O IMORTAL · “fora da caridade não há salvação ... espírita eletrônica O Consolador, ......

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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 56 Nº 663 Maio de 2009 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Dois anos da revista O Consolador O Espiritismo nos mostra com clareza que fora da caridade não há salvação” Em entrevista concedida a este jornal, algo raro na vida deste periódico, o con- frade Hugo Gonçalves (foto), 95 anos, fundador e diretor do jornal O Imortal e diretor do Lar Infantil Marília Barbosa, focaliza, entre diversos assuntos, o tema da caridade. Nosso es- timado confrade, apesar da idade avançada, continua em ple- na atividade, lúcido, espirituoso e bastante vivaz, como mostra a en- trevista. Aluno e discípulo de Cairbar Schutel, conviveu longo tempo com o grande missionário de Ma- tão (SP) desde os primeiros mo- mentos de sua atual existência, vis- to que foi de Cairbar que recebeu o primeiro tapa. “O seu Schutel – diz ele – era um farmacêutico cre- denciado, um conhecimento pro- fundo, muito querido, em Matão- SP. Quando minha mãe estava para me trazer ao mundo, a par- teira deveria estar meio apurada, o parto estava difícil, o Schutel foi chamado e eu nasci, foi ele quem me deu o primeiro tapa. Aí ele quis pôr-me o nome de Victor Hugo, mas minha mãe não gostou muito, ficou o Hugo, só. Isso foi em 6 de outubro de 1913.” Pág. 16 Fundada e dirigida por José Carlos Munhoz Pinto e Astolfo Olegário de Oliveira Filho, ambos radicados em Londrina, a revista espírita eletrônica O Consolador, que circulou pela primeira vez na rede mundial de computadores em 18 de abril de 2007, comemorou no mês passado 2 anos de vida. A revista, que é redigida exclusiva- mente para circulação na internet – www.oconsolador.com – tem lei- tores em 83 países dos cinco con- tinentes. Pág. 3 A Comunhão Espírita chega aos 22 anos Fundada no dia 17 de abril de 1987, sob a inspiração do Espíri- to da saudosa médium Yvonne A. Pereira, a Comunhão Espírita Cristã de Londrina completou 22 anos de existência, no mês passado. Com instalações própri- as localizadas em dois endereços: Rua Tadao Ohira, 555 - Jardim Perobal e Rua Guararapes, 331 - Jardim Higienópolis, na região central de Londrina, a adminis- tração da Comunhão é confiada a um presidente – o atual é o con- frade Francisco Ontivero – coad- juvado pelo secretário geral e pelos diretores de quatro depar- tamentos. Pág. 6 A obra psicográfica de Divaldo e suas peculiaridades Diferentes temas e estilos li- terários marcam, como sabemos, a obra psicográfica do médium Divaldo F. Franco (foto), assun- to esmiuçado por nosso confrade Washington Luiz N. Fernandes, de São Paulo (SP). A Revue Spirite há 140 anos ......................... 15 Arthur Bernardes de Oliveira ....................... 10 Celso Martins ............................................... 13 Claudia Schmidt ........................................... 10 Crônicas de Além-Mar ................................. 12 De coração para coração ................................ 4 Divaldo responde ............................................ 5 Editorial .......................................................... 2 Emmanuel ....................................................... 2 Espiritismo para crianças ............................. 14 Eugênia Pickina ............................................ 12 Grandes vultos do Espiritismo ....................... 7 Histórias que nos ensinam ............................ 13 Jane Martins Vilela ....................................... 13 Joanna de Ângelis ........................................... 2 José Viana Gonçalves ................................... 12 Leonardo Machado ......................................... 5 Palestras, seminários e outros eventos ......... 11 Vladimir Polízio ............................................. 5 Waldenir Aparecido Cuin ............................. 10 Ainda nesta edição Os jogos de azar no meio espírita A ideia de se utilizar jogos de azar, como rifas, vísporas e bingos, para captação de recursos des- tinados à manutenção das obras assistenciais espíri- tas, sempre esteve asso- ciada, em nosso meio, à influência de pessoas que migraram do Catolicismo para o Espiritismo trazen- do consigo uma natural predisposição para essas práticas, tão comuns nos eventos católicos. Com efeito, nas festas organizadas pela Igreja, como as comemorações do Mês de Maria, tem sido muito forte, sobretu- do nas comunidades do interior, o recurso aos bingos, esquecidos todos dos malefícios inerentes a essa modalidade de jogo. Pág. 4 Em seu arti- go, o confrade paulista analisa alguns temas e estilos literários, absolutamente di- ferentes, contidos nos livros psico- grafados pelo mé- dium Divaldo Franco, ditados por diversos Au- tores Espirituais, como a literata baiana Amélia Au- gusta Sacramento Rodrigues, que escreveu oito livros por intermédio de Divaldo, e em todos adotou a forma de narrações evangélicas de muita beleza, atendendo o vocabu- lário bíblico e a história do Cristia- nismo primitivo (foto). No estudo, que o leitor verá nas páginas centrais desta edi- ção, o autor fala também dos textos que Divaldo psicografou de dois conhecidos Espíritos – Irmão X, pseudônimo usado pelo escritor Humberto de Campos, e Manoel Philomeno de Miranda, que vem focali- zando como poucos o tema da obsessão e dos transtornos psi- quiátricos. Págs. 8 e 9

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 56 Nº 663 Maio de 2009 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Dois anos da revistaO Consolador

O Espiritismo nos mostra com clareza que“fora da caridade não há salvação”

Em entrevista concedidaa este jornal, algo raro navida deste periódico, o con-frade Hugo Gonçalves(foto), 95 anos, fundador ediretor do jornal O Imortale diretor do Lar InfantilMarília Barbosa, focaliza,entre diversos assuntos, otema da caridade. Nosso es-timado confrade, apesar daidade avançada, continua em ple-na atividade, lúcido, espirituoso ebastante vivaz, como mostra a en-trevista.

Aluno e discípulo de CairbarSchutel, conviveu longo tempocom o grande missionário de Ma-tão (SP) desde os primeiros mo-mentos de sua atual existência, vis-to que foi de Cairbar que recebeuo primeiro tapa. “O seu Schutel –diz ele – era um farmacêutico cre-

denciado, um conhecimento pro-fundo, muito querido, em Matão-SP. Quando minha mãe estavapara me trazer ao mundo, a par-teira deveria estar meio apurada,o parto estava difícil, o Schutel foichamado e eu nasci, foi ele quemme deu o primeiro tapa. Aí ele quispôr-me o nome de Victor Hugo,mas minha mãe não gostou muito,ficou o Hugo, só. Isso foi em 6 deoutubro de 1913.” Pág. 16

Fundada e dirigida por JoséCarlos Munhoz Pinto e AstolfoOlegário de Oliveira Filho, ambosradicados em Londrina, a revistaespírita eletrônica O Consolador,que circulou pela primeira vez narede mundial de computadores em

18 de abril de 2007, comemorouno mês passado 2 anos de vida. Arevista, que é redigida exclusiva-mente para circulação na internet– www.oconsolador.com – tem lei-tores em 83 países dos cinco con-tinentes. Pág. 3

A Comunhão Espíritachega aos 22 anos

Fundada no dia 17 de abril de1987, sob a inspiração do Espíri-to da saudosa médium Yvonne A.Pereira, a Comunhão EspíritaCristã de Londrina completou22 anos de existência, no mêspassado. Com instalações própri-as localizadas em dois endereços:Rua Tadao Ohira, 555 - Jardim

Perobal e Rua Guararapes, 331 -Jardim Higienópolis, na regiãocentral de Londrina, a adminis-tração da Comunhão é confiadaa um presidente – o atual é o con-frade Francisco Ontivero – coad-juvado pelo secretário geral epelos diretores de quatro depar-tamentos. Pág. 6

A obra psicográfica de Divaldoe suas peculiaridades

Diferentes temas e estilos li-terários marcam, como sabemos,a obra psicográfica do médiumDivaldo F. Franco (foto), assun-to esmiuçado por nosso confradeWashington Luiz N. Fernandes,de São Paulo (SP).

A Revue Spirite há 140 anos ......................... 15Arthur Bernardes de Oliveira ....................... 10Celso Martins ............................................... 13Claudia Schmidt ........................................... 10Crônicas de Além-Mar ................................. 12De coração para coração ................................ 4Divaldo responde ............................................ 5Editorial .......................................................... 2Emmanuel ....................................................... 2Espiritismo para crianças ............................. 14Eugênia Pickina ............................................ 12Grandes vultos do Espiritismo ....................... 7Histórias que nos ensinam ............................ 13Jane Martins Vilela ....................................... 13Joanna de Ângelis ........................................... 2José Viana Gonçalves ................................... 12Leonardo Machado ......................................... 5Palestras, seminários e outros eventos ......... 11Vladimir Polízio ............................................. 5Waldenir Aparecido Cuin ............................. 10

Ainda nesta ediçãoOs jogos de azarno meio espírita

A ideia de se utilizarjogos de azar, como rifas,vísporas e bingos, paracaptação de recursos des-tinados à manutenção dasobras assistenciais espíri-tas, sempre esteve asso-ciada, em nosso meio, àinfluência de pessoas quemigraram do Catolicismopara o Espiritismo trazen-do consigo uma naturalpredisposição para essas

práticas, tão comuns noseventos católicos.

Com efeito, nas festasorganizadas pela Igreja,como as comemoraçõesdo Mês de Maria, temsido muito forte, sobretu-do nas comunidades dointerior, o recurso aosbingos, esquecidos todosdos malefícios inerentesa essa modalidade dejogo. Pág. 4

Em seu arti-go, o confradepaulista analisaalguns temas eestilos literários,absolutamente di-ferentes, contidosnos livros psico-grafados pelo mé-dium DivaldoFranco, ditadospor diversos Au-tores Espirituais,como a literata baiana Amélia Au-gusta Sacramento Rodrigues, queescreveu oito livros por intermédiode Divaldo, e em todos adotou aforma de narrações evangélicas demuita beleza, atendendo o vocabu-lário bíblico e a história do Cristia-nismo primitivo (foto).

No estudo, que o leitor veránas páginas centrais desta edi-

ção, o autor fala também dostextos que Divaldo psicografoude dois conhecidos Espíritos –Irmão X, pseudônimo usadopelo escri tor Humberto deCampos, e Manoel Philomenode Miranda, que vem focali-zando como poucos o tema daobsessão e dos transtornos psi-quiátricos. Págs. 8 e 9

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O IMORTALPÁGINA 2 MAIO/2009

EditorialEMMANUEL

Deus, na sua bondade e justi-ça, permite a nós que sejamosperdoados. E apenas nos pedeque não incorramos nos mesmoserros. Jesus, representante da di-vina Providência na Terra, segun-do as narrativas evangélicas,exerceu inúmeras vezes a subli-me indulgência, acompanhadado conselho que previne novasquedas.

É preciso entender que operdão não exime a pessoa daresponsabilidade. O Espiritis-mo nos ensina que é precisoexpiar e reparar o mal cometi-do. O perdão significa queDeus nos aceita como somos,compreende nossos erros se-gundo nossas motivações, e,como bom pai, nos amparapara que nos reergamos e pos-samos seguir em frente no ca-minho do bem. O perdão é omagnânimo amparo e o estí-mulo ao bem.

Quem de nós pode se gabarde nunca ter falhado? E mais,quem de nós pode dizer de cons-ciência tranquila que nunca in-

Naturalmente, porque estessão dias de insatisfação, as pes-soas que de ti se acercam tra-zem, quase sempre, comentári-os negativos e observações de-primentes.

Surgem, nas conversas, apon-tamentos depreciativos que cha-muscam a honra alheia, quandonão lhes atiram lama na condutaque invejam.

Intrigas urdem vinganças sór-

Em companhia do espírito deserviço, estaremos sempre bemguardados.

A Criação inteira nos rea-firmaesta verdade com clareza absolu-ta.

Dos reinos inferiores às maisaltas esferas, todas as coisas ser-vem a seu tempo.

A lei do trabalho, com a divi-são e a especiali-zação nas tarefas,prepondera nos mais humildes ele-mentos, nos variados setores daNatureza.

Essa árvore curará enfermida-des, aquela outra produzirá frutos.

Há pedras que contribuem nacons-trução do lar; outras existemcalçando os caminhos.

O Pai forneceu ao filho homema casa planetária, onde cada obje-to se encontra em lugar próprio,aguar-dando somente o esforçodigno e a palavra de ordem, paraensinar à criatura a arte de servir.

Se lhe foi doada a pólvora des-tinada à libertação da energia e sea pólvora permanece utilizada porinstrumento de morte aos seme-

Vai e não peques maiscorreu nos mesmos erros? É denossa natureza que repitamos ocomportamento cristalizadopelo hábito de inúmeras reencar-nações. Quebrar a rotina dos er-ros é um dos objetivos da exis-tência quando adquirimos aconsciência de nossos atos. Aideia fixa é a responsável pelasalienações, pelas obsessões epela repetição de comportamen-tos arraigados. Daí a tão faladaluta que travamos contra o ho-mem velho.

Lutar contra a personalida-de que construímos em gera-ções e acalentamos, ciosos denós mesmos pelo nosso orgu-lho e egoísmo, eis o grande de-safio.

De fato, nas reencarnaçõessucessivas, as primeiras vivên-cias encontravam no orgulho eno egoísmo uma virtude, ouuma necessidade. Mas com odesabrochar da consciência,essa virtude transmuta-se emvício quando percebemos queo outro é alguém que tem omesmo direito à felicidade que

nós temos. Então, ao descobrir-mos a irmandade, ao perceber-mos que somos todos criaturasde um mesmo Pai, inicia-seessa luta contra o atavismo denosso comportamento, contraas viciações dos hábitos adqui-ridos sob a orientação do orgu-lho e do egoísmo.

E nesse caminho tortuosodescobrimos o perdão. Deus nosafaga docemente, acalenta nos-sos corações, concede-nos o le-nitivo para as dores da alma, ediz simplesmente: “Vai e nãopeques mais”.

Que possamos compreen-der a profundidade dessas pa-lavras e gravar o “não pequesmais” na consciência e no co-ração.

Quebrar a rotina dos erros énecessário ao progresso moral,além de garantir que as situaçõesnovas que Deus nos dá perma-neçam favoráveis ao nosso de-senvolvimento.

Podemos pedir perdão, masprecisamos estar dispostos a nãopecarmos mais.

Um minuto com Joanna de Ângelisdidas, entre sorrisos e sarcasmos,gerando inquietação, soprandosuspeitas ignóbeis.

Assuntos triviais tomam otempo e expressões chulas, comanedotário vulgar, entorpecem arazão, mantendo psicosfera do-entia.

*Quando te vejas envolvido

pelo clima das conversaçõesnefastas, muda de assunto,

Antes de servir

lhantes, isto corre por conta do usu-frutuário da moradia terrestre, por-que o Supremo Senhor em tudosugere a prática do bem, objetivan-do a elevação e o enriquecimentode todos os valores do PatrimônioUniversal.

Não olvidemos que Jesus pas-sou entre nós, tra-balhando.

Examinemos a natureza de suacooperação sacrificial e aprenda-mos com o Mestre a felicidade deservir santamente.

Podes começar hoje mesmo.Uma enxada ou uma caçarola

constituem exce-lentes pontos deinício.

Se te encontras enfermo, demãos inabilitadas para a colabora-ção direta, podes principiar mes-mo assim, servindo na edificaçãomoral de teus irmãos.

JOANNA DE ÂNGELIS,mentora espiritual de Divaldo P.Franco, é autora, entre outros li-vros, de Episódios Diários, doqual foi extraído o texto acima.

propõe tema diferente, conci-liador, edificante, substituindoa vulgaridade e o pessimismo,que devem ceder espaço ao co-nhecimento da beleza e da ver-dade.

As conversas vis envenenamaqueles que as sustentam, en-quanto vilipendiam vidas outrasque padecem constrições e vi-vem situações difíceis buscandosuperá-las a contributo de muitosacrifício.

Seja tua a palavra de gentile-za e de esperança em qualquersituação. Entretece comentáriosrespeitosos e educa os que tecompartem as palavras, gerandootimismo e fraternidade a todomomento.

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EMMANUEL, que foi omentor espiritual de FranciscoCândido Xavier e coordenador daobra mediúnica do saudoso mé-dium mineiro, é autor, entre outroslivros, de Pão Nosso, do qual foiextraído o texto acima.

“Bem como o Filho do homem não veiopara ser servido, mas para servir.” — Jesus.

(Mateus, capítulo 20, versículo 28.)

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O IMORTALMAIO/2009 PÁGINA 3

A revista eletrônica O Consola-dor, fundada e dirigida por JoséCarlos Munhoz Pinto e AstolfoOlegário de Oliveira Filho, ambosradicados em Londrina, circulou pelaprimeira vez, na rede mundial de com-putadores, em 18 de abril de 2007.Comemorava-se, então, uma data im-portante para os espíritas – os 150anos de publicação d´O Livro dosEspíritos, a principal obra de AllanKardec e da Doutrina Espírita.

A ideia de criação da revista foiconcebida um mês antes e todos oscontatos, os planos, os entendimen-tos entre sua direção e todos oscolaboradores se fizeram pelainternet. Sem formato impresso,como originalmente concebida, arevista valia-se do mesmo proces-so para atingir em pouco tempo oscinco continentes do globo.

No instante em que ela comple-ta dois anos, seus diretores dizem quetudo foi possível graças, primeira-mente, ao Pai, que jamais nega opor-tunidade aos que desejam trabalharna vinha do Senhor, e, em segundolugar, aos companheiros que dos vá-rios cantos do Brasil e também doexterior enviam suas colaborações,suas ideias, sua contribuição valiosapara que o projeto da revista sigaadiante, como de fato tem seguido.

Uma revista de dois anos é, comose dá com as crianças, uma institui-ção ainda frágil e que, por isso mes-mo, necessita do apoio dos outros.Valendo-se da colaboração de mui-tos voluntários, a revista é a soma dosesforços de todos eles e é assim quese mantém e que, sem dúvida, pros-seguirá por muitos e muitos anos.

Nestes dois anos trabalhou-semuito para pôr cada edição na rede,mas o resultado alcançado superoutodas as expectativas, como mos-tram os números adiante, os quaisdão, melhor do que as palavras,uma ideia do alcance que a revistaobteve e dos benefícios que certa-mente proporcionou a tanta gente.

ANGÉLICA [email protected]

De Londrina

Downloads de textos – De 18 deabril de 2007 a 31 de março de 2009,foram efetuados 382.690 downloadsdas matérias publicadas pela revista,um número cuja média diária só vemcrescendo.

Era 315 em 2007, passou a 634em 2008 e atingiu a marca de 771em 2009. Somente no mês de marçodeste ano, foram 24.600 downloads,com média diária de 793.

Impressões de páginas – No

A revista O Consolador comemora dois anos

mesmo período citado, foram reali-zadas 1.874.276 impressões de pági-nas da revista, um número expressi-vo cuja média diária, que era de 1.421impressões em 2007, atingiu em 2009a marca de 4.054 impressões.

Apenas em março último, ocor-reram 143.528 impressões, com mé-dia diária de 4.630 impressões.

Somando-se os downloads e asimpressões, a média diária, apenasem março, foi de 5.423, totalizando

no mês o expressivo número de168.128 ocorrências, sem contar osacessos ou visitas.

Países que já acessaram a revistaaté 31/3/2009 – No total foram 83, dis-tribuídos pelos cinco continentes, os pa-íses em que houve acesso à revista, des-de seu lançamento até o mês passado.

Eis a relação completa dessespaíses:

Oceania: 4 países – Austrália,Nova Zelândia, Samoa e Tuvalu.

Dois anos depois de fundada, a revista leva, por meio da internet, a mensagem espírita a 83 países dos cinco continentes do globoÁfrica: 10 países - Seychelles,

Moçambique, Marrocos, África doSul, Costa do Marfim, Angola,Gana, Gabão, Togo e Benin.

Ásia: 16 países - Japão, Tur-quia, China, Tailândia, EmiradosÁrabes Unidos, Vietnã, Indonésia,Índia, Israel, Taiwan, Cingapura,Coreia do Sul, Sri Lanka, Filipinas,Malásia e Síria.

América: 20 países - Brasil, Esta-dos Unidos da América, Canadá, Ar-gentina, México, Peru, Colômbia, Chi-le, Uruguai, Paraguai, RepúblicaDominicana, Bolívia, Guatemala,Aruba, Costa Rica, Venezuela, Nica-rágua, Cuba, Equador e Ilhas Cayman.

Europa: 33 países - Portugal,Suíça, Áustria, Alemanha, Holan-da, Bélgica, Itália, Noruega, Rei-no Unido, França, Espanha, Sué-cia, Islândia, Finlândia, Estônia,Eslovênia, Luxemburgo, Croácia,Grécia, Romênia, Bulgária, Rússia,Polônia, Dinamarca, Hungria, Ir-landa, Lituânia, República Checa,República Eslovaca, Andorra,Chipre, Mônaco e Bielo-Rússia.

Ranking dos 10 países em quemais se lê a revista – No rankingdos países que mais leem a revista,Brasil e Estados Unidos figuramnos primeiros lugares, vindo a se-guir Portugal, que é, como se sabe,o país estrangeiro em que o Movi-mento Espírita está mais consoli-dado.

Eis a relação dos 10 países,conforme o número de visitas com-putadas:• Brasil• Estados Unidos da América• Portugal• Japão• Holanda• México• Canadá• Argentina• Suíça• Alemanha.

Nota: Todos os dados acimamencionados foram extraídos dosrelatórios fornecidos pelaLocaweb, administradora do site.O site da revista O Consolador éwww.oconsolador.com

Ilustração que mostra os continentes em que a revista é lida

Capa da edição comemorativa dos 2 anos da revista

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O IMORTALPÁGINA 4 MAIO/2009

De coração para coração

O confrade Altivo Ferreira,vice-presidente da Federação Es-pírita Brasileira, relatou certa vezem Curitiba, num simpósio sobreo Centro Espírita, um fato queocorreu na cidade de Santos, ondedeterminada instituição espírita,às voltas com grandes dificulda-des financeiras, decidiu realizarum bingo.

Evidentemente, as pessoas quea frequentavam dispuseram-se aajudar. Dentre elas, um casal, quejamais assistira a um bingo, com-prou cartelas para si e também paraseus filhos. E na data aprazada láestavam, todos eles, para partici-par daquilo que se tornou uma au-

têntica festa, tantos foram os ami-gos reunidos.

O casal gostou tanto do que viuque, a partir de então, jamais per-deria uma rodada de bingo, ondequer que ele se realizasse.

Altivo comentou na oportunida-de que bastaria esse dado para anu-lar os possíveis resultados financei-ros proporcionados pelo bingo, umtipo de promoção que, além de ile-gal, foi objeto de oportuna adver-tência feita por André Luiz num deseus livros.

A ideia de se utilizar jogos deazar, como rifas, vísporas ebingos, para captação de recursosdestinados à manutenção das

obras assistenciais espíritas, sem-pre esteve associada, em nossomeio, à influência de pessoas quemigraram do Catolicismo para oEspiritismo trazendo consigouma natural predisposição paraessas práticas, tão comuns noseventos católicos.

Com efeito, nas festas organi-zadas pela Igreja, como as come-morações do Mês de Maria, é sidomuito forte, sobretudo nas comuni-dades do interior, o recurso aosbingos, esquecidos todos dos ma-lefícios inerentes a essa modalida-de de jogo.

Em nosso meio, embora essatendência não esteja de todo erra-dicada, dirigentes e trabalhadorestêm no livro Conduta Espírita, deAndré Luiz, um roteiro seguro queassevera ser um equívoco associarjogos de azar aos eventos espíritas,mesmo quando a finalidade seja

O jogo de azar como fonte de recursosASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO - [email protected]

De Londrina

Fábio fez-nos a seguinte obser-vação: – Já ouvi diversas vezes pes-soas reportar-se ao caráter consola-dor do Espiritismo. Gostaria quevocê falasse algo a respeito.

Certa vez perguntaram à co-nhecida confreira Guiomar Alba-nese, dirigente do Centro EspíritaPerseverança, da Capital paulista,qual era, dentre as aflições huma-nas, a que mais sofrimento causa-va nas pessoas que ela atendeu aolongo da vida.

D. Guiomar não teve dúvida erespondeu que, de todas as afliçõesque acometem as pessoas que bus-cam a Casa espírita, o que maisperturba a criatura humana não é aaflição ou a dor em si mesma, maso desconhecimento dos motivospelos quais as pessoas sofrem.

Como sabemos, muitos quechegam ao Espiritismo são a issomotivados pela dor, pelo sofri-mento, pelas aflições, que muitasvezes parecem insuportáveis atéque se lhes conhece a gênese, aorigem, um dado importante paraque a resignação acompanhe osmomentos difíceis.

É nisso que se revela o caráterconsolador do Espiritismo, que pro-cura nos tempos modernos cumprira prometa feita por Jesus acerca doConsolador, que o Pai enviaria emseu nome para dar continuidade àtarefa iniciada com o Evangelho.

É esse caráter que encanta eprende as pessoas que tomam con-tato com a Doutrina Espírita.

Doutrinadas por adversáriosgratuitos do Espiritismo, quandoelas entram numa Casa espíritaverificam que nada do que ouvi-ram dos detratores do Espiritismoé verdade. As palestras, os conse-lhos, as orientações são todasrevestidas da proposta de que é pre-ciso transformar-se e praticar obem, uma vez que no Evangelhoencontraremos sempre o caminhopara sermos efetivamente felizes.

Muitas vezes o problema, adificuldade ou a dor continuam navida da pessoa, mas seu entendi-mento é, graças ao conhecimentoespírita, inteiramente diferente etorna-se geralmente o fundamen-to de uma resignação que noutrostempos talvez fosse impossível.

O Espiritismo responde

louvável. Mas a tentação de realizá-lo é muito grande visto que, comose sabe, um bingo bem realizado –e apenas um – é capaz de propiciarrecursos para erguer uma obra in-teira, enquanto as campanhas habi-tuais no meio espírita conseguemarrecadar muito pouco, aumentan-do o trabalho dos que se propõem arealizar alguma coisa.

Um dia, com toda a certeza, aspessoas vão se conscientizar dosperigos que representa o jogo deazar, como, por sinal, parece es-tar ocorrendo no seio da própriaIgreja.

Anos atrás, o padre Ivani Leo-nardi, coordenador da Pastoral doDízimo em Curitiba, liderou umacampanha no sentido de que as pa-róquias da Capital de nosso Estadonão mais recorressem ao bingo eprocurassem manter-se tão-somen-te com os recursos do dízimo e com

promoções em que não estejam pre-sentes jogos de azar.

Em sua paróquia, por exemplo,segundo o padre Leonardi, os recur-sos eram auferidos com almoçoscomunitários, jogos infantis, camaelástica, venda de artesanato e apre-sentações culturais, um exemploque deveria ser seguido pelas insti-tuições espíritas, ainda que se tenhade trabalhar um pouco mais, umesforço que será, sem dúvida, re-compensado pelos amigos espiritu-ais, que ficariam contentes se noslembrássemos de que viemos aomundo para progredir e cooperar noprogresso do próprio mundo.

Quando tivermos essa ideia bempresente em nossa mente, com cer-teza entenderemos que os fins nãojustificam os meios e que é precisoter mais seriedade naquilo que pro-pomos e fazemos em nome do Es-piritismo.

No tocante à colocação do pro-nome átono em relação ao verbo, jános referimos aqui à próclise, nomeque se dá quando o pronome átonovem antes do verbo. Se o pronomeátono vier depois do verbo, eis aênclise. Mesóclise ou tmese é onome utilizado quando ocorre a in-tercalação do pronome átono emum verbo. Exemplos: amar-te-ei,dir-te-ei, vendê-lo-ia, contar-lhe-ia.

Há situações em que a prócli-se é incabível, como, por exem-plo, no início de uma oração. Nin-guém, salvo na conversação infor-mal, dirá: “Lhe dei o recado, con-forme pediram”, mas sim: “Dei-lhe o recado, conforme pediram”.

De acordo com o exemplo ci-tado, não cabendo a próclise, usa-se a ênclise, como se vê nestesexemplos:

– Mandaram-me um claro avi-so (e não: Me mandaram um cla-

Pílulas gramaticaisro aviso)

– Ajude-me nesta tarefa (e não:Me ajude nesta tarefa).

Não cabendo a próclise e nãosendo possível a ênclise, a soluçãoé intercalar o pronome átono noverbo, ou seja, a mesóclise. É o queocorre nos casos em que lidamoscom as formas verbais do futuro dopresente e do futuro do pretérito e,ao mesmo tempo, não é possívelusar a próclise .

Exemplos:- Mandar-te-ei amanhã a enco-

menda (em vez de: Mandarei-teamanhã a encomenda).

- Contar-lhe-ei tudo o que acon-teceu (em vez de: Contarei-lhe tudoo que aconteceu).

- Dir-te-ei quem é o culpado (emvez de: Direi-te quem é o culpado).

*Como o leitor pode não estar

familiarizado com o significado das

expressões “futuro do presente” e“futuro do pretérito”, eis algunsexemplos das formas verbais detrês verbos que usamos muito nocotidiano:

Dizer:Futuro do presente: direi, di-

rás, dirá, diremos, direis, dirãoFuturo do pretérito: diria, diri-

as, diria, diríamos, diríeis, diriam.Amar:Futuro do presente: amarei,

amarás, amará, amaremos, ama-reis, amarão.

Futuro do pretérito: amaria,amarias, amaria, amaríamos,amaríeis, amariam.

Sorrir:Futuro do presente: sorrirei,

sorrirás, sorrirá, sorriremos,sorrireis, sorrirão.

Futuro do pretérito: sorriria,sorririas, sorriria, sorriríamos,sorriríeis, sorririam.

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O IMORTALMAIO/2009 PÁGINA 5

Esquecimento do malmente, somos convocados a re-capitular velhas experiênciasque nos pareciam definitivamen-te esquecidas.

Laços de afeição e ódio en-cadeiam-nos, de novo, nos inte-resses mútuos e, quase sempre,incêndios devastadores nos re-volvem a alma, nas mais recôn-ditas profundezas do nosso ser,compelindo-nos à revisão de nos-sos valores.

Só o esquecimento do malconsegue pacificar o terreno re-volto de nosso espírito, possibi-litando novas plantações.

Só a compreensão é capaz derealizar o milagre de nossa re-sistência na subida escabrosa.

Assim, pois, não nos esque-çamos do perdão que apaga to-das as culpas e do bem que nosrenova o ser, a fim de que nosconvertamos em verdadeiros ins-trumentos do Mestre e Senhor.

Quase sempre falamos acer-ca do Evangelho como quem sereporta ao maravilhoso país quenossos pés jamais pisarão.

Destacamos o ensinamentodo Cristo para os outros comfacilidade assombrosa e acre-ditamos que ao nosso compa-nheiro de ideal competem tes-temunhos mais importantes defé e aplicação, mas o curso doaperfeiçoamento espiritualatinge-nos a todos e aparece,invariavelmente, à hora de nos-sas demonstrações práticas daslições recebidas. Nenhumaprendiz é esquecido e, quanto

Esta mensagem foi enviadapor Meimei, personagem quedeixou a Terra em 1946, a ChicoXavier, e fala do amor, do res-peito e do compromisso que aspessoas têm em relação à famí-lia, quando laços fortes unem aspessoas, especialmente no planoconjugal, onde as diferenças eresgates são registrados, sob abênção da grande Lei de Causae Efeito.

“Deus nos abençoe.De almas entrelaçadas no

mesmo ideal e na mesma espe-rança, avançamos sob o patro-cínio do Senhor.

Nem todos os dias são demarcha regular.

Momentos surgem nos quaistemporais arrasadores desabamentre nós, mas há sempre luz deDeus nas sombras que procuramenvolver-nos e nova claridadenos banha o coração.

Estou satisfeita de tudo, nocaminho em que prosseguimosviagem.

Somos viajores que chegamde longe. Reagrupados no tem-plo da família ou no campo deluta social, achamo-nos à frenteuns dos outros com sagrados im-perativos no reajuste.

Disfarça-nos o manto da car-ne, mas as circunstâncias rea-proximam-nos. E, irresistivel-

maior o progresso no conheci-mento, mais rápida a convoca-ção de serviço em que o discí-pulo será conduzido à integra-ção com o Mestre.

Quando o sofrimento visitara sua alma, guarde silêncio e as-sinale a bênção divina de que ador se faz emissária e bendita.

Enquanto a árvore se mantém

no nascedouro, as questões quea envolvem são muito simples. Àmedida que se desenvolve, con-tudo, exigências numerosas davida lhe impõem pesados tribu-tos.

A fonte, no manancial, é cris-talina e singela, mas tão logodesliza sobre o leito que a terralhe oferece, experimenta a

O feto não é uma coisa

Em um artigo anterior, escre-vi que a Doutrina Espírita enten-de o início da vida humana nomomento da fecundação e que,de fato, a Embriologia, total-mente independente do Espiri-tismo, considera o zigoto únicoe capaz de comandar sozinho oseu desenvolvimento.

Neste, portanto, aprofun-dando a questão, convido-tepara uma análise mais detidasobre quando começa a vida,verificando que o feto não éuma coisa, como algumas ve-zes a antiga ciência queriamostrar, nem muito menos umaparte do corpo materno. Aliás,Platão já dizia, antes mesmo doavanço da anatomia humana,“o feto é uma criatura viva, quese nutre e se move nas cavida-des do corpo materno”.

Neste sentido, verificaremosque, realmente, o artigo 5º daConstituição Brasileira garante“a inviolabilidade do direito àvida”, e o artigo 4º do CódigoCivil afirma: “a personalidadecivil do homem começa pelonascimento com vida, mas a leipõe a salvo, desde a concepção,os direitos do nascituro”.

Por sua vez, a psicanalistabrasileira, Joanna Wilheim, ex-

ça, apela-se a ela na hora em quea adolescente engravida, alegan-do-se a sua imaturidade. Quan-do não se conscientiza o ser,busca-se ela no momento emque a gravidez é inesperada, ape-lando-se para a inconveniência.Quando o egoísmo campeia,olha-se para ela para se preser-var uma carreira ou para se ocul-tar um adultério. Quando a faltade planejamento econômico im-pera por parte do governo, eisque ela surge, falsamente piedo-sa, pretendendo salvar das do-res uma família já muito pobre.

Quaisquer porém que sejamos motivos para a provocação deum aborto intencional, deve-selembrar, antes de pensar emfazê-lo, que o feto merece amesma atenção dada a uma cri-ança (O Livro dos Espíritos, per-gunta 360).

Assim, caro (a) leitor (a),aprende a olhar para este ser comamor, pois ele não é uma coisa.Se, porventura, já escolheste an-tes este caminho, não te deixesficar na culpa, sempre prejudi-cial. Desenvolve em ti a cora-gem e prossegue. O futuro sem-pre pode nos reservar um ma-nancial de bênçãos, e, o passa-do, um livro de aprendizado. Lêportanto o teu passado e, com elee com estes conhecimentos aci-ma expostos, constrói um por-vir mais feliz.

plica, em seus escritos: “qualquerexperiência ocorrida no feto, des-de a formação de cada uma desuas células, fica retida numamatriz básica inconsciente, na me-mória celular”. Assim, segundo aestudiosa da psique, desde osprimórdios da vida intra-uterina,o feto já pode perceber o som, en-golir, sonhar, reconhecer a voz damãe e apresenta sinais de compor-tamento, expressando estadosemocionais de agrado e desagra-do.

Além disso, como elucida amédica e psicanalista italiana,Alessandra Piontelli, este padrãode comportamento fetal continuaa ser observado no período pós-natal. Por exemplo, explica ela,“gêmeos que brigavam continua-ram a brigar da mesma maneiraaté os 4 anos de idade”.

Vale a pena, desse modo, lem-brar da fala poética de KahlilGibran: “vossos filhos não sãovossos filhos/... /Vêm através devós, mas não de vós/ E emboravivam convosco não vos perten-cem”, porque, realmente, o fetonão é uma coisa, ou um braçomaterno, mas um ser que quer vi-ver.

A abortação, na verdade, é oreflexo da falência ético-moral deuma sociedade. Toda vez que es-tas caem, ela surge como soluçãofácil, porém ilusória.

Quando não se educa a crian-

LEONARDO [email protected]

De Recife, PE

VLADIMIR POLÍ[email protected]

De Jundiaí, SP

Divaldo responde– Qual deve ser, à luz do Es-

piritismo, a posição de uma jo-vem e sua família diante de umagravidez originada de um estu-pro?

Divaldo Franco – Emboralamentável e dolorosa a circuns-tância traumática da ocorrência,é dever da jovem e dos seus fa-miliares manterem a gravidez,auxiliando o Espírito que sereencarna em situação aflitiva e

angustiante. Compreende-se ador da vítima e dos seus familia-res, no entanto, não se tem o di-reito de matar o ser reencarnanteque necessita do retorno naquelamaneira, a fim de crescer paraDeus. Não raro, esses seres querenascem nessa conjuntura tor-nam-se amorosos e profunda-mente agradecidos àqueles quelhe propiciaram o recomeço ter-restre: a mãe e os familiares.

(Extraído de entrevista concedida ao jornal O Imortal, publicadaem maio de 2008.)

visitação dos detritos que adensificam e poluem, até que omal a recolha em seu seio.

Desvalorize quanto possí-vel tudo aquilo que o mundopersegue como fator de felici-dade transitória na esfera ma-terial e valorize o nosso tesou-ro invisível de ternura e com-preensão”.

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O IMORTALPÁGINA 6 MAIO/2009

Fundada no dia 17 deabril de 1987, sob a ins-piração do Espírito dasaudosa médium YvonneA. Pereira, completou 22anos de existência, nomês passado, a Comu-nhão Espírita Cristã deLondrina, sociedade ci-vil de caráter filantrópico,sem fins lucrativos, cominstalações próprias loca-lizadas em dois endere-ços: Rua Tadao Ohira,555 - Jardim Perobal eRua Guararapes, 331 -Jardim Higienópolis, quese situa bem próximo daregião central de Londri-na.

A administração da Co-munhão é confiada a umpresidente – o atual é oconfrade FranciscoOntivero – coadjuvadopelo secretário geral e pe-los diretores de quatro de-partamentos: Escola-Oficina “Pes-talozzi”, Departamento de Divul-gação e Difusão Doutrinária, De-partamento de Promoção Social“Vô Olympio” e Núcleo de Estu-dos Espíritas “Yvonne A. Pereira”.

A instituição funciona comouma Casa Espírita como as de-mais, com estudos, palestras,evangelização infantil, biblioteca,livraria, com a diferença de queé nela muito forte a preocupaçãosocial, tarefa que é desenvolvidapor dois departamentos, com des-taque para a Escola-Oficina “Pes-talozzi”, que completará em maiopróximo 12 anos de existência.

A Escola-Oficina, como sesabe, foi construída com recursosvindos da Alemanha e sua manu-tenção é garantida por três dife-rentes fontes: subvenção munici-pal, contribuições mensais de pa-

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

Comunhão Espírita Cristã deLondrina, 22 anos de vida

drinhos e doações de pessoas situ-adas no Brasil e na Alemanha.

A ênfase dos trabalhos doutri-nários se dá nos finais de semana

No tocante às atividades dou-trinárias, a ênfase dos trabalhos sedá nos finais de semana, com reu-niões de estudo, palestra, passes eevangelização infantil no sábado àtarde e no domingo de manhã, nasede localizada no Jardim Perobal,além de palestras e passes, aos do-mingos de manhã, no prédio situ-ado na Rua Guararapes. As reuni-ões do Círculo de Leitura AnitaBorela de Oliveira, fundado em1996, são também atividades liga-das à instituição, embora suas reu-niões se realizem nas residênciasdos próprios participantes. .

Outro trabalho importante rea-liza-se no Jardim Perobal às terças-feiras à tarde, com os cursos desti-

nados às gestantes, umadas primeiras atividadesrealizadas pela instituiçãodesde os primórdios deseu funcionamento. Noscursos para as gestanteshá, também, a assistênciaespiritual, palestras, pas-ses, além das atividadesespecíficas destinadas àpreparação das novasmães, jovens residentesnas imediações da insti-tuição, que abrange vári-as comunidades bastantecarentes da cidade.

A atuação da Escola-Oficina Pestalozzi, volta-da principalmente para aformação profissional dejovens carentes, é realiza-da há vários anos, de se-gunda a sexta-feira, emdois endereços – na RuaTadao Ohira, 555 - JardimPerobal, e na Rua Guara-rapes, 331 - Jardim Higi-

enópolis.Ao todo, a Escola mantém no

momento 14 Oficinas em que sãoatendidos 280 alunos – 181 noJardim Perobal e 99 na Rua Gua-rarapes – Jardim Higienópolis. Aparticipação nas Oficinas é intei-ramente gratuita, porque os quedelas participam são pessoas so-cialmente carentes.

No Jardim Perobal são 7 Ofi-cinas – Trabalhos Manuais, Es-porte de Quadra, Ginástica Rít-mica, Capoeira, Música, Informá-tica e Hora do Canto. Na RuaGuararapes são também 7 Ofici-nas – Oficina da Beleza (Auxili-ar de cabeleireiro, manicuro, pe-dicuro e maquiagem), Cidadania,Informática Básica e Avançada,Artes, Inglês, Espanhol e Marke-ting Pessoal. (Angélica Reis, deLondrina.)

Um dia marcante na história da Comunhãoquando foi inaugurada a Escola-Oficina

Um dos momentos de festa realizadana Escola-Oficina Pestalozzi

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O IMORTALMAIO/2009 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Luiz Sérgio de CarvalhoLuiz Sérgio de Carvalho nasceu

na capital do Rio de Janeiro em 17de novembro de 1949, filho de Júliode Carvalho e de Zilda Neves deCarvalho. Passou três anos de suainfância em São Paulo, retornando aoRio de Janeiro em 1957. Aos onzeanos de idade, transferiu-se com seusfamiliares para Brasília, onde fixaramresidência. Alegre e extrovertido, sa-bia fazer amigos com rara facilida-de, sem distinguir idade, cor ou sexo.Apreciava a leitura e a música. Com-panheiro inseparável de seu irmãocursava as mesmas matérias na Fa-culdade. Era conhecido nos meios emque habitualmente frequentava peloapelido de “Metralha”, por falar mui-to depressa. Andava muito ligeiro.Convidado por colegas de serviço aviajar a São Paulo em um fim-de-se-mana, para assistir à primeira corri-da de carros “Formula 1”, que seriarealizada no Brasil , no autódromode Interlagos , aceitou, com o objeti-vo de ajudar a dirigir na estrada e re-ver os parentes que conhecera, prati-camente, no ano anterior, principal-mente a priminha Valquíria, comquem passara a corresponder-se. Se-guiram os quatro no Volkswagen. Aoregressarem, Luiz Sérgio dormia aolado de Roberto, que estava ao vo-lante, quando, na ultrapassagem deum coletivo, um buraco na estradaprovocou o rompimento de uma peçado carro, que se desgovernou, cau-sando o acidente. Roberto sofreuferimentos que provocaram a suainvalidez. Isso aconteceu na madru-gada de 12 de fevereiro de 1973, nasproximidades de Cravinhos, Estadode São Paulo. Os detalhes acimaapresentados foram relatados pelosdois companheiros que viajavam nobanco traseiro do veículo e nadasofreram. Somente em seu 7º livro,“O Voo Mais Alto” o próprio LuizSérgio descreve esse momento:

Sabe irmão Palário, quando merecordei que você sempre foi meu

amigo? No momento em que eu me-ditava sobre a violência na Terra,relembrei o meu desencarne, o meudesespero, a vontade de voltar aocorpo inerte, à indiferença deste, jáenrijecido ali no asfalto, insensívelao Espírito, que pensava ainda po-der manejá-lo. Pois surpreso fiqueiao constatar que em vez de um, ti-nha dois corpos. Foi aí, amigo, quevocê me deu apoio. A sua mão foi osustentáculo que me colocou em pé.

Quatro meses após sua morte, veioà primeira comunicação através damediunidade de Alayde de Assunçãoe Silva, residente em São Bernardo doCampo (SP). Em outubro de 1972,Luiz Sérgio, havia conhecido sua pri-ma de segundo grau Alayde, que jun-tamente com familiares, visitou seuspais em Brasília, depois de longosanos sem contato. Alayde, espírita mi-litante em SBC, possuía a mediuni-dade psicográfica, muito embora so-bre esse particular quase nada soubes-se. Ainda na última viagem a São Pau-lo que fez, visitou os parentes, sem,contudo avistar-se com ela.

Na primeira mensagem,seus pais tiveram a sensação

de sua presença

Após sua passagem, as duas fa-mílias aproximaram-se mais, o quetalvez tenha permitido a Luiz Sérgioo ensejo de perceber o vínculo espi-ritual a que poderia ater-se para o fimque almejava, isto é, a comunicaçãocom a família que deixara. Em suaprimeira mensagem, seus pais tive-ram a perfeita sensação de sua pre-sença e suas palavras ressoaram níti-das, como se ele ali estivesse contan-do tudo. Outras mensagens vieram,completando a primeira, trazendo anarração de sua vida no mundo queele encontrou. Seus pais começarama comentar com amigos, das mensa-gens, e surgiu a ideia de publicá-lasno suplemento espiritualista que

acompanhava aos domingos um jor-nal do Rio de Janeiro, de grande con-ceito e tiragem chamado Jornal dosSports. Grande foi o interesse des-pertado, de tal modo que seus paisresolveram juntar todas as comuni-cações em um só volume, para au-mentar o número dos que seriam fa-vorecidos pela oportunidade de pe-netrar nesse mundo que ele descre-via. Nasceu assim O MUNDO QUEEU ENCONTREI, editado em 1976,e NOVAS MENSAGENS editadoem 1978. A intenção de Luiz Sérgio,a princípio, era confortar os pais, pro-vando que ele vivia, dando notíciasde sua chegada ao plano extrafísicoe narrando as diversas experiênciaspor que estava passando. Mais tar-de, ao perceber que muitos mostra-vam interesse em suas mensagens,sentiu-se encorajado a prosseguir emsuas investigações, na esperança deampliar o círculo dos que, com ele,usufruiriam de seus resultados. O in-teresse dos leitores pelos ditados deLuiz Sérgio foi muito evidente, ani-mando seus pais, a despeito das difi-culdades financeiras, a editarem oterceiro livro em continuidade ao tra-balho já iniciado. Um fato novo veioalterar a estrutura desse livro, ou seja,a introdução de mais um médiumpsicógrafo: Lúcia Maria Secron Pin-to, residente no Rio de Janeiro. Comisso, houve mudança no teor dasmensagens, visto que Alayde narraàs experiências por que passa LuizSérgio no mundo espiritual, com vis-tas ao seu aperfeiçoamento, o quetraz uma série de informações impor-tantes, intercaladas de conselhos pro-veitosos, enquanto Lúcia disserta so-bre temas gerais destinados às pes-soas que estão aqui na Terra, ansio-sas por esclarecimentos e confortorelacionados às vicissitudes que avida material se lhes apresenta. Estetrabalho com o novo médium foi ini-ciado de maneira bastante curiosa.“”” “”” Em culto evangélico no lar,

realizado semanalmente, na casa deLúcia, foram lidas algumas mensa-gens de Luiz Sérgio publicadas nosuplemento “O Mundo Azul” anexa-do ao Jornal dos Sports todos os do-mingos. Um dos participantes da reu-nião, a senhora Olinda SobreiraEvangelista, interessou-se vivamen-te pelas mensagens e levou-as paraserem lidas por suas filhas, as jovensMárcia e Maria Eliza.

“Nada acontece por acaso”, disseele em sua primeira mensagem

Quando soube da publicação doprimeiro livro, Dª Olinda entrou emcontato com Dª Zilda Nunes de Car-valho, mãe de Luiz Sérgio e passoua divulgar a obra junto a pessoasmais próximas. Certo dia durante arealização do culto do lar, Lúcia tevea intuição de orientar Dª Olinda paraque iniciasse a mesma atividade emsua própria casa. Ao comentar comas filhas o ocorrido, Maria Eliza dis-se desejar que o mentor da nova reu-nião fosse Luiz Sérgio. Lúcia, con-sultada sobre esta intenção, achouimportante que se falasse com DªZilda. Esta por sua vez, escreveu àmédium Alayde pedindo que con-sultasse o Espírito de Luiz Sérgiosobre a possibilidade de sua atua-ção nesse sentido, já que tinha faci-lidade em comunicar-se com ele. Aofinal de algumas semanas, a respos-ta chegou. Luiz Sérgio afirmava terrecebido permissão para assumir ocompromisso, apesar de sua situa-ção de Espírito recém-desencarna-do e ainda passando por intenso pro-cesso de aprendizado. Recomendouo Espírito que estivesse presente ummédium psicógrafo à primeira reu-nião. Para esta tarefa apresentou-sea própria Lúcia, sem imaginar, noentanto, que este seria o começo deum trabalho de maior monta, que te-ria continuidade a partir dali. Lúcia,no Rio de Janeiro, psicografava na

residência de Dª Olinda, duranteo culto no lar ou nas reuniões emque participava no Centro Espíri-ta Amaral Ornellas.

Eis a primeira mensagem di-tada na residência de Dª Olinda em3 de agosto de 1978, psicografadapor Lúcia:

Deus abençoe a todos, indis-tintamente. Ainda não conheçointimamente cada um dos pre-sentes. Com o tempo, isso serápossível. Gostaria de dar umapalavrinha especial a cada um,mas não é possível. Quero agra-decer, em primeiro lugar, à Ma-ria Eliza, que foi o ponto de con-tato para minha afinização, comeste lar. Que ela continue firmee alerta, pois há muito a apren-der e a realizar.

D. Olinda, obrigado pela suaatenção e pelo carinho que temtipo por mim e por meus pais,principalmente auxiliando a divul-gação de minhas mensagens.

Você Márcia, vai longe, masnão tenha pressa. O material quevocê traz é de primeira qualidadee merece ser manuseado com mui-to carinho. Meu cumprimento aochefe da casa que, no momentonão está presente, mas que um diaserá “um dos nossos”. Quero queme recordem a meus pais. Seicomo se sentem por não estaremaqui. Nada acontece por acaso eeles devem ser pacientes e confor-mados. Estou vibrando o pensa-mento para eles. A você Lúciatambém agradece de coração edesejo que supere com coragemseus problemas atuais, pois hámuito trabalho pela frente que nãopode esperar.

Vamos em frente!Obrigado, gente boa! Obriga-

do, meu Deus, por não me desam-parares e me proporcionares maisuma grande alegria nesta novaetapa de minha evolução.

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Diferentes temas e estilos literários marcam a obra do médium

Vale a pena começar a analisaralguns temas e estilos literários,absolutamente diferentes, contidosnos livros psicografados pelo mé-dium Divaldo Franco, ditados pordiversos Autores Espirituais. Nes-te artigo faremos uma abordagemmais temática, suficiente para dardisso uma boa ideia.

A literata baiana Amélia Au-gusta Sacramento Rodrigues(1861 1926), nascida em Olivei-ra dos Campinhos, em SantoAmaro (BA), foi professora, po-etisa, tradutora e conferencista,deixando uma grande contribui-ção literária e cultural à Históriada Bahia. Ditou oito livros pormeio do médium Divaldo, e emtodos adotou a forma de narra-ções evangélicas de muita bele-za, atendendo o vocabulário bí-blico e a história do Cristianis-mo primitivo.

Consideremos alguns trechos,com várias citações específicas, sópara dar ideia:

“Jesus amava a Galileia e osseus filhos.

Afirmava, em Cafarnaum, queaquele era ‘o Seu povo’.

Ali exerceu o Seu ministério emclima de doação total e ternura.

A paisagem, rica de beleza ecor, as criaturas, sem atavios e sin-ceras, trabalhadoras e destituídasdas ambições aviltadoras toca-vam-Lhe os sentimentos sublimes.

Por isso, ao convocar o Colé-gio, reuniu onze discípulos gali-leus e apenas um da Judeia, Judas,de Kerioth, aquele que O trairia.

A mente, astuta e perquiridora,inquieta e desconfiada, desarmo-niza o sentimento, que se torna

suspeitoso, levando à perturbaçãoe insegurança.

Entre os discípulos, Judas sedestacava, por não lograr entrosa-mento emocional nem comporta-mental com aqueles filhos da terra,como às vezes, eram ironicamentetratados.

A presença dEle dava-lhes dig-nidade, erguia-os do anonimato eda pequenez para as cumeadas deum futuro inimaginável, irisado debênçãos.” (Amélia Rodrigues - Tri-go de Deus, LEAL/BA, 1ª ed., pág.93.)

Bem diferentes são as mensa-gens temáticas do Espírito Irmão X,que é Humberto de Campos Veras(1886-1934), em relação aos livrosdo Espírito Amélia Rodrigues. Elenasceu em Miritiba (MA) e desen-carnou no Rio de Janeiro (RJ). Foijornalista, cronista e memorialistade sucesso. Adquiriu maior prestí-gio como escritor quando publicoucontos humorísticos como Conse-lheiro XX. Pertenceu em vida àAcademia Brasileira de Letras, eescreveu várias crônicas por inter-médio de Divaldo.

“Simão Pedro! Meu Deus,é o Apóstolo Pedro! Sim,

tratava-se do extraordináriotrabalhador do Evangelho.”

A seguinte mensagem ele ditouao médium quando este estava fa-zendo palestras em Roma/Itália,coincidindo com o período dasagração do Papa João Paulo I, Car-deal Albino Luciani, em setembrode 1978. A mensagem se encontraem o livro A Serviço do Espiritis-mo, Ed. LEAL/BA. O Espírito nar-rou uma interessante e profunda crô-nica, que representou um diálogoimaginário, quando teria encontra-do o Apóstolo Pedro após a referi-da cerimônia religiosa:

“Terminada a pomposa celebra-ção, que tornava o cardeal AlbinoLuciani o Papa João Paulo I, o 264ºChefe da Igreja Católica Apostóli-ca Romana, ‘sucessor do príncipedos apóstolos, patriarca do Ociden-te, primaz da Itália, arcebispo emetropolita da província romana,soberano do Estado da Cidade doVaticano e servo dos servos deDeus’, a grandiosa Praça de SãoPedro, na cidade do Vaticano, foi,pouco a pouco, ficando deserta.

Sopravam os primeiros ventosoutonais. Quase imperceptivelmen-te, sob o zimbório de poucas estre-las, um vulto que pervagava, soli-tário, tomou o rumo da via da Con-ciliação, que leva ao Castelo deSanto Ângelo, sombriamente ergui-do nas terras úmidas do sonolentorio Tibre. Não sopitando a curiosi-dade, acerquei-me do viandante,que parecia mergulhado em profun-do cismar.

Ao identificar a personagemmelancólica, estuguei o passo e ex-clamei, reverente, emocionado:

- Simão Pedro! Meu Deus, é oApóstolo Pedro!

Sim, tratava-se do extraordiná-rio trabalhador do Evangelho.

Nem cortejo de anjos ou um sé-quito de santos se encontrava comele. Nenhum bem-aventurado ouquaisquer comitivas celestes se fa-ziam presentes. A indumentária detecido humilde, as sandálias de pe-regrino e a expressão de infinitaangústia, marcando-lhe a facecrestada e sulcada pelas antigas li-des e sacrifícios, eram a marca dosdias apostólicos nele revividos.

- Para onde ides, Senhor?- Para fora do Vaticano, retor-

nando às vias do sofrimento huma-no para servir a Jesus.

- Viestes à celebração da Missa- animei-me a indagar - e ao entro-nizamento daquele que será vosso

sucessor direto como Vigário doCristo, na Terra?

O Apóstolo, que dera a vida en-tre as traves de uma cruz tosca ebrutal, olhou na direção das imen-sas colinas e dos estupendos edifí-cios e, com voz pausada, repetindoo profeta galileu, afirmou:

- Sim. Fui notificado da soleni-dade e resolvi conhecê-la. Todavia,desde que cheguei, não encontrei,num momento sequer, a presença deJesus aqui. A opulência, o cerimo-nial, a liturgia recordaram-me ostransitórios valores do mundo...” -Irmão X (Humberto de Campos) -(A Serviço de Espiritismo, NilsonPereira/Divaldo, LEAL/BA, 1ª ed.pág. 127.)

“É lamentável que persistaa distância entre a terapia

psiquiátrica e apsicoterapêutica espiritual.”

Já o Espírito Manoel Philome-no Batista de Miranda (18761942), que nasceu em Conde(BA), trabalhou no comércio, tor-nou se espírita em 1914, tendosido um grande colaborador daUnião Espírita Baiana, em Salva-dor (BA). Ditou oito livros pormeio do médium Divaldo. Nessasobras explorou temas totalmentediferentes dos Espíritos acima co-mentados (Amélia Rodrigues e Ir-mão X), enfocando a obsessão e arelacionando-a com os problemaspsiquiátricos, valendo-se tambémde um vocabulário específico, cominúmeras citações históricas, aca-dêmicas e revelando profundo co-nhecimento desta área. Senão ve-jamos:

“Do ponto de vista psiquiátricoela (Julinda) fez um quadro de psi-cose maníaco-depressiva, que seapresenta com gravidade crescen-te. Da euforia inicial passou à de-

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pressão angustiante, armando umesquema de autodestruição.

“Inicialmente foram-lhe apli-cados os recursos da balneoterapia,buscando-se produzir uma melhorcirculação sanguínea periférica,através de duchas rápidas, ligeira-mente tépidas. Logo após, foramaplicados opiáceos e agora associ-am-se os derivados barbitúricos eo eletrochoque, sem resultados fa-voráveis mais expressivos.

“Graças aos recursos financei-ros de que dispõe, é possível mantê-la isolada sob regular assistência.Ao lado destes, o concurso moralda mãezinha e o devotamento doesposo têm-lhe sido de grandes be-nefícios, evitando-se males maiores.

- É lamentável que persista adistância entre a terapia psiquiátri-ca e a psicoterapêutica espiritual.No caso em tela, têm redundado in-frutíferos, senão perniciosos, os tra-tamentos à base dos derivados debarbitúricos, quanto do eletrocho-que.

“Do ponto de vista psiquiátricodiscute-se que a PMD quanto aesquizofrenia são uma “psicoseendógena”, cuja causa se encontra

nos genes, transmitida hereditaria-mente de uma para outra geração,sendo, em consequência, uma fata-lidade inditosa e irremissível paraos descendentes de portadores damesma enfermidade, especialmen-te nas vítimas da chamada “conver-gência hereditária”.

“Afirma-se, dentro desta colo-cação, que o desvio patológicoexagerado da forma de ser cicloi-de, somado a uma formação físi-ca pícnica, no qual estão presen-tes as forças predominantes dasglândulas viscerais encarregadasda determinação do humor, faz-seresponsável pelo quadro da psico-se maníaco-depressiva. É exata-mente, dizem, esta constituiçãocicloide, que oferece os meios pró-prios para a irrupção da psicosemaníaco-depressiva, tornando-se,dessa forma, o indutor hereditá-rio.

“Asseveram outros estudiosos,que a PMD resulta de alteraçõesendócrinas, particularmente nosquadros das manias e melancolias.

“Ainda diversos psiquiatrasacreditam como fatores predomi-nantes as variações do quimismo

WASHINGTON L. N.FERNANDES

[email protected] São Paulo, SP

orgânico... - Manoel Philomeno deMiranda (Nas Fronteiras da Loucu-ra, LEAL/BA, 1ª ed., pág. 29.)

Francisco do Monte Alverneescreveu por meio de Divaldo

uma obra de reflexões teológicas

Admirável é a abordagem bemcomo o vocabulário do EspíritoManoel Philomeno de Miranda, to-talmente diversos dos Espíritos vis-tos acima. Neste mesmo sentido umcomentário precisa ser feito do Es-pírito Francisco do Monte Alverne(1784-1858), orador sacro, francis-cano, nascido e desencarnado noRio de Janeiro. Foi professor de Fi-losofia, Eloquência e Teologia noColégio de São Paulo e considera-do o maior pregador sacro de suaépoca. Divaldo psicografou o livroFlorilégios Espirituais, Ed. IDE/Araras/SP, publicado em 1981. OEspírito Francisco do MonteAlverne escreveu por meio de Di-valdo uma obra de reflexões teoló-gicas. Ele refletiu sobre a cruz, océu, o inferno, os chamados e osescolhidos, o amor, a caridade etc.,a partir de referências dos textosbíblicos, tudo obviamente sob asluzes da Doutrina Espírita. Curiosoque nas Obras Oratórias deste ora-dor sacro, que é uma coletânea deseus discursos, enfeixados em doisgrossos volumes, Ed. Guarnier, ex-traímos uma peculiaridade signifi-cativa. Há o importante detalhe quemais da metade dos capítulos dasObras Oratórias representaram umpanegírico (que é um discurso lau-datório em louvor de alguém ou dealguma coisa). Este vocábulo pane-gírico, destaque-se, é muito poucoconhecido e utilizado pelas pessoascomuns nos séculos XX e início doséculo XXI. Para exemplificar, emvida ele escreveu o Panegírico deS. Sebastião, Panegírico de S. Fran-

cisco de Paula, Panegírico de S.Lourenço, Panegírico de S. Joa-quim etc. Na obra mediúnica Flori-légios Espirituais, psicografada porDivaldo, da mesma forma quase ametade do livro foi também consti-tuído de Panegíricos, como o Pa-negírico do Fogo do Amor, Panegí-rico da Vida, Panegírico da Fé,Panegírico da Dedicação, Panegí-rico do Conhecimento, Panegíricoda Caridade etc. Enfim, é mais umdetalhe que precisa ser registrado.

Voltando ao comentário dasmensagens pessoais dos Espíritosaos seus entes queridos, dentre asmilhares que Divaldo psicografou,vejamos uma mensagem ditada peloEspírito Cristiane Rodrigues Mora-es (1964-1980), que nasceu emPiracicaba (SP) e desencarnou emItambé (BA). Em 28/01/1983, oEspírito Cristiane transmitiu men-sagem pelo médium Divaldo, quenão a conheceu e nem a ninguémda família. Destaca-se que não ha-via, na reunião em que Divaldo psi-cografou a mensagem, ninguém queconhecesse Cristiane (para afastarqualquer teoria do inconsciente, te-lepatia etc.). Neste texto há mais detrinta particularidades (nomes, da-tas, parentesco, lugares, circunstân-cias etc.) e detalhes familiares.

A mensagem de Cristiane foirecebida por Divaldo em

Uberaba, no Grupo Espírita daPrece, ao lado de Chico Xavier

Analisemos:“Querida mãezinha Vilma*,abençoe sua filha*.Misturamos lágrimas e sorrisos

nesta noite abençoada, agradecen-do a Deus a felicidade do nossoamor indescritível.

Há dezesseis janeiros*, nestedia vinte e oito*, em Piracicaba*,eu volvia aos seus braços amados,

renascendo para a breve experiên-cia da qual o acidente* com a armade fogo* me convidaria a maisacuradas meditações naquela sex-ta-feira*, vinte de junho*, há doisanos, sete meses e oito dias*... Acontagem do tempo da nossa sepa-ração física tem a finalidade de evo-car as alegrias que temos fruídojuntas após as saudades que nos di-laceram nas primeiras horas.

Acompanhei-a, vindo para cá emeditando em nossa festa natalí-cia* que você desejou comemorarneste santuário de amor*, onde anossa correspondência contínuanos tem falado de esperanças e degratidão.

Não nos separamos. Sua Cris*continua crescendo para Deus etentando acompanhar a marcha doprogresso com os olhos postos emnosso futuro luminoso, no qual in-cluímos o sempre querido pai Luiz*e a nossa amada família.

Participamos dos júbilos donosso Ageu* e das realizações donosso Luiz Lourenço* e do nossoJoão*, sem que me esqueça da nos-sa querida Taciana*, que você e opai, num momento muito feliz colo-caram em nosso lar* para que elase transformasse numa estrela, ir-radiando claridade, quando aindase demoravam algumas sombrasteimosas de saudades. É que o co-ração de mãe pode ser comparadoa um oceano de amor, onde cabemtodos os anseios do mundo e nadaconsegue esvaziar... Nesse sentido,à medida que o tempo vem passan-do, você logra aumentar a nossa fa-mília graças ao afeto da nossa mui-to querida Iaia*, que recolheu, nasua prole feliz o nosso delicadoDaniel*, enriquecendo o grupo daletra D com mais uma, anjocorporificado. Refiro-me aos nos-sos Dener*, Dione*, Débora*,Danilo* e Dênio* que se tornaram

o grupo jovial e alegre em nossafamília aumentada. É por isso quenão cesso de rogar à nossa devo-tada Albanize* que lhe ofereçaesse carinho de que ela é dotada,cooperando com você na escala-da, monte acima, da redenção.

Mãezinha, você trouxe para afesta desta noite as presenças que-ridas do tetravô* Lourenço,* daamada avó Olímpia*, que envol-vem em carinho as avós Dulcina*e Maria* sempre queridas que,comovidos e agradecidos a Deus,participam do bolo do amor quenos alimenta nesta festa de evoca-ções e não mais de saudades, an-tes, de júbilos e emoções superio-res com que a vida nos brinda.” –Cristiane (Vidas em Triunfo, Di-versos Espíritos, LEAL/BA, pág.112.)

(*) Os vários nomes, datas einformações assinaladas em aste-risco foram ratificadas em pesqui-sa junto aos familiares da missi-vista, todos desconhecidos do mé-dium. A mensagem foi recebidapor Divaldo em Uberaba (MG),em 28/01/1983, no Grupo Espíri-ta da Prece, numa reunião públi-ca, ao lado de Chico Xavier.

A psicografia de Divaldo Franco

Divaldo Franco

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O IMORTALPÁGINA 10 MAIO/2009

“O verdadeiro homem de bemé aquele que pratica a lei de

justiça, de amor e de caridadeem sua maior pureza”

(O Evangelho segundo oEspiritismo, Cap. XVII,item 3, Allan Kardec).

Engana-se o homem ao acre-ditar que para ser justo, bom ecaridoso é preciso dispor de re-cursos financeiros ou patrimoni-ais. Na verdade, a caridade paraser legítima precisa contar coma doação de nós mesmos e paratanto basta que tenhamos umagrande dose de boa vontade, fa-zendo bom proveito das nossashoras.

Usando o tempo, podemos

grafar frases de otimismo e es-perança, endereçando a alguémque, em dificuldades, aguardauma palavra de consolo paraprosseguir vencendo as lutas decada dia.

Usando o tempo, podemosnos recolher em cômodo tranqui-lo para dirigir uma prece ao ir-mão que colhe dores e provações,ajudando-o com vibrações a na-vegar pelas águas revoltas dosproblemas que enfrenta.

Usando o tempo, podemosdeixar um pouco o nosso lazerdos finais de semana para visitaruma criatura doente que, numleito hospitalar, pode estar viven-do aflitivos quadros provacio-nais, possibilitando que encontrealgum momento de alívio.

Usando o tempo, podemosdormir alguns minutos menos emcada noite para nos dedicarmosà leitura e ao estudo de textos

edificantes que nos promoverãoreforma íntima e acesso à verda-de que liberta, conforme ensinouJesus.

Usando o tempo, podemos,nas horas de folga, confeccionaralguns trabalhos manuais, comotricô, crochê, bordados e outrostipos de artesanatos para ofere-cer a quem deles necessite, sempossibilidades de adquiri-los.

Usando o tempo, podemosmontar enxovais para recém-nas-cidos, contando com a colabora-ção de amigos, para doação agestantes, que aflitas, sentem achegada dos filhos sem possibi-lidades de recebê-los com o mí-nimo necessário.

Usando o tempo, podemosafagar uma criança abandonadaque, vivendo na carência afetiva,projeta um futuro sombrio, ofe-recendo a ela momentos de ter-nura e fraternidade para que co-

nheça também o lado humano davida.

Usando o tempo, podemos vi-sitar uma casa de repouso, ondeidosos ignorados pela famíliaaguardam o final da existência,levando-lhes um abraço amigoou um gesto de carinho, minimi-zando os padecimentos oriundosda solidão.

Usando o tempo, podemos fa-zer uma coleta de gêneros ali-mentícios, junto a pessoas frater-nas, para ofertar a famílias po-bres, que momentaneamente sãovitimadas pelo monstro voraz dafome, mantendo-as na esperan-ça de dias melhores.

Usando o tempo

Espiritismo não é“coisa do demo”!

A Doutrina Espírita respei-ta todas as religiões, esclarecen-do que todos somos irmãos, fi-lhos do mesmo Deus Pai, inde-pendente da crença que esco-lhemos.

Como espíritas não rotula-mos nenhum segmento religio-so e esclarecemos que a Dou-trina codificada por Allan Kar-dec não é coisa do demônio. Aocontrário, ela possui como ali-cerce os ensinamentos moraisdo Cristo e seus adeptos procu-ram viver os preceitos de Jesusem sua máxima “amar a Deussobre todas as coisas e ao pró-ximo como a si mesmo”.

Cremos que fora da carida-de não há salvação (salvação,no sentido de evolução, rumo àperfeição relativa) e que deve-mos fazer ao próximo o quegostaríamos que nos fizessem.

Nós, espíritas, devemos nos

cultua imagens, santos, estátu-as; não realiza oferendas e nãotem rituais.

A Doutrina Espírita é reli-gião, filosofia e ciência e se fun-damenta nos ensinos morais doCristo e nas cinco obras bási-cas codificadas por Allan Kar-dec: O Livro dos Espíritos, OLivro dos Médiuns, O Evange-lho segundo o Espiritismo, OCéu e o Inferno e A Gênese.

Não devemos manifestaropinião sobre algo que não co-nhecemos ou não entendemos.Todas as religiões sérias condu-zem a Deus. Respeitemo-nosmutuamente, praticando a fra-ternidade e o amor universal,como filhos de Deus que todossomos.

Referência:Adaptado de OLIVEIRA,

Alkíndar de. Espiritismo, coi-sa do demo? In:_____. O Espí-rita do século XXI. São Paulo -SP: Editora Bezerra de Mene-zes, 2001.

esforçar para evoluirmos moral-mente, através da prática doamor fraterno, da caridade, soli-dariedade, perdão e superação denossas mazelas morais. Assim,como rotular de “coisa do demo”uma Doutrina que prega a paz, operdão, o amor? Lembremos oMestre Jesus: “Pelos frutosconheceis a árvore”.

Os Grupos Espíritas são nú-cleos de estudo e oração; escolasde formação espiritual e moral;postos de atendimento a todos queprocuram orientação, esclareci-mento, auxílio ou consolação; ofi-cinas, onde se exercita a caridadee se estuda o Evangelho de Jesus;recantos de paz, proporcionandoaos seus frequentadores refazi-mento espiritual e união fraternal,através da prática do amai-vosuns aos outros.

Alguns cultos e religiões seautodenominam Espiritismo,quando na verdade não o são. OEspiritismo não adota a queimade velas e incensos; não realiza“trabalhos” ou magias; não

CLAUDIA [email protected]

De Santo Ângelo, RS

WALDENIRAPARECIDO CUIN

[email protected] Votuporanga, SP

Há demônios?

Como os há! E cada dia apa-recem mais.

Demônios no comércio, naindústria, na escola, nas fábricas,na política. Demônios que rou-bam na balança; que fraudam naprodução; que assaltam cofrespúblicos; que vendem sentençasnos tribunais; que engavetam de-núncias; que sequestram pessoashonestas para extorquirem famí-lias; que comerciam com as bên-çãos de Deus; pedófilos que es-tupram as próprias filhas ou asfilhas dos outros; traficantes quedisseminam o vício e aterrorizamfavelas...

A palavra demônio nem sem-pre teve a significação que lhe édada nos dias de hoje. Nas cren-ças da antiguidade e no politeís-mo, demônio era o gênioinspirador, bom ou mau, que pre-sidia o caráter e o destino de cadaindivíduo, alma, espírito.

Nas religiões judaica e cristãé que passou a significar anjomau que, rebelando-se contraDeus, foi precipitado no infernoe procura a perdição da humani-dade. Quer dizer: seria uma obraimperfeita de Deus. Ou seja:Deus acabou criando um inimi-go terrível que põe a perder pra-ticamente a totalidade da huma-

nidade. Um inimigo tão forte, oumais forte até do que o próprioDeus que o criou, porque Deusnão pode acabar com ele e assis-te impassivelmente a humanida-de sendo arrastada para o preci-pício sob a inspiração e domíniodesse filho rebelde.

Talvez seja por isso que oRabino Harold S. Kushner defen-da a tese de que Deus não é oni-potente. É o que ele afirma tex-tualmente em seu interessante li-vro Quando coisas ruins aconte-cem às pessoas boas. Deus nãopode evitar que isso aconteça.Azar da pessoa boa que estavanuma hora errada num lugar emque não devia estar. Apanhadapelo sofrimento, terá que suportá-lo até esgotar a última gota, por-que Deus nada poderá fazer, se-gundo o Rabino.

Convenhamos: a crença naexistência dessa figura mitológi-ca que nos arrasta a todos para omal é um desrespeito ao Pai cria-dor de todos nós. Desrespeito àsua inteligência, à sua magnani-midade, à sua sabedoria.

Demônios são criaturas ain-da imperfeitas, encarnadas ounão, a caminho da perfeição. Sãoportadores de deficiências tran-sitórias que serão corrigidas como tempo, inevitavelmente, por-que, como filhos de Deus, tam-bém eles estão destinados à mes-ma glória da perfeição a que to-dos seremos levados um dia.

ARTHUR BERNARDESDE OLIVEIRA

[email protected] Guarani, MG

Usando o tempo, podemosconversar com jovens viciadosno consumo de tóxicos, alertan-do-os dos perigos que emanamdas drogas, na destruição do cor-po e como componente de degra-dação moral.

Usando o tempo, podemos fa-lar do Evangelho de Jesus aos co-rações agredidos pelo desespero,objetivando mostrar-lhes novoscaminhos e outras direções.

Usando o tempo, podemosser infinitamente úteis, entenden-do com profundidade o ensina-mento do Cristo, quando disse:“o filho do homem não veio paraser servido, mas para servir”.

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O IMORTALMAIO/2009 PÁGINA 11

Eventos no Paraná

Curitiba – Um seminário com o ob-jetivo de discutir a necessidade daprece, o acesso aos mecanismos di-vinos, poder da prece e libertação pelaprece será realizado nos dias 13 e 14de maio. Com o tema “Prece - Meca-nismos e Resultados”, o evento serárealizado na Sede Histórica da Fede-ração Espírita do Paraná (FEP), lo-calizada na Alameda Cabral, 300, das19h30 às 21h30, o seminário será co-ordenado por Carlos Augusto de SãoJosé e é aberto ao público em geral.

Londrina – Inicia-se na sexta-fei-ra, dia 1º de maio, o ciclo mensal depalestras organizadas pela USEL –União das Sociedades Espíritas deLondrina. Eis a programação:• 1º de maio – sexta, 20h: Fatoresque desequilibram (Alexandre Xa-vier de Camargo) – “Nosso Lar”.• 1º de maio – sexta, 20h: A influên-cia dos Espíritos em nosso dia-a-dia(Maria Irene Pelegrino Souza) –“Maria de Nazaré”.• 2 de maio – sábado, 15h: A fé trans-porta montanhas (Paulo Fernando)– “Fabiano de Cristo”.• 2 de maio – sábado, 20h: Conversão(Edson Ronque) – “Amor e caridade”.• 3 de maio – domingo, 9h30: Estra-nha Moral (Dorotéia C. Silveira) –“Meimei”.• 8 de maio – sexta, 20h: Por quenão ao aborto? (José Alves da Cos-ta) – “Aprendizes do Evangelho”.• 12 de maio – terça, 20h: EstranhaMoral (Ilza Maria Lima Braga) –“Sociedade de Divulgação EspíritaMaria de Nazaré”

tecnológicos e humanos. Inscreva-se nosite www.mundomaiorfilmes.com.br,usando os links: REGULAMENTO, FI-CHA DE INSCRIÇÃO – O LIVRODOS ESPÍRITOS.

Jacareí – Estão abertas as inscriçõespara o 1o Concurso de Contos e Poe-sias com Temática Espírita – PrêmioJorge Rizzini. Os interessados pode-rão participar com quantos trabalhosdesejarem, sendo, contudo, necessá-ria uma inscrição individual para cadaum deles. Os trabalhos deverão serremetidos com duas cópias digitadasimpressas. Junto, o participante de-verá enviar também seus dados pes-soais: nome, endereço com CEP, te-lefone, e-mail e cópia do RG, e maisum resumo de sua biografia e a quan-tia de R$ 6,00 em selos. Só serão acei-tos trabalhos de autoria do candidatoinscrito. O prazo para inscrições vaiaté o dia 15 de maio. Os trabalhosdeverão ser enviados para a CaixaPostal 1397 – CEP 12308-770 –Jacareí, SP. A festa de premiaçãoocorrerá durante o 6o Encontro de Es-piritismo, em Jacareí, marcado paraocorrer em 7 de junho, no ClubinhoJacareí, Rua Olímpio Catão, 278, noCentro da cidade. A promoção é daLivraria Espírita Emmanuel, deJacareí. Telefone: (12) 9123-1277.

Ribeirão Preto – A Associação Jurí-dico-Espírita do Estado de São Paulo– AJE-SP realizará no dia 9 de maiode 2009, às 10h, o seminário “Dro-gas, Infância e Juventude – Conflitosemocionais e espirituais”, com a ex-posição do Juiz de Direito Paulo CésarScanavez, e o debatedor será o Juizde Direito Paulo Cesar Gentile. O se-minário será realizado na Câmara Mu-nicipal de Ribeirão Preto e terá o apoioda União das Sociedades Espíritas doEstado de São Paulo e do Instituto deAdvogados de São Paulo.

Mais informações pelos telefones (41)3721-3430 ou (41) 8801-9283.

Paranavaí – Acontece durante todo estemês, com palestras aos sábados, o Mêsda Cultura Espírita em Paranavaí, noCentro Espírita Fé, Amor e Caridade.

Pato Branco – Maria Helena Marcon,vice-presidente da Federação Espírita doParaná, estará na cidade de Pato Brancono dia 23 de maio para coordenar e rea-lizar um seminário com o tema “Estra-tégia do Modelo e Guia na ExposiçãoDoutrinária”. O evento acontece das 14hàs 18h, na Sociedade Espírita Fraterni-dade, que fica localizado na Rua Jaciretã,720. O evento abordará temas como: oensino oral, as parábolas, acolhimento,ambiente, conforto e disposição para ou-vir, além de assuntos sobre a autoridadeda palavra, a moral, o saber e o fomentoda verdade. Entre o público preferenci-al deve se reunir palestrantes, coorde-nadores de reuniões públicas, participan-tes de Grupos de Estudo da Doutrina Es-pírita e coordenadores de Juventudes Es-píritas. Mais informações pelo telefone(46) 8803-9766.

Eventos em outras regiões do País

São Paulo - A Mundo Maior Filmesabriu concurso para produção de obrasaudiovisuais. A empresa está selecionan-do oito roteiros de curtas-metragens quereceberão financiamento para produção eparticipação da Mostra de Cinema Mun-do Maior Filmes. O projeto já está em an-damento e os candidatos devem fazer assuas inscrições através do site do projeto.Os oito temas em aberto abrangem o con-teúdo da obra “O Livro dos Espíritos”. Osautores dos roteiros vencedores, além deproduzirem seus respectivos curtas-metra-gens para a Mostra de Cinema MundoMaior Filmes, poderão integrar a equipede produção (direção, roteiro, direção defotografia, direção de arte, som direto etc.)de um longa-metragem produzido a partirdos oito trabalhos selecionados. APremiação é: Curta-metragem: os rotei-ros selecionados receberão o prêmio deR$ 7.500,00 e acesso a recursostecnológicos e humanos que deverão serinvestidos na produção da obra; Longa-metragem: os profissionais que se desta-carem participam da produção do longa-metragem, que contará com o prêmio deprodução de R$ 20.000,00, recursos

Palestras, seminários e outros eventos• 15 de maio – sexta, 20h: Amai osvossos inimigos (Roberto Camargo) –“Caminho de Damasco”.• 16 de maio – sábado, 10h: A paciên-cia (Alceu A. Moraes) – “BeneditaFernandes”.• 16 de maio – sábado, 15h: O Evan-gelho segundo o Espiritismo (José An-tônio Vieira de Paula) – “Núcleo Es-pírita Hugo Gonçalves”.• 16 de maio – sábado, 20h: Músicapara o Espírito (Marinei F. Rezende eCoral Espírita Nosso Lar) – “AnitaBorela de Oliveira”.• 19 de maio – terça, 20h: Depressão(Wantuil David Santana) – “Allan Kardec”.• 21 de maio – quinta, 19:50: A bên-ção do tempo (Fernanda Boni) – “Vi-nha de Luz”.• 23 de maio – sábado, 14h30: Perdão(Naudemar Nascimento) – “NúcleoEspírita Irmã Scheilla”• 26 de maio – terça, 20h: ReflexõesEspíritas (Osny Galvão) – “BomSamaritano”.• 27 de maio – quarta, 20h: Mediunidade(Célia Xavier Camargo) – “Nosso Lar”• 30 de maio – sábado, 15h: Maria,mãe de Jesus (Ifigênia A. Santos) -Comunhão Espírita de Londrina.– Realiza-se nos meses de junho e julhoo 1º Curso para Formação de Evangeli-zadores com o objetivo de formar tra-balhadores para atuar nas casas espíri-tas de Londrina e região, além de servirde aperfeiçoamento dos evangelizado-res que já atuam na área. O curso serárealizado com aulas teóricas e práticasno Centro Espírita Nosso Lar, nos dias7, 14, 21 e 28 de junho de 2009, das 14hàs 18h, e no dia 5 de julho de 2009, das10h às 12h. Mais informações e inscri-ções por meio dos seguintes contatos:Jenai - [email protected] –3304-2792 / 8811-5243; Elaine [email protected] - 3324-4693/ 9145-0533; e Elisângela [email protected] - 3304-6744 / 9921-1317.

Cambé – Todas as quartas-feiras, às20h30, o Centro Espírita Allan Kar-dec promove um ciclo de palestras,com palestrantes especialmente con-vidados. Eis os palestrantes de maio:• 6 de maio – Ivone Csucsuly (Maringá)• 13 de maio – Eugênia Pickina (Lon-drina)• 20 de maio – Rosana Voigt Silveira(Londrina)

• 27 de maio – Cilene Dias Soares daSilva (Cambé).

Assaí – Ocorrerá no dia 20 de maio, às20h, na Sociedade Espírita Luz e Vida(Rua Washington Luiz), a exibição doDVD com a palestra “Medicina Inte-gral” promovida pelo conferencista Di-valdo Pereira Franco na sua última pas-sagem por Londrina. O evento é umapromoção da FEP, por meio da 5ª UniãoRegional Espírita e tem entrada franca.

Guarapuava – Um seminário com otema “O Trabalhador e a Casa Espíri-ta”, acontece no dia 23 de maio, no Cen-tro Espírita Joaquim Nabuco. O eventoserá coordenado por Cilso Nunes Be-nedito, membro da Coordenadoria doEstudo da Doutrina Espírita da FEP.Entre os aspectos abordados, o pales-trante falará sobre o conhecimento daDoutrina por meio dos estudos sistema-tizados, conhecimento de causa, defini-ção de objetivos, comprometimentocom a causa, etc. O seminário acontecedas 14h30 às 18h30, na Rua CapitãoVirmond, 1.280. Mais informações po-dem ser obtidas pelos telefones (42)3623-5174 ou (42) 8808-9763.

Maringá – Realiza-se no dia 16 demaio o seminário com o tema “Repen-sando o Lar”, coordenado por AlanRobertson Archetti, do Conselho da Fe-deração Espírita do Paraná (FEP). Oevento será realizado na Associação Es-pírita de Maringá, localizada na Ave-nida Paissandu, 1.158, das 14h30 às18h30. Entre os aspectos abordados noevento, estão os compromissos afeti-vos, ambiente doméstico, estrutura fa-miliar, alterações afetivas, entre outrostemas ligados a família. Mais informa-ções podem ser obtidas pelos telefones(44) 3026-6830 ou 9911-0405.

Morretes – Está programado para acon-tecer no dia 16 de maio, na União Espí-rita Jesus Maria José, um seminário como tema “Despertando a Coragem”. Oevento acontece sobre coordenação deMarcelo Garcia Kölling e Márcio CruzSantos e tem como objetivo fazer umaanálise sobre crenças e mitos que po-dem influenciar nosso comportamento;conceito de coragem, etc. O eventoacontece das 15h às 19h. A União Espí-rita fica localizada na Rua Largo Dou-tor Jorge Pereira, 51. Entrada franca.

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O IMORTALPÁGINA 12 MAIO/2009

ELSA [email protected]

De Londres (Reino Unido)

Que velocidade! O trecho Londres-Paris ficou menor, pela magia do tremEurostar. Partimos há 10 minutos daestação Internacional Saint Pancras nocentro de Londres e em poucos minu-tos conseguimos sair da cidade. Estamospassando de um túnel a outro numa ve-locidade que a todo instante os ouvidosentopem e vem-nos aquela sensação desurdez, sempre desfeita em poucos se-gundos. Mais um pouco e estaremos ini-ciando a travessia do English Channel,o canal do mar do Norte que tem umalto tráfego de navios vindos da Dina-marca, Holanda, Noruega, Alemanha,França, portos da Inglaterra etc. e quebanha de um lado a nossa ilha britânicae, do outro lado, o continente europeu.

Os campos ao longe são lindos.Árvores muitas já se encontram emflores se abrindo. O período do frio jáse foi e, com isso, os resquícios deuma nova estação fala fundo em nos-sos corações através do verde que bro-ta nas árvores que estavam sem folhas,no chão que adormecera no inverno eagora as gramíneas e as “blue bells”que são pequeninos sinos azuis per-fumados, típicos destas paragens, as“daffodils”, flor símbolo da Inglater-ra que se aventuram a aparecer.

O local no trem onde viajo compõe-se de dois assentos, uma mesa no meio e,em frente, mais dois assentos. Estou napoltrona n° 41, na janela, e ao meu ladosenta-se uma senhora e à sua frente o es-poso. São duas pessoas robustas commuitas mochilas. O diálogo com a pessoaà minha frente está frutificando. O inte-resse permanece sobre o assunto iniciado

a partir da capa de uma revista espírita edi-tada em inglês, a The Spiritist Magazine,publicada trimestralmente pelo ConselhoEspírita Internacional e que eu proposita-damente segurava aberta, em minhasmãos, mostrando a capa com um colori-do e manchetes muito chamativos.

Era hora do almoço. Apesar de o tremter um vagão restaurante, os ingleses deuma forma geral trazem os seus sanduí-ches e drinks para desfrutarem durante aviagem. O som das batatinhas fritas sen-do trituradas é um coro que dá vontade derir. Estou comendo uma maçã, enquantodigito algo no computador pequenino so-bre a mesa. O casal começou a retirar osalimentos de dentro da mochila e em pou-co tempo a mesa estava tomada de paco-tes, latas e garrafas. Iogurtes, sucos, bola-chas salgadas, garfos, facas, colheres, be-bida quente em copos de papelão, latas dePringles, que são batatas fritas... Enfim,

Crônicas de Além-Mar

O Espiritismo, o trem e a viagem

ELSA ROSSI, escritora e palestran-te espírita brasileira radicada em Lon-dres, é 2ª Secretária do Conselho Espí-rita Internacional, diretora do Departa-mento de Unificação para os Países daEuropa, organismo do Conselho Espí-rita Internacional e secretária da BritishUnion of Spiritist Societies (BUSS).

fiquei feliz de já ter assegurado o espaçopara meu computador, senão com certezaestaria à minha frente qualquer desses ali-mentos. Nossa imaginação caminha sem-pre a mil por hora e pensei: Por que seráque sempre as pessoas robustas se preo-cupam tanto em ter perto de si uma boaquantidade de alimentos?

Nem sei como, mas eu digitava, euconversava e observava as conversasdos viajantes ao meu lado. Ouvia-os fa-lando do ultimo filme sobre a RainhaVitória quando jovem, em cartaz em to-dos os cinemas de Londres. Fiquei pen-sando em quanto as pessoas preenchemsuas vidas com “buscas” que não pre-enchem os espaços íntimos. Tanta “fe-licidade” efêmera, com base nas coisaspassageiras, pensei cá com meus botões.Como é bom conversar sobre as coisasdo espírito, como manter a vida saudá-vel na intimidade do ser, para gerar be-nefícios para a humanidade.

Minha nova amiga que se sentaraao meu lado voltara do carro restauran-te com seu lanche. Um “cappuccino”cheiroso e um “muffin”, que é um pe-queno bolo inglês. Então reiniciamos oassunto pela qual ela estava interessa-da, desde que vira a capa da SpiritistMagazine. Observei que, enquanto con-versávamos, o casal parou de dialogar epassou a ouvir o que eu falava ou expli-cava em inglês, dando respostas às per-guntas da Audrey. Passei então a falar

claramente, buscando palavras nessa lín-gua que para mim ainda é difícil. Nes-sas horas uma ajuda espiritual muito,mas muito forte, e a inspiração pra fa-lar, raciocinar, explicar numa língua quenão é a minha, só mesmo pela ajudadeles que não falham nunca conosco.

Há, sim, muita busca sobre a reali-dade espiritual. Há, sim, ainda muitafalta de recursos financeiros ao movi-mento espírita para poder, quem sabeum dia, manter programas de televisãosobre assuntos do espírito, assim atin-gindo a milhares de pessoas que nemsabem que necessitam tanto do escla-recimento sobre o Espírito Imortal.

Tenho certeza, essa não foi a pri-meira nem a última vez que me depa-ro em situação de novas oportunida-des de falar sobre o Espiritismo. Porisso carrego sempre comigo a revistaespírita e folhetos “Conheça o Espiri-tismo” no idioma do país ao qual euestiver me dirigindo, sempre que aoportunidade se fizer para viajarmospor todas as terras de além-mar.

Além das amarras do medo e da letargia

Que distingues, além disso, no escurodo passado e no seio do tempo?Shakespeare, A Tempestade.

Faz parte do nosso conhecimen-to intuitivo de Espírito que fomos(re) enviados a este mundo para nosdedicar à dimensão evolutiva, isto é,para realizar o que Jung chama deindividuação, um processo que nãodeve ser confundido com o narcisis-mo ou os desejos do ego por confor-to e segurança, porquanto compro-metido com a vida real, que nos ga-rante atingir, cedo ou mais tarde, aperfeição e a felicidade.

Mas o que nos bloqueia são ge-ralmente a letargia e o medo. Emuma de suas narrativas mais impor-tantes, Jung afirma:

“O espírito do mal é o medo, aproibição, o antagonista que se opõeà vida que almeja a duração eternaassim como toda grande ação iso-lada, que instila no corpo o venenoda fraqueza e da idade por meio datraiçoeira picada de serpente; ele étoda tendência ao retrocesso, queameaça fixar-se na mãe*, bem comodissolver e extinguir o inconsciente.

tro de si mesma continue existindo aparte dependente e preguiçosa, sem-pre pronta a embaraçar e desvalorizaras chances para a individuação.

O ser humano é muito vasto ecomplexo. E é nesse sentido que aperpetuação do medo (e da letargia),sintoma também da indisciplina, temcausado tantos danos. É importante,então, enfrentar os medos e os ape-gos para, de fato, perder as ilusões ecom isso passar a responder à orien-tação do Eu superior (ou do Self) queexige aquisição de novos valores e deum suporte interior, segundo a tarefapessoal/coletiva, pois inspirada pelaideia de futuridade e de esperança:

“Viajantes do espaço,não há descanso,

antes do último suspiroda obra em construção”

(Roberto Crema).

Referência:(1) JUNG, C. G. Símbolos da

transformação. Petrópolis: Vozes,1989, vol. 5, parágrafo 398.

(*) A “mãe” a que Jung se refereaqui é o complexo materno em suaforma genérica, ou seja, o desejo deser cuidado e protegido e que, mes-mo compreensível, resulta na recu-sa ou abandono da individuação, istoé, no evitar crescer.

Para o indivíduo heroico, o medo éum desafio e uma missão, pois só aaudácia pode libertar do medo. Equando o homem não ousa, algumacoisa se rompe no sentido da vida etodo o futuro está condenado a umamediocridade vã, a um crepúsculo ilu-minado só por fogos-fátuos”. (1)

Nenhum de nós está a salvo demomentos de medo ou letargia. Aquestão significativa é se essa atitu-de, medo ou letargia, está muito pre-sente na conduta geral de nossas vi-das. Sempre que há uma fixação poruma fobia, uma aderência a algumpreconceito, ou uma necessidade decontrole que trazemos para nossas re-lações, uma recusa de tornar-se inde-pendente se apropria de nossa vonta-de e mina nosso destino de seres com-promissados com a instrução e suaprática correspondente.

Uma evitação da possibilidade deexpandir a consciência, ou abrir o co-ração, nos manterá circunscritos emuma forma de infância espiritual, dia-riamente reativada pelo desejo de cui-dados, o que sugere uma dificuldadede caminhar com os próprios pés.

Mas, quando uma pessoa decidetomar o caminho do autoconhecimen-to, a ela se unirá a coragem, apta a im-pedir a sabotagem dos relacionamentose das boas oportunidades, embora den-

EUGÊNIA PICKINA [email protected]

De Londrina

Lei que não falha

O homem, por ganância, a guerra faz!Esse monstro feroz, devorador,

Que a todos leva sofrimento e dorNa ilusão que da luta nasça a paz!

Por que, meu Deus, há tanto desamor,Falta de fé e tantas coisas mais,

Que mostram ser o homem incapazDe ser bom seja lá aonde for?

É desesperador este momento.Há no Oriente tanto sofrimento

Que deixa a todos nós apavorados...

Contudo, somos também responsáveisPor essas atitudes reprováveis

E a lei nos pune e somos condenados.

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

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O IMORTALMAIO/2009 PÁGINA 13

“Artigo VIII: Fica decretado que amaior dor sempre foi e será semprenão poder dar-se amor a quem seama e saber que é a água que dá à

planta o milagre da flor.”(“Os estatutos do homem”,

Thiago de Mello)

Estávamos num Centro Espíritana periferia de Londrina, onde os fre-quentadores assistidos são, na suagrande maioria, pessoas com neces-sidades materiais muito grandes, que,inclusive, recebem ali sacolas demantimentos.

Dentro de nosso propósito, na

exposição da palavra, que nos cabia,perguntamos quem ali era cristão.Praticamente todos, umas cem pes-soas, levantaram a mão. Perguntamosquem estaria disposto a dar a vida porJesus. Novamente, quase todos levan-taram a mão. Para que ficasse claro,perguntamos se sabiam o que era dara vida por Jesus.

“Morrer por ele”, responderam.Perguntamos quem perdoava com

facilidade, quem era capaz de dar aoutra face se se sentisse ofendido, sealguém lhes pisasse num calo doloridodo pé... Como reagiriam com essa pes-soa? Com mansidão, com gentileza?

Aí vemos um estado contraditó-rio. Ser cristão, ser capaz de morrerpor Jesus... e, no entanto, não supor-tar a mínima ofensa, reagir com

agressão física ou verbal. É o que estáacontecendo em muitos lugares doplaneta, atualmente. Reações violen-tas, nervosismo à solta.

Jesus foi tão claro ao dizer:“Amai-vos uns aos outros como

eu vos tenho amado”.“Se me amais, guardai os meus

mandamentos”.“Amai ao vosso próximo como

a vós mesmos”.“Amai os vossos inimigos”.“Um novo mandamento eu vos

deixo: que vos ameis uns aos outros”.Estamos observando uma carên-

cia de amor. Os jovens de hoje, se-gundo muitos psicólogos, partempara a rebeldia ou para a agressãodevido a essa carência. Necessitamde amor, e não estão sendo amados,estão ganhando coisas, não receben-do afeto e carinho como se deveria,não recebendo disciplina e educaçãocomo se deveria, e o amanhã serádeles. Há muitas exceções – os jo-vens amados, que respondem comamor e serenidade. São muitos, sãonossa esperança.

O amor será sempre o alimentoda vida, e quem não o dá, quem nãorecebe, é triste na alma. O poema deThiago de Mello, no seu artigo VIII,expressa bem o fato de amar sem po-der expressar amor – uma grande dor.

Observamos, então, entre muitos,um grito de dor, um pedido de socor-ro, um pedido de amor. Não nos en-

vergonhemos de amar e demonstraro amor no afeto que devemos dar unsaos outros. Se nos dizemos cristãos,que saibamos nos tratar cristãmente.

A ciência está nos fortalecendonesse campo. Quem não gosta de sertratado com carinho, respeito e aten-ção? Quem não gosta da gentileza?

Uma teoria, chamada “Sobrevi-vência do mais gentil”, diz que, gra-ças à gentileza, é que a espécie hu-mana prosperou. O professor SamBoulles, do Instituto Santa Fé, nosEstados Unidos, analisou as socieda-des antigas e verificou que a gentile-za era componente fundamental paraa sobrevivência das comunidades.

A professora Sonja Lyvbomirsky,da Universidade da Califórnia, pediuaos participantes de um estudo quepraticassem ações gentis durante dezsemanas. Quanto mais atitudes gen-tis eles realizavam, maior era, em pro-porção, a felicidade que tinham, in-dependentemente de o ser ajudado tersido um ente querido ou um estranho.

Ser gentil também faz bem à saú-de. As pessoas que ajudam os outrosregularmente tem mais saúde men-tal e menos depressão, sofrem me-nos doenças crônicas e seu sistemaimunológico funciona melhor. O serhumano foi feito para amar. A ciên-cia vai descobrindo que, quando tematitudes de amor e bondade, sente-se bem – o que está levando os cien-tistas a avaliarem que o organismo

Felicidade e amorJANE MARTINS VILELA

[email protected] Cambé

libera endorfinas, que são hormônioscalmantes, quando se realiza atosbons, atos de amor. É preciso, por-tanto, viver o amor.

A professor Sonja Lyvbomirskydiz que há uma boa notícia: é fácilaprender a ser gentil, “basta praticarmais atos de gentileza, de bondade,do que estamos acostumados, e deforma regular; por exemplo: cincoatos de gentileza toda Segunda-fei-ra.” Os Espíritos já nos ensinaramisso, principalmente nas obras deJoanna de Ângelis, através da psico-grafia de Divaldo Franco.

Entronizar virtudes para que elascresçam em nós.

“Fora da caridade não há salva-ção”, elucidou Allan Kardec.

“Amai-vos”, disse Jesus.É hora de amar, para ser feliz.Para aquele grupo que nos ouvia

e levantou a mão, dizendo-se dispos-to a morrer por Jesus, propusemosuma tarefinha simples: não falar pa-lavrão e tratar uns aos outros comogostam de ser tratados – com genti-leza e educação – por uma semana.

Daqui a uma semana, uma tra-balhadora da Casa onde falamos seprontificou a verificar quantos levan-tarão a mão dizendo que consegui-ram. Alguns levantarão a mão... nos-sa esperança de dias melhores. Quemdeseja, consegue, pois age para tal.Desejamos ser melhores – sejamosmelhores. Conseguiremos.

Histórias que nos ensinam

No ano de 1997, enquanto tra-balhávamos em ambulatório de im-portante Hospital de nossa cidade,frequentemente éramos visitadospor representantes de Laboratóriosque vinham divulgar os seus medi-camentos e, em outras vezes, fazerlançamentos de novos produtos.

Naquele período, um frequen-tador da Instituição Espírita quecoordenávamos experimentava umgravíssimo câncer de fígado, emfase terminal, o que despertava emnós, daquele grupo, um sincero de-sejo de ajudar.

Fizemos uma reunião e decidi-mos por visitá-lo, alternadamente, demaneira que ele não ficasse nem umasó semana sem a presença de alguémde nossa casa, para estimulá-lo, nes-sa hora difícil; orar com ele e apli-car-lhe os passes magnéticos.

Era uma sexta-feira, quando umdesses representantes adentrou nos-so consultório, bastante efusivo, di-zendo estar ali para falar de impor-tante lançamento: uma medicaçãoanti-espasmódica de profunda utili-dade nas dores hepáticas, incluindoas causadas por Câncer de Fígado.

Imediatamente nos lembramosdo amigo enfermo, e solicitamosalgumas amostras, com a ideia devisitá-lo ainda naquela noite. O quenão fizemos. Deixamos para ir so-mente na outra semana, acreditan-do que alguém do grupo já estavaencarregado desse mister.

Alguns dias depois, lembrandode nosso dever para com nosso se-melhante, fomos até a casa do ami-

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

go. Logo na entrada, sua esposa,lavando a calçada, sem muita emo-ção nos avisou: -”Nem adianta en-trar, ele está muito magoado. Faztrês dias que está em crise de dor enada o alivia. Parou até de orar...porque diz não estar adiantando...”

Pedimos, então, para que ela jáfosse preparando o remédio novoenquanto nos dirigimos ao seu quar-to. Ele estava de costas para a por-ta, e quando o cumprimentamos malrespondeu, demonstrando profundaamargura. Tentamos um diálogo,meio sem sucesso, quando ele, len-tamente se virou para nós e disse:“Sabe, eu acho que Deus só cuidade seus filhos depois que vão parao lado de lá... Faz três que estou comessa dor insuportável, e apesar dasminhas preces, nada de melhorar.”

Nesse momento, contamospara ele a história do remédio quecarregávamos conosco e que já es-tava no porta-luvas do nosso carrohá alguns dias, no mesmo instanteem que sua esposa adentrava o re-cinto com uma xícara com água,já com o medicamento...

Num súbito, como quem sai deprofunda dor e ilumina seus olhoscom o retorno da esperança, ele,bastante sincero e agora mais hu-milde, lançou seu olhar sobre nóse disse: “Então não foi Deus quemesqueceu de mim, foi você...?”

Sem ter como nos desculpar,rimos por ver sua alegria voltar ecompletamos: Pois é, meu irmão,veja com quem Deus tem que con-tar para socorrer seus filhos. Porisso é que o socorro chega sempretarde, não é pela ausência da pie-dade paterna, mas pela falta da ca-ridade dos cristãos de hoje.

Os sem-terra no Brasil atual

Desde os meus longínquos seisanos de idade (1948) leio de tudoquanto sob os olhos me caiam.Assim é que, em 1967, tendo sidoconsiderado, por nota alta, “Alunodo Ano, 1966”, pela Universidadedo Estado da Guanabara, no Palá-cio da Cultura, antiga sede do Mi-nistério da Educação e Cultura, noCentro do Rio de Janeiro, numafesta promovida pelo Diário Cari-oca, recebi inúmeros presentes, in-cluindo as encíclicas do então S.S. Papa João XXIII.

Embora espírita desde o berço,li os textos do sumo pontífice comcuriosidade e proveito. E agora, emmarço de 2009, em vendo na mídiao drama dos sem-terra, num paísde 8 milhões e meio de quilôme-tros quadrados, eu me permitotranscrever, ipsis literis, o que, nofamoso Concílio Vaticano II, o sau-doso papa camponês advertia:

sem lhe dar assistência médico-hos-pitalar, sem lhe oferecer sementes ecréditos de pequenos juros a longoprazo, sem lhe trazer a água e a ener-gia elétrica, como pregava o geógrafoMilton Santos!

Não posso, de modo algum,pregar a subversão da ordem pú-blica. O que atrapalha (e como!) éa cruel morosidade com que asmedidas concretas tramitam noCongresso, onde os parlamentares,se não são latifundiários, represen-tam os ignóbeis interesses dos do-nos de terras improdutivas, comisso causando o êxodo rural, a di-ficuldade de as cidades atenderema esta massa que vem do interior(se é que ainda exista interior noBrasil do século XXI).

Termino lembrando O Livrodos Espíritos, na questão de nº.930: “Numa civilização que obser-vasse a lei do Cristo, ninguémmorreria de fome.”

(Caixa Postal 61003, Vila Mi-litar, Rio de Janeiro, RJ, CEP21615-970)

CELSO [email protected]

Do Rio de Janeiro

“Em muitas regiões economica-mente menos desenvolvidas existemgrandes ou também extensíssimaspropriedades rurais, pouco cultiva-das, ou sem cultura alguma, à espe-ra de valorização, enquanto a maiorparte do povo não tem terra ou dis-põe de parcelas mínimas, e, por ou-tra parte, o desenvolvimento da pro-dução nos campos se apresenta deurgência evidente.” (Convido o lei-tor a procurar ler o texto na íntegra,pois vale a pena nele meditar.)

Hoje, as cidades estão assoladaspelo vandalismo. Não entrarei emexemplos porque a mídia nos mostraisto 30h por dia. Ah! Se ao menos oEstatuto da Terra entrasse em vigor, oraassinado pelo Presidente Castelo Bran-co, no comecinho da ditadura de 1º. deabril de 1964, muita coisa seria, acre-dito, diferente. Não teríamos a misériamatando de fome e de frio milhões debrasileiros. Sei que há possíveis gru-pos de baderneiros que se valem da jus-ta revolta dos camponeses... Como sei,também, não ser bastante fazer assen-tamento de uma família de lavradores

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O IMORTALPÁGINA 14 MAIO/2009

A melhormãe do mundo

Certa vez, na clareira de umafloresta, os bichos reuniram-separa discutir um assunto muitoimportante.

Com a aproximação do Dia dasMães, eles desejavam de algumaforma homenagear aquelas criatu-ras que lhes deram a vida.

Decidiram então escolher, den-tre todas as mães, aquela que sin-tetizasse o Amor Maior.

Fariam uma linda festa no meiode uma clareira na floresta e, noDia das Mães, escolheriam a “Me-lhor Mãe do Mundo”.

Para isso, resolveram convidartodos os bichos da floresta. Man-daram um mensageiro, a dona An-dorinha, que deveria transmitir oaviso a todos. A princípio ficaramcom medo de convidar a onça pin-tada, que era muito feroz, mas de-pois concluíram que, se iriam ele-

nha já chegara, pois, previdente,saíra horas antes da sua toca.

Chegou o momento mais espe-rado da festa. Quem ganhasse oconcurso, levaria como brinde umlindíssimo e enorme cacho de ba-nanas, doação do Macaco.

O Papagaio pediu a todos queescolhessem a Melhor Mãe do Mun-do, dentre todas as mães ali presen-tes, e que seria considerada a Mãemais bondosa, a mais dedicada, amais inteligente e a mais amorosa.

A um sinal do apresentador,deveriam os bichos indicar sua pre-ferência.

Fez-se silêncio geral. Até os maisfalantes se calaram. Quando o Papa-gaio deu o sinal — surpresa! — todosapontaram para a sua própria mãe!

Foi um alvoroço. Ninguém seentendia.

— A minha é a melhor mãe! —dizia o coelhinho aos pulos.

— Não! É a minha! — replica-va o macaco, do seu galho.

— De jeito nenhum! — gritavao sapo com voz rouca — É a minha!

— Não, não e não! — dizia aoncinha pintada afiando as garras. —Tenho certeza de que nenhuma mãeé mais dedicada do que a minha, e,além do mais, ela é a mais forte!!!...

Estabeleceu-se a confusão e osbichos, inconformados, já se pre-paravam para a briga, quando aCoruja, tomando a palavra, pediusilêncio a todos.

— Meus amigos e irmãos! Todosestão com a razão. Muita pretensão anossa de querer escolher a MelhorMãe do Mundo, porque ela, sem dú-vida alguma, está sempre ao lado decada um de nós. Todas as mães pre-sentes merecem igualmente o nosso

Meu amiguinho, você sabe oque é preconceito?

Preconceito é um pré-concei-to, isto é:

Pré = anterior, que antecede,que existe antes.

Conceito = pensamento, ideia,opinião.

Assim, preconceito significauma opinião que se faz antecipa-damente, sem ponderação e semmaior conhecimento das pessoasou dos fatos. É um julgamentoque se faz de alguém sem provas.

Complicado? Não! É simples!Vou explicar melhor.Olhe, os seres humanos cos-

tumam ter preconceitos de raça,de cor, de sexo, de religião, dedoenças, e outros. A pessoa quetem preconceitos é assim porquese julga melhor que as demais.

Por exemplo: Na História,através do tempo, temos visto quecertas raças sofreram muito pre-conceito, eram rejeitadas pelasdemais, como os judeus, os indí-genas e outros.

A discriminação dos negros éum exemplo de preconceito de cor.Houve época mesmo em que eleseram escravizados pelos brancos,retirados de sua terra natal, na Áfri-ca, e trazidos aqui para o Brasil.Foi uma vergonha para nosso país.

Graças à bondade e à coragemda Princesa Isabel — que no dia13 de maio de 1888 assinou a LeiÁurea, extinguindo a escravidão no

Preconceito

ger a melhor mãe do mundo, nin-guém deveria ficar de fora.

Foi um alvoroço na floresta. Osbichos, animadíssimos, prepararam-se cuidadosamente para a festa.

Afinal, chegou o grande dia. Osbichos ornamentaram condignamen-te a clareira, decorando os troncosdas árvores com flores entrelaçadasartisticamente. Uma maravilha!

Cada bichinho compareceujunto com sua orgulhosa mamãe.Todos limpos, pelos lavados e es-covados, as penas penteadas, osbicos lustrados, as unhas polidas eaparadas, e as garras afiadas.

O Papagaio, que era o bichomais falador, seria o apresentadorda festa.

Todos já estavam presentes,com exceção do Bicho Preguiça,que nunca conseguia ser pontual.Até dona Tartaruga com sua filhi-

Brasil —, os negros finalmenteganharam a liberdade. Você deveter estudado sobre isso na escola!

Não podemos discriminar aspessoas pela cor da pele. Queimporta se alguém é negro, ama-relo, branco ou vermelho?

As mulheres, simplesmente pelofato de serem do sexo feminino,também foram muito discriminadaspelos homens e houve tempo emque não tinham qualquer direito.

Em matéria de religião tam-bém já houve muito preconceito,cada uma delas se considerandoa única verdadeira, rejeitando asdemais.

Assim, não devemos discri-minar ninguém.

Qualquer preconceito é inacei-tável. Que importa se a pessoa égorda ou magra, feia ou bonita,alta ou baixa, grande ou pequena,inteligente ou menos inteligente,doente ou sadia, rica ou pobre?

Lembremo-nos de que todossomos irmãos, filhos do mesmoPai, que é Deus, e que, se hojeestamos encarnados aqui no Bra-sil, temos esta ou aquela aparên-cia, amanhã isso pode mudar.

Quem sabe, em outra reencar-nação, seremos como aquela pes-soa que hoje rejeitamos e tambémseremos discriminados?

Por isso, Jesus sabiamente nosalertou para fazermos aos outroso que gostaríamos que os outrosnos fizessem.

respeito e a nossa consideração, por-que são igualmente dedicadas, amo-rosas, inteligentes e bondosas paracada um de seus filhos.

Fez uma pausa para avaliar oefeito de suas palavras sobre o au-ditório, e continuou:

— Para finalizar, proponho quetodas as mães presentes merecemo título de Melhor Mãe do Mundo!

Os bichos olharam-se entre sie logo concordaram com a Coru-ja, aplaudindo:

— Viva! Viva! Muito bem!Viva às Mães! Viva a Coruja!

O Macaco, pendurado num ga-lho e coçando a cabeça, perguntou:

— Está tudo muito certo. Mas,e o presente que eu dei?

A coruja não teve dúvidas emresponder:

— Dividiremos com todos osque aqui estão e faremos uma gran-de festa!

Conta-se que os bichos, muitofelizes e animados, repartiram oenorme cacho de bananas e dança-ram até o dia raiar ao som da Or-questra dos Sabiás.

Tia Célia

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O IMORTALMAIO/2009 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1869 (5ª Parte)

Continuamos a publicar o textocondensado da Revista Espírita de1869, último ano em que esteve, atéa edição de abril, sob a responsabi-lidade de Allan Kardec. As páginascitadas referem-se à versão publica-da pela Edicel.

*57. Kardec, para tornar mais fá-

cil a análise dos princípios que com-põem a declaração aprovada pelosespíritas americanos, repassou, uma um, ditos princípios comparando-os com os ensinamentos contidos emO Livro dos Espíritos e no cap. II deO que é o Espiritismo. Em seguida,observou que as diferenças havidasentre o Espiritismo europeu e o ame-ricano resumiam-se a questões de pa-lavras, verificando-se concordânciasobre os pontos fundamentais.(Págs. 99 a 103)

58. A única diferença entre asduas escolas limitava-se à questão dapluralidade das existências, admiti-da também pelos americanos, porémem mundos cada vez mais adianta-dos, enquanto o Espiritismo europeuadmite a pluralidade de existênciasna Terra, até que o Espírito tenhaaqui atingido o grau de adiantamen-to que comporta este globo, após oque o deixa por outros mundos. Oprincípio da reencarnação na Terranão era, contudo, peculiar ao Espi-ritismo europeu. Constituía um pon-to fundamental da doutrina druídicae foi proclamado antes do Espiritis-mo por filósofos ilustres, como Du-pont de Nemours, Charles Fourier,Jean Reynaud, Benjamin Franklin etantos outros. As causas que se opu-seram à introdução dessa lei no Es-piritismo americano já foram expli-cadas anteriormente. Falou aos Es-tados Unidos um centro de ação paracoordenar os princípios. É por issoque não existe ali, a bem dizer, umcorpo metódico de doutrina, ao con-trário do que se verificou no movi-mento espírita europeu, sobretudo naFrança. (Págs. 103 a 105)

59. As conferências proferidaspelo Sr. Chevillard sobre o Espiri-tismo foram objeto de um artigo doSr. Pagès de Noyez, publicado nojornal Paris de 7-3-1869. Comentan-do o fato, Kardec diz que já haviadado sua apreciação sobre o assuntono número de março e que seria su-pérfluo refutar uma teoria que nadatinha de novo. Entre os que admi-tem a realidade dos fenômenos – que

é o caso do Sr. Chevillard – quatrohipóteses foram emitidas ao longodos anos a respeito de sua causa: 1a.A ação exclusiva do fluido nervoso,magnético, elétrico ou qualquer ou-tro. 2a. O reflexo do pensamento dosmédiuns e dos assistentes. 3a. A in-tervenção dos demônios. 4a. A inter-venção dos Espíritos humanos, des-prendidos do corpo físico, sobre omundo corporal. Todas essas hipó-teses já haviam sido amplamente dis-cutidas. Os que não aceitam a 4a. hi-pótese, que é a hipótese pregada peloEspiritismo, têm todo o direito demanifestar-se, cientes de que, dessesdiversos sistemas, o defendido peloEspiritismo é o que encontrou mai-or número de simpatizantes e é o úni-co admitido pela imensa maioria dosobservadores em todos os países domundo. (Págs. 105 a 108)

O Espírito de Louis Desnoyerscomunica-se e diz que

finalmente compreendeuque havia desencarnado

60. Um taumaturgo que passarasua última existência a brincar depessoa santa, em meio aos prodígiosque realizava, quis nascer, comomenino, em condições excepcionaispara atrair o respeito e a veneraçãodas pessoas. Essa é a explicação dadana Sociedade de Paris pelo Dr. MorelLavallée (Espírito) a respeito da “cri-ança elétrica”, o bebê nascido na al-deia de Saint-Urbain, nos limites doLoire e do Ardèche, que apresenta-va desde o primeiro dia fenômenosmuito curiosos e inusitados. Por ve-zes seu berço parecia encher-se deuma claridade esbranquiçada; não sepodia tocá-lo sem sentir uma viva re-ação; de suas extremidades se esca-pavam, por momentos, eflúvios bri-lhantes que o tornavam luminoso;quando, em certos dias, se aproxi-mava dele algum objeto, este era to-mado de um frêmito e de uma vibra-ção sutil, que nada podia explicar. Dr.Morel disse, no entanto, que o fenô-meno em si mesmo teria pouca du-ração e quem quisesse estudá-lo de-veria apressar-se. (Págs. 109 a 111)

61. Um dos assinantes da Revis-ta, residente no departamento dosHautes-Alpes, enviou a Kardec in-teressante relato sobre as curas queum padre andava fazendo naquelaregião. O fato tivera grande reper-cussão e diziam que, por punição, opároco fora enviado para La Chalpe,comuna vizinha de Abriès, na fron-teira do Piemonte, onde continuavaa curar, sem nada receber por seu tra-balho. (Págs. 111 e 112)

62. O jornal Le Progrès Thérapeu-tique, especializado em Medicina, rela-ta em seu número de 1o. de março de1869 um fenômeno bizarro ocorrido emBois-d’Haine, na Bélgica. Trata-se deuma jovem de 18 anos que todas as sex-tas-feiras cai em um estado catalépticoe assim fica por três horas deitada, bra-ços estendidos, um pé sobre o outro, naposição de Jesus na cruz. A insensibili-dade e a rigidez dos membros foramconstatadas por diversos médicos. Du-rante a crise, cinco feridas se abrem nosmesmos lugares onde havia as chagasde Cristo, e deixam minar sangue real.Finda a crise, o sangue cessa de correr,as chagas se fecham e cicatrizam-se em24 horas. Kardec não comenta o assun-to. (Págs. 112 e 113)

63. Duas novas comunicaçõestransmitidas na Sociedade de Paris,a 12 de fevereiro e a 5 de março de1869, pelo Espírito de Louis Des-noyers, revelaram que finalmente ocitado Espírito compreendeu que ha-via desencarnado. Como já vimos, elepensava anteriormente que apenassonhava e jamais admitiu estivessedesligado do corpo físico. Na segun-da mensagem, o comunicante falasobre Lamartine, recentemente de-sencarnado, informando ter sido umdos que o acolheram no além-túmulo,junto de outros que o haviam apreci-ado e estimado. (Págs. 113 a 116)

Em mensagem na SociedadeEspírita de Paris, Lamartinedisse que sua desencarnação

não lhe foi penosa

64. A 14 de março foi o próprioLamartine que se manifestou na Soci-edade Espírita de Paris, trazendo aomundo a prova indiscutível da imor-talidade da alma. Em sua mensagemrefere Lamartine: “Há um ano, eu ti-nha uma profunda intuição. Falavapouco, mas viajava sem cessar pelasplanícies etéreas, onde tudo se refun-de sob o olhar do Senhor dos mun-dos; o problema da vida se desenrola-va majestosamente, gloriosamente.Compreendi o pensamento de Swe-denborg e da escola dos teósofos, deFourier, de Jean Reynaud, de HenriMartin, de Victor Hugo, e o Espiritis-mo, que me era familiar, embora emcontradição com os meus preconcei-tos e o meu nascimento, preparava-me para o desligamento, para a parti-da”. A transição, explicou Lamartine,não lhe foi penosa. (Págs. 116 a 118)

65. Atendendo a uma consulta for-mulada por um de seus discípulos, oEspírito de Charles Fourier disse emParis, a 9-3-1869, que seu mais sério tí-tulo foi ter partilhado com Jean

Reynaud, Joseph de Maistre, Ballanchee tantos outros o pressentimento de quea regeneração humana se efetua pela su-cessão de existências reparadoras, ideiaque eles tinham previsto e que agora eraconfirmada pelo Espiritismo. Finalizan-do sua comunicação, Fourier deu aoconfrade o seguinte conselho: “Sequiserdes uma demonstração séria deuma lei universal, buscai a sua aplica-ção individual. Quereis a verdade?Buscai-a em vós mesmos, e na obser-vação dos fatos de vossa própria vida.Todos os elementos da prova lá estão.Que aquele que quer saber se examine,e encontrará”. (Págs. 118 a 120)

66. Na seção de livros, o númerode abril reporta-se à obra “Há umavida futura?”, escrita por um ilustreengenheiro que a assina com o pseu-dônimo de Fantasma. O livro provaque a Ciência não conduz ninguémfatalmente ao materialismo e de-monstra com uma clareza absoluta anecessidade da reencarnação para oprogresso. (Págs. 120 a 123)

67. A outra obra focalizada pelaRevista, na edição de abril, intitula-se “A alma, sua existência e suasmanifestações”, de autoria do Sr.Dyonis. Este livro tende para o mes-mo objetivo do precedente, mas sobuma forma mais didática, mais cien-tífica. A refutação do materialismo edas doutrinas de Büchner e Males-chott ocupa aí largo espaço. O autordefende em seu livro a perfectibili-dade da alma e diz que ela progrediudesde a primeira manifestação davida, passando alternativamente pe-las plantas, os animálculos, os ani-mais e o homem. (Págs. 123 e 124)

68. Fechando o número de abrilde 1869, a Revista informa, de modosucinto, a constituição de duas no-vas sociedades espíritas, uma emSevilha, Espanha, a outra em Floren-ça, Itália, e o surgimento dos jornaisespíritas El Espiritismo, de Sevilha,e Il Veggente (O Vidente), de Floren-ça. (Págs. 124 e 125)

Com o falecimento de Kardec,a Sociedade Parisiense deEstudos Espíritas passou aser presidida pelo Sr. Malet

69. O número de maio de 1869,escrito após a desencarnação de Kar-dec, foi integralmente dedicado aopassamento do Codificador do Espi-ritismo e à repercussão que esseacontecimento teve na imprensa emgeral e nas atividades da SociedadeEspírita de Paris. (Págs. 127 a 133)

70. As matérias constantes do nú-mero de maio, relativas a Kardec e aoseu sepultamento, são as seguintes: I –

Biografia de Allan Kardec (págs. 127a 133). II – Discurso pronunciado peloSr. Levent, vice-presidente da Socieda-de Espírita de Paris, no momento dosepultamento do corpo do Codificador(págs. 133 e 134). III – Discurso profe-rido pelo Sr. Camille Flammarion à bei-ra do túmulo de Kardec (págs. 135 a139). IV – Discurso feito pelo Sr. Ale-xandre Delanne na mesma oportunida-de, em nome dos espíritas dos centrosdistantes (págs. 140 e 141). V –Alocução que o Sr. E. Müller fez nadespedida a Kardec, em nome da famí-lia e de seus amigos (págs. 141 a 143).

71. Os jornais franceses, em suamaioria, noticiaram o falecimento deKardec e alguns deles adicionaramao relato dos fatos comentários so-bre o caráter e os trabalhos realiza-dos pelo Codificador do Espiritismo.Por falta de espaço, o número demaio de 1869 transcreveu apenasdois dos artigos referidos: o publi-cado em Le Journal Paris de 3-4-1869 pelo Sr. Pagès de Noyez, e oartigo do Sr. A. Bauche, constantedo jornal L’ Union Magnétique de10-4-1869. (Págs. 143 a 146)

72. Em face da desencarnação deKardec, a Sociedade Parisiense deEstudos Espíritas nomeou comomembros de sua diretoria para o pe-ríodo 1869–1870 os srs. Levent,Malet, Canaguier, Ravan, Desliens,Delanne e Tailleur, incumbindo a pre-sidência ao Sr. Malet, que era, segun-do o Sr. Levent, o candidato de pre-ferência de Kardec. Se não houvesseocorrido o seu falecimento, Kardecaceitaria tão-somente a presidênciahonorária da Sociedade – pelo menosé isto que foi dito aos confrades peloSr. Levent. A posse do novo presi-dente, cujo discurso foi transcrito nonúmero de maio, ocorreu no dia 9-4-1869. (Págs. 146 a 152)

73. Desejando contribuir para arealização dos planos elaborados porseu marido, a Sra. Allan Kardec, úni-ca proprietária legal das obras e daRevista, decidiu: I – Doar anualmen-te à Caixa Geral do Espiritismo oexcedente dos lucros provenientes davenda dos livros espíritas e das assi-naturas da Revista Espírita, isto é,das operações da Livraria Espírita.II – Colocar a Revista à disposiçãoda publicação dos artigos que a Co-missão Central julgar úteis à causaespírita, com a condição expressa deserem eles previamente sancionadospela proprietária e a Comissão de Re-dação. A Sociedade Espírita de Pa-ris, em sua sessão de 16 de abril,aplaudiu por unanimidade as deci-sões da viúva. (Págs. 152 e 153)(Continua no próximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

Page 15: O IMORTAL · “fora da caridade não há salvação ... espírita eletrônica O Consolador, ... não lhes atiram lama na conduta que invejam.

O IMORTALPÁGINA 16

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

Fundador e diretor do jornalO Imortal, que completou 55anos de existência em dezembrodo ano passado, e diretor do LarInfantil Marília Barbosa, quecompletou 56 anos em março úl-timo, Hugo Gonçalves, 95 anosde vida, tem sido um exemplopara todos nós do meio espírita.

Apesar da idade avançada, elecontinua em plena atividade, lúci-do, espirituoso e bastante vivaz,como mostra a entrevista seguinte.Aluno e discípulo de Cairbar Schu-tel, conviveu com o grande missi-onário de Matão (SP) desde os pri-meiros momentos de sua atual exis-tência, visto que foi de Cairbar querecebeu o primeiro tapa.

Veja como ele próprio narraessa experiência:

“O seu Schutel era um farma-cêutico credenciado, um conhe-cimento profundo, muito querido,em Matão-SP. Atendia os doen-tes na roça, onde fosse preciso.Ia de charrete, atendia as pesso-as a qualquer hora. Quando mi-nha mãe estava para me trazerao mundo, a parteira deveria es-tar meio apurada, o parto estavadifícil, o Schutel foi chamado eeu nasci, foi ele quem me deu oprimeiro tapa. Aí ele quis pôr-meo nome de Victor Hugo, mas mi-nha mãe não gostou muito, ficouo Hugo, só. Isso foi em 6 de outu-bro de 1913.”

Eis, a seguir, a entrevista:O Imortal: Como foi seu iní-

cio no Espiritismo?Iniciei-me no Espiritismo quan-

do reencarnei no planeta Terra, poisfoi o Sr. Cairbar Schutel que reali-zou meu parto quando nasci.Cairbar Schutel foi o pioneiro daDoutrina Espírita na cidade deMatão, cidade localizada no interi-or do estado de São Paulo.

O Imortal: Qual a importân-cia do Espiritismo na família?

MARCEL BATAGLIAGONÇALVES

[email protected] Ibiporã, PR

O fator maisimportante que eupoderia encontraré que a DoutrinaEspírita orienta,acalma, esclarece,pois é o pontoenergético daunião da famíliafornecendo-lhe osmeios de fortale-cimento do nú-cleo familiar.

O Imortal:Allan Kardec es-creveu: “Fora dacaridade não hásalvação”. Quala opinião do senhor a respeitodisto?

Não existe outro caminho, poisa frase já diz “fora da caridade nãohá salvação”, ou seja, o dinheironão traz salvação, o IBOPE na so-ciedade não traz a salvação, nemos outros fatores a que nós damosmuita importância no mundo ma-terial. Há um livro que diz: “a dore o amor salvarão as almas”. En-tão é preciso o concurso de ambasas coisas, porque, se houvesse sóo amor, ficaria mais fácil, tudo se-ria mais gostoso, lindo e aí nãohaveria aquele sentimento de for-ça de vontade para enfrentar a luta.Hoje, o homem precisa ser condu-zido pela dor, daí então o homemdesperta e fortalece o amor quesempre irá caminhar junto da cari-dade e, por consequência, levará asalvação.

O Imortal: Como a caridadedeve ser aplicada?

Deve ser aplicada com muitoamor, pois sem o amor a caridadeé falsa, é uma coisa aparente.Quando há este sentimento, a ca-ridade é pura e se não houver oamor, será prova de que aquelacaridade é apenas uma demonstra-ção de como somos superior a al-guma coisa. Nós realmente temosque amar. Amar como Jesus amou.

O Imortal: Para o senhor,quem foi o melhor exemplo naprática da caridade?

Tenho como maior exemplo dacaridade o Sr. Cairbar Schutel,pois, como diz Kardec, “a melhorcaridade a se fazer para a Doutri-na Espírita é a divulgação do Es-piritismo atingindo toda a socie-dade”, e Cairbar Schutel teve umavida muito simples, mas foi gran-de dentro da sua simplicidade.

O Imortal: Qual seria a ori-entação do senhor às pessoas quesão invigilantes em seus pensa-mentos?

Que observem muito bem, commuito carinho, com muito respei-to e atenção, as recomendações doEspírito de Verdade quando diz:“espíritas amai-vos, espíritas ins-truí-vos”, unindo o útil ao agradá-vel, sabedoria ao amor, e só comessas duas asas ele pode voar aci-ma das impurezas do mundo e al-cançar os objetivos que todos nósalmejamos, ou seja, a nossa felici-dade espiritual.

O Imortal: Percebe-se em al-gumas casas espíritas que pesso-as se afastam das atividades, me-lindrando-se por pequenas coi-sas. Como os dirigentes destascasas devem agir em momentoscomo este?

Não se preocupar com elas, fa-zendo tudo para que aquele com-panheiro se aproxime mais da casa,sem tocar no assunto e sem nuncacensurá-lo, dando oportunidadepara que ele trabalhe com os mem-

bros da casa espírita.Essa oportunidadedeve ser dada comcarinho, atenção, des-prendimento e renún-cia, pois só o amorconstrói.

O Imortal: Nascasas espíritas, exis-tem muitas ativida-des. Para o senhor,qual a atividademais importante?

Todas elas sãoimportantes porque éum conjunto de força,de energia e estabili-dade para que talvez

tenhamos que executar alguma ta-refa, mas deve ser bem desempe-nhada. Não há maneira de dividirnada, pois o amor e a dor salvarãoo mundo.

O Imortal: O que o senhoracha sobre o trabalho dessas ca-sas espíritas para com o jovem,as crianças? É importante estetrabalho?

Temos exemplos extraordiná-rios em nossa frente. Devemos es-tudar, tentando descobrir quais osmeios mais úteis, necessários eimportantes na aplicação dos tra-balhos na casa espírita. Devemostratar com muito carinho e respei-to, pois serão eles o nosso futuro.O trabalho deve ser iniciado desdeseu nascimento.

O Imortal: O senhor há maisde meio século dirige o Lar In-fantil Marília Barbosa, semprecuidando de crianças. O sucessodeste trabalho deve-se a quê?

Creio que seja a perseverançano trabalho, o que é muito impor-tante, pois se começarmos um tra-balho e não o melhorarmos, ele nãoproduz. Se nós o melhorarmos paraoferecer nossa contribuição paraque tudo corra da melhor formapossível, é o mais importante.

O Imortal: Além do trabalhona casa espírita com as crianças,qual outro importante trabalhoque a instituição realiza?

Se a gente ficasse restrito so-

mente ao trabalho com as crian-ças, estaríamos já fazendo algu-ma coisa, pois isso é muito im-portante, pelo fato de estarmospreparando os trabalhadores dofuturo, mas é um conjunto de coi-sas que têm que acontecer aomesmo tempo, como a orienta-ção, alimentação correta, exem-plos para as crianças, pois nãoadianta querermos colocar al-guém no caminho certo comimponência, firmeza e arrogân-cia, mas sim com o exemplo ecarinho.

O Imortal: Dizem que como desencarne de Chico Xavierseu mentor Emmanuel estápara reencarnar, ou járeencarnou. Qual a opinião dosenhor sobre isso?

Penso que não podem faltarna crosta terrestre Espíritos comoChico Xavier e Emmanuel quetrazem uma segurança e a certe-za da imortalidade da alma, vin-culada ao trabalho de orientação,formando pessoas capacitadaspara orientar, ser dirigentes nadoutrina espírita, pensando sem-pre no bem e na renúncia. EssesEspíritos superiores vêm nosalertar e nos informar sobre ascoisas reais da vida, ou seja, cons-tituem um convite ao trabalho.Possuímos informações de queEspíritos iguais ou melhores doque eles estão reencarnando noplaneta Terra, para que o traba-lho não pare e continue aconte-cendo sempre, vencendo os obs-táculos da vida com muito esfor-ço e dedicação.

O Imortal: Ninguém maisdo que o senhor conheceu tãobem a D. Dulce Gonçalves.Qual seria o recado que ela gos-taria que fosse dado aos filhos,netos, bisnetos e demais famili-ares?

Que se amem se respeitem ese unam, não tendo nenhuma de-savença entre os familiares e quetrabalhem em prol dos mais ne-cessitados, pois foi o que ela sem-pre fez e desejou.

“Sem o amor a caridade é falsa, é uma coisa aparente”

MAIO/2009

Entrevista: Hugo Gonçalves

Hugo Gonçalves, ao lado de Elza Guapo