O FÓRUM EM AMBIENTE VIRTUAL PARA O DESENVOLVIMENTO...

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ LEONARDO MENDES HUDSON O FÓRUM EM AMBIENTE VIRTUAL PARA O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO BÁSICA ORIENTADORA: Prof a. Dr a. Mônica Rabello de Castro Rio de Janeiro 2007 Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estácio de Sá, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação.

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

LEONARDO MENDES HUDSON

O FÓRUM EM AMBIENTE VIRTUAL PARA O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO BÁSICA

ORIENTADORA: Profa. Dra. Mônica Rabello de Castro

Rio de Janeiro

2007

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estácio de Sá, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação.

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LEONARDO MENDES HUDSON

O FÓRUM EM AMBIENTE VIRTUAL PARA O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO BÁSICA

Aprovada em 15 de junho de 2007

Comissão Examinadora

__________________________________________

Profa. Dra. Mônica Rabello de Castro Universidade Estácio de Sá

__________________________________________

Profa. Dra. Lúcia Regina Goulart Vilarinho Universidade Estácio de Sá

__________________________________________ Profa. Dra. Janete Bolite Frant

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estácio de Sá, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação.

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w.odia.com.br

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)

H885 Hudson, Leonardo Mendes

O fórum em ambiente virtual para o desenvolvimento profissional de professores de educação básica / Leonardo Mendes Hudson. – Rio de Janeiro, 2007.

163 f. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Educação)– Universidade Estácio de Sá, 2007.

Bibliografia: f. 122-130.

1. Professores - Formação. 2. Educação de base. 3. Tecnologia educacional. I. Título.

CDD

370.71

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A Professora Doutora Alda Judith Alves Mazzotti

pela competência, saber e luz na condução do Curso de Mestrado em Educação, e por ter acreditado em mim

nos momentos difíceis de minha passagem pelo curso.

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A Professora Doutora

Mônica Rabello de Castro, pela orientação sempre sábia e segura que

me conduziu no decorrer deste estudo e por me ajudar a superar obstáculos.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar sempre presente em todos os momentos de minha vida.

Aos meus pais, Elvira e José Wilson, pelo amor, carinho e orientação nos

caminhos da vida.

Aos meus irmãos Daniella e Frederico, por compartilharem a vida comigo.

A Vládia, Mark e ao pequeno Bernardo que nos enche de alegria.

Ao Professor e amigo Urubatan Vieira de Medeiros pelo incentivo e ajuda

constante, sempre disposto a opinar sobre as questões do estudo.

Ao Professor e amigo Marcelo Romanov pelo constante incentivo.

As Professoras Doutoras Lúcia Regina Goulart Vilarinho e Janete Bolite

Frant, que dentre seus inúmeros afazeres me privilegiaram com a análise deste

estudo.

A todo o corpo docente e administrativo do Curso de Mestrado em

Educação, em especial a Ana Paula e Ingrid, pela gentileza sempre

demonstrada.

Aos meus colegas de turma por compartilharem comigo as alegrias e

dificuldades.

A todos os professores que participaram deste estudo postando suas

opiniões no fórum apesar de suas dificuldades diárias no ambiente escolar.

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Todas as vezes que você fala, transmite informações através de um campo de energia que usa ondas sonoras.

Todas as vezes que envia ou recebe um e-mail, você utiliza a informação e a energia. Existe informação nas palavras

que você escolhe e a energia é o impulso eletromagnético que viaja através do ciberespaço. A informação e a

energia estão inseparavelmente conectadas. Deepak Chopra, 2003.

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O fórum em ambiente virtual para o desenvolvimento profissional de

professores da educação básica Resumo

Ambientes virtuais de aprendizagem - AVA - representam uma alternativa

para transpor dificuldades de tempo e espaço, potencializando a interação e a

troca de experiências. O ambiente Artigos Multimídia foi construído, em

cooperação com equipes de dois outros centros de pesquisa, visando o

desenvolvimento profissional de professores. São hipertextos que permitem

aos participantes interagir com seus pares através de um menu que

disponibiliza vídeos de aulas gravadas, textos, artigos, comentários, charges,

resumos de texto científico etc. versando sobre temas do dia a dia escolar. O

objetivo deste trabalho foi investigar o fórum do AVA Artigos Multimídia como

ambiente para o desenvolvimento profissional, no momento de sua

implantação. Dos 24 professores convidados de uma escola de ensino básico

particular de Niterói, participaram efetivamente 19 professores, além da

participação espontânea de outros professores, pois o site era aberto. No

ambiente do fórum foram propostos quatro temas, cada um com duração de

duas semanas, e oferecido material de suporte às discussões (Relatos de caso

e textos acadêmicos). Este estudo serviu-se de dois tipos de dados:

quantitativos referentes aos acessos e qualitativos constituídos a partir das

intervenções escritas no fórum. Os dados quantitativos sofreram análise

percentual e foram confrontados com os dados qualitativos, analisados

segundo o modelo da estratégia argumentativa, baseado na Teoria da

Argumentação de Chaïm Perelman. Os resultados mostraram que houve maior

adesão aos relatos de casos, que retratam situações semelhantes às que os

participantes vivem no cotidiano escolar, do que aos textos acadêmicos

oferecidos, embora estes tenham influenciado mais as opiniões dos

participantes, o mesmo acontecendo com os temas propostos. No debate

sobre a prática docente, os participantes mostraram dificuldade de assumir

responsabilidades. A indisciplina é remetida principalmente à família, enquanto

a autonomia parece depender de uma outorga. Já a interatividade depende de

fatores facilitadores ou dificultadores e a argumentação fica dependente de um

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mediador. Os participantes sentiram-se autorizados a fazer inúmeras queixas,

sobretudo relacionadas ao valor da experiência em detrimento ao

conhecimento teórico, a um conhecimento da realidade que ninguém é capaz

de conhecer tão bem quanto eles. Evitaram controvérsias e quando elas se

mostraram de todo relevantes, limitaram-se a pontuá-las sem, no entanto,

defender até o final seus pontos de vista, o que ficou evidente pelo fato de não

haver retorno dos participantes após uma controvérsia ter sido explicitada.

Pudemos concluir que o fórum de discussão dentro de um ambiente virtual é

propiciador do desenvolvimento profissional de professores e seu uso deve ser

estimulado como forma alternativa e complementar para capacitações

presenciais.

Palavras-chave: Desenvolvimento profissional. Ambientes virtuais de

aprendizagem. Fórum de discussão. Estratégia argumentativa. Professores da

educação básica.

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The virtual platform forum for professional development of elementary

and primary teachers

Abstract The virtual learning platform – VLP – represents an alternative to

overcome space and time barriers, potencializing the interaction and experience

change. The Artigos Multimídia platform was built in cooperation with two

groups from two different research centres, aiming the professional

development of teachers. We use hypertexts in the platform which allow the

participants to interact among all the teachers through a menu which offers

recorded classes videos, texts, scientific articles, comments, comic strips, and

scientific summaries and etc. All of them are focused in school routine. The aim

of this study was to investigate the forum of the VLP Artigos Multimídia as a

platform for professional development along its implementation. The twenty four

teachers who were invited from a private school in Niterói-RJ/Brazil, out of 24

invited teachers, only nineteen participated effectively. Besides that, there were

spontaneous participation of other teachers, since the site is open. In the forum,

four different themes were proposed in two episodes and each one of them

lasted two weeks. The support material for discussion was offered in each first

episode by a teacher who shared its own experiences and on the second

episode of each forum we offered an academic paper). This study used two

types of data: quantitative due to the amount of access and qualitative built from

the written intervention in the forum. The quantitative data were percentually

analyzed and were confronted with the qualitative ones and those were

analyzed according to the argumentative strategy model, based on the

Argumentation Theory of Chaïm Perelman. The results showed that there was

more participation in the first episode in each forum which is the teacher

description, that retells commons situations experienced by them in their work

place, than to the academic articles offered in the second episode of the

discussions, however those articles have influenced more on the participants

opinions, the same happened with the proposed themes. In the debate about

teaching practices the participants showed difficulties to a assume

responsibility. The indiscipline responsibility issue is mainly transferred to the

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family, while the autonomy seems to depend on someone allowance. The

interactivity depends on helping or prejudicing factors and that the

argumentation depends on the presence of a mediator. The participants felt free

to do innumerous complains, overall related to the value of experience instead

of theoretical knowledge, a type of perception of the reality that no one else is

capable to know that well as the teacher does. They avoided controversies and

when they seemed to be that relevant, they limited to highlight them, without

defending their point of views until the end, which was evident by the fact that

there was no return from the participant after a controversy have been shown

up. We can conclude that the forum in a virtual platform propitiates professional

development of teachers and its use must be incentivated as an alternative and

complementative to presential training courses.

Key-words: Professional development; Virtual learning platform; Forum; Argumentative strategy; elementary and primary teachers

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Sumário

Resumo.................................................................................................

Abstract.................................................................................................

Capítulo I – Introdução....................................................................... 12

Capítulo II – Referencial Teórico-Metodológico.............................. 28

2.1 – Desenvolvimento Profissional.................................... 28

2.2 – Aprendizagem Colaborativa....................................... 35

2.3 – Processos Argumentativos........................................ 41

2.4 – O ambiente dos Artigos Multimídia............................ 46

Capítulo III – Metodologia................................................................. 54

3.1 – O campo e os sujeitos.............................................. 54

3.2 – Ferramentas de coleta e análise de dados.............. 57

3.3 – O desenho da pesquisa........................................... 60

Capítulo IV – Resultados.................................................................. 66

4.1 – A indisciplina............................................................ 67

4.2 – Autonomia................................................................ 83

4.3 – Interatividade, interação ou intenção....................... 93

4.4 – Argumentação.......................................................... 103

4.5 – Discussão dos Resultados....................................... 113

Conclusão.......................................................................................... 118

Referências Bibliográficas............................................................... 122

Anexos................................................................................................ 131

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A Educação a Distância, mediada pelas Tecnologias da Informação e

Comunicação, representa uma alternativa para atuar no desenvolvimento

profissional de professores, tornando possível transpor dificuldades de tempo e

espaço, potencializando a interação e a troca de experiências. Se

considerarmos a grande extensão territorial do Brasil, que privilegia os cursos

de aperfeiçoamento profissional nos grandes centros, deixando as cidades

menores do interior praticamente isoladas, a inclusão digital passa a ser um

desafio e a utilização de ambientes virtuais para o processo ensino-

aprendizagem constitui-se numa ferramenta ideal para minimizar essas

dificuldades.

O ensino fundamental e médio no Brasil, assim como em outras nações,

deve ser prioridade governamental, muito embora as políticas públicas

implementadas ao longo dos anos não tenham conseguido modificar

substancialmente o padrão de ensino no país. Professores mal-remunerados e

o baixo investimento na área de educação desestimulam o aprimoramento

profissional, principalmente quando este necessita de investimento financeiro e

de deslocamentos para outros locais que não o próprio ambiente de trabalho.

Diante desse quadro, a utilização da web como ferramenta propiciadora

de atualização profissional deve ser estimulada nos ambientes escolares, não

só para as trocas de experiências entre professores, como também como

instrumento capaz de modificar as relações de ensino e aprendizagem. No

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

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Brasil, ainda existe a necessidade de se democratizar não só a aquisição como

também a utilização de computadores nos ambientes laborais e domésticos e

tímidas iniciativas governamentais vêm sendo tomadas para suprir essa

lacuna.

Uma constante preocupação com o desenvolvimento profissional na

área de educação básica no Brasil fundamenta-se no fato de a profissão ter

uma demanda por atualização de conhecimentos ao longo de toda a vida.

Entretanto, condições sociais e profissionais não colaboram para que os

professores estejam motivados a dar continuidade ao processo natural de

desenvolvimento de sua prática profissional.

Ao longo do tempo, o poder público nas esferas municipal, estadual e

federal investiu em projetos e programas visando equacionar essa lacuna sem,

entretanto, lograr êxito, muito em razão da falta de estímulo do profissional em

se deslocar para locais distantes de seu trabalho, após uma extensa jornada.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, há

atualmente, entre os 35 mil profissionais em atividade nas 1.054 escolas da

prefeitura, 12 mil duplas regências. São profissionais que precisam, no mínimo,

multiplicar por dois a carga horária para conseguir um melhor nível salarial

(BERTA, 2006). Além disso, professores têm reclamado que quase sempre

recebem instruções e informações não condizentes com sua realidade diária,

tornando-se expectadores passivos nas discussões sobre sua prática docente.

Segundo Ângela Rocha, decana do Centro de Ciências Matemáticas e da

Natureza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em um relato a respeito

da formação de professores, é necessário estimular as escolas em sua

autonomia, levando em conta sua realidade, a desenvolverem seu próprio

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projeto político-pedagógico, investir na formação inicial e continuada dos

professores e motivar a comunidade de cada escola a participar da construção

desse projeto como objetivo fundamental (ADUFRJ, 2006).

A percepção de escola “ideal” é uma relação estabelecida com o

imaginário social, são representações sociais, conhecimentos que

fundamentam verdadeiras teorias do senso comum, referências na hora da

tomada de decisões (Alves-Mazzotti, 1994). Estas representações ainda

baseiam muitas das propostas para a escola. Porém, projetos de escola “ideal”,

com professores e alunos “ideais”, não encontram respaldo na árdua realidade

do ensino público brasileiro, fazendo com que as iniciativas de capacitação de

professores sejam vistas com descrédito por parte dos profissionais, que se

sentem distantes dos modelos apresentados.

Durante uma reunião do Conselho de Secretários Estaduais de

Educação (CONSED), em 2003, o então ministro da Educação, Cristóvão

Buarque propôs discutir o conceito de uma escola ideal e obteve como

resposta, entre outras, que a escola ideal é a que faz o aluno aprender, a que

consegue seguir os Parâmetros Curriculares Nacionais, a que atende a

comunidade e a que o professor ganha bem. O CONSED, entretanto, preferiu

discutir problemas enfrentados pelas Secretarias Estaduais de Educação.

A falta de formação dos professores foi o principal foco do afinado discurso dos dirigentes estaduais. Eles pediram ações do MEC para unir universidades, as secretarias estaduais e os municípios na tarefa de capacitar o quadro docente do país. A proposição do CONSED seria a formação de comissões que representariam as esferas envolvidas e coordenariam o estudo de um projeto nacional de capacitação de professores (GUIMARÃES, 2003).

Esta visão do problema favorece a interpretação de que os problemas

da escola concentram-se basicamente em uma má formação do professor.

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Sem entrar ainda no mérito desta questão, é importante assinalar que existe

por parte do poder público uma preocupação que acaba redundando em

ofertas de capacitação profissional para o professor.

Na atualidade, vem sendo discutida a utilização de ambientes virtuais

para o desenvolvimento profissional no intuito de preencher essa lacuna, os

quais oferecem múltiplas possibilidades de acesso e interação, algumas

baseadas em abordagens que vêem o professor como construtor de seu

conhecimento a partir do estudo e de trocas interativas com profissionais da

mesma área. Os ambientes virtuais viabilizam a construção de conhecimentos

e a troca de vivências sem que o profissional tenha a necessidade de se

deslocar de seu ambiente profissional ou domiciliar e oportunizando uma

participação mais efetiva, pois permite romper barreiras como a timidez ou a

insegurança, que normalmente ocorrem numa discussão presencial

(JONASSEN,1996; LEVY,1999).

Em um ambiente virtual, o professor/participante tem a liberdade de

expor sua prática e de requisitar, de outros colegas, material de apoio para

suprir suas dificuldades, utilizando-se de diversos recursos, como agenda,

oferta de atividades ou material de apoio, fórum, bate-papo, perfil, portfolio etc.

Segundo Salles e Struchiner (2005, p.4).

A utilização das novas tecnologias da comunicação e da informação como meios educacionais possibilitam a implementação de recursos que beneficiam o processo de aprendizagem, colocando como prioridade a interação e o relacionamento entre aprendizes e ensinantes. Em um Ambiente Construtivista de Aprendizagem a Distância baseado no uso de tecnologias Internet, são reunidos diversos recursos, ferramentas, que mediatizados pelo facilitador tornam o ambiente um local favorável à aquisição do conhecimento. Ao interagir com o ambiente, o aprendiz é considerado como um ser autônomo, gestor de seu processo de aprendizagem, alguém capaz de pegar, filtrar e transformar a informação.

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A demanda por novas possibilidades no processo ensino/aprendizagem

constitui-se numa procura constante por parte de profissionais que atuam em

diversas áreas de conhecimento. Isso decorre de necessidades sociais

emergentes, caracterizadas pelo dinamismo do conhecimento, avanço

tecnológico e pelo desenvolvimento humano nas dimensões intelectual, afetiva

e social, tornando mais complexo o processo ensino/aprendizagem. O trabalho

na abordagem dessas características exige que o professor torne-se

predisposto para o aprendizado ao longo da vida (VALENTE, 2001).

O processo ensino/aprendizagem nos ambientes virtuais de aprendizagem

(AVA) contempla um conjunto de atividades, estratégias e intervenções que

levam os interagentes a construir e a se transformar juntos. Essa noção é

também encontrada no processo presencial, no entanto, nas propostas mais

recentes para os AVA os interagentes têm outros recursos, não ficam apenas

restritos ao uso de informações do ambiente ou da Web, eles podem ser

produtores de informação, ou seja, além de participantes de um ambiente de

aprendizagem são construtores desse próprio ambiente e, conseqüentemente,

de conhecimentos. Textos e páginas da Web não são os únicos produtos que

podem ser construídos juntos. Podem ser criados programas de computador,

objetos gráficos e até mesmo recriar o próprio ambiente.

Sob esse ponto de vista, uma “atividade de aprendizagem” em AVA refere-

se a algo mais rico do que a um conjunto de tarefas a serem cumpridas: refere-

se a atividades que vão emergindo a partir do processo de aprender. Assim, a

expressão "ambiente virtual de aprendizagem" está relacionada ao

desenvolvimento de condições, estratégias e intervenções de aprendizagem

num espaço virtual na Web, organizado de tal forma que propicie a construção

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de conceitos, por meio da interação entre alunos, professores e objeto de

conhecimento. Importante é destacar que um AVA não precisa ser um espaço

restrito à educação a distância. Embora freqüentemente associado à educação

a distância, na prática, o ambiente virtual é também amplamente utilizado como

suporte na aprendizagem presencial (PETERS, 2001; VALENTINI, SOARES,

2005).

Na sociedade contemporânea, novos conceitos, valores, saberes e

relações se estabelecem e começam a emergir a partir da presença das

Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Essas transformações estão

gerando uma nova razão que coloca o indivíduo como um ser autônomo e

gestor de seu próprio conhecimento e que, em princípio, é incompatível com o

atual sistema educacional que, ligado ao tradicionalismo, permanece fechado,

linear, e que vem sendo questionado interna e externamente à escola. Aliado a

isso, a disseminação de conhecimentos por todos os veículos de comunicação

tem introduzido significativos desafios para a educação e para todo o sistema

educacional em função das possibilidades de articulação que são oferecidas

pelos meios tecnológicos de informação e comunicação (PRETTO, 2006).

De acordo com Melo et al (2006) as TIC, no decorrer da história, têm

apoiado e ressignificado os diferentes processos de ensino-aprendizagem, ao

mesmo tempo em que são influenciadas por esses processos. Nos últimos

anos, vários ambientes Web para o apoio de atividades de ensino-

aprendizagem foram disponibilizados para uso pedagógico, como por exemplo,

EduWeb (2004); WebCT.com, (2004) e TelEduc (2004) e, em geral, propostos

com o intuito de serem abertos e flexíveis. Essa flexibilidade se deve à

possibilidade de agregar, em um único espaço, diferentes mídias, recursos de

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criação, mecanismos de interação e comunicação, bem como de realizar e

coordenar atividades em diferentes pontos da matriz espaço-tempo a distância

ou presenciais, de forma síncrona ou assíncrona. Assim, tecnicamente, esses

ambientes também oferecem recursos que podem ser apropriados por

diferentes grupos de usuários, para conduzir atividades que valorizem

abordagens de ensino-aprendizagem diversificadas não propriamente

instrucionais.

A Educação a Distância, mediada pelas TIC, representa uma alternativa

para atuar no desenvolvimento profissional de professores, tornando possível

transpor dificuldades de tempo e espaço, potencializando a interação e a troca

de experiências. É uma modalidade de ensino que tem sido utilizada em

diversos países a fim de ampliar as possibilidades de acesso ao conhecimento,

promover o desenvolvimento profissional e minimizar deficiências do ensino

presencial. A principal característica da educação a distância é a separação

física entre os participantes, cuja interação passa a ser mediada através de

uma tecnologia que tem a função de canal de comunicação (FONTES, 2005).

Educação a distância, segundo Andrade (2006), é uma forma

sistematicamente organizada de auto-estudo, onde o participante se instrui

e/ou troca experiências a partir de material de estudo que lhe é apresentado,

onde o acompanhamento e a supervisão de seu sucesso são verificados pelo

grupo de professores interagentes. Isto é possível ser feito através da

aplicação de meios de comunicação capazes de vencer longas distâncias,

principalmente através de websites. A educação a distância com a utilização de

websites é feita através de AVAs.

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Ambientes virtuais são conceituados como espaços de interação que

propiciam o surgimento de comunidades formadas por indivíduos de

afinidades, interesses e projetos mútuos, independentemente das distâncias

geográficas. Os ambientes virtuais de aprendizagem enfatizam a construção do

conhecimento e não a instrução, utilizando a metodologia da aprendizagem

baseada em problemas, por ser considerada compatível com os princípios da

aprendizagem colaborativa (STRUCHINER et al, 1998).

De acordo com Bairral (2006), o século XX foi um período de

significativas mudanças no campo da comunicação humana, sendo que as

duas grandes figuras dessas transformações foram, sem dúvida, a

comunicação de massa e, mais recentemente, a comunicação possibilitada por

computadores conectados em rede. Neste cenário, a constituição de

comunidades de aprendizagem que considerem a importância dos processos

interativos e das especificidades discursivas nos diferentes espaços

comunicativos de um ambiente formativo, acrescentará novas dimensões e

perspectivas para o desenvolvimento da autonomia e da colaboração

profissional do professor.

A distância geográfica e o uso de múltiplas mídias em ambientes virtuais

são características inerentes à educação a distância, mas não são suficientes

para definirem uma concepção educacional. A ótica presente na

regulamentação do artigo 80 da LDB, do Decreto no. 2.494 de 10/02/98 indica

como característica da educação a distância a auto-aprendizagem mediada por

recursos didáticos, sem salientar o papel do aluno e do professor, bem como

as respectivas interações e intencionalidade implícita em todo ato pedagógico

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voltada ao desenvolvimento de competências, habilidades e atitudes (BRASIL,

2007).

Acreditamos que uma das mais interessantes formas de participação do

professor em um programa de desenvolvimento profissional seja o fórum de

discussão, que se constitui em um espaço aberto e democrático, onde ele pode

exercer sua autonomia para escolher e participar com a sua opinião sobre um

tema de discussão que mais se aproxima da realidade de sua escola ou que no

qual tenha mais interesse. Dessa forma o participante pode escolher a hora e o

local desejado para realizar seus comentários.

Baseado nesse pensamento, o presente estudo tem como objeto os

diálogos sobre a prática docente em um fórum para o desenvolvimento

profissional de professores, locado em um AVA criado para este fim.

A investigação do fórum foi feita no ambiente virtual <www.artigos

multimidia.pro.br> elaborado por uma equipe de mestrandos em Educação na

linha de pesquisa Tecnologia da Informação e Comunicação nos Processos

Educacionais da Universidade Estácio de Sá, juntamente com uma professora

do programa. A idéia do ambiente virtual em questão consistiu em disponibilizar

artigos referentes a temas vivenciados por professores de educação básica em

sua rotina de trabalho. O ambiente funciona pela dinâmica de oferta de material

para reflexão e das contribuições feitas pelos participantes sobre a forma de

comentários, que passam a integrar o site instantaneamente.

Santos (2005, p.98) avaliou o ambiente em sua dissertação de mestrado

e constatou que:

Não basta simplesmente que o ambiente seja agradável, mas que contenha os objetos necessários para uma boa “navegação”. É preciso

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que ele esteja integrado com todos os componentes do ambiente e que, em conjunto, possua uma funcionalidade. Entende-se por funcionalidade a característica que permite uma interação entre os Artigos Multimídia e o visitante de forma simples e, que não cause dúvidas na maneira de navegar e explorar o site. (...) Foi neste sentido que desenvolvemos nosso ambiente. Era necessário que o professor, ao ingressar no ambiente, tivesse a oportunidade de visualizar todas as possibilidades existentes para sua análise e, conseqüentemente, optar pelo tema que gostaria de assistir ou ler.

O mesmo autor conclui que o aspecto mais relevante apontado pelos

professores que participaram de seu estudo foi a possibilidade que o ambiente

oferece de que a prática educativa seja “vista” no momento em que ocorre,

levando o professor a se reconhecer no vídeo ou texto e favorecendo uma

reflexão sobre suas próprias concepções pedagógicas, construindo

argumentos sobre a prática docente que podem ser a favor ou contrários aos

dos outros participantes.

Calvo (2006) realizou um estudo cujo objetivo foi a investigação dos

processos argumentativos versando sobre a prática docente, utilizando

professores voluntários que interagiram entre si utilizando o ambiente artigos

multimídia para o desenvolvimento profissional, em sua dissertação de

mestrado. Concluiu que os professores abordam visões ideais da prática

educativa, posicionando seu discurso no que deveria ser e não no que

acontece realmente no seu cotidiano, apontando outros como responsáveis

pela não concretização de mudanças em suas estratégias pedagógicas.

Concluiu também que o ambiente artigos multimídia estudado possibilitou

recursos para que os professores debatessem a prática docente a partir da

troca de experiência com os seus pares e/ou da leitura de textos relacionados a

temas de interesse escolar.

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Modificações vêm sendo processadas ao longo do tempo para que os

recursos do ambiente sejam mais bem aproveitados pelos usuários. O fórum

ainda não funcionava por ocasião dos estudos de Santos (2005) e Calvo

(2006). Ele foi criado especificamente para este estudo visando possibilitar uma

discussão assíncrona, ou seja, a qualquer tempo, e mais aprofundada de

temas de interesse dos participantes. O funcionamento do fórum é diferenciado

dos demais recursos do ambiente e, com isso, os participantes seriam

estimulados a permanecerem em uma discussão por mais tempo, o que

esperávamos gerasse um comprometimento maior com o tema.

No menu do ambiente, são oferecidos materiais instrucionais na forma

de vídeos e artigos, com assuntos sobre argumentação, autonomia, disciplina,

avaliação, desenvolvimento profissional, interatividade, dentre outros. Alguns

desses temas foram levados para discussões no fórum.

O funcionamento do fórum no ambiente “artigos multimídia” foi proposto

da seguinte forma: os professores participantes agendam via web encontros

para discussões prévias sobre um determinado tema de interesse do grupo.

Após contribuições realizadas no fórum, um tutor indica material instrucional

encontrado no próprio ambiente, referente ao assunto discutido. O material é

introduzido de forma democrática sem nenhum tipo de censura para que cada

visitante sinta-se livre para comentar, avaliar, opinar ou fornecer sugestões que

sejam de relevância para colegas de sua área. O ambiente foi construído para

que o usuário desfrute de plena autonomia.

Os fóruns foram disponibilizados para participação interativa e autônoma

no ambiente virtual que possibilita, ainda, a inserção de material fornecido

pelos visitantes, com ou sem uma análise crítica. Um dos objetivos do fórum é

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a possibilidade de troca de experiências entre professores do ensino

fundamental e médio (educação básica) para o seu desenvolvimento segundo

os preceitos de aprendizagem colaborativa.

Acreditamos que o desenvolvimento profissional de professores possa

contribuir para a superação de barreiras encontradas na prática docente. Ponte

(1998) crê que o desenvolvimento profissional supõe que o professor deixa de

ser objeto e passa a ser sujeito da formação, com valorização dos aspectos

cognitivos, afetivos e relacionais. Ponte (1999) acredita também que o

desenvolvimento profissional seja o problema-chave do sistema de educação e

que professores não podem exercer o seu papel com competência e qualidade

se não tiverem oportunidades de troca de experiência e reflexão sobre a prática

docente.

O objetivo deste trabalho foi investigar o fórum do site “artigos

multimídia” como ambiente para o desenvolvimento profissional.

Focalizamos o estudo especificamente em:

observar o percentual de professores que utiliza regularmente o fórum

em relação ao número total dos profissionais que utiliza o ambiente.

analisar a diversidade de assuntos trazidos para discussão pelos

profissionais que participam do fórum e sua relevância para a discussão

sobre a prática docente;

analisar como e de que forma ocorrem trocas de experiências e se com

isso há uma mudança no discurso sobre sua prática docente.

Este trabalho se justifica pela necessidade de melhores condições para

os professores repensarem suas práticas educacionais, bem como possibilitar

troca de experiências utilizando-se do principio da aprendizagem colaborativa,

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podendo-se valer das experiências de profissionais que vivenciam questões

semelhantes. Nesse sentido, Brasell (1987), Nemirovsky (1996), Lindwall e

Lindströn (1998) e Nemirovsky, Kaput e Roschelle (1998) desenvolveram

pesquisas cujo foco principal foram os ambientes virtuais. Os autores

estudaram interações de professores com VideoPapers, que apresentavam

análises sobre a construção de conceitos científicos a partir da utilização de

softwares e sensores específicos, em interface de trabalho gráfico, pelo

professor com seus estudantes. Esses estudos indicaram a necessidade de

professores trabalharem com a tecnologia em salas de aula convencionais ou

virtuais, sugerindo este tema como fundamental para o desenvolvimento

profissional docente.

Considerando que a maioria dos professores da educação básica no

Brasil enfrenta longas jornadas de trabalho com baixa remuneração, apesar de

entendermos essa dinâmica como um dificultador para que ele utilize o

ambiente com freqüência, vemos no ambiente virtual um suporte pedagógico

que estará ao seu alcance no momento em que considerar propício e onde

poderá se atualizar, pesquisar e principalmente trocar suas experiências do

cotidiano em uma área virtual construída pela sua participação

(GADOTTI,1992; FONSECA,1999).

O fórum dentro de ambientes virtuais caracteriza-se por uma maior

interatividade entre os participantes, pois as questões a serem discutidas

permanecem disponíveis por um período de tempo, possibilitando a

participação no momento em que cada um considerar mais conveniente. Essa

característica possibilita um repensar constante sobre os conceitos emitidos, a

partir da troca de experiências com outros participantes e do estudo isolado de

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textos e material de apoio disponibilizado. A troca de experiência tende a

acontecer de forma dialógica, pois os participantes podem interagir com as

contribuições já postadas por outros participantes e/ou com outras pessoas que

estejam utilizando o fórum no mesmo período.

O profissional que se dedica à educação básica tem ainda maiores

dificuldades econômicas e tempo reduzido para estar constantemente

atualizado em termos de conhecimento, e assim, a web pode ser um meio

eficaz para o seu desenvolvimento profissional. O interesse por pesquisar esse

tema decorre também do fato de, desde 2004 trabalhar, como assistente, em

AVAs direcionados para a capacitação em nível de pós-graduação na área da

saúde. Nesse período, esta vivência possibilitou verificar que muitos

profissionais (principalmente médicos, enfermeiros e dentistas) só tinham

oportunidade para se atualizar via web, tendo em vista a dificuldade de

freqüentar cursos presenciais. Esses profissionais relataram que dificilmente

encontrariam tempo para se capacitar, não fosse a oferta de cursos na web.

Por essa razão e pelo estimulo que o AVA elaborado pelos colegas nos trouxe,

além da orientação segura, decidimos verificar a utilização de fóruns em AVA

para o desenvolvimento profissional de professores da educação básica.

Esta dissertação está estruturada em quatro capítulos. No primeiro,

apresentamos a problematização do tema e os objetivos da investigação,

ressaltando a relevância do estudo. O segundo articula os conceitos centrais

que fundamentam este estudo: desenvolvimento profissional, aprendizagem

colaborativa e processos argumentativos. Detalhamos também a construção do

ambiente Artigos Multimídia. Procuramos discutir cada um desses conceitos

com a literatura especializada para sustentar nossa argumentação. O terceiro

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trata da Metodologia, e está dividido em três itens fundamentais: o campo e os

sujeitos da pesquisa; as ferramentas de coleta e análise dos dados; e o

desenho da pesquisa. Neste capítulo procuramos apresentar com detalhes

cada passo de nossa investigação para que possa vir a ser reproduzida em

outros ambientes e com outros sujeitos.

O quarto, apresenta os Resultados, discutindo o que foi coletado nos

fóruns, nas quatro discussões: a indisciplina; interatividade, interação ou

intenção; autonomia; e argumentação na sala de aula. Em seguida

apresentamos uma discussão dos resultados coletados durante o estudo e as

Conclusões a que chegamos a partir dos resultados e do que foi discutido. Por

fim, apresentamos as Referências Bibliográficas que apoiaram nosso estudo e

os Anexos na íntegra, uma vez que consideramos um material riquíssimo para

a compreensão do discurso dos professores da educação básica.

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2.1 – Desenvolvimento profissional

De acordo com Arroyo (1996), o professor é um profissional que se

caracteriza por ter uma constante necessidade de aprender a aprender e

refletir criticamente sobre sua prática. Desta maneira, o desenvolvimento

profissional deve ser fruto da reflexão sobre a ação, da capacidade de explicitar

os valores das escolhas pedagógicas, do enriquecimento de ações coletivas,

da consciência das múltiplas dimensões sociais e culturais que se cruzam na

prática educativa escolar.

Giovanni (1998) sustenta que o desenvolvimento profissional se inicia no

momento em que se escolhe a profissão e vai percorrer desde os cursos de

formação inicial até os momentos de exercício profissional ao longo da carreira,

incluindo as oportunidades de novos cursos, projetos e programas de formação

continuada. Sustenta que tais oportunidades constituem campo específico de

investigação acerca do que hoje é denominado “desenvolvimento profissional

do professor”, ou seja, um processo de educação/formação profissional,

aperfeiçoamento ou qualificações crescentes, que é concebido de forma

contínua, desde o início até o final da carreira.

Observamos que a formação continuada não vem a se constituir

propriamente em desenvolvimento profissional para o professor, corroborando

o pensamento de Ponte (1998), que apresenta uma distinção entre esses dois

conceitos, diferenciando alguns aspectos importantes para a compreensão

CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO- METODOLÓGICO

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dessa problemática. Em sua opinião, o conceito de formação está baseado na

idéia de freqüentar cursos, na idéia de que a formação inicial é incompleta e

deve ser suprida. Salienta que a maioria dos cursos de formação continuada

exige apenas a freqüência, sem que haja uma participação mais ativa e

reflexiva do professor, não sendo suficiente para determinar a apreensão dos

conhecimentos, ou seja, não se constituindo em desenvolvimento profissional.

Neste caso, o professor atua passivamente, no que em muito difere da atuação

ativa necessária ao desenvolvimento profissional.

Com relação ao desenvolvimento profissional do professor, sustenta que

compete ao professor a tomada de decisões que influenciam diretamente as

questões abordadas, os projetos implementados e a sua própria execução,

sendo ele um ator participativo em todo o cenário da educação. Sendo assim o

investimento é focado no desenvolvimento de suas potencialidades, sendo

visto de forma plena em seus aspectos cognitivos, afetivos e relacionais. Toda

essa problemática está diretamente relacionada às políticas públicas na área

de educação.

No desenvolvimento profissional dá-se grande importância à combinação de processos formais e informais. O professor deixa de ser objeto para passar a ser sujeito da formação. Não se procura a “normalização”, mas a promoção da individualidade de cada professor. Dá-se atenção não só aos conhecimentos e aos aspectos cognitivos, para se valorizar também os aspectos afetivos e relacionais do professor. (...) Para responder aos desafios constantemente renovados que se colocam à escola pela evolução tecnológica, pelo progresso científico e pela mudança social, o professor tem de estar sempre a aprender. O desenvolvimento profissional ao longo de toda a carreira é, hoje em dia, um aspecto marcante da profissão docente. (PONTE, 1998, p.1)

Ainda de acordo com o mesmo autor, o professor que deseja se

desenvolver plenamente tem toda a vantagem em aproveitar as oportunidades

de formação que correspondam às suas necessidades e objetivos.

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Autores como Giovanni (1994); Nóvoa (1992) e Gimeno-Sacristan

(1988) são unânimes em afirmar que as condições institucionais básicas onde

os professores trabalham começam a ser alteradas ou a existir um movimento

de pressão para que essas alterações sejam efetivadas, a partir do momento

em que o desenvolvimento profissional é desencadeado como um processo

contínuo.

Os estudos de Santaella (1998) promovem discussões produtivas

acerca do desenvolvimento profissional, enfatizando que ele supera a idéia de

aperfeiçoamento a partir da formação inicial do professor. Acredita que o

desenvolvimento profissional seja um processo que ocorre ao longo de toda a

vida e que não se limita a determinadas idades, muito ao contrário, constitui-se

em um processo pessoal e único, pois os professores são sujeitos que

constroem e organizam ativamente suas histórias pessoais. A partir desse

raciocínio, entende que o desenvolvimento profissional não aparece apenas

como resultado de diferentes eventos na vida do professor, mas é

representativo de processos dialéticos entre os diversos fatores do ambiente

sócio-cultural e a construção pessoal que os sujeitos fazem destes fatores.

Na concepção de Burke (1987), existem processos intra e

interpessoais que levam ao desenvolvimento profissional, juntamente com as

condições institucionais facilitadoras. Para o autor, existem três processos

designados “indução”, “renovação” e “reorientação”. O primeiro corresponde ao

processo pelo qual o professor é inserido em uma nova prática, o segundo

refere-se à introdução de alterações em sua prática rotineira, e o terceiro está

relacionado ao fato de assumir uma ruptura com a prática atual, o que o leva a

um novo processo de indução. O interesse de Burke é produzir a identificação

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das mais variadas condições que possam maximizar a eficácia desses três

processos e sua coordenação dinâmica, possibilitando o desenvolvimento

profissional constante na direção de uma integração cada vez maior.

Em nosso estudo procuraremos observar como esses três elementos

ocorrem no interior dos processos argumentativos engendrados pelos

participantes do fórum. Em um primeiro momento o professor é apresentado a

uma situação a partir de um relato de experiência (indução). A partir daí o

professor discute o assunto e emite sua opinião, ao mesmo tempo em que

toma ciência da opinião dos demais, podendo ou não renovar seus conceitos.

Na seqüência é disponibilizado um texto acadêmico sobre o assunto e o

participante confronta sua opinião com a dos autores do texto, num processo

que poderá originar uma reorientação, que o levaria novamente ao estágio de

indução. Como trabalharemos o discurso sobre a prática e não com a

observação da prática ela mesma, poderemos apenas verificar a aparição

desses elementos no interior do discurso, ou seja, o que o sujeito diz que faz

ou pensa.

Huberman (1995) considera que o professor tem grande diversidade de

interesses em decorrência do tempo de serviço e apresenta cinco fases

distintas em sua vida profissional:

PRÁTICA

INDUÇÃO

REORIENTAÇÃO RENOVAÇÃO

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1ª. Fase: do primeiro ao terceiro ano de trabalho. É a fase da entrada e

do tateamento, ou seja, do conhecimento inicial da realidade;

2ª. Fase: de quatro a seis anos de trabalho. É a fase de estabilização,

onde o profissional já conhece o ambiente e suas potencialidades;

3ª. Fase: de sete a vinte e cinco anos de trabalho. É a fase da

diversificação, do ativismo e dos questionamentos;

4ª. Fase: de vinte e cinco a trinta e cinco anos de trabalho. É a fase da

serenidade, onde o professor apresenta certo distanciamento dos

problemas e também um perfil conservador;

5ª. Fase: de trinta e cinco a quarenta e cinco anos de trabalho. É a fase

em que o profissional não quer mais fazer nenhum tipo de investimento

em sua carreira.

Em estudo sobre o desenvolvimento profissional de professores, Moreira

(1991) sugere quatro recomendações claras e fundamentadas na literatura: 1 -

os programas de desenvolvimento profissional devem ser ajustados ao nível de

conhecimento já atingido pelo professor, maximizando a motivação e o impacto

produzido; 2 – os professores são possuidores de grandes capacidades de

autodesenvolvimento, mas é necessário oferecer condições para que essas

capacidades possam ser efetivadas; 3 – a partir da fase de estabilização

profissional (entre 4 a 6 anos de serviço, ou seja, 2ª fase) segue caminhos

divergentes, visto que no início da profissão os programas de formação

generalizada são bem aceitos, mas a experiência e os interesses mudam com

o passar do tempo, havendo a necessidade da diversificação de temas para o

desenvolvimento profissional; 4 – o desenvolvimento profissional não pode ser

igual para todos o que obriga a criação de programas de múltiplas alternativas

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de formação, que possibilitem a cada professor a escolha do plano de

desenvolvimento contínuo que mais lhe interesse.

Com o espírito dessas recomendações, foi criado em 2002 o Plano

Nacional de Educação (BRASIL, 2007, p.1) que em seu item 10 trata da

formação dos professores e valorização do magistério. Entende que a melhoria

da qualidade do ensino somente poderá ser alcançada se for promovida a

valorização do magistério. Essa valorização engloba a formação profissional

inicial, as condições de trabalho, salário e carreira, e a formação continuada.

Nesta legislação pode-se ler o seguinte:

(...) É preciso criar condições que mantenham o entusiasmo inicial, a dedicação e a confiança nos resultados do trabalho pedagógico. É preciso que os professores possam vislumbrar perspectivas de crescimento profissional e de continuidade de seu processo de formação. Se, de um lado, há que se repensar a própria formação, em vista dos desafios presentes e das novas exigências no campo da educação, que exige profissionais cada vez mais qualificados e permanentemente atualizados (...) por outro lado é fundamental manter na rede de ensino e com perspectivas de aperfeiçoamento constante os bons profissionais do magistério.

Dentro deste Plano Nacional de Educação foi criado o Programa para o

Desenvolvimento Profissional Continuado “Parâmetros em Ação”. Seus

objetivos consistem basicamente em apoiar os sistemas educacionais,

promovendo a incorporação da concepção e de práticas efetivas de

desenvolvimento profissional permanente, articuladas em vários níveis: na

necessária coerência entre as dimensões administrativo-institucional e

pedagógica, na integração entre as diferentes ações de formação de

professores e a realidade de suas escolas, de seus alunos e de suas

prioridades. Constitui-se em uma ação estratégica por incidir diretamente na

organização das secretarias e apresentar formas alternativas de trabalho junto

aos professores. Prevê a incorporação de tecnologias que utilizam a web, em

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ambientes virtuais, como forma de democratizar o desenvolvimento

profissional.

Selles (2002, p.2-14) acrescenta uma outra ótica ao tratar do

desenvolvimento profissional, relacionando-o a uma série de condicionantes

aos quais os professores são submetidos:

Paralelamente, o desenvolvimento profissional situa-se, com explícita complexidade, para além do campo das aquisições e renovações pedagógicas. Insere-se também num contexto onde questões de ordem salarial e condições básicas da ação docente vão convergir para demandas mais claras sobre planos de carreira e status da profissão. (...) Assim, promover o desenvolvimento profissional, tomando como base de uma ação transformadora da qualidade do ensino, implica não apenas atender às demandas pedagógicas dos professores, mas, igualmente, estabelecer uma estratégia revolucionária que reformule as condições da profissão docente e devolva a dignidade a seus trabalhadores. Isso constituiria a base político-profissional do trabalho docente.

Desse modo, o desenvolvimento profissional diz respeito também à

dimensão pessoal de realização na profissão, que se remete necessariamente

à questão política.

Neste estudo, entendemos desenvolvimento profissional em toda sua

complexidade, envolvendo desde a participação ativa do professor na

construção de novos conhecimentos como aspectos relativos a sua realização

profissional e pessoal. Para tal deve possuir autonomia para a tomada de

decisões, tornando-se um personagem ativo em todas as etapas do processo,

levando-se em conta a possibilidade de utilização de processos formais e

informais, deixando de ser objeto para ser sujeito de seu próprio

aperfeiçoamento. O desenvolvimento profissional deve estar de acordo com os

objetivos do professor, que possui uma capacidade de autodesenvolvimento,

que exige condições institucionais adequadas para que possa se efetivar.

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2.2 - Aprendizagem colaborativa

Apesar de parecer recente, a utilização da terminologia “aprendizagem

colaborativa” remonta o século XVIII, quando teóricos, pesquisadores e

educadores implementaram técnicas relacionadas ao conceito do “aprender e

trabalhar em grupos”. Na literatura, o conceito de colaboração começa a ser

discutido por McGrath e Altman (1966) para os quais o trabalho ou o

aprendizado colaborativo possibilita aos membros do grupo produzir melhores

resultados do que se estivessem atuando de forma isolada, visto que a

construção do conhecimento é mais bem estruturada quando compartilhada.

Leite et al. (2005) relatam a existência de grande produção acadêmica

na área de aprendizagem cooperativa e colaborativa, mas a partir dos anos 90

essa metodologia se difundiu mais, ganhando popularidade no ensino superior.

A partir de então, a utilização do termo aprendizagem colaborativa foi

disseminada para todos os níveis de ensino.

A aprendizagem colaborativa é uma metodologia de ensino que estimula

a participação, em que se espera que o aprendiz (aluno ou professor) possa

aplicar posteriormente os conhecimentos adquiridos de uma maneira mais

eficaz. Verburg e Mulder (2002, p.1) confirmam:

A aprendizagem colaborativa é um método de ensino que, quando corretamente aplicado, fomenta a participação ativa do aluno na matéria estudada, o que permite que este possa, posteriormente, aplicar de modo mais eficaz os conhecimentos adquiridos.

Esse método permite que se resolva em grupo, com a participação ativa

de todos, uma questão aparentemente difícil de ser equacionada, a partir de

consultas mútuas entre os participantes, com a avaliação de todos os aspectos

da questão e com sugestões de todos. A finalidade da aprendizagem

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colaborativa é encontrar uma solução de consenso para a questão debatida,

analisando-se as experiências anteriores do grupo em relação à questão.

De acordo com Prol et al. (2005, p. 1), aprendizagem colaborativa:

é uma estratégia de ensino na qual os alunos, de vários níveis de performance, trabalham juntos em pequenos grupos tendo uma única meta. Sendo, então, responsáveis pela aprendizagem uns dos outros, assim como a sua própria. A troca ativa de idéias em pequenos grupos não somente aumenta o interesse assim como promove o pensamento crítico. Há evidência persuasiva de que grupos cooperativos atingem níveis mais avançados de pensamento e retém informação por mais tempo que os alunos que trabalham individualmente.”

Já Campos et al (2003) acreditam que a aprendizagem colaborativa

possa ser definida como uma proposta pedagógica diferenciada onde os

participantes encontram-se em um processo de ajuda mútua na aprendizagem,

atuando entre si na forma de parceria, tendo como principal objetivo a

aquisição de conhecimento em uma área específica.

Diversos autores, dentre os quais destacamos Wilson (1996) e Siqueira

(2003), consideram que o processo de aprendizagem mediante a construção

conjunta do conhecimento faz com que os aprendizes ou participantes sintam-

se membros de uma comunidade construtora de novos saberes. Essa nova

comunidade faz com que o conhecimento passe a ser propriedade comum,

caracterizando a aprendizagem como um processo sociolingüístico.

A caracterização feita anteriormente evidencia a visão teórica da maioria

dos autores que são unânimes ao afirmar que é através da discussão

compartilhada, contando com a contribuição de todos os participantes,

independente de que maneira ou com que intensidade participem, que se

constroem novos conhecimentos. Logo, o fundamento teórico da aprendizagem

colaborativa reside na troca de experiência e saberes e também na interação e

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integração entre os participantes do processo, atores educacionais que

objetivam melhorar suas performances profissionais através do conhecimento.

Tradicionalmente, a sala de aula sempre foi o ambiente de

aprendizagem por excelência, porém, apesar de existir o encontro de alunos e

professor, nem sempre se caracteriza por um processo de aprendizagem

colaborativa. Quando os alunos são estimulados pelo professor para atuar na

biblioteca convencional da escola ou na sala de informática para, em grupo,

discutir um assunto que está sendo proposto, eles são estimulados a atuar de

forma colaborativa.

Quando queremos estimular o crescimento profissional do professor,

nem sempre a sala de aula convencional é o melhor espaço, pois durante a

sua rotina de trabalho o professor se vê impedido por diversas razões de parar

o seu trabalho na intenção de se aperfeiçoar. Desta forma, as “salas de aula

virtuais” passam a ser a melhor opção pela facilidade de interagir no tempo que

o próprio professor define.

A aprendizagem colaborativa via web, segundo Verburg e Mulder (2002)

constitui-se em uma variação do processo formal de aprendizagem

colaborativa, que a cada dia mais, desperta o interesse dos educadores. A

utilização da web no processo de aprendizagem colaborativa permite que o

participante possa se comunicar e interagir através da escrita e chegar a uma

solução consensual para todo o grupo.

A idéia de processo de aprendizagem está intimamente relacionada à

idéia de ambiente colaborativo, de acordo com Prol et. al. (2005, p. 1) que

consideram que os ambientes virtuais colaborativos para a aprendizagem são

locais onde se compartilham experiências e saberes, dando suporte à

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construção, inserção e troca de informações entre aqueles que participam do

ambiente, construindo um conhecimento. Os mesmos autores argumentam

que:

Os sistemas informáticos de suporte à comunicação mediada pelo computador e de apoio à aprendizagem colaborativa (também conhecidos como tecnologias de groupware) são típica e tradicionalmente classificados por categorias segundo uma matriz de tempo/localização dos utilizadores: síncronos (mesmo tempo), assíncronos (tempo diferente), presenciais (mesmo lugar) e remotos (lugar ou lugares diferentes).

Na atualidade, utiliza-se a aprendizagem colaborativa assistida por

computador, que é uma variante da aprendizagem colaborativa tradicional e

que desperta grande interesse. Nesse caso, utiliza-se a web como suporte para

as interações, onde os participantes podem se comunicar e se consultar entre

si e trocar informações pela rede, utilizando-se mensagens escritas. Na opinião

de Lowyck et al (1995) consideram que desta forma, os participantes se

obrigam a apresentar suas opiniões submetendo-as à apreciação de todo o

grupo o que contribui para o desenvolvimento de todos.

Autores clássicos, como Vygotsky (1988; 1993), consideram que é

necessário haver colaboração entre os participantes de um processo de

ensino-aprendizagem, visto que auxilia o desenvolvimento de estratégias para

a solução de problemas, uma vez que processos cognitivos se dão por

processos de interação e comunicação. O autor pontua que a integração de um

participante com grupos ou comunidades oportuniza trocas e negociações, sem

o que não há desenvolvimento. Pala ele, a atividade humana transforma a

natureza, produz cultura, ao mesmo tempo em que transforma a si mesmo em

sujeito do conhecimento, existindo uma relação de interdependência entre os

processos de desenvolvimento do sujeito e os processos de aprendizagem.

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Corroborando essa idéia, Palincsar et al. (1984) acrescentam que os

participantes envolvidos no processo de aprendizagem colaborativa (assistido

ou não por computador) sentem-se em geral obrigados a enunciar com clareza

as suas idéias. É quase consensual que a enunciação e a explicação das

próprias idéias exerce uma influência positiva no processo formativo.

Efetivamente, o indivíduo deve reorganizar os seus próprios conhecimentos

para torná-los compreensíveis aos outros, de forma que as hipóteses e os

raciocínios implícitos tornem-se explícitos. Deste modo, as idéias falsas ou

confusas são mais facilmente detectadas. Além do mais, é mais produtivo

examinar em conjunto hipóteses complexas, pois o grupo terá do problema

uma visão mais ampla do que cada pessoa individualmente. É freqüente que a

qualidade da solução assim encontrada seja superior. Acrescentam ainda que

a aprendizagem colaborativa faça com que se exercite a leitura e esclarecem

que entender que o significado da leitura é construir significado.

No processo de educação, de acordo com Verburgh e Mulder (2002),

existem quatro características positivas quando analisamos a aprendizagem

colaborativa mediada pela web. A primeira característica é o fato de que os

participantes comunicam-se entre si por escrito, o que é muito vantajoso, na

medida em que se pode elaborar cuidadosamente o texto a ser postado. O

participante pode rever aquilo que escreveu e verificar se suas idéias estão em

uma linguagem compatível ao entendimento dos demais participantes. A

segunda característica é que a comunicação feita por escrita constitui-se em

um registro da participação de todos no ambiente, o que possibilita a leitura por

diversas vezes e por diversas pessoas, independentemente se a discussão

sobre aquele assunto tenha se encerrado ou não. Dessa forma, pode-se

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acumular ou aperfeiçoar os conhecimentos de uma forma progressiva,

enquanto que na comunicação oral, ao final de uma discussão nem sempre os

interlocutores se lembram com detalhes daquilo que foi discutido. A terceira

característica é que na comunicação escrita via web, todos os participantes têm

as mesmas oportunidades para expressar suas idéias, diferente do que ocorre

no debate verbal, que depende da personalidade de cada um. Ao discutir por

escrito, os participantes têm todo o tempo para refletir sobre o assunto

proposto e redigir sua opinião de acordo com seus conhecimentos e

experiências. A quarta e última característica é que a aprendizagem

colaborativa via web permite a identificação da participação de cada um dos

membros daquele grupo, permitindo identificar aqueles que são mais

participativos, como também aqueles que se omitem ou faltam às discussões.

Os faltosos devem ser observados e medidas de incentivo à participação

podem ser tomadas.

A popularização da web oportunizou a criação de diversos ambientes

para a aprendizagem colaborativa, oferecendo diversas vantagens. O

computador passa a ser considerado um excelente instrumento para a

aprendizagem colaborativa, visto que pode ser utilizado para organizar diversas

atividades (Chat, correio, fórum etc.), constituindo-se em um meio onde os

participantes colaborem entre si nas atividades propostas pelo grupo.

No presente trabalho, entendemos a aprendizagem colaborativa como

uma metodologia de ensino/aprendizagem que estimula a participação de

todos, estes voltados para uma única meta, para o equacionamento de

problemas. Nesse sentido, aprende-se a trabalhar em grupos, com participação

ativa em salas de aula tradicionais ou via web, com a finalidade de encontrar

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solução de consenso para o problema discutido. Na aprendizagem colaborativa

os participantes são responsáveis não só pela sua própria aprendizagem, como

pela aprendizagem uns dos outros, na intenção de construir conhecimentos,

elaborando conceitos através da troca de experiência e saberes. Acreditamos

que a aprendizagem colaborativa via web tem diversas vantagens, como por

exemplo, a elaboração cuidadosa do texto a ser apresentado para discussão.

2.3 – Processos argumentativos

Argumento, do Latim argumentu significa um pensamento pelo qual se

obtém uma conseqüência ou dedução, logo, é um conjunto de afirmações que

pretende sustentar as conclusões a partir de suas premissas (MURCHO,

2006).

Abreu (2003, p. 16) sustenta que argumentar

é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. (...) Persuadir é saber gerenciar relação, é falar à emoção do outro. (...) Mas em que convencer se diferencia de persuadir? Convencer é construir algo no campo das idéias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize.

A diferença entre persuadir e argumentar, entretanto, supõe uma

delimitação clara entre pensamento e predisposição para a ação, o que, na

prática não apresenta contornos tão definidos.

De acordo com Breton (1999), o estudo da argumentação enfatiza a

ação, ação que realizamos através das palavras. A argumentação é uma

prática de desenvolver posturas democráticas que atuam sobre as

desigualdades culturais. A identidade social do ser humano é moldada a partir

de suas opiniões.

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A opinião é construída por processos argumentativos e, de acordo com

Gavazzi (2006), ainda guardam muitas das características estudadas por

Aristóteles e Górgias. Ainda na atualidade se utiliza a classificação preconizada

na Grécia Antiga, onde os argumentos estão identificados em dois grandes

grupos: as técnicas que utilizam argumentos quase-lógicos (que tiram sua força

pela semelhança aos argumentos lógicos) e as técnicas que trabalham com

argumentos baseados na estrutura do real (portando sobre enunciados

contingentes). A Nova Retórica de Chaïm Perelman analisa criteriosamente a

contribuição grega acrescentando os argumentos que fundam o real (portando

sobre enunciados contingentes, porém sem precedentes). A obra de Perelman

(1972; 1997) resgata a racionalidade argumentativa para o mundo moderno.

A argumentação entra em cena quando existe controvérsia e, de acordo

com Perelman e Olbrechts-Tyteca (1996), quando houve uma renúncia ao uso

da força, valorizando a participação do interlocutor, que é considerada pelo

locutor como racional, o interlocutor não é tratado como um objeto, mas como

tendo liberdade de juízo.

Mazzotti (1999) considera que todas as formas de argumentação têm

por base o silogismo e que formam um instrumental importante para a análise

dos discursos.

Essas diversas formas de argumentação são também formas pelas quais construímos e analisamos os discursos. Enquanto formas de análise não implicam, imediatamente, uma opção filosófica, a não ser que se queira fundamentá-las. Nesse caso, o problema não é, de fato, dos instrumentos, mas dos fundamentos desse instrumental. Por certo, o exame dos fundamentos desse instrumental é extremamente relevante ao seu aperfeiçoamento, ainda que não seja imprescindível à realização do exame dos argumentos apresentados nas teorias.

Importa-nos olhar para os processos argumentativos segundo dois

vieses: o primeiro que diz respeito à sua ocorrência em situações em que

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sujeitos discutem a prática docente em um ambiente proposto para o

desenvolvimento profissional e, um segundo, relativo à possibilidade de

compreensão do discurso sobre a prática docente através da análise dos

processos argumentativos em seu interior.

Na visão de Ramos (2002), a articulação entre a produção escrita e a

construção de argumentos é de fundamental importância, pois ao expressar

seus argumentos por escrito a pessoa tem tempo para refletir sobre seus

pontos de vista. Nesse sentido, a argumentação escrita em Fórum de

Discussões nos ambientes virtuais possibilita uma reflexão aprofundada

daquilo que se pretende defender.

Leitão (2000) e Leitão; Banks-Leite (2004) descrevem a argumentação

como sendo uma atividade discursiva que possibilita mudanças nas

concepções das pessoas que interagem a respeito de um determinado tema.

Para ela, a argumentação desencadeia nas pessoas que dela participam um

processo de revisão de suas perspectivas sobre os fatos do mundo. Existe uma

interação muito grande nos processos de argumentação, visto que o

proponente de um tema defende um argumento, e este é confrontado por

oponentes, levantando dúvidas, pontos de vista alternativos e contra-

argumentos. Esse embate faz com que o defensor do argumento reveja suas

posições à luz das perspectivas contrárias trazidas pelos oponentes.

Chiaro; Leitão (2005, p.1) realizaram um estudo focalizando a

argumentação como atividade social e discursiva, observando mudanças nos

participantes, a respeito do tema discutido. O pressuposto do estudo foi a

ênfase dada à negociação e mudança, características da argumentação.

Analisaram o papel do mediador da argumentação em situações que viabilizam

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a construção do conhecimento em ambiente de sala de aula. Foi selecionada

uma escola privada de nível sócio-econômico médio e que, na época do

estudo, passava por uma proposta educacional fundamentada em discussão e

reflexão. Os resultados mostraram, de uma maneira geral que:

embora a argumentação em ambos os grupos possibilite reflexão, discussão e construção de novos sentidos, o processo social de apropriação do conteúdo curricular depende significativamente da mediação do professor na medida em que suas ações discursivas conferem estatuto epistêmico ao discurso dos alunos. A despeito da participação ativa na construção de seus próprios processos de aprendizagem, não se pode assumir que eles possam recriar, através de suas atividades e experiências, um conhecimento culturalmente produzido. É necessário que um processo social e comunicativo de apropriação de um conteúdo preexistente aconteça e para isso, o papel do professor – ou de agentes outros socialmente investidos na função de representantes do saber convencionalizado a ser aprendido pelos alunos – torna-se fundamental.

Van Eemeren e Grootendorst (1992) consideram que a argumentação

pressupõe uma possibilidade real de modificação de pontos adotados por

quaisquer dos participantes de um grupo em relação a um tema em discussão.

Essa mudança pode ser caracterizada pela aceitação do argumento ou pela

fusão de aspectos do argumento e do contra-argumento, formando uma

terceira possibilidade.

O contra-argumento pode ser definido por Freeman (1991) como sendo

o elemento que captura na fala do proponente vozes de “outros” componentes

sociais, desafiando o ponto de vista do falante e introduzindo no processo de

discussão um elemento de oposição indispensável para que a argumentação

se inclua no discurso. O autor considera também a possibilidade de resposta e

a define como uma reação imediata ou remota do expositor a contra-

argumentos levantados por oponentes.

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Desse jogo argumentativo, depreende-se que em qualquer ambiente de

discussões, seja presencial ou virtual, a presença do professor/mediador é

extremamente importante para direcionar a argumentação e alcançar por

objetivo final a produção do conhecimento.

Salles (2007) esclarece que a teoria da argumentação introduz

elementos significativos que propiciam a descrição do estabelecimento de

várias possibilidades de produção de conhecimento, o que torna um

participante mais assíduo que outros e, ainda, quais os tipos de articulações

que podem ser estabelecidos. A análise baseada na teoria da argumentação

consiste em um trabalho que possibilita reconstruir argumentos de um debate,

busca o que oferece inteligibilidade e organização ao discurso relativos a como

os sujeitos participantes engendram estratégias para defender seus pontos de

vista.

Neste estudo, o material coletado no fórum de discussão foi organizado

do ponto de vista argumentativo, significou buscar os momentos de

controvérsia, destacando as teses defendidas e os argumentos que as

fundamentaram. Esse procedimento foi utilizado para a compreender o

discurso dos participantes sobre a prática docente.

2.4 – O ambiente dos artigos multimídia

Ambientes virtuais oferecem múltiplas possibilidades de acesso e

interação, inserindo o professor como construtor de seu conhecimento a partir

de trocas interativas entre pares. Os ambientes virtuais viabilizam a produção

de conhecimentos e a troca de informações, propiciando uma participação mais

efetiva. Os AVA devem oferecer clareza no acesso a todas as áreas do

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ambiente disponibilizando meios de estudo que possibilitem a interação, a

aprendizagem, a navegação e a pesquisa; recursos interativos que devem

despertar atenção para o uso e uma estrutura que permita a interação entre os

participantes (VIANNEY et al., 2000; VILLARDI;OLIVEIRA, 2005).

Lopes (2001) observa que existe um vasto campo de aplicação desses

ambientes, que possibilitam o desenvolvimento profissional. Julga ser

necessário muita atenção quanto ao conteúdo disponibilizado, visto que

contribuirão para a realização de novas aprendizagens e desenvolvimento de

capacidades cognitivas, devendo ser adaptados às necessidades do grupo que

está interagindo, usando diversos tipos de mídia.

O ambiente Artigos Multimídia foi construído em cooperação com a

equipe que gerencia a plataforma www.terc.edu, cujo grupo é coordenado por

Ricardo Nemirovsky, que desenvolve pesquisas na área de educação

investigando as maneiras pelas quais os participantes adquirem

conhecimentos, principalmente nas áreas de matemática, ciência e tecnologia.

O objetivo do TERC (Tecnology and Educational Research Center) é promover

discussões onde professores e estudantes façam parte de comunidades

atuantes que buscam resolver problemas a partir de questionamentos. Na

atualidade, os programas e produtos TERC alcançam, só nos Estados Unidos,

mais de 3,5 milhões de participantes e suas atividades vão desde a pré-escola

até a universidade. Esses programas incluem instrução básica de crianças e

adultos, aprendizagem informal e programas auxiliares para o desenvolvimento

profissional.

A plataforma tem como metas: 1- a colaboração sustentada com

membros da comunidade; 2- inovação e criatividade no desenvolvimento de

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práticas educacionais e de produtos; 3 – pesquisas em sala-de-aula e em

outros ambientes de aprendizagem; 4 – o apoio para as oportunidades de

aprendizado para todos os participantes; 5 – invenção e aplicação da

tecnologia para responder às necessidades educacionais; 6 – programas de

execução de acordo com as necessidades do mundo real; 7 – criação de

métodos em ciências naturais, da matemática, das ciências humanas e das

ciências sociais; 8 – constante aprimoramento da prática de ensino para o

desenvolvimento profissional.

A questão do desenvolvimento profissional é amplamente abordada em

seus diversos workshops com vistas a adoção, na prática, das modificações

discutidas sobre diversos assuntos. Vale ressaltar que o TERC não possui

finalidade lucrativa, sendo livre o acesso ao site.

Figura 1

Logomarca do Technology and Educational Research Center

O TERC dá apoio aos educadores e considera que o desenvolvimento

profissional do professor têm um impacto poderoso na instrução, na cultura da

escola e nos resultados do estudante (TERC, 2007)

Um outro exemplo de plataforma visando o desenvolvimento profissional

é o sistema Latec (2007) que permite a montagem de ambientes de suporte on-

line para cursos da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O sistema

caracteriza-se como um meio de apoio ao trabalho institucional,

proporcionando integração às modernas técnicas de gestão educacional. A

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metodologia utilizada propõe atender as necessidades de aplicações,

avaliações e gestão dos cursos, promovendo relações entre aluno/professor e

aluno/aluno desenvolvendo uma aprendizagem cooperativa na construção do

conhecimento se utilizando da tecnologia das redes Internet e/ou Intranet.

Neste sistema, o orientador tem condições de apresentar um conteúdo para

estudo on-line ou off-line, administrar seus cursos, montar questões para

avaliação, orientar seus alunos utilizando meios de comunicação, tais como: e-

mail, Chat, fórum, tira-dúvidas, mural, faq (perguntas mais freqüentes) etc.;

entre outras oferecidas pela tecnologia em questão.

O TelEduc (2007) foi desenvolvido por pesquisadores do Núcleo de

Informática Aplicada à Educação – NIED, da Unicamp, e constitui-se em outro

exemplo de ambiente para o desenvolvimento profissional. O ambiente foi

desenvolvido de uma forma participativa, visando disponibilizar meios de

acordo com as necessidades de seus usuários. É um sofware livre, assim

como o TERC, e possibilita o aprendizado de qualquer domínio do

conhecimento a partir da resolução de problemas com interação entre os

participantes.

Figura 2

Logomarca do TelEduc/UNICAMP

Santos (2006) que construiu e analisou o ambiente

“artigosmultimidia.pro.br” em uma perspectiva de desenvolvimento profissional,

considera que os Artigos Multimídia são hipertextos cuja função é permitir que

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haja interatividade entre os participantes sobre um conteúdo de aprendizagem

que permita a construção de conhecimento. O conteúdo do ambiente Artigos

Multimídia é composto de textos e imagens disponibilizados no ambiente,

versando sobre temas do dia-a-dia da escola. O autor investigou quais

aspectos do ambiente favorecem a argumentação sobre a prática educativa; de

que forma o ambiente favorece a argumentação em relação a teoria e prática

educativa; e quais aspectos do ambiente favorecem a interatividade entre os

participantes. A investigação foi feita com professores previamente

selecionados. Os professores interagiram enviando comentários sobre os

artigos publicados utilizando o próprio ambiente como veículo. O autor conclui

destacando que o principal aspecto apontado pelos participantes foi a

possibilidade que o ambiente oferta para a visualização da prática educativa e

a reflexão sobre as concepções pedagógicas.

Para Lucena (1997), os ambientes virtuais de aprendizagem devem

conter uma interface que facilite o processo de comunicação oportunizando ao

usuário a obtenção de melhor desempenho em sua área específica; facilitando

o alcance dos objetivos com exatidão e rapidez; e demonstrando, pelos

processos interativos, que existe um acompanhamento do processo cognitivo

do usuário.

Calvo (2006) que também elaborou um estudo utilizando o ambiente

Artigos Multimídia, cujo objetivo foi a investigação do discurso sobre a prática

docente, com 32 professores da rede pública e privada de diferentes graus de

ensino, concluiu indicando a importância do desenvolvimento profissional e do

ambiente virtual como meio para a reflexão sobre a prática docente. Assegura

ainda que:

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A partir da visualização de um artigo multimídia, um professor que esteja de fora (professor-observador), pode levantar questões acerca da atuação e dos métodos utilizados pelo colega e as conseqüências deles advindas, assimilando-os como forma de melhorar sua própria metodologia, ou retirando-os, se assim julgar mais conveniente, de seu repertório de ações. É como se o observador pudesse se colocar no lugar do outro e se questionar a respeito de sua própria prática.

O ambiente “artigosmultimidia.pro.br” oferece uma série de

oportunidades para a aprendizagem colaborativa e o conseqüente

desenvolvimento profissional dos participantes.

Na página inicial podemos ver os espaços destinados às discussões

sobre disciplina, investigação, desenvolvimento profissional, avaliação,

argumentação e interatividade. Ainda nesta página, existe um espaço

específico para colaborações, na forma de texto ou vídeo, e também a porta de

entrada para os diversos fóruns que acontecem no ambiente.

Figura 3 Página inicial de http://www.artigosmultimidia.pro.br

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Ao selecionarmos qualquer uma das opções, encontramos um menu na

lateral esquerda da tela, que nos possibilita acessar qualquer um dos assuntos

disponibilizados, sendo que alguns, além de textos, nos dão a opção de

visualizarmos um vídeo produzido sobre a questão.

Figura 4 Página de acesso aos assuntos, selecionada na opção vídeo, do tema Interatividade.

Figura 5

Página onde o participante pode enviar sua contribuição na forma de texto ou na forma de vídeo.

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Esse ambiente foi criado especialmente para o desenvolvimento

profissional do professor. O acesso ao ambiente é livre, bastando preencher

um cadastro. A aprendizagem colaborativa é estimulada e potencializada, visto

que os participantes sabem quem são os seus “colegas” virtuais no ambiente,

pela visualização de seus nomes ou identificação quando postam mensagens,

interagindo entre si.

Neste ambiente, o fórum estimula os processos argumentativos, pois

além da figura do administrador, que provoca a participação dos usuários,

existe também a disponibilização de relatos de profissionais sobre assuntos

específicos, seguido de questões provocativas sobre o tema.

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3.1 – O campo e os sujeitos

O delineamento deste estudo teve por base o ambiente

http://ywww.artigosmultimidia.pro.br, desenvolvido pelo Programa de Pós-

Graduação em Educação – Nível Mestrado, da Universidade Estácio de Sá.

Neste site foram colocados no ambiente “fórum de discussão”, semanalmente,

de forma alternada, relatos de professores sobre situações específicas,

incluindo alguns questionamentos do autor como forma de incentivo para o

início das discussões; e textos publicados em revistas científicas sobre essas

mesmas situações, para que as discussões pudessem ser embasadas tanto

pela troca de experiências entre os professores participantes como também

pela opinião de autores experientes.

Ao iniciar uma discussão baseada apenas em um relato, os participantes

emitiram sua opinião baseada em vivências anteriores e puderam trocar entre

si essas experiências. Quando disponibilizamos um texto sobre o mesmo

assunto, oportunizamos a possibilidade do participante concordar, discordar ou

até mesmo adicionar novos aspectos da mesma questão, incentivando a

aprendizagem colaborativa.

O estudo foi desenhado para que o ambiente fosse utilizado e analisado

por professores do ensino médio e fundamental em uma escola privada do

município de Niterói – Rio de Janeiro. A escola em questão possui um

CAPÍTULO III - METODOLOGIA

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laboratório de informática com 12 computadores equipados com banda larga.

Todos os 24 profissionais dessa escola possuem computadores em seu

domicílio, e dentre estes, 10 possuem Internet de banda larga. Estes

profissionais foram os pré-candidatos para nosso estudo. Além disso, por se

tratar de um site aberto ao público, houve a possibilidade de participação de

outros professores navegadores interessados nos temas discutidos.

Os profissionais dessa escola atenderam prontamente nossa solicitação

para contribuir com suas opiniões no aperfeiçoamento do ambiente, bem como

no aprimoramento dos recursos oferecidos.

O fórum enquanto espaço virtual onde é privilegiado o debate escrito

pode funcionar como um poderoso recurso educativo capaz de ativar

interativamente os domínios da transdisciplinaridade. Diferente do formato do

chat, o fórum é um ambiente virtual onde o participante da discussão tem maior

liberdade para definir o horário de sua participação, bem como a profundidade

de suas reflexões podendo editar suas intervenções, e um outro fator que o

diferencia do chat é o fato das mensagens ficarem armazenadas e poderem

ser lidas mesmo após o encerramento do fórum. O fórum ou lista de discussão

tem muito valor a serviço do transporte extremamente rápido, e da transmissão

das teses escritas pelos participantes que enviam trabalhos escritos e também

reagem por escrito a trabalhos recebidos.

O fórum de discussão é um espaço comunicativo onde os profissionais

podem acessar livremente todas as intervenções propostas, refletir sobre o

conteúdo das mesmas e propor uma nova aportação.

Neste espaço as interações acontecem em tempo diferido e não há intercâmbio de arquivos, programas, imagens ou similares. Sobre a dinâmica de trabalho no fórum, a única exigência – um dos itens acordados no contrato de trabalho assinado no inicio do curso – foi que

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cada docente deveria intervir pelo menos uma vez por semana. (BAIRRAL, 2006, p. 1)

Elaboramos um estudo objetivando a análise de um fórum, como um

espaço para o desenvolvimento profissional em um ambiente virtual.

Participaram da pesquisa 19 professores da educação básica, de ambos os

sexos, com atuação efetiva no magistério no mínimo por cinco e no máximo por

10 anos, sendo que 18 foram selecionados para participar do estudo e 1

professor aderiu espontaneamente ao fórum de discussão.

Figura 6

Logomarca do Fórum em http://www.artigosmultimidia.pro.br

Não houve qualquer tipo de restrição à participação. Por esse motivo,

qualquer professor usuário do site pôde se integrar ao fórum. A identificação do

perfil desses usuários é possível pelo cadastro que o próprio site demanda.

Como se trata de uma pesquisa que envolve o funcionamento

experimental de um recurso para o desenvolvimento profissional, optou-se por

uma metodologia qualitativa em que o número de sujeitos poderia ser variável,

uma vez que se supôs que os sujeitos teriam autonomia para acessar o site. O

número de participantes, portanto, seria um indicador de adesão ou não à

proposta. Além disso, convém lembrar, o site é aberto à participações de

qualquer navegador, o que poderia originar adesões sem convite, o que de fato

aconteceu. De acordo com Minayo (1992, p.104), a pesquisa qualitativa não

pode basear-se apenas no critério numérico, para poder garantir a sua

representatividade. “A amostra boa é aquela que possibilita abranger a

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totalidade do problema investigado em suas múltiplas dimensões”. A autora

sugere ainda que uma amostragem qualitativa deve: ter um número suficiente

para permitir certa reincidência de informações; o conjunto dos informantes

pode ser diversificado para possibilitar a apreensão de semelhanças e

diferenças, e o lócus e o grupo de observação devem conter o conjunto de

experiências que se pretende objetivar com a pesquisa.

Para garantir uma quantidade de participantes mínima, foram

convidados professores de um estabelecimento de educação básica, privado,

localizado na região metropolitana do Rio de Janeiro. A “Escola Espaço

Aberto”, localizada em Niterói, foi selecionada por possuir equipamentos de

informática compatíveis com esse estudo.

Em pesquisas deste tipo, os resultados obtidos não podem ser

interpretados sob a ótica da representatividade para todos os estabelecimentos

de ensino e, também, para todos os professores, mas servem como parâmetro

de comparação para situações análogas. Além disso, a participação por

demanda espontânea, possível dadas às características do ambiente,

acrescentou um grau maior de generalidade aos resultados. Entretanto, a

maior contribuição residiu na especificidade do próprio ambiente.

3.2 – Ferramentas de coleta e análise de dados:

Este estudo serviu-se de dois tipos de instrumento. Um deles foi utilizado

para estabelecer dados quantitativos referentes aos acessos dos participantes.

O outro foi utilizado para constituir dados qualitativos, especificamente

referentes ao discurso dos participantes no ambiente.

Na parte quantitativa, foi oferecido um instrumento metodológico na

forma de “escala”, para medir a percepção dos participantes convidados sobre

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sua postura frente aos assuntos abordados, após o final das oito semanas de

duração do Fórum. Foi explicado aos participantes o significado das opções e

que deveria ser marcado um “xis” na opção considerada apropriada. As opções

eram:

Indiferente: significa que a participação no fórum não acrescentou

conhecimento e nem modificou a visão sobre o assunto;

Acrescentou: significa que a participação no fórum acrescentou

conhecimento, porém não modificou a visão sobre o assunto;

Modificou: significa que a participação no fórum acrescentou

conhecimento e modificou a visão sobre o assunto.

Um segundo recurso utilizado na parte quantitativa foi a análise

percentual comparativa dos acessos realizados pelos participantes, visando

caracterizar a freqüência de participação de cada um e de retornos ao debate.

Na parte qualitativa, a análise dos dados coletados seguiu a metodologia

proposta por Castro e Frant (CASTRO, 1997; Castro; Frant, 2003; Castro;

Frant, 2000; Castro; Frant; et. al., 2004) que, utilizando-se de princípios de

análise do discurso, propõem um modelo de baseado na Teoria da

Argumentação. As autoras partem da premissa de que ao se dizer alguma

coisa, tem-se a intenção de produzir algum efeito sobre os interlocutores, ou

ainda de que cada sujeito tem hipóteses próprias em relação à prática docente

e engendra sua argumentação baseado nessas hipóteses. A possibilidade de

haver conflitos entre as concepções que se pretende destacar na análise de

seus discursos pode vir a refletir um não consenso entre os envolvidos.

Consensos são indicadores de práticas reconhecidas e o não consenso refere-

se a práticas polêmicas no interior do grupo.

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Quadro 1 Instrumento de avaliação da percepção dos participantes do Fórum

TEMA INDIFERENTE ACRESCENTOU MODIFICOU

Relato 1

Texto1

Discussões 1

Relato 2 Texto2

Discussões 2

Relato 3

Texto 3

Discussões 3

Relato 4

Texto 4

Discussões 4

TOTAL

Em qualquer situação de debate existem diferentes intenções: a

intenção de convencer, de persuadir um auditório é uma delas. Nessas

situações, não há motivação para a manutenção do diálogo se não há

controvérsia. Não se argumenta contra crenças que se mostram consensuais.

Desse modo, o modelo da estratégia argumentativa busca destacar acordos e

controvérsias.

A escrita teclada, mais do que outras modalidades de escrita, mostra-se

favorável à análise do discurso baseada na teoria da argumentação tanto

quanto o discurso oral “pela espontaneidade que há nas duas modalidades”

(CALVO, 2006).

Por meio da interpretação das intervenções dos participantes do fórum

pode-se analisar algumas redes de significado e também refletir sobre os

elementos-chave do desenvolvimento profissional do grupo no trabalho à

distância.

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3.3 – O desenho da pesquisa

A direção da escola escolhida foi contatada por meio de documento

oficial onde constaram os propósitos do estudo. Foi realizada uma reunião com

professores para que pudessem compreender os objetivos do estudo e o

funcionamento do fórum de discussão. Nenhum dos professores havia

participado de um fórum de discussões anteriormente. As únicas experiências

via web consistiam em captura de informações e conversas informais com a

utilização de “Chat”. Por este motivo, demonstramos o funcionamento de um

fórum, bem como apresentamos as vantagens de sua utilização, o deixou os

professores bastante motivados.

Acreditamos que uma das mais interessantes formas de participação do

professor em um programa de desenvolvimento profissional em ambientes

virtuais seja o fórum de discussão, que se constitui em um espaço aberto e

democrático, onde ele pode exercer sua autonomia para escolher e participar

com a sua opinião sobre um tema de discussão que mais se aproxima da

realidade de sua escola ou que no qual tenha mais interesse. Desta forma o

participante pode escolher a hora e o local desejado para realizar seus

comentários.

A opção Fórum, objeto de nosso estudo, leva-nos a uma página no

ambiente virtual, onde o usuário se cadastra e passa a ter um “login” e uma

“senha” de acesso. Nesta página, os participantes podem interagir de forma

assíncrona, emitindo suas opiniões, experiências e saberes em qualquer um

dos temas propostos.

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Figura 7 Página destinada aos diversos fóruns do ambiente www.artigosmultimidia.pro.br

Dentro desta página, o participante escolhe o fórum do qual quer

participar e passa a interagir com outros participantes, em um ambiente virtual,

postando opiniões sobre o assunto, discordando ou não da opinião dos demais

participantes, disponibilizando material para troca de informações ou estudando

o material disponibilizado, num processo dinâmico de aprendizagem

colaborativa.

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Figura 8 Página do ambiente com o Fórum sobre Autonomia, onde aparece inicialmente o relato

de uma professora.

As contribuições no fórum são apresentadas segundo uma ordem lógica,

onde a cada novo assunto criado é formada uma nova seqüência (trilha) de

contribuições.

Os professores que participam do fórum no ambiente “artigos multimídia”

agendam via web encontros para discussões prévias sobre um determinado

tema de interesse do grupo. Após os comentários serem realizados no fórum, o

tutor indica material instrucional encontrado no próprio ambiente, referente ao

assunto discutido. O material é introduzido de forma democrática sem nenhum

tipo de censura e cada visitante terá toda liberdade ao utilizar o ambiente.

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Figura 9

Parte de mensagens postadas no fórum Autonomia

É preciso ressaltar que os fóruns são disponibilizados para participação

interativa e autônoma por um período de aproximadamente 15 dias. Os

recursos utilizados para o enriquecimento do ambiente consistiram de vídeos

de aulas gravadas, textos, artigos, comentários, charges, resumos de obras

científicas.

Além de todas essas opções, existe também a possibilidade de, mesmo

sem participar ativamente de qualquer um dos fóruns, colaborar com o

ambiente enviando artigos ou resenhas (textos) ou vídeos de situações

vivenciadas no ambiente escolar.

No presente estudo, o fórum de discussão é visto como um meio

interativo de troca de experiências e saberes na construção de conhecimentos,

unindo professores de escolas públicas ou privadas, do ensino fundamental,

médio e superior, com diferentes olhares sobre as questões colocadas. Por

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isso, o ambiente Artigos Multimídia é considerado por nós como um meio que

oferece diversas formas de participação.

Em seguida, os seguintes procedimentos foram adotados:

1 – Foram oportunizados temas para discussão em quatro módulos

diferentes, cada um com duração de duas semanas, bem como todo o material

instrucional para suporte às discussões (Relato de caso, questionamentos e

texto acadêmico).

Os temas escolhidos foram:

Modulo 1 – A indisciplina na sala de aula: como agir em ambientes

sociais diversos;

Modulo 2 – Interatividade, interação ou intenção?

Modulo 3 – Autonomia;

Modulo 4 – Argumentação.

2 – Cada módulo teve a duração de duas semanas disponibilizado na

rede;

3 – Foi feito um contato via e-mail, com uma semana de antecedência

de cada módulo, para cada um dos participantes do estudo, avisando o início

de cada fórum;

4 – Utilizamos do primeiro ao décimo quinto dia do início do fórum para

discussão livre, ou seja, cada um dos membros exporá seus pontos de vista e

variáveis sem o auxílio do material instrucional, exibindo seus conhecimentos e

experiências prévias. Para incentivar o início das discussões foi disponibilizado

relatos de casos e questionamentos sobre cada um dos assuntos;

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5 – Do décimo sexto ao trigésimo dia foi disponibilizado o material

instrucional referente ao tema do fórum em questão. Sobre cada assunto,

selecionamos um artigo acadêmico;

6 – Do décimo sexto ao trigésimo dia, novamente foi realizada uma

discussão do tema inicial, agora pautado não apenas nas experiências e

conhecimentos prévios, mas também pelo material ofertado;

7- Ao final de cada um dos quatro módulos, foi disponibilizado um

instrumento de verificação da importância da participação de cada um dos

membros da amostra em todo o processo e sua percepção sobre aquisição de

novos conhecimentos, adesão a outros discursos e/ou mudança de discurso.

Os relatos de casos foram recolhidos no segundo semestre de 2006

junto a professores do ensino fundamental e médio a partir de conversas

informais com esses professores, onde direcionávamos o assunto para o tema

em questão e solicitávamos a opinião do professor. No momento do relato não

usamos gravador para não inibir o professor e, imediatamente após a

conversa, fazíamos a transcrição, procurando reproduzir com fidelidade aquilo

que havia sido relatado.

Os textos de Alencar (2004), Groppa (1998), Picanço et al (2001) e

Murcho (2006) foram selecionados de acordo com sua importância para o

enriquecimento do debate.

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Para a apresentação dos resultados, optou-se por manter a cronologia

dos temas em que os fóruns ocorreram. Em seguida, apresentamos uma

discussão comparativa dos resultados de cada um deles. As conclusões foram

inferidas a partir dessa discussão.

Os professores foram codificados, conforme mostra o quadro abaixo, e

esse código foi mantido em todos os fóruns, respeitando-se a ordem de

postagem das mensagens.

Professor Professor

P1 Soares P11 Vladia

P2 Leonardo P12 Josefina

P3 Ana P13 Renata

P4 Luciana P14 Rodrigo

P5 Mariana P15 Inger

P6 Maria Isabel P16 Joana

P7 Rosiangela P17 Isabel

P8 Eduardo P18 Sonia

P9 Lucimar P19 Márcia

P10 Nobre

CAPÍTULO IV - RESULTADOS

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4.1 – A indisciplina

O primeiro fórum deste estudo abordou “A indisciplina na sala de aula” e

teve dois momentos distintos: no primeiro momento, identificado pelo título

“Como lidar com ambientes sociais diversos”, foi oferecido um pequeno texto

com o relato de uma professora sobre o assunto, coletado em uma escola

pública, além de terem sido levantadas diversas questões para incentivar a

discussão e para dinamizar a participação (anexo 1).

O relato disponibilizado narra a experiência de uma professora em sala

de aula que atribui a dois alunos transferidos a indisciplina que se instaura a

partir daí. A professora argumenta no sentido de fortalecer sua crença na

influência dos dois alunos, dizendo que em conversa com outros professores

apurou que a percepção desses é a mesma.

Dezesseis professores diferentes participaram deste primeiro fórum,

sendo que a maioria participou uma única vez. Cinco professores participaram

mais de uma vez, sendo que apenas dois participaram mais de duas vezes

neste fórum. No total, obtivemos 141 visitas ao fórum e 24 intervenções. Esse

resultado foi considerado bom, visto que nenhum dos professores havia

participado de um fórum de discussões anteriormente.

A maioria das intervenções identifica o relato em debate com

experiências de sua própria prática docente.

P1: ... Seu relato se parece muito com situações vivenciadas por mim em sala de aula. P13: Sou professora e identifico semelhanças entre a conduta disciplinar dos alunos na situação relatada e a minha experiência profissional. P16: Também sou professora do ensino fundamental e médio, (...), e gostei muito de ver retratado neste fórum um problema que enfrentamos todos os dias.

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Esta identificação aparece como um resultado geral nos estudos de Santos

(2006, p.74) que afirma que o ambiente dos Artigos Multimídia oferece a

oportunidade aos participantes de “visualizar a prática docente” reconhecendo-

se como protagonista de situações ou idéias de outros disponibilizadas no site.

Destacamos que o principal aspecto apontado pelos professores participantes da pesquisa foi a possibilidade que o ambiente oferece de visualizar a prática educativa no momento do seu acontecimento, e partindo deste ponto, refletir sobre as concepções pedagógicas, construindo argumentos que podem ser a favor de quem está atuando como professor ou de forma contrária. Esses argumentos podem ser vistos como elementos fundamentais de reflexão para análise daqueles que estão visitando o ambiente, visto que é desenvolvido um diálogo virtual entre aqueles que estão envolvidos com a prática educativa apresentada.

Esta tendência irá se repetir com menor intensidade para as outras

propostas do fórum.

Dentro do tema “indisciplina”, listamos sete temas que foram levantados

pelos professores e que, dentro da visão deles, influencia o comportamento

dos alunos em sala de aula e que deveriam ser discutidos para se aprender a

trabalhar melhor a questão.

Após diversas leituras do material, estruturamos a tabela a seguir, que

se constitui em um resumo das intervenções dos professores, referentes aos

assuntos tratados por eles.

Este modo de organizar os temas discutidos possibilitou uma visão

quantitativa da incidência dos temas por participante, não mostrando, porém a

dinâmica de como foram tratados. No entanto, em um primeiro momento da

análise, esta quantificação colocou em destaque a necessidade da repetição

para fixar acordos entre os participantes.

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Assunto / Professor 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Carência de recursos para as aulas / Falta de recursos da escola / capacitação docente

x x x

O papel da família na questão da indisciplina

x x x x X x x x x x x x x x

Tensões causadas por ambientes sociais diversos

x x x

Sugestões de atividades para os alunos

x x x x x x x x X

O universo do adolescente

x x x

Excesso de carga de trabalho / baixa remuneração salarial / Insegurança / violência ou ameaça no trabalho

x x

Avaliação / Punição – rigor no cumprimento de tarefas

x x x x x x

P1 – Soares P2 – Leonardo P3 – Ana P4 – Luciana P5 – Mariana P6 – Maria Isabel P7 – Rosiangela P8 – Eduardo P9 – Lucimar P10 – Nobre P11 – Vladia P12 – Josefina P13 – Renata P14 – Rodrigo P15 – Inger P16 - Joana

Os resultados mostram com bastante clareza que o papel da família na

questão da indisciplina é lugar comum para os participantes, que atribuem a ela

a responsabilidade pelo comportamento do aluno em sala de aula. Além disso,

julgam que o estilo de vida dos pais, que faz com que trabalhem durante todo o

dia, não acompanhando o desenvolvimento dos filhos, seja o diferencial nesta

questão.

Se olharmos por outro ponto de vista, colocando em destaque os fatores

que influenciam a indisciplina, identificamos nos discursos a menção a fatores

dependentes da escola e fatores externos à escola. Sobre isso, verificamos

que a atenção dos participantes concentra-se fortemente nos são externos a

esta.

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Este modo de olhar o debate permitiu caracterizar que a fala dos

participantes minimiza o papel da escola e de sua própria prática docente como

fatores relevantes para explicar a indisciplina.

Do ponto de vista estratégico, o fórum foi organizado pelos participantes

no sentido de estabelecer explicações para a questão da indisciplina e apontar

soluções para o que consideraram um problema comum a todos no dia a dia de

sua prática docente. Organizando deste ponto de vista os temas encontrados,

aparecem como explicação para a indisciplina o papel da família, a carência de

recurso para a sala de aula e conflitos ou tensões causadas pela convivência

de ambientes sociais diversos. O esquema a baixo resume a estratégia

argumentativa que dinamizou o debate.

O esquema sugere que os participantes inicialmente procuram explicar o

problema, identificando soluções a partir do que consideram ser a causa para

este. A partir de uma intervenção, que reclama a inutilidade da identificação

das causas, no entanto, o debate vai concentrar-se na busca de soluções para

o problema, as explicações ficando em segundo plano.

A Indisciplina

Fatores dependentes da Escola

1. Carência de recursos para as aulas / Falta de recursos na escola

2. Atividades extras 3. Desenvolvimento

profissional 4. Excesso de carga de

trabalho

Fatores externos à escola 1. O papel da família / o

universo adolescente 2. Diversidade de

ambientes sociais 3. Insegurança/violência 4. Baixa remuneração

do professor 5. Políticas públicas de

educação

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O esquema sugere que os participantes inicialmente procuram explicar o

problema, identificando soluções a partir do que consideram ser a causa para

este. A partir de uma intervenção, que reclama a inutilidade da identificação

das causas, no entanto, o debate vai concentrar-se na busca de soluções para

o problema, as explicações ficando em segundo plano.

As setas no esquema indicam a presença de relação de causalidade entre

a explicação do problema e a sugestão para sua solução, por exemplo, quem

supõe que o problema tem relação com tensões entre diferentes grupos

sociais, propõe como solução discussões envolvendo todos os segmentos da

escola. Em outras palavras, o tipo de explicação dada pelo participante

determina, num certo sentido, o tipo de solução para o problema. Soares em

sua primeira intervenção explica a indisciplina por fatores relacionados à escola

e ao desempenho do professor.

Explicações para o problema

INDISCIPLINA Soluções para o problema

P1 e P8 Tensões entre diferentes grupos sociais

* O papel da família

P9 Apontar causas não resolve o problema

P 13 Reflexos da falta de limites da sociedade

P14 e P15 O papel da família

P1 e P4 Opções saudáveis, ambiente criativo

P1 e P8 Discussões envolvendo todos os segmentos

** Participação da família, rigor e limites para os alunos e capacitação do professor

P11 e P13 Responsabilidade compartilhada

** Lideranças positivas dos alunos, rigor, limites, diálogo na hora certa, participação da família, discussão entre colegas, conhecimento científico.

* Explicação da maioria ** Composição de soluções da maioria

P1 Carências do professor ou escola

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É muito difícil lidar com a indisciplina dos alunos principalmente por não termos como oferecer aulas que atraiam mais a atenção deles. Nossas escolas estão com poucos recursos e acredito que se as aulas fossem mais atraentes, eles certamente prestariam mais atenção e se identificariam com os temas abordados.

Sugere que se a escola e os professores têm mais recursos, os alunos

teriam outro comportamento. Argumenta estabelecendo uma analogia entre a

escola e o metrô. O esquema abaixo ilustra sua argumentação.

Seu argumento incide na correlação entre o que considera ser uma

“Cultura da Limpeza”, isto é, o Metrô mantém limpas as estações através de

vigilância; e o que chamou “Ambiente geral de respeito e comportamento”, ou

seja, a escola mantendo um ambiente visível de comportamento disciplinado,

ou seja, limpo das impurezas causadas pela indisciplina.

Acredito que a escola deva oferecer opções saudáveis de ensino como um todo, modificando a percepção do alunado. No metrô encontramos um ambiente limpo, pois existe vigilância e uma cultura de limpeza. Num trem o ambiente é todo sujo, pois lá a cultura é de que ninguém toma conta daquilo. Essa é a analogia que faço com a escola: se o aluno percebe um ambiente geral de respeito e comportamento, a tendência será seguir esse padrão. Em caso contrário, veremos escolas com paredes pichadas, alunos que afrontam professores, etc...

Este ambiente disciplinado supõe a oferta de uma pedagogia que gere o

interesse do aluno. Este argumento serve para sustentar a tese de que a

questão da disciplina depende da participação de todos.

Logo, na minha opinião, toda a escola deve participar das discussões sobre a melhoria de seu funcionamento para modificar a questão da disciplina.

A conclusão tem a adesão de Ana, que ressalta a importância da figura do

professor para criar esse ambiente que ela qualifica de “criativo”.

Metrô

Escola

Cultura da limpeza Ambiente geral de respeito e comportamento

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Inicialmente, creio que devemos descartar atitudes paternalistas, esse papel não cabe ao professor, e penso também que o papel da autoridade punitiva deve ser banido do processo educacional como um todo. Nem mãe, nem tampouco verdugo. Tendo em vista a dificuldade de entrosamento entre pais e escola, cabe ao professor criar ferramentas para prender a atenção de uma turma grande e heterogênea.

Para Ana, é preciso equilíbrio de atitudes, o que ela deixa implícito nas

comparações com as atitudes, de certa forma extremas, da mãe e do verdugo.

Este equilíbrio reclamado por Ana vai depois ser reforçado por Eduardo quando

defende o equilíbrio entre o lúdico e as tarefas escolares. Para ele, a sala de

aula reproduz conflitos e tensões sociais, pois lá estão presentes diferentes

grupos. Identificando a causa da indisciplina neste contexto amplo, sua

proposta de solução vai envolver a articulação de todos os segmentos da

escola.

A sala de aula a cada dia mostra-se que não é um local neutro diante das tensões e conflitos sociais. Na medida em alguns alunos tentam reproduzir na sala de aula seus comportamentos para impor ou manter um determinado "status" temos o conflito instalado. Os valores sociais e morais de diferentes grupos sociais nem sempre se articulam, muito pelo contrário, tendem a gerar situações conflituosas tanto entre os alunos como em relação aos professores. A solução imediata não existe, mas em uma articulação real entre professores, administradores e familiares pode apontar para possíveis causas e atitudes a serem tomadas.

A maioria das intervenções, porém associam fortemente a indisciplina à

família. A partir da provocação de Leonardo, a maioria dos participantes passa

a fazer menção a uma família em que a disciplina não é praticada e, por esta

razão, os alunos reproduzem em sala de aula o ambiente familiar

indisciplinado. Esta explicação aparece como lugar comum no debate.

Sou professora do ensino médio, e concordo com a maioria dos relatos acima. O que pode ser percebido em alunos indisciplinados é o reflexo direto daquilo que eles vivem em casa. Desta forma pais demasiadamente permissivos, criam alunos sem limites comportamentais, pais demasiadamente rigorosos, criam alunos revoltados, pais ausentes, criam alunos com necessidade de serem percebidos, e estes para chamar atenção, têm comportamento

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indisciplinado. Acho que um convívio mais estreito com os pais facilitaria o processo educativo de uma maneira geral, e traria benefícios para pais, professores e alunos.

A intervenção de Mariana acima é, neste sentido, exemplar. Ela exibe

uma detalhada classificação do tipo de pai estabelecendo uma relação direta

com o comportamento do filho. A maioria das intervenções está em acordo com

esta e as soluções apontadas, coerentemente, dizem respeito à participação da

família na escola.

Soares, que inicialmente converge a atenção para os recursos da escola e

do professor, após várias intervenções versando sobre a família, aponta esta

como a gênese do problema e desloca as soluções para a relação direta entre

professor e aluno.

Parece que todos concordam que a questão da indisciplina surge no meio familiar, mas ninguém dá a solução. Como poderemos interferir no meio familiar, se estamos "presas" na escola o dia todo e quando convocamos os pais para reuniões, poucos aparecem exatamente porque estão trabalhando? Se não podemos oferecer a intervenção no meio familiar, o que podemos oferecer, então? Sugiro maior rigor no tratamento com os alunos, estabelecendo limites e um sistema claro de punições (tarefas extras, conceito baixo no quesito "comportamento", acompanhamento pedagógico, e se nada disso funcionar começar com suspensão por 1 dia até 1 semana e convocar os responsáveis para uma conversa séria). Talvez se adotássemos essa postura os demais alunos veriam que não existe "impunidade" na Escola e passariam também a adotar outro tipo de comportamento. O que vocês acham?

É importante observar que a alternativa de solução apresentada por ela

vai de encontro à sua primeira intervenção. Se a questão está relacionada à

família e não se tem acesso direto a esta, então o que resta em sua opinião é

um sistema complexo de punições para o aluno, de modo a evitar a

“impunidade”. A solução agora fica restrita à sala de aula.

Mas é a intervenção de Lucimar que muda a direção do debate. Para

ela, “Apontar as causas não resolve o problema”. A partir de então, as

intervenções vão focar bem mais as soluções do que as explicações,

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mantendo, no entanto, fortemente a característica de focar em elementos

externos, algumas poucas explicações que ainda aparecem.

As soluções apresentadas têm como elementos principais o trato do

professor com o aluno, seja através de punição, ou da identificação de

lideranças positivas dos alunos, rigor, imposição de limites, diálogo na hora

certa etc. Ainda aparece a sugestão de participação da família, o que mostra

que este é realmente um lugar comum. Foi valorizada também a discussão

entre colegas professores, sendo sugerida a necessidade de recorrer a um

conhecimento científico dizendo respeito à família e à capacitação do professor

para trabalhar com a família.

Observamos que os professores tiveram liberdade para expor suas

idéias iniciais acerca desse assunto, utilizando o fórum de maneira eficiente,

ainda que não o explorando em toda a sua potencialidade. A exposição dos

pontos de vista foi clara e, no desenvolvimento do fórum, percebemos que

alguns professores concordaram com o ponto de vista de outros, outras vezes

discordaram, corroborando nossa premissa de que o fórum possa ser um

espaço para troca de conhecimentos e experiências.

2º turno do fórum

Após duas semanas de debates sobre o tema indisciplina, foi

recomendada aos participantes a leitura do texto “A indisciplina e a escola

atual” de Julio Groppa Aquino (Anexo 2). O texto sugere que na escola a

justificativa para o fracasso escolar encontra-se associada à idéia de “aluno-

problema”, idéia essa que isenta de responsabilidade a escola e o professor. O

texto sugere a necessidade de rever posturas e analisar o problema com

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profundidade. Apresenta em seguida uma argumentação com o sentido de

desconstruir idéias que considera equivocadas sobre a responsabilidade do

aluno pela indisciplina e fracasso escolar. Propõe discutir a indisciplina como

uma temática pedagógica e apresenta argumentos para mostrar que a

disciplina é um pseudo-empecilho para a prática pedagógica. Apresenta em

seguida sugestões que considera serem fundamentais para a superação do

problema.

No segundo momento do fórum, o discurso dos professores aparenta ter

sofrido profundo impacto, pois os argumentos apresentados pelos participantes

no primeiro momento são exatamente o objeto das críticas do autor do texto

sugerido. A maioria dos participantes inicia sua intervenção com uma adesão

explícita ao autor do texto.

P16 ... Concordo com o autor quando ele coloca que recorrer a esse tipo de desculpa não resolve o problema e que na verdade a indisciplina do aluno é um sinalizador de problemas nas relações aluno-professor, aluno-aluno, aluno-escola.

P4 Concordo com o prof Júlio ser professor é sentir o desafio diário de lidar com pessoas e situações diferentes, é enxergar nos “alunos problemas” com recursos ou não, a vocação da docência.

P1 Realmente brilhante o artigo do Prof. Julio. Me fez refletir melhor sobre o tema, não mais com a emoção inicial da vivência da sala de aula, mas com uma análise mais imparcial e me vi retratada em algumas das situações citadas por ele.

P13 A leitura do texto “A indisciplina e a escola atual" proporcionou uma visão crítica e reflexiva sobre as questões relacionadas ao baixo aproveitamento e a indisciplina escolar.

P8 O artigo do Prof° Júlio confirma minha opinião a respeito do tema indisciplina. Concordo plenamente com a proposta de ter uma visão holística à respeito desta questão.

A organização estratégica do debate muda inteiramente também. As

intervenções não mais se referem umas às outras, atém-se quase

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exclusivamente a exaltar o texto ou a tentar recuperar algum argumento

proposto no primeiro momento, sobretudo sobre o papel da família na questão

da indisciplina. Além disso, as intervenções voltam a fortalecer a preocupação

com a explicação do problema e não mais com sua solução. O esquema a

seguir ilustra a estratégia dos participantes no segundo momento do fórum.

O texto altera significativamente o discurso fortalecendo a necessidade

de compreensão do problema. Esta ocorrência permite inferir que a oferta de

material disponibilizada no site tem um impacto expressivo no discurso dos

professores participantes.

Através do esquema podemos observar as interações entre os

professores, oferecendo cada um sua visão sobre o tema.

Desvio - o que se espera vs

realidade

Texto sugerido

Explicações para o problema

Responsabilidade do professor - vocação para docência

Responsabilidade da escola – inclusão social

O papel da família

Relação professor-aluno

Soluções para o problema

Cada um de nós

Educação problematizadora

Aperfeiçoamento profissional / competência técnica

Participação da família

INDISCIPLINA

Sem punições severas

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Joana procura explicar o problema a partir da desconstrução proposta

por Júlio Groppa, onde as velhas desculpas utilizadas pelo corpo docente não

justificam sua abordagem para o problema.

Concordo com o autor quando ele coloca que recorrer a esse tipo de desculpa não resolve o problema e que na verdade a indisciplina do aluno é um sinalizador de problemas nas relações aluno-professor, aluno-aluno, aluno-escola.

Para ela, a explicação agora se refere às relações entre aluno, professor

e escola. De maneira semelhante forma, Renata procura explicar o problema,

já influenciada pelo texto oferecido.

Quando existe um “problema”, existe um desvio entre aquilo que esperamos que aconteça e a realidade que se apresenta. Diversos fatores podem interferir na percepção do problema e, assim, cada um de nós tende a percebê-lo sob um prisma ou ponto de vista diferente.

Interessante ressaltar seu ponto de vista de que um problema se

caracteriza por um “desvio” entre o que se espera e a realidade. Esta idéia é

oportuna para justificar as mudanças de discurso ocorridas no segundo

momento do fórum. São diversos os fatores envolvidos e a percepção de cada

um pode ser diferente ou até mudar. Aponta também dificuldades para o

professor rever sua prática, caso não identifique falhas na forma como ensina e

aborda os problemas surgidos em sala de aula.

Maria Isabel encontra outra forma de explicação para o problema.

Acredita na falta de adequação dos alunos aos padrões oferecidos pela escola.

Para ela

De uma forma geral, todo e qualquer “problema” gerado ou ocorrido dentro de sala de aula nos tempos atuais se referem a inadequação ou palavra similar, que faz o diagnóstico de um grupo de alunos que não se enquadra nos moldes ou modelos vigentes.

Procura deslocar o eixo da problemática para a valorização das

qualidades dos alunos indisciplinados em detrimento de seus defeitos.

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Outro ponto muito enfatizado pelos participantes relaciona-se com a

responsabilidade do professor na questão da indisciplina e a “vocação” para a

docência. Luciana é a primeira a tocar no ponto ao dizer que

...ser professor é sentir o desafio diário de lidar com pessoas e situações diferentes, é enxergar nos “alunos problemas” com recursos ou não, a vocação da docência. (...) ... a indisciplina parece ser uma resposta clara ao abandono ou à habilidade das funções docentes em sala de aula...

Uma das interpretações possíveis para sua intervenção é a visão de que

o professor tem que ter o controle, se não tem, “abandona” o aluno a própria

sorte. O não controle refere-se para ela às habilidades do docente, se ele não

“controla” a turma, a indisciplina é “uma resposta clara” a sua inabilidade. Já

Rodrigo é mais enfático ao exteriorizar seu pensamento no qual atribui ao

professor a “culpa” pelo seu desempenho.

...nós, professores, temos grande parte da “culpa”, pois cabe a nós tornarmos o assunto a ser abordado em sala de aula o mais próximo possível do cotidiano desse aluno.

Rosiangela desloca o eixo da explicação para a competência técnica do

professor, que, num certo sentido, alivia o peso da culpa e da vocação

evocadas nas intervenções anteriores.

A indisciplina é colocada como algo circunstancial, necessitando, portanto, da competência técnica docente para imediata intervenção.

Também a responsabilidade com a questão da inclusão social dos

alunos foi abordada. Luciana ressalta o compromisso profissional do professor

com a questão.

Concordo também que a inclusão social á uma “obrigação” para o educador comprometido com a sua escolha profissional.

Ao enfatizar sua posição, Luciana deixa claro que não se trata de uma

sugestão, mas sim de uma obrigação dos profissionais conscientes no sentido

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de fazer com que os alunos se sintam parte de todo o processo, e não apenas

meros expectadores de uma situação que destoa da sua.

Rosiangela acrescenta, ainda, a responsabilidade da escola.

Por outro lado, a escola deve oferecer instrumentos à comunidade escolar, para saber lidar, com segurança, ética e serenidade, com o universo das relações sociais e institucionais que permeiam o dia a dia da escola.

Sobre a relação professor-aluno, alguns participantes externaram seu

ponto de vista de forma bastante objetiva, como podemos ver na intervenção

de Rodrigo, que enfatiza o papel do professor como agente transformador do

comportamento do aluno. Para ele,

o aluno deve ser um agente ativo, questionador, e não simplesmente absorver a informação sem nem ao menos questioná-la. Por isso, podemos transformar um aluno dito indisciplinado num aluno colaborador.

A redundância “agente ativo” parece significar reforço ao caráter de

sujeito que deve ser atribuído ao aluno. Em sua visão, existe algo de positivo

no aluno indisciplinado que permite pensar em uma transformação deste em

um colaborador.

Sobre a relação professor-aluno, Maria Isabel acredita que o professor

deva ter uma visão “holística” sobre o aluno, uma visão que permita “olhar por

dentro”, o que permitiria ver além dos defeitos, ou seja, perceber que o aluno

tem qualidades.

O que estes alunos na verdade necessitam é de alguém que derrame sobre eles um olhar holístico e diferenciado, buscando dentro deles o que cada um tem de melhor, chamando a atenção através de suas qualidades e não de seus “defeitos”, determinando assim uma transformação de valores.

Sugere que, desse modo, determina-se “uma transformação de valores”.

Parece que ela acredita que se o professor “vê” as qualidades do aluno, isto

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significa que está valorizando estas qualidades invertendo a escala e

propiciando a mudança.

Observamos nos discursos dos participantes algumas alternativas para

solucionar o problema da indisciplina em sala de aula, que vão desde soluções

pessoais até a participação da família no processo. Neste segundo momento

do fórum, porém, desaparecem por completo as sugestões de punição e rigor.

Joana ressalta a importância do texto oferecido para discussão no fórum

pelo fato de não conter uma “receita” para a solução do problema, mas o

indicativo de que as soluções são individuais e de acordo com a realidade de

cada um. Para ela o texto

Limita-se a analisar, refletir sobre a prática docente e deixar que cada um de nós, em nosso universo escolar particular, encontremos a solução adequada a partir da reflexão coerente do problema.

Luciana acredita que a solução para a questão da indisciplina está na

utilização dos princípios da educação problematizadora. Neste caso, observa

que, quando o professor entende o universo cultural dos alunos e traz as

questões para a sala de aula, consegue despertar o interesse do alunado.

Desta forma esse profissional possui um estímulo muito maior em lidar com a indisciplina, ou como o próprio autor coloca bem, com as demandas “difíceis” da clientela, que acaba sendo minimizada quando o professor desperta o interesse do aluno por meio do seu saber e metodologias que incentivam o raciocínio, como a educação problematizadora.

O aperfeiçoamento profissional é apontado como solução para o

problema da indisciplina por Soares, que visualiza essa alternativa para que o

professor possa atuar de maneira positiva diante do problema.

Uma auto-análise da nossa postura em relação aos problemas de sala de aula deveria ser preocupação constante (... ) para que possamos estar em constante aperfeiçoamento profissional e, conseqüentemente, saber lidar melhor com questões como a indisciplina.

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A participação da família permanece como questão considerada

fundamental por diversos participantes, que entendem que o ambiente social

do aluno determina seu comportamento em sala de aula.

...este assunto deve ser discutido com os pais, já nos primeiros contatos destes com a escola, para que, estabelecido os papéis de cada um, o professor tenha espaço para desenvolver sua verdadeira função ( ... ).

É importante ressaltar, porém, que a menção à família também muda,

trata-se agora de “estabelecer papéis”, o que deixa implícito um retorno do

problema da indisciplina à alçada da família, porém de forma compartilhada, já

que o professor precisa ter “espaço” para desenvolver “sua verdadeira função”.

Observamos que houve boa participação dos professores nos dois

momentos do primeiro fórum e que, a partir da leitura do texto oferecido sobre

o assunto em debate, houve um repensar de suas posturas, afastando-se da

questão emocional de identificação com o relato da professora apresentado no

início e aproximando-se uma visão mais reflexiva sobre o assunto.

Após o término das discussões do primeiro fórum foi enviado via e-mail o

instrumento metodológico para medir a percepção dos professores sobre sua

participação. Os resultados mostraram que 75% (n=12) considerou que sua

participação no fórum acrescentou conhecimento, porém não modificou a visão

sobre o assunto. 25% (n=4) considerou que sua participação, além de

acrescentar conhecimento também modificou sua visão sobre o assunto.

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4.2 – Autonomia do professor

O segundo fórum deste estudo foi sobre “autonomia” e a metodologia

utilizada seguiu o mesmo padrão do primeiro fórum: inicialmente foi

disponibilizado um relato colhido junto a professor do ensino fundamental e

médio de uma escola pública, e ao final deste relato foram formuladas

questões para que o debate pudesse ser iniciado e os participantes pudessem

postar suas opiniões refletindo sobre essas questões. No segundo turno do

fórum um texto foi colocado à disposição dos participantes para que pudessem

comparar suas opiniões pessoais com as do autor do texto, e avaliar a

aquisição de novos conhecimentos, bem como a mudança ou não de pontos de

vista.

O relato da professora (anexo 3) mostra sua frustração com a profissão

pelo fato de se ver limitada em suas ações pedagógicas, tendo em vista as

imposições da Secretaria de Educação, que desconsidera as diferentes

realidades em uma cidade grande, como o Rio de Janeiro. Considera que as

realidades de escolas localizadas em regiões com universos culturais

diferentes e históricos sociais igualmente díspares não são consideradas e

todos os professores, independente dos locais onde atuem são obrigados a

seguir um mesmo padrão, sem nenhuma autonomia para introduzir tarefas e/ou

atividades que possam aproximar mais os conteúdos da escola com a sua

história de vida.

O fórum teve 69 acessos e 13 diferentes professores deram suas

contribuições postando respostas. Apenas um participante entrou mais de uma

vez no ambiente deste fórum e houve participante não convidado, que entrou

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espontaneamente no ambiente, oferecendo sua contribuição, o que já era

previsto.

Após várias leituras do material postado pelos participantes,

estruturamos o quadro a seguir, que mostra um resumo dos assuntos tratados

pelos participantes, dentro da temática discutida por eles.

Assunto / Professor 16 14 8 1 6 17 11 4 13 5 7 18 15

Direito de optar x x x x x x x x x

Burlar normas x

Utopia x x

Não autonomia x x

P16 – Joana P14 – Rodrigo P8-Eduardo P1- Soares P6- Maria Isabel P17- Isabel P11- Vládia P4- Luciana P13- Renata P5- Mariana P7- Rosiangela P18- Sonia P15- Inger

O quadro mostra que para a maioria dos participantes autonomia tem o

sentido de “direito de optar”. Outros sentidos aparecem, porém de forma muito

particularizada.

No primeiro turno os participantes interagiram entre si a partir de

comentários sobre as respostas dos demais e parece haver um consenso

sobre o fato de que o poder público na área de educação normaliza as ações

desconsiderando por completo a diversidade sócio-cultural existente nos

diversos bairros onde se localizam as escolas. Essa atitude interfere não só na

autonomia do professor, como também nos resultados obtidos com o processo

educacional, ou seja, o impacto que a educação deveria produzir no modo de

vida das pessoas.

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A autonomia é vista nesse caso como liberdade para adaptar normas da

Secretaria às realidades locais.

P16: Penso que as Secretarias devem sim dar as diretrizes que devem ser seguidas por todas as escolas para uniformizar o ensino, mas que também deva existir um meio-termo onde as realidades locais possam ser consideradas. (...) Acredito que a professora deva ter autonomia para fazer essas adaptações como forma de integrar mais as crianças e a própria comunidade no ambiente escolar. P14: A questão da autonomia deve ser vista como positiva quando tentamos inserir o assunto a ser tratado na sala de aula à realidade do aluno.

P4: (...) Em relação ao padrão didático e o local da escola, é fundamental o professor tomar as decisões, pois ele é que está próximo à realidade de cada indivíduo envolvido no processo.

Quanto aos professores que trabalham na Secretaria de Educação, são

identificados como “burocratas”, ou seja, pessoas que não têm competência

profissional e que se apegam a regras e normas para mostrar eficiência.

Atribuem também a estes um desconhecimento total do que ocorre em sala de

Secretaria de Educação

Normas

Aplicação das normas Desconhecimento da realidade local

Resultados

Impacto

Prejudicado por uma realidade utópica

Pouco eficiente por deslocar o aluno da realidade, não produzindo mudanças

sociais

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aula, o uso do termo “jamais” em maiúsculas por P1 evidencia essa

interpretação.

P1: (...) Realmente em determinados momentos, os burocratas da Secretaria de Educação, alguns dos quais JAMAIS estiveram efetivamente em sala de aula vivenciando os problemas diários pelos quais passamos, enviam “instruções normativas” para serem seguidas por todas as escolas, independentemente de suas realidades, o que é um absurdo e, claro, tem sempre muitas chances de levar ao fracasso! P5: (...) Se ele fica preso unicamente àquilo que é determinado pelos órgãos burocráticos, então estaremos vivendo dentro de uma “ditadura”, onde são pré-determinados os assuntos que irão ser tratados e como estes serão pensados.

O sentido das intervenções podem ser visualizadas no esquema a

seguir.

No que diz respeito ao direito de optar pelas melhores alternativas de

ensino, Rodrigo apresenta uma postura de conciliação, atribuindo ao professor

a necessidade de se informar sobre as possibilidades de fazer as adaptações.

AUTONOMIA

Burocratas do ensino Normas fixas das Secretarias de Educação

Falta de vivência em sala-de-aula

POSITIVO NEUTRO NEGATIVO

Direito de optar Bom senso

Autonomia plena Poder de decisão

Eficiência Prazer

Incentivo a criatividade Motivação

Burlar as regras

Apreensão

Autonomia bloqueada Burocracia

Frustração Engessamento Desmotivação

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(...) cabe ao professor entrar em consenso com a direção da escola para se informar até onde ele pode “diversificar” sua didática, de acordo com o que é preconizado pela Secretaria de Educação. Ciente disso, poderemos utilizar nossa autonomia com a finalidade de tornar o aprendizado o mais prazeroso possível para o aluno, nunca esquecendo o bom senso.

Na conciliação, a autonomia assume um sentido de liberdade para agir

dentro da norma, ou seja, o professor é livre para fazer o que lhe é

recomendado.

Luciana é mais enfática em relação a esse tema e conclama a total

autonomia do professor em seu discurso, no entanto, esta total autonomia fica

subordinada ao “saber lidar com o poder”. O argumento utilizado evoca o

professor como o exemplo a ser seguido, ser exemplo significa agir conforme o

esperado.

Ao abordarmos a escola, mais especificamente o professor, acredito que este precisa ter autonomia plena desde que saiba lidar com esse “poder”, pois não podemos esquecer que o mesmo é um formador de opinião e um exemplo a ser seguido por muitos.

Sonia recorre a métodos pouco ortodoxos para fazer valer sua

autonomia. Relata que já burlou as orientações da Secretaria de Educação,

pois estas não se aplicavam à realidade da escola em que atua. Também

acredita na autonomia plena do professor.

Quantas vezes tive que "burlar" as orientações da Secretaria de Educação por perceber que elas não se aplicavam à realidade da escola em que trabalho, no subúrbio, em área de risco! No início, ficava apreensiva, sem ter mesmo certeza se o que eu fazia era correto ou não. Hoje tenho certeza que é necessário que o professor tenha autonomia plena para lidar com as especificidades de sua turma/escola. Nesta semana foi divulgado um estudo do Ministério da Educação mostrando algumas iniciativas pioneiras (e diferentes) em diversas escolas públicas do Brasil, com excelentes resultados, fruto da autonomia de professores e diretores que se libertaram das algemas castradoras dos burocratas da educação.

A metáfora sugerida pela menção a “algemas castradoras” acrescenta

alguns sentidos em sua fala. Algemas são utilizadas por presos quando se

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locomovem. Os que castram retiram parte do corpo. Libertar-se de algemas

castradoras é deixar de estar preso, prestes a perder parte de si. A imagem é,

sem dúvida forte e evidencia um posicionamento limite com relação à questão.

É importante ressaltar também que “burlar” as normas acarretavam para ela

apreensão, receio de não estar agindo corretamente, fato que ela justifica por

sua pouca experiência na época.

Por outro lado, alguns participantes enfatizam o lado negativo quando a

autonomia é cerceada. A desmotivação é uma conseqüência recorrente em

diversos discursos, como podemos visualizar na imagem evocada por Luciana.

(...) a falta de autonomia pode contribuir ao “engessamento” do professor, fazendo com que esse siga o modelo da educação bancária, onde por falta de liberdade, este deposita o conhecimento no aluno, desmotivando-o a trabalhar na lógica da educação problematizadora.

Tão forte quanto as algemas, a imagem do “engessamento” do professor

procura causar efeito similar. Trata-se que querer mexer e não poder.

Esse pensamento é expresso em tintas mais fortes por Maria Isabel que

também acredita que a autonomia do professor deva ser soberana, e quando

essa é cerceada pelo sistema burocrático, quebra o encanto e o prazer de

ensinar.

A impossibilidade do professor em gerar um material ou didáticas diferentes para que possa alcançar seu objetivo (ensinar), trás fatalmente a este profissional, desilusão e incredulidade no próprio sistema que o rege.

Para ela, a conseqüência da não autonomia é a descrença no sistema.

Os aparentes acordos entre os participantes mostraram diferenças

significativas no sentido da autonomia para cada um. No entanto, eles não

discutiram essas diferenças preferindo apenas pontuá-las.

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2º. turno do fórum

No segundo turno do fórum foi disponibilizado um resumo do livro

“Pedagogia da Autonomia”, de Paulo Freire e observamos que todos os

participantes concordaram plenamente com as idéias do autor, limitando-se a

exaltar a importância de sua obra e reafirmar seus conceitos (anexo 4). Devido

à relevância de Paulo Freire no cenário da educação brasileira, essa reação

dos participantes é esperada.

Oito diferentes professores participaram do segundo turno, sendo que

cada um participou apenas uma vez. Entretanto, esse segundo turno teve um

total de 34 acessos, mostrando o interesse dos visitantes do ambiente no

assunto disponibilizado neste fórum.

Além da concordância absoluta com os conceitos emanados do texto,

alguns participantes introduziram experiências pessoais e assuntos correlatos,

lidos na literatura especializada ou em jornais e revistas leigas.

Soares concorda com a necessidade de a formação de um cidadão

completo, e que isso só é conseguido através da educação. Mostra seu

interesse no assunto ao postar o seguinte relato:

Li recentemente que em um estudo realizado pelo MEC algumas escolas públicas do interior do Brasil conseguiram aumentar o rendimento de seus alunos, superando em alguns casos os alunos da rede privada, com propostas inovadoras, adequadas à realidade local, num claro exercício de autonomia.

Também a Joana contribui com informações adicionais sobre o assunto

afirmando que

As experiências inovadoras de algumas escolas (às vezes apenas de alguns professores) mostram o que o Prof. Paulo Freire sempre demonstrou em seus estudos.

Outro assunto derivado da leitura do texto foi a importância da

autonomia do professor na formação do aluno. Diversos participantes

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externaram seu pensamento acreditando que a formação de um cidadão

completo depende também daquilo que é ensinado nas escolas. Desta forma,

compete ao professor tornar o exercício da educação algo prazeroso que

desperte a atenção do aluno e o motive. Isso é conseguido quando o professor

tem autonomia. Os sentidos atribuídos à autonomia vão ser acrescidos da

visão de Paulo Freire.

P1 – (...) fica clara a necessidade de “formar” um cidadão completo. A autonomia tem sido um tema recorrente em vários estudos e acredito todas nós professoras interessadas em cada vez mais melhorar a formação de nossos alunos devamos discutir sempre esse tema. P5 – (...) acredito verdadeiramente que o propósito maior da educação é o de formar cidadãos. Para isso a autonomia do professor é fundamental, principalmente em um país com tantas diversidades. P4 – (...) Nesse processo, esse profissional precisa de autonomia para educar e realizar o que acredita, pois o mesmo vive a realidade daquela população onde está inserido e sabe quais as reais necessidades de cada aluno . P16 – (...) Quando a criança sente que a escola é parte de sua vida, seu interesse cresce e os resultados aparecem. Entretanto, quando ela vê a escola apenas como um lugar chato e desinteressante, pois trata de assuntos e fatos que não estão de acordo com sua realidade, seu rendimento cai, desestimulando-a de prosseguir com os estudos.

A autonomia do professor é vista como imprescindível quando os

profissionais lidam com realidades sociais diversas. Os vários ambientes

sociais determinam adaptações necessárias que só podem ser realizadas

quando o professor exercita sua autonomia. Mariana recorre à imagem

evocada por Luciana no primeiro turno do fórum para argumentar contra as

“regras rígidas” a que é exposta.

Só cada professor pode saber quais são as verdadeiras necessidades de seus alunos, porque os conhece melhor. Ditar regras rígidas é “engessar” o processo de ensino-aprendizagem dificulta o aumento da auto-estima dos alunos, que é tão fundamental para que haja interesse e curiosidade na aquisição de conhecimentos.

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Essa diversidade social e cultural também é enfatizada por Eduardo, que

ao concordar com o conteúdo do texto disponibilizado afirma a necessidade de

um outro tipo de olhar, um olhar que possa ver diferenças sociais, econômicas

e culturais.

(...) necessidade de um olhar multiplural sobre os aspectos culturais e sócio-econômicos da criança, possibilitando assim, trazer à tona a completa realidade dos escolares e não fragmentos de mesma. Com isso evitamos uma concepção superada de educação e chegamos à uma visão emancipadora e realmente transformadora do processo pedagógico, onde a autonomia não só é respeitada mas considerada uma condição indispensável no cotidiano escolar.

Quando finalizamos as discussões deste fórum enviamos o formulário

para medir a percepção de todos os participantes (1º. e 2º. Turno) e os

resultados mostraram que 53,84% (n=7) considerou que a participação no

fórum apenas acrescentou conhecimento, mas que não modificou sua maneira

de ver o assunto, pois já possuía pontos de vista semelhantes aos discutidos.

Para 46,16% (n=6) a participação no fórum não só acrescentou conhecimento,

como também produziu mudanças no seu modo de pensar essa questão. Este

foi o maior percentual de participantes a assumir mudanças no seu modo de

ver a questão. A razão para este fato pode ser atribuída ao fato de

reconhecerem a diversidade de opiniões, embora não tenha havido realmente

polêmica no trato do assunto.

Numa análise geral deste fórum, observamos uma grande motivação

dos professores para a discussão deste assunto, visto que esta questão é uma

constante em suas práticas rotineiras. Os conflitos gerados pela vivência da

realidade local com as imposições das políticas públicas de educação fizeram

com que os participantes postassem suas opiniões de uma forma clara e

definida.

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4.3 – Interatividade, interação ou intenção?

O terceiro fórum deste estudo foi sobre “Interatividade” e seguimos o

mesmo padrão adotado para os fóruns anteriores: foi disponibilizado um relato

sobre o assunto coletado com professores de escola pública e, ao final do

relato, formulamos algumas questões como forma de levar os participantes à

reflexão e ao debate. Em um segundo turno foi disponibilizado no ambiente

virtual, um texto acadêmico para que os participantes lessem e avaliassem seu

ponto de vista inicial, com a percepção de mudança ou não deste ponto de

vista.

O relato disponibilizado (anexo 5) narra a observação de uma professora

que compara a interação que seus filhos alcançam utilizando ambientes

virtuais, com a de centenas de alunos da escola onde trabalha, que não

possuem esse instrumento. Relata suas próprias dificuldades na utilização do

computador e enfatiza a importância do desenvolvimento profissional a partir

da utilização de ambientes virtuais, além de criticar a forma como as políticas

públicas de educação tratam a questão do desenvolvimento profissional.

O fórum teve 41 acessos e onze diferentes professores postaram suas

respostas e observamos que todos participaram uma única vez, em cada turno,

emitindo opiniões sobre o relato inicial da professora e comentando a opinião

de outros participantes, sem haver um retorno de participação em um mesmo

turno. Ainda assim, é importante ressaltar que todos os participantes colocaram

idéias bastantes claras sobre os seus pontos de vista.

No primeiro turno não há uma discussão sobre interatividade e a razão

para isso é certamente porque o relato da professora não utiliza o termo

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interatividade, este aparecendo apenas na primeira pergunta, que se segue

logo abaixo do relato. A exceção está no discurso de Eduardo, que se utiliza do

termo interatividade, talvez motivado pelo nome do fórum.

“A interatividade é uma realidade que está presente no nosso cotidiano. Seu impacto na vida do escolar merece um olhar especial já que a amplitude de possibilidades pode levar à dispersão sem benefícios reais para a criança”.

Sua menção ao termo, no entanto, é muito particular, já que atribui ao

conceito uma “amplitude de possibilidades que pode levar à dispersão”, quando

interatividade tem em seu significado mais usual característica exatamente

oposta à de dispersão.

O tema “Interatividade” deu margem para que os participantes

abordassem assuntos relacionados e em nossa análise percebemos um grupo

de cinco grandes temas dentro do assunto principal. Essa diversidade de

temas que se relacionam com o assunto proposto enriquece o ambiente e

fortalece as discussões.

Dentre esses assuntos, as novas tecnologias para o desenvolvimento

profissional do professor foi abordado pela maioria dos participantes,

mostrando a capacidade de romper obstáculos, problemas relacionados à

distância geográfica e proporcionar uma maior interatividade entre eles.

A maioria das intervenções sobre esse assunto mostra a concordância

dos participantes sobre o uso de novas tecnologias.

P2: ...a capacitação profissional do professor pode e deve ser influenciada por novas tecnologias. P1: (...) O professor necessita dominar as novas tecnologias do ensino/aprendizagem para poder tirar maior proveito disso em sala de aula.

P5: Na minha opinião não há como fugir dos avanços da tecnologia...

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P15: Concordo que a capacitação a distância é uma tendência em todas as áreas. P14: (...) O ambiente virtual seria um excelente método de troca de experiências de professores... P4: (...) a interatividade eletrônico-digital seria uma excelente opção para atualização e capacitação de profissionais ligados ao ensino...

Após diversas leituras do material postado no fórum “Interatividade,

interação ou intenção?” estruturamos a tabela a seguir, que resume as

intervenções dos participantes dentro da temática discutida por eles.

Assunto / Professor 2 1 5 15 14 4 13 8 16 11 7

Necessidade de utilização de novas

tecnologias em sala de aula x x x x x x x x x x

Obrigatoriedade na participação de

encontros promovidos pela Secretaria de

Educação

x x x x x

Recursos dos ambientes virtuais x x

Interatividade eletrônico-digital x

Dificuldades/Facilidades na utilização de

novas tecnologias x x x x x x x x x

P2 – Leonardo P1: Soares P5: Mariana P15: Inger P14: Rodrigo P4: Luciana P13: Renata P8: Eduardo P16: Joana P11: Vladia P7: Rosiangela

Acreditamos que a organização dos assuntos discutidos em forma de

tabela nos oferece uma visão quantitativa das intervenções de cada

participante, porém é limitante pelo fato de não oferecer a real dinâmica de

como eles foram tratados. Esse resultado é claro ao demonstrar a importância

da utilização de novas tecnologias e as dificuldades do professor em

concretizá-la. Porém, os participantes também identificam problemas

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relacionados às políticas públicas de educação, à falta de computadores

interligados à Internet nas escolas, à falta de capacitação dos professores para

a utilização de novas tecnologias.

Desta forma, a maioria dos participantes discute a capacitação com o

uso de tecnologias e distinguem facilidades e dificuldades no processo, como

mostrado no quadro abaixo.

Capacitação via TIC

Facilidades Dificuldades

Essa forma de visualizar as discussões nos permite analisar o discurso

dos participantes, que deixam claro as facilidades e dificuldades na utilização

de novas tecnologias para o desenvolvimento profissional. A participação de

cada um procurou enfatizar que na atualidade não é possível negar o papel dos

computadores interligados à Internet como instrumento para a melhoria do

padrão de conhecimentos do professor e que isso se refletirá na qualidade do

ensino ministrado. Ficou claro que a interatividade eletrônico-digital ocupa

Falta de computadores – pouco acesso

Falta de treinamento dos professores em TICs

Não disponibilização de tempo dentro da jornada de trabalho

Falta de participação dos professores

Auto-disciplina

Convergir informações na web

Troca de experiências Capacitação a distância Utilização de ambientes

virtuais Aquisição de mais

conhecimento Otimização do tempo Elementos motivadores Evita gastos e perda de

tempo com deslocamentos

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papel de destaque na sociedade atual, mas que ainda não é uma realidade

para todas as escolas de ensino fundamental e médio do país e que, não

apenas os alunos têm dificuldade de acessar a rede, mas também grande parte

dos professores, por diferentes motivos, que vão desde a falta de tempo até a

falta de equipamentos na escola.

No primeiro turno das discussões acerca da capacitação profissional via

TIC, percebemos um consenso de opiniões entre a metade dos participantes,

que identifica a obrigação de freqüentar cursos oferecidos pela Secretaria de

Educação como desmotivante e considera a opção não presencial como livre e,

por assim ser, mais motivadora.

A postagem de opiniões no fórum mostrou que os participantes se

identificaram com o relato sobre interatividade e que acreditam na capacitação

profissional do professor a partir da utilização de novas tecnologias. Soares

pontua que a autora do relato

(...) apresenta as mesmas dificuldades que muitas outras espalhadas por esse Brasil afora e na minha opinião isso é apenas a ponta de um iceberg imenso que precisa ser vencido.(...) Acredito que a troca de experiências utilizando a capacitação a distância seja um excelente método para a capacitação profissional. Dentro disso, os fatores que facilitariam a interação do professor em sua capacitação não presencial seriam a possibilidade de elaborar melhor suas questões e pontos de vista, bem como a quebra da barreira da timidez.

A idéia de um “iceberg a ser vencido” remete ao dimensionamento da

dificuldade a ser vencida, que seria enorme, pois o que é visível, “a ponta do

iceberg” é uma parte muito pequena. Refere-se às dificuldades enfrentadas

pela maioria das escolas públicas do Brasil, que não disponibilizam

equipamentos interligados a web e tampouco tempo no horário de trabalho

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para que os professores se capacitem. Entretanto considera que as TIC são

importantes na capacitação de professores.

Mariana acredita que a capacitação profissional via web constitui-se em

um avanço tecnológico que deve ser utilizado. Em suas palavras

(...) a utilização de novas tecnologias de informação e comunicação para capacitação de professores, possibilitaria troca de experiências de professores de todo o país.

Renata enfatiza os benefícios do avanço tecnológico para toda a

sociedade e pontua a questão específica do tempo para a capacitação

profissional. Para ela,

(...) temos na atualidade, a possibilidade do processo de ensino-aprendizagem não presencial. Considero esse processo extremamente interessante, pois há uma otimização de tempo do profissional que hoje tem uma elevada carga de trabalho. Assim, na educação não presencial o professor pode escolher o melhor momento para sua reciclagem, o que funciona como um elemento motivador.

Alguns professores discutem as dificuldades para a utilização da

capacitação profissional com a utilização de TIC. A principal dificuldade

encontrada é a falta de tempo para essa finalidade, visto que as escolas não

prevêem tempo para capacitação profissional durante a jornada de trabalho.

Inger coloca em dúvida a possibilidade de o professor usar o computador.

(...) em meio a correria diária, profissional e pessoal a que somos submetidos, será que um professor(a) exausto(a) após um dia inteiro de trabalho, teria paciência, concentração e forças para ficar no computador trocando suas experiências? Conseguiria raciocinar por mais interessante que fosse o debate?

Sua intervenção é quase uma negação desta possibilidade e busca a

adesão dos outros participantes, uma vez que é feita sob forma de pergunta.

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Joana apresenta opinião semelhante, criticando as políticas públicas de

educação que colocam o professor unicamente como ministrador de aulas. Em

sua opinião, não se oferece tempo para o aperfeiçoamento do professor, porém

este tempo é suposto obrigação do poder público, conclusão que se pode

inferir quando ela diz “isso não existe”.

É inegável a necessidade interação / interatividade, principalmente via web, mas também é inegável que o poder público também precisa sair do discurso para a prática e valorizar o tempo de capacitação do professor, sem adotar a postura rançosa de que na escola o tempo é para dar aula e não para se aperfeiçoar e a professora que encontre outro tempo. Isso não existe!

Importante ressaltar, também, a expressão “postura rançosa”,

possivelmente fazendo alusão ao fato de que isso vem de muito tempo: a

manteiga fica rançosa depois de algum tempo.

Finalmente, convém salientar que neste fórum não ouve propriamente

um debate, os participantes limitaram-se a emitir opiniões sem fazer referência

à intervenção do outro. Não se deve concluir, no entanto, que as intervenções

não tenham se influenciado, porém não se pode encontrar momentos de

controvérsia nem explícita, nem implícita. As intervenções foram

complementares no sentido de acréscimos ou reforços à intervenções

anteriores. Este fato denota em parte um interesse menor pelo o tema e, de

outra parte, poucas controvérsias sobre ele. Ao que parece, trabalhar com

novas tecnologias na sala de aula, no desenvolvimento profissional e as

dificuldades reconhecidas que isso acarreta é quase consensual.

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2º. Turno do Fórum

No segundo turno do fórum (anexo 6), podemos perceber duas

perspectivas distintas sobre o termo interatividade. Na primeira, um grupo

significativo de participantes aponta a importância da interatividade entre

professores para a capacitação profissional e observam que essa interatividade

é capaz de gerar conhecimentos. Na segunda perspectiva, observamos uma

maior discussão sobre o tema interatividade professor/aluno na própria prática

docente. Verifica-se que, diferentemente do primeiro turno do fórum, os

participantes passam a discutir os termos “interatividade” e “interação”

procurando encontrar uma definição apropriada para eles, evidenciando que

sofreram influência do texto oferecido no ambiente.

P5: – Definiria interatividade como troca através de interações e através destas trocas, deste somatório de diferentes informações e de diferentes percepções é que podemos gerar, construir conhecimento de maneira mais rica e mais ampla. (...) Interatividade para mim, é a chave para a construção do conhecimento. P1: (...) Concordo com a professora Mariana quando ela coloca que a interatividade é a base para a construção do conhecimento, e também concordo com os autores do texto quando argumentam que a interatividade pode ser alcançada por diversas formas, inclusive pelas novas tecnologias da informação via web. P8: (...) interatividade como um somatório de diferentes informações e de diferentes percepções para gerar conhecimento de forma mais rica e ampla.

Na primeira perspectiva, os participantes deixam claro que interatividade

se refere à algo que origina a construção do conhecimento e, portanto,

fundamental à sua ocorrência. Observe que tanto o termo “base” quanto o

termo “chave” colaboram para essa inferência. Além disso, refere-se também à

“soma de diferentes informações e percepções”, a uma forma mais “rica e

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ampla” de gerar conhecimento. Significa que, de algum modo, interatividade

supõe maior oferta de informação e de modos como essa informação é

disponibilizada, porém sem nenhuma menção à dialogia, ou mesmo ao modo

como essa informação é processada. Ao que parece, a interatividade se refere

mais ao meio, ele mesmo, do que às interações entre usuários.

As intervenções que se referem propriamente à prática docente tratam

de pontuar o esforço do professor em promover a interatividade e um suposto

descompromisso do aluno, não de todos, mas de grupos de alunos que ficam

“dispersos em seus próprios devaneios”. Nesse caso, a interatividade

dependeria de atrativos do próprio assunto tratado em aula.

P1: Na minha opinião, esse processo está muito na dependência do ser humano querer ou não participar de processos interativos. Senão vejamos: em um ambiente de sala de aula a professora se esforça ao máximo trazendo exemplos e situações da realidade do local, mas enquanto um grupo de alunos participa, interage, troca experiências, outro grupo fica alheio porque simplesmente aquele assunto não lhe interessa. P2: Muito interessante a opinião dos autores ressaltando que a interatividade não é um processo linear. (...) Particularmente na minha vivência em sala de aula, vejo esse processo como contínuo e descontínuo. Em determinados momentos é perceptível a interatividade entre os alunos que se ajudam mutuamente na construção de seu conhecimento outra hora dispersos em seus próprios devaneios ou a se interessar por qualquer outra coisa.

Ainda aos que se referem à prática docente, a interatividade aparece

como meio, um meio que não coincide com suporte, mas que tem um sentido

mais próximo ao de estratégia de ensino.

P7: (...) Concordo com o autor que considera a interatividade como algo que transcende a aparatologia digital ou virtual, pois o processo educacional é dinâmico e bilateral (professor/aluno). No meu modo de ver, esses seriam os meios ou as estratégias de escolha no desenvolvimento do processo educacional.

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Ainda um último significado para o termo, remete à interação entre

professores, via tecnologia, promovendo a possibilidade de aproveitar

metodologias desenvolvidas por professores de outros países, denunciando

uma carência de novas metodologias em nosso país.

P14 – (...) cada vez mais se faz necessário o uso da tecnologia a nosso favor e, com ela, a troca de informações, experiências, benéficas ou não. Com isso, a interação que ocorre entre professores de países distintos e muitas vezes longínquos é muito válida, pois uma metodologia empregada pode ser perfeitamente adaptada por outro local carente de novas metodologias.

Na comparação com o primeiro fórum, verificamos que houve um menor

número de professores participando e também um número menor de

interações. Podemos inferir que esse resultado deveu-se ao fato do fórum ter

sido disponibilizado no final do período letivo e início das comemorações de

final de ano, e também a pouca intimidade dos participantes com o tema

interatividade. Apesar desses fatores, as discussões foram produtivas,

mostrando que os participantes foram influenciados pelo texto disponibilizado

no segundo turno deste fórum.

Após o término das discussões do segundo fórum foi enviado via e-mail

o instrumento metodológico para medir a percepção dos professores sobre sua

participação. Os resultados mostraram que 63,63% (n=7) considerou que sua

participação no fórum acrescentou conhecimento, porém não modificou a visão

sobre o assunto. 26,37% (n=4) considerou que sua participação, além de

acrescentar conhecimento também modificou sua visão sobre o assunto. O

maior percentual dos que consideraram que além de acrescentar

conhecimento, o fórum modificou sua visão sobre o assunto deve ser

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explicada, possivelmente, pela influência do relato ou do texto fornecido, uma

vez que o debate não gerou polêmicas.

4.4 – Argumentação

O quarto fórum deste estudo foi sobre “Argumentação” e continuamos a

seguir o mesmo padrão definido em nossa metodologia: no primeiro turno foi

disponibilizado um relato sobre o assunto, coletado anteriormente junto a

professores de escolas públicas e, ao final do relato para ativar as discussões,

elaboramos questões que levaram os participantes ao debate. No segundo

turno, um texto previamente selecionado foi disponibilizado no ambiente e os

participantes foram incentivados a ler e comparar com seus pontos de vista

iniciais.

Neste relato (anexo 7), uma professora discorre sobre sua experiência

em reuniões de conselho de classe, ressaltando a falta de entendimento entre

os participantes. Na sua percepção, não existe aproveitamento nessas

reuniões, pois todos acreditam estar com a razão. Observa que a experiência

de sala de aula, onde alguém argumenta, para depois haver uma discussão,

não é levada em consideração, pois todos acham que sabem tudo e que têm

razão, não contribuindo para o estabelecimento de um ambiente de

aprendizagem colaborativa, e tornando essas reuniões um tanto

desmotivantes.

O fórum teve 46 acessos e doze diferentes professores participaram

colocando suas opiniões sobre o tema. Cada um dos professores participou

apenas uma vez em cada turno dando sua contribuição a partir do relato da

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professora e, de uma forma geral, comentando a opinião dos demais

participantes.

No primeiro turno foi colocada, de uma forma quase unânime, a

necessidade da presença de um mediador, não apenas em fóruns de

discussões, como também nas reuniões escolares ou nos cursos de

capacitação. Podemos perceber que esses professores vêem a figura do

mediador como um organizador de idéias e que ele irá fazer convergir os

assuntos discutidos e, por assim dizer, o grupo para um consenso, sendo ele o

responsável ou não pelo sucesso das discussões.

Para Mariana, a presença de um mediador é fundamental para a

organização das idéias do grupo, e ela abre as discussões, sendo seguida

pelos demais participantes. Em suas palavras

Acho que em qualquer tipo de discussão de grupo, seja ela presencial ou não, é fundamental a presença de um mediador ou coordenador. O que parece faltar no caso relatado pela colega, é uma pessoa que se colocasse como responsável a tentar organizar as sugestões do grupo.

Eduardo adere a esse discurso enfatizando que os assuntos de uma

reunião correm o risco de não serem aprofundados, caso não haja um

mediador. Acredita que

(...) Com um mediador a discussão pode aprofundar-se e principalmente chegar a um ponto comum de onde será dada a partida para a ação transformadora, que é o que esperamos.

A figura do mediador é requisitada para se alcançar um ponto comum,

início de uma esperada ação transformadora.

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Para Márcia, não basta organizar uma pauta com assuntos de interesse

geral. Em sua opinião, o mediador permite a reflexão crítica, pois de algum

modo facilita a seleção de problemas.

A argumentação em um “fórum de discussão”, com a presença de um coordenador, possibilitaria maior atenção dos participantes, não só por permitir a reflexão crítica sobre as idéias colocadas e, a partir do diálogo e contra-argumentação, facilitar a seleção de problemas e o aprendizado coletivo.

De uma maneira diferente dos demais fóruns, percebemos a divisão do

assunto principal em apenas quatro sub-grupos relacionados, o que mostrou

maior convergência de opiniões sobre o tema. Os assuntos foram organizados

como mostra o quadro abaixo, que também mostra a prevalência de

intervenções de cada um dos participantes.

Assunto / Professor 5 8 19 1 16 14 6 7 4 13 3 2

Presença de mediador x x x x x x

Ausência de mediador x

Argumentação como fundamento para a aprendizagem colaborativa

x x x x x x x

Argumentação como instrumento de organização para chegar a resolução de problemas ou consenso.

x x x x

P5- Mariana P8- Eduardo P19- Márcia P1- Soares P16 – Joana P14- Rodrigo P6- Maria Isabel P7- Rosiangela P4- Luciana P13- Renata P3- Ana P2- Leonardo A organização dos assuntos sob a forma de quadro nos oferece uma

visão panorâmica do que foi discutido no fórum e a maior ou menor

participação de cada um nos assuntos correlatos. Nessa visão panorâmica fica

evidente que metade dos participantes considera a presença de um mediador

como fundamental para que se possa tirar algo de produtivo dos processos

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argumentativos, pois sem essa presença eles têm acreditam finalizar as

discussões com a sensação de vazio, ou seja, sem construir um conhecimento.

A leitura atenta dos discursos dos participantes nos permitiu sintetizar o

sentido das intervenções. O esquema abaixo mostra que a idéia argumentação

tem uma relação dinâmica com o conceito de aprendizagem colaborativa.

A estratégia de muitos participantes revela a crença de que a

argumentação deva funcionar como fundamento para a aprendizagem

colaborativa. A argumentação gera a aprendizagem colaborativa a partir da

integração do grupo pela intervenção de um mediador, coordenador do debate.

Quando na presença de um mediador, produz-se consenso entre os

participantes, sua ausência gera conflitos e dispersão.

Mariana novamente inicia a discussão pontuando que

Sem dúvida nenhuma a argumentação e a troca de experiência e conhecimento não só contribuem, como são fundamentais em um ambiente de aprendizagem colaborativa.

INTEGRAÇÃO

ARGUMENTAÇÃO

DISPERSÃO BAGUNÇA

OPOSIÇÃO DE IDÉIAS

ARGUMENTAÇÃO

MEDIADOR APRENDIZAGEM COLABORATIVA

SEM MEDIADOR

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Renata relaciona a argumentação com soluções coletivas para

problemas.

(...) a argumentação poderá levar à discussão e avaliação sobre um determinado assunto ou tema, propondo-se soluções coletivas para os problemas apresentados.

A crença é de que a aprendizagem colaborativa leva ao consenso, a

pontos comuns, a convergência de idéias. Essa idéia irá persistir na

contribuição de vários

participantes. A figura

do mediador vai se

mostrar fundamental

nesse caso, pois sem

ele não se alcança o

consenso, o que é valorizado é, em última instância, a resolução de problemas

do dia a dia. A figura acima ilustra esta idéia.

Um terço dos participantes considera ainda que a argumentação, seja na

sala-de-aula, em reuniões da escola ou em ambientes virtuais funciona como

um instrumento de integração por possibilitar a troca de idéias e informações.

Joana acredita que

(...) Nas reuniões de conselho de classe ou mesmo nas reuniões de pais e mestres não podemos “impor” nossa vontade, mas sim argumentar sobre nossos pontos de vista para que exista uma verdadeira integração na escola e entre a escola e a comunidade.

Joana estabelece uma oposição entre impor idéia e argumentar. Quando

se argumenta, tem-se uma “verdadeira integração”. Luciana acrescenta que a

presença de um mediador possa colaborar na promoção da integração do

grupo para a produção de conhecimento.

APRENDIZAGEM COLABORATIVA

SOLUÇÃO

CONSENSO

convergência

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(...) Penso que é importante a presença de um coordenador no processo de debate. Esse tem o papel de orientar o tema para que o mesmo não se perca, promover a interação do grupo, estimular a participação e contribuição de cada indivíduo para responder as questões ou problemas.

Um ponto que chama a atenção neste fórum é a divergência explícita de

Ana quanto à importância do mediador para um maior proveito das discussões.

Ela valoriza a argumentação, mas não apresenta argumentos para a

divergência.

(...) A própria argumentação é em si, aprendizado e, inúmeras perguntas precisam ser feitas antes de se tornarem “argumentos”. As dificuldades dos professores podem ser sanadas a partir de uma discussão em que cada docente respeite o tempo do colega no que se refere à explanação. Não me parece simpática a idéia do moderador.

Entretanto, a qualificação de “simpática” que confere à idéia de um

moderador parece fazer alusão a posturas autoritárias que o papel de

moderador pode acarretar. Esta é uma possibilidade entre outras muitas de

interpretação desta qualificação, que, no entanto, convém pontuar, uma vez

que a idéia da figura do moderador parece ser unânime entre os outros

participantes, não tendo havido ponderação sobre aspectos negativos que esse

papel pode acarretar.

Um outro ponto que se apresentou de forma consensual nas discussões

é a necessidade de o professor ser ouvido nas reuniões. Há diversas queixas

por parte da maioria dos participantes em relação a essa questão.

P1: (...) É impossível aprender sem ouvir o conhecimento ou a experiência do outro. P7: (...) Outras vezes, nos deparamos com a própria vaidade humana, que nos impede de ouvir o que o outro nos tem a dizer.

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P13: Para que a argumentação realmente contribua na aprendizagem colaborativa é preciso, primeiramente, que todos os participantes estejam predispostos a ouvir. P3: (...) Acho que o exercício da escuta é muito importante porque além de aprendermos com os problemas dos colegas, ocorre a possibilidade de solucionarmos os nossos.

A queixa revela uma dificuldade do grupo. Ao que parece, em suas

reuniões a escuta é rara. É farta a menção à necessidade de atitudes

democráticas.

É importante assinalar que a argumentação se apresenta para alguns

como imposição de idéias. De um modo um pouco confuso, Mariana expressa

implicitamente a idéia de que na maioria das vezes “oposição de idéias”

significa imposição, uma vez que não ocorra troca de experiência. O termo

“apenas” evidencia essa possibilidade de interpretação.

Quanto aos fóruns de discussão, sua vantagem seria que os assuntos que estivessem em pauta, fossem discutidos a qualquer momento, não só naquele marcado para a reunião, e sem dúvida ajudaria na organização das idéias e na contra-argumentação, porém sem a presença de um mediador, corre-se o risco de que a contra-argumentação apareça apenas como uma oposição de idéias, e não como uma troca de experiências diferentes que acrescentem ao conhecimento de todos.

Com argumentação semelhante, Joana afirma a dificuldade de se lidar

com controvérsias. Ressalta a necessidade de humildade, de aceitação de

contra-argumentos para existir integração.

Essa questão de argumentação causa muita controvérsia quando todas as pessoas acreditam ter razão em seus argumentos. Eu tenho aprendido muito com os colegas deste fórum, mas nem sempre minhas experiências são iguais. (...) Por outro lado, é preciso também ter humildade para saber aceitar os contra-argumentos e entender que ninguém é "o dono da verdade ou do saber". Nas reuniões de conselho de classe ou mesmo nas reuniões de pais e mestres não podemos "impor" nossa vontade, mas sim argumentar sobre nossos pontos de vista para que exista uma verdadeira integração na escola e entre a escola e a comunidade.

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Podemos sintetizar o sentido do debate no primeiro turno deste fórum no

esquema a seguir.

Para os participantes do fórum, a argumentação é positiva quando existe

a figura do mediador, que faz as discussões convergirem, o que possibilita a

solução de problemas. A não presença de um mediador acarreta imposição de

idéias e, conseqüentemente, falta de profundidade no trato das questões.

2º. Turno do Fórum

No segundo turno das discussões, percebemos que o texto mostrou-se

um pouco técnico demais, o suficiente para que os participantes não tenham

compartilhado significados com o autor (anexo 8). As intervenções exaltam a

necessidade de argumentos “sólidos” para o êxito de uma argumentação,

sentido não presente no texto, mas que demonstram a crença em duas

afirmações. A primeira que mostra que o argumento é uma afirmação e a

segunda que o argumento sólido é aquele que é verdadeiro, deixando implícita

a idéia de que o conteúdo da escola está no campo da verdade (sólido) que se

opõe a dinamicidade do próprio conhecimento científico.

MEDIADOR RESPONSÁVEL

OPOSIÇÃO DE IDÉIAS

FALTA DE PROFUNDIDADE

IMPOSIÇÃO DE IDÉIAS

ARGUMENTAÇÃO

CONSENSO

SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

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Dos doze professores que participaram do primeiro turno do fórum, dez

(83,33%) postaram opiniões no segundo turno e houve uma concordância

generalizada com o conteúdo do texto disponibilizado para a discussão. A

questão de que o argumento deva ser sólido aparece no discurso de quase

todos os professores.

P1 – (...) As discussões produtivas em reuniões de pais e mestres e mesmo nas reuniões internas entre os professores e direção/coordenação devem estar apoiadas em argumentos sólidos e que possibilitem o contra-argumento para o crescimento profissional. (...) quando se lança uma idéia para melhorar o desempenho em sala de aula, é necessário ter argumentos sólidos para efetivamente discutir e conseguir adesões ao pensamento, ou seja, persuadir seus colegas. P16 – (...) na relação professor-professor ou professor-aluno se não houver premissas adequadas que sustentem um argumento convincente caímos no descrédito.

É importante ressaltar na fala de P16 a preocupação em “cair no

descrédito”. Esta preocupação parece fazer alusão ao fato de o professor não

poder errar.

Verificamos que todos os participantes discutiram as questões expostas

no texto, principalmente a utilização das premissas como base para a

persuasão, exemplificando e fornecendo elementos não oferecidos no primeiro

turno do fórum, evidenciando que de alguma forma refletiram sobre suas

posições iniciais, acrescentando novos elementos.

Soares concorda com o texto ao afirmar que

(...) o argumento deve sustentar as conclusões a partir de suas premissas. Se elas são verdadeiras e consistentes, a tendência é de que os colegas reflitam sobre sua propriedade e acabem por aderir a essa nova idéia.

Para ela, a adesão é conseqüência da veracidade das premissas,

pensamento que se mostra aceito pela maioria. Rosiangela relativiza a

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necessidade de veracidade das premissas, empregando o termo usado pelo

autor do texto, plausibilidade. No entanto, pode-se interpretar também que ela

utilize o termo com o mesmo sentido dos outros, uma vez que os participantes

mostraram-se pouco a vontade com os termos empregados no texto.

(...) A meu ver, quanto mais plausíveis forem essas premissas, mais persuasivo será o desfecho desta argumentação.

Maria Isabel também suaviza o status de verdade das premissas para a

eficácia da argumentação após explicar que o argumento persuasivo depende

de quem está ouvindo, fazendo alusão à dependência dos valores pessoais.

(...) Portanto a capacidade de persuasão de um argumento, não está baseada apenas em seu raciocínio ou sustentabilidade, mas também refletirá a aceitação pessoal ou de um grupo às suas premissas.

Quando consideramos finalizadas as discussões deste fórum enviamos

o formulário para medir a percepção dos participantes e os resultados

evidenciaram que 75% (n=9) considerou que sua participação neste fórum

acrescentou conhecimento e modificou a visão sobre o assunto por introduzir

conceitos novos. Entretanto, para 25% (n=3) considerou que apenas houve um

acréscimo de conhecimento, sem modificação de sua forma de pensar.

Observamos, pela análise criteriosa das mensagens postadas no

primeiro e segundo turno deste fórum que os participantes foram muito

influenciados pelo texto disponibilizado no ambiente, pois enquanto no primeiro

turno as interações convergiram para relatos de acontecimentos em reuniões

na escola e apontaram sempre para a necessidade de um mediador, no

segundo turno vemos a utilização de uma terminologia técnica como

premissas, persuasão, relativismo cognitivo, mostrando que procuraram

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entender o conteúdo do texto disponibilizado. A menção a um mediador

desaparece por completo.

4.5 - Discussão dos resultados

De todos os professores que participaram dos fóruns, obtivemos um

percentual de 44,5 % de participantes que postaram suas contribuições em

todos os temas durante o período de quatro meses em que as discussões se

estenderam. Consideramos um resultado expressivo, visto que a maioria dos

professores nunca havia participado de um fórum virtual anteriormente, e que a

maior parte dos cursos de formação a distância apresentam uma evasão muito

superior a esse número (SIQUEIRA, 2003). Observa-se, também, que a

proposta inicial não foi a de que os professores participassem de todos os

assuntos, tendo a liberdade de manifestar suas opiniões nos assuntos que lhes

interessassem.

Esse resultado sugere que a adesão a um site cuja proposta seja a de

desenvolvimento profissional, o que supõem autonomia e colaboração,

desperta maior interesse por parte os professores. Soares exemplifica esse

pensamento ao dizer que

(...) enquanto as capacitações presenciais da Secretaria de Educação são sempre obrigatórias (o que as torna desmotivantes) a não-presencial é livre, podendo entrar no ambiente virtual e interagir com os outros professores no melhor momento do dia, como estou fazendo agora!

A análise dos resultados mostrou que houve uniformidade quanto à

participação nos diferentes fóruns, quando se considera o número de

professores participantes (média = 13) e o número de intervenções

(média=15,25). Entretanto, quando se analisa os acessos, percebe-se uma

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discrepância produzida por um grande número de acessos ao primeiro fórum

(n= 141). Esses dados são mais bem visualizados na tabela a seguir.

Participantes Intervenções Acessos Fórum 1 turno 2 turno 1 turno 2 turno 1 turno 2 turno

Indisciplina 16 09 24 09 141 60

Autonomia 13 08 14 08 69 34

Interatividade 11 08 11 08 41 37

Argumentação 12 10 12 10 46 43

O fórum Indisciplina gerou maior adesão e uma média de 1,50

intervenções por participante. A média geral de intervenções no primeiro turno,

para todos os fóruns foi de 1,17, enquanto no segundo turno essa média ficou

em 1 intervenção por participante. Com relação aos acessos, a média geral

para o primeiro turno foi de 74,25 acessos, enquanto que para o segundo turno

foi de 43,50 acessos. Observa-se que em todos os fóruns, tanto em termos de

participantes, quanto de acessos, houve uma adesão maior no primeiro turno,

quando comparado ao segundo turno.

Essa situação pode ser explicada pelo fato de os participantes se

identificarem mais com os relatos de professores que retratam situações

semelhantes às vividas por eles no seu cotidiano escolar, do que com os textos

acadêmicos disponibilizados para o segundo turno dos fóruns. Entretanto,

observamos também, que os professores que prosseguiram postando opiniões

no segundo turno foram influenciados pela leitura do texto, o que colaborou

para que houvesse uma reflexão mais aprofundada sobre o assunto.

Por volume de participação verificamos maior adesão, em ordem

decrescente, para os fóruns de Indisciplina, Autonomia, Argumentação e

Interatividade. Esse resultado sugere que temas que se relacionam

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diretamente com a prática docente do dia a dia têm maior adesão. Um outro

motivo que pode justificar essa maior participação foi o fato de ter sido o

primeiro fórum disponibilizado e de ter ocorrido durante o período letivo.

Pudemos perceber que os participantes limitaram-se à leitura do

material que é oferecido no ambiente e nos fóruns em questão, e em alguns

momentos contribuíram com dados sobre educação publicados na imprensa ou

divulgados pelo Ministério da Educação. Mesmo assim, é senso comum o valor

positivo que os participantes atribuem à mudança do discurso sobre a prática

docente na escola atual.

Houve uma tendência de concordância com as opiniões dos demais

participantes e também com os autores dos textos disponibilizados. Isso indica

uma dificuldade de manter o jogo argumentativo quando o assunto é a prática

docente. Além disso, os dados parecem indicar a crença de que o novo vale

mais que o velho, e o que não é novo aparece com a designação de

tradicional.

Uma outra questão central aos quatro temas diz respeito à

responsabilidade na condução do processo educativo. Os dados mostram uma

dificuldade do professor de identificar-se detentor dessas responsabilidades.

A indisciplina é remetida principalmente à família.

A autonomia parece depender de uma outorga.

A interatividade depende de fatores facilitadores ou dificultadores.

A argumentação fica dependente de um mediador.

Em todos os fóruns observamos uma constante preocupação com as

problemáticas enfrentadas e os fatores motivação/desmotivação são sempre

citados como justificativa para as ocorrências diárias na escola.

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Quando os professores falam da prática docente exteriorizam

reclamações que se tornam uma constância no seu discurso e mostram que

eles se sentem autorizados a reclamar. Os participantes utilizam o espaço

disponibilizado no fórum de discussão para relatar experiências e

conhecimentos e, também, para externar suas queixas. De uma maneira geral

essas queixas estão relacionadas a:

O valor da experiência em detrimento ao conhecimento teórico.

O professor clama conhecer uma realidade que ninguém é capaz de

conhecer tão bem quanto ele.

Os resultados indicaram, também, que os participantes foram influenciados

pelos textos disponibilizados no ambiente, havendo uma mudança de discurso

em sua prática docente.

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Ao finalizarmos a análise do material recolhido durante este estudo

pudemos observar que os fóruns disponibilizados no ambiente

artigosmultimídia.pro.br receberam uma quantidade elevada de acessos

(n=471), o que mostra que o ambiente é um meio eficaz de comunicação, troca

de experiências e pode contribuir para o desenvolvimento profissional docente.

Os participantes mostraram uma identificação muito grande com os

relatos de professores disponibilizado no primeiro turno de cada fórum,

evidenciando uma disposição para debater situações semelhantes que

vivenciam em suas escolas de origem. Verificamos a existência de

concordância e de adesão ao discurso dos relatos e textos, porém também

observamos o relato de experiências vividas em sala de aula contrárias as que

foram oferecidas e críticas às políticas de educação implementadas pelas

Secretarias de Educação.

Problemas como longas jornadas de trabalho em mais de uma escola,

baixa remuneração, falta de recursos nas escolas, falta de entendimento e

interação entre a equipe docente e administrativa, falta de autonomia plena,

bem como problemas disciplinares e inclusão social dos alunos foram

levantados durante as discussões dos diversos temas dos fóruns,

oportunizando a cada um dos participantes expor sua opinião e conhecer a

opinião dos demais.

CONCLUSÃO

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Não se pode dizer, no entanto, que houve consenso em todos os

assuntos, porém houve preocupação de que houvesse uma aparência de

consenso. Observamos que não houve propriamente uma discussão entre os

participantes, pois apenas vez ou outra alguns deles retornavam uma ou duas

vezes no mesmo fórum para defender pontos de vista polêmicos e, mesmo

assim, limitavam-se a pontuar a discordância, não caracterizando um processo

de argumentação, réplica e tréplica. Esse fato não desqualifica a participação,

uma explicação plausível pode ser o fato de nenhum dos professores ter

participado de um fórum de discussão anteriormente, não possuindo, no

momento desse estudo, experiência suficiente para interagir de forma mais

produtiva. Ainda assim, quando questionados sobre aquisição de

conhecimentos e mudança na forma de analisar as questões verificamos uma

resposta positiva.

De um modo geral, os participantes intervêm no fórum de discussão

para explicar aspectos relacionados a sua prática docente ou à crença em um

ideal de prática docente, ou seja, eles participam para dizer o que fazem ou o

que se deveria ser feito, fato também relatado por Calvo (2006). Além disso,

evitam controvérsias e quando elas se mostram de todo relevante, limitam-se a

pontuá-las sem, no entanto, defender até o final seus pontos de vista. Isto fica

evidente pelo fato de não haver retorno pelos participantes após uma

controvérsia ter sido explicitada.

Uma explicação para isso pode ser uma dificuldade desse grupo de

professores participantes de manter a controvérsia explicitamente, uma

tendência a parecer concordar, mesmo quando há discordância. Isto apareceu

fortemente quando o tema era autonomia.

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Focalizando os objetivos que nortearam esse estudo verificamos que em

média 43,13% dos participantes relataram que houve acréscimo de

conhecimento e modificação em seu discurso inicial, muito embora a análise da

forma como ocorrem as trocas de experiência já tenha sido explicitada como

sendo uma participação sem debate definitivos.

Uma outra conclusão a que podemos chegar diz respeito à participação

dos professores no fórum. Obtivemos 20,38% de respostas postadas em

relação ao total de acessos. Em uma primeira visão esse resultado pode

parecer negativo, por apresentar um percentual abaixo de 50%. Mas em uma

outra leitura podemos considerar que os professores interagiram postando

respostas sobre os assuntos do fórum, mas o acessaram diversas vezes para

acompanhar as respostas dos demais participantes, o que contribui para a

troca de conhecimentos e experiências.

Pelos resultados obtidos nesse estudo sugerimos que outros trabalhos

sejam realizados na intenção de explorar mais profundamente outros aspectos

do desenvolvimento profissional do docente com a utilização de ambientes

virtuais de aprendizagem.

Ponto finalizando, concluímos que o fórum de discussão dentro de um

ambiente virtual pode propiciar o desenvolvimento profissional de professores,

sejam eles do ensino fundamental e médio e que seu uso deve ser

amplamente estimulado.

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Anexo 1

Fórum 1: A indisciplina – Relato de uma professora

Primeiro Turno

Fóruns | Como lidar com ambientes sociais diversos | Relato de uma professora Responder

Relato de uma professora

adm Usuário

7 mensagens

Postado em : 29/10/2006 - 10:16:14

Sou professora da sexta série do ensino fundamental de uma escola pública, e a faixa etária dos alunos varia de 10 a 14 anos. Minha turma possui 36 alunos que conviviam em relativa harmonia, considerando-se o seu estágio de desenvolvimento psicológico. Entretanto, há três meses, 2 novos alunos entraram na turma, transferidos de outra escola. No início houve um certo distanciamento dos demais, mas pouco a pouco foram se integrando. Percebi que o comportamento da maioria da turma começou a mudar para o lado negativo: alunos dispersos, muita conversa, brincadeiras em sala de aula e agressividade entre eles. Observei que os autores dessa mudança de comportamento foram os alunos transferidos, que passaram a exercer uma “liderança” sobre os demais, incentivando-os à prática de indisciplina. Não tenho conseguido retomar o controle da turma e conversando com outros professores verifiquei que a situação se repete com todos e que eles têm uma mesma percepção sobre o problema. • Como lidar com a “indisciplina” na sala de aula e fora dela, nos ambiente comuns da Escola? • A questão da “indisciplina” deve ser discutida diretamente com os alunos? • No relato acima, a direção deveria convidar os pais dos dois alunos identificados como catalisadores da mudança para discutir o assunto? • Se os pais forem omissos, não se importando com o comportamento dos filhos na Escola, qual deveria ser o procedimento dos professores/ coordenadores/ direção? • A questão da “indisciplina” deveria ser assunto constante nas reuniões de Conselho de Classe? • Transferir alunos indisciplinados para outra Escola seria a solução para o problema? • A “indisciplina” surge do descontentamento do aluno com a estrutura da Escola, com a forma como são ministrados os conteúdos, com a capacitação dos professores ou é meramente reflexo do ambiente social externo, onde o aluno vive? • A solução do problema “indisciplina” está na tomada de medidas disciplinares mais rigorosas (suspensão, reprovação, expulsão) ou no maior envolvimento dos alunos e familiares em atividades comuns na Escola para que eles passem a considerá-la como seu legítimo patrimônio?

ANEXOS

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Soares Usuário

9 mensagens

Postado em : 29/10/2006 - 10:27:16

Meu nome é Maria de Fátima Soares e também sou professora do ensino fundamental. Seu relato se parece muito com situações vivenciadas por mim em sala de aula. É muito difícil lidar com a indisciplina dos alunos principalmente por não termos como oferecer aulas que atraiam mais a atenção deles. Nossas escolas estão com poucos recursos e acredito que se as aulas fossem mais atraentes, eles certamente prestariam mais atenção e se identificariam com os temas abordados. Não acredito que transferir alunos "bagunceiros" seja a solução para o problema, pois outros surgirão e o problema se perpetuará. Acredito que a escola deva oferecer opções saudáveis de ensino como um todo, modificando a percepção do alunado. No metrô encontramos um ambiente limpo, pois existe vigilância e uma cultura de limpeza. Num trem o ambiente é todo sujo, pois lá a cultura é de que ninguém toma conta daquilo. Essa é a analogia que faço com a escola: se o aluno percebe um ambiente geral de respeito e comportamento, a tendência será seguir esse padrão. Em caso contrário, veremos escolas com paredes pichadas, alunos que afrontam professores, etc... Logo, na minha opinião toda a escola deve participar das discussões sobre a melhoria de seu funcionamento para modificar a questão da disciplina.

Leonardo

Usuário

7 mensagens

Postado em : 31/10/2006 - 19:23:14

Acredito que o problema da indisciplina está além da sala de aula. Leciono na rede pública há alguns anos e também trabalho com alunos individualmente da quarta série até o último ano do ensino médio. E o que pude observar é que a rotina de um aluno da quarta série e de um aluno do terceiro ano do ensino médio não é muito diferente. Ambos dormem depois da meia-noite usando a Internet como bem entendem. Se estudam de manhã vão se arrastando para a escola, se estudam de tarde acordam para o almoço e vão para a escola em seguida. Na minha opinião a disciplina que é o que mais falta aos nossos estudantes de hoje não é aprendida nem praticada dentro de casa. Se não houver a participação da família nesta questão, pouco poderemos fazer para mudarmos esta realidade em nossas escolas.

Soares Usuário

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Postado em : 1/11/2006 - 10:41:39

Concordo com o Leonardo na questão de que a disciplina deva ser aprendida no ambiente doméstico, o que é cada vez mais raro nos dias de hoje. Atualmente, mãe e pai trabalham fora o dia todo e quando chegam em casa não querem atritos com os filhos permitindo que eles façam tudo o que quiserem. No inconsciente, transferem para a escola e, conseqüentemente para os professores, a tarefa de educar os filhos em todos os sentidos. Só que isso fica muito difícil quando lidamos com ambientes sociais diversos. Na escola em que trabalho existem crianças de classe média e crianças que moram na favela. O comportamento e as reações deles são muito diferentes. Quando uma criança/adolescente fica descontente com alguma atitude da professora, as reações vão desde a indisciplina até ameaças físicas! Continuo a pensar que a escola deveria abrir espaço para trabalhar as questões da cidadania e incorporar pessoal da comunidade para que o "ambiente" geral da escola se modificasse.

ana guerra

Usuário

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Postado em : 1/11/2006 - 20:41:31

Sou a professora Ana Amélia Guerra e também trabalho com o ensino fundamental. Quanto à questão indisciplina acredito que ela possa vir acompanhada de inúmeros fatores. Inicialmente, creio que devemos descartar atitudes paternalistas, esse papel não cabe ao professor, e penso também que o papel da autoridade punitiva deve ser banido do processo educacional como um todo. Nem mãe, nem tampouco verdugo. Tendo em vista a dificuldade de entrosamento entre pais e escola, cabe ao professor criar ferramentas para prender a atenção de uma turma grande e heterogênea.

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Acredito que a arte, nessa hora, apareça como redentora. Desviar, um pouco, a ementa ou o programa de curso, não trará prejuízos a ambos os lados. Uma boa roda-de-leitura, uma pequena dramatização ou até mesmo uma mesa-redonda sobre problemas existenciais e/ou sociais podem quebrar a monotonia da sala de aula e ao mesmo tempo formar um ambiente criativo em que a garotada se veja como protagonista de um ato importante, descarregando assim a energia juvenil para outros campos que não sejam unicamente a "deliciosa" bagunça. Sucesso, professora.

Luciana Usuário

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Postado em : 1/11/2006 - 22:33:08

Sou professora do ensino fundamental e médio, lido com adolescentes numa escola particular. Acredito que a questão da indisciplina está ligada ao meio ambiente e aos valores que são transferidos dos responsáveis para seus filhos, pais extremamente ocupados com seus trabalhos não sabem, ou não tem "tempo" em dizer não,ou seja, em educar, e criam a lei da compensação, a criança cresce achando que tudo é permitido, inclusive na escola. O que falta é a participação da família no seu contexto mais amplo, ensinando por meio de atitudes, como atenção, amor e respeito, que existem deveres. Esse fato pode esta ocorrendo devido a necessidade da mãe trabalhar para aumentar a renda familiar. Dessa forma acredito que a participação da família seja fundamental nesse processo. Por outro lado existe, um maior número de alunos por sala e a baixa remuneração aos professores o que obriga a maior parte deles a dupla jornada de trabalho, não tendo condições físicas e psicológicas para dar a devida atenção a todos os alunos.

maripassos.rj

Usuário

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Postado em : 2/11/2006 - 15:05:41

Sou professora do ensino médio, e concordo com a maioria dos relatos acima. O que pode ser percebido em alunos indisciplinados é o reflexo direto daquilo que eles vivem em casa. Desta forma pais demasiadamente permissivos, criam alunos sem limites comportamentais, pais demasiadamente rigorosos, criam alunos revoltados, pais ausentes, criam alunos com necessidade de serem percebidos, e estes para chamar atenção, têm comportamento indisciplinado. Acho que um convívio mais estreito com os pais facilitaria o processo educativo de uma maneira geral, e traria benefícios para pais, professores e alunos.

profamariaisabel

Usuário

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Postado em : 3/11/2006 - 09:11:23

Também sou professora e acredito que a indisciplina no colégio/sala de aula é uma questão multicausal, apesar de acreditar que o ambiente familiar, ainda mais nesta faixa etária, contribui de sobremaneira para a indisciplina. É um período de incertezas, de procura do próprio "eu", descoberta do seu lugar no mundo. Por isso, a aproximação da família ao ambiente escolar é muito importante. Porém, esta aproximação deverá ser feita de forma cautelosa para que não se torne um meio de persuasão no ambiente familiar. Além disso, uma forma de promover uma melhoria na disciplina é a tentativa de transformar esta liderança negativa em positiva. Com certeza a conversa, em separado, com cada um dos alunos, relatando aos mesmos a importância deles, seus pontos positivos e a participação em atividades poderá ser o início de uma modificação de comportamento.

Soares Usuário

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Postado em : 5/11/2006 - 15:35:02

Parece que todos concordam que a questão da indisciplina surge no meio familiar, mas ninguém dá a solução. Como poderemos interferir no meio familiar, se estamos "presas" na escola o dia todo e quando convocamos os pais para reuniões, poucos aparecem exatamente porque estão trabalhando? Se não podemos oferecer a intervenção no meio familiar, o que podemos oferecer, então? Sugiro maior rigor no tratamento com os alunos, estabelecendo limites e um sistema claro de punições (tarefas extras, conceito baixo no quesito "comportamento", acompanhamento pedagógico, e se nada disso funcionar começar com suspensão por 1 dia até 1 semana e convocar os responsáveis para uma conversa séria). Talvez se adotássemos essa postura os demais alunos veriam que não existe "impunidade" na Escola e passariam

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também a adotar outro tipo de comportamento. O que vocês acham?

Rosiangela Usuário

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Postado em : 5/11/2006 - 19:21:16

Como educadora também concordo com diversos posicionamentos acima sobre este tema de extrema importância no meio educacional. O problema da indisciplina no ambiente escolar transcende os muros da escola. Acredito que a origem do problema venha do núcleo familiar onde esta criança/adolescente está inserida. Hoje se convive com inúmeros problemas de ordem familiar, que vão culminar com a desagregação de valores, que na maioria das vezes a criança não tem maturidade de compreender e acabam externando em forma de indisciplina e agressividade. Precisamos nos capacitar para lidar com estas questões, com a ajuda da Psicopedagogia, da interação com a família e dos próprios alunos.

eduardo59

Usuário

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Postado em : 5/11/2006 - 19:28:24

A questão da "indisciplina" na sala de aula seja ela pública ou privada toma a cada dia contornos mais dramáticos. A sala de aula a cada dia mostra-se que não é um local neutro diante das tensões e conflitos sociais. Na medida em alguns alunos tentam reproduzir na sala de aula seus comportamentos para impor ou manter um determinado "status" temos o conflito instalado. Os valores sociais e morais de diferentes grupos sociais nem sempre se articulam ,muito pelo contrário, tendem a gerar situações conflituosas tanto entre os alunos como em relação aos professores. A solução imediata não existe, mas em uma articulação real entre professores, administradores e familiares pode apontar para possíveis causas e atitudes a serem tomadas.

Leonardo

Usuário

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Postado em : 7/11/2006 - 09:24:39

Acredito que a maioria dos professores está de acordo quanto a importância da participação familiar na questão da indisciplina. Principalmente hoje em dia que constatamos uma maior ausência dos pais em casa. No entanto acredito que não podemos tirar parte da responsabilidade da escola e de nós mesmos nesta questão. Por isso indago qual é o papel da escola e do professor frente a essa realidade?

lucimar Usuário

3 mensagens

Postado em : 7/11/2006 - 10:44:07

Sou professora universitária e lido com alunos mais velhos, no entanto também surge este tipo de comportamento (talvez de forma mais branda). Apontar as causas não resolve o problema. Devemos nos aproximar dos alunos novos, tentar conhecê-los melhor, quais seus gostos, suas habilidades, para depois aproveitar a sua liderança de uma forma mais positiva, redirecionando-a para as artes, esportes ou até mesmo a dança e a música. Acredito que eles ficaram satisfeitos em liderar de maneira positiva a turma. Faça um acordo de cavalheiros de forma que a professora possa liderar no horário das aulas e os novos alunos liderem nas artes ou nos esportes.

nobre Usuário

1 mensagens

Postado em : 7/11/2006 - 18:00:07

Concordo com Soares quando ela diz que a escola deva estabelecer limites. Acontece que em algumas escolas como, por exemplo, a onde eu trabalho existe uma política de maior tolerância, cabendo ao professor designar a punição. Só que há um certo descrédito por parte dos alunos. Pois quando a punição chega a incomodar o familiar ele vem a escola ou liga para tirar alguma satisfação. Agora quando esse mesmo responsável é chamado para responder sobre o comportamento indevido não recebemos nenhum comunicado. No meu ver sem uma participação mais efetiva dos pais fica difícil propormos o crescimento de todo um grupo. Para que isso aconteça o professor deve tentar que os pais acompanhem as atividades propostas para casa bem como as realizadas em sala, pedindo a participação dos pais via carta/bilhete ou propondo atividades em que os próprios pais possam participar.

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vladia Usuário

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Postado em : 7/11/2006 - 20:58:52

Caros Colegas, Apesar de dar aulas durante muitos anos na rede privada de ensino, minha experiência não é diferente. Enfrentamos também problemas como este, no entanto, acredito que a melhor solução seria levar a questão para uma discussão aberta entre toda equipe pedagógica da escola. Ou seja, abrir espaço para exposição de idéias e experiências, buscando em conjunto, a solução para os problemas enfrentados. Desta forma, conquistamos a co-responsabilidade de todos no processo e, não apenas, de um único profissional. Outra sugestão seria a busca de bibliografias sobre o assunto, como: Professor bonzinho = aluno difícil de Celso Antunes, entre outros.

Josefina Usuário

1 mensagens

Postado em : 7/11/2006 - 21:17:08

Concordo com a Vladia quando afirma a necessidade de resolver os problemas escolares em conjunto com os demais colegas da área. Acrescento, porém, a importância da participação da família no processo disciplinar dos alunos não isentando-a de sua responsabilidade.

renata Usuário

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Postado em : 7/11/2006 - 21:23:05

Sou professora e identifico semelhanças entre a conduta disciplinar dos alunos na situação relatada e a minha experiência profissional. A discussão sobre a questão da disciplina em sala de aula deve ser posta em pauta com a máxima urgência. Conforme já pontuado, a indisciplina, reflexo da falta de limites da sociedade contemporânea gera uma situação caótica que interfere no comportamento e na aprendizagem do grupo. Acredito que a solução inicial se traduza na possibilidade de discussão permanente entre escola (gestores), professores, responsáveis e educandos o que geraria um sentimento de responsabilidade compartilhada na formação do aluno. Em situações extremas a transferência do aluno pode ser uma necessidade quando se considera que a escola deve representar um ambiente que favoreça o aprendizado.

Rodrigo Jan

Usuário

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Postado em : 7/11/2006 - 21:48:36

Concordo plenamente com a maioria dos relatos acima citados. Como professor de Ensino médio, sei a dificuldade que é em se lidar principalmente com adolescentes, fase a qual, muito corretamente relatado pela Professora Isabel, é repleta de descobertas e é a fase da aceitação. Conversar diretamente com o aluno, em particular, parece ser uma medida mais efetiva que simplesmente repreendê-lo na frente dos demais, já que o objetivo desse aluno é esse mesmo, de chamar a atenção. Os familiares devem estar cientes e participarem de tudo o que acontece na escola, ainda que seus filhos não estejam mais no ensino fundamental, como muitos argumentam. Devemos conscientizá-los que a disciplina começa em casa, mas se perpetua na escola, onde muitas vezes essa criança passa grande parte do seu dia. Portando, devemos sim repreender e tomar as atitudes necessárias a fim de impor limites, pois a criança deve saber que, se em casa não tem, na escola tem regras e devem ser cumpridas. Quando ele estiver inserido no mercado de trabalho, se não forem cumpridas as devidas regras, não haverá espaço para ele.

[email protected]

Usuário

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Postado em : 7/11/2006 - 22:45:27

Concordo com meus colegas docentes, mas sou um pouco mais radical...É obvia a importância da família no controle disciplinar, minha avó já dizia que educação vem de casa. Entretanto, os tempos mudaram. Quem dá um tapinha ou fala mais alto com seus filhos sempre encontra um pedagogo ou psicólogo moderninho para repreendê-lo dizendo que isto não tem impacto positivo na educação. Nas escolas é semelhante. Os

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professores mais rígidos e exigentes sempre são alvo de protestos dos alunos para que demitam o "carrasco". Ninguém quer assumir o papel de chato, mas se em casa os pais não querem ou não têm tempo para impor limites, alguém tem que fazê-lo. O professor deve assumir seu papel de educador. Sugiro à colega punir os baderneiros com tarefas extras, com suspensão do recreio, etc. Além disso, mostrar aos coleguinhas que se seguirem os exemplos negativos serão os próximos a serem punidos. Acredito em diálogo na hora certa, acredito que devemos estimular nossos alunos e colocar limites sempre que necessário. Eles certamente nos agradecerão por isto. Boa sorte!

eduardo59

Usuário

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Postado em : 7/11/2006 - 23:00:42

Concordo plenamente com todas as opiniões em que o enfoque primeiro deve ser no núcleo familiar. Embora não podemos esquecer de perguntarmos de como vivem? Se há ou não algum tipo de estruturação familiar,enfim como são estas famílias, já que todo o comportamento na sala de aula é uma reprodução do modo de vida dessas crianças e adolescentes. Concordo plenamente com os depoimentos onde ficam claros a necessidade mostrar os limites exigidos pela escola. Não recuarmos diante do aceitável e do inaceitável. Daí a necessidade imperiosa de traçar um diagnostico social de cada sala aula separadamente para uma visão nítida das necessidades individuais. Concordo que as atividades lúdicas são importantes e necessárias mas não as vejo como fator de substituição das atividades de sala de aula .As atividades recreativas podem e certamente estimulam os alunos mas não podemos superestimá-las dando menor tempo para atividades que irão habilitar e preparar os alunos. Temos que buscar o equilíbrio sempre.

Soares Usuário

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Postado em : 9/11/2006 - 10:05:16

A professora Inger pontuou com muita propriedade a questão dos limites, assim como eu havia comentado anteriormente. Concordo com a Prof. Vladia na questão da necessidade de se buscar mais conhecimento sobre o assunto, recorrendo à bibliografias específicas. Entretanto, essa não é a realidade de muitos professores de escolas públicas, como é o meu caso, que enfrenta longas jornadas de trabalho e que chega exausta em casa já pensando nas tarefas domésticas e no dia seguinte. Mas esse não é o tópico de discussão, que nesse caso deveria ser de responsabilidade da escola promover discussões periódicas sobre esse e outros assuntos, disponibilizando bibliografia específica. Já o Prof. Eduardo levanta um interessante ponto de discussão quando questiona "quem" é essa família, onde vivem, o que fazem, etc... para entender o comportamento do aluno. Concordo que esse conhecimento é fundamental, mas professor, quem vai pesquisar esse ambiente social e mais, quem vai intervir nele modificando-o para melhor? Não pensem que sou "a dona da verdade" por contestar certas coisas aqui, mas gostaria muito de levar experiências aplicáveis de fato para tentar resolver esse problema na minha escola. Mostrei esse fórum para a minha diretora e ela achou bastante interessante e está aguardando para ver qual conclusão chegaremos.

joana

Usuário

6 mensagens

Postado em : 10/11/2006 - 08:59:11

Também sou professora do ensino fundamental e médio, meu nome é Joana Silveira, e gostei muito de ver retratado neste fórum um problema que enfrentamos todos os dias. Acredito que a questão da disciplina possa ser controlado tanto a partir do entendimento do ambiente familiar, como disse o prof. Eduardo, quanto do maior conhecimento científico sobre o assunto, como disse a prof. Vladia, e também com o uso de medidas disciplinares mais severas, como disse a prof. Maria de Fátima. Na realidade é tudo muito complexo, pois em primeiro lugar as Secretarias de Educação não se preocupam em promover seminários sobre o assunto e tampouco disponibilizam artigos ou livros para leitura do tema. A experiência na minha escola mostra que as medidas disciplinares mais severas para todos é o que mais funciona, mas também a promoção de atividades esportivas para meninos e meninas (judô, futebol, dança, vôlei, etc...) condicionando a participação ao comportamento e ao desempenho também têm mostrados excelentes resultados. Outras experiências, como promover atividades para a família no final de semana também aproximam a comunidade da escola fazendo com que exista maior participação.

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ana guerra Usuário

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Postado em : 11/11/2006 - 14:30:56

Depois de ler o relatório dos colegas, percebi que a o grande problema parece ser a falta de camaradagem entre escola e família. Me solidarizo com o depoimento dos professores e penso que nessa época pós-moderna em que as relações afetivas se tornaram extremamente frágeis em seus laços afetivos, seria de grande importância que o núcleo familiar fosse o lugar da apreensão de valores como o respeito ao "outro", para que a criatividade ou a inventividade do professor não parecesse vã no ambiente escolar.

Leonardo

Usuário

7 mensagens

Postado em : 11/11/2006 - 18:11:40

Tenho certeza da importância de abrir os horizontes de crianças e adolescentes na prática esportiva ou mesmo recreativa. Contudo não vejo grandes resultados na escola onde eu trabalho. É uma escola de médio porte com cerca de 400 alunos que oferece atividades extras que vão do balé ao judô e do futebol a natação e nem por isso vejo um comprometimento maior dos alunos com a disciplina. Entretanto cabe ressaltar que a escola não condiciona a participação nestas atividades com a disciplina e o rendimento escolar. Acho que o professor tem que fazer um trabalho paralelo com o aluno que cause problemas para o desempenho da turma junto à família, direcionando-o a cumprir atividades paralelas (extraclasse) com o suporte familiar que o fará cumprir as tarefas designadas.

joana

Usuário

6 mensagens

Postado em : 13/11/2006 - 10:31:55

O Prof. Leonardo pontuou muito bem a questão: não adianta a escola oferecer atividades diferenciadas para os alunos, se não existe o condicionamento de participação nestas atividades ditas "atrativas" com a disciplina e o desempenho. Os alunos irão sempre ver isto como um momento de lazer onde a "bagunça" é mais liberada ainda. As experiências das escolas de São Paulo (abertas para a comunidade no final de semana) envolve muito os familiares e os próprios alunos, que naturalmente passam a respeitar mais o espaço que considera como seu. Ou seja, acredito que se adotarmos de tudo um pouco (cobranças mais rigorosas, envolvimento da família e atividades complementares) conseguiremos controlar o problema da indisciplina, que produz um grande desgaste tanto físico quanto mental no professor.

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Anexo 2

Fórum 1: A indisciplina e a escola atual – Análise do texto

Segundo Turno

Fóruns | A indisciplina e a escola atual, por Julio Groppa | Resumo Responder

Resumo

adm Usuário

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Postado em : 12/11/2006 - 16:31:39

A indisciplina e a escola atual Julio Groppa Aquino Rev. Fac. Educ. v.24 n.2 São Paulo jul./dez. 1998 Este texto é uma versão ampliada do roteiro empregado no vídeo-palestra "A indisciplina e a escola atual", produzido pela FDE/SP, em 1997, que contou com nossa participação. O estilo narrativo direto e o tom coloquial devem-se, obviamente, aos objetivos do vídeo. Do ponto de vista dos temas tratados, configura-se inicialmente o baixo aproveitamento e a indisciplina escolar como os impasses fundamentais vividos no cotidiano escolar brasileiro, tomando como recorte a emergência dos "alunos-problema" como uma das principais justificativas empregadas pelos educadores na atribuição das causas de tal impasse. Em seguida, tenta-se rastrear e desconstruir as explicações mais comuns sobre as supostas causas da indisciplina escolar, tais como: a estruturação escolar no passado, problemas psicológicos e sociais, a permissividade da família, o desinteresse pela escola, o apelo de outros meios de informação etc. Por fim, fundamentam-se algumas propostas pedagógicas para uma compreensão mais autônoma da especificidade do trabalho escolar, bem como algumas regras éticas de convivência em sala de aula, de tal sorte que se possa lançar um novo olhar sobre o ato indisciplinado, cujas interpretações mostram-se, na maioria das vezes, de maneira estereotipada.

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joana Usuário

6 mensagens

Postado em : 13/11/2006 - 10:58:33

Muito interessante a visão do autor sobre o problema da indisciplina, principalmente por argumentar baseando-se na dsconstrução de "desculpas" freqüentes sobre o problema. Realmente muitos professores não conseguem entender os sinais emitidos por atitudes dos alunos e apenas justificam essas atitudes com as clássicas desculpas da sala de aula desinteressante, da ausência de controle dos pais, da falta de limites dos alunos, da "escola antiga" em sua rigidez comportamental, etc... Concordo com o autor quando ele coloca que recorrer a esse tipo de desculpa não resolve o problema e que na verdade a indisciplina do aluno é um sinalizador de problemas nas relações aluno-professor, aluno-aluno, aluno-escola. Gostei mais ainda do artigo por não ter a pretensão de dar a "fórmula ideal" para resolver o problema: limita-se a analisar, refletir sobre a prática docente e deixar que cada um de nós, em nosso universo escolar particular encontremos a solução adequada a partir da reflexão coerente do problema.

Luciana Usuário

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Postado em : 13/11/2006 - 21:36:48

Concordo com o prof Júlio ser professor é sentir o desafio diário de lidar com pessoas e situações diferentes, é enxergar nos “alunos problemas” com recursos ou não, a vocação da docência. Desta forma esse profissional possui um estímulo muito maior em lidar com a indisciplina, ou como o próprio autor coloca bem, com as demandas "difíceis" da clientela, que acaba sendo minimizada quando o professor desperta o interesse do aluno por meio do seu saber e metodologias que incentivam o raciocínio, como a educação problematizadora. Concordo também que a inclusão social é uma “obrigação” para o educador comprometido com a sua escolha profissional. No entanto

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discordo no aspecto em que não existe uma relação direta entre escola e família, pois o aluno passa grande parte da sua vida, aprendendo valores, onde muitas das vezes são adquiridos por admiração ao profissional. Esses valores irão contribuir para construção de sua personalidade. Finalizando corroboro com a questão que a indisciplina parece ser uma resposta clara ao abandono ou à habilidade das funções docentes em sala de aula, afinal como o autor coloca as atitudes de nossos alunos são um pouco da imagem de nossas próprias atitudes e dois são os valores básicos que devem presidir nossa ação em sala de aula: a competência e o prazer.

Soares Usuário

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Postado em : 14/11/2006 - 08:42:56

Realmente brilhante o artigo do Prof. Julio. Me fez refletir melhor sobre o tema, não mais com a emoção inicial da vivência da sala de aula, mas com uma análise mais imparcial e me vi retratada em algumas das situações citadas por ele. Acredito que essa melhor reflexão me fez mudar alguns pontos que até então considerava absolutos, intocáveis. Realmente, se nós professores passássemos a trabalhar mais com aquilo que temos disponível, transformando "limão em limonada" ao invés de só procurarmos o(s) responsável (is) pela conduta do aluno para dizermos "achei o vilão! A culpa é dele!" e nos eximirmos de responsabilidades, o problema seria melhor trabalhado. Uma auto-análise da nossa postura em relação aos problemas de sala de aula deveria ser preocupação constante (muito embora todas saibamos dos problemas que os professores no Brasil enfrentam) para que possamos estar em constante aperfeiçoamento profissional e, conseqüentemente, saber lidar melhor com questões como a indisciplina.

renata Usuário

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Postado em : 15/11/2006 - 10:55:21

A leitura do texto “A indisciplina e a escola atual" proporcionou uma visão crítica e reflexiva sobre as questões relacionadas ao baixo aproveitamento e a indisciplina escolar. A partir do momento que novas informações são postas em cena nota-se uma mudança na percepção do "problema". Quando existe um "problema", existe um desvio entre aquilo que esperamos que aconteça e a realidade que se apresenta. Diversos fatores podem interferir na percepção do problema e, assim, cada um de nós tende a percebê-lo sob um prisma ou ponto de vista diferente. Por isso, muitas vezes, é difícil revermos nossas práticas e assim continuamos na direção que consideramos mais apropriada. A solução para o "problema", neste sentido, acontece sem que haja um envolvimento coletivo, essencial para que todos se sintam parceiros na busca do sucesso escolar. Quando os alunos não alcançam as metas traçadas por ele e pela escola, falha o aluno, o educador, a escola e a sociedade. Acho que a questão central a ser discutida está relacionada a palavra motivação.

maripassos.rj

Usuário

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Postado em : 15/11/2006 - 11:08:00

Muito bom mesmo o texto do Professor Julio. Faz refletir sobre nossos posicionamentos e atenta para a questão da indisciplina como falta de atrativo no ensino. Fiquei especialmente atenta, quando o autor coloca qual o papel real do professor, e desmonta o papel deste na "normatização moral dos hábitos". O problema é que este conceito já é intrínseco na sociedade, e os pais acabam delegando aos professores o papel de "colaboradores" no estabelecimento desta normatização. Acho que este assunto deve ser discutido com os pais, já nos primeiros contatos destes com a escola, para que, estabelecido os papeis de cada um, o professor tenha espaço para desenvolver sua verdadeira função, como colocou o autor. O texto é de extrema valia, faz rever posicionamentos, e propõe o desafio de encarar o "aluno- problema" como um sinalizador de um ruído no processo de ensino- aprendizagem. E faz com que voltemos o espelho do problema para nos mesmos, fazendo assim com que a "solução" para os desafios também estejam conosco.

Rodrigo Jan

Usuário

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Postado em : 16/11/2006 - 22:45:10

Excelente o texto do professor Julio. O modo como retrata a realidade da (in) disciplina é bem direto e nos faz refletir exatamente na questão pessoal: nós, professores, temos grande parte da "culpa", pois cabe a nós tornamos o assunto a ser abordado em sala de aula mais próximo o possível do cotidiano desse aluno. O conhecimento deve ser

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passado ao aluno onde esse, como enfatiza o professor Julio, deve ser um agente ativo, questionador, e não simplesmente absorver a informação sem nem ao menos questioná-la. Por isso, podemos transformar um aluno dito indisciplinado num aluno colaborador. Devemos observar mais esse aluno,seu comportamento com outros professores em outras disciplinas. A esses alunos,ditos "indisciplinados", sem punições mais severas, para podermos detectar possíveis distúrbios na comunicação sanando tais situações. Acredito ainda que a família deva participar ativamente, juntamente com a escola, a fim de solucionar casos específicos de indisciplina, permitindo uma perfeita sintonia entre aluno-professor para que essa relação seja de admiração e respeito e não entediante e desrespeitosa.

eduardo59

Usuário

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Postado em : 17/11/2006 - 21:34:01

O artigo do Prof° Júlio confirma minha opinião a respeito do tema indisciplina. Concordo plenamente com a proposta de ter uma visão holística à respeito desta questão. A não adoção de uma visão reducionista, contida no artigo leva sem dúvida alguma a discussão deste através de uma visão de que a escola tem importante papel na construção da cidadania dos membros das comunidades envolvidas. Concordo plenamente que não há método mágico para solucionar mas sem dúvida alguma através de um diagnostico social teremos uma visão mais nítida das nossas possibilidades e também dos nossos limites na execução das atividades pedagógicas.

profamariaisabel@yah

Usuário

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Postado em : 17/11/2006 - 22:32:27

De uma forma geral, todo e qualquer "problema" gerado ou ocorrido dentro de sala de aula nos tempos atuais se referem a inadequação ou palavra similar, que faz o diagnóstico de um grupo de alunos que não se enquadra nos moldes ou modelos vigentes. Na verdade, os educadores atuais não estão capacitados para "gerenciar" tais ocorrências. Incapacitados pelo próprio sistema (sem nenhuma perspectiva de melhoria em sua formação) e com uma baixa valorização da própria sociedade que o cerca, o professor/educador torna-se uma figura inócua dentro do ambiente escolar. Em contra-partida, aqueles, a quem denomina-se com comportamento inadequado, se tornam mais aptos a fazer aquilo, que na verdade menos querem, causar transtornos no cotidiano escolar. O que estes alunos na verdade necessitam é de alguém que derrame sobre eles um olhar holístico e diferenciado, buscando dentro deles o que cada um tem de melhor,chamando a atenção através de suas qualidades e não de seus "defeitos", determinando assim uma transformação de valores. O sistema educacional moderno não vem permitindo aos educadores aquilo que eles sabem fazer de melhor: ensinar o aluno a aprender-aprendendo, demonstrando a superação de dificuldades e limites, apresentando-lhes um novo horizonte do saber. A sociedade atual vive um período de muita turbulência, de inversão de valores, de inabilidade em se trabalhar com as suas dificuldades e com a daqueles que estão aos seu redor. Com isso, a indisciplina torna-se não somente um fato que ocorre no ambiente escolar mas também no familiar.

Rosiangela

Usuário

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Postado em : 18/11/2006 - 21:32:18

É notória a crise da educação brasileira, demonstrada, dentre outros pontos, com o crescente fracasso escolar.Com base no presente artigo, verifica-se que a escola e, mais especificamente, a sala de aula se torna um "laboratório pedagógico", onde o educador se depara com diversas situações no seu cotidiano escolar. Dentre estas situações, a indisciplina é uma das mais preocupantes, onde o sujeito da ação é, normalmente, o aluno-problema. Observa-se que a dualidade deste termo, aluno-problema, leva a crer que o problema é do aluno e do professor, com toda a co-responsabilidade que o mesmo exige na vivência desta questão. A indisciplina é colocada como algo circunstancial, necessitando, portanto, da competência técnica docente para imediata intervenção. Por outro lado, a escola deve oferecer instrumentos à comunidade escolar, para saber lidar, com segurança, ética e serenidade, com o universo das relações sociais e institucionais que permeiam o dia à dia da escola.

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Anexo 3

Fórum 2: Autonomia – Relato sobre Autonomia

Primeiro Turno

Fóruns | Autonomia do professor | Relato sobre autonomia: Responder

Relato sobre autonomia:

adm Usuário

8 mensagens

Postado em : 26/11/2006 - 17:11:50

Às vezes tenho muita vontade de largar tudo e procurar outra profissão! É muito triste ver que a maioria das coisas que você aprendeu não pode ser aplicada em sala de aula por diversas razões como falta de recursos e de área física. Esses problemas a gente até resolve, levando as crianças para o pátio e comprando algum material com nosso próprio dinheiro, que já é pouco! Mas o que mais me desanima é o fato da Secretaria (de Educação) não permitir que o professor faça nada diferente daquilo estabelecido por ela, que desconsidera as diferentes realidades, pois uma escola em Madureira é totalmente diferente de uma escola em Copacabana. Essa falta de liberdade (autonomia) para lidar com as questões didáticas transforma o professor em um funcionário burocrático que obedece aquilo que está determinado, sem discutir, mesmo sabendo que não é o adequado para aquela situação. Me sinto muito desanimada com isso. • O professor deve ter autonomia plena, relativa ou nenhuma autonomia para lidar com as questões didáticas de sua turma e/ou escola? • É correto a Secretaria de Educação definir o padrão didático-pedagógico desconsiderando as características dos alunos da área onde se situa a escola? • A autonomia que o professor exerce em sala de aula está relacionada apenas à forma como ele lida com as questões comportamentais de sua turma? • O professor deve ter autonomia para inserir conteúdos que ele considera importante para reforçar o aprendizado, utilizando-se de experiências da comunidade onde a escola está inserida? • Nas reuniões de Conselho de Classe e de pais e mestres como o professor deve justificar o rendimento (ou não) de sua turma levando em consideração a questão da autonomia?

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joana Usuário

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Postado em : 27/11/2006 - 11:12:42

Acredito que a professora que relatou essa experiência deva realmente se sentir muito mal em não poder tomar certas decisões que considera como boas para o desenvolvimento da turma. Entretanto, a questão da autonomia é algo muito controverso e relativo, pois se todos consideramos que temos autonomia para tomar qualquer decisão em relação ao plano didático-pedagógico de uma turma, creio que a diversidade será muito grande. Penso que as Secretarias devem sim dar as diretrizes que devem ser seguidas por todas as escolas para uniformizar o ensino, mas que também deva existir um meio-termo onde as realidades locais possam ser consideradas. Às vezes acredito que exista uma certa falta de entendimento do que são diretrizes, e a direção de determinadas escolas exigem que a professora cumpra essas diretrizes sem analisá-las e adequá-las ao contexto social. Acredito que a professora deva ter autonomia para fazer essas adaptações como forma de integrar mais as crianças e a própria comunidade no ambiente escolar. Visualizando questões críticas, como a freqüência à escola, a disciplina, e o aproveitamento dos alunos, a professora pode (e deve) definir, dentro das diretrizes, qual o melhor caminho a seguir para conseguir êxito em sua tarefa. Na minha escola existe um diálogo sempre aberto com a Direção e com as demais professoras, e sempre procuramos decidir o que é melhor para a turma, exercendo nossa autonomia. O diálogo com os pais, nas reuniões agendadas também contribui para o entendimento de muitas situações e para a tomada de melhores decisões.

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Rodrigo Jan Usuário

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Postado em : 30/11/2006 - 20:48:26

Concordo com a professora Joana. A questão da autonomia deve ser vista como positiva quando tentamos inserir o assunto a ser tratado na sala de aula à realidade do aluno. Para ocorrer uma correta comunicação, o professor deve, de forma mais clara, passar o conteúdo didático ao aluno adequando à realidade do mesmo. Contudo, cabe ao professor entrar em consenso com a direção da escola para se informar até onde ele pode "diversificar" sua didática, de acordo com o que é preconizado pela Secretaria de Educação. Ciente disso, poderemos utilizar nossa autonomia com a finalidade de tornar o aprendizado o mais prazeroso possível para o aluno, nunca esquecendo o bom senso.

eduardo59

Usuário

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Postado em : 2/12/2006 - 10:51:20

Concordo com os relatos de que a "Autonomia" é algo relativo .Indo mais além, digo que a questão da autonomia tem um caráter conflituoso na medida que o profissional tem que abrir mão de vários projetos diante das limitações do cotidiano. Isso pode levar a uma posição de total desanimo levando a professora a tomar uma postura puramente burocrática, enquanto exigimos dela uma postura dinâmica. A resposta definitiva não sei. Autonomia plena passa a ser uma realidade ou apenas umas utopia teórica?

Soares Usuário

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Postado em : 3/12/2006 - 15:17:18

A professora Joana pontua muito bem o conflito gerado pela questão da autonomia. Realmente em determinados momentos, os burocratas da Secretaria de Educação, alguns dos quais JAMAIS estiveram efetivamente em sala de aula vivenciando os problemas diários pelos quais passamos, enviam "instruções normativas" para serem seguidas por todas as escolas, independentemente de suas realidades, o que é um absurdo e, claro, tem sempre muitas chances de levar ao fracasso! Logo, a questão levantada com muita propriedade pelo prof. Eduardo de que a autonomia passaria a ser algo utópico, nos faz questionar o nosso papel em sala de aula. Creio que devamos ter um caminho a seguir, mas que ele possa ser adaptado as condições de nosso dia-a-dia na escola e que a nossa autonomia possa ser socialmente construída pelo diálogo e interação entre professores, diretores, supervisores, alunos, familiares e Secretaria de Educação. E mais: esse diálogo deve ser permanente, e não apenas quando surgir algum problema sério. Desse forma acredito que todas nós teremos o nosso direito de optar pelas soluções mais adequadas e trabalhar com mais satisfação.

profamariaisabel@yah

Usuário

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Postado em : 4/12/2006 - 21:45:22

Como mencionado na experiência do professor, que relatou a questão da falta de autonomia para realizar as atividades pertinentes mas adequadas ao cenário em que ele se encontrava, devo concordar com os relatos dos colegas que mencionaram a falta de cuidados e interesse dos setores administrativos pelo exercício pleno de lecionar. Quando a autonomia do professor, que deve ser soberana em sala de aula,pois na verdade é ele quem conhece de perto as diferentes realidades dos diferentes alunos que o cercam, é bloqueada pelo sistema burocrático, quebra-se neste momento o encanto e o prazer em suplantar desafios tanto para o professor quanto para o aluno. Podemos destacar alguns exemplos onde as cartilhas que eram utilizadas pelos professores em escolas públicas tinham em seus textos para alunos em alfabetização: "Ivo viu a uva", quando na verdade, nem todos daquela comunidade já haviam se quer consumido este tipo de fruto. A impossibilidade do professor em gerar um material ou didáticas diferentes para que possa alcançar seu objetivo (ensinar), trás fatalmente, a este profissional desilusão e incredulidade no próprio sistema que o rege.

Isabel Valle

Usuário

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Postado em : 6/12/2006 - 20:18:21

Concordo com a professora Maria Isabel, quando ela fala das dificuldades que o professor encontra pra criar novo material didático e da frustração sentida pelo mestre. No entanto, acredito que a questão da autonomia passa por diversos aspectos, bem como o interesse do profissional em buscar apóio e novas formas de reciclagem profissional, se colocando como autor do seu próprio desenvolvimento.

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vladia Usuário

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Postado em : 6/12/2006 - 21:03:33

Entendi as dificuldades apresentadas no relato da professora, entretanto, não vivencio das mesmas dificuldades no meu local de trabalho, mas acredito que o professor assim como qualquer outro profissional precisa exercer sua autonomia em sua atividade, com o intuito de alcançar sempre novas possibilidades para sua sala de aula e para o seu aperfeiçoamento constante.

Luciana Usuário

5 mensagens

Postado em : 6/12/2006 - 21:24:48

Penso que autonomia, em qualquer situação é fundamental para o incentivo e criatividade principalmente no ambiente de trabalho. Ao abordarmos a escola mais especificamente o professor , acredito que este precisa ter autonomia plena desde que saiba lida com esse "poder", pois não podemos esquecer que o mesmo é um formador de opinião e um exemplo a ser seguido por muitos. Em relação ao padrão didático e o local da escola, é fundamental o professor tomar as decisões pois ele que está próximo a realidade de cada indivíduo envolvido no processo. Não acredito que a autonomia esteja relacionada somente com a forma que lida com o comportamento de sua turma mas também em relação ao métodos em que esse conteúdo será ministrado, participação nas decisões para melhora tanto do ensino quanto da estrutura da escola, entre outros. Concluindo a falta da autonomia pode contribuir ao "engessamento" do professor fazendo com que esse siga o modelo da educação bancária onde por falta de liberdade este deposite o conhecimento no aluno. Desmotivando a trabalhar na lógica da educação problematizadora, onde todos possam dialogar, adaptar e criar conhecimentos dentro das suas realidades por meio da troca de experiências.

renata Usuário

5 mensagens

Postado em : 6/12/2006 - 21:42:35

Considero que o professor, necessariamente precisa ter autonomia para atuar com eficiência. Autonomia plena para lidar com questões didáticas e também no que se refere à introdução de conteúdos que sejam importantes para o aprendizado. Acredito que o projeto-político- pedagógico não pode se apresentar como uma estrutura fechada e construída unicamente por profissionais distantes da realidade que se apresenta. Na construção deste projeto deve haver a participação de docentes, discentes e da comunidade, considerando-se e respeitando-se as diferenças sociais e culturais. Este é um fator importante para a motivação de todos aqueles que estão envolvidos no processo educativo.

maripassos.rj

Usuário

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Postado em : 6/12/2006 - 21:51:05

Concordo com as professoras Maria Isabel e Luciana, quando afirmam que o professor deve ter autonomia plena para ensinar. Se ele fica preso unicamente àquilo que é determinado pelos órgãos burocráticos, então estaremos vivendo dentro de uma "ditadura", onde são pré- determinados os assuntos que irão ser tratados e como estes serão pensados. E onde, dentro deste contexto, o aluno terá oportunidade e espaço de construir o seu conhecimento, e não apenas ingeri-lo ? Considero ainda que se o professor tem autonomia no ensino, e este é adequado à realidade do aluno, haverá maior motivação de ambos e, conseqüentemente maior aproveitamento, como já foi elucidado pelos colegas anteriormente.

Rosiangela

Usuário

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Postado em : 6/12/2006 - 23:00:47

No relato sobre autonomia, percebi uma certa desmotivação do professor com relação à sua prática, diante de tantas dificuldades que enfrenta a cada dia. Dificuldades essas de diversas ordens, não só sociais, mas culturais, econômicas, políticas, dentre outras. Concordo com inúmeros relatos baseados nos estudos de Paulo Freire sobre educação bancária X educação problematizadora, sempre contemplando a realidade sócio-

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econômica e cultural da comunidade escolar. Ressalto a importância de toda escola ter um projeto político-pedagógico que também contemple todos estes aspectos, para efetivamente ser uma escola cidadã.

Soares Usuário

9 mensagens

Postado em : 7/12/2006 - 10:43:54

Li com muita atenção o relato de todos os colegas e cada um com seu ponto de vista aborda muito bem a questão da autonomia. Entretanto, olhando alguns recortes de jornal que coleciono sobre temas ligados ao ensino, me deparei com uma reportagem datada de 12 de outubro de 2006 cujo título é: "Rio tem 12 mil professores com jornada dupla". A reportagem mostra que os professores municipais, às vezes, triplicam sua jornada de trabalho para tentar melhorar o nível salarial. Uma das professoras entrevistadas relata que sai de casa para o trabalho às 6:30 e só retorna às 22:30 pois leciona em duas escolas públicas e em uma escola privada. Relata que por causa disso, procura falar o menos possível e se limita a cumprir apenas aquilo que é pedido, sem adicionar nada diferente. Aí fiquei pensando no tema que estamos discutindo e conclui que a autonomia profissional está diretamente relacionada à capacidade que a professora tem de decidir as coisas de sua própria vida. Se por um lado os burocratas nos amarram a programas e planos pré-determinados, por outro, os baixos salários também fazem com que percamos a vontade de inovar. Não é à toa que o país tem as piores taxas de repetência do mundo, acima apenas de 12 países africanos! A autonomia não só é relativa, como está interligada a uma série de outras situações de nossa vida.

sonia

Usuário

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Postado em : 26/12/2006 - 17:32:43

Concordo coma maioria dos relatos acima e me solidarizo com a colega que fez o primeiro relato, pois as vezes é desanimador ver que os burocratas da educação interferem com embasamento teórico,mas nenhuma vivência prática. Quantas vezes tive que "burlar" as orientações da Secretaria de Educação por perceber que elas não se aplicavam à realidade da escola em que trabalho, no subúrbio, em área de risco! No início,ficava apreensiva, sem ter mesmo certeza se o que eu fazia era correto ou não. Hoje tenho certeza que é necessário que o professor tenha autonomia plena para lidar com as especificidades de sua turma/escola. Nesta semana foi divulgado um estudo do Ministério da Educação mostrando algumas iniciativas pioneiras (e diferentes) em diversas escolas públicas do Brasil, com excelentes resultados, fruto da autonomia de professores e diretores que se libertaram das algemas castradoras dos burocratas da educação! É necessário termos diretrizes para seguir, e não normas rígidas. Por isso acredito que o professor tem que ter plena autonomia para ensinar de acordo com a realidade de sua comunidade. O que vocês acham?

[email protected]

Usuário

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Postado em : 23/1/2007 - 23:10:03

Como educar sem motivação? Como estar motivado sem autonomia? O professor verdadeiro, como afirma Paulo Freire, aprende ao ensinar e ensina ao aprender, para isso precisa voar, inovar.... É claro que algumas regras, normas e princípios devem ser estabelecidos para que haja uma mínima padronização e evite uma bagunça geral. Entretanto, a burocracia jamais pode interferir na criatividade. A responsabilidade do docente em formar cidadãos críticos se torna mais fácil quando ele conhece sua realidade e pode interferir para mudá-la.

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Anexo 4

Fórum 2: Pedagogia da Autonomia – Análise do Texto

Segundo Turno

Fóruns | Resumo Crítico - Semíramis Alencar | Responder

adm Usuário

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Postado em : 22/1/2007 - 21:07:36

Semíramis Alencar 1. Introdução Pedagogia da autonomia do professor Paulo Freire relata propostas de práticas pedagógicas necessárias a educação como forma de proporcionar a autonomia de ser dos educandos respeitando sua cultura, seu conhecimento empírico e sua maneira de entender o mundo que o cerca. Paulo Freire ressaltou que a temática abordada neste livro foi uma constante preocupação ao longo de sua vida como educador. Esta obra é um condensado de pensamentos defendidos em seus outros livros, que visam a integração do ser humano e a constante procura de novas técnicas que valorizarão a curiosidade ingênua e crítica, se transformando em epistemológica. Condena a rigorosidade ética a que se curva aos interesses capitalistas e neoliberalistas, que excluem do processo de socialização, os esfarrapados do mundo. Como aspecto principal de sua abordagem pedagógica, constata que “formar” é muito mais que treinar o educando no desempenho das tarefas; Chama a atenção dos educadores formados ou em formação à responsabilidade ética, elucidando-os na arte de conduzir seres à reflexão crítica de suas realidades. Destaca valores como simplicidade, humanitarismo, esperança e bom senso: aspectos distantes da sociedade atual, onde o capitalismo impera conduzindo as massas ao consumismo desenfreado e a alienação coletiva pelos meios de comunicação. O abandono educacional em que vivem nossas escolas, prende-nas a táticas de ensino ultrapassadas e desconexas. Propõe uma humanização do professor enquanto mentor e guia no processo educativo-social, conscientizando os educandos de todas as camadas sociais, sobretudo as de baixa renda, das manipulações políticas que as mantêm sob seu jugo. Esta obra se faz imprescindível à condução do corpo discente em prol de uma sociedade mais justa e de valores igualitários; na formação crítica de professores que, além de educar, estarão conscientizando e orientando os futuros cidadãos.

Total de visitas: 30 | Total de respostas: 8

Soares Usuário

9 mensagens

Postado em : 23/1/2007 - 10:05:14

Concordo integralmente com o pensamento do grande Paulo Freire nesta obra, onde fica claro a necessidade de "formar" um cidadão completo. A autonomia tem sido um tema recorrente em vários estudos e acredito que todas nós professoras interessadas em cada vez mais melhorar a formação de nossos alunos, devamos discutir sempre esse tema. Li recentemente que em um estudo realizado pelo MEC algumas escolas públicas do interior do Brasil conseguiram aumentar o rendimento de seus alunos, superando em alguns casos os alunos da rede privada, com propostas inovadoras, adequadas à realidade local, num claro exercício de autonomia. Logo, caras colegas, assim como eu sempre estou motivada a "brigar" por aquilo que acredito (dentro do

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conhecimento científico, claro!) exercendo minha autonomia, espero que todas vocês também possam mostrar suas idéias para que possamos elevar o nível de conhecimento de nossas crianças.

maripassos.rj Usuário

5 mensagens

Postado em : 23/1/2007 - 21:17:47

Concordo plenamente com todas as palavras de Paulo Freire, e acredito verdadeiramente que o propósito maior da educação é o de formar cidadãos. Para isso, a autonomia do professor é fundamental, principalmente em um país com tantas diversidades. Só cada professor pode saber quais são as verdadeiras necessidades de seus alunos, porque os conhece melhor. Ditar regras rígidas, e "engessar" o processo de ensino- aprendizagem dificulta aumentar a auto- estima dos alunos, que é tão fundamental para que haja interesse e curiosidade na aquisição de conhecimentos. Não há bom desempenho se os alunos não estão estimulados. E sem conhecer as necessidades de cada grupo não é possível educar, mas só treinar.

Rodrigo Jan

Usuário

5 mensagens

Postado em : 23/1/2007 - 22:25:20

O professor Paulo Freire, como sempre, é sensato em suas afirmações. Quando abordado o assunto "autonomia", fica claro, segundo o autor, que a mesma deveria ser uma prática empregada por todos os professores. Contudo, sabemos que funciona bem na teoria, mas na prática, não podemos afirmar o mesmo. Não existe uma receita de bolo, uma regra fixa para se utilizar de recursos pedagógicos ao nosso favor, devemos tratar cada caso individualmente para que possamos providenciar, para determinada situação, o método que nos é cabível, sem comprometimento na qualidade do ensino.

Luciana Usuário

5 mensagens

Postado em : 24/1/2007 - 21:00:15

Concordo plenamente com Paulo Freire onde o ensino teria que ter como base a educação problematizadora ou dialógica. No entanto percebo dificuldades nesse processo pois com o passar dos anos os alunos estão cada vez mais imaturos exigem dos professores seus direitos e tem dificuldades em cumprir seus deveres , as vezes por falta de oportunidade ou por falta de interesse em seu crescimento intelectual. Nesse processo, esse profissional precisa de autonomia para educar e realizar o que acredita, pois o mesmo vive a realidade daquela população onde está inserido e sabe quais as reais necessidades de cada aluno. A autonomia, interesse, dedicação e realização pessoal são os pilares para a motivação desse profissional para enfrentar todas as dificuldades de nossa sociedade e formar futuros cidadãos que pelo seu trabalho o admiram e escolhem ser realmente cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.

renata Usuário

5 mensagens

Postado em : 25/1/2007 - 10:19:05

A educação é, sem dúvida, um poderoso instrumento de transformação social. Somente por meio da educação pode-se esperar um país mais igualitário e justo. No entanto, para que este processo realmente aconteça temos que ultrapassar a prática pedagógica ainda vigente em algumas escolas, onde a educação funciona ainda como um instrumento de dominação. É preciso perceber a educação, como descrito por Paulo Freire, como um instrumento de libertação e autonomia, utilizando recursos pedagógicos que garantam a participação do aluno na construção do conhecimento. Somente desta forma, o aluno terá a capacidade de discernir com clareza sobre questões fundamentais à sua vida.

eduardo59

Usuário

6 mensagens

Postado em : 26/1/2007 - 19:26:06

Mais uma vez Paulo Freire deixa claro a necessidade de um olhar multiplural sobre os aspectos culturais e socioeconômicos da criança ,possibilitando assim, trazer à tona a completa realidade dos escolares e não fragmentos da mesma.Com isso evitamos uma concepção superada de educação e chegamos à uma visão emancipadora e realmente transformadora do processo pedagógico, onde a Autonomia não só é respeitada mas considerada como uma condição indispensável no cotidiano escolar.

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Leonardo Usuário

7 mensagens

Postado em : 30/1/2007 - 17:21:48

Acho fantástica a capacidade do autor em não nivelar os professores em modelos pré-estabelecidos respeitando suas singularidades e formação cultural de cada indivíduo. Assim como Soares apresenta o caso de algumas escolas públicas no interior do Brasil que com propostas inovadoras, conseguiram aumentar o rendimento escolar de seus alunos adequando às inovações com a realidade local. Acredito que a autonomia seja um exercício diário, no qual aprendemos com nossas próprias experiências e com o ambiente que nos cerca e com isso desenvolver nossa capacidade de reflexão e ação.

joana

Usuário

6 mensagens

Postado em : 31/1/2007 - 10:54:40

Ninguém melhor do que o sábio Prof. Paulo Freire para expressar com exatidão a questão da autonomia, tão discutida e tão pouco praticada. Quando se discute autonomia as questões que aparecem são: autonomia de quem? Se eu tenho autonomia para decidir sobre determinada questão, minha amiga professora também tem, a diretora também, a orientadora pedagógica também, etc... Logo, autonomia caminha junto ao bom-senso. A prof. Mariana Passos ressalta a questão de "engessar", não permitindo que os professores se afastem daquilo que foi pré-determinado, o que é um erro! As realidades são diferentes e o professor deve fazer as adaptações necessárias dentro de uma coerência lógica, de forma a respeitar as diretrizes curriculares que o MEC determina e adaptá-las às situações locais. Quando a criança sente que a escola é parte de sua vida, seu interesse cresce e os resultados aparecem. Entretanto, quando ela vê a escola apenas como um lugar chato e desinteressante pois trata de assuntos e fatos que não estão de acordo com a sua realidade, seu rendimento cai, desestimulando-a de prosseguir com os estudos. As experiências inovadoras de algumas escolas (às vezes apenas de alguns professores) mostram o que o Prof. Paulo Freire sempre demonstrou em seus estudos. Creio que esse livro (que aconselho todas as minhas queridas amigas professoras a comprá-lo, até porque é barato!) ilustra muito bem a questão da autonomia.

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Anexo 5

Fórum 3: Interatividade – Relato sobre Interatividade

Primeiro Turno

Fóruns | Relato sobre interatividade | Relato sobre interatividade Responder

Relato sobre interatividade

adm Usuário

8 mensagens

Postado em : 22/1/2007 - 21:14:57

Quando vejo meus filhos no computador “conversando” com seus amigos penso que no ambiente da escola também poderia ser assim: os alunos interagindo positivamente com a máquina (computador) da mesma forma que interagem no dia-a-dia com seus amigos e professores na escola. Penso mais longe ainda, no dia em que pudermos aprofundar nossos conhecimentos e trocar experiências profissionais pelo computador. Eu não tenho a mesma facilidade que meus filhos têm para usar o computador, mas ainda assim eu me esforço para tirar alguma informação boa que eu possa usar na escola. É difícil para mim e para a maioria dos meus colegas tirar proveito das reciclagens dadas pela Secretaria de Educação. Quase sempre são encontros que duram o dia todo, distante da escola onde trabalhamos, com muitos professores reunidos ao mesmo tempo, e no final do dia temos uma sensação maior de frustração do que de ganho, pois tudo o que vemos são as reclamações de sempre: salário baixo, violência na escola, falta de material, etc... Se a Secretaria pudesse fazer essas reciclagens pelo computador, com assuntos interessantes, que a gente pudesse “conversar” com outros professores trocando experiência seria mais interessante, porque tanto isso poderia ser feito na própria escola, como na nossa própria casa. • A interatividade “eletrônico-digital” que é ao mesmo tempo técnica e social seria a melhor alternativa para a capacitação profissional? • Quais os fatores que facilitariam/dificultariam a interação professor-professor na sua capacitação não presencial? • Quais os fatores que facilitariam/dificultariam a interação professor-professor na sua capacitação presencial? • As capacitações oferecidas pela Secretaria de Educação quase sempre são obrigatórias. Numa capacitação não presencial o professor realmente assumiria o compromisso de acessar o ambiente virtual? • Além do fórum de discussão, a interação professor-professor no processo de capacitação profissional pode ser feita com a utilização de e-mail, Chat e lista de discussão. Quais as vantagens/desvantagens de cada um deles? • Na sua opinião, haveria motivação para o professor freqüentar um curso de capacitação profissional não presencial?

Total de visitas: 35 | Total de respostas: 10

Leonardo

Usuário

7 mensagens

Postado em : 22/1/2007 - 21:46:13

No meu ponto de vista, vejo que a capacitação profissional do professor pode e deve ser influenciada por novas tecnologias. Estamos seguindo uma corrente que não possui mais volta, fenômenos como o Orkut que possui diversas comunidades de professores que discutem e questionam seus anseios e tiram dúvidas com seus colegas já é uma realidade bastante comum. A dúvida apresentada no relato da professora nos faz perceber as dificuldades que certos grupos de professores enfrentam para participar de encontros de reciclagem oferecidos pela Secretaria de Educação e que segundo a professora acabam por não suprir suas necessidades. Acredito que novas tecnologias bem como novas formas de interação dos professores, resulte em um desenvolvimento profissional mais efetivo para esse profissional.

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Soares Usuário

9 mensagens

Postado em : 23/1/2007 - 14:22:43

Minha querida colega apresenta as mesmas dificuldades que muitas outras espalhadas por esse Brasil afora e na minha opinião isso é apenas a ponta de um iceberg imenso que precisa ser vencido. O professor necessita dominar as novas tecnologias do ensino/aprendizagem para poder tirar maior proveito disso em sala de aula. Entretanto é necessário que também exista um esforço maior por parte das Secretarias de Educação, não apenas para programas que oferecem computadores para as escolas, mas principalmente para uma capacitação inicial dos professores para tirar o melhor proveito desse tecnologia que permite a interação e a troca de experiências em tempo real ou não de professores distantes entre si. Acredito que a troca de experiências utilizando a capacitação à distância seja um excelente método para a capacitação profissional. Dentro disso, os fatores que facilitariam a interação do professor em sua capacitação não presencial seriam a possibilidade de elaborar melhor suas questões e pontos de vista, bem como a quebra da barreira da timidez. Por outro lado, um fator limitante seria a autodisciplina para entrar no ambiente digital para se capacitar. Mas essa questão pode ser vista de duas formas: enquanto as capacitações presenciais da Secretaria de Educação são sempre obrigatórias (o que as tornam desmotivantes) a não-presencial é livre, podendo entrar no ambiente virtual e interagir com os outros professores no melhor momento do dia, como estou fazendo agora! Dessa forma, volto a afirmar que existe uma necessidade premente de capacitar o professor em "novas" tecnologias de ensino pois quando se disponibiliza um computador para uma criança, em dois tempos ela desvenda tudo e começa a cobrar do professor a mesma desenvoltura. O mundo se transforma a cada instante e nós, professores, não podemos ficar para trás! Outro dia vi um anúncio de um curso de inglês dizendo que a partir desse ano todas as salas terão e-board! Vocês sabem o que é e-board??????

maripassos.rj

Usuário

5 mensagens

Postado em : 23/1/2007 - 21:40:24

Na minha opinião não há como fugir dos avanços da tecnologia e da capacitação profissional feita através do uso de novas tecnologias. Até porque, este tipo de capacitação não limitaria a participação de uma única secretaria, a utilização de novas tecnologias de informação e comunicação para capacitação de professores, possibilitaria troca de experiências de professores de todo o país. E quanto não ganharíamos com toda essa riqueza de experiências distintas! No entanto, acho que esbarramos em um grande problema que é o acesso a utilização destas tecnologias. Acho que as secretarias deveriam criar programas de estímulo ao aumento deste acesso. Não cursos de capacitação como os que vêm sendo feito atualmente, mas programas permanentes (quem sabe até com a participação das universidades) para aumentar o interesse e estímulo dos professores, de forma que a capacitação torne-se não mais uma obrigação, mas um interesse, uma necessidade sentida dos professores.

[email protected]

Usuário

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Postado em : 23/1/2007 - 22:52:10

Concordo que a capacitação a distância é uma tendência em todas as áreas. Entretanto, em meio a correria diária, profissional e pessoal a que somos submetidos, será que um professor (a) exausto (a) após um dia inteiro de trabalho, teria paciência, concentração e forças para ficar no computador trocando suas experiências? Conseguiria raciocinar por mais interessante que fosse o debate? Faço o papel de advogado do diabo.... Vcs poderiam dizer, mas e nos finais de semana? Com o número de empregos que os professores precisam ter, será que nos seus dias de descanso não teriam que realizar ou colocar em dia afazeres domésticos, a lição de casa dos filhos, ou mesmo ter um tempo para divertirem-se? Talvez fosse justo que o professor pudesse usar de maneira permanente parte de sua carga horária com seu aprimoramento, estudando....

Rodrigo Jan

Usuário

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Postado em : 23/1/2007 - 22:55:13

Em pleno século XXI, é quase inadmissível que não exista uma interatividade "eletrônico-digital",como questionado anteriormente. No mundo atual, onde a noticia corre muito rápido, a Internet surgiu para convergir informações, e essa se faz cada vez mais veloz. Por mais que apareçam dificuldades com as ditas "novas tecnologias", é cobrado pelo aluno um mínimo entendimento da parte do professor acerca do assunto. O ambiente virtual seria um excelente método de troca de experiências de professores que, por exemplo, trabalham em locais com escassez de recursos

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pedagógicos interagirem com outros, ricos em idéias inovadoras. Porém, o professor deve sempre lembrar que, apesar de não possuir a mesma obrigatoriedade das capacitações realizadas pela Secretaria de Educação, ele deve ver o lado prazeroso dessa interatividade. E-mails, fóruns, listas de discussão, todos são válidos na troca de experiência. O chat implica na presença da pessoa naquele momento, e nem todos utilizam a Internet na mesma hora do dia. E nunca esquecer do aluno, o que mais se beneficia com essa interatividade professor-professor.

Luciana Usuário

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Postado em : 24/1/2007 - 20:11:12

Acredito que a interatividade eletrônico digital seria uma excelente opção para atualização e capacitação de profissionais ligados ao ensino, se traduzindo no processo da educação continuada. No entanto existem duas grandes dificuldades onde a primeira seria a informatização dos espaços educativos e o segundo o treinamento dos docentes para utilização do computador. Penso que o profissional interessado busca o conhecimento, e a interatividade eletrônica facilitaria esse processo pois ele decidiria o momento e o tempo disponível para acessar o espaço virtual. Acredito haver uma maior interação entre os participantes quando comparado com as capacitações "obrigatórias" que se traduzem em um único encontro presencial. Apesar da minha opinião ser extremamente a favor do processo de educação a distância, nada acontece sem o interesse do profissional para mudanças e quebra de alguns paradigmas com intuito do crescimento de todos.

renata Usuário

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Postado em : 25/1/2007 - 09:56:38

O avanço tecnológico propiciou e propicia inúmeros benefícios à sociedade, cabendo ao ser humano saber utilizá-lo com sabedoria. Como exemplo, temos na atualidade, a possibilidade do processo de ensino-aprendizagem não presencial. Considero este processo extremamente interessante, pois há uma otimização do tempo do profissional que hoje tem uma elevada carga de trabalho. Assim, na educação não presencial o professor pode escolher o melhor momento para sua reciclagem, o que funciona como um elemento motivador. Porém, como todo método ou técnica, o ensino não presencial também apresenta algumas desvantagens e neste sentido, eu destacaria a dificuldade de aprendizagem de alguns conteúdos que, pela sua magnitude, não podem ser explicitados, unicamente, pela linguagem verbal, tendo como intermediário a máquina, no caso o computador. Por outro lado, na educação presencial temos um grupo de pessoas com conflitos, frustrações, emoções e perspectivas diversas, o que pode interferir no aprendizado do grupo. Neste caso, tem-se que ter em sala um professor motivado, com espírito de liderança, que conduza o grupo na busca dos objetivos propostos. É importante considerar, então que, independentemente da metodologia proposta para o processo ensino-aprendizagem as partes envolvidas precisam, necessariamente de algo que lhes desperte o interesse, ou seja, de motivação.

eduardo59

Usuário

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Postado em : 26/1/2007 - 18:29:48

A interatividade é uma realidade que está presente no nosso cotidiano. Seu impacto na vida do escolar merece um olhar especial já que a amplitude de possibilidades pode levar à dispersão sem benefícios reais para a criança. O grande desafio é abrir essas inúmeras portas, possibilitando uma escolha de atividades e de informações que acrescentem realmente. A necessidade de desenvolver um olhar critico por parte dos escolares diante da multimídia é o ponto inicial do desafio dós pais e professores para fazer da interatividade uma ferramenta útil no cotidiano escolar.

joana

Usuário

6 mensagens

Postado em : 31/1/2007 - 10:28:35

Concordo com os colegas e acredito que a prof. Maria de Fátima Soares, sempre atenta aos acontecimentos coloca muito bem a questão da necessidade de interação para troca de conhecimentos, o que leva ao desenvolvimento profissional docente. Entretanto isso deveria ser uma atividade constante no dia-a-dia da escola, de forma que o professor pudesse dentro de sua carga horária aprofundar seus conhecimentos presencialmente ou via web. Não adianta essa estória de capacitação via Secretaria de Educação que já se mostrou um modelo falido, e tampouco acreditar que o professor vá utilizar seu tempo livre (!?) investindo em capacitação, quando, como bem pontua a Prof. Inger, chega em casa exausta e ainda com a responsabilidade de cuidar da casa e

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dos filhos. É inegável a necessidade de interação/interatividade, principalmente via web, mas também é inegável que o poder público também precisa sair do discurso para a prática e valorizar o tempo de capacitação do professor, sem adotar a postura rançosa de que na escola o tempo é para dar aula e para se aperfeiçoar a professora que encontre outro tempo. Isso não existe!

vladia Usuário

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Postado em : 4/2/2007 - 22:08:39

Não acredito que o uso de novas tecnologias seria a melhor alternativa para a capacitação profissional. Acredito que em muito ela contribuirá, no entanto, não acredito que seja ainda uma realidade brasileira o uso do computador na formação profissional do professor seja com o ensino a distância ou com ótimos e raros espaços virtuais para professores. Como ressalta Soares o professor necessita dominar as novas tecnologias do ensino/aprendizagem para poder tirar maior proveito disso em sala de aula. Quando isso for uma realidade para a grande maioria dos professores da rede pública poderá haver uma maior interatividade entre esses profissionais e com cursos e treinamentos on-line evitando gastos e perda de tempo com deslocamentos.

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Anexo 6 – Fórum 3 – Conversando sobre Interatividade – Análise de Texto

Segundo Turno

Interatividade adm

Usuário

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Postado em : 5/2/2007 - 21:46:47

Conversando sobre Interatividade Alessandra de Assis Picanço Andréa Ferreira Lago Maria Helena Silveira Bonilla Nelson De Luca Pretto Sidnei Alvaro de Almeida Lima Tânia Maria Hetkowski Este texto é o resultado de vários encontros realizados pelos membros do Grupo de Educação e Comunicação/NEPEC/FACED/UFBA na tentativa de responder a questão "o que é interatividade?". Nessa tentativa, acabamos desenvolvendo um processo interativo, ou seja, o processo de construção coletiva acabou sendo a explicitação do próprio conceito. Devaneamos nas ondas da potencialização, virtualizamos processos dinâmicos, fluímos ao encontro de novos interlocutores. É difícil dizer como tudo começou - e será que é possível determinar o início de qualquer coisa? - A questão vinha à tona cada vez que um grupinho se encontrava na sala de aula, no núcleo de trabalho, no corredor. Às vezes a discussão fluía durante o almoço, regado por boas e frutíferas conversas, por dúvidas e reclames de nós alunos-pesquisadores, visto que os encontros de sala de aula não chegavam a atender às necessidades específicas do grupo. A dinâmica da sala de aula, tanto no curso de pós-graduação, quanto no de graduação, levou-nos a uma insatisfação, pois não trazia para a discussão questões importantes para a prática pedagógica no contexto atual, destacando-se dentre elas, o conceito/prática de interatividade. Dessa forma, aumentava a necessidade de um espaço interativo, onde pudéssemos nos encontrar e falar da complexidade das relações em diferentes dimensões. Assim, formamos o grupo INTERATIVIDADE, que desejou intensamente interagir, e convidou inicialmente autores como Marco Silva, Pierre Lévy, Alex Primo e Márcio Cassol, Edgar Morin, interlocutores que nos provocaram e colaboraram em nossas calorosas discussões. Num primeiro momento parece muito simples falar de e construir ambientes propícios à interatividade, mas não o é. Procuramos buscar diferentes visões e/ou significações dadas ao conceito. Para alguns, interatividade é sinônimo de interação. Para outros, interatividade significa simplesmente uma “troca”, um conceito muito superficial para todo o campo de significação que abrange, o que tem contribuído para que o termo seja usado em larga escala e na maioria das vezes de forma difusa. Temos como exemplo disso os programas de TV onde os espectadores podem escolher entre duas ou três opções, previamente definidas. Embora isso seja apresentado como interatividade, alguns autores definem como reatividade (Machado, 1990), uma vez que nada mais resta ao espectador senão reagir aos estímulos a partir das alternativas que lhe são oferecidas. Para Lemos (2000), interatividade é um caso específico de interação, a interatividade digital, compreendida como um tipo de relação tecno-social, ou seja, como um diálogo entre homem e máquina, através de interfaces gráficas, em tempo real. Entretanto, para Lévy (1999:82) “a interatividade assinala muito mais um problema, a necessidade de um novo trabalho de observação, de concepção e de avaliação dos modos de comunicação do que uma característica simples e unívoca atribuível a um sistema específico”, não se limitando, portanto às tecnologias digitais. Assim, nossas discussões giraram em torno da distinção entre interação e interatividade; as perguntas fluíam, umas entrelaçadas noutras:

Total de visitas: 37 | Total de respostas: 8

maripassos.rj

Usuário

Postado em : 8/2/2007 - 19:15:54

Definiria interatividade como troca através de interações e através destas trocas, deste somatório de diferentes informações e de diferentes percepções é que podemos gerar, construir conhecimento de maneira mais ampla e mais rica. A interatividade na minha

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8 mensagens opinião, pode ser digital ou não, podemos em um grupo de discussão, não digital gerar várias formas de interatividade. Interatividade para mim, é a chave para a construção do conhecimento. Até porquê o conhecimento não é estático, como muda sempre, deve estar sempre em discussão. Se não permitimos interatividade, voltamos ao velho, e falido, processo de transmissão de conhecimento.

Soares Usuário

12 mensagens

Postado em : 12/2/2007 - 17:48:30

Muito interessante a abordagem dos autores acerca do que pode ser definido como "interatividade". Na minha opinião, esse processo está muito na dependência do ser humano querer ou não participar de processos interativos. Senão vejamos: em um ambiente de sala de aula a professora se esforça ao máximo trazendo exemplos e situações da realidade do local, mas enquanto um grupo de alunos participa, interage, troca experiências, outro grupo fica alheio porque simplesmente aquele assunto não lhe interessa. Concordo com a professora Mariana quando ela coloca que a interatividade é a base para a construção do conhecimento, e também concordo com os autores do texto quando argumentam que a interatividade pode ser alcançada por diversas formas, inclusive pela novas tecnologias da informação via web. Seria muito bom se pudéssemos estar sempre interagindo com diversos professores para construir novos conhecimentos, pois isso é a base para a melhoria do nosso ensino. Esse texto veio a sedimentar meu pensamento sobre esse assunto e até modificou um pouco meu conceito sobre o tema. Parabéns para os autores.

Leonardo

Usuário

9 mensagens

Postado em : 12/2/2007 - 18:29:27

Muito interessante a opinião dos autores ressaltando que a interatividade não é um processo linear. O simples fato de estarmos discutindo essa questão nos coloca em um processo interacional. Os autores afirmam que interatividade: “É interruptabilidade, é não-linearidade, é potência, é cooperação, é permutabilidade e é predisposição do sujeito a falar... ouvir... argumentar... é disponibilizar-se conscientemente para mais comunicação. Ou seja, transitar, transmigrar e desenvolver um modo de pensar e agir segundo uma racionalidade-em-trânsito". Particularmente na minha vivência em sala de aula, vejo esse processo como contínuo e descontínuo. Em determinados momentos é perceptível a interatividades entre os alunos que se ajudam mutuamente na construção de seu conhecimento, outra hora dispersos em seus próprios devaneios ou a se interessar por qualquer outra coisa. Eu acredito que essa dinâmica escolar faz com que sejamos mais criativos e que precisemos nos interagir cada vez mais.

Rosiangela

Usuário

7 mensagens

Postado em : 12/2/2007 - 18:56:25

Com o advento das novas tecnologias da informação e da comunicação muito se ampliou estes conceitos de interatividade e conseqüentemente de interação. Concordo com o autor que considera a interatividade como algo que transcende a aparatologia digital ou virtual, pois a processo educacional é dinâmico e bilateral (professor/aluno). No meu modo de ver, esses seriam os meios ou as estratégias de escolha no desenvolvimento do processo educacional. Acredito na sensibilidade e na percepção do professor em relação ao seu espaço ou território de ação, em estabelecer qual seria a melhor forma de transmitir conhecimentos, qual a melhor forma de estimular o aprendizado em si. Para isso é primordial o conhecimento dos seus alunos, das suas necessidades, das suas limitações, das suas diferenças de todas as ordens, principalmente as culturais. Sigamos este caminho tentando desvendar esses conceitos tão complexos e tão úteis às nossas práticas educacionais.

Rodrigo Jan

Usuário

8 mensagens

Postado em : 12/2/2007 - 21:06:47

A interatividade é algo que deve ser adotado por todos os professores e alunos, por se tratar de um tema enriquecedor para ambos os lados. Com a famosa "globalização", cada vez mais se faz necessário o uso da tecnologia a nosso favor e, com ela, a troca de informações,experiências, benéficas ou não. Com isso, a interação que ocorre entre professores de países distintos e muitas vezes longínquos é muito válida, pois uma metodologia empregada pode ser perfeitamente adaptada para outro local carente de novas metodologias. Nesse caso, tanto alunos como professores se beneficiarão dessa interatividade, aprofundando ainda mais seus conhecimentos acerca de determinado

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assunto.

Luciana Usuário

8 mensagens

Postado em : 13/2/2007 - 13:52:50

Concordo com autor onde interatividade é um conceito mais amplo do que meramente uma troca de idéias. Também é diferente de interação que em determinadas situações pode ser vista como uma reação de uma das partes. No processo da educação esse conceito se aprofunda a medida que professor precisa ser muito mais do que um conselheiro, como o autor coloca bem, o professor precisa ser um estimulador de curiosidade e fonte de dicas para que o aluno viaje sozinho no conhecimento obtido nos livros e nas redes de computador. No entanto discordo quando este afirma que o professor não é “facilitador” – acredito que esse papel seja facilitar o conhecimento tornando-o mais acessível ao aluno,trabalhando num contexto criativo, aberto, dinâmico e complexo. O conhecimento deve estar contido na interatividade e essa deve ser fonte da formulação de novos conhecimentos.

renata Usuário

8 mensagens

Postado em : 13/2/2007 - 14:20:12

A discussão sobre interatividade traz à tona a necessidade de se rever, como já discutido anteriormente, a prática pedagógica vigente. Não se pode pensar em interatividade, na sua definição mais ampla, sem a possibilidade de comunicação e participação efetivas. Da mesma forma, professores e alunos devem atuar em um contexto aberto, desenvolvendo habilidades e competências relacionadas, principalmente, à capacidade de criação e inovação. Por fim, concordo plenamente com a necessidade de se estabelecer estratégias que permitirão a atuação de professores e alunos, em cenários diversos que sofrem mudanças constantes.

eduardo59

Usuário

9 mensagens

Postado em : 13/2/2007 - 18:46:43

Concordo plenamente com maripassos-rj na definição de interatividade como um somatório de diferentes informações e de diferentes percepções para gerar conhecimentos de forma mais rica e ampla. Mas no diferentes relatos não percebi a preocupação com algo que pode desvirtuar totalmente o conceito de interatividade que é a limitação das propostas como em um programa de TV onde as pessoas podem "interagir" optando entre três ou duas opções previamente escolhidas. Definitivamente isto não é interatividade já que toda a reatividade é excluída. Daí meu cuidado a definir um campo de ação realmente propício a esta ótica .Não podemos de maneira alguma colocar a tecnologia no altar das possibilidades se as pessoas envolvidas não estiverem predispostas a realmente criar um espaço propício a um espaço real de interatividade

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Anexo 7 – Fórum 4 – Argumentação – Relato de um professor Primeiro Turno

Relato de um Professor adm

Usuário

10 mensagens

Postado em : 6/2/2007 - 21:19:57

Nas reuniões de conselho de classe, quando não temos tópicos bem direcionados e coordenados, acabamos perdendo tempo, pois todo mundo fala ao mesmo tempo e todos acham que estão com a razão. Desta forma, ninguém escuta ninguém e, conseqüentemente, não se aprende com a experiência do outro porque não existe troca de conhecimento. Parece que aquilo que ensinamos na sala de aula não vale para nós mesmos, pois na sala exigimos que o aluno levante o dedo quando quer falar e que os demais permaneçam em silêncio ouvindo o colega: ele faz a pergunta ou questiona (argumenta) alguma coisa e depois discutimos juntos, e todos os colegas ganham com isso, pois aprendem juntos. Já nas nossas reuniões, parece que todo mundo sabe tudo e que todo mundo tem razão. Por isso as pessoas acabam desmotivadas para participar delas. Talvez fosse melhor ter um “caderno de ocorrências” na escola, onde o professor pudesse colocar seu ponto de vista (argumento) quando alguma situação surgisse para que a discussão nas reuniões fosse mais proveitosa. • Como a argumentação contribui para um ambiente de aprendizagem colaborativa? • De acordo com o relato, a argumentação em um “fórum de discussão” teria mais atenção dos participantes do que em uma reunião presencial? • A experiência e o conhecimento individual pode influenciar no aprendizado do coletivo? De que forma? • O fórum, por possibilitar a entrada do participante a qualquer momento, é mais adequado para uma contra-argumentação? Quais seriam as vantagens/desvantagens? • A aprendizagem colaborativa deve sempre estar baseada na argumentação de seus participantes para que se possa encontrar soluções para as questões/problemas?

Total de visitas: 46 | Total de respostas: 12

maripassos.rj

Usuário

8 mensagens

Postado em : 9/2/2007 - 11:15:25

Acho que em qualquer tipo de discussão de grupo, seja ela presencial ou não, é fundamental a presença de um mediador ou coordenador. O que parece faltar no caso relatado pelo colega, é uma pessoa que se colocasse como responsável a tentar organizar as sugestões do grupo. Sem dúvida nenhuma a argumentação e a troca de experiências e conhecimento não só contribuem, como são fundamentais em um ambiente de aprendizagem colaborativa. Quanto aos fóruns de discussão, sua vantagem seria que os assuntos que estivessem em pauta, fossem discutidos a qualquer momento, não só naquele marcado para a reunião, e sem dúvida ajudaria na organização das idéias e na contra- argumentação, porém sem a presença de um mediador, corre-se o risco de que a contra- argumentação apareça apenas como uma oposição de idéias, e não como uma troca de experiências diferentes que acrescentem ao conhecimento de todos.

eduardo59

Usuário

9 mensagens

Postado em : 13/2/2007 - 18:19:49

Concordo plenamente que a presença de um mediador é indispensável. Não basta anotar as idéias ou discuti-las aleatoriamente ,já que dessa maneira corremos o risco de apenas opinarmos sobre vários itens sem que o assunto ou os assuntos em pauta não sejam analisados com a profundidade que merecem.Com um mediador a discussão pode aprofundar-se e principalmente chegar a um ponto comum de onde será dada a partida para a ação transformadora, que é o que esperamos.

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mrendeiro Usuário

2 mensagens

Postado em : 13/2/2007 - 19:08:51

O aprendizado é um processo criativo e interativo. Para que este ocorra, e para que uma reunião seja produtiva, não basta uma pauta organizada com os assuntos que seriam de interesse de todos, mas a seleção de assuntos/temas/argumentos, que possam convergir para processos criativos coletivos, dotando os participantes de capacidade resolutiva, diferente do que acontece quando existem múltiplas racionalidades vigentes, que não permitem o aprofundamento crítico de nenhum tema, nem a possibilidade de converter o interesse de todos. A argumentação em um "fórum de discussão", com a presença de um coordenador, possibilitaria maior atenção dos participantes, não só por permitir a reflexão crítica sobre as idéias colocadas e, a partir do diálogo e contra-argumentação, facilitar a seleção de problemas e o aprendizado coletivo. Outra vantagem do fórum, seria oportunizar que cada um se perceba diferente e singular mas, em um ambiente de convivência democrática, compreenda e assimile as argumentações de todos, dando um novo significado às questões colocadas, sendo portanto, uma importante ferramenta para os processos educativos.

Soares Usuário

12 mensagens

Postado em : 21/2/2007 - 11:04:54

Na verdade o que a colega relata a respeito de reuniões na escola acontece muitas vezes, mostrando um certo "despreparo" dos professores para lidar com opiniões divergentes. A argumentação se baseia em pontos de vista adquiridos por conhecimentos anteriores, passíveis de contra-argumentos ou contestações. Entretanto, é preciso estar em um espaço democrático onde todos possam participar efetivamente para se criar um clima de aprendizagem colaborativa. É impossível aprender sem ouvir o conhecimento ou a experiência do outro! A colega Maripassos ressalta a necessidade da presença de um mediador, com o que concorda o colega Eduardo e Mrendeiro. Nas reuniões da escola, o coordenador de ensino e/ou o diretor não assumem essa função? E resulta em que? Em discussões, na maioria das vezes improdutivas! Não quero dizer com isso que a presença do mediador seja dispensável, mas apenas que a criação de um ambiente de aprendizagem colaborativa é uma conquista diária, que se solidifica ao longo do tempo a partir da democratização do diálogo entre os participantes. A colega que fez o relato fala em "caderno de ocorrências" coisa que já aconteceu na minha escola e que podemos dizer que seja um ancestral do fórum de discussões. Ele é adequado para que se coloque o ponto de vista sem interrupção, mas posteriormente é necessário uma discussão de todos para se chegar a um consenso. Desta forma acredito que a aprendizagem colaborativa deva ser estruturada no conhecimento e experiências compartilhadas em um ambiente democrático, onde cada um possa se expressar e, mais que isso, estar aberto a mudanças.

joana

Usuário

8 mensagens

Postado em : 26/2/2007 - 12:14:39

Essa questão de argumentação causa muita controvérsia quando todas as pessoas acreditam ter razão em seus argumentos. Eu tenho aprendido muito com os colegas deste fórum, mas nem sempre minhas experiências são iguais. A argumentação é um processo construído e que necessita ser estimulado entre professores e entre professor-aluno. Todas as questões anteriores aqui discutidas, como interatividade, indisciplina, etc.. poderiam ser resolvidos com a utilização de argumentos consistentes. Por outro lado, é preciso também ter humildade para saber aceitar os contra-argumentos e entender que ninguém é "o dono da verdade ou do saber". Nas reuniões de conselho de classe ou mesmo nas reuniões de pais e mestres não podemos "impor" nossa vontade, mas sim argumentar sobre nossos pontos de vista para que exista uma verdadeira integração na escola e entre a escola e a comunidade.

Rodrigo Jan

Usuário

8 mensagens

Postado em : 27/2/2007 - 20:57:07

Concordo com a idéia de MariPassos quanto a necessidade de um mediador, já que diversos pontos de vista serão analisados, todos baseados em experiências prévias. Cabe a esse mediador filtrar as informações pertinentes à discussão em questão para que a mesma se torne produtiva. Contudo, se esse mediador, seja ele diretor ou coordenador da escola, não cumpre seu papel nessa discussão, como Soares alegou previamente, cabe aos demais participantes elegerem um novo mediador, para que esses encontros tornem-se construtivos para todas as partes, e não diversas pessoas

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falando ao mesmo tempo, sem nenhuma produtividade final.

profamariaisabel Usuário

3 mensagens

Postado em : 28/2/2007 - 09:02:08

A palavra ensino já pressupõe que existe um processo, contínuo alimentado e retro-alimentado pelas experiências de todos que participam do mesmo. Por isso, toda argumentação e contra-argumentação é válida neste processo. Porém, para que uma reunião de ensino seja proveitosa é necessário organização. A nomeação de um intermediador ou representante/presidente, ou qualquer outro nome pertinente torna-se fundamental: este indivíduo fará a organização dos tópicos a serem abordados em cada reunião, que poderão ser entregues com antecedência aos participantes para que a reunião tenha um rendimento maior e fazendo as intervenções necessárias, para que os pontos-chave não sejam perdidos durante um encontro. De certa forma, o bom senso das pessoas que formam este grupo de ensino também é um ponto importante para que as estratégias e práticas de ensino debatidas em uma reunião sejam aplicadas corretamente.

Rosiangela

Usuário

7 mensagens

Postado em : 28/2/2007 - 19:38:10

Estes espaços para exposição de idéias são fundamentais para a troca de experiências, sejam eles: fóruns, conselhos de classe, centro de estudos, reuniões, dentre outros. Infelizmente, muitos fatores contribuem para que não se aproveite estes momentos como deveriam se aproveitados. Às vezes, por falta de percepção da importância dos mesmos para toda a comunidade escolar. Outras vezes, nos deparamos com a própria vaidade humana, que nos impede de ouvir o que o outro nos tem a dizer. Falta também humildade para saber ouvir e analisar as verdades do outro. Não somos obrigados a aceitar ou acatar todas as ordens de idéias, mas devemos respeitar as idéias alheias, para juntos, com nossas diferenças, chegarmos a um denominador comum.

Luciana Usuário

8 mensagens

Postado em : 28/2/2007 - 20:54:31

De acordo com o relato, argumentação é sinônimo de questionamento. Penso que esse tópico seja fundamental para o desenvolvimento de qualquer assunto independente da área. Por meio da troca dos saberes seja em sala de aula ou numa reunião, é que surgem as argumentações que geram pensamentos críticos, reflexivos e criativos, os quais se traduzem em novos conhecimentos tanto para o indivíduo quanto para o coletivo. Acredito que a contra-argumentação no Fórum de discussão seja enriquecedora para o grupo, pois cada indivíduo estará com sua atenção voltada para esse momento,pois reservou seu tempo para o mesmo. Penso que é importante a presença de um coordenador no processo do debate. Esse tem o papel de orientar o tema para que o mesmo não se perca, promover a interação do grupo, estimular a participação e contribuição de cada indivíduo para responder as questões ou problemas. Dessa forma esse coordenador incentiva a busca de futuras soluções.

renata Usuário

8 mensagens

Postado em : 28/2/2007 - 21:02:11

Para que a argumentação realmente contribua na aprendizagem colaborativa é preciso, primeiramente,que todos os participantes estejam predispostos a ouvir. Assim a argumentação poderá levar a discussão e avaliação sobre um determinado assunto ou tema, propondo-se soluções coletivas para os problemas apresentados. O fórum de discussão parece ser um espaço que oferece aos participantes a possibilidade de análise e reflexão mais aprofundada, antes da contra-argumentação. É justamente a partir da argumentação que surgem novos conhecimentos e é impossível deixar de perceber que a aquisição desses conhecimentos sofre interferência direta das nossas experiências de vida.

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aguerra Usuário

1 mensagens

Postado em : 14/3/2007 - 20:26:02

Penso que a idéia do fórum de discussão seja mais apropriada para o que se pretende. Acho que o exercício da escuta é muito importante porque além de aprendemos com os problemas dos colegas, ocorre a possibilidade de solucionarmos os nossos. Penso que o despreparo para as reuniões esteja ligado justamente à tradição. A própria argumentação é em si, aprendizado e, inúmeras perguntas precisam ser feitas antes de se tornarem "argumentos". As dificuldades dos professores podem ser sanadas a partir de uma discussão em que cada docente respeite o tempo do colega no que se refere à explanação. Não me parece simpática a idéia do moderador.

Leonardo

Usuário

9 mensagens

Postado em : 17/3/2007 - 18:54:22

Acredito que e o nosso argumento seja formado de premissas oriundas de nossas próprias experiências e do conhecimento que compartilhamos com a comunidade que estamos inseridos. O fato de podermos compartilhar aquilo que pensamos saber e expô-lo a apreciação de todos faz com que estruturemos ainda mais o nosso argumento, pois pelo simples fato de proferir uma opinião estamos em processo de formação do nosso argumento. Quanto ao fato de compartilharmos dessas experiências com um público ainda maior que é o fórum virtual nos possibilita aprofundar nosso conhecimento e até mesmo uma mudança de opinião

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Anexo 8 – Fórum 4 – Argumento, Persuasão e Explicação – Análise de Texto Segundo Turno

Resumo adm

Usuário

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Postado em : 13/3/2007 - 21:03:00

Argumento, Persuasão e Explicação - RESUMO por Desidério Murcho Este artigo procura esclarecer dois aspectos relacionados e sutis da noção de argumento. Trata-se da noção especializada de argumento forte ou fraco e da distinção entre argumentos e explicações. Um argumento é um conjunto de afirmações em que se procura sustentar uma delas (a conclusão) por meio das outras (as premissas). A forma lógica de um argumento é apenas a sua estrutura relevante para a validade dedutiva. É por isso que não se pode evitar dizer que um argumento é um conjunto de afirmações em que se pretende que uma delas seja sustentada pelas outras. Assim, qualquer argumento com a forma lógica do argumento seguinte é válido: Se a vida não fizesse sentido, Deus não existiria. Mas Deus existe. Logo, a vida faz sentido. Esta forma lógica e as suas variações são tão comuns que têm um nome tradicional: modus tollens. Este argumento é válido: a sua forma lógica é válida. Mas será racionalmente persuasivo? Dificilmente. Ora, em qualquer processo argumentativo parece evidente que as premissas têm de ser mais aceitáveis ou plausíveis do que a conclusão. Esta noção de que há uma relação entre a plausibilidade das premissas e conclusões dos argumentos, e que só quando essa relação de plausibilidade é a descrita temos um argumento racionalmente persuasivo, levanta dúvidas legítimas. Mas poderá um argumento ser racionalmente persuasivo apesar de o grau de plausibilidade das suas premissas não ser superior ao grau de plausibilidade da sua conclusão? O caso mais forte a favor de uma resposta favorável é a possibilidade de as premissas e a conclusão partilharem o mesmo grau de plausibilidade. Em conclusão, nem a validade nem a solidez dão conta, por si só, da argumentação persuasiva. A validade é um conceito exclusivamente lógico; a verdade das premissas, necessária para estabelecer a solidez de um argumento, é um conceito metafísico; e a argumentação persuasiva é um conceito epistêmico.

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Soares Usuário

12 mensagens

Postado em : 14/3/2007 - 00:00:13

A questão da argumentação, como muito bem evidencia o texto de Murcho ressalta aspectos importantes relacionados ao argumento, que é fundamental para uma boa discussão. As discussões produtivas em reuniões de pais e mestres e mesmo nas reuniões internas entre os professores e direção/coordenação devem estar apoiadas em argumentos sólidos e que possibilitem o contra-argumento para o crescimento profissional. O estudo epistemológico, que é um estudo critico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já constituídas e que visa determinar os fundamentos lógicos e o alcance dos objetivos delas é extremamente importante para o entendimento global da argumentação. A minha experiência mostra que quando o aluno questiona o professor e ele não tem argumentos consistentes para responder, acaba caindo no descrédito, o que não é bom. De igual forma, em reuniões entre professores, quando se lança uma idéia para melhorar o desempenho em sala de aula, é necessário ter argumentos sólidos para efetivamente discutir e conseguir adesões ao pensamento, ou seja, persuadir seus colegas. Na verdade, como ressalta Murcho, o argumento deve sustentar as conclusões a partir de suas premissas. Se elas são verdadeiras e consistentes, a tendência é de que os colegas reflitam sobre sua propriedade e acabem por aderir a essa nova idéia. Entretanto, se ela for frágil, dificilmente conseguirá a adesão dos demais. Na minha escola, por exemplo, o argumento de que o aluno deva ser acompanhado em suas atividades diárias, individualmente, não importando os resultados que ele obtenha nas provas, não encontra eco, pois é humanamente impossível um professor acompanhar 30 ou 40 alunos do ensino fundamental para

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atribuir um conceito que o faça passar de série independente do resultado em provas. Entretanto, em algumas secretarias de educação isso é norma e faz com que os alunos avancem na escola sem ter aprendido verdadeiramente os conteúdos necessários. O que vocês acham disso?

eduardo59 Usuário

9 mensagens

Postado em : 14/3/2007 - 18:18:00

Concordo plenamente com Soares ao levantar questão de que um aluno em sala de aula ou em reuniões de pais e mestres deva ter/haver uma argumentação consistente para não cair no descrédito total. Não é possível discordar simplesmente pelo ato de discordar ou por outros motivos. O desafio surge na formulação de uma argumentação que exija do mesmo mais que uma predisposição emocional. Outro fato importante,também levantado por Soares é a aprovação sistemática sem que haja o conhecimento básico por parte dos alunos. Tal fato de imensa gravidade merece reflexão e exige que os responsáveis desta medida levantem com propriedade uma argumentação que sustente este ato.

Rosiangela

Usuário

7 mensagens

Postado em : 14/3/2007 - 19:04:05

A importância da argumentação em um discurso é inegável, mas a força das premissas é que certamente sustentam as conclusões. A meu ver, quanto mais plausíveis forem essas premissas, mais persuasivo será o desfecho desta argumentação. Concordo com o autor quando se refere à questão da possibilidade das premissas e das conclusões partilharem o mesmo grau de plausibilidade. Sobretudo, acredito que o poder de convencimento ou da persuasão depende do cuidado na elaboração das premissas, que quanto mais sólidas e pautadas na força da verdade e em fundamentos lógicos é que levarão às conclusões, na maioria das vezes, irrefutáveis.

Luciana Usuário

8 mensagens

Postado em : 14/3/2007 - 19:21:20

O texto define claramente a questão da argumentação, um argumento é um conjunto de afirmações em que se procura sustentar a conclusão por meio das premissas. Interessante que o argumento pode ter força persuasiva ou não, ser racional ou não e ser sólido ou não, depende muito das premissas, que resultam numa conclusão verdadeira ou não. Essa variabilidade e vagueza retrata o conceito do relativismo cognitivo, ou seja, o que uma pessoa considera um bom argumento outra pessoa considera o mesmo argumento mau. Neste sentido o próprio autor questiona em seu texto todos têm razão e ninguém tem razão? Acredito que a resposta esteja no fato de que todos os seres humanos, não têm acesso a todas as verdades, têm de se guiar pelo que lhes parece mais plausível, de acordo com suas experiências e saberes. Nas ciências, mudanças de “verdades” de uma determinada época denominamos de paradigma e segundo Kuhn , significa as realizações científicas reconhecidas universalmente, as quais, durante algum tempo embasam ou fundamentam de uma forma padronizada ou modelar o problemas e soluções de praticantes de uma determinada ciência. Podemos concluir que um paradigma,retrata os diversos argumentos que já foram discutidos no decorrer do tempo com diferentes premissas, chegando a diferentes conclusões, que são dependentes dos agentes racionais envolvidos. E...neste sentido o que é o certo? e o que é o errado?

mrendeiro

Usuário

2 mensagens

Postado em : 14/3/2007 - 20:08:55

A argumentação, entendida como um conjunto de enunciados relacionados entre si, que constituem-se nas premissas para a conclusão, normalmente são utilizados para provar ou refutar algum enunciado ou chegar à verdade. Um argumento é válido quando todas as suas premissas forem verdadeiras e sua conclusão tiver que ser necessariamente verdadeira. Um argumento válido cujas premissas são verdadeiras deveria convencer a todos, no entanto, isto nem sempre acontece. Do mesmo modo, um argumento inválido, com premissas falsas pode convencer alguém. Na verdade, o modo como os fatos são encarados algumas vezes são mais importantes do que o fato em si. Questiona-se: a verdade objetiva é independente dos pontos de vista?

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Rodrigo Jan Usuário

8 mensagens

Postado em : 14/3/2007 - 22:18:22

O autor Desidério Murcho foi muito categórico ao afirmar que um argumento é um conjunto de afirmações em que se pretende que uma delas seja sustentada pelas outras. Concordo plenamente, já que as premissas dão real sustentação e credibilidade tanto às próprias afirmações quanto a conclusão. O grau de veracidade dessas premissas está diretamente relacionado à capacidade de persuasão da argumentação de forma geral. Concordo plenamente com Soares quanto a importância de uma argumentação consistente tanto com alunos, onde será essencial, muitas vezes, para imposição de limites, quanto com os professores em discussões, levando a reflexão dos mesmos e até uma mudança de atitudes. Outra questão corretamente levantada por Soares é do avanço escolar onde o aluno não apresenta-se capacitado para tal. Isso levaria a outra discussão, mas foi impossível não acordar com o colega quanto a essa questão. Os argumentos que levam a essa conduta são validos? cabe aí outro fórum acerca do assunto.

profamariaisabel

Usuário

3 mensagens

Postado em : 15/3/2007 - 08:47:50

Quando lemos o texto do autor Desidério Murcho muitas questões sobre a argumentação são levantadas: o significado de argumentação, que passa pela discussão ou controvérsia para sustentar um raciocínio que é finalizado com uma conclusão; das premissas, que são fatos ou princípios que servem de bases para a conclusão e; da própria conclusão, que simboliza o fechamento de todo um contexto lógico de raciocínio. Porém, é em sua conclusão, do texto, que o autor fecha com os mais importantes conceitos: o que faz uma argumentação ser persuasiva ou não dependerá muito de quem a está ouvindo - suas experiências, seus conceitos e pré-conceitos, seu estilo de vida etc. O autor exemplificou muito bem a questão quando falou da lógica da existência divina, pois se para alguns ela é real, para ateus ela terá uma outra conotação. Portanto a capacidade de persuasão de um argumento, não está baseada apenas em seu raciocínio ou sustentabilidade mas também refletirá a aceitação pessoal ou de um grupo às suas premissas.

maripassos.rj

Usuário

8 mensagens

Postado em : 15/3/2007 - 20:44:47

Concordo com Rosiangela, quando esta afirma que quanto mais plausíveis forem as premissas mais persuasivo será o desfecho das argumentações e conseqüentemente mais persuasiva será a conclusão. Acho que as premissas devem ser não só plausíveis como verdadeiras e dignas de crédito, pois esta veracidade é a melhor de todas as persuasões. No entanto, o que é "a verdade"? Tentando responder a esta pergunta concordo com profamariaisabel, as ditas "verdades" dependem muito do grupo que ouve, de suas experiências e necessidades sentidas. Só quando enfocamos e percebemos estas realidades, podemos encontrar argumentos para encontrarmos formas verdadeiras de persuasão. Desta forma, o conhecimento de quem é o outro, suas necessidades, experiências e etc...torna-se base para qualquer forma de argumentação. Então dentro do ambiente escolar temos que nos interar da realidade da nossa comunidade (professores, alunos, pais, familiares) para podermos dar força a nossa argumentação.

joana

Usuário

8 mensagens

Postado em : 16/3/2007 - 08:24:14

Concordo com a colega Luciana quando questiona o que é certo ou errado, dentro dos padrões do relativismo cultural. Mas, quando discutimos argumentação, devemos lembrar que em uma mesma sociedade e em um mesmo momento histórico, como é a nossa escola, as verdades são absolutas! O argumento tem que se apoiar em premissas verdadeiras para que possamos chegar a conclusões que façam avançar o conhecimento, como pontuou a colega Rosiangela. Na minha escola tem uma professora que aceita qualquer argumento, baseada no argumento de que não vale à pena lutar contra o poder. Ela diz que não adianta discutir, argumentar, se no final somos obrigadas a fazer o que a Secretaria de Educação manda. Esse é um bom argumento, ou é apenas um argumento que convence? Mrendeiro diz que um argumento falso também pode convencer alguém e eu concordo, pois alguém que tenha a habilidade de utilizar bem as palavras pode tecer uma teia de raciocínios falsos, mas que levam ao convencimento. Um bom exemplo disso são os políticos em vésperas de eleição que tentam nos convencer de muitas coisas com argumentos que na maioria das vezes são muito frágeis, mas que são aceitos pela população com baixa

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escolaridade. Soares está correta quando fala que na relação professor-professor ou professor-aluno se não houver premissas adequadas que sustentem um argumento convincente caímos no descrédito. Murcho foi muito feliz em sua abordagem e eu fico me perguntando por que em nossas reuniões presenciais não temos observações tão relevantes como temos aqui neste fórum. Será por falta de bons argumentos?

renata Usuário

8 mensagens

Postado em : 17/3/2007 - 07:21:07

Em um primeiro momento acho importante destacar a questão levantada quanto a diferença entre argumentos e explicações. Penso que quando qualquer indivíduo se utiliza de argumentos para chegar ou levar alguém a uma conclusão ele não está simplesmente explicando algo e sim se utilizando de proposições plausíveis que lhe permitirão inferir ou conduzir alguém a uma determinada conclusão. Assim, na argumentação, por meio da discussão, existe realmente a possibilidade da construção de um conhecimento sólido. Neste sentido, é importante destacar a necessidade da argumentação estar sempre baseada em premissas plausíveis e verdadeiras.