fitas adesivas: responsveis por proteger elementos e superfcies adjacentes que no vo receber pintura ou para limitar faixas de aplicao.

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    Figura 23: Fitas adesivas FONTE: POLITO, 2010

    Lona, papel e filme plstico: responsveis por proteger grandes reas adjacentes que no vo receber pintura.

    Panos secos: para limpeza posterior.

    2.3.5.2 EXECUO DE PINTURAS:

    Pincel / trincha: usadas para acabamentos de reas pequenas, limites e quinas. A aplicao lenta, em camadas curtas, no sendo adequadas para tintas de secagem rpida cuja pelcula pouco uniforme e nem sempre permite boa penetrao no substrato. Vrios so os tipos, materiais e tamanhos: pincis redondos e ovais so recomendados para superfcies speras e irregulares; as trinchas largas e chatas para superfcies lisas e planas; pincis com bico para dar acabamento. Dimenses de 30 mm a 50 mm para detalhes; 50 mm a 80 mm para portas; 100 mm para pisos e paredes e mais de 150 mm para paredes e muros. Cerdas claras so melhores para tinta ltex, escuras para esmaltes e acabamentos finos, sintticas (polipropileno ou nylon) para tintas base gua e naturais para tintas base de solvente. De modo geral, o ideal que elas tenham plo duplo, cerdas mais longas no centro que nas bordas, divisor interno para reservatrio de tinta e cabo de madeira para melhor empunhadura. (POLITO, 2010)

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    Figura 24: Trinchas e pincis FONTE: POLITO, 2010

    Rolos de l de carneiro ou sinttico: vrios so os tipos de rolos encontrados no mercado, variando seu comprimento de 75mm 230mm, material e os tipos de plos. Rolos de plo alto, podendo ser de carneiro ou sinttico, so recomendados para a maioria das aplicaes. Eles possuem boa trabalhabilidade e produtividade, porm alto consumo de material devido seu maior volume para imerso na tinta. Vale ressaltar que quanto maior o plo (mximo 23mm), maior a chance de criar nas superfcies micro texturas que deixam as marcas da aplicao. Portanto, para superfcies que exigem melhor acabamento com tintas de boa cobertura, recomenda-se rolos de plo curto, porm, a camada de tinta fica mais fina. O miolo dos rolos pode ser um tubo de resina fenlica ou de polipropileno, ambos resistentes ao solvente. (POLITO, 2010)

    Figura 25: Rolo de l curto, alto e apoio FONTE: POLITO, 2010

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    Figura 26: Detalhe do extensor

    Rolos de espuma de polister: so recomendados para aplicao de tinta leo, esmalte sinttico ou vernizes. Para seu reaproveitamento indispensvel que o rolo fique imerso em gua logo aps sua utilizao.

    Rolos de espuma rgida: so recomendados para texturas com diferentes ranhuras de acabamento. Quanto mais utilizado, mais macia fica a espuma, facilitando a aplicao. (POLITO, 2010)

    Figura 27: Rolos de espuma rgida FONTE: POLITO, 2010

    Desempenadeira de PVC: so desempenadeiras lisas e brancas recomendadas para texturas do tipo grafiatto. A textura aplicada com a desempenadeira em movimentos circulares ou verticais. (POLITO, 2010)

    Figura 28: Desempenadeiras FONTE: POLITO, 2010

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    Revolver ou pistola: usados para aplicao de tintas leo e esmaltes atravs do mtodo de pulverizao com ar. Recomendados para reas de difcil acesso e de gran