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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
O FRACASSO ESCOLAR: UMA ABORDAGEM SOBRE ALGUNS DE SEUS
ASPECTOS DETERMINANTES
Por:
Adriana de Cássia Rodrigues de Pina
Orientador:
Prof. Marco Antônio Chaves
Rio de Janeiro, RJ, fevereiro/2002.
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
O FRACASSO ESCOLAR: UMA ABORDAGEM SOBRE ALGUNS DE SEUS
ASPECTOS DETERMINANTES
Por:
Adriana de Cássia Rodrigues de Pina
Trabalho monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Especialista em Supervisão Escolar
Rio de Janeiro, RJ, fevereiro/2002.
Agradeço a todos aqueles que, direta ou
indiretamente, contribuíram para a realização
desta pesquisa.
Eu educo hoje, com os valores que recebi ontem,
Para pessoas que são o amanhã.
Os valores de ontem, os conheço.
Os de hoje, percebo alguns.
Dos de amanhã não sei.
Se só uso os de ontem, não educo:
Complico
Se só uso os de hoje, não educo:
Condiciono.
Se só uso os de amanhã, não educo:
Faço experiências.
Se uso os três, sofro. Mas educo.
Por isso, educar é perder sempre sem perder-se.
Educa quem for capaz de fundir ontens, hojes e
Amanhãs, transformando-os num presente.
Onde o
Amor e o livre arbítrio sejam as bases.
Arthur da Távola
RESUMO
Apresenta-se, na educação brasileira, um grande problema que envolve não apenas o
aluno, mas inclui a família deste, o professor, o supervisor e a direção: o fracasso escolar.
Este encontra respaldo na repetição de moldes nos quais a Educação se encontra
tradicionalmente e é incentivado pelo desgaste nas relações escolares. Professores
descompromissados com a Educação, alunos desmotivados em sala de aula, supervisores
deslocados de suas funções, famílias omissas e distantes do ambiente escolar. Este é o
quadro que assola as escolas, principalmente públicas, do país. Para tentar contornar o
problema é preciso entendê-lo. Neste sentido, a fim de buscar as suas origens, mapea-se a
conjuntura atual na qual a educação brasileira se desenvolve. Em seguida, estuda-se as
finalidades da educação, presentes na LDB 9394/96, a relação professor-aluno e o papel
desempenhado pela família, em sua atuação no universo escolar. A partir daí, destina-se a
vasculhar alguns dos aspectos que tornam possíveis o fracasso do aluno na escola, após
estabelecer uma definição para o termo sinalizador da dificuldade de aprendizagem. Para
tentar solucioná-lo, aponta-se a figura do supervisor no redimensionamento de papéis e
relações escolares. Assim, entende-se que o fracasso do aluno na escola é resultado que
depende do papel docente e da forma como a Educação tem sido entendida, e o sucesso
escolar depende de uma mudança no papel do professor e na Educação, destacando a
importância da supervisão escolar.
SUMÁRIO
Introdução 6
Capítulos
I - A educação brasileira e os educadores: um olhar sobre a conjuntura atual 9
II - As finalidades e os papéis na educação: a LDB 9394/96 e a comunidade
escolar
2. 1 – As três finalidades básicas da Educação na LDB 9394/96
2. 2 – A comunidade escolar: a relação professor-aluno e o papel da família
13
13
15
III - Um problema: o fracasso do aluno na escola
3. 1 – O fracasso escolar: a busca de uma definição
3. 2 – O problema e alguns de seus aspectos
20
20
22
IV - A figura do supervisor escolar: redimensionando papéis 27
Conclusão 32
Bibliografia 35
Anexos
INTRODUÇÃO
A educação brasileira tem assistido a um crescente processo de
massificação do ensino e visível fracasso. Este quadro leva a pensar em alguns
questionamentos, tais como: o que tem contribuído para que os alunos se mostrem tão
desinteressados em sala de aula? Será que os professores estão comprometidos com o seu
aluno? O que faz o supervisor escolar?
Esses questionamentos se fazem sentir quando, no cotidiano escolar, vê-
se uma insatisfação significativa com a escola, com os alunos, com os professores, com os
supervisores, com a direção, enfim, com todos os elementos envolvidos no processo de
ensino-aprendizagem. Isso se deve à concepção como a escola e a Educação são tidas por
muitos.
Tradicionalmente a Educação não é vista como um processo em
construção. Nela, ainda é forte a pedagogia diretiva onde suas partes componentes têm
papéis específicos e delimitados. O professor é aquele que, sendo o detentor do saber, é
responsável por ensinar, transmitir seu conhecimento. O aluno, o que nada sabe, é o
receptor do conhecimento docente. O supervisor, aquele a quem todos devem temer por
fiscalizar papéis (documentos) e o cumprimento do que neles estaria escrito.
Sabe-se, entretanto, que esta não passa de uma visão ultrapassada mas
ainda muito difundida e presente no meio escolar. São poucos os professores que fazem
uma definição de educação onde eles não estejam como ponto de partida, foco irradiador,
do conhecimento e o aluno como uma “antena” que é presenteado por essa doação. O
supervisor é uma figura cujo papel , não muito entendido, é o de somente cobrar
planejamentos, provas e criticar o trabalho feito.
Os alunos não emitem opiniões diferentes de seus professores, figuras
sempre distantes que, no alto de seus pedestais, mantém-se alheios ao que acontece com
eles. O supervisor, para eles, não figura como detentor de papéis específicos na Educação e
fundamentais na escola. É a pessoa a quem fazem queixas deste ou daquele professor, das
condições gerais da escola ou de grupos de alunos rivais.
Com todo um quadro como esse não é de espantar que o fracasso, muito
mais que o sucesso, esteja tão presente nas escolas de nosso país, principalmente nas
públicas. Professores descompromissados com a Educação, alunos desmotivados em sala
de aula, supervisores deslocados de suas funções. Quadro esse que reflete um grande
descaso com relação à Educação brasileira agravado pelo contexto histórico no qual o
nosso cotidiano se insere.
O Brasil navega em um mar de violência e corrupção constantemente
denunciados na imprensa escrita e falada. Estratégias de ensino pouco eficientes, salas de
aula lotadas e falta de professores são alguns dos aspectos que fazem a qualidade do ensino
brasileiro cair, apesar da boa média de alunos inscritos nas escolas. O resultado não
poderia ser outro: fracasso notado nos altos índices de reprovação e na precária
aprendizagem significativa.
É importante para o aluno perceber que a escola não está em dissonância
com a sua realidade e que ela é capaz de compreender o seu dia-a-dia. Que seus
professores estão sensíveis aos seus medos, ansiedades e curiosidades. É preciso que haja
afetividade, sem rótulos que restringem e limitam as relações humanas. Que o supervisor
pedagógico também esteja atento e receptivo a tudo a fim de auxiliar a articulação desse
progressivo e crescente novo processo de mudança.
Desta forma, pretende-se desenvolver nesta monografia um estudo sobre
alguns dos fatores que ocasionam o fracasso escolar e os aspectos nele envolvidos
destacando, principalmente, a importância da relação humana entre os envolvidos no
processo de ensino-aprendizagem (alunos, professores e supervisores) para a valorização
do educador e do educando a fim de construir a Educação e de formar uma escola de
qualidade.
No capítulo I serão vistas as condições nas quais se encontra a Educação
atual. No II buscar-se-á uma redefinição de papéis dos envolvidos no supradito processo
ensino-aprendizagem e de conceitos básicos como: Educação, professor-educador, e
supervisão escolar. No III serão analisadas as circunstâncias que expressam o fracasso
escolar e o que, aqui, está sendo entendido como fracasso escolar. No IV haverá um
destaque ao supervisor escolar enquanto peça chave no redimensionamento das relações
escola-professor-aluno.
Após o desenvolvimento e o desenrolar do tema desta monografia tem-se
o propósito de constatar-se, na conclusão, que o sucesso do aluno está relacionado de
forma direta a uma mudança no papel do professor e da Educação, como tradicionalmente
é entendida, destacando a grande importância da supervisão escolar como gerenciadora
deste processo de transformação.
Afinal é preciso levar as discussões acadêmicas sobre a Educação ao
cotidiano escolar e nele se basear para um constante processo de construção. É importante
lembrar que a escola não é uma ilha onde, dos portões para dentro, existe um universo belo
e utópico e, para além dos mesmos, o mundo real. Que ela não seja mais um lugar onde o
discurso distancia-se da práxis.
I – A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E OS EDUCADORES: UM OLHAR SOBRE A
CONJUNTURA ATUAL
Atualmente, a educação brasileira defronta-se com problemas que vêm
comprometendo a sua qualidade. Dentro de inúmeros itens envolvidos destacam-se os
descasos das autoridades, percebidos na distribuição de verbas destinados à educação pelo
Estado (se comparada a outros setores), na desvalorização dos profissionais de educação,
sentida pelos baixos salários e pela forma como esses profissionais são tratados, a vivencia
no qual o ensino escolar se insere onde não se tem segurança nem no interior da escola ,
dentre outros.
Estes são alguns dos muitos aspectos que envolvem a educação nacional
brasileira e a comunidade escolar (alunos e suas família, professores , supervisores e
diretores) . Lembrado que não se deve esquecer do contexto histórico (político, social,
econômico e cultural) a educação se enquadra, mostrando assim que há uma íntima relação
entre diferentes setores de um povo.
Muitos profissionais de outras áreas, motivados por questões financeiras,
resolvem assumir novas (ocupações) e tornam-se professores. Não é raro encontrar
médicos, engenheiros, músicos, etc, ministrando aulas em muitas escolas . Isto se deve ao
fato de não haver um órgão representativo para os profissionais de educação como por
exemplo a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), com sede nos diferentes estados da
federação que regulariza e protege o exercício da profissão dos advogados no país. Falta-
nos, talvez, um CRPE (Conselho Regional dos Profissionais de Educação) ou uma OPE
(Ordem dos Profissionais de Educação).
Tal questão traz consigo e revela um grande problema social: a inversão
de valores na qual a sociedade brasileira vive. Daí explica-se a desvalorização sofrida por
muitos componentes de nossa sociedade mas, sobre tudo, pelos profissionais de educação .
Não mais é necessário o registro do ME (Ministério da Educação) antigo MEC (Ministério
da Educação e Cultura) para a admissão em escolas e/ou colégios. Daí os baixos salários e
o desrespeito com o professor e a sua conseqüente acomodação.
A realidade é cruel porém existente. Somando-se ao já exposto, uma série
de situações estão presentes no cotidiano do corpo docente e discente: alunos desmotivados
e, por isso entediados em sala de aula; a linguagem do professor que não se adequa ao
universo do aluno; a matéria a ser passada que não está relacionada com a atualidade; a
cobrança do planejamento por parte da escola que muitas vezes é uma mera formalidade
não encontrando eco em sala de aula.1
Os alunos representam um desafio a mais nesse mundo de problemas no
qual a Educação e a sociedade brasileiras se inserem. Vivenciando o imediatismo e a
facilidade oferecida pelos meios de comunicação, acostumaram-se a receber informações
pensadas e concluídas, o que convencionou-se a chamar de mastigado. Com isso, os alunos
desabituaram-se a ler e a pensar, nunca tirando suas próprias conclusões sobre o que quer
que seja. Condiciona-se a informação para respostas previsíveis.
Cabe lembrar que o papel do ambiente histórico-social em que se vive é
determinante no processo de ensino-aprendizagem. Não é interessante que os jovens sejam
levados a questionar, a duvidar, a reivindicar. Eles devem, simplesmente, aceitar e
reproduzir, sem pensar, sobre aquilo que lhe é imposto. O contrário poderia acarretar a
quebra da estrutura vigente, da dita estabilidade em prol do desconhecido.
O grande impacto para os professores ocorre, muitas vezes, quando, ao
assumir a turma, se dão conta que seu aluno apresenta uma diversidade de conhecimento,
de interesse, de carências e de objetivos. Aqueles iniciam a aula nivelando por baixo sua 1 O contrário do que é estabelecido onde: “o plano de aula deve estar adaptado às reais condições dos alunos”. Ver: HAYDT, Regina Célia Cazaux. Curso de Didática Geral. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1995. p. 94-106.
turma a fim de apagar as diferenças sem se preocupar com a bagagem que cada um
daqueles a quem considera espectador traz consigo, e que não raro poderia enriquece-la.
Em suma, os mestres que deveriam ser bons exemplos a serem seguidos, desprezam o que
acontece com os alunos uma vez que sua inquietação maior é a de dar aula.
Quase sempre, o professor inicia um monólogo onde não percebe que a
incentivação do interesse do aluno é importante. Geralmente, fala a um público distante,
sem qualquer envolvimento com o que acontece em sala. Os currículos são montados da
mesma forma que as aulas: afastando-se da realidade do corpo discente e inserindo-se
numa utopia do mais alto saber a ser alcançado. O saber e o conhecimento tornam-se,
então, inatingíveis.
Vale destacar ainda que, currículos estáticos e inflexíveis não permitem
aberturas que possam abarcar a diversidade com a qual se depara o professor em seu dia-a-
dia. Temas cobrados muitas vezes são de difícil inserção no planejamento. É árduo o
envolvimento dessa diversidade, de despertar interesse com currículos que não refletem a
realidade da qual o aluno parte e vivencia.
Fala-se em valorizar o indivíduo, propiciar meios para que ele se
desenvolva2, mas, freqüentemente se esquece do cotidiano. Vive-se em um mundo de
globalização onde o ser globalizado está dentro de um todo, a sociedade globalizada.
Nela, nivela-se a todos sem levar em consideração os gostos ou as preferências individuais.
Sem perguntar às pessoas se elas querem participar do todo proposto.
Neste ínterim, a escola mantém, até os dias atuais, uma estrutura rígida,
sem grandes modificações no transcorrer de nossa história já que: persiste na educação (...)
uma grande defasagem entre o Brasil e os países desenvolvidos, porque a população não
recebeu até agora um ensino fundamental de qualidade3. Afinal, mantém-se o ensino dos
2 O desenvolvimento do educando é primordial e se encontra presente em lei. Ver: LEI DE DIRETRIZES E BASES da educação nacional, nº 9394/96, Título I, art. 2º. 3 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 1996. p. 224.
conteúdos sem levar em consideração a realidade onde a escola está inserida. Este processo
leva a uma desumanização do indivíduo, desrespeitando as individualidades4.
Em meio a todas as contradições e dificuldades apresentadas, não se pode
deixar de falar da figura representada pelo supervisor escolar. Este carrega consigo uma
série de responsabilidades vitais à manutenção da escola e da eficácia dos projetos e dos
objetivos elaborados para a mesma. É o elemento de ligação na incansável busca de
equilíbrio satisfatório entre o corpo discente, o corpo doente, a comunidade e a direção.
Entretanto, suas funções se vêem esvaziadas já que se tornou apenas um
fiscalizador de papéis, um espião para donos e diretores de escolas que relata o que
acontece dentro e fora de sala de aula. Tornam-se verdadeiras autoridades em cujas mãos
se encontram a continuação da situação de empregabilidade de uns profissionais e de
solucionador de problemas de ordem comportamental perante os alunos.
O aspecto pedagógico real deveria ser outro já que é: elemento capaz de
catalisar as expectativas, incertezas e inquietações dos docentes, contribuindo para
orienta-las na direção de um trabalho mais gratificante5. Infelizmente, este não é o quadro
que se observa em muitas escolas onde o papel de inspetor ainda é desempenhado,
resumindo-se a um mero relator de situações-problema.
É nessa complexa conjuntura que se desenvolve o fracasso escolar que é
notado em boa parte do território brasileiro. O desinteresse dos alunos é denotativo desta
situação e os índices de reprovação e evasão escolar são suas conseqüências diretas. Pensar
sobre o problema é o primeiro passo para tentar solucioná-lo. A intenção desta monografia
não é a de encontrar respostas positivas e definitivas para findar o problema, mas o de
pensar, lançar idéias que o esclareçam.
4 FREITAS, Nilson Guedes de. Pedagogia do amor:caminho para a libertação na relação professor-aluno. Rio de Janeiro: WAK Editores, 2000. p. 123. 5 BALZAN, Newton César. Supervisão e didática. IN: ALVES, Nilda (coord.) Educação e Supervisão: o trabalho coletivo na escola. 9ª ed. São Pulo: Cortez, 2000. p. 38.
II – AS FINALIDADES E OS PAPÉIS NA EDUCAÇÃO: A LDB 9394/96 E A
COMUNIDADE ESCOLAR
Na constante tentativa entender o problema do fracasso escolar e suas
derivações sugere-se a definição de conceitos e papéis ligados ao estado e à comunidade
escolar – referência feita aos profissionais de educação tais como professores, educadores,
supervisores – e público atendido pela escola, alunos e suas famílias, cuja participação e
apoio são muito importantes para o desenrolar do processo de ensino-aprendizagem.
2. 1 – As três finalidades básicas da educação na LDB 9394/96.
No que diz respeito ao Estado, que tem destacado papel na construção e
na regulamentação da educação brasileira, deve-se fazer referência à LDB (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional). A que encontra-se em vigor desde 20 de
dezembro de 1996 é a de número 9394/96, conhecida como Lei Darcy Ribeiro, vem a
substituir a anterior, a de número 5692/71, não sem promover muitas discussões6. Para este
estudo foram enfocadas as finalidades básicas da Educação.
O texto jurídico inicia-se destacando o pleno desenvolvimento do
educando. Ou seja, propiciar o desenvolvimento de potencialidades individuais, algo que
parece ser um contra-senso numa normatização como a lei se pretende. Seria o mesmo que
ressaltar as individualidades em um processo que é homogeneizador. Esta idéia parece ser
impossível se for levada em consideração as salas de aula que conhecemos como sendo
comuns no Brasil.
6 DEMO, Pedro. A Nova LDB: Ranços e avanços. 11ª ed. Campinas/São Paulo: Papirus, 2001. p. 9-11.
Salas de aula com um número de alunos que varia de aproximadamente
40 (quarenta) a 50 (cinqüenta) ou 60 (sessenta) alunos, sendo esta uma estimativa extrema.
Como potencializar individualidades se estas apresentam números tão altos? Como
administrar essas individualidades em salas com tantos alunos? Como atender aos anseios
individuais se o professor tem de dar conta de um número de individualidades tão extenso?
A segunda finalidade da educação a ser discutida é a de preparo para o
exercício da cidadania. Toda a educação a ser ministrada deve estar voltada para embutir
no indivíduo o sentimento de cidadania, sem o qual, é claro, uma nação não existe. Esta
educação não pode desprezar os laços de afetividade entre os membros que dela
participam: professores, alunos, supervisores.
Cidadão, como já é de conhecimento de todos, não é somente aquele que,
a cada eleição, comparece para fazer valer o seu direito de votar e ser votado. Cidadão é
aquele que participa da construção de sua sociedade e que, por isso, pode vir a modifica-la.
É aquele que pensa com autonomia e que esta é construída no cotidiano escolar e presente
nos diferentes veículos de comunicação.
Com relação à terceira finalidade da educação, no texto jurídico
encontramos a formação para o trabalho. Esta tem sido foco de leis anteriores e fazem
parte da preocupação da sociedade brasileira. Exige-se formação de técnicos,
especializados nesta ou naquela atividade cuja demanda no mercado deve ser atendida. O
ensino técnico, entretanto é foco de críticas, principalmente no que diz respeito à sua
formação.
O técnico é aquele que teve, em seu ensino, privilegiamento de algumas
matérias em detrimento de outras que lhe auxiliariam na construção de conhecimento e do
ser humano. Visando somente a preparação para a vida produtiva.7 De imediato a visão que
se tem é que a sociedade brasileira está em processo de vertiginoso crescimento econômico
na qual a formação de bacharéus seria algo muito demorado e a demanda, urgente.
7 LDB 9394/96, Título V, Capítulo III, art. 39.
Sabe-se que o processo de crescimento econômico brasileiro não é tão
grande assim e que a formação de técnicos e especialistas não tem atendido senão a uma
estruturação política própria da sociedade. O saber técnico despreza a formação humana e
mais uma vez desumaniza-se o educando e o educador. É o saber em etapas, o saber
compartimentado que tira o homem do todo.
2. 2 – A comunidade escolar: a relação professor-aluno e o papel da família.
Um dos grandes problemas em qualquer setor do trabalho humano são as
relações sociais. E na escola não seria diferente. A relação que envolve professores e
alunos foi e tem sido fonte de estudo já que influencia diretamente os resultados do
processo educativo como um todo. Ensinar e aprender envolvem seres humanos com
concepções, experiências e valores diferentes. E quando essa relação se desenvolve no
âmbito da escola, ganha uma gama de complexidades.
Em geral, a relação professor-aluno é caracterizada por um grande
desafio, principalmente na rede pública de ensino: professores mal preparados,
desatualizados e desmotivados assumem turmas numerosas (tal como foi citado no item
anterior) de alunos igualmente desmotivados, acostumados com o imediatismo das
informações e o estabelecimento de respostas prontas.
Em seu artigo 61, a LDB 9394/96 fala da necessidade de a Educação ser
ministrada por profissional capacitado, não isentando que a capacitação dos mesmos possa
ser realizada em serviço8. Ou seja, ao educador é possibilitada a atualização profissional e
que esta pode ocorrer durante o exercício de suas funções. Sabe-se, ainda, que muitas
escolas públicas estaduais promovem cursos para seus professores mas que, em sua
maioria, não comparecem a eles.
A que se deve então tal descaso? É notório que existem uma série de
fatores, de diferentes ordens, envolvidos neste problema e que não se deve deixar de lado a
questão dos baixos salários que recebem. Mas não se pode esquecer que o aluno é o foco
8 LDB 9394/96, Título VI, art. 61.
da educação e que ela seja eficiente e de boa qualidade e não casual e descompromissada.
Ao fim de contas, a quem pretende formar?
De forma geral e são poucos os casos que fogem a tal caracterização, o
quadro apresentado em sala de aula é assustador. Há uma imobilidade de atitudes o que
mostra a acomodação na qual muitos permanecem inertes. No setor público e em algumas
escolas particulares, poucos são os professores que estão realmente comprometidos com o
ato de educar. Isto é responsável por uma série de problemas, em relação ao corpo
discente, dentre os quais o próprio fracasso escolar.
Entre os alunos a realidade não difere muito. Objetivos políticos e
determinantes sócio-econômicos fazem deles seres desinteressados e alienados. O
conhecimento só é admitido quando se encontra com a barreira da avaliação e seus
resultados: aprovação ou reprovação. É claro que, em vista do exposto, a segunda se torna
muito mais comum afetando e comprometendo a vida do aluno na escola.
Uma afirmação de Pedro Morales expõe, de forma clara, como a relação
do professor com o seu aluno é determinante no processo de ensino-aprendizagem. O
educador é responsável, até mesmo, pela forma de como o aluno vê a escola, a aula e a
própria Educação. O modo de como esta relação se dá é indicativo de como a Educação é
tida:
O modo como se dá nossa relação com os alunos pode e deve incidir positivamente tanto no aprendizado deles, e não só das matérias que damos, como em nossa própria satisfação pessoal e profissional, porque nossa relação deve ser considerada uma relação profissional. Precisamente por se tratar de uma tarefa profissional, não podemos deixar de lado um aspecto que diz respeito diretamente à eficácia do que fazemos.9
Querendo ou não, o professor se torna ponto de referência para o seu
aluno. E este reconhece isso. Os alunos não aprendem somente aquilo que lhes é passado
em sala de aula. A aprendizagem se dá de forma muito mais ampla. Para isso, é claro, há
9 MORALES, Pedro. A relação professor-aluno. 2ª ed. São Paulo: Loyola, 1999. p. 10.
um grande envolvimento emocional. O aluno busca uma identificação com o seu professor
e quando esta não se processa a aprendizagem fica comprometida10. O docente deve criar
condições cognitivas e afetivas que muito contribuem para o desenvolvimento dos
alunos11.
Infelizmente, a atitude docente em relação aos alunos ainda confunde a
educação enquanto formação de um ser crítico e consciente com o adestramento
comportamental e adeqüação social. É claro que a educação evoluiu até os dias de hoje e,
como é reflexo de uma série de aspectos que a enquadram em um contexto histórico
próprio e específico de cada época, não se pode esquecer que seus valores correspondem
aos anseios da sociedade e propósitos que a demandam12.
Resultados desastrosos nas avaliações são fruto de um processo onde o
ensino e a aprendizagem inexiste. Aulas sem planejamento e distantes dos alunos só
poderiam refletir no fracasso da prática pedagógica. A comunicação entre o professor e o
aluno não ocorre. O primeiro fala, repete o que aprendeu na Universidade mas não sabe
como aplicar esse conhecimento. O segundo, por sua vez, não sabe o que faz com a
informação que lhe foi passada.
Para que a relação professor-aluno ganhe novas cores é preciso lembrar,
antes de tudo, que educar é um ato que envolve sensações, emoções e sentimentos. Que
lida com o igual e com o muitíssimo diverso. Que fala do simples e encaminha-o para o
complexo. Que une concepções e separa opiniões. Mas que, dentre muitos aspectos, é um
ato de pessoas para pessoas. É um local de relacionamento humano.
Sendo assim, a relação professor-aluno deve conter o aspecto pedagógico
mas, acima de tudo, o profissional e o emocional. O primeiro vem a garantir ao corpo
discente uma educação de qualidade com metas a serem atingidas, métodos para conduzir
o processo e objetivos a alcançar. O segundo, torna possível a aproximação entre
10 Id. Ibid. p. 21-26. 11 LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001. p. 25-28. 12 FREITAS, Nilson Guedes de. Op. Cit. P. 135-154.
professores e alunos pois a afetividade equilibra o ser humano e o faz capaz de superar os
obstáculos tal como o fracasso escolar.
Outro aspecto importante para a escola e para o desenvolvimento do
processo ensino-aprendizagem é a presença da família. Esta se destaca uma vez que dela
advém o aluno e que é nela onde ele passa a maior parte de seu tempo. A presença de pais
e mães, ou melhor, dos responsáveis pelo aluno na escola potencializa o supra dito
processo complementando-o. Porém, a maioria das famílias prefere transferir essa tarefa
para a escola e para o professor.
A criança e/ou o adolescente desempenha, pelo menos, dois papéis
sociais: o de aluno e o de filho. Quanto ao primeiro, torna-se preocupação da escola e dos
profissionais nela envolvidos. Quanto ao segundo, é tarefa exclusiva da família. A
diferenciação entre ambos é fundamental para que a criança e/ou o adolescente não
confunda sua atuação na escola, vindo a comprometer o desempenho escolar.
É certo que há uma confusão de atribuições que afetam a vida dos
professores e dos alunos onde a interferência familiar se faz decisiva. Muitas vezes, as
ansiedades dos pais trazem problemas para os filhos, na medida em que exigem respostas
sobre os cotidianos dos mesmos em sala de aula. E para estes da mesma forma em que as
transferem para seus filhos, a fim de procurar solucionar suas frustrações e atender às suas
expectativas13.
Apesar do exposto, a presença dos pais para o processo de ensino-
aprendizagem é positiva. O acompanhamento dos filhos na escola, sem que suas
ansiedades sejam transferidas aos mesmos, é fundamental para gerar um clima de
estabilidade emocional decisiva para despertar o interesse deles. O espaço emocional deve
ser levado em consideração pois estudos, em particular os de Daniel Goleman, o revelam
determinante em bons resultados14.
13 ZELAM, Karen. Os Riscos do Saber. Obstáculos do Desenvolvimento à Aprendizagem Escolar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1993. p. 15. 14 GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional. A teoria revolucionária que define o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. p. 45-52.
Portanto, o espaço da escola não deve ser vedado à família e nem esta se
eximir de sua presença nela. A família pode contribuir muito para uma série de aspectos,
tais como: para os relacionamentos sociais (do aluno com outros alunos e com os
professores), para o aprendizado, dentre outros. Fazem parte do processo educativo o
aluno, o professor, os demais profissionais de educação e a própria família do aluno pois é
preciso que participe, de forma ativa, no cotidiano escolar.
III – UM PROBLEMA: O FRACASSO DO ALUNO NO ÂMBITO ESCOLAR
O conjunto de considerações feitas sobre a educação brasileira e a forma
de como se desenvolve a relação professor-aluno, na maioria das salas de aula das escolas,
tem levado ao aparecimento de uma variada gama de problemas e dificuldades. Neste
capítulo, centrar-se-á as atenções em apenas um deles: o fracasso do aluno na escola. O
que levaria a isto? Como detectá-lo? O que fazer? Estes são alguns dos questionamentos
feitos.
3. 1 – O fracasso escolar: em busca de uma definição
Na procura de entendimento para o tema, é preciso, inicialmente,
compreender o que é e do que se trata, enfim, conceituar o fracasso escolar. Portanto, neste
momento, passa-se à conceituação do termo fracasso a fim de que, a posteriori, evidencie-
se a análise do mesmo, conectando-o com o universo escolar – base de desenvolvimento
desta monografia.
Definido por Francisco Fernandes como sendo: fragor; ruído de coisa
que se parte ou cai; baque; estrepito; ruína; desastre; desgraça; mau êxito, malogro15; o
termo fracasso carrega consigo um grave aspecto negativo: o do não cumprimento das
expectativas feitas, o da inabilidade do lidar com o diverso e com o adverso, enfim, o do
insucesso.
Quando tal definição é aplicada no universo escolar tem-se algo que vai
de encontro à própria conceituação de escola. Esta seria o lugar da construção do aluno
15 FERNANDES, Francisco. Dicionário Brasileiro Globo. 53ª ed. São Paulo: Globo, 2000. Sem paginação.
enquanto um ser autônomo, tal como ressaltou o educador Paulo Freire ao dizer ser
necessário a qualquer docente o respeito à autonomia do aluno16. O universo da escola é
dedicado à construção de um ser crítico e consciente. O contrário tem feito dos alunos
seres dependentes e com pouca criatividade.
Tem-se por definição de escola a organização sistêmica aberta, isto é,
um conjunto de elementos (...) que interagem e se influenciam mutuamente, conjunto esse
relacionado, na forma de troca de influências, ao meio em que se insere 17. Tendo por
função promover a melhoria da sua comunidade, pela educação de seus filhos, e que, ao
faze-lo, recebe influência dessa comunidade, adaptando seus objetos, programas, métodos
e técnicas às suas necessidades18.
Sendo assim, o fracasso do aluno na escola tem uma definição bastante
clara: refere-se a uma conjuntura desconexa entre o professor, o aluno e a escola que, por
uma série de aspectos, falha no cumprimento de suas funções. Daí o fracasso não se
processar de modo unilateral e sim envolvendo um universo muito maior do que apenas o
aluno.
Para o estudo do tema proposto é preciso mencionar que a família
também faz parte da esfera atendida pela escola. Aquela, assim como o professor, a escola
e o próprio aluno, é fator determinante para a situação de fracasso escolar. Quando a
família não respeita o espaço escolar do filho e o real papel da escola e do professor pode
acabar por comprometer a aprendizagem dos filhos e o rendimento dos alunos.
José Sérgio Fonseca de Carvalho aborda, em seu estudo, a associação
entre o erro e o fracasso e de como o primeiro pode vir a ser um caminho de correção e
16 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 14 ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 65-67. 17 LÜCK, Heloísa. Ação Integrada. Administração, Supervisão e Orientação Educacional. 14ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998. p. 9. 18 Id. Ibid. p. 10.
sucesso19. Mas para que este problema seja solucionado é preciso, inicialmente, que seja
detectado, verificar em que setor ele tem se processado e localizar onde e quando deve
haver a interferência.
O fracasso escolar perpassa pelo interesse e determinação dos
profissionais de educação (professores e supervisores, principalmente), pelas ansiedades,
frustrações e situações familiares além das implicações psíquicas e da própria vontade do
aluno (que por vezes recusa-se a aprender ou a realizar tarefas escolares)20. Como já foi
dito, não é um problema isolado, tem relação com o todo do universo da escola e as
personagens nela envolvidas.
3. 2 – O problema e alguns de seus aspectos
Nas escolas o problema pode ser detectado a partir da própria relação
professor-aluno, já destacada no capítulo anterior. A motivação das aulas é algo quase tão
inexistente quanto à elaboração e ao planejamento das mesmas. Geralmente, o professor
não se preocupa, sequer, em saber se o conteúdo dado em sala de aula está sendo aprendido
ou se apenas está visto. A prática não se relaciona com a teoria.
Suas aulas se desenvolvem alheias à realidade do aluno. Não há
preocupação com essa interação. A sua prática pedagógica é excludente não se importando
com a diversidade. A idéia darwnista21 de adaptação e extinção encontra correlato nessa
situação. Aquele que se enquadra nos moldes preestabelecidos pelo professor e pela escola,
sobrevive. Aquele que não consegue é deixado de lado sem que haja cuidado em recupera-
lo. Está fadado à extinção enquanto ser humano.
Quando se é professor, surge uma série de questionamentos que
envolvem a prática docente onde são percebidos problemas. Nestes, as respostas, apesar de
aparentemente simples, se tornam difíceis como: a constante preocupação no cumprimento
19 CARVALHO, José Sérgio Fonseca de. As noções de erro e fracasso no contexto escolar: algumas considerações preliminares. IN: AQUINO, Julio Groppa (coord.). Erro e fracasso na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1997. p. 11-24. 20 Ver obra e estudos de caso feitos por: ZELAM, Karen. Op. cit. 21 Charles Darwin foi um cientista inglês que mostrou à sociedade de sua época a evolução das espécies segundo a adaptação das mesmas ao meio em que viviam, o contrário as levaria à extunção.
do currículo, o estabelecimento de avaliações, a confecção de provas. Com isso, pouca
conta à necessidade do aluno, que ficam em segundo plano. A reflexão é evidente.
Para procurar entender melhor o fracasso escolar é preciso dividir o
problema em partes. Sabe-se, entretanto, que essas partes não são isoladas e que se influem
mutuamente. Aqui, serão ressaltadas as contribuições feitas pela família – sem a
inquietação de destacar as suas implicações psicopedagógicas22-, a influência exercida pela
escola (pelo professor sobre o aluno e a falha na interferência pedagógica do supervisor
escolar).
Tem-se consciência que a família exerce um papel decisivo na vida do
aluno. É ela a determinante, senão consciente, mas inconscientemente, no desempenho
dele. Entretanto, muitas delas transferem aos seus filhos suas expectativas e frustrações
impondo-as aos alunos e exigindo retorno satisfatório. Não interessam a elas os desejos dos
filhos. Estes, para elas, não têm vontades e se as detectam neles fazem questão de
desconstruí-las a fim de que seus sonhos se tornem realidade.
Às vezes a interferência familiar na vida do aluno é tão grande que
problemas presentes nela são refletidos na escola. Este é o caso de alunos que vem a
apresentar o que é chamado de transtorno de aprendizagem. Sobre este aspecto, a
psicopedagoga Karen Zelam destaca que:
Todas as crianças e adolescentes com transtornos de aprendizagem intuem um relacionamento entre o que sabem sobre assuntos acadêmicos e o que sabem sobre elas mesmas e seus pais. (...) Por exemplo, quando aprendem na escola, elas também ‘aprendem’ que adquiriram informações que seus pais não possuem. Então elas podem concluir que são ‘mais espertas’ que os pais, um pensamento que ameaça tanto a criança quanto o pai23.
22 Karen Zelam, em sua obra já citada, tem profunda preocupação em destacar os aspectos psicopedagógicos, principalmente quando fala dos casos por ela tratados e as implicações da interferência na vida dos alunos realizada pela família e pelos professores. 23 ZELAM, Karen. Op. cit. p. 15.
Sendo assim, a criança por medo de equiparar-se aos pais ou, até mesmo,
de tornar-se superior a eles defende-se do mal que pode vir a desestruturar o ordenamento
familiar ao qual pertence: o saber. Desta forma, se recusa a aprender o que vai influir na
sua vida escolar. Neste ínterim, é comum ver alunos que aparentemente não tem problemas
de defasagem com avaliações do que poderiam ser capazes de apresentar.
Com isso, o fracasso escolar se liga à vontade apresentada pelo aluno e
influenciada pela família. Não se descarta o fato de, em alguns casos, o aluno apresentar
reais problemas de aprendizagem relacionados à deficiência no aprendizado ou aos fatores
biológicos, tais como baixa acuidade auditiva ou visual. Karen Zelam chama atenção para
o fato de que as maiorias dos casos por ela atendidos foram de alunos que se recusaram a
aprender por razões exógenas e não por motivações endógenas24.
O intuito proposital do aluno em fracassar na escola faz surgir sobre ele
uma série de rotulações e classificações derivadas de sua atitude. Estas vêm a
comprometer, cada vez mais, a sua aprendizagem e a forma de como, por um lado, ele vê o
professor e a escola e, por outro, é visto por ambos. Isto vem a levar o aluno a
autolimitação e à incapacidade restringindo a sua autonomia enquanto ser pensante e
independente.
Outro fator determinante nesse quadro é a presença dos professores,
muitos desses estão despreparados para lidar com o aluno em sala de aula ou presos às
concepções ultrapassadas de poder e soberania que os diferenciavam dos alunos. Para isso,
contribui a forma como a Educação foi e ainda é vista em algumas escolas e por alguns
professores e diretores: o mestre é aquele que tudo sabe e que está em sala para dar o seu
conhecimento; o discípulo é o que nada conhece e que vai a aula para captar o que é dito
pelo primeiro.
Entende-se, então, a Educação como um ato unilateral de doação que sai
do professor e se dirige ao aluno. Neste tipo tradicional de visão da Educação o aluno não
tem vez, expressão ou desejos. As aulas, em sua maioria, se tornam vazias, sem vínculo
24 Id. Ibid. p. 1-27.
com a realidade de seu público sendo, portanto, desinteressantes. Neste caso, a escola está
distante do aluno. E em resposta, o aluno não faz parte dela. Conclui-se, aqui, que o
fracasso se torna institucional e a escola reproduz o problema.
Esta é a crise da escola à qual faz alusão José Sérgio Fonseca de
Carvalho que ressaltou o seguinte:
O fracasso escolar, que tem sido concebido como o fracasso do aluno ante as demandas escolares, é hoje provavelmente, o maior empecilho à democratização das oportunidades de acesso e permanência da grande massa da população em nossas instituições escolares. É nesse sentido, o maior sintoma da crise de nossas escolas25.
Esta crise, oportunizada pelo fracasso escolar, se faz sentir em muitos
outros problemas que deflagra: o elevado índice de reprovação (que em algumas escolas da
rede municipal do Rio de Janeiro tem sido escamoteado pelo processo de aprovação
automática) e a conseqüente evasão escolar. Uma falha atribuída ao aluno, mas que, na
realidade, reflete erros de planejamento, de atitudes e de comprometimento com o real e
significativo processo de ensino-aprendizagem.
O círculo é vicioso. Os alunos estigmatizados, por apresentarem
problemas de aprendizagem ou por apenas se recusarem a aprender, são rotulados e
simplesmente desprezados por seus professores. Estes não se preocupam em descobrir a
razão do fracasso e acabam por reproduzi-lo. A sua realidade é bastante uniformizante,
leva às generalizações, aos moldes. Não se importam com o aluno ou, quando isto ocorre,
não têm tempo para tratar do assunto.
Para finalizar os aspectos que influem no aparecimento e na reprodução
do fracasso escolar, falta falar da própria escola. Esta deveria agir na figura do supervisor
que, muitas das vezes, está mais preocupado com as questões burocráticas que lhe são
inerentes do que com os aspectos pedagógicos. Sendo assim, o problema em questão
25 CARVALHO, José Sérgio Fonseca de. Op. cit. P. 21.
também ocorre pela ausência ou imprudência da supervisão em relação ao aluno, uma vez
que não interfere para a compreensão do mesmo.
O supervisor, imerso em seu cotidiano na fiscalização de papéis,
esquece-se de sua atribuição pedagógica deixando-a falha. Heloísa Lück complementa essa
idéia quando escreve: (...) observa-se, muito comumente, na liderança oferecida pelo
supervisor escolar, uma preocupação mais relativa a métodos, técnicas, conteúdos, que ao
sentido do processo educativo26. O aluno fica relegado ao segundo plano. Ou quando se
dirige a ele, o faz com o intuito de verificar se este ou aquele professor cumpre o
planejamento.
A supervisão escolar foge então de seu papel principal, definido por
Heloísa Lück como sendo: (...) se constitui, em última análise, na somatória de esforços e
ações desencadeados com o sentido de promover a melhoria do processo de ensino-
aprendizagem27. E complementa dizendo que: a eficácia da ação do supervisor escolar
torna-se, pois diretamente ligada à sua habilidade em promover mudanças de
comportamento no professor28.
A partir do exposto, fica claro que o supervisor tem se eximido de sua
função na escola para se deter ao aspecto meramente político-burocrático. Torna-se, assim,
um ser autoritário e, portanto, contra a humanização. Valorizam-se pouco o aluno e o
professor não se importando com a forma de como a relação entre ambos se dá29. Valem os
escritos nos papéis: mais uma vez a teoria vem a distanciar-se, e muito, do que deveria ser
a prática.
26 LÜCK, Heloísa. Op. cit. p. 18. 27 Id. Ibid. p. 20. 28 Id. Ibid. p. 21. 29 Ver: CARDOSO, Heloísa. Supervisão: um exercício de democracia ou de autoritarismo? IN: ALVES, Nilda (coord). Op. cit. p. 82-83.
IV – A FIGURA DO SUPERVISOR ESCOLAR: REDIMENSIONANDO PAPÉIS
O problema do fracasso escolar, conforme já foi abordado, ultrapassa o
aluno e expande-se por toda a escola e, além dos profissionais de educação, envolve
também a família. É algo latente nas escolas brasileiras e caba por levar à evasão escolar.
Este assunto foi enfocado no capítulo anterior que abordou alguns fatores determinantes
para o desenvolvimento do fracasso.
Sendo assim, percebe-se que este reflete, acima de tudo, um grave erro de
supervisão pedagógica. É falha do supervisor escolar que, ao importar-se demasiadamente
com o aspecto burocrático, deixa de apoiar o professor e de incentivá-lo: (...) a eficácia do
processo educativo centra-se no professor: seus conhecimentos, suas habilidades e suas
atitudes em relação ao aluno a quem deve motivar30.
Profissionais insatisfeitos e defasados, ou mal-formados, oportunizam
uma educação desconexa com a realidade do aluno e ruim. A qualidade na escola se vê
comprometida já que o professor não atinge o aluno. Sobre este aspecto, defende José
Carlos Libâneo: (...) ensino de qualidade afinado com as exigências do mundo
contemporâneo é uma questão moral, de competência e de sobrevivência profissional31.
Daí compreende-se que a escola é mais uma instituição que deve primar
pela qualidade. Neste ínterim, nada melhor do que fazer lembrar que o supervisor escolar é
peça fundamental para que esta seja alcançada. Verificar onde e porque o fracasso ocorre
vem a ser uma de suas funções, assim como a busca de soluções para o problema. Para
30 LÜCK, Heloísa. Op. cit. p. 15. 31 LIBÂNEO, José Carlos. Op. cit. P. 50.
tanto, é preciso recorrer aos métodos e técnicas, enfim, que haja um planejamento bem
estruturado.
Para tanto, o supervisor necessita inteirar-se do cotidiano de sala de aula.
Cabe a ele a importante função de redimensionar os papéis desempenhados por si próprio,
pelo professor e pelo aluno. Este posicionamento deve ser tomado para reverter o quadro
de fracasso escolar, que é cada vez mais crescente nas escolas públicas do Estado do Rio
de Janeiro.
Fala-se muito na construção de uma nova escola, mas esta só será
possível se houver a construção de um novo educador, como faz questão de ressaltar
Teresa da Silva: (...) um novo educador, não mais individualizado, mas como um grupo
cônscio de seus direitos e de sua luta e principalmente comprometido com os interesses da
maioria da população escolar à qual atende.32
A partir da citação feita, torna-se notório que cabe ao supervisor atacar o
problema do fracasso escolar voltando-se para a escola e, mais especificamente, o
professor. O apoio a esta figura é fundamental: é ele quem lida com o aluno em seu dia-a-
dia, o que se observa a partir do que é exposto por Heloísa Lück quando, ao citar Moris L.
Cogan, diz:
A falta de uma assistência ao professor quanto ao seu desempenho em ‘sala de aula’ é considerado por Cogan (1973) como uma das importantes causas de embaraço do processo educativo. Portanto, parece crucial que o supervisor escolar preste ao professor uma assistência sistemática, no sentido de melhoria contínua de seu desempenho.33
Deve-se ressaltar, entretanto, que o docente não é o único responsável
pelo fracasso de seu aluno. A escola também fracassa uma vez que ao ver a situação deste,
32 SILVA, Teresa Roserley Neubauer da. Formação do educador: aspectos teóricos. IN: ALVES, Nilda (coord.). Op. cit. p. 27. 33 LÜCK, Heloísa. Op. cit. p. 22-23.
nada faz. Ao não detectar o problema, a escola distancia-se de seu aluno em nada
contribuindo para o seu crescimento e fadando-o a uma posição secundária no Ensino.
E o supervisor? Seu papel não é menos determinante neste aspecto. Ele
também participa do fracasso escolar uma vez que se acomoda e não traça estratégias para
sana-lo ou tentar resolve-lo. É aquele responsável por um importante princípio: o de
orientar34. A escola é uma realidade concreta e que, por isso, tem problemas reais. E como
tal, merece soluções palpáveis que caracterizam o encontro da teoria com a prática.
Para tanto, é preciso contar com uma equipe de professores concisa e
comprometida com o educar e com a tentativa de solução do problema do fracasso escolar.
É preciso, até mesmo, atingir aquele que sofre de fobia escolar, conforme caracteriza
Karen Zelam aqueles que fracassam na escola porque se recusam a aprender, a participar
do processo de ensino-aprendizagem.
E para dirigir, orientar e conduzir o processo de redefinição dos papéis
escolares é que se faz profundamente necessário o supervisor escolar35. Este deve esquecer
das atribuições de mera fiscalização burocrática para se tornar atuante no restabelecimento
das relações professor-aluno e aluno-escola. Fomentar as mudanças dentro do ambiente
escolar é de vital importância.
Hoje em dia, há uma preocupação latente com formar seres críticos e
conscientes do papel que o aluno pode vir a desempenhar na busca de uma sociedade
renovada. Para tanto, é preciso que haja uma profunda transformação na escola. Esta deve
ser principalmente nos atos e nas atitudes para que não se repitam modelos ultrapassados e
sem relação com os dias e necessidades atuais. Esta também é uma inquietação do
supervisor escolar.
34 COOMONTE, Antonio Vara. Condições sócioestruturais da escola. IN: FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org.). Supervisão educacional para uma escola de qualidade: da formação à ação. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2000. p. 40-41. 35 Ver: RANGEL, Mary. Supervisão: do sonho á ação – uma prática em transformação. IN: FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org.). Op. cit. P. 75-77.
É necessário mostrar ao professor que sua participação é importante na
busca de uma escola de qualidade, onde o fracasso escolar não seja a tônica da prática.
Investir no professor é promover a educação a fim de retirar o aluno da apatia em que se
encontra. É despertar no aluno o espírito de investigador do saber e de aplicador do
conhecimento. Sem esquecer, entretanto, que este sempre deve ser construído e não
delegado.
O saber, o conhecimento é fruto de uma crescente construção entre o
professor e o aluno. Daí que a relação entre ambos, na escola, deve ser reformulada. E mais
uma vez reside um dos muitos papéis do supervisor escolar. Ambos devem ser cúmplices
na busca do novo, em uma relação sã onde os direitos e deveres de todos sejam respeitados
e compreendidos.
É claro que a mudança na relação professor-aluno deve perpassar pelo
aspecto afetivo. Este vem a ser um tempero a mais nela, promovendo uma transformação
na visão que o professor tem de seu aluno, e vice-versa. Com isso, erige-se a aprendizagem
significativa, tal como Nilson Guedes de Freitas destaca: (...) a condição necessária para a
Aprendizagem Significativa é o sentimento de amor, amor ao próximo36.
Então, é necessário estabelecer um diálogo constante com o aluno, o que
deve fazer parte das estratégias do supervisor. É preciso que o professor sinta o seu aluno,
saiba ouvir com o coração. Afinal, é a ele que a instituição e o professor visam atender. A
partir dele se estabelece à prática. Desta forma, a comunicação entre ambos e com a escola
se processa.
Paralelamente à intervenção do supervisor para a mudança na relação
professor-aluno, ocorrerá uma transformação na forma de como este vê a escola. O
discente é excluído na/da escola se as práticas pedagógicas assim forem. Ao contrário, se
estas estiverem voltadas para e pelo aluno, a escola representará um outro papel em sua
vida abarcando o diverso da realidade social.
36 FREITAS, Nilson Guedes de. Op. cit. P. 161.
A escola passará a ter um significado real e concreto para os alunos.
Através de seu trabalho de redimensionamento de papéis, o supervisor escolar pode vir a
proporcionar um espaço onde a Educação se conecte com a realidade do aluno que a
atende. É um trabalho de integração geral: alunos, professores, supervisores, escola e
comunidade. Todos trabalhando juntos para construir uma escola onde o aspecto
qualitativo tenha uma importância maior que o quantitativo.
CONCLUSÃO
A educação brasileira vive um claro impasse: ao mesmo tempo em que se
verifica uma contínua tentativa de modernização, se depara com ranços que ainda
persistem nela. E não é difícil de perceber tal confronto, basta olharmos a própria LDB
9394/96. Ao passo que destaca o desenvolvimento das potencialidades individuais, as
escolas apresentam salas de aula lotadas – em algumas destas têm-se cerca de 60 (sessenta)
alunos.
Dentro deste quadro, o fracasso escolar torna-se evidente. É difícil pensar
em administrar e potencializar individualidades sem que haja uma reformulação do espaço
onde a educação se desenvolve e que, como é previsto na lei: (...) educação escolar, que se
desenvolve, predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias37. Em outras
palavras, a própria escola e suas salas de aula.
O rico universo de construções da escola se vê restrito à passagem de
conteúdo, às notas das avaliações, aos resultados anuais. O professor, distante do seu
aluno, se fecha e se coloca em seu pedestal do saber. O aluno, dentro da escola, porém
longe dela, não aprende o que lhe é imposto. O supervisor, imerso em papéis e afastado da
realidade escolar, não se dá conta da forma como o processo de ensino-aprendizagem vem
se desenvolvendo na instituição em que trabalha.
Enfim, a escola praticamente decreta a sua ruína uma vez que não é
capaz de abarcar o seu aluno e nem envolve-lo com a Educação. Torna-se uma reprodutora
do sistema vigente onde a reflexão é evidente. Em sua maioria, as práticas pedagógicas são
37 LDB 9394/96, Título I, art 1º, § 1º.
excludentes, não dão conta da grande diversidade que os alunos representam. Como
envolver o corpo discente? Como abranger essa diversidade? De que modo se pode incluir
o aluno na prática adotada?
Para tanto, o papel do supervisor escolar é primordial. Cabe a ele, ao
investir na capacitação do professor e na atualização dos processos pedagógicos e da
escola, atingir o aluno. Proporcionando uma educação de qualidade onde haja respeito ao
discente, se pensa em atacar o problema do fracasso escolar, fazendo-o, se possível,
reverter. Afinal, educar envolve o aspecto humano e conta com o desafio, com a tentativa,
com o risco e com o erro.
Envolve busca de soluções para os problemas e desafios surgidos. Basta
ao ser humano enfrenta-los e tentar vence-los, não sem a constante e consciente
possibilidade do erro. Muitas vezes, o homem acomoda-se e o erro acaba tornando-se um
vício, sem qualquer viabilidade de reação. É o que vem acontecendo com o fracasso
escolar. O quadro se mostra tão trágico que o próprio aluno se cansa de lutar e apenas
reproduz a situação na qual se encontra.
Nas escolas brasileiras se percebe, claramente, dois aspectos: por um
lado, há interesse na superação dos desafios lançados, buscando soluções para os
problemas cujas causas foram encontradas. Por outro lado, é muito comum ver que tudo
permanece como está, pois é mais cômodo dessa forma. A comodidade, aqui, é o grande
mal.
É em função do comodismo, da falta de compromisso de muitos
educadores, do desrespeito com a Educação e da forma como esta é vista que o ensino
brasileiro apresenta uma baixa qualidade. É preciso investir na Educação tanto financeira
quanto moral, temporal e espiritualmente. É um investimento de corpo e alma onde se um
não participa, tudo estará perdido.
A educação não pode esperar. A cada minuto que se perde na
acomodação do que não pode dar muito trabalho, milhares e milhares de jovens mentes
estão se perdendo, se defasando. Um adolescente que vive uma educação de má qualidade
sofrerá conseqüências em diversos aspectos posteriores de formação e, principalmente, de
trabalho. Não basta apenas identificar o problema, deve-se combate-lo e superá-lo.
Para que isso ocorra é necessário o envolvimento de todos os
profissionais de educação. Deve ser uma ação conjunta, de equipe, onde o desejo de
mudança deve superar a acomodação. É preciso planejar e estabelecer metas plausíveis e
possíveis de alcançar. Até mesmo prever problemas cujas soluções serão pertinentes a
todos. É mister ter métodos, procedimentos e recursos materiais. A informação é um fator
de extrema importância nas sociedades contemporâneas, pois sem ela nada flui.
Enfim, para superar o estado de acomodação dos educadores e da
lentidão da Educação é preciso pegar em armas. E com elas em punho, lutar pelo
compromisso, pela participação e pelo trabalho em equipe onde a família desempenhe um
papel ativo, não se portando como expectadora do processo educativo, mas como célula
fundamental neste.
A escola é o lugar das mudanças. Não pode ser aprisionada em moldes.
Não deve motivar o enquadramento do corpo discente nesses moldes, mas motivar a
pluralidade. Der democrática e, para isso, não pode adotar o conceito clássico, grego, de
democracia: igualdade entre iguais. Esta deve ser o espaço dos muitos e não do único, da
criatividade e não da apatia, da valorização do humano e não do seu esquecimento. É o
espaço da relação afetiva a fim de influenciar a dura realidade que a envolve.
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ANEXOS