O FUTURO DA PROFISSÃO DO ARQUITETO E URBANISTA · “Entendo que a Arquitetura e Urbanismo, assim...

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O FUTURO DA PROFISSÃO DO ARQUITETO E URBANISTA: Atuação do profissional hoje e tendências Material elaborado a partir das Oficinas promovidas pelo SAERGS com apoio do CAU/RS e FNA SETEMBRO / 2016

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O FUTURO DA PROFISSÃO DO ARQUITETO E URBANISTA:

Atuação do profissional hoje e tendências

Material elaborado a partir das Oficinas promovidas pelo SAERGS com apoio do CAU/RS e FNA

SETEMBRO / 2016

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1. INTRODUÇÃO

No mês de setembro de 2016, foram realizadas em Porto Ale-gre/RS cinco Oficinas, organizadas pelo SAERGS, com apoio da FNA e patrocínio do CAU/RS.

As Oficinas tiveram como objetivo principal ouvir profissionais em diferente áreas de atuação e saber como trabalham, suas principais atividades e dificuldades enfrentadas no exercício da profissão.

O evento contou com a presença de participantes no local e também foi transmitido para participantes com acesso online. O material foi gravado e permanece disponível e para acesso completo através do canal do Saergs no Youtube.

A partir dos debates realizados e de um levantamento de da-dos obtidos através dos registros de responsabilidade técni-ca (RRT / CAU), foi elaborada esta síntese que será utilizada como base para debates no Seminário Nacional que antece-de ao ENSA 2016.

Algumas questões principais foram apresentadas aos convi-dados ao longo das cinco Oficinas, com o intuito de promo-ver uma reflexão sobre a profissão do Arquiteto e Urbanista hoje e as perspectivas para o futuro.

Qual o valor do Arquiteto e Urbanista?

Quais as principais dificuldades atual-mente enfrentadas no exercício da ati-vidade profissional?

Quais são as perspectivas do futuro da profissão de Arquiteto e Urbanista?

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O presente documento está organizado em 09 capítulos.

Inicialmente é apresentada uma introdução com dados so-bre a distribuição de Arquitetos e Urbanistas no estado do RS e um levantamento das principais atividades técni-cas registradas (RRT) no CAU/RS no ano de 2016. Tam-bém são apontados os resultados de duas pesquisas reali-zadas. Uma delas com Arquitetos e Urbanistas no período de realização das oficinas (set. e out. 2016) e a pesquisa sobre a atuação profissional e a percepção da sociedade (CAU, 2015).

Os capítulos 02 a 07 reunem informações e as ideias princi-pais apresentadas em cada uma das 05 Oficinas.

O capítulo 08 resume e traduz em perguntas, os pontos destacados durante os debates e no capítulo 09 são apre-sentadas algumas considerações finais para reflexão.

O trabalho aqui reunido, assim como as Oficinas, não pre-tende responder ou delimitar caminhos para o futuro da profissão. Entendemos que o futuro não se prevê. Mas é possivel analisar eventos à nossa vista e vislumbrar ten-dências.

Se fizermos as perguntas certas, teremos respostas que po-dem nortear um futuro melhor.

Acima de tudo, precisamos abrir a mente para o que está acontecendo na realidade atual e não só projetar o futuro ba-seado nos sonhos do passado.

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Seção 1

Arquitetos e Urbanistas no estado do Rio Grande do Sul A partir dos dados do CAU, foram identificadas as cidades no estado do Rio Grande do Sul que possuem acima de 50 Arquitetos e Urbanistas registrados.

No mapa a baixo é possível identificar os subtotais de arquite-tos registrados por região e na listagem a relação por cidade.

Segundo dados extraídos do IGEO (14.11.2016), o número to-tal de Arquitetos e Urbanistas no Brasil é 142.306. No esta-do do RS são 13.003. Na capital Porto Alegre são 5.371. A região metropolitana e o centro do estado são as regiões que mais concentram arquitetos no RS, como pode ser observa-do no mapa. No RS o número de profissionais formados é se-melhante ao número de estudantes. Hoje são cerca de 14000 estudantes de arquitetura e urbanismo no RS. No Brasil há cerca de 525 cursos e no Rio Grande do Sul, 42 cursos, entre os oficialmentete registrados e em implantação.

Brasil: 142.306

RS: 13.003

Porto Alegre: 5.371

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Porto Alegre - 5.371

Novo Hamburgo - 388

Canoas - 354

São Leopoldo - 312

Gravataí - 85

Viamão - 74

Cachoeirinha - 58

Esteio - 54

___

Caxias do Sul - 764

Bento Gonçalves - 166

Farroupilha - 70

Taquara - 56

Gramado - 55

Garibaldi - 54

Canela - 49

Flores da Cunha - 49

Santa Cruz do Sul - 157

Lajeado - 156

Montenegro - 54

___

Capão da Canoa - 90

Torres - 85

___

Santa Maria - 393

___

Pelotas - 540

Bagé - 113

Rio Grande - 68

Santiago - 86

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Passo Fundo - 343

Marau - 58

Carazinho - 63

Cruz Alta - 63

Erechim - 115

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Seção 2

Atividades registradas amostra em 2016 RS

Amostra utilizada: número de atividades declaradas nos RRTs entre 01/01/2016 e 20/09/2016 - CAU/RS

O número total da amostra foi 17487 RRTs e a distribuição por atividades registradas seguiu a proporção de:

51% - PROJETO

39% - EXECUÇÃO

8% - Atividades Especiais em Arquitetura e Urbanismo

2% - Distribuidos entre:

Gestão

Meio Ambiente e Planejamento Urbano

Ensino e Pesquisa

Engenharia de Segurança do Trabalho

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Seção 3

Atuação profissional: enquete

No período em que foram realizadas as oficinas, foi disponibi-lizada uma pesquisa online com objetivo de conhecer um pou-co mais a respeito do exercício da profissional de arquitetos e urbanistas.

A pesquisa coletou respostas por dois meses, de setembro a novembro de 2016 e os resultados são apresentados a se-guir.

As perguntas foram:

1 - Você é arquiteto e urbanista?

2 - É formado há quanto tempo?

3 - Em que setor exerce atividade profissional?

4 - Qual é sua área de atuação e principais atividades exercidas?

5 - Em sua opinião e experiência, quais são as perspecti-vas do futuro da profissão de Arquiteto e Urbanista?

6 - Fique à vontade para registrar aqui comentários adicio-nais, sugestões e propostas.

Houve um total de 40 respostas, sendo 100% de profissio-nais formados, arquitetos e urbanistas;

55% dos participantes são formados há mais de 20 anos e 40% formados entre 5 e 20 anos;

Sobre o setor profissional em que os participantes atuam, 17 encontram-se no setor público, 14 são profissionais libe-rais, 12 trabalham no setor privado e 09 são professores. Alguns participantes atuam em mais de um setor.

Entre as atividades exercidas, as principais foram:

•projeto de edificações

•arquitetura de interiores

•ensino e pesquisa

•execução de obras

•urbanismo e desenho urbano

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Em sua opinião e experiência, quais são as perspectivas do futuro da profissão de Arquiteto e Urbanista?

“É preciso promover mais a profissão. O mercado está dire-tamente ligado ao entendimento da profissão pela socieda-de.”

“Acredito que o futuro da profissão deva ser do trabalho em equipes multidisciplinares. Ou seja, em locais onde profissi-onais de outras áreas trabalhem em conjunto com Arquitetos com a finalidade de captar clientes e desenvolver um trabalho completo.”

“Seguimos com a necessidade de valorização da profissão no nosso país. Muitos arquitetos acabam migrando para ou-tras áreas de atuação pois não encontram estabilidade e re-muneração digna. A necessidade cada vez maior de pensar-mos em construções sustentáveis pode ser um incentivo à va-lorização dos profissionais da área. Mas para isso é necessá-rio o apoio da sociedade como um todo.”

“A profissão é de importância fundamental para a sociedade e cidades em que vivemos, mas ainda não conseguimos de-monstrar a individualidade da profissão. Por falta de iniciati-va de todos os entes gestores da profissão , demonstrando continuamente que somos "coadjuvantes dos engenheiros" , por incrível que pareça , muitos arquitetos ainda continuam não entendendo a importância e significado da profissão sen-do que essa ação posteriormente gerará dividendos e o retor-no do trabalho executado.”

“Um ambiente pulverizado com profissionais autônomos e mi-croempresas que trabalham com parcerias que se formam por projetos, onde o arquiteto precisa assimilar muito sobre gestão de pessoas e processos e atua como um agregador entre diversos profissionais e disciplinas. O projeto arquitetôni-co como matéria isolada e sem relação com um contexto mais amplo é uma exceção, ínfimo ou quase inexistente. Os valores serão cada vez mais achatados e são essas movimen-tações para campos laterais que farão a diferença.”

“Trabalho cooperativo e associado, cada vez menos como empregado. O setor público não valoriza a profissão praticando baixa remuneração, principalmente nas Prefeitu-ras. Campanha de resgate do papel do arquiteto é urgente e necessário.”

“Com a criação do CAU , se deve vislumbrar novas perspecti-vas para a profissão, mas essa não é a causa principal. Por que o arquiteto urbanista é um profissional essencial para a sociedade e para as cidades em que vivemos.

TEREMOS MELHORES E MAIORES PERSPECTIVAS se as Entidades que nos representam , conseguirem conscienti-zar os arquitetos da sua importancia do seu trabalho . Por que a grande maioria dos arquitetos , ainda não vislum-bram e não descobriram a importancia da profissão, assim como o retorno financeiro do seu trabalho.

O arquiteto continua "encolhido" no seu canto e continua se sentindo peça coadjuvante de outros profissionais.”

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“Entendo que a Arquitetura e Urbanismo, assim como outras profissões que exploram a criatividade, passam por uma transformação conceitual inevitável diante das possibilida-des que a internet desencadeia, bem como, a fabricação de itens, cada vez mais forte, de elementos pré-moldados uti-lizados nas edificações. Pra mim o desafio da profissão, no Brasil, será o de se reinventar e se adaptar aos novos tem-pos.”

“Penso que apesar de todas as crises que passamos, a boa arquitetura continuará existindo, entretanto para a maioria dos futuros profissionais não deverá existir emprego e/ou tra-balho, tendo em vista o grande número de cursos e o peque-no poder aquisitivo da população.”

“Precisamos união em defesa do salário mínimo profissio-nal para que não aconteça distorções como as que ocorrem nos Correios, onde recebemos um básico (da empresa) e um adicional para equiparação à legislação. Esse adicional está sempre sujeito ao não pagamento futuro, o que torna a rela-ção profissional/salarial instável. Outra causa que os verdadei-ros profissionais devem abraçar é a extinção da prática de re-serva técnica e esse verdadeiro "furto" ao cliente. O que deve-mos é batalhar para que as tabelas de honorários sejam devi-damente respeitadas.”

“Nossa profissão ainda aparece inferiorizada à profissão do Engenheiro. Independente da área de atuação a compara-ção com esses profissionais sempre diminui o ofício do Arqui-teto. Acredito que há muito a se fazer para mudar essa menta-

lidade e elevar nossa profissão ao nível que realmente mere-ce.

Também ressalto que desisti de trabalhar como profissio-nal liberal e procurar um concurso pela estabilidade finan-ceira que este garante, pois antes era impossível pagar as contas e, sinceramente, não acho que essa realidade irá mu-dar tão cedo. Muitos colegas de trabalho estão desistindo de seus escritórios particulares para investir em outras profis-sões/negócios.”

“Enquanto não for realizada uma conscientização acerca da relevância desta profissão no crescimento econômico e na gestão das cidades que atinja a todos os públicos, vejo um futuro de muita dificuldade ainda, de conquistas muito pontuais, ao invés de um crescimento coletivo da classe.”

“Sinceramente, não sei. Porém, parto da minha convicção de que essa profissão é um meio poderoso que deve ser utili-zada para contribuir para que as pessoas vivam melhor, convi-vam melhor entre si e com o meio onde estão inseridas. Nos-sa disciplina pode e deve estar a serviço da equidade, do res-peito e da harmonia entre os seres. Isso é bem genérico, eu sei, mas é como eu vejo a sustentabilidade, a permacultura, a bioarquitetura, o urbanismo.”

Observação: transcrição de algumas respostas à pergunta n.05, sem identificação de autoria.

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Fique à vontade para registrar aqui comentários adicio-nais, sugestões e propostas.

“Ainda hoje em dia a profissão do Arquiteto e Urbanista é pou-co valorizada pela sociedade. Muitos acham caros os nos-sos honorários, mas não entendem que construir ou refor-mar sem a presença de um profissional pode se tornar mais caro ainda.”

“Acho que falta autoestima na profissão.”

“Boa sorte, SAERGS, em sua missão de defesa da profis-são.”

“Necessitamos (as entidades profissionais, o CAU, e outras entidades) divulgar mais nossa profissão, assim como atu-ar para a qualificação dos profissionais que se formam.”

“Acredito que nosso sindicato deva intervir mais na obrigato-riedade pelo pagamento do piso aos profissionais CLT. Também deveria pensar em alguma forma de as empresas contratarem os arquitetos com essa denominação e não como projetistas, auxiliares e assistentes. Dessa forma fui contratada em 2013 por uma empresa privada para receber R$ 1.500,00 mensais com a responsabilidade de Arquiteta.”

“Acho que a faculdade de arquitetura (no meu caso UFRGS) não prepara o aluno para o exercício profissional. O estágio deveria ser obrigatório pelo menos nos dois últimos anos de curso e o aluno deveria ter aulas práticas no cantei-ro de obras desde o início da faculdade. No meu caso, tive

que fiscalizar obras em que o mestre de obras sabia mais do que eu. O fato de ter que ser responsável técnica pela execu-ção de obras e o baixo valor pago por esta responsabilidade acabou fazendo-me desistir da profissão.”

“Acredito que as instituições de ensino de arquitetura preci-sam focar mais em ciências sociais, filosofia, antropolo-gia, economia, e assim em urbanismo. Para que o urbanis-mo não seja apenas ateliê de desenho urbano na graduação e uma matéria a ser aprofundada apenas em pós-graduação, tendo poucas opções de pós profissionalizantes, muitas pos-suem enfoque teórico. Outra questão importante é estimular a reciclagem de conhecimento dos técnicos da prefeitu-ras brasileiras sobre Planos Diretores eficientes e aplicá-veis. Tratado como uma politica obrigatória independente do gestor que ocupa o cargo de prefeito por um período.”

“Falta-se discutir continuadamente a ética na profissão. Nada a ver com "código de ética", mas com a postura com que o profissional está comprometido e vinculado às suas atividades.”

Observação: transcrição de algumas respostas à pergunta n.06 (preenchimento opcional), sem identificação de autoria.

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Atuação profissional e a percepção da sociedade

Qual a importância da Arquitetura e do Urbanismo na vida das pessoas?

A pesquisa realizada pelo CAU/BR-Datafolha em 2015, ouviu mais de 2.400 pessoas em todo o país, sobre as percepções da sociedade sobre Arquitetura e Urbanismo. Segundo a pes-quisa, realizada com 2.419 pessoas em todo o Brasil, 54% da população economicamente ativa já construiu ou refor-mou imóvel residencial ou comercial. Desse grupo, 85,40% fizeram o serviço por conta própria ou com pedreiros e mes-tres de obras, amigos e parentes. Apenas 14,60% contratou arquitetos ou engenheiros. A região Sul é a que apresentou o maior percentual de utilização de profissionais tecnicamente habilitados: 25,90%, contra 74,10% que não se valeram de seus serviços.

fonte: http://www.caubr.gov.br/pesquisa-caubr-datafolha-revela-visoes-da-sociedade-sobre-arquitetura-e-urbanismo/

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A pesquisa quantitativa, feita em 177 municípios das cinco re-giões brasileiras, foi seguida de outra qualitativa, em seis capi-tais do país (Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Belém e Goiânia), reunindo 12 grupos de oito pessoas cada. Nessas entrevistas, a maioria das pessoas que utilizou ape-nas serviços de mestres de obras ou pedreiros mostrou-se ar-rependida. Falta de planejamento, custos acima do orçamen-to original, descumprimento de prazos, desperdício de materi-ais e retrabalho (refazer serviços) foram as principais razões apontadas. 

O levantamento do Datafolha indicou que a principal barreira para a contratação de serviços de arquitetos é o senso co-mum de que se trata de um trabalho caro. Ao serem informa-dos de que o custo é de cerca de 10% do valor total da obra, a maioria julgou ser uma boa relação custo/benefício.

Cerca de 70% das pessoas que compõem a população eco-nomicamente ativa afirmam que contratariam os serviços de um arquiteto e urbanista para construções ou reformas. A par-cela dos que já contrataram os serviços de arquitetos e urba-nistas é de 7%. Entre as pessoas com curso superior e das classes AB, essa taxa é mais que o dobro, chegando a 16%.

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O conhecimento das atividades dos arquitetos e urbanistas é, de modo geral, maior entre os mais privilegiados em ter-mos educacionais e econômicos.

A pesquisa quantitativa também perguntou aos brasileiros quais as principais atividades profissionais realizadas por arquitetos e urbanistas. A principal atividade apontada é o projeto arquitetônico, seguido de gerenciamento de obras e planejamento urbano.

Para conhecer o resultado da pesquisa, na íntegra, acesse o link: http://www.caubr.gov.br/pesquisa2015/

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2. ATUAÇÃO PROFISSIONAL HOJE E TENDÊNCIAS

A partir da realização das Oficinas e dos debates, ficou claro que não conhecemos efetivamente a realidade atual da profissão. Diversas perguntas enriqueceram as discussões e apontaram caminhos para a busca de respostas:

Que profissional nossas escolas estão formando hoje?

Por que não existe uma correlação direta entre o número imenso de arquitetos no Brasil e a qualidade dos espaços construidos?

Como o profissional que sai da faculdade enfrenta o mercado de trabalho?

Que motivos reais levam a tanta insatisfação dos profissio-nais e ao afastamento dos órgãos de representação da cate-goria?

Qual é o valor que o arquiteto e urbanista atribui ao seu traba-lho?

Como superar o despreparo para atuar no mercado de traba-lho atual, em relação à equipes colaborativas, uso de novas tecnologias, capacidade de gestão, entre outros?

O arquiteto vê seu trabalho como um negócio, tem visão e competência empreendedora? Está preparado para os desafi-os do mercado?

Continuamos repetindo os padrões do passado?

Por que insistimos em manter e formar nossos arquitetos den-tro de uma auto imagem ultrapassada?

Usamos a comunicação e a publicidade a nosso favor?

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Há desvalorização e falta de conhecimento do nosso papel como arquiteto?

Existe a prática e a cultura do planejamento no Brasil?

Ainda somos formados para sermos grandes arquitetos e ela-borar grandes projetos?

Arquitetura é um produto?

Conhecemos e afirmamos nossa identidade dentro da profis-são?

Quem é o arquiteto hoje?

Quem é o arquiteto que a sociedade precisa?

Que tipo de arquiteto queremos ser?

O que os arquitetos pensam de si próprios e o que a socieda-de pensa e demanda em relação aos arquitetos?

De que qualidade estamos falando?

De que crise estamos falando?

É uma crise de mercado, de identidade do papel do arquiteto, de confiabilidade?

As entidades profissionais estão atuando de forma conjunta pela profissão?

Seremos capazes de acrescentar algo à sociedade?

O arquiteto e urbanista tem um importante papel no aprimora-mento e na superação das dificuldades urbanas.

Temos que sair daqui dispostos a criar mecanismos novos para que o debate e a discussão, resulte em mudanças efeti-vas.

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3. FORMAÇÃO DO ARQUITETO E URBANISTA - oficina 01

link para video: OFICINA 01- 16.09.2016

Com a temática “Educação dos profissionais”, o objetivo des-ta oficina foi realizar um balanço sobre o O CONTEÚDO DO EXERCÍCIO DA PROFISSÃO - A EDUCAÇÃO DO ARQUITE-TO E URBANISTA, alguns tópicos embasaram o debate da 1a Oficina:

• A educação do profissional, Diretrizes Curriculares Nacionais de Arquitetura e a atualidade da profissão.

• A relação entre a legislação e o ensino e a resposta deste profissional aos desafios da profissão.

• A relação entre a formação a atribuição das ativida-des dos arquitetos no exercício profissional.

• Quais as áreas de fronteira do exercício profissio-nal?

• Estado da arte entre ensino e prática profissional.

• A relação entre a formação, a atribuição e o escopo das atividades dos arquitetos no exercício profissional.

• O Arquiteto e Urbanista como formador de novos profissionais, o papel do ensino como profissão.

Realização: 16.09.2016

Mediadora: Andrea Santos

Debatedores convidados:

Elena Salvatori

Ivan Mizoguchi

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Elena SalvatoriLink para video: Elena Salvatori

Graduada em Arquitetura pela UFRGS (1977), com prática profissional inicial em projetos de arquitetura e fiscalização e execução de obras civis; professor na UFPel (1989-1997); Mestre em Antropologia Social pela UFRGS (1995); professor na UFRGS (1997-atual); Doutora em Teoria e História da Arqui-tetura pela UPC (2006); Professora Associada no Departamen-to de Arquitetura, coordenou o Núcleo de Avaliação da Unida-de (2009-2014), dedica-se a pesquisas na área de 'Formação e Profissão' e é membro da CAA-INEP da Área de Arquitetura e Urbanismo (2014-2016). http://professor.ufrgs.br/elena-salvatori/

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Quando se fala em diretrizes curriculares, é importante fazer uma retrospectiva e ver como chegamos a elas. Até meados do século passado, não existia uma grande regulamentação profissional. Os arquitetos eram um grupo muito restrito. Era um profissional de elite. Ninguém falava em crise. To-dos se conheciam.

Por volta dos anos 50 foi definido o currículo mínimo das fa-culdades para formação dos arquitetos. Ele corresponde ao perfil profissional definido. Tivemos muito poucos cursos de arquitetura até as décadas de 60 e 70.

As primeiras diretrizes curriculares vem com o objetivo es-pecifico de flexibilizar o ensino.

Em 1962 se define o projeto como vertebrador dos cursos de arquitetura. Era uma maneira de valorizar o trabalho intelectu-al do arquiteto. A partir de então, defini-se que o produto típi-co do arquiteto é o projeto. Desde então temos essa identi-dade no nosso ensino. O projeto chega a ocupar 50% dos cursos de arquitetura. Mas a arquitetura não se realiza no pro-jeto. O projeto é uma atividade meio.

Nos anos 70 - 80, acontecem os planos nacionais de desen-volvimento, o mercado de trabalho se ampliou muito. Nes-sa época não tinha arquiteto infeliz. Estávamos plenos de tra-balho. Foram dezenas de cidades novas.

Nessa época alguns arquitetos já se deram conta da defasa-gem que existia entre a formação e a profissão. Precisáva-mos formar mais arquitetos técnicos.

O objetivo das diretrizes curriculares era justamente esta-belecer diretrizes gerais para que os cursos pudessem fle-xibilizar os seus conteúdos. Deveriam propiciar formações diferentes no território nacional. Cursos diferentes poderiam ter perfis diferentes.

Que controle os órgãos de representação da categoria que-rem ter sobre a definição do perfil profissional na formação de arquitetos?

Vivemos uma dicotomia. Diferentes cursos em diferentes realidades e locais, devem formar arquitetos com o mes-mo perfil profissional. Isso acarreta uma grande diferença qualitativa nos cursos.

A região que mais concentra cursos de arquitetura hoje no Brasil é a centro oeste. É onde encontramos a maior irregulari-dade nos cursos. É o maior mercado da educação no Bra-sil.

Quando falamos em defasagem entre formação e profissão, essa é uma queixa muito antiga. É constituinte da profissão. Está defasado porque a sociedade está errada? Ou é porque nós insistimos em manter e formar nossos arquitetos den-tro de uma auto imagem ultrapassada? Daquele virtuoso renascentista que faz tudo…

Tenho ouvido muitas queixas de arquitetos recém formados, insatisfeitos com a profissão e com o despreparo para o mercado de trabalho.

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Nossa formação hoje é preparar o arquiteto para projetar.

O que é mesmo que os nossos arquitetos estão fazendo?

De que eles se queixam sobre a profissão?

Que cursos buscam na hora de uma pós-graduação?

É necessário repensar os conceitos pré-determinados sobre a profissão.

Muitas vezes os profissionais recém-formados reclamam mui-to do andamento da carreira nos primeiros anos. Isso é neu-tralizado com cerca de sete, oito anos de carreira. Isso mos-tra que os cursos não estão preparando os profissionais para o mercado.

A universidade não ensina o profissional a trabalhar em equipe, mas estimula o desenvolvimento de projetos indi-viduais, um modelo do que se conhecia da arquitetura há dé-cadas.

A formação generalista é um dogma que se evita discutir. Nos temos que discutir a inserção do arquiteto no mercado de trabalho real, para a arquitetura ser uma profissão de futu-ro. O arquiteto que vai se inserir no mercado profissional com uma identidade definida. Não como hoje que o arquiteto faz tudo e ninguém sabe direito o que o arquiteto faz.

Precisamos abrir mão do artista criador e encarar mais de frente a nossa inserção no mercado e aprender a traba-lhar em equipe.

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Ivan Mizoguchi link para video: Ivan Mizoguchi

Arquiteto graduado pela Faculdade de Arquitetura da UFRGS em 1966. Membro titular do Conselho Estadual do IAB-RS. Professor aposentado da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, Professor convidado do Programa de Pós-gradua-ção da UNIRITTER. Co-autor do livro Arquitetura Moderna em Porto Alegre, Ed. Pini, São Paulo, 1987, com Alberto Xavi-er, Premiado em diversos concursos nacionais, entre eles, a Sede da Agência do INSS de Canoas/ RS – 1º lugar/ 1990. Autor do Projeto de Paisagismo Rodoviário da RS-235, tre-cho Canela-Gramado (1990), não executado, Várias palestras e conferências realizadas, Idealizador da Bienal de Arquitetu-ra do Rio Grande do Sul.

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Em relação à formação profissional do arquiteto, nós temos um grande problema que é quantitativo. Temos que discu-tir a formação profissional deste numero muito grande de ar-quitetos que a cada ano entram no mercado de trabalho.

No meu entender não temos feito esses debates na profundi-dade que deveriam acontecer.

Por que não á uma correspondência entre o numero imen-so de arquitetos hoje no Brasil e a qualidade das nossas cidades?

No dia a dia, há questões que não se aprende na faculdade. Precisamos de noções de Direito, Administração, gestão e atendimento de clientes.

Em 1968 debates sobre a formação foram realizados e agora precisamos definir novamente que tipo de profissionais deve-mos formar. Hoje há uma disparidade muito grande. As ques-tões regionais não são tratadas e não há flexibilização a partir das diretrizes curriculares.

Sei que existem exemplos de boa arquitetura, mas em geral qual é a repercussão do nosso ensino sobre o objetivo fundamental da arquitetura e urbanismo que é a cidade? Eu não estou encontrando respostas.

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4. PROJETAR E FAZER - oficina 02

link para video: OFICINA 2 - 17.09.2016 - manhã

Com a temática “O ARQUITETO QUE FAZ - novos e velhos paradigmas da profissão”, alguns tópicos embasaram o deba-te da 2a Oficina:

• O valor do arquiteto - profissional, trabalho, cliente e sociedade.

• Desafios da atuação profissional e oportunidades de inovação.

• A atuação dos novos profissionais no mercado de trabalho.

• A atuação dos profissionais formados antes das no-vas DCNs e as dificuldades frente às novas tecnologias.

• Novas tecnologias, novos tempos, arquitetura de qualidade para a sociedade versus especulação de mercado.

Realização: 17.09.2016

Mediador: Gislaine Saibro

Debatedores convidados:

Flávia Bastiani

Camila Thiesen

Luiz Merino Xavier

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Seção 1

Flávia Bastianilink para video: Flávia Bastiani

É formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em 2002. Membro da Diretoria da Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil/ RS - AAI Brasil/ RS. Especi-alista em Gestão para Escritórios de Arquitetura pela Funda-ção Getúlio Vargas em 2015. É proprietária do escritório Flá-via Bastiani Arquitetura, escritório de projetos de arquitetura de interiores, principalmente residencias.

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Vejo um despreparo grande em relação a nossa atuação no mercado, falo pela minha geração.

Dificuldade de tratar o nosso trabalho como um negócio e atuar de forma mais empreendedora. Questões como co-brança de honorários e gestão de escritório.

Questões externas também afetam nossa profissão, como concorrência desleal, falta de qualidade de mao de obra, mercado saturado e formação generalista.

Há desvalorização e falta de conhecimento do nosso papel como arquiteto. Ou o arquiteto é visto como luxo ou como desnecessário. São duas situações opostas e bem importan-tes.

Em algum momento há uma sobreposição do profissional designer de interiores com o arquiteto de interiores. Ocor-re quando o arquiteto não consegue se posicionar como tal e tomar as responsabilidades técnicas próprias.

São valores do arquiteto: a capacidade de coordenação e percepção ampla, a possibilidade de contribuir com a qualida-de dos espaços e também o papel como educador do cliente e da sociedade.

Perspectivas de futuro: dado mercado saturado, há uma ne-cessidade grande de repensar os nichos de atuação e aprimo-rar a gestão do negocio e dos escritorios.

Arquitetura de uma forma mais colaborativa é o caminho.

Cabe ao arquiteto fazer com as pessoas pensem em suas in-tervenções na sociedade e reflitam sobre modo de consumo, evitando desperdício. É um valor da profissão e, especifica-mente, na arquitetura de interiores.

É preciso educar o cliente para um consumo consciente, fazer ele se questionar e saber onde isso impacta na cida-de.

 Precisamos trabalhar de mãos dadas e não um na frente do outro.

O arquiteto de interiores acaba atuando de forma muito indivi-dual. Em geral ele fica envolto em uma nuvem de vaidade e fica inacessível. Mas existe por trás desta falsa vaidade uma insegurança muito grande. Porque não usar essa afirmação de valor, como um reforço de capacidade tecnica para resol-ver problemas e projetos?

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Seção 2

Camila da Rocha Thiesenlink para video: Camila Thiesen

É formada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), em 2012. Teve seu trabalho de diplomação premiado nos concursos Opera Prima 24ª edição e Archiprix International 2013. No ano de 2013, foi escolhida Arquiteta do Ano pelo SAERGS na catego-ria Jovem Profissional. É fundadora do escritório Metropolita-no Arquitetos que, paralelamente aos trabalhos de habitação e interiores, se dedica à participação em concursos de proje-to de arquitetura, nos quais teve, em seis vezes, a primeira co-locação. Atualmente, além do escritório, colabora com conte-údo de arquitetura para agência de publicidade.

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Tenho visto muita falta de valorização da nossa profissão, mas não só pela sociedade, pelos próprios colegas.

O arquiteto brasileiro perdeu muita importância no planeja-mento das cidades e nas decisões. O mercado imobiliário e o poder publico acabam liderando as decisões.

A busca em alcançar projetos de requalificação urbana atra-vés de concursos públicos de arquitetura é uma tentativa de qualificar o trabalho do arquiteto perante a sociedade.

Apesar de todas as dificuldades acredito que temos que ser otimistas e trabalhar em prol da boa arquitetura.

As conexões e a rede nos permitem um trabalho em equipe maior.

O arquiteto cada vez mais vai ter que ser multidisciplinar. Terá que saber sobre marketing, publicidade e passar sua ima-gem de forma adequada.

Cada vez mais vamos ter que entender o cliente, a cidade e seus problemas e como resolver isso.

A realização de concursos que permitam uma análise criteri-osa das propostas e não apenas uma escolha por portfólios. Mais do que colocar os profissionais em uma situação de igualdade, também pode ser uma ferramenta de maior intera-ção com a sociedade e divulgação da relevância da profis-são.

Sobre o futuro da profissão, acredito que esteja ligado a proje-tos de coautoria. “É um momento de dividir ideias e respon-sabilidades e não tirar corpo fora com relação aos problemas da cidade”.

Necessário o fortalecimento de uma rede de arquitetos que aumente o debate sobre a cidade, integrando, inclusive, as diferentes entidades que representam os arquitetos. É importante se pensar em questões simples do dia a dia junto com a sociedade e outros profissionais.

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Seção 3

Luiz Merino Xavierlink para video

Arquiteto e urbanista formado pela UFRGS (1990), mestre em Planejamento Urbano e Regional - PROPUR. Arquiteto da Equipe do Patrimônio Artístico e Cultural - EPAHC da Prefeitu-ra de Porto Alegre, consultor de patrimônio cultural do Proje-to Monumenta - PAC Cidades Históricas e professor de arqui-tetura e urbanismo da Universidade de Caxias do Sul.

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Acredito que podemos repensar e entrar em uma sintonia com o desejo de mudança dos espaços e da cidade.

O setor publico passa por uma crise muito séria. Ser arqui-teto hoje, dentro setor publico, envolve atividades que são muito pouco projetuais. O ambiente é muito pouco propício a efetivamente se manifestar no cerne da profissão que é dese-nhar, projetar e pensar. Acabamos entrando em uma praxe que é muito burocrática, aplicando regras. É muito frustrante para arquitetos altamente capacitados, não projetar.

O cerne dessa crise do arquiteto está em uma crise do se-tor público que não é essa mais recente que vivemos. É uma crise mais profunda que vem desde o final da ditadura. A polí-tica foi avançando, mas o setor público não teve um repen-sar. As práticas da ditadura continuaram, com o tecnicismo em que os técnicos tinham poder. Não houve um momento em que isso foi rompido.

Eu acho que toda a cidade deveria ser analisada como são as áreas especiais do plano diretor. Nestas áreas seriam discutidos com a comunidade daquele setor: morfologia, es-paços abertos, patrimônio. Arquitetos públicos e privados tra-

balhando em conjunto para a construção de um espaço dife-rente.

Os planos diretores abstratos são um absurdo. A visao do plano diretor deve mudar. Com isso vai mudar o trabalho do arquiteto dentro das prefeituras, a relacao dos arquitetos do setor público e privado e aí vamos ter um tipo de cidade com-pletamente diferente.

Hoje, as redes sociais são o palco dos grandes debates sobre a cidade. Precisamos sair do mundo virtual para o re-al.

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5. PROJETAR PROJETAR E FAZER - oficina 03

link para video: OFICINA 3 - 17.09.2016 - tarde

Com a temática “O ARQUITETO QUE FAZ - novos e velhos paradigmas da profissão”, alguns tópicos embasaram o deba-te da 3a Oficina:

• O valor do arquiteto - profissional, trabalho, cliente e sociedade.

• Desafios da atuação profissional e oportunidades de inovação.

• A atuação dos novos profissionais no mercado de trabalho.

• A atuação dos profissionais formados antes das no-vas DCNs e as dificuldades frente às novas tecnologias.

• Novas tecnologias, novos tempos, arquitetura de qualidade para a sociedade versus especulação de mercado.

Realização: 17.09.2016

Mediador: Rinaldo Barbosa

Debatedores convidados:

Luiz Antonio Verissimo

Cristiane Rauber

Fábio Bortoli

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3.1

Luiz Antonio Veríssimolink para video: Luiz Antonio Veríssimo

Arquiteto e Urbanista -  UFRGS 1968 / Especialista em Urba-nismo IBAM RJ / Especialista em Desenho de Interiores -  Uni-versidade de Salamanca, Espanha / Mestrado em Desenho de Interiores - Universidade de Salamanca, Espanha / Prefei-tura Municipal de Pelotas - Secretário Municipal de Planeja-mento e Urbanismo /  Escola Técnica Federal de Pelotas - Professor / Universidade Federal de Pelotas UFPEL - Profes-sor e  Coordenador do Curso de Arquitetura e Urbanismo - Aposentado / Escritório de Arquitetura e Urbanismo - Verissi-mo Arquitetos - Atual / Conselheiro do CREA RS / Atuação em Urbanismo - Plano Diretor de Gaspar, SC - Plano Diretor de Canguçu - Plano Diretor de Pelotas / Conselheiro do CAU RS - Atual  / Membro do Sindicato dos Arquitetos do Estado do Rio Grande do Sul SAERGS - Atual / Membro do Instituto de Arquitetos do Brasil, Departamento do Rio Grande do Sul, IAB/RS - Atual / Membro da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Pelotas, AEAP - Atual / Membro da Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo, ABEA / Via-gens Técnicas Especializadas - Brasil, América do Sul, Améri-ca Central, América do Norte, Europa, África.

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A atuação na nossa época era como autônomo, era na base do individualismo.

Só havia um curso no Estado, com cerca de 70 arquitetos formados no ano. Hoje são aproximadamente 700! É um con-texto completamente diferente.

A abordagem era focada em arquitetura e muito pouco se ti-nha de conteúdo sobre urbanismo. Fui fazer um curso de es-pecialização em Urbanismo.

A formação naquela época era para projeto. Não se falava em interiores ou patrimônio.

Não se falava em preservação. Quando era secretário, o Mercado Pelotas incendiou e se queria construir ali um Cen-tro Administrativo. Eu era recém-formado, mas defendi a ideia de preservar.

O escritorio era eu e mais um profissional, no máximo. Não era necessário ter uma empresa.

Em Pelotas hoje temos 600 arquitetos na cidade e em torno de 16 escritórios trabalhando com arquitetura de interiores. Essa é uma grande mudança.

Existe muita falta de disciplina e de organização nos escri-tórios de arquitetura. Não aprendemos isso nos cursos. A organização do trabalho profissional é fundamental.

Sou da turma de 1968 da Universidade Federal. Muitas das coisas que precisei fazer na profissão fui adquirindo com a ex-periência e tive que ir descobrindo, nunca tinham me falado na universidade. Hoje os novos arquitetos já recebem muito mais informação e caminhos profissionais.

Mas os currículos ainda não abordam todas as dificulda-des que enfrentamos hoje.

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Seção 2

Cristiane Rauberlink para video: Cristiane Rauber

Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Fee-vale. Sócia-diretora da empresa Cristiane Rauber Arquitetura | Construção na cidade de Bom Princípio - RS. Experiência na Área de Projetos Arquitetônicos Residenciais, Comerciais e Institucionais. Projetos de Arquiteturas de Interiores. Cons-trução e Administração de obras, Projetos de Revitalização e Restauração.

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O cliente contrata o pedreiro e diz que ele faz o projeto. Esse é um desafio grande no dia a dia, o de tentar separar projeto de execução.

Bom Principio tem aproximadamente 13000 habitantes.

Atuamos na região, mas temos as mesmas dificuldades quanto a questão de trabalho em conjunto. Sofremos bastan-te com o individualismo.

Saímos da faculdade sem uma base para saber que cami-nho seguir.

Estamos tentando levantar a bandeira da Arquitetura na nossa atuação.

Buscamos desenvolver projetos cada vez mais completos e de forma vez mais eficaz. Buscamos parcerias e acredita-mos que sozinhos não vamos a lugar nenhum.

Os arquitetos mais antigos acabaram implantando uma cultu-ra que o projeto precisava ser executado pelo mesmo arquite-to.

Na nossa região, muitas vezes procuram o arquiteto pelo so-brenome e não pela qualificação.

No interior é muito forte a questão das construções residenci-as.

A arquitetura de interiores passou a ser uma necessidade.

A desarmonia e desunião entre os colegas ainda é muito forte. Existem criticas que nunca era feito nada.

O SAERGS era muito distante, nunca chegava até nós. Era só na capital. Mas hoje quando organizamos encontros lá, te-mos cada vez mais participação dos colegas. No primeiro fo-ram só 10 participantes. No último encontro foram 60 profissi-onais, entre engenheiros e arquitetos.

Às vezes ficamos só discutindo entre nós, os próprios profissi-onais e não ouvimos a sociedade sobre nossa atuação. Uma das principais queixas da minha região é que os arquite-tos acabam não se atualizando.

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Seção 3

Fábio Bortolilink para video: Fábio Bortoli

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS (2000) e mestrado em Arquitetura pela UFRGS (2006). Atual-mente é Sócio Arquiteto e Urbanista da UMA Arquitetos e Pro-fessor auxiliar da UniRitter - Laureate International Universi-ties. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo e Planejamento Urbano e Regional com ênfase em Projetos de Arquitetura e Urbanismo e Avaliação de Impactos Ambien-tais.

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A atuação do Arquiteto e Urbanista na área ambiental é bem pouco conhecida.

Com a tendência de desenvolvimento, a questão ambiental ficou jogada. O que vemos são populações marginalizadas deslocadas que sofrem muito com esse impacto.

Me parece que o arquiteto e urbanista é o profissional indica-do para coordenar o processo de estudo regional ou de impacto ambiental. Nossa formação é generalista e nos ca-pacita para exercer esse papel. Coordenar tarefas em equi-pes multidisciplinares.

A participação das pessoas (população e meio politico) talvez sirva mais para levantar as perguntas certas do que dar as respostas. As pessoas estão preocupadas com o seu proble-ma.

Os valores que trabalhamos são muito difusos. Projetamos cenários possíveis e impactos.

Hoje há uma predominância das questões normativas que passam para a questão ambiental de várias formas. Talvez a pior delas seja a judicialização das questões.

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6. PLANEJAR E FAZER - oficina 04

link para video: OFICINA 04 - 30.09.2016 - manhã

Com a temática “A contribuição do arquiteto e urbanista para a conquista do direito a cidade”- novos e velhos paradigmas da profissão”, alguns tópicos embasaram o debate da 4a Ofi-cina:

• O exercício da profissão e a responsabilidade social do profissional.

• Planos diretores, urbanização, habitação, políticas públicas.

• Tendencias de metropolização.

• Incorporação e construtores.

realização: 30.09.2016

Mediadora: Andréa dos Santos

Debatedores convidados:

Thiago Silva

Clarice Debiagi

Karla Moroso

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Seção 1

Tiago Holzmann da Silvalink para video: Tiago Holzmann da Silva

Arquiteto e Urbanista, UFRGS (1994). Mestre ETSAB/UPC (1996). Presidente IAB RS (2012/13 e 2014/16). Vice Presiden-te Extraordinário IAB nacional (2013/2014 e 2014/2017). Con-selheiro suplente do CAU RS (2012/2014). Ex-professor Uni-Ritter (1999/2009) e UFRGS (1998/2000). Sócio fundador da 3C Arquitetura e Urbanismo (desde 1999). 4 anos atuando em escritórios de urbanismo em Barcelona. Experiência pro-fissional com ênfase em Planejamento, Projeto Urbano, Arqui-tetura Institucional e Habitação Social.

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Cada vez mais, há necessidade de conhecimento multidisci-plinar e trabalhar em equipes. Para desenvolver alguns traba-lhos na nossa área de atuação, dificilmente vamos fazer isso sozinhos. Para o arquiteto que trabalha com edificações ou interiores é possível atuar sozinho, mas no urbanismo é muito mais difícil.

Conseguimos desenvolver no escritório o conceito de autoria difusa, em que a solução de um problema não vem de uma única pessoa, mas de uma imersão em equipe. Nasce da dis-cussão e mesmo do conflito que varias pessoas estabelecem a partir de um problema.

Não acreditamos, no nosso trabalho, que a arquitetura nasce de um gesto.

Nos projetos de planejamento urbano sempre trabalhamos com parceiros locais, técnicos da região.

O cliente de quem trabalha com Urbanismo é basicamente ór-gão público e as prefeituras municipais.

Não existe a pratica e a cultura do planejamento no Bra-sil. A contratação deste tipo de serviço ocorre em episódios, não é uma rotina.

Temos atuado de uma forma muito mais pró-ativa, na busca da identificação de problemas e proposta de soluções.

Desenvolvemos um produto que é a intervenção integrada. A partir de nossa experiencia, identificamos que as prefeitu-ras não tem capacidade de ação para enfrentar problemas concretos. Nós "substituímos" o prefeito por um período para resolver aquele problema.

Temos que ser ativos, mas profissionais. O trabalho não tem o sentido de doação e voluntariado. Deve ser profissional e cobrar por isso.

Há uma diferença fundamental entre o arquiteto e urbanis-ta. O arquiteto é um profissional que trabalha em um projeto, ele inicia e conclui um processo. Ele inaugura a obra. Está fo-cado em um objeto, um artefato. Já o urbanista planejador trabalha com um processo e não com um artefato. Ele nunca vai inaugurar nada. O processo está sempre em cons-tante renovação e aprimoramento. Está alimentando um pro-cesso de transformação. Mas existe uma angustia muito gran-de dos urbanistas em querer inaugurar seus planos e proje-tos.

Este é um mercado que precisa ser construido. O que existe é muito precário e muito episódico. Temos que trabalhar para construir esse mercado.

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Seção 2

Karla Morosolink para video: Karla Moroso

Arquiteta Urbanista formada pela UNISINOS em 2003, com pós-graduação em Direitos Humanos e Mestrado do Progra-ma de Planejamento Urbano e Regional da UFRGS. Atua des-de 2000 com a temática urbana e habitacional. Trabalhou como estagiária no Departamento de Regularização Fundiária da Secretaria de Habitação do Estado (1999-2003) e como profissional já formada prestou serviços para o Instituto Polis em 2004 (Regularização Fundiária para o município de Caxias do Sul) e para a LATUS Consultoria (2006-2011). Enquanto técnica e militante do direito à cidade atuou pela ONG CO-HRE (Centro pelo Direito à moradia contra Despejos) no perío-do de 2004 a 2010 envolvendo-se em projetos voltados à ga-rantida do direito à cidade e à moradia das famílias morado-ras de assentamentos informais na cidade de Porto Alegre, promovendo ações para a regularização fundiária. Atua como pesquisadora do Grupo de Gestão de Riscos e Desastres da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, do Observatório das Metrópoles – Núcleo Porto Alegre e é arquiteta urbanista do Centro de Direitos Econômicos e Sociais, organização não governamental de direitos humanos a partir da qual desenvol-ve ações e projetos voltados a defesa, promoção e materiali-dade do direito à cidade tendo como foco da sua atuação as populações dos assentamentos informais. 

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Atuação social do arquiteto e urbanista.

Tenho trabalhado com arquitetura voltada para clientes que não tem acesso à arquitetura.

Em um projeto de regularização fundiaria, por exemplo não elaboramos um plano, um desenho urbano em um papel bran-co, mas a partir de uma realidade existente e materializada.

É um desafio trabalhar em assessorias técnicas para mo-vimentos sociais.

Vivemos em uma sociedade que é desigual, inclusive em rela-ção ao acesso à terra.

Há o Estado, o Mercado e as Comunidades.

É um trabalho que se coloca na perspectiva de instrumentali-zar os movimentos sociais e as comunidades a discutir de igual para igual (tecnicamente) com o Estado, a respeito de suas demandas por moradia e o seu destino na cidade.

Quando falamos em programas, políticas e projetos, esbarra-mos em uma ineficiência do Estado. quem são os profissio-nais que vão estar respondendo as estas demandas?

Trabalhar com os movimentos sociais é um campo de atua-ção profissional extremamente rico e desafiador. Não me ensi-naram na faculdade a projetar nestes casos que não dialo-gam com as regras estabelecidas pelos planos diretores.

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Seção 3

Clarice Debiagilink para video: Clarice Debiagi

Clarice Debiagi é arquiteta e sócia do escritório Fractal Arq+Design em Porto Alegre. Por quase 20 anos, coordenou e desenvolveu projetos em arquitetura e urbanismo, na Debia-gi Arquitetos e Urbanistas, no Rio Grande do Sul e no Brasil. É especialista em Design Estratégico pela Unisinos e mestre em Design pela UFRGS. Coordenadora do Design Center da Escola de Design da Unisinos até 2008 e professora do ate-lier de projeto da instituição até 2013. Presidente da Associa-ção Brasileira de Escritórios de Arquitetura (AsBEA-RS) na gestão 2012-2014. Atualmente, é vice-presidente da Associa-ção Brasileira de Escritórios de Arquitetura Nacional.

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A minha perspectiva não é de como vemos o mercado, mas de como o mercado nos vê?

Quais são as expectativas quando nos formamos? Somos formados para sermos grandes arquitetos, elaborar gran-des projetos. Como se outras atividades e faces da arquitetu-ra fossem menos importantes.

Vivemos um momento de grande mudanca, de compartilhar. As pessoas estão aprendendo a fazer coisas juntas. Dife-rente daquela ideia de um super estar, um super arquiteto.

As entidades passaram a ter um papel muito importante na visibilidade da nossa profissão. Temos que estar muito atentos e posicionar nossa categoria de profissionais. Não de uma maneira “venham todos a nós”, mas nós devemos mos-trar e ocupar os espaços que estão aí.

Arquitetura é um produto?

No conceito contemporâneo do Design, ele passa a ter valor evidente e significado. Há diversas dimensões e fronteiras da profissão.

Há espaço para todos, desde que encontremos a nossa iden-tidade dentro da profissão.

Muitas vezes o arquiteto impõe sua vontade. O projeto é um processo, envolve pessoas que querem dar sua opinião, envolve co-criação, o cliente participa também.

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7. ORGANIZAÇÃO E REGULAÇÃO - oficina 05

link para video: OFICINA 05 - 30.09.2016 - tarde

Com a temática “A RESPONSABILIDADE SOCIAL DO ARQUI-TETO E URBANISTA  E O CONTEXTO DO EXERCÍCIO PRO-FISSIONAL - novos e velhos paradigmas da profissão”, al-guns tópicos embasaram o debate da 5a Oficina:

• O exercício da profissão e a responsabilidade social do profissional.

• A fiscalização do exercício profissional com ênfase na função social da profissão.

• O papel das entidades, da carreira de estado, do conselho profissional, da internacionalização da profissão, da fiscalização da profissão e o CAU.

Realização: 30.09.2016

Mediador: Eduardo Bimbi

Debatedores convidados:

Roberto Simon

Gogliardo Maragno

Celso Schoreder

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Seção 1

Gogliardo Maragnolink para video: Gogliardo Maragno

Gogliardo Vieira Maragno. Arquiteto e Urbanista pela UFPR, Mestre em Arquitetura pelo PROPAR/UFRGS, Doutor em Ar-quitetura, Energia e Meio Ambiente pela Universidad Politecni-ca de Cataluña. Vice- presidente da ABEA - Associação Brasi-leira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo. Conselheiro Su-plente do CAU-BR representante das instituições de ensino de arquitetura e urbanismo. Professor Adjunto licenciado da UFMS, atualmente atuando na Católica de Santa Catarina, em Joinville e na Univali, em Florianópolis e Balneário de Camboriú. Foi diretor do Sindarq/MS e da FNA.

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A formação do Arquiteto e Urbanista está cada vez mais distante da pratica profissional, essa é uma realidade ou é uma impressão?

Somos mais de 500 cursos de Arquitetura e Urbanismo hoje no Brasil, este é um número muito expressivo! Mas...

Quem é o arquiteto hoje?

Quem é o arquiteto que a sociedade precisa?

Que tipo de arquiteto quero ser?

E será que esses 03 arquitetos são os mesmos? Será que o arquiteto que quero ser, é o que a sociedade precisa e o que as escolas estão tentando formar?

O que os arquitetos pensam de si próprios e o que a socie-dade pensa e demanda em relação aos arquitetos?

De que qualidade estamos falando?

Já ultrapassamos 100 mil arquitetos no Brasil, semelhante ao numero de arquitetos no EUA. Porém 93% da população nun-ca contratou serviços de arquitetos e urbanistas no Brasil.

De que crise estamos falando?

É uma crise de mercado, de identidade do papel do arquiteto, de confiabilidade?

Vivemos uma crise de representatividade?

Parece que há um fosso entre as entidades profissio-nais…

A crise econômica, política, social e de ética, nos afetam, mas como estamos lidando na nossa crise profissional?

Seremos capazes de acrescentar algo à sociedade?

Podemos dizer que hoje vivemos o século das cidades - nun-ca tanta gente viveu na cidades e as cidades tiveram tanta im-portância no mundo como atualmente.

O arquiteto e urbanista tem um importante papel no apri-moramento e na superação das dificuldades urbanas.

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Seção 2

Roberto Simonlink para video: Roberto Simon

Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela – UNIVERSIDA-DE FEDERAL DO PARANÁ, UFPr, Brasil. mar/1982 (34 anos). Mestre em Arquitetura e Urbanismo (Conceito CAPES 4). UNI-VERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, UFSC, Brasil. 2008/2010. Professor Visitante da SCHOOL OF ARCHITECTU-RE / UNIVERSITY OF VIRGINIA STUDIO / ARCH 301 Terceiro Ano Projetos de Residências e Edifícios Residenciais - 1991/1992. CAMPBELL HALL. Charlottesville / Virginia / ESTADOS UNIDOS. Professor da Arquitetura e Urbanismo. UNIVERSIDA-DE FEDERAL DE SANTA CATARINA, UFSC, Brasil. 1983/1985 & 1994/1987. Florianopolis/SC. Professor do Design da Uni-versidade do Estado de Santa Catarina - Udesc/ Ceart. Floria-nópolis/SC. 1982/2000. Florianópolis/SC. Presidente do Insti-tuto de Arquitetos do Brasil – Departamento de Santa Catari-na – 2000/2001. Florianópolis/SC. Membro do Conselho Su-perior do Instituto de Arquitetos do Brasil – IAB / Direção Naci-onal – A partir de 2000 até 2011. Brasília/DF. Conselheiro Fe-deral do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agro-nomia – CONFEA - 2002/2004. Brasília/DF. Vice-presidente de Planejamento da Direção Nacional do Instituto de Arquite-tos do Brasil – IAB/DN. – 2002/2003. Brasília/DF. Vice-Presi-dente para a Região Sul do Instituto de Arquitetos do Brasil Direção Nacional – IAB/DN eleito para o mandato 2004/2005.

Brasília/DF. Conselheiro suplente Miguel Alves Pereira da Uni-ão Internacional de Arquitetos – UIA - 2001/2002. Paris/França. 

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Parece que nós estamos vivendo das glórias do passado.

Nós criamos uma estrutura lá atrás e continuamos de certa forma atuando da mesma maneira. Mas o mundo avança em uma velocidade muito grande. Não podemos tratar a profis-são da mesma maneira que fazíamos há anos atrás e atu-ar da forma que sempre atuamos.

Nós temos que criar fatos novos.

Nós não temos uma política profissional abrangente suficien-te, que atinja todos os níveis necessários: da residência parti-cular à infraestrutura urbana. Se nós não atingirmos isso, va-mos ficar estagnados, discutindo e lamentando.

Nos próximos anos teremos 80% da população global vi-vendo em cidades.

Temos que atuar junto à esfera governamental, mas de forma forte e diferente.

A união é o paradigma nos novos tempos. Temos que unir não só os arquitetos com arquitetos, mas as entidades com as entidades. Estudando e atuando em conjunto.

Os arquitetos estão em todo o estado, não são mais arquite-tos da capital, como foi no passado. Hoje estão em todos os lugares e necessitam de uma política que ampare todo esse espectro, que tem características e motivações diferentes.

Não podemos mais ficar olhando só para dentro do Brasil, sem nos movimentarmos em busca de alternativas adota-das em outros paises.

Alavancar a profissão através de economia solidária ou coope-rativismo de crédito, por exemplo, como ocorre na Espanha e algumas iniciativas no Brasil.

nao podemos esperar que a solução parta do outro. A organi-zação da profissão só vai ocorrer se nos todos colocarmos a mão na massa.

O que mais nos podemos fazer para distribuir as riquezas (não gerar novas riquezas necessariamente) em projetos no-vos?

Temos que sair daqui dispostos a criar mecanismos no-vos para que o debate e a discussão, resulte em mudan-ças efetivas.

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Celso Schröederlink para video: Celso Schröeder

FEPALC – Federación de Periodistas de América Latina y el Caribe

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Os clichês são sempre muito velhos. Sao carregados de senti-do antigo. Talvez o novo seja resistir.

A crise do jornalismo tem verias matizes. Uma delas é a crise de financiamento do sistema de produção de noticias. Entra-ram novas tecnologias e impuseram sua lógica.

A tecnologia sempre veio para substituir trabalho, desde a in-venção da roda, ela não veio para facilitar mas para baratear custos.

Ao digitalizar os serviços, a comunicação e a informação co-meçaram a confundir-se com os dados. Há uma confusão entre produção de conteúdo com a tecnologia. Temos a sensação de muita informação, mas o que há são milhares de dados soltos e desconexos. Essa desconexão entra no jorna-lismo de forma brutal.

A atividade do jornalismo surge com a profissão do jornalista. É atribuída a alguém que vai exercer essa atividade. O jornalis-ta assume a responsabilidade de dizer a verdade.

Ideia de mediação: eu posso fazer minha própria casa! Mas isso é eficiente? Há necessidade de um mediador, profissio-nal de cada área.

Campanha em defesa do jornalismo e em defesa dos jornalis-tas. O obvio precisou ser dito e reafirmado.

A graduação é o local, por excelência de formação do profissi-onal.

A posição que os jornalistas tem atualmente é de resistência no campo da tecnologia, de avanço no campo da regula-ção e de ampliação no campo do conhecimento e ensino.

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8. REFLEXÕES PARA DEBATE

A partir dos debates e apresentações das Oficinas, são relaci-onados alguns questionamentos:

Sabemos atuar de maneira colaborativa?

Vivemos uma crise de identidade na nossa profissão. Como podemos superá-la?

Quem é o arquiteto e urbanista para a sociedade hoje?

Como é nosso posicionamento no mercado?

Qual o valor que o profissional arquiteto e urbanista atribui ao seu trabalho? Sabemos cobrar pelos serviços prestados?

Quantos profissionais participam e reconhecem nas entida-des de classe, atuação efetiva para melhoria da profissão?

Devemos continuar formando profissionais generalistas?

O que os arquitetos e urbanistas do Brasil estão fazendo atu-almente? Como exercem a profissão? Quais são as reais ne-cessidades enfrentadas? Nós não conhecemos esta realida-de ainda.

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9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pensar o futuro da profissão pressupõe conhecermos ver-dadeiramente nossa realidade atual. Saber o que os arqui-tetos e urbanistas estão fazendo hoje, quais são suas princi-pais dificuldades na profissão, como estão se formando, como estão atuando, o que buscam, qual o valor reconhecem em seu oficio, como se posicionam no mercado de trabalho e como se relacionam com a própria categoria e suas represen-tações instituídas.

Sem conhecer essa realidade de forma mais abrangente será impossível planejar ações efetivas que resultem em mudanças significativas para a profissão. Neste sentido o primeiro passo é dado ao realizar pesquisas que alcancem o maior número possível de profissionais e também ouça a soci-edade. Há um desgaste muito grande em repetir o que sempre foi feito, discutir os problemas entre os mesmos agentes e continuar enfrentando as mesmas questões sem avançar em resultados efetivos. Desgaste este que gera descrédito e afasta os profissionais.

Ao iniciar o ciclo de discussões através das Oficinas prepa-ratórias para o Seminário Nacional que antecede o Encontro de Sindicatos de Arquitetos de todo o Brasil, mais um passo é dado na busca de respostas que permitam planejar e

agir para alcançar mudanças efetivas na atuação das enti-dades que representam a categoria.

Para tanto, ouvir profissionais de diferentes áreas é funda-mental, pessoas que tenham encontrado formas de reali-zar, de fazer e ter sucesso em sua atuação. Pessoas que tenham aprendido com sua experiência e possam contribuir efetivamente para uma visão do futuro da profissão.

Ao longo da realização das 05 Oficinas em setembro de 2016, alguns debatedores convidados contribuíram para lançar questões e perguntas que podem incitar essa discussão mais ampla. No item anterior, alguns pontos foram destacados, re-sultado destes debates.

Porém, é necessário que se faça muito mais. Ouvir contribui-ções de outros profissionais e conhecer melhor nossa rea-lidade atual. É fundamental ouvir profissionais QUE FA-ZEM. Onde os discursos são tão eloquentes, facilmente nos perdemos em promessas e pouca ação. O objetivo deste tra-balho é justamente o contrario. Sendo assim, não pretende-mos encerrar o assunto e tampouco trazer respostas neste momento. O que se pretende nesta etapa é reunir algumas perguntas e ampliar o debate.

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O Seminário Nacional “O Futuro da Profissão do Arquiteto e Urbanista” será realizado no auditório da Federação Gaúcha de Futebol, localizado na avenida Ipiranga, nº 10, a partir das 9h30min. A entrada é gratuita e as atividades serão abertas ao público. “O Seminário Nacional procura traçar um diagnós-tico do presente e do futuro da profissão dos arquitetos e ur-banistas no país. Para isso serão abordados temas relaciona-dos a formação, a regulamentação e atuação perante a socie-dade. Tal diagnóstico servirá para nortear algumas ações da FNA e dos sindicatos na defesa da categoria profissional, pa-pel que a legislação garante para as entidades sindicais. Ao final, o debate será levado ao Congresso da União Internacio-nal de Arquitetos (UIA), que ocorrerá no Rio de Janeiro (RJ), em 2020.

http://www.fna.org.br/?p=10607

O 40º ENSA, promovido anualmente pela FNA e sindicatos de arquitetos do país, terá como palco o Memorial Luiz Car-los Prestes – obra projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer em coautoria com o neto Paulo Sérgio Niemeyer -, na aveni-da Edvaldo Pereira Paiva, s/nº. A homenageada desta edição é a arquiteta e urbanista Maria Elisa Meira. “O evento faz uma homenagem a uma das grandes pensadoras da formação pro-fissional no Século XX, a arquiteta e urbanista Maria Elisa Mei-ra. Definirá as diretrizes e objetivos de atuação da FNA e es-colherá a nova diretoria que conduzirá a Federação de 2017 a 2019”, afirma Alvarez. O arquiteto lembra, ainda, que organi-

zar e fortalecer a atuação dos sindicatos de arquitetos e urba-nistas e da FNA é fundamental, principalmente no contexto atual do país de perda de direitos trabalhistas e ampliação da terceirização.

http://www.fna.org.br/?p=501

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10. REFERÊNCIAS

Realização das Oficinas: SAERGS

Apoio: FNA

Patrocínio: CAU/RS

Produção do texto e formatação:

arq. Patricia Moreira Moura

Links:

PESQUISA ONLINE

http://saergs.org.br

http://www.fna.org.br

http://www.caubr.gov.br

http://www.caurs.org.br

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