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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE MÚSICA DA UFMG BACHARELADO EM MÚSICA POPULAR TRABALHO DE PRODUÇÃO MUSICAL I TRABALHO DE PRODUÇÃO MUSICAL I O FESTIVAL DA MÚSICA POPULAR BRASILEIRA DA RECORD DE 1967 GRUPO DE TRABALHO: Renato Frossard, Ulisses Luciano, Felipe Vilas Boas, Phelipe Esteves, Gabriel Nascimento

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Trabalho Acadêmico

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAISESCOLA DE MSICA DA UFMGBACHARELADO EM MSICA POPULARTRABALHO DE PRODUO MUSICAL I

TRABALHO DE PRODUO MUSICAL IO FESTIVAL DA MSICA POPULAR BRASILEIRA DA RECORD DE 1967

GRUPO DE TRABALHO: Renato Frossard, Ulisses Luciano, Felipe Vilas Boas, Phelipe Esteves, Gabriel Nascimento

TRABALHO DE PRODUO MUSICAL IPROFESSOR: MAURO RODRIGUESGRUPO DE TRABALHO: Renato Frossard, Ulisses Luciano, Felipe Vilas Boas, Phelipe Esteves, Gabriel Nascimento

O FESTIVAL DA MSICA POPULAR BRASILEIRA DA RECORD DE 1967

RESUMOEste trabalho teve por objetivo analisar a produo do festival da msica popular brasileira, realizado pela TV Record de televiso, no ano de 1967, com a participao de grandes nomes da msica popular brasileira como: Elis Regina, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Roberto Carlos, Edu Lobo, Jair Rodrigues, Nana Caymi, dentre outros. Na verdade, o festival de 1967 deu sequncia a uma srie de festivais de msica popular brasileira que vinham sendo realizados no Brasil durante a dcada de 60. Por essa razo, esta poca ficou conhecida como a era dos festivais. Foi uma poca de grande efervescncia poltico-cultural, em que os artistas da MPB, influenciados por novos ideais libertrios e democrticos, traziam, atravs de suas canes, o clamor e os anseios de toda a nao. Foi uma poca em que a msica foi fortemente utilizada como instrumento de conscientizao e crtica dos modelos, ento, vigentes de governo (ditadura). O festival de 1967, pode ser considerado o clmax, o ponto mximo deste movimento, devido sua repercusso em termos de participao popular, riqueza cultural e repercusso na mdia e nos meios sociais em geral, alm da grande quantidade de artistas talentosos que participaram do evento. Houve tambm a imediata reao dos poderes ditatoriais contra o movimento, contribuindo para escrever uma das mais negras e tristes pginas de nossa histria, com prises, exlios, perseguio poltica, represso, desaparecimentos inexplicados, e at a morte de alguns artistas da poca, como vemos no recorte abaixo: Com o endurecimento do regime, aps 1968, a resistncia cultural passou a viver maus momentos. Funcionrios da Diviso de Censura de Diverses Pblicas da Polcia Federal se instalaram nas redaes dos principais jornais e revistas, controlando tudo o que estava para ser publicado. Vira e mexe o espao de notcias acabava preenchido por receitas culinrias e versos de Cames em sinal de protesto. A fria do aparato repressivo resultou em teatros destrudos, no sequestro e interrogatrio de compositores e escritores (J.Dias, 2015).Em nossa anlise, buscamos nos ater mais especificamente aos aspectos relacionados produo do evento. Contudo, aspectos histricos foram mencionados, para fins de contextualizao. INTRODUOA partir de 1960, com o pas ainda vivendo sob a ditadura, as manifestaes culturais comearam a ganhar novas conotaes. Afastando-se da viso romntica evocada pelos artistas da Bossa Nova, as canes passam a conter contedo poltico-social. Era um momento em que todos pareciam sonhar com transformaes sociais e polticas. Assim, as peas teatrais, os filmes e as canes traziam mensagens relativas ao tema. A cultura unia, estimulava e servia como vlvula de escape (Terra, 2013). Programas musicais como O Fino da Bossa, Jovem Guarda, "Esta Noite se Improvisa, Bossa Saudade, etc., ocupavam o horrio nobre das emissoras de TV, com grande sucesso de audincia. Nesse contexto que surgem os festivais. Seu grande sucesso fez com que, rapidamente, artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina, Rita Lee, etc., alcanassem fama e reconhecimento. Alm disso, os festivais contriburam para que houvesse um grande crescimento na produo artstica e cultural brasileira. De fato, muitas composies, at ento inditas, eram lanadas nos festivais, ganhando ento popularidade e aceitao imediata pelo pblico.A PRODUO DOS FESTIVAIS Por se tratar de um evento de grande porte, que envolvia o uso de uma grande quantidade e variedade de equipamentos, movimentava uma enorme quantidade de recursos financeiros e de pessoal, gerava uma imensa repercusso na mdia e nos meios sociais, etc., a produo de um festival no era tarefa fcil. O processo de produo deste tipo de evento era dividido em vrias etapas e tinha diferentes nveis de organizao. Para termos uma ideia da importncia do papel do trabalho de produo, vejamos o exemplo abaixo, narrado por Renato Terra em seu livro uma noite em 1967, sobre um fato que pode ter sido responsvel pelo grande sucesso de Chico Buarque:Percebendo que a banda que acompanhava Nara Leo encobria sua voz, o diretor de TV Manoel Carlos, sugeriu que Chico entrasse cantando, primeiro, apenas com o acompanhamento de violo. A essa caso fortuito pode ser creditada a exploso de Chico Buarque como um dos grandes nomes da era dos festivais, e tambm sua deciso de trocar a arquitetura pela msica (Terra, 2013).O fato narrado acima, nos permite compreender como grande a responsabilidade do produtor (ou da equipe de produo) em relao ao sucesso de um trabalho, sobretudo de um evento artstico, como era o caso dos festivais. Neste trabalho, procuraremos apresentar e discutir vrios aspectos desse trabalho de produo, de forma a melhor compreender o que contribuiu para o grande sucesso destes eventos, principalmente, do festival de 1967. Outro comentrio do prprio produtor do festival nos revela a tenso que pairava no ar:Nos bastidores, a batalha era para que tudo desse certo. "Tudo", no caso, era levar a bom termo um grande evento transmitido ao vivo pela televiso, o que era um imenso desafio naquele longnquo final dos anos 1960. E tambm inclua administrar crises de pnico, buscar artista que estava bebendo no botequim em cima da hora de sua apresentao, garantir que nenhum artista se apresentasse vestido de forma inconveniente. "Eu estava l morrendo de medo que acontecesse alguma coisa", diz Solano Ribeiro, organizador do festival (Veja Online, 210).Portanto, podemos imaginar que o trabalho de produo de um evento como o festival de 1967, exigiu um enorme conjunto de preparaes, precaues, planejamentos, agendamentos, etc. Tambm devemos nos lembrar de que no estvamos numa poca com tanta tecnologia e rapidez nas comunicaes, o que sem dvida tornou ainda mais difcil este trabalho. Alm da represso poltica sob a qual se vivia na poca, com os militares no comando do pas, de se admirar que um evento deste porte tenha realmente sido realizado, e com tanto sucesso. COMO FOI A PRODUO DO FESTIVAL DE 1967?Com base nos registros histricos disponveis, podemos determinar alguns fatos gerais sobre a produo do evento. Podemos obter dados sobre o local do evento, cronograma, infraestrutura e equipamentos, logstica do evento, etc. Tambm podemos obter informaes sobre os artistas participantes, a quantidade de canes que cada artista ou grupo pde apresentar, se havia premiao, se era necessrio fornecer msicos e instrumentos para os artistas inscritos. Finalmente, possvel obter dados sobre a transmisso do evento pela TV, sobre os aspectos legais, etc. Nos tpicos a seguir, procuraremos analisar, na medida do possvel, todos estes aspectos da produo do Festival da Msica Popular Brasileira de 1967.ONDE E QUANDO FOI REALIZADO O FESTIVAL DE 1967?O III Festival da Record foi realizado no Teatro Paramount, entre os meses de setembro e outubro de 1967. O Cine-Teatro Paramount era um teatro brasileiro, inaugurado em 1929, na Avenida Brigadeiro Lus Antonio, em So Paulo. Foi o primeiro cinema sonoro da Amrica Latina, e por muitos anos, serviu de modelo para outros teatros. A rea total era de 5.500 metros quadrados, com capacidade para 1.530 espectadores, com ampla visibilidade, qualquer que fosse o lugar escolhido. O palco era um dos melhores de So Paulo. Possua 210 metros quadrados de rea e 36 metros de altura, incluindo urdimento. Em 1969, um incndio destruiu grande parte de suas instalaes, que foram recuperadas pelo Grupo Abril em parceria com a CIE Brasil, subsidiria do grupo mexicano Corporacin Interamericana de Entretenimiento. Foi rebatizado com o nome de Teatro Abril, e hoje continua existindo sob o nome de Teatro Renault. Seu edifcio foi tombado pelo patrimnio histrico, passou por uma revitalizao, e hoje administrado pela empresa Renault em parceria com a empresa Time For Fun. Desta forma, os produtores do evento conseguiram resolver a questo do local, pois o teatro possua uma boa estrutura para receber tanto artistas quanto pblico. A deciso de arrendar o teatro Paramount para a realizao do festival visava resolver um problema de disponibilidade nos estdios da TV Record, alm de conseguir maior espao para a plateia, aumentando o nmero de espectadores, de 700, para 2100 pessoas presentes. Tambm foi definido o cronograma, pois a primeira eliminatria foi realizada e transmitida, ao vivo, no dia 30 de setembro de 1967 e a final no dia 21 de outubro do mesmo ano. O programa ia ao ar semanalmente, aos sbados. Portanto, conclui-se que as eliminatrias ocorreram nos dias 30/09, 07/10, 14/10, e 21/10 de 1967. Ou seja, quatro semanas para a realizao do festival, devendo os vencedores ser anunciados no dia 21/10, data da final. Em consequncia, resolvia-se a questo dos horrios das apresentaes, pois os programas eram exibidos sempre noite, aos fins de semana. Na sua edio do dia 30 de setembro, o jornal Folha de So Paulo trazia na primeira pgina uma coluna anunciando o incio do festival, naquela noite, pela rede Record de Televiso, com a foto de Jair Rodrigues entre os competidores. Na mesma edio, uma notcia avisava sobre o fim da reunio do FMI (Fundo Monetrio Internacional), naquele ano (Folha de So Paulo, 30 de Setembro, 1967).

COMO FUNCIONOU O FESTIVAL DE 1967? QUAIS ERAM AS REGRAS?Assim como os demais festivais, o festival de 1967 era uma competio musical, onde cada artista concorria com uma cano, de autoria prpria ou no, competindo com os demais, geralmente, pelos 3 primeiros lugares. s vezes, categorias especiais de premiao tambm eram criadas, como prmio revelao, ou algo do gnero. Aos vencedores, em geral, cabiam premiaes em dinheiro e trofus, alm da grande divulgao na mdia, o que impulsionava suas carreiras, rendendo grandes ganhos e a consolidao de seus nomes no mercado artstico-cultural. Um time de jurados era responsvel por escolher os vencedores. Alm da beleza esttica, as msicas tinha que ter contedo poltico. Uma vez que os aplausos e vaias eram, muitas vezes, usados pelos prprios jurados como parmetros para a escolha dos vencedores, as msicas que mais agradavam o pblico eram geralmente as consagradas com o prmio final. Segundo Silva (2006), os prprios compositores perceberam que, ao se fazerem porta-vozes do povo, eram por ele admirados e, assim, estariam mais prximos da vitria. O jornal correio da manh, em sua edio de 26 de outubro de 1967, noticiava o fim do festival e falava sobre as grandes somas em dinheiro recebidas pelos vencedores. O autor tambm conta que, das cerca de 3000 canes inscritas, apenas 36 chegaram ao conhecimento do pblico. Afirma ainda que, na prtica, apenas nomes j conhecidos e consagrados tiveram realmente espao no festival, e que artistas amadores ou pouco conhecidos foram deixados de fora. Elogia alguns aspectos do evento, mas lamenta o fato de no haver maior espao para esses artistas novatos, e sugere que deveria haver festivais separados para estas duas categorias de artistas (famosos x desconhecidos). Apesar do que afirma o autor do artigo, os festivais foram, sim, responsveis pela revelao de grandes nomes da MPB como Jair Rodrigues e Elis Regina.O autor tambm chama a ateno para a participao do pblico, que, segundo ele, constituiu um captulo a parte no festival. A emoo com que os espectadores acompanhavam as apresentaes, tanto aplaudindo quanto vaiando, foi comparada pelo autor s manifestaes dos torcedores de futebol. Em seguida, ele narra o episdio em que o cantor e compositor Srgio Ricardo, aps receber efusivas vaias e protestos do pblico, assim como aplausos fora de hora, e aps esgotar toda e qualquer tentativa de negociao com a plateia, quebrou seu violo e o atirou no meio do pblico, retirando-se em seguida (Correio da Manha, 26 de outubro, 1967). Sobre o ocorrido, Roberto Carlos fez piada: A msica Ponteio foi desclassificada porque Srgio Ricardo quebrou a viola, tirando sarro da letra da cano que dizia: quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar. Na verdade, quem foi desclassificado foi o cantor Srgio Ricardo. A produo do festival anunciou mais tarde que no tinha alternativa seno desclassificar o participante por seu acesso de fria. O autor do artigo daquele jornal encerra suas observaes afirmando que, na sua opinio, Caetano Veloso era o mais musical de todos os artistas participantes daquele festival (Correio da Manh, 26 de outubro, 1967). Dos fatos e dados narrados acima, possvel deduzirmos que, uma enorme quantidade de artistas e de canes puderam se inscrever no festival, mas que apenas uma pequena parcela, cerca de 1% (36 canes), chegou de fato aos ouvidos do pblico. Da, inferimos que a capacidade dos festivais de receber e divulgar artistas era limitada. Ou seja, era impossvel para os organizadores do evento, dar chance a todos os 3000 artistas de se apresentar. Portanto, certamente houve algum critrio de seleo para as canes que foram efetivamente apresentadas. O artigo do jornal Correio da Manh nos d base para concluir que um dos critrios utilizados foi o grau de popularidade e credibilidade dos artistas inscritos. Desta forma, o festival acabou sendo palco para nomes j consagrados como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Elis Regina, Roberto Carlos, etc.Pode-se concluir, portanto, que o festival de 1967 tinha um cronograma (data de incio e data de encerramento, datas para as apresentaes (eliminatrias), previa premiaes para os vencedores, tinha um limite de pblico e de competidores, e dava preferncia a nomes j consagrados na msica. Podemos perceber, tambm, que cada participante teve o direito de se apresentar com uma nica cano, e que os vencedores de cada eliminatria, podiam reapresentar sua cano, buscando um lugar na grande final. Era facultado aos artistas, a cada eliminatria, apresentar suas canes com um arranjo diferenciado, o que nem sempre agradava o pblico (como no caso de Srgio Ricardo). Os fatos ocorridos durante o festival tambm nos permitem concluir que era exigido dos participantes um certo padro de conduta e de respeito para com o pblico e para com os organizadores do evento. Prova disso o que ocorreu com Srgio Ricardo, que foi desclassificado do certame por sua conduta desrespeitosa. O mesmo no se pode dizer do pblico, cuja falta de respeito foi imensa, pois vaiavam os artistas antes mesmo que eles comeassem a cantar, dificultando o andamento do festival. Quanto a isso os organizadores nada podiam fazer nada, alm de pedir calma. Srgio Ricardo tambm tentou acalmar os nimos, antes de perder a pacincia, pedindo um pouquinho de sensatez ao pblico presente. INFRAESTRURA, LOGSTICA E EQUIPAMENTOSO festival de 1967 foi transmitido ao vivo pela TV Record, e tambm recebeu o pblico no local das gravaes para assistir e acompanhar apresentaes, em um palco, como num show ao vivo. Assim, uma enorme quantidade de pessoas teve acesso ao festival. Os que no podiam comparecer ao local, assistiam em casas, atravs da TV. Vale ressaltar que os festivais, na poca, tinham grande popularidade e eram aguardados ansiosamente pelos fs. Uma srie de programas dedicados msica eram regularmente exibidos pela TV no perodo como O Fino da Bossa, Pra ver a Banda Passar, Disparada, Ensaio geral, etc. Em geral, o pblico pagava ingressos para assistir aos shows, mas ainda assim o local ficava superlotado.Como j foi relatado, o local do evento era bastante amplo para comportar os espectadores, jurados, artistas, organizadores e equipe de televiso. Mesmo assim, devido s propores do evento, uma grande multido de pessoas se apinhava, disputando lugar com os demais para assistir ao show. No difcil imaginar que a equipe de produo estava preocupada e temerosa de que algo sasse errado. Na noite da final, uma banda regida por maestro entoa a msica de abertura do festival. O apresentador menciona que a equipe do evento era formada por centenas de pessoas entre tcnicos, artistas, msicos, orquestradores, jornalistas, e maestros, ou seja, toda a equipe da TV Record unia seus esforos para que tudo corresse bem. O apresentador ainda afirma que o festival era o maior acontecimento da msica popular brasileira, e realmente era, na poca.O tcnico de som pediu ao diretor tcnico que o autorizasse a pendurar um microfone no teto, para que o pblico em casa pudesse ter uma noo mais prxima da realidade da reao do pblico que estava presente no festival. Uma equipe de jornalistas, cinegrafistas e fotgrafos circulava pelos bastidores do evento, documentando, entrevistando artistas, e mantendo o pblico informado dos acontecimentos da competio. Uma anlise dos vdeos do evento nos permite notar que o teatro possua assentos para todos os espectadores, mas a maioria dos presentes preferia acompanhar as apresentaes de p, vibrando e torcendo por seus artistas preferidos, cantando juntos as canes de seus dolos. No momento das performances, o nvel de rudo chegava a nveis assustadores, quase no sendo possvel ouvir os artistas. Os prprios cantores tinham dificuldade para ouvir o acompanhamento. Gilberto Gil comentou: Est parecendo futebol!. Acompanhado do grupo Os Mutantes, Gil apresentou sua cano Domingo no Parque. Os produtores haviam procurado garantir que os participantes se vestissem adequadamente para a esttica do evento, porm, a forma no convencional de vestimenta dos Mutantes, fez com que percebessem que no havia como controlar totalmente o que os artistas vestiam. Gilberto termina sua apresentao fortemente aplaudido, apesar de ter usado as, ento desprezadas, guitarras eltricas.Toda infraestrutura do local era boa. O teatro amplo, um palco bem iluminado e ornamentado, com espao para uma banda completa ao fundo, que executava em tempo real as vinhetas do programa. Aparentemente, o lugar tambm contava com equipamento de segurana, com sadas de emergncia, extintores de incndio, etc. Uma grande quantidade de equipamento foi utilizada, entre aparelhagem de som, cmeras, microfones, instrumentos musicais, material de iluminao, material para a equipe de jurados, etc. O jri ficava sentado logo em frente ao palco, protegido por uma fina mureta de isolamento. No se sabe o que os produtores fariam se o pblico enfurecido resolvesse partir pra cima dos jurados. Felizmente, isso no ocorreu e o festival transcorreu bem, com exceo da ocorrncia com Srgio Ricardo.No final, a classificao do festival foi a seguinte:1 Lugar: Ponteio (Edu Lobo e Capinam) intrpretes: Edu Lobo, Marlia Medalha, Momentoquatro e Quarteto Novo2 Lugar: Domingo no Parque (Gilberto Gil) intrpretes: Gilberto Gil e Os Mutantes3 Lugar: Roda Viva (Chico Buarque) intrpretes: Chico Buarque e MPB-44 Lugar: Alegria, Alegria (Caetano Veloso) intrpretes: Caetano Veloso e Beat Boys5 Lugar: Maria, Carnaval e Cinzas (Luiz Carlos Paran) intrpretes: Roberto Carlos6 Lugar: Gabriela (Francisco Maranho) intrpretes: MPB-4 Melhor Intrprete: Elis Regina O Cantador (Dori Caymmi e Nelson Motta) Momento Marcante do III Festival de MPBBeto Bom de Bola (Srgio Ricardo) intrprete: Srgio Ricardo

CONCLUSOA concluso a que chegamos, com a realizao deste estudo, foi de que o Festival da Msica Popular Brasileria de 1967 foi um evento de grandes propores, e por isso, os produtores precisaram fazer um excelente trabalho de organizao para que tudo desse certo. De fato, dos fatos histricos registrados, das entrevistas, e outros registros disponveis, subentende-se que a realizao de um evento como o festival, no contexto histrico da poca, exigia uma grande preparao prvia, alm de muito trabalho no transcorrer do programa. Os festivais eram, sobretudo, um programa de TV, e portanto, alm de ter que ser uma experincia agradvel para o pblico presente, precisava chegar aos telespectadores de forma satisfatria.Tambm percebe-se que foi necessrio improvisar s vezes. Um dos produtores do evento conta que, s vezes, era necessrio ir atrs do artista, que resolvia parar em um bar para beber, esquecendo-se do evento (Veja online). Outras vezes, o cantor simplesmente no queria se apresentar, por algum motivo. Gilberto Gil, por exemplo, teve que ser convencido pelo produtor Paulinho Machado, na ltima hora, a se apresentar no festival, com a cano Domingo no Parque. Tambm, devido ao momento histrico em que se vivia, quando as pessoas davam uma grande importncia aos seus artistas preferidos, fazendo at passeatas em prol de seus dolos, podemos imaginar que no tenha sido fcil controlar to emocionada multido de fs. Foi necessrio muito profissionalismo, sangue frio, e at mesmo a ajuda de Deus ou da sorte para que o evento chegasse ao final da forma que ocorreu, sem maiores problemas e com o resultado final sendo anunciado ao pblico, uns decepcionados, outros enlouquecidos de alegria e de emoo. Ao menos nessa noite, o pas do futebol tornou-se o pas da msica popular.

REFERNCIAS

TERRA, Renato. CALIL, Ricardo. Uma Noite em 67. Editora Planeta. So Paulo, 2013.DIAS, J. A Ditadura Militar De 1964 E A Cultura. Revista Aventura Na Histria. Disponvel em: , consultado em: .SOARES, Lucila. Uma Noite em 67: o festival que mudou a msica popular brasileira. Artigo. Disponvel em: . Atualizado em 2012. Consultado em: .CAMPOS, Augusto, de. Festival de Viola e Violncia. Artigo de Jornal. Correio da Manh. 26 de outubro de 1967. Disponvel em: http://memoria.bn.br/DocReader/Hotpage/HotpageBN.aspx?bib=089842_07&pagfis=86826&pesq=&url=http://memoria.bn.br/docreader#. Consultado em: .SILVA, Delciane. Fercapo: Festival Regional Da Cano Popular No Fim Da Era Dos Festivais. Monografia. Unioeste. 2006. Disponvel em: