O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF O FUTURO DA TV ABERTA COMO MODELO DE NEGÓCIO MAURICIO PEREIRA DE AZEVEDO Rio de Janeiro 2013

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Trabalho de Conclusão do Curso de MBA em TV Digital, Radiodifusão e Novas Mídias de Comunicação Eletrônica

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE - UFF

O FUTURO DA TV ABERTA

COMO MODELO DE NEGÓCIO

MAURICIO PEREIRA DE AZEVEDO

Rio de Janeiro

2013

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MAURICIO PEREIRA DE AZEVEDO

O FUTURO DA TV ABERTA

COMO MODELO DE NEGÓCIO

Monografia apresentada no curso de Pós-graduação - MMBBAA eemm TTVV DDiiggiittaall,,

RRaaddiiooddiiffuussããoo && NNoovvaass MMííddiiaass ddee

CCoommuunniiccaaççããoo EElleettrrôônniiccaa,, da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial à obtenção do título de Pós Graduação.

Orientador: Prof.: Luiz F. Taboada

Rio de Janeiro

2013

Page 3: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

Elaborado por:

MAURICIO PEREIRA DE AZEVEDO

O FUTURO DA TV ABERTA COMO MODELO DE

NEGÓCIO

Analisado e aprovado por:

____________________________________________________

Orientador

____________________________________________________

Professor

____________________________________________________

Professor

Niterói, 28 de Abril de 2013

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DEDICATÓRIA

Este trabalho é dedicado a todos aqueles Radiodifusores que acreditam

num novo modelo de TV aberta e que se empenham em construir uma televisão

de alto nível, sem fronteiras, acessível à todos os públicos, adaptável às novas

dinâmicas de difusão e interatividade, que seja sustentável, rentável e ao mesmo

tempo útil, educativa, que ofereça conteúdos de qualidade e que privilegie o

melhor de nossa arte e de nossa cultura.

“Um país precursor acho que vai

ser, dará o seu recado no tempo

certo, porque não tem vocação

para a mediocridade”

Lúcio Costa

Arquiteto

Page 5: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

AGRADECIMENTOS

À minha esposa e filhos que, a despeito de todas as dificuldades que

enfrentamos juntos, sempre me apoiaram na conclusão dessa empreitada.

Aos Colegas e Professores das turmas TVDRJ3 e TVDRJ4 com os quais

tive o privilegio de conviver e a oportunidade de debater e desenvolver ideias,

amadurecer pontos de vista e ampliar os meus horizontes nessa temática da TV

Digital. Certamente, muito do que consta neste trabalho é o resultado dessa

convivência.

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SUMÁRIO

Dedicatória...................................................................................................................... iv

Agradecimentos.............................................................................................................. v

Sumário........................................................................................................................... vi

Lista de Figuras.............................................................................................................. vii

Lista de Gráficos............................................................................................................. viii

Lista de Siglas e Abreviaturas........................................................................................ ix

1. Introdução................................................................................................................. 10

2. Desenvolvimento....................................................................................................... 12

2.1 Histórico.................................................................................................................... 12

2.2 Fatos e Tendências.................................................................................................. 24

2.3 Ameaças e Possibilidades (Broadcast ou Broadband)............................................. 28

2.4 Interatividade............................................................................................................ 38

2.5 Caminhos de Expansão............................................................................................ 47

3. Conclusão.................................................................................................................. 55

Referências..................................................................................................................... 58

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Distribuição dos segmentos OFDM em camadas 49

Page 8: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

LISTA DE GRAFICOS

Gráfico 1 Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1960 15

Gráfico 2 Crescimento de receptores de TV no Brasil entre 1951 e 1989 15

Gráfico 3 Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1970 16

Gráfico 4 Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1980 17

Page 9: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

4K Resolução de 3840 × 2160 pixels ou 8.3 megapixels

8K Resolução de 7680 × 4320 pixels ou 33.1 megapixels

ABRA Associação Brasileira de Radiodifusores

APP/ APPS Application / Applications - o mesmo que software aplicativo

B2C Business-to-Consumer

BTS Broadcast Transport Stream

DTH Direct To Home

DTV Digital Television

DTVi Digital Television Interactive

FAPESP Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo

FERMILAB Fermi National Accelerator Laboratory

FOBTV Future of Broadcast Television

GPL General Public License

HDD Hard Disc Drive

IPTV Internet Protocol Television

LAN Local Area Network

OFDM Orthogonal frequency-division multiplexing

PNBL Plano Nacional de Banda Larga

RJ45 Padrão de conexão para cabeamento de redes de dados

SBTS Sistema Brasileiro de Telecomunicações via Satélite

SBTVD Sistema Brasileiro de Televisão Digital

SDH Synchronous Digital Hierarchy

STM-1 System Transmition Module, number 1 (155 Mbps)

UHD Ultra High Definition

USB Universal Serial Bus

VT Video Tape

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CAPÍTULO 1

1. INTRODUÇÃO

Com o crescimento e a diversidade das tecnologias de distribuição de

conteúdo e da multiplicidade de terminais de recepção cada vez mais sofisticados

e convergentes, tais como os Smartphones, os Tablets e as Smart TV`s, a

perspectiva de sobrevivência da TV Aberta como modelo de negócio representa

um tema desafiador para os anos vindouros. Somando-se a isso a entrada das

empresas de Telecomunicações na operação de TV`s por Assinatura, Vídeo On

Demand, IPTV, DTH e o Plano Nacional de Banda Larga, um cenário em que as

fatias do mercado diminuem significativamente tende a se estabelecer.

As questões que se colocam são: quais as possibilidades e desafios que a

TV Aberta terá pela frente? Como deverá ser o seu perfil para que tenha

sustentabilidade para o futuro? Quais são os fatos e as tendências nesse

mercado e quais são as reais ameaças e oportunidades?

O propósito desse trabalho é fazer uma reflexão critica sobre a TV Aberta e

desenvolver uma visão estratégica que possa dar uma resposta para cada uma

das questões acima e que possa nortear e sugerir novos empreendimentos para o

futuro, tendo como base o suporte tecnológico do Sistema Brasileiro de TV Digital

e suas múltiplas funcionalidades.

Para atingir esses objetivos, esse trabalho se alicerçou na pesquisa

bibliográfica, não só compilando as informações mais relevantes sobre as ofertas

tecnológicas da atualidade e que ainda estão por vir na difusão de conteúdos,

como também de todas as possibilidades operacionais do Sistema Brasileiro de

TV Digital Terrestre que concorrem nesse contexto.

No que tange a argumentação em torno das tendências para o futuro, esse

trabalho se apoiou em estudos publicados por profissionais chave, tanto no

Page 11: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

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âmbito da implantação e da expansão da TV Digital no Brasil, quanto no âmbito

do Fórum Brasileiro de TV Digital e do FOBTV – Future of Broadcast Television.

Page 12: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

CAPÍTULO II

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Histórico

Não é correto abordar a história da TV no Brasil somente pela ótica

mercadológica, pelo simples motivo de que a Televisão em si, a forma de se fazer

e de se assistir, criou uma cultura que insere componentes comportamentais,

sociais e políticos ao cotidiano do país. Todavia, em se tratando de um trabalho

voltado para a questão do modelo de negócio em si, se procurará focar mais nos

dados mercadológicos, pontuando fatos importantes ao longo dos últimos 62

anos.

Em 19 de setembro de 1950, quando Assis Chateaubriand

inaugurou em São Paulo a primeira emissora de Televisão do Brasil, a TV Tupi,

pouco ou quase nada se sabia sobre como conduzir esse novo negócio.

Entretanto, Chateaubriand num gesto visionário, vendeu um ano de espaço

publicitário à Sul América Seguros, Antarctica, Moinho Santista e empresas

Pignatari (Prata Wolf). Vale ressaltar que nesse momento não se produzia

receptores de TV no Brasil, ainda não havia um público formado e o mercado

publicitário era principiante e não conhecia o negócio.

No início de 1951 existiam cerca de sete mil receptores de TV entre

o Rio de Janeiro e São Paulo. Os receptores de TV no Brasil possuíam valor

proibitivo, ou seja, eram cerca de três vezes e meia mais caro que a radiola mais

sofisticada do mercado. A televisão era um privilégio de poucos que podiam

adquirir modelos importados como era o caso da Philips. Assistir televisão era

naquele momento e ainda por algum tempo, uma atividade coletiva. “Felizmente,

no mesmo ano de 1951, o empresário Bernardo Kocubei lançou a primeira TV

fabricada no Brasil, a modelo Invictus de 17”, cujos componentes eram 50%

Page 13: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

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nacionais. Logo em seguida a Semp Rádio e Televisão lançou o seu modelo

brasileiro de 17”.

Mas em 1951, outro fato importante veio alavancar o negócio e dar-

lhe os contornos que permaneceram pelo menos até 1966. As agências de

publicidade americanas McCann-Erickson e J.W. Thompson começaram a operar

a TV brasileira como veículo publicitário, passando a decidir o conteúdo dos

programas, criando, redigindo e produzindo sempre de forma compatível com o

modelo brasileiro. Os patrocinadores passaram a determinar os programas que

deviam ser produzidos e veiculados, bem como a contratar artistas e produtores.

A partir de 1952 os telejornais e alguns programas possuem o nome do

patrocinador como, por exemplo: Telenotícias Panair, Repórter Esso, Telejornal

Bendix, Teatrinho Trol, Gincana Kibon, Sabatina Maisena etc..

Nesse período os comerciais eram apresentados ao vivo por

garotas-propaganda em pequenos sets. Era o momento de movimentar cenários,

trocar figurinos, maquiagens etc.. Esse modo de operação só começou a mudar

entre 1959 e 1960, quando o governo liberou a importação de videotapes

recorders. Desse ponto em diante se passou a produzir os primeiros programas

regulares e comerciais gravados e veiculados integralmente em VT.

A TV Rio foi a primeira Emissora a utilizar o videotape com

regularidade nas gravações do programa Chico Anísio Show.

Em 1961, por decreto federal, o intervalo comercial é fixado em 3

minutos, mas somente em 1971 é regulamentado o tempo de 3 minutos de

intervalo para cada 15 minutos de programação.

Em 1962, graças ao uso do VT, os produtos de Linha de Show e

Teledramaturgia passam a ser gravados e melhor acabados, podendo ser

exibidos quase que simultaneamente em outras praças.

Page 14: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

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Em 1963 a TV Excelsior foi a primeira Emissora a oferecer uma

programação horizontal, ou seja, novelas todos os dias às 20 horas e vertical,

programa infantil seguido de novela e depois de jornal, show e finalizando com

filme. A TV Excelsior também foi a primeira a expressar uma preocupação com a

sua identidade visual, estabelecendo um padrão videográfico ao longo de sua

programação. Também foi pioneira ao criar o primeiro filme publicitário para o

produto Leite de Rosas, realizado pelo Estúdio de Jingles de Gilberto Martins e a

colocar no ar a primeira telenovela diária com 43 capítulos.

Em 1964 já possuíamos 34 emissoras de Televisão em todo o Brasil

e cerca de um milhão e seiscentos mil receptores de TV.

Em 1965 a Embratel é constituída como empresa pública.

Entra no ar a TV Globo no Rio de Janeiro, inovando na forma de

fazer televisão e impondo a ideia de que quem deve produzir os programas é a

própria Emissora e não os Patrocinadores, que eram os verdadeiros donos dos

horários e dos produtores, quebrando assim o formato adotado desde 1952.

Em 1967, entra no ar a TV Bandeirante que adota, a princípio, uma

grade de programação sem comerciais.

Em 1969, a Embratel inaugura a primeira estação terrena de

comunicações via satélite em Tanguá. Em 3 de março é iniciada a primeira

transmissão comercial via satélite, com a cobertura da missão Apolo IX pela TV

Globo.

É na década de 1960 que a TV se consolida como veículo de

massa, como evidencia o gráfico1 de distribuição da verba publicitária mostrado a

seguir.

Page 15: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

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Gráfico 1 – Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1960

Observa-se no gráfico que em 1962 a TV ainda disputava

acirradamente a verba publicitária com a Revista e o Rádio, pois havia no Brasil

pouco mais de um milhão de receptores de TV.

Em 1968, com a criação do Crédito Direto ao Consumidor (CDC), as

vendas de receptores de TV são alavancadas e ocorre um aumento de 47% nas

vendas em relação a 1967. Nos dez anos seguintes saímos de 2 milhões, 334 mil

receptores para 14 milhões e 800 mil, em 1978, como mostra o gráfico 2.

Gráfico 2 – Crescimento de receptores de TV no Brasil entre 1951 e 1989

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

45%

1962 1964

1966 1968

TV

JORNAL

REVISTA

RÁDIO

OUTROS

1951 1958 1965 1972 1979 1986

0

5000000

10000000

15000000

20000000

25000000

30000000

35000000

40000000

Qu

anti

dad

e d

e R

ece

pto

res

RECEPTORES DE TV NO BRASIL ENTRE 1951 E 1989

RECEPTORES

Fonte: http://www.tudosobretv.com.br

Fonte: http://www.tudosobretv.com.br

Page 16: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

16

A década de 1970 foi marcada por alguns fatos decisivos para a

modernização da televisão e seu modo de operação, a saber:

1970 – Os anunciantes passam a comprar espaços entre os

programas em vez de patrocínios.

1972 – 30 de março: iniciam-se as operações da TV em cores no

Brasil.

1974– A Embratel começa a operar o Sistema Brasileiro de

Telecomunicações via Satélite, o SBTS, comprando capacidade

satelital da Intelsat. As principais emissoras passam a fazer uso do

Sistema para distribuição de seus conteúdos para outras praças.

1975 – Institui-se no Brasil o conceito de Rede de Televisão.

Se analisarmos os gráficos que seguem, constatamos o crescimento

constante da televisão na participação do bolo da verba publicitária na década de

1970, variando em torno de 60% na década de 1980. Sempre acompanhada pelo

Jornal, a Revista e o Rádio (vide gráficos 3 e 4).

Gráfico 3 – Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1970

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

1972 1974

1976 1978

TV

JORNAL

REVISTA

RÁDIO

OUTROS

Fonte: http://www.tudosobretv.com.br

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17

Gráfico 4 – Distribuição das Verbas Publicitárias na década de 1980

Em 23/10/1975, após perder varias concorrências para obtenção de

concessões de canais de TV em São Paulo e no Rio de Janeiro, o empresário

Silvio Santos consegue obter do Governo a concessão do canal 11 no Rio de

Janeiro, que também foi disputado pela Editora Bloch, pela Fundação Casper

Libero e pela Editora e Impressora de Jornais e Revistas (O Dia, A Notícia). No

mesmo mês de outubro de 75, Silvio Santos arrematou a massa falida da extinta

TV Continental (Canal 9 - Rio), investiu na aquisição de equipamentos e em

14/05/1976 às 20h:55min, entra no ar a TVS (TV Studios canal 11). Somente em

1981, Silvio Santos obteve outorga do Governo para operar os canais 5 de Porto

Alegre, 2 de Belém, 9 do Rio de Janeiro e 4 de São Paulo. Mas só em 19/08/1981

entra no ar o SBT canal 4 em São Paulo, no mesmo dia em que foi oficializada a

concessão do canal. Curiosamente a sede ou Cabeça de Rede é inaugurada 5

anos após a inauguração de sua filial no Rio de Janeiro.

As estratégias comerciais que mais marcaram os primeiros anos do

SBT, foram a distribuição das principais atrações na grade de programação,

sempre sucedendo uma atração na grade da Rede Globo e a exibição sistemática

de chamadas para essas atrações, sempre lembrando ao telespectador que era

logo após a novela da Globo ou Jornal e etc.. A ideia tão óbvia, mas nunca antes

utilizada em televisão teve o efeito esperado e faz jus a máxima de Silvio Santos

que diz: “A Globo é um supermercado. Eu sou uma quitandinha.”

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

TV

JORNAL

REVISTA

RÁDIO

OUTROS

Fonte: http://www.tudosobretv.com.br

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18

Em 05/11/75 a Fundação Centro Brasileira de TV Educativa, TVE fez

a 1ª transmissão experimental através de seu próprio canal, (canal 2, ocupado

pela Extinta TV Excelsior), concedido pela Portaria Interministerial n° 408 em

1970 e do decreto federal n° 72637, em 1973. Mas apenas em 04/02/77 a

emissora passou a funcionar em caráter definitivo, com 6 horas de programação

diária cuja maior preocupação era a memória nacional. Em 03/12/79, entrou no ar

a Rede de TV Educativa, composta por 20 emissoras.

A década de 1980 trouxe avanços importantes para a expansão das

redes de TV, que arcavam com custos altos para a distribuição de seus

conteúdos para outros estados, utilizando capacidade da Intelsat e/ou por meio

dos Centros de TV da Embratel com seus enlaces de microondas. Em 1982 o

Governo autoriza a Embratel a instalar e operar os seus próprios satélites.

Contratos são assinados para compra e lançamento desses satélites. Em 1984 é

inaugurado o Centro de Operações de Guaratiba e em 1985 é lançado o Brasil

Sat A1, o primeiro satélite doméstico da América Latina. Em 1986 é lançado o

Brasil Sat A2, para complementar o sistema de telecomunicações via satélite.

Em 1988 é promulgada a nova Constituição Brasileira que inclusive

modifica o sistema de concessões de canais de rádio e de televisão. “A Carta

Magna de 88 reafirmou a competência da União para explorar, diretamente ou por

meio de outorga a terceiros, os serviços de radiodifusão. Também reforçou as

previsões relativas às obrigações educativas e culturais que os meios de

comunicação, com destaque para o rádio e a televisão, deveriam ter. Porém a

Constituição Federal não se restringiu a cristalizar conceitos já existentes. Houve

algumas alterações bastante significativas. A maior delas, sem dúvida, foi atacar a

histórica centralização da competência pela outorga de radiodifusão pelo Poder

Executivo Federal, fazendo com que o Congresso Nacional também fizesse parte

da análise desses processos. A competência do Congresso Nacional para a

apreciação dos atos de outorga e de renovação de outorga de radiodifusão ficou

expressa em duas passagens da Constituição Federal: no inciso XII do art. 49,

que estabelece como competência exclusiva do Congresso Nacional apreciar os

atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;

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e nos §§ 1o, 2o, e 3º do art. 223, no quais se lê que o Congresso Nacional

apreciará os atos de concessão, permissão e autorização para o serviço de

radiodifusão; que a não-renovação de concessão ou permissão dependerá de

aprovação de no mínimo dois quintos do Congresso Nacional, em votação

nominal; e que o ato de outorga ou de renovação somente produzirá efeitos legais

após deliberação do Congresso Nacional. Desde então, mais de 6 mil processos

desse tipo foram analisados pela Câmara e pelo Senado Federal.” (Regulação

das Outorgas de Radiodifusão no Brasil – Uma Breve Análise – por Cristiano

Aguiar Lopes – 2009 – Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados)

O cenário da televisão no Brasil começa a mudar na década de

1990. Três fatos importantes sinalizam para um futuro de diversidade. O primeiro

fato é que, com a ocupação total do espectro de radiofrequência destinado aos

canais de TV na faixa de VHF, abrem-se novas concessões na faixa de UHF. O

segundo fato é que começam a entrar em operação as TV’s por assinatura. O

terceiro fato é o advento da internet e sua revolução.

O serviço especial de TV por Assinatura ou TVA foi regulamentado

em 1988, cuja aprovação foi dada pelos decretos nº 95.744 de 23/02/1988 e

95.815 de 10/03/1988.

“Através do decreto No. 99.180, de 15 de março de 1990, que

dispõe sobre a reorganização dos órgãos da Presidência da República e dos

Ministérios, foi criado o Ministério da Infraestrutura, que entre outros órgãos

absorveu o Ministério das Comunicações. O antigo Ministério foi transformado na

Secretaria Nacional de Comunicações, composto por: Departamento Nacional de

Administração de Frequência; Departamento Nacional de Serviços Públicos;

Departamento Nacional de Serviços Privados, e Departamento Nacional de

Fiscalização das Comunicações.

No dia 30 de julho, o Departamento Nacional de Serviços Privados

da Secretaria Nacional de Comunicações do Ministério da Infraestrutura, baixou a

Instrução nº. 04, estabelecendo procedimentos para a solicitação de instalações

Page 20: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

20

de estações dos serviços de Radiodifusão e Especiais de Televisão por

Assinatura e de Retransmissão de Televisão. (Cronologia da TV Brasileira – por

Sérgio Mattos).

Já em 1989 o Canal+, inspirado no nome e no logotipo do homônimo

francês, transmitia a programação da programadora norte-americana ESPN

através do canal 29 UHF em São Paulo. Em 1990, ainda que não seja um canal

por assinatura, entra no ar em São Paulo a MTV no canal 32 UHF, destacando-se

por ser a primeira TV aberta com programação segmentada a operar no Brasil.

Ela entra no ar 9 anos após a estréia da MTV americana, fruto da associação dos

Grupos Abril e Viacom.

Em 15/09/1991 entra no ar a TV Abril, a primeira rede de TV por

assinatura no país, oferecendo os canais Showtime, TNT, ESPN, Supercanal e

CNN.

No mesmo ano de 1991, o Congresso Nacional pede que as

concessões para TV por assinatura sejam suspensas até que seja formulada

uma Lei específica para o Setor. Essa lei só seria promulgada em 06 de janeiro

de 1995, Lei 8977/95, conhecida como “Lei do Cabo”. Na verdade é importante

ressaltar aqui que essa Lei trata da TV por Assinatura, considerando sua

distribuição apenas no meio físico. Somente em 12/09/2011 foi sancionada a Lei

nº 12.485, originada no Projeto de Lei 116, que unifica e altera as regras para o

mercado de TV por assinatura no Brasil. A lei põe fim a restrição ao capital

estrangeiro, o que impedia empresas da área de Telecomunicações de prestarem

esse serviço.

Em novembro de 1991, surge a Globosat. A primeira programadora

a atuar no Brasil criando quatro canais: o GNT, o Top Sports, o Multishow e o

Telecine. No mesmo período a empresa Globo Cabo (NET) dava os primeiros

passos para a construção de sua malha de distribuição de TV por assinatura.

Inicialmente, as primeiras transmissões dos canais Globosat se davam por

satélite, modalidade DTH/Banda C, para um público muito restrito. A partir de

Page 21: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

21

1995, teve início o processo de expansão do leque de canais da Globosat. O

antigo Top Sports deu origem ao SporTV e foram criados, quase que

sucessivamente, a Globo News, o USA (que deu origem ao Universal Channel) e

o Shoptime. O Telecine virou uma rede com 5 canais de diferentes gêneros de

filmes. Tiveram início as operações de pay per view e foi lançado o Canal Brasil,

totalmente voltado para a produção cinematográfica nacional.

O mercado brasileiro atendido pelo serviço de TV por assinatura

ainda era muito pequeno: em março/1996, havia 1,7 milhão de usuários -

distribuídos em 70% cabo, 20% MMDS e 10% DTH/Banda C - o que implicava em

uma taxa de penetração baixa, em torno de 4% em relação ao número total de

domicílios com TV. Desse total, o Sistema Net/Globosat detinha cerca de 900 mil

assinantes e a TVA cerca de 780 mil, englobando todos os sistemas. (Fonte:

BNDES)

Em 14 de julho de 1996 aconteceu a inauguração do Centro de

Transmissão da DirecTV, em Tamboré - São Paulo. A Solenidade contou com a

presença do então Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, do

Ministro das Comunicações Sérgio Motta, o Governador do Estado de São Paulo,

Mário Covas, o Presidente do Grupo Abril Roberto Civita e o Presidente da

Hughes, Michael Armstrong. A festa foi para celebrar a união das empresas: Abril

(Brasil), Cisneros (Venezuela), Multivision (México) e, Hughes (Estados Unidos),

que possibilitou a chegada do primeiro sistema DTH (Direct to home) no Brasil e

América Latina.

Em 11 de novembro de 1996, através de uma aliança entre as

Organizações Globo, a British Sky Broadcasting, a News Corporation e a Liberty

Media International, foi fundada a Sky. O Sistema Net/Globosat que já contava

com a sua rede de distribuição via cabo, ganhou o reforço do DTH em Banda KU.

No ano seguinte, a marca da empresa foi atualizada para Canais Globosat, e foi

consolidada a sua posição de líder no mercado de TV por Assinatura no Brasil.

Page 22: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

22

Mesmo com todo esse aporte na geração e distribuiçãoo de

conteúdos, até meados da década de 1990, a TV por Assinatura no Brasil ainda

era incipiente. O custo da mensalidade era elevado e a oferta dos serviços atingia

número reduzido de cidades. O novo tipo de TV podia ser considerado um

privilégio. Em 1994, havia apenas 400 mil domicílios assinantes, mas em 2001 já

se registravam 3,5 milhões, o que corresponde a um crescimento de 750% em

seis anos. Em 2011, esse número ultrapassou os 12 milhões de domicílios. Em

termos de densidade, a TV por Assinatura no Brasil atingiu cerca de 23% dos

domicílios com televisão no país. Em novembro de 2012 esse número chegou a

15.966.950 de domicílios e uma densidade de 26.9 %, considerando todas as

tecnologias de distribuição. (Fontes: Anatel e EDTV Ibope)

Voltando um pouco no tempo e seguindo um curso paralelo a esse

cenário da televisão aberta e por assinatura, tem lugar um outro acontecimento

que viria a transformar a vida de toda a sociedade. Em 1988, Oscar Sala,

professor da Universidade de São Paulo (USP) e conselheiro da Fundação de

Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolveu a idéia de

estabelecer contato com instituições de outros países para compartilhar dados por

meio de uma rede de computadores. Assim, chegou ao Brasil a Bitnet (Because is

Time to Network). A rede conectava a Fapesp ao Fermilab, laboratório de Física

de Altas Energias de Chicago (EUA), por meio de retirada de arquivos e correio

eletrônico. O serviço foi inaugurado oficialmente em 1989. Em 1991, o acesso ao

sistema, já chamado Internet, foi liberado para instituições educacionais e de

pesquisa e a órgãos do governo. Nessa época ocorriam fóruns de debates,

acesso a bases de dados nacionais e internacionais e a supercomputadores de

outros países, além da transferência de arquivos e softwares. No entanto, tudo

estava reservado a um seleto grupo de pessoas.

Em 1992, o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

(Ibase) assinou um convênio com a Associação para o Progresso das

Comunicações (APC) liberando o uso da Internet para ONGs. No mesmo ano, o

Ministério da Ciência e Tecnologia inaugurou a Rede Nacional de Pesquisa (RNP)

Page 23: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

23

e organizou o acesso à rede por meio de um "backbone" (tronco principal da

rede).

Foi apenas em 1993 que ocorreu a primeira conexão de 64 kbps à

longa distância, estabelecida entre São Paulo e Porto Alegre. Em 1994,

estudantes da USP criaram centenas de páginas na Internet.

O ano de 1995 foi um marco. Os ministérios das Comunicações e da

Ciência e Tecnologia criaram, por portaria, a figura do provedor de acesso privado

à Internet e liberaram a operação comercial no Brasil. No ano seguinte, muitos

provedores começaram a vender assinaturas de acesso à rede.

Os primeiros sites brasileiros surgidos eram de notícias. Depois,

surgiram os de compras, entretenimento e pesquisa. Assim, a rede nacional

começou a crescer. Para o público médio, e-mail e as salas de bate-papo (chats)

foram dois dos principais carros-chefe para a popularização da Internet. A forma

de comunicação entre as pessoas mudou tanto no ambiente de trabalho quando

na vida particular.

Em 1999, o número de internautas era superior a 2,5 milhões,

atingindo 7,68 milhões em 2002. Hoje somos 94,2 milhões de internautas, sendo

o Brasil o 5º país mais conectado. (Fonte: Ibope Midia – dezembro de 2012).

Além dos grandes benefícios já citados, a internet também trouxe

mais adiante nos anos 2000, a democratização do conhecimento e, o ponto mais

relevante a ser considerado neste trabalho, a democratização dos meios, o vídeo

sob demanda, a TV sobre IP, o Over The Top, o “broadcast your self” com o You

Tube, criado em 2005.

Em meio a esse cenário embrionário da década de 1990, dos

grandes acontecimentos que teriam lugar nos anos 2000, a TV aberta seguia seu

rumo na década de 1990 com a maioria das redes iniciando um processo de

digitalização dos seus parques de equipamentos, buscando cada vez mais a

Page 24: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

24

melhoria da qualidade técnica de seus conteúdos. Paralelo a isso, os estudos e

testes para escolha do melhor sistema para a implantação da TV Digital no Brasil,

estavam em curso.

Nesse período, alguns programas com proposta de interatividade,

tais como “Voce Decide” (Rede Globo – 1992 a 2000) e “Intercine” (Rede Globo –

1996 a 1998) estiveram no ar.

Na virada para o novo milênio, a TV Aberta passa a dividir a verba

publicitária com mais dois meios.

2.2 Fatos e Tendências

De acordo com levantamento feito em 2011 pelo Idate - World

Television Market, a partir de 2008 as receitas com assinaturas passaram as

receitas publicitárias como principal meio de financiamento das TV’s no mundo.

Em 2014 prevê-se que as receitas com assinaturas serão 15% maiores do que as

advindas da publicidade. Essa é uma tendência mundial e não será diferente no

Brasil. A cada ano o número de assinantes de TV paga será maior. A ABTA

(Associação Brasileira de TV’s por Assinatura) projeta entre 35 e 45 milhões o

número de assinantes em 2017. Um dos elementos catalizadores desse processo

é a vigência da Lei 12.485/2011 e sua regulamentação que, dentre outras

medidas, libera completamente a participação do capital estrangeiro, antes

permitido para as operadoras por DTH e MMDS e apenas limitado no Cabo. Com

isso, um número maior de empresas passará a oferecer o serviço de TV paga,

num cenário de competição acirrada em que o custo da assinatura tenda a cair

expressivamente. Outro elemento é o aumento do poder aquisitivo da população

com a ascensão da Classe C. Segundo estudo feito em 2011 pelo Instituto Data

Popular, a projeção é que em 2014, 58% da população pertencerá a Classe C.

Segundo a ABTA, a Classe C representa hoje 28% do total de assinantes da TV

paga e o potencial de crescimento nesse segmento da sociedade está longe de

se esgotar.

Page 25: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

25

É fato que a TV Aberta teve uma participação recorde de 63,3 % na

distribuição das verbas publicitárias em 2011. Mas já no primeiro quadrimestre de

2012 a Internet assumiu um novo patamar nessa participação, subindo de 5.1%

em 2011 para 11.98% em 2012, superando o Jornal, que em 2011 representava

11.83, caindo em 2012 para 11.06%. Com isso, a TV Aberta também caiu para

60.3%. A projeção é que a Internet tenha fechado 2012 com 13.7% de

participação. A Internet já é considerada o segundo meio de maior faturamento no

Brasil. (Fonte: dados do Projeto Intermeios / IAB).

Outro fato de visceral importância e que concorre para a aceleração

desse processo é o PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), cuja implantação foi

iniciada com o Decreto nº 7.175, de 12 de maio de 2010, tendo por objetivos:

Criar oportunidades, acelerar o desenvolvimento econômico e social, promover a

inclusão digital, reduzir as desigualdades social e regional, promover a geração

de emprego e renda, ampliar os serviços de governo eletrônico e facilitar aos

cidadãos o uso dos serviços do Estado, promover a capacitação da população

para o uso das tecnologias de informação e aumentar a autonomia tecnológica e

a competitividade brasileiras. O início do caminho para se alcançarem esses

objetivos é a expansão da cobertura do serviço, a elevação da velocidade de

acesso disponível e a redução do seu preço.

A Telebrás foi a empresa designada para a consecução desses

objetivos, cabendo a ela: I - implementar a rede privativa de comunicação da

administração pública federal; II - prestar apoio e suporte a políticas públicas de

conexão à Internet em banda larga para universidades, centros de pesquisa,

escolas, hospitais, postos de atendimento, telecentros comunitários e outros

pontos de interesse público; III - prover infraestrutura e redes de suporte a

serviços de telecomunicações prestados por empresas privadas, Estados, Distrito

Federal, Municípios e entidades sem fins lucrativos; IV - prestar serviço de conexão

à Internet em banda larga para usuários finais, apenas e tão somente em localidades

onde inexista oferta adequada daqueles serviços.

Page 26: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

26

A meta da Telebras é atender 4.283 Municípios com banda larga até

2014. Para isso está ativando uma rede de fibras óticas com cerca de 30.803 km

dividida em 4 aneis: Sudeste, Sul, Norte e Nordeste. Através de acordos com a

Eletronorte e Eletrobrás, essa rede se expande para mais de 35.000 km. As

demais localidades, situadas em regiões remotas e de difícil acesso, também

serão conectadas, mas por meio de satélites. Para isso, o governo pretende

lançar, em 2014, um satélite geoestacionário que vai atender demandas de banda

larga e defesa nacional. O projeto será coordenado pela Telebrás, que contará

com acordos para transferência e absorção de tecnologia. O satélite vai viabilizar

o atendimento de 1.282 cidades.

Outra medida adotada pelo governo, com o objetivo de aumentar e

antecipar investimentos privados em infraestrutura de comunicações foi a

desoneração para construção de redes de alta capacidade, feita por meio do

Regime Especial de Tributação do PNBL, com a medida provisória nº 563. A

expectativa é de que até 2016 ocorra um aumento de R$ 20 bilhões no volume

desses investimentos.

Para popularizar o acesso aos serviços de banda larga e promover a

produção nacional, o governo também adotou medidas para baratear os tablets e

modems de internet fixa e 3G. Esses equipamentos contam com isenção de

impostos federais por meio da chamada Lei do Bem. O próximo passo será

estender esse benefício aos Smartphones – celulares móveis com acesso à

internet.

O mercado brasileiro de tablets atingiu a marca de 3,1 milhões de

unidades vendidas em 2012, segundo estudo da consultoria IDC (empresa líder

em inteligência de mercado, consultoria e eventos nas indústrias de

tecnologia da informação, telecomunicações e mercados de consumo em

massa de tecnologia). O crescimento de 171% em relação a 2011 foi motivado

principalmente pelo surgimento de tablets abaixo de R$ 500, que respondem por

quase metade do total comercializado.

Page 27: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

27

As redes de telefonia móvel de 4G LTE já estão em operação em 67

países do mundo (inclusive Brasil), com 150 ofertas comerciais, segundo

levantamento de 4G Americas, associação dedicada a promover a expansão da

tecnologia na região.

Ainda de acordo com o estudo da IDC, 50 dos 67 países em que o

4G está presente lançaram o serviço nos últimos cinco meses. A expectativa é

que mais de 100 redes entrem em operação em 2013.

Ao fim de 2012, 63 milhões de pessoas estavam conectadas à

internet móvel em 4G. A expectativa é que esse número dobre nos próximos dois

anos, chegando a 134 milhões. Até o fim de 2017 poderão ser quase 1 bilhão de

conexões.

Os Estados Unidos e o Canadá têm hoje o maior número de

assinantes de 4G do mundo: 52% do total, ou 33 milhões de pessoas em 22

redes comerciais. O número pode chegar a 58 milhões até o fim do ano. Na

América Latina, segundo a 4G Americas, 13 redes estão em operação. No fim de

2012, eram 93 mil assinantes do serviço. Em 2013, o número pode chegar a 2

milhões.

No Brasil, a Claro foi a primeira operadora de telefonia móvel a

lançar o 4G, no fim do ano passado. Até abril, TIM, Vivo e Oi também precisam

colocar o serviço em funcionamento nas cidades-sede da Copa das

Confederações, que começa em junho de 2013, para cumprir as exigências da

Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

No dia 06 de fevereiro de 2013 a Nokia lançou no Brasil o Lumia

920, terceiro smartphone compatível com a tecnologia a ser vendido no país

(junto com o Razr HD, da Motorola e o Galaxy SIII 4G, da Samsung).

Diante de todos esses fatos, conclui-se seguramente que o futuro do

entretenimento televisivo tende a ser conectado, móvel e diversificado em

plataformas.

Page 28: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

28

Conclui-se também que, como cada vez menos a TV paga depende

das verbas de Publicidade como fonte de receita, a despeito dos prognósticos de

crescimento de assinantes até 2017, o foco do investimento publicitário será os

meios de maior rentabilidade, ou seja, de melhor custo/benefício. A internet e os

serviços OTT(Over The Top) oferecem hoje essa perspectiva.

A partir desse patamar, a TV Aberta precisa ser repensada como

modelo de negocio, para que possa manter sua participação no bolo publicitário e

garantir a sua continuidade dentro de uma nova concepção, considerando o seu

histórico alto custo operacional.

2.3 Ameaças e Possibilidades (Broadcast ou Broadband)

As gerações dos anos de 1990 e 2000, conhecidas como gerações

Y e Z, já não consomem mais a TV Aberta como consumiam as gerações dos

anos de 1940 a 1980.

Nos anos de 1990 e 2000, vimos a indústria fonográfica desabar. As

gravadoras tradicionais com seus modelos de receita baseados na

comercialização de mídias, não dão mais conta da mudança do paradigma: as

novas gerações não consomem mais música assim.

Este é o símbolo mais emblemático do que está sendo tratando aqui.

As palavras de Rodrigo Carvalho, Coordenador do Núcleo de

Economia Criativa da ESPM-RJ, no artigo publicado no site ESPM+ em

26/10/2012, complementam essa argumentação: “as gerações mais jovens, ao

formarem o seu “olhar” no padrão da internet, não apresentam o mesmo

comportamento das gerações anteriores”. A audiência que apresentava

praticamente o mesmo padrão de comportamento há 30 anos, sustentando os

modelos de negócios das empresas de televisão aberta por meio da

comercialização de publicidade para os anunciantes, começa a dar sinais de

mudanças.

Page 29: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

29

O consumo de entretenimento televisivo para as novas gerações se

assemelha ao padrão da internet de audiência fragmentada e sob demanda,

como fornecido pelo Google. Este último tem o seu modelo de negócios

estruturado nesse formato flexível e de segmentação fina, que usa recursos

internos e externos para inovar. Próprio do nosso tempo. O Google aparece no

cenário como a principal ameaça aos tradicionais modelos de negócios das

empresas de televisão. Ambos possuem basicamente o mesmo modelo de

receita: publicidade.

No entanto, o modelo de negócios do Google consegue atender

segmentos de todos os portes, como os mesmos grandes anunciantes da TV,

além de qualquer microempreendedor, utilizando-se de múltiplos canais para isso

– fato que as empresas de TV (ainda) não conseguem. É importante destacar que

o Google não precisa mobilizar uma pesada estrutura organizacional para a

produção de conteúdo como forma de atrair audiência. “São os próprios usuários

que geram o conteúdo.” (“Broadcast Yourself”).

“De modo geral, estamos diante de novas perspectivas para as

indústrias criativas que permitirão o surgimento de novos modelos de negócios

inovadores em audiovisual, todos com uma segmentação fina de mercado, com

multiplataformas e canais que oferecerão os seus produtos aos nichos de

mercado específicos, num padrão aberto e flexível de produção, baseando-se em

parcerias para inovar e entregar valor aos clientes.” (Rodrigo Carvalho,

Coordenador do Núcleo de Economia Criativa da ESPM-RJ)

Ainda no tocante a questão publicitária, temos que considerar a

tecnologia da propaganda em tempo real, onde o anúncio "escolhe" o internauta.

Numa reportagem de 23/03/2010, realizada em Nova York e

publicada no site do Observatório da Imprensa, a jornalista Cristina Fibe dá

detalhes dessa tecnologia: “Nos EUA, os publicitários já têm uma nova forma de

atrair os consumidores na internet: anúncios em tempo real, direcionados a cada

internauta, escolhidos com base em seu comportamento na rede”.

Page 30: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

30

Em milésimos de segundo, é possível fazer com que uma

propaganda de hotel, por exemplo, apareça no navegador de quem pesquisa

passagens. Até então, os anunciantes dependiam de pacotes fechados com

antecedência; agora, aumenta a precisão para atingir um consumidor em

potencial.

Companhias como Google, Yahoo e Microsoft já lançaram suas

plataformas, ainda sem previsão de chegada ao Brasil, para o chamado real time

bidding (leilão em tempo real).

"Ele permite aos anunciantes serem bem mais precisos ao gastar

seu dinheiro – eles podem personalizar as campanhas e atingir a audiência certa,

anúncio por anúncio", afirmou à Folha um porta-voz do Google em Nova York.

A empresa, que lançou a plataforma nos EUA e na Europa, em

setembro, diz que a possibilidade de ajustar os anúncios cada vez que um site é

carregado significa que eles serão mais "relevantes e darão aos anunciantes

melhores resultados" – o que também beneficia os donos dos sites, que vendem

espaço a preços mais altos.

"A escolha em tempo real dos anúncios depende de fatores como o

IP do usuário, em que site eles aparecerão, se a propaganda está funcionando

bem", explica o Google.

Por exemplo: "Digamos que você tenha um time de futebol e uma

série de ingressos para um jogo em São Paulo no próximo domingo, de pacotes

VIP a cadeiras mais baratas. Você pode ajustar a oferta para diferentes pontos, a

depender de onde o seu anúncio aparecer".

É aí que entra o "leilão", decidido em milésimos de segundo pelo

programa de computador, que analisa o potencial de consumo do usuário

baseado no histórico de navegação.

Os anunciantes podem ofertar cinco centavos pela propaganda de

um pacote VIP, "para um usuário do Rio que procura passagens aéreas", ou dois

Page 31: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

31

centavos por um anúncio de uma entrada mais em conta, "para alguém de São

Paulo que passeia pelas páginas de esporte do jornal". "Tudo isso acontece em

um piscar de olhos."

Apesar de as empresas defenderem que o real time

bidding beneficia donos de sites, anunciantes e até usuários, o sistema é alvo de

críticas nos EUA. A Federal Trade Commission, agência que regula as práticas

comerciais no país, ainda está discutindo a novidade, considerada por opositores

uma invasão da privacidade dos internautas.” (Cristina Fibe, de Nova York)”.

Considerações éticas a parte, o fato é que esta tecnologia ampliou

os horizontes da publicidade na internet. De forma similar e guardando as devidas

limitações, o Sistema de TV Digital Brasileiro oferece recursos para que uma

tecnologia de publicidade direcionada e segmentada possa operar.

Em 2010 a empresa Peta 5 lançou no mercado o Targ.TV. Uma

ferramenta capaz de entregar mensagens publicitárias direcionadas para

diferentes perfis de telespectadores usando o sistema brasileiro de TV digital

aberta. A Targ.TV permite o direcionamento simultâneo de anúncios publicitários

para públicos específicos, dentro do novo padrão brasileiro de TV digital aberta

(ISDB-T). Isto é, com o software desenvolvido pela Peta 5, passa a ser

tecnicamente viável que as emissoras de televisão possam veicular conteúdos e

propagandas direcionados a diferentes perfis de telespectadores, ao mesmo

tempo, criando com isso a oportunidade de alterar seus negócios, diminuindo os

custos para os tradicionais anunciantes e atraindo um número maior de novos

potenciais anunciantes.

Com a Targ.TV é possível a veiculação de campanhas específicas

para diferentes telespectadores, de acordo com seus perfis. Dessa forma, certos

anunciantes de produtos de beleza, por exemplo, poderão optar por veicular seu

anúncio somente para telespectadores classificados como do sexo feminino e das

classes A e B. Ou ainda pequenos anunciantes poderão optar por veicular seu

filme publicitário somente para os televisores localizados na área geográfica na

qual se encontra seu estabelecimento, contribuindo, assim, para a emergência do

Page 32: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

32

que chamamos de “cauda longa da propaganda na TV digital”, uma vez que,

potencialmente, abre-se espaço para pequenos nichos de mercado, antes

impossibilitados de veicularem anúncios na TV, devido aos seus altos custos.

Ou seja, esta tecnologia permitirá, em tese, que diferentes públicos

(geográficos sociais, econômicos etc.) que estejam assistindo a um mesmo

conteúdo da TV aberta — uma novela, por exemplo — possam receber no horário

do intervalo comercial mensagens voltadas para o seu perfil específico, sendo

que para isso é necessário apenas possuir o aparelho de recepção DTV.

Uma pesquisa intitulada “A Cauda Longa da Propaganda na TV

Digital”, de autoria do Prof. Dr. Vinícius A. Pereira (UERJ/ UFRJ/ ESPM), da Prof.ª

e Mestra Andrea Hecksher (UFF/ ESPM/ COPPE-UFRJ) e da Drª Beatriz

Polivanov (UFF/ ESPM) e apresentada no GT de História da Mídia de Digital do

VIII Encontro Nacional de História da Mídia em 2010, investiga os possíveis

impactos desse novo modelo de anúncios televisivos, na cadeia de produção da

publicidade nas TVs. Foram entrevistados representantes das mais expressivas

emissoras televisivas de canais abertos e agências de publicidade do Rio de

Janeiro. Concluiu-se que: “embora as dinâmicas de consumo de mídias,

particularmente aquelas relacionadas a um público mais jovem, apontem para

uma profunda transformação em marcha, onde a televisão perde o lugar central

de fonte de entretenimento e de informação, a forma como o modelo publicitário

está estruturado nas televisões brasileiras ainda se mostra extremamente

lucrativo, o que não estimula mudanças. Neste sentido, uma ferramenta como a

Targ.TV se mostra pouco interessante se pensada dentro da sua proposta inicial

– permitir a estruturação de um modelo de cauda longa para a publicidade na TV

- mas, passível de utilização se pensada como um instrumento para a proposição

de novas linguagens publicitárias, como no caso dos grandes anunciantes

querendo apresentar variações nas suas mensagens para seus diferentes

públicos.”

Em outras palavras, na TV Aberta hoje ainda prevalece a força dos

grandes anunciantes como fonte principal de receita.

Page 33: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

33

“Por outro lado”, (segue concluindo a pesquisa) “observamos como

os hábitos de consumo de mídias se alteram, com impactos diretos sobre os

hábitos de consumo de televisão, o que poderá demandar, em um futuro não

muito distante, novas abordagens em termos de linguagens publicitárias para que

este público possa dedicar a atenção devida aos anunciantes. Será dentro deste

contexto que apostamos que tecnologias como a Targ.TV poderão obter êxito.”

“Em relação à possibilidade de uma cauda longa aplicada à

publicidade na TV, tal como descrito acima, verificamos que isso é pouco factível

nos próximos anos, exatamente pelos mesmos motivos descritos acima. É clara a

posição unânime que há entre emissoras de TV e agências de publicidade

afirmando que seria mais trabalhoso e, ao menos em um primeiro momento,

menos rentável do que o modelo atual, a adoção de uma dinâmica de exibição de

comerciais nas TVs, tal como possibilitado pela tecnologia Targ.TV e similares.

Em contrapartida, particularmente as agências apostam que estes modelos de

tecnologias poderiam servir aos grandes anunciantes que quisessem realizar

experimentos quanto aos seus diferentes públicos consumidores. Ou seja, a

tecnologia Targ.TV poderia entrar como um diferencial para grandes anunciantes,

mas ainda dentro do modelo broadcasting de exibição de anúncios na TV.”

“É possível, ainda, que outras dimensões da tecnologia, como

aquelas que apostam em aplicativos que colaboram para a social TV, dentre

outras, se mostrem compatíveis e mesmo interessantes para todo o conjunto de

transformações nos hábitos de consumo de mídias na contemporaneidade. Os

próximos movimentos da cultura mostrarão. Seja como for, apostamos na

validade de acolher, dentro dos espaços universitários e científicos, propostas de

estudos como a que aqui realizamos com a Peta5, em torno da Targ.TV, como de

manter os espaços acadêmicos como aqueles capazes de pensar o futuro, sem a

obrigatoriedade de gerar lucros imediatos, mas, antecipar mudanças, confirmar

tendências, antecipar transformações.”

Page 34: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

34

Outra discussão que ainda necessita de amadurecimento no

confronto entre os caminhos para se entregar o conteúdo, no que tange ao canal

de transmissão é: ser Broadcast ou Broadband?

Não basta apenas ter um Portal na Internet divulgando a

programação, fornecendo informações e vídeos on line ou por meio de podcasts.

Mas antes de avançar nessa questão, é preciso abordar o surgimento e a

evolução do que ficou conhecido como TV Conectada, Smart TV ou Broadband

TV.

No ano de 2007 as empresas Sony, LG e Samsung lançaram no

mercado as primeiras TV’s habilitadas a se conectarem a internet. Na verdade a

patente da televisão conectada foi registrada no Instituto Nacional de Propriedade

Industrial da França, sob o registro nº 9413469 em 09/11/1994, por Jean Marie

Gatto e Bertrand Dominique.

Essas Broadband TVs traziam no inicio aplicativos para acesso a

conteúdos específicos e suas funcionalidades operacionais eram extremamente

limitadas. Além de não possuírem um browser e interfaces adequadas para

selecionar objetos e digitar endereços, a conexão por wifi dependia de

adaptadores wireless/usb vendidos separadamente e nem sempre encontrados

com facilidade no mercado.

Ao longo dos últimos 5 anos as Broadband TVs foram adquirindo

operacionalidade e incorporando um browser e aplicativos (Apps) para acesso a

vídeos on demand de Provedores de Conteúdo como Terra, Yahoo, IG HD, You

Tube, Esporte Interativo entre outros, serviços over-the-top como Netflix, Net

Movies e Skype e até mesmo de consumo Catch Up disponibilizado pelas redes

MTV, SBT e Bandeirantes. No segundo semestre de 2012 a Samsung lançou sua

nova série de TVs ES cujos modelos mais simples já vêm equipados com

adaptador wifi além da porta LAN RJ45, 3 portas USB nas quais se pode conectar

um HDD para gravação de programas captados pelo sintonizador de TV Digital,

um teclado e um mouse wireless e qualquer outro dispositivo de memória flash

Page 35: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

35

para exibição de fotos, filmes ou execução de arquivos de música. Já os modelos

top vêm equipados com Voice, Motion Control e Face Recognition.

Com o incremento de todas essas interfaces, a experiência com a

Broadband TV se tornou extremamente objetiva e amigável.

O que se deve ressaltar aqui como principal ameaça é que essa

modalidade de distribuição de conteúdo vem crescendo em todo o mundo,

tendendo a pulverizar a audiência da TV Aberta.

Em matéria publicada na revista Veja em 26/07/2011, de acordo com

uma pesquisa feita pela empresa americana de análise de mercado In-Stat: só

nos Estados Unidos, mais de 20% das residências já possuem TVs conectadas.

Dentro desse universo, 60% dos consumidores utilizam os aplicativos pelo menos

uma vez por semana. De acordo com outra empresa de análise estatística, a

Display Search, a expectativa é que, até 2014, cerca de 123 milhões de

televisores com esses recursos estejam instalados no mundo.

De acordo com dados divulgados pelas empresas LG, Philips e

Samsung em novembro de 2012, serão comercializadas pelo menos 10 milhões

de TVs com tela plana no Brasil em 2012. Desse número, pelo menos 40% diz

respeito às Smart TVs.

“As Smart TVs não são mais um conceito. As pessoas já conhecem,

ouviram falar ou já têm uma em casa”, explica Milton Neto, gerente geral da

unidade de TV da LG no Brasil. Se o ritmo continuar como está, é possível que as

Smart TVs fechem o ano (2012) com 50% do mercado, o que representa um

crescimento bastante significativo.

Entretanto há que se considerar nesse processo de

amadurecimento e penetração da Broadband TV, o prognóstico de crescimento

da oferta de banda larga nos próximos anos. A projeção realizada pelo Governo,

indica que o Brasil atingirá aproximadamente 18,3 milhões de acessos banda

larga no final de 2014, o que corresponde a cerca de 31,2 acessos a cada 100

Page 36: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

36

domicílios, número bastante inferior à média de 37,0 acessos a cada 100

domicílios projetados para países apresentam condições semelhantes ao Brasil –

Argentina, Chile, China, México e Turquia.

Um estudo elaborado pela IDC (International Data Corporation)

para a Cisco Systems Inc., faz um prognóstico de conexões de internet para os

próximos 5 anos. Em 2016 o Brasil superará 39.2 milhões de conexões entre fixas

e móveis, sendo que as conexões de banda larga iguais ou superiores a 2 Mbps

alcançarão 69,3 % das fixas.

O estudo da IDC conclui que os fatores que alavancam a maturidade

da banda larga no Brasil são: “as recentes fusões das concessionárias com

operadoras de telefonia móvel, criaram grandes grupos capazes de ofertar um

abrangente leque de serviços, tendo a banda larga como componente chave no

pacote ofertado ao consumidor. As recentes regulamentações impostas ao setor

fomentaram tanto o segmento consumidor quanto o corporativo, que serão ainda

impulsionados pelos grandes eventos de 2014 e 2016 e por fim a mudança de

perfil no uso da internet, impulsionada pelo desejo de uma melhor navegação,

pela expansão do B2C na web, e também pela popularização de conteúdo e

mídias digitais que modificou positivamente o cenário da banda larga no país. “

Em contrapartida, conclui ainda o estudo da IDC, ”a relativa baixa

qualidade do serviço segue como um dos principais inibidores da banda larga no

mercado nacional. Apesar de o preço praticado estar em queda, ainda é caro

comparando-se a outros países da América Latina e do mundo. Ainda hoje existe

demanda reprimida, seja por uma cobertura com falta de opções de escolha de

tecnologia ou por mercado concentrados em dois ou menos provedores. E por

fim, parte da população ainda desconhece ou desconsidera a importância da

banda larga na vida cotidiana.“

E preciso ter em conta que para que as Broadband TVs atinjam o

melhor de sua performance, será necessário que cada usuário tenha uma

conexão com uma velocidade mínima de download de 10 Mbps. Considerando-

Page 37: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

37

se rodar streamings de vídeo em alta definição, codificados em H264 ou em outro

algoritmo de compressão que venha sucedê-lo.

A partir deste ano de 2013, as medições de audiência, usadas como

referência para emissoras e anunciantes, vão incluir também o acesso aos

aplicativos das Broadband TVs. A inovação foi anunciada pela Nielsen, maior

empresa de pesquisas de audiência do mundo, devendo começar em setembro

nos EUA. No Brasil, a Nielsen é associada ao Ibope, que realiza o mesmo tipo de

trabalho.

Além de medir o número de domicílios sintonizados nas

transmissões de TV aberta e fechada, a empresa vai começar a aferir também

quantos telespectadores estão acessando os apps oferecidos pelos fabricantes

de TVs. Numa segunda etapa, provavelmente em 2014, serão verificados os que

estiverem com algum dispositivo conectado ao televisor, como players Blu-ray,

tablets, consoles de videogame e qualquer aparelho que permita acesso à

internet.

“Achamos que o impacto dos TVs conectados na audiência ainda é

pequeno”, admite Brian Fuhrer, vice-presidente da Nielsen, que calcula em 0,6%

o número de domicílios atingidos. “Mas a mudança precisa ser feita agora, porque

o papel dessas novas mídias no comportamento da audiência tende a ser cada

vez maior.” Segundo ele, a empresa neste momento está procurando seus

clientes (a maioria deles emissoras, operadoras, anunciantes e agências de

publicidade) para explicar como irá funcionar o novo sistema.

“Continuaremos aferindo a audiência das principais redes pelo

mesmo método usado até hoje. Mas não podemos esquecer que fontes como

Netflix e Hulu já estão alterando os hábitos dos telespectadores. E queremos

saber também se domicílios que não recebem sinais de TV tradicionais estão

tendo acesso a outros tipos de conteúdo.” (Reportagem da Revista Panorama

Audiovisual – 01/03/2013)

O que a principio parecia se apresentar como uma ameaça, na

verdade se mostra hoje como uma grande oportunidade para a expansão e

Page 38: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

38

diversificação do negócio de TV Aberta, bem como da ampliação das

possibilidades de veiculação publicitária, tendo em vista que a pulverização da

audiência é um processo irreversível.

Respondendo enfim a questão colocada no início: ser broadcast ou

broadband? Nem um, nem outro, mas os dois. Ou seja, a TV Aberta pode e deve

expandir o seu negócio e ocupar o seu lugar dentre os Apps das Broadband TVs,

dos Tablets e dos Smartphones, levando o melhor do seu conteúdo on demand e

ao vivo. Levando conteúdo regionalizado e com publicidade direcionada como a

proposta por modelos como a Targ.tv ou pelo Real Time Bidding.

Mas para que isso venha a ter consistência é preciso não só se

capacitar hoje com infraestrutura e recursos humanos que sejam capazes de

preparar e entregar com eficiência todos os conteúdos, como também firmar o

quanto antes, acordos e traçar metas de compatibilidade com a industria de

terminais de Broadband TVs, Tablets e Smartphones.

2.4 Interatividade

“Middleware é a camada de software localizada entre as aplicações

(programas de uso final) e o sistema operacional. Seu objetivo é oferecer às

aplicações suporte necessário para seu rápido e fácil desenvolvimento, além de

esconder os detalhes das camadas inferiores, bem como a heterogeneidade entre

os diferentes sistemas operacionais e hardwares, definindo, para os que

produzem conteúdo, uma visão única de aparelho. Esse papel confere à definição

do "middleware Brasileiro" (O Ginga) grande relevo, pois, na prática, é ele quem

regulará as relações entre duas indústrias de fundamental importância no país: a

de produção de conteúdos e a de fabricação de aparelhos receptores. Do ponto

de vista do software, podemos dizer, sem exagero, que, ao definir o middleware,

estamos, de fato, definindo a “televisão brasileira.”” (Ambiente para

Desenvolvimento de Aplicações Declarativas para a TV Digital Brasileira -

Laboratório Tele Mídia Depto. Informática PUC-Rio).

Page 39: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

39

O middleware desenvolvido para o Sistema Brasileiro de Televisão

Digital, o Ginga, possui como características mais importantes: o suporte à

sincronização de mídias como a sincronização baseada na estrutura e o suporte a

canal de retorno; suporte a múltiplos dispositivos de exibição; suporte ao

desenvolvimento de programas ao vivo (em tempo de exibição); suporte à

adaptação do conteúdo e da forma como o conteúdo é exibido e o suporte ao

desenvolvimento de aplicações visando à inclusão social, como aplicações para

ensino, saúde etc.

Ou seja, o Ginga representa uma grande ferramenta para que o

Radiodifusor promova e operacionalize novos procedimentos de veiculação

publicitária, ofertas de serviços de utilidade pública, controle da audiência com a

participação ativa dos telespectadores em cada programa e por conseguinte de

avaliação da qualidade dos conteúdos ofertados. Será possível estabelecer um

“termômetro” em tempo real para cada novo conteúdo posto no ar e em múltiplas

telas.

Com isso o Radiodifusor poderá cada vez mais aperfeiçoar a

qualidade dos programas ofertados e aumentar a sua competitividade.

O Ginga é constituído por um conjunto de tecnologias padronizadas

e inovações brasileiras que o tornam a especificação de middleware mais

avançada do mundo e a melhor solução para os requisitos do país. O Ginga é o

resultado de vários anos de pesquisas realizadas pela Universidade Católica do

Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

O sistema é dividido em três subsistemas principais interligados

(Ginga-CC, Ginga-NCL e Ginga-J), que permitem o desenvolvimento de

aplicações seguindo dois paradigmas de programação diferentes. Dependendo

das funcionalidades requeridas no projeto de cada aplicação, um paradigma será

mais adequado do que o outro.

Page 40: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

40

Ginga-CC

O Ginga-CC (Ginga Common-Core) oferece o suporte básico para

os ambientes declarativos (Ginga-NCL) e procedural (Ginga-J), de maneira que

suas principais funções sejam para tratar da exibição de vários objetos de mídia,

como JPEG, MPEG-4, MP3, GIF, entre outros formatos. O Ginga-CC fornece

também o controle do plano gráfico para o modelo especificado para o ISDB-TB e

controla o acesso ao Canal de Retorno, módulo responsável por controlar o

acesso à camada de rede.

Ginga-NCL

O Ginga-NCL foi desenvolvido pela PUC-Rio com o objetivo de

prover uma infra-estrutura de apresentação para aplicações declarativas escritas

na linguagem NCL (Nested Context Language), que é uma aplicação XML com

facilidades para a especificação de aspectos de interatividade, sincronismo

espaço-temporal entre objetos de mídia, adaptabilidade, suporte a múltiplos

dispositivos e suporte à produção ao vivo de programas interativos não-lineares.

Para facilitar o desenvolvimento de aplicações Ginga-NCL, a PUC-

Rio criou também a ferramenta Composer, um ambiente de autoria voltado para a

criação de programas NCL para TV digital interativa. Nessa ferramenta, as

abstrações são definidas em diversos tipos de visões que permitem simular um

tipo específico de edição (estrutural, temporal, layout e textual). Essas visões

funcionam de maneira sincronizada, a fim de oferecer um ambiente integrado de

autoria.

Ginga-J

O Ginga-J foi desenvolvido pela UFPB para prover uma infra-

estrutura de execução de aplicações baseadas na linguagem Java, com

facilidades especificamente voltadas para o ambiente de TV digital.

O assunto Interatividade na TV Digital Brasileira entretanto, não

caminhou conforme se pretendia, por conta de alguns entraves importantes que

Page 41: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

41

detiveram o avanço da implementação efetiva do Ginga, tanto em questões

relacionadas ao pagamento de royalties para utilização de módulos Java

constantes no Ginga-J, quanto em questões mercadológicas por parte dos

fabricantes e de políticas governamentais, que deveriam ter acelerado esse

processo junto aos desenvolvedores, Radiodifusores e Indústria de receptores de

TV, Tablets e Smartphones.

O primeiro entrave, que diz respeito ao processo de licensiamento

dos módulos Java, envolve questões complexas e que demandaram estudos,

desenvolvimentos e negociaçoes nos últimos quatro anos. Para que esse

assunto possa ser melhor entendido, uma breve visão sobre a cronologia dos

fatos se faz necessária.

É preciso saber antes que o Ginga foi estruturado sobre uma base

conhecida como GEM (Globally Executable Middleware), que é o padrão

internacional de middleware para TV Digital, desenvolvido pelo European Digital

Video Broadcasting Group and Associated Groups. Essa base ou essa

especificação é carregada de royaties.

Em alternativa ao GEM, a Sun Microsystemas (Oracle)

desenvolveu o Java DTV. O trabalho foi executado de forma colaborativa pelas

equipes alemã e americana da Sun Microsystems (Oracle), juntamente com oito

companhias e institutos de pesquisa do Brasil, afiliados ao Fórum SBTVD. A

equipe de coordenação foi formada internamente pelo Fórum SBTVD, e contou

com representantes de três forças tarefa – Mercado, Técnica e Propriedade

Intelectual.

Esse trabalho teve inicio no ano de 2008 e concluído em 2009. Em

abril de 2009 o Fórum SBTVD decidiu por 12 votos a 1 a adoção do Java DTV

para o Ginga-J.

A despeito dessa definição, no mesmo ano de 2009, uma outra

questão emperrou o avanço do Ginga. As implementações comerciais da Sun

Microsystems (Oracle) usadas no middleware, tais como Java TV, JVM (Java

Virtual Machine) e JMF (Java Media Framework) são passíveis de cobrança de

Page 42: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

42

licenças. A indefinição da Sun Microsystems (Oracle) com relação aos preços a

serem cobrados por licensa por equipamento, ou até mesmo com relação a

determinação de um teto, levou o Fórum SBTVD a exigir um compromisso de

transparência nas negociações, fazendo inclusive constar na norma ABNT-NBR

15606-6 (pág.vii, 3o parágrafo), que trata da codificação de dados e

especificações de transmissão para radiodifusão digital Parte 6: Java DTV 1.3, o

seguinte trecho: ” O proprietário deste direito de patente assegurou à ABNT que

está preparado para negociar licenças sobre termos e condições razoáveis e não

discriminatórias com os solicitantes. Sobre isto, uma declaração do proprietário

desta patente está registrada com a ABNT. Informações podem ser obtidas com:

*Oracle Corporation [...]”.

Esse impasse com a Sun Microsystems (Oracle) persistiu até abril

de 2012, quando o Governo e Fabricantes ameaçaram tornar o Ginga-J opcional

no middleware, caso a empresa não se posicionasse claramente sobre a fixação

de preços e /ou de um teto. Não obstante essa dificuldade nas negociações com

a Sun Microsystems (Oracle), a presença ou não do Ginga-J nos receptores a

serem fabricados no Brasil já não é mais objeto de discussões, ou seja, o ginga

virá integral nos próximos receptores produzidos em 2013. O que ainda se discute

no tocante as aplicações Java é o modelo de licenciamento da Sun Microsystems

(Oracle), não sendo, entretanto objeto de estudo deste trabalho.

É importante ressaltar aqui que a comunidade brasileira de

desenvolvedores em Java, é a segunda maior do mundo. De acordo com Jeet

Kaul, vice-presidente de software cliente & engenharia Java da Sun Microsystems

(Oracle), a comunidade brasileira é a mais empenhada. Os dados da companhia

apurados em 2009 mostram que há aproximadamente 34.000 desenvolvedores

locais de Java certificados, e uma população geral de técnicos, programadores e

engenheiros habilitados em Java de 110.000. A partir de 2013 toda essa

comunidade poderá estar empenhada numa série de projetos de aplicações para

a TV Digital Brasileira.

“Acredito que ter uma tecnologia de abrangência mundial, que nos

dê a possibilidade de uma segurança jurídica adequada, com base na licença

Page 43: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

43

GPL (General Public License) do Java, que abra para as empresas brasileiras um

importante mercado mundial e que, na minha opinião, temos todas as condições

de garantir que seja de uma forma não discriminatória, é uma oportunidade muito

grande para deixarmos escapar.” (Bruno Souza – Diretor do Grupo de

Usuários Soujava).

O segundo entrave é que para a indústria de receptores, a inclusão

do Ginga não produz nenhum diferencial entre os aparelhos disponíveis no

mercado. "A indústria não comprou a ideia do Ginga porque não é diferencial de

produto, não consegue vender mais TVs porque o concorrente tem a mesma

coisa. As TVs conectadas têm diferenciais que fazem com que o consumidor

compre uma determinada marca e pague mais caro por isso. O Ginga vai causar

um custo e não vai aumentar a quantidade de vendas", avalia Valdecir Becker,

Professor da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado).

Com a publicação da Portaria Interministerial nº140 em 23/02/2012,

que estabelece, ainda que tardiamente, o Processo Produtivo Básico para o

produto Televisor com Tela de Cristal Líquido, industrializado na Zona Franca de

Manaus, a inclusão do Ginga nos receptores de TV digital deixa de ser facultativa

e passa a ser obrigatória obedecendo ao seguinte cronograma:

I - at 30 de junho de 2012: dispensado;

II - de 1º de julho at 31 de dezembro de 2012: opcional;

III - de 1º de janeiro at 31 de dezembro de 2013: 75% (setenta e cinco por cento)

dos televisores;

IV - a partir de 1º de janeiro de 2014: 90% (noventa por cento) dos televisores.

O terceiro entrave são os ensaios necessários a serem feitos pelos

fabricantes de receptores, por meio de uma suíte de testes, para avaliar e

certificar que todas as aplicações interativas enviadas pelas emissoras sejam

compatíveis com cada uma das três plataformas do Ginga. A despeito disso,

cogita-se da necessidade de se fazerem atualizações nos receptores para

promover correções e implemento de funcionalidades no Ginga. Ainda que uma

Page 44: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

44

porcentagem considerável da população não tenha a cultura de atualizar o

televisor, já existe uma nova geração de televisores no mercado capaz de fazer

atualizações automáticas, uma vez que estejam conectados a uma rede de banda

larga, seja via cabo ou wireless.

Diante das perspectivas postas até aqui, deve-se considerar que não

está se falando aqui somente em interatividade local (caso do EPG ou

Informativos de prestação de serviços e etc.) ou levantando questões sobre o

canal de retorno. A interatividade do Ginga virá embarcada em TV’s conectadas

e, conforme abordado neste trabalho, além de todos os implementos de

usabilidade o seu prognóstico de crescimento e evolução de recursos tanto

quanto o acesso a banda larga são promissores. O Radiodifusor precisa enxergar

que, o que hoje lhe parece um negócio rentável, mudará de lugar e formato.

Se hoje as emissoras de TV ainda promovem interatividade via rede

telefônica fixa e móvel, seja por ligações para números específicos e envio de

SMS’s e esse faturamento compartilhado com as operadoras de telefonia.

Amanhã esse mesmo processo será suprimido por aplicações específicas de

interatividade em múltiplas telas.

O Radiodifusor deve estar preparado para um universo de

possibilidades. A tecnologia de interatividade unirá os mundos Broadcast e

Broadband em definitivo, onde conteúdos poderão ser acessados de diferentes

formas em diferentes meios.

Experiências nessa direção já estão sendo desenvolvidas. A

empresa Totvs/TQTVD já oferece soluções prontas para o desenvolvimento de

aplicações de second screen (ou segunda tela). A equipe de engenharia da

empresa desenvolve há dois anos com a NHK japonesa os requisitos técnicos de

uma plataforma híbrida, broadband/broadcast que virou uma recomendação da

ITU, a J.205.

Durante a Broadcast & Cable de 2012 a Totvs/TQTVD mostrava em

seu stand uma solução para second screen usada pelo SBT. O objetivo é permitir

Page 45: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

45

ao telespectador usar os conteúdos preparados para a segunda tela pela

emissora (ou seja, informações adicionais de programas, vídeos, votação em

enquetes, t-commerce, etc), e enviados para o televisor através do canal de

dados do sinal digital da TV aberta. Tudo isso sincronizado com o programa ou

atração transmitida pela emissora.

Para receber esse conteúdo no Smartphone ou Tablet Android ou

IOS basta o telespectador baixar o aplicativo e conectar seu iPhone ou iPad à

mesma rede Wi-Fi na qual a TV compatível com DTVi já está conectada. Caso

esteja sendo transmitido conteúdo compatível, a sincronização entre os

dispositivos se dará automaticamente.

No caso do SBT o internauta é levado para páginas Web do

programa que estiver assistindo naquele momento. Mas ao lado desta

demonstração, no mesmo stand da Totvs/TQTVD, era possível ver um teste da

Rede Globo para a transmissão de videoclips de lances de uma partida de

futebol, como um gol, por exemplo, enquanto a partida está rolando no sinal da

TV aberta.

“São exemplos de como juntar o melhor dos dois mundos”, disse

David Britto, CTO da TQTVD. “E de dar à emissora uma chance de manter o

internauta conectado aos seus conteúdos mesmo em outro dispositivo com

acesso internet”, explicou.

O aplicativo Sticker Center está disponível na APP Store da Apple e

no Google Play. A partir dele é possível inclusive comentar a programação

através das redes sociais Twitter e Facebook. O que significa que hoje, a solução

do SBT já pode ser testada por qualquer consumidor, em São Paulo, que tiver um

televisor com conexão Internet de fabricação da LG, Sony, Panasonic, Philips ou

Toshiba. A da Globo, ainda não. A intenção do SBT é medir o quanto os

conteúdos de segunda tela serão fáceis de acessar por parte do telespectador,

serão ou não do seu agrado, etc.. E também o quanto conseguirá evitar que, para

que seu telespectador tenha acesso aos conteúdos broadband do SBT ele tenha

que deixar de ver a TV aberta.

Page 46: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

46

O que Radiodifusor precisa objetivar para os próximos anos é:

Repensar a infraestrutura de televisão como um todo, onde os

ambientes de TI e de Produção de TV estejam lado a lado interagindo e

empenhados em cada projeto.

Formar equipes de desenvolvimento de aplicações em Ginga-Java ou

Ginga-NCL para aparelhos fixos e móveis ou comprar aplicações

interativas de empresas independentes em contratos personalizados

com confidencialidade.

De posse dessas novas ferramentas para T-commerce, repensar o

formato de inserção de publicidade, de maneira a tornar o

entretenimento televiso o mais fluente possível, onde as ofertas de

produtos e serviços sejam oportunas e direcionadas e, portanto sem

gerar incômodos à experiência do telespectador.

Para concluir, é preciso ter em mente que o Ginga é o elemento

unificador que permitirá que o negócio de TV aberta expanda a sua atuação por

Broadband TVs, Tablets, Smartphones e o que mais for concebido pela tecnologia

de entretenimento e comunicação.

“Interatividade e convergência com a internet está permitindo a

televisão de se tornar mais do que um meio passivo. Os telespectadores estão

possibilitados de mergulhar fundo na história, acessar estatísticas de esportes

para complementar o jogo, ou compartilhar seus pensamentos com seus amigos.

Os anunciantes podem atingir telespectadores específicos de maneira

significativa – veja os relatos da imprensa sobre a forma como Obama venceu a

eleição nos EUA! A mobilidade e a portabilidade da distribuição de programação

em vídeo, em minha opinião, terá um profundo impacto nos negócios de televisão.

Como os telespectadores podem consumir programação de fora de suas casas,

tantas oportunidades aparecem e são envolvidas. No fim, os consumidores

querem controlar o que assistem, quando eles assistem, e em qual dispositivo

irão fazer isso. O sucesso nos negócios da programação da televisão irão

Page 47: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

47

reconhecer e servir suas necessidades, sem contar a tecnologia de distribuição.”

(Bob Zitter, vice-presidente executivo e diretor técnico da HBO).

2.5 Caminhos de Expansão

Além da alta definição e da interatividade, os outros dois grandes

diferenciais da TV Digital Brasileira são a multiprogramação e a mobilidade.

A expansão da TV Aberta no Brasil passa necessariamente pela

potencialização desses dois grandes diferenciais, quando se pensa em viabilizar

um serviço de TV móvel eficiente, útil e rentável.

Duas questões são essenciais para o avanço desse propósito: a

liberação do uso do recurso da Multiprogramação, com definição de regras claras

para sua utilização e a definição de um plano de canalização para viabilização

das Redes SFN (Single Frequency Network) e avanço da interiorização.

O Decreto nº 5.820, de 2006, dispõe sobre a implantação do

Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre – o SBTVD –T. Entretanto o

decreto não inclui o recurso da multiprogramação. Somente em 11 de fevereiro de

2009, o Ministério das Comunicações publicou a Portaria nº 24 que aprovou a

Norma nº 1. Essa norma regulamenta a operação compartilhada dos canais a

serem utilizados pela União para a exploração dos serviços de Televisão e de

Retransmissão de Televisão Pública Digital no âmbito do SBTVD-T. Em sua

cláusula nº 10.3, estabelece que “A multiprogramação somente poderá ser

realizada nos canais a que se refere o art. 12 do Decreto nº 5.820, de 29 de

junho de 2006, consignados a órgãos e entidades integrantes dos poderes da

União”. Ou seja, apenas a TV pública poderá fazer uso da multiprogramação na

difusão dos seus conteúdos.

Essa norma levantou grandes discussões e críticas por parte da

radiodifusão comercial e até pública. A ABRA (Associação Brasileira de

Radiodifusores) questionou as regras, que impedem que um canal digital

Page 48: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

48

comercial seja dividido em quatro, uma das principais vantagens do sistema

japonês adotado pelo Brasil. Em comunicado, a entidade alegou que: “considera

inadequada a medida do governo, uma vez que o padrão escolhido para a TV

digital, a partir do japonês e adaptado às necessidades do Brasil, tem como

principal característica o multicanal. Não faz sentido proibir a utilização de uma

das características principais do sistema brasileiro de TV digital”.

A despeito dessa polemica, o que precisa estar claro para a

radiodifusão comercial é que a multiprogramação não será legalmente viável

durante o período de “simulcasting”, ou seja, enquanto as transmissões digitais

forem replicadas no domínio analógico, pela simples razão de que na tecnologia

analógica não se pode transmitir múltiplos conteúdos áudio visuais. Apesar de se

tratar de uma mudança tecnológica, a radiodifusão de sons e imagens ainda é

regulada pelo Decreto nº 52.795, de 1963, onde no item 21 do art. 5º

encontramos a seguinte definição: “o serviço de telecomunicações que

permite........a transmissão de sons e imagens (televisão) destinada a ser direta e

livremente recebida pelo público”. Em outras palavras e em principio, para

aqueles outorgados que transmitem seus conteúdos pela tecnologia analógica, ao

transmitirem conteúdo diferenciado pela tecnologia digital, estarão privando parte

significativa do público do acesso direto e livre ao mesmo.

Para esses outorgados, portanto, a utilização do recurso da

multiprogramação só será possível após o “switch off”, ou seja, após 26 de junho

de 2016, que é o caso da maioria dos Radiodifusores.

Entretanto, a partir de 1º de julho de 2013 o Ministério das

Comunicações somente outorgará o serviço de radiodifusão de sons e imagens

para transmissão na tecnologia digital, não havendo, portanto para esses

outorgados o impedimento ao uso do recurso da multiprogramação, mesmo antes

do término do período da transição tecnológica.

Entendido esse processo e apesar dos grandes avanços que

proporcionará ao negocio da TV Aberta, a multiprogramação poderá apenas ser

liberada mediante uma regulação específica, com regras claras que impeçam que

Page 49: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

49

os canais sejam alugados, vendidos ou usados para proselitismo – tentativa de

converter pessoas a aderir a uma religião ou ideia. Deverá haver também um

compromisso com a cultura, a utilidade pública e a educação.

Dentro dessa perspectiva, o que de estratégico deve ser planejado

para os próximos anos, é a implementação de um esquema de transmissão que

atenda a TV Fixa HDTV, a TV Embarcada SDTV e a TV Móvel LDTV. Como o

ISDB-T já foi implantado no Brasil com a utilização da tecnologia de compressão

H.264, é possível a combinação dos três padrões que seguem: HDTV, SDTV e

LDTV. (HD=High Definition, SD=Standard Definition e LD=Low Definition),

ocupando respectivamente as camadas B, C e A, na divisão de segmentos OFDM

do canal de transmissão de 6 Mhz.

Para uma melhor compreensão da aplicação desse esquema de

transmissão, é preciso abordar a questão das Redes SFN e Gap Fillers.

A infraestrutura de retransmissão analógica de sinal na maioria das

redes de televisão, é constituída de estações transmissoras compostas

basicamente de 1 transmissor analógico titular, 1 transmissor reserva, em VHF ou

UHF, um Nobreak, um receptor de satélite por onde é recebida a programação da

Geradora para retransmissão e sistemas irradiantes com suas chaves de

manobras. Evidentemente o custo de cada estação depende do grau de eficiência

de transmissão desejado e da qualidade dos equipamentos aplicados, o que é

Page 50: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

50

determinado em função da população e audiência presumida cobertas pela

estação.

Uma Rede SFN, pressupõe uma infraestrutura que contenha além

do transmissor digital principal, transmissor reserva, sistema irradiante e Nobreak,

uma cadeia de enlaces de microondas digitais (SDH – STM-1), interligando todos

os postos integrantes da rede desde a origem ou Sede geradora até o último

posto, transportando o BTS (Broadcast Transport Stream), que carrega todas as

informações sobre o esquema de transmissão, aplicações de interatividade, EPG

e conteúdos específicos em HD, SD e LD, 10Mhz. e 1PPS (Pulse Per Second)

para sincronismo.

A expansão e interiorização de uma Geradora de Programação por

Redes SFN representa a melhor das condições operacionais, considerando que

os telespectadores de receptores fixos poderão sintonizar um mesmo canal seja

na região metropolitana ou no interior e os telespectadores de receptores móveis

poderão acompanhar um determinado programa em um longo percurso.

Entretanto Implantar e manter uma Rede SFN compreende altos custos e longos

processos para obtenção de frequências para os enlaces de microondas. Além

desses aspectos, ainda há os impedimentos de viabilidade para a radiodifusão de

uma mesma frequência por um longo percurso, o que depende de um plano

coerente de canalização a ser apresentado pelo Governo nesse sentido. O uso

do satélite, portanto ainda é uma opção para os Radiodifusores na expansão de

suas redes MFN (Multi-Frequency Network) para o interior, embora o tráfego do

BTS por satélite ainda represente um desafio com relação ao consumo de banda,

no que resulta também num alto custo de segmento espacial. Não obstante, não

ser alvo deste trabalho o estudo comparativo das soluções para redes de

expansão, uma avaliação nesse sentido deve ser buscada pelos Radiodifusores

olhando para os resultados a longo prazo.

O objetivo aqui é ressaltar a importância da construção de redes

SFN focadas na distribuição para TVs Embarcadas e TVs Móveis, de forma que

Page 51: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

51

se possa desfrutar de recepção de qualidade em percursos relativamente longos,

além das fronteiras da cobertura metropolitana.

A TV embarcada ou Mídia embarcada tem sido uma tendência nos

grandes Centros Urbanos, onde os tempos de deslocamento entre casa-trabalho

e trabalho-casa estão cada vez mais longos. Estudo divulgado pelo Instituto de

Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no último dia 12/03/2013, mostra que o

tempo de deslocamento entre casa e trabalho é aproximadamente 31% maior em

São Paulo e no Rio de Janeiro na comparação com outras sete regiões

metropolitanas brasileiras e o Distrito Federal. De acordo com a pesquisa, um

morador de São Paulo leva, em média, 42,8 minutos para chegar ao trabalho. No

Rio, o trajeto dura 42,6 minutos. O estudo, baseado em dados da Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), gerados pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), aponta as mudanças no tempo de deslocamento

entre casa e trabalho de 1992 a 2010. Segundo a pesquisa, o tempo médio nas

outras oito localidades, fora São Paulo e Rio de Janeiro, é de 32,62 minutos.

Porto Alegre e Belém são os locais onde o trajeto é feito com mais rapidez, em

27,7 e 31,5 minutos, respectivamente. A pesquisa inclui, ainda, Belo Horizonte

(34,4 minutos), Recife (34,9), Fortaleza (31,7), Salvador (33,9), Curitiba (32,1) e o

Distrito Federal (34,8).

Diante destes números, conclui-se que uma parcela substancial da

população das grandes capitais passa pelo menos cerca de duas horas em

transito diariamente. Durante esse período, invariavelmente as pessoas buscam

algum tipo de entretenimento para passar o tempo, seja um livro, um jornal, um

player de músicas e vídeo, navegar na internet no Smartphone ou no Tablet e

assistir TV Móvel. Isso significa que esse público de potenciais telespectadores

em movimento, é privado muitas vezes por esse mesmo tempo de deslocamento,

do melhor que se possa oferecer de entretenimento, informação e prestação de

serviços. Portanto a TV embarcada possui o potencial de promover a inclusão

dessa audiência móvel e atrair essa mesma audiência para a grade de

programação da TV Aberta nos horários em que esta normalmente aufere os

menores índices de audiência.

Page 52: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

52

A TV ou Mídia embarcada hoje é uma modalidade de

entretenimento, informação e veiculação publicitária instalada em diversas linhas

do transporte público coletivo nas principais capitais do Brasil. Fornecida na

maioria dos casos por empresas especializadas em Digital Signage e TV

Corporativa, essas TVs invariavelmente são off line, ou seja, seu conteúdo é

suprido por uma memória flash e atualizado diariamente. Outras empresas

fornecedoras desse serviço se utilizam da atualização via rede 3G. Há inclusive

uma modalidade publicitária que se utiliza de um receptor de GPS para inserir

propagandas de acordo com a posição geográfica dos ônibus. Com a

implantação e expansão da rede 4G, esse serviço tenderá a ser atualizado minuto

a minuto online.

Experimentos feitos pela Rede Record em São Paulo, demonstraram

ser possível a recepção móvel do sinal ISDB-T em definição standard (SDTV). O

sinal foi transmitido na modulação 16QAM com uma taxa de aproximadamente 3

Mbps. Para compensar possíveis perdas de informação, esse sinal era

armazenado na TV embarcada para ser exibido segundos depois. O resultado

dessa experiência foi bastante satisfatório e abre precedente para que outros

experimentos possam ter lugar. O melhor modo de transmissão e recepção

precisa ser determinado, aperfeiçoado e normatizado. Receptores específicos

podem ser desenvolvidos utilizando inclusive a tecnologia MPEG 4 - HEVC (High

Efficiency Video Coding) para otimizar a transmissão com baixa taxa de dados.

A perspectiva de incorporar a recepção de conteúdo via ISDB-T na

TV embarcada é concreta e pode ser implementada, não só para as grandes

áreas metropolitanas, como também para os principais corredores viários

intermunicipais e interestaduais. Para isso um cuidadoso mapeamento urbano e

de cobertura de sinal deve ser feito para que sejam determinados todos os pontos

de aplicação de Gap Fillers, bem como redes SFN precisam ser pensadas e

concretizadas para atender os percursos interestaduais.

Page 53: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

53

Os conteúdos, as veiculações publicitárias diretas e via

interatividade poderão e deverão ser regionalizados por remultiplexação nos

pontos de maior concentração urbana dos grandes trajetos.

Seja para a televisão embarcada (SDTV), seja para a televisão

móvel (LDTV - One Seg), esse propósito de distribuição só terá êxito quando a

multiprogramação estiver devidamente liberada e regulamentada.

Mas a multiprogramação que se preconiza aqui, é aquela focada na

difusão do melhor e mais adequado conteúdo para cada destinação. A

programação da TV Embarcada e da TV Móvel deve atender a demanda dos

usuários e a condição que eles se encontram, ou seja, em deslocamento de um

ponto ao outro da cidade ou do estado. A elaboração de uma programação

diferenciada - especialmente no caso do LDTV - One Seg - é vital para o

crescimento e popularização das TVs Móveis. Uma programação que privilegie

informações de serviços em horários de rush - como trânsito, previsão do tempo

ou plantões com informações objetivas em tempos mais curtos - além de

programas adaptados, com duração menor do que habitualmente produzidos para

TV aberta, bem como com enquadramentos de câmera e arte videográfica

adequados à telinha.

A interatividade também deve ser pensada para aproveitar ao

máximo os recursos e o tempo do usuário. É preciso que os serviços sejam

objetivos por causa da dinâmica de consumo da TV Móvel. No caso de terminais

como Smartphones rodando middleware Ginga, o canal de retorno é facilmente

acessado via 3G, 4G ou Wifi, estando fechado, portanto o circuito da

interatividade. Vale ressaltar que estes mesmos Smartphones rodando Ginga,

poderão interagir no caso da TV embarcada, desde que esta última esteja

inserida numa rede Wifi restrita ao ônibus, a qual os passageiros se conectem

automaticamente e seus Smartphones estejam rodando o aplicativo de segunda

tela.

Page 54: O Futuro da TV Aberta como Modelo de Negócio

54

Mas há ainda uma questão que deve ser respondida para

complementar a visão de negócio das TVs embarcadas. A questão é: como

garantir exclusividade da TV Embarcada à esse ou aquele Radiodifusor? A

resposta envolve pelo menos duas ações comerciais e dois fatores

condicionantes, a saber:

1 – Ações comerciais:

1.1 - Parcerias com fornecedores de TVs/ Midias embarcadas, promovendo

o aprimoramento do hardware e adequação do mesmo para recepção do

sinal ISDB-T, mediante contrato comercial com garantia de

confidencialidade.

1.2 – Parcerias com empresas de ônibus que operem linhas urbanas,

intermunicipais e interestaduais com contrapartidas na área publicitária e

produção de conteúdos específicos.

2 – Fatores condicionantes:

2.1 – Qualidade da cobertura de sinal.

2.2 - Qualidade do conteúdo.

Sem preencher satisfatoriamente estes dois fatores, as chances de

obtenção de boas parcerias comerciais ficam reduzidas e, por conseguinte da

conquista desse novo nicho de mercado.

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CAPÍTULO II

3. CONCLUSÃO

O desenvolvimento tecnológico dos últimos 60 anos revolucionou hábitos,

costumes, a forma de comunicação, de expressão, derrubou fronteiras,

democratizou a informação, o conhecimento e abriu o caminho para uma nova era

onde as possibilidades são praticamente infinitas.

Como visto neste trabalho, a TV aberta veio evoluindo lentamente ao longo

desse tempo e ainda permanece insistindo em seu modelo de negócio por conta

do alto faturamento que ainda aufere, a despeito de o advento da Televisão

Digital e todos os seus recursos, terem lhe dado todas as ferramentas

necessárias para conquistar seu espaço num mundo cada vez mais convergente,

conectado e interativo.

O futuro da TV aberta depende de profundas reformulações quanto a sua

infraestrutura operacional. A redistribuição das verbas publicitárias em virtude da

pulverização da audiência deverá mudar esse cenário de alto faturamento,

forçando as Emissoras a desenvolver um modo de operação mais enxuto e

eficiente, buscando se inserir em novas áreas de difusão, para conquistar fatias

desse novo bolo publicitário que se configurará.

Nessa empreitada de reformulação operacional, outro grande desafio será

qualificar a mão de obra para os novos perfis profissionais que deverão atuar

nessa nova TV aberta. Uma aproximação com as Universidades deve ser

buscada para, numa associação público privada, definir os requisitos de formação

desses novos profissionais para a constituição de novas grades curriculares nas

áreas tecnológica e de produção audiovisual.

No que tange a malha de transmissão, o caminho do compartilhamento de

sites com outras emissoras deve ser negociado, o que impactará positivamente

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nos custos de operação e manutenção. A possibilidade de associação comercial

com Operadores de Telefonia Móvel deve ser considerada pelos Radiodifusores,

não só em função dos projetos conjuntos de interatividade, como também pela

possibilidade de compartilhamento de sites de Estações Rádio Base para

provimento de Gap Fillers nas áreas metropolitanas e até mesmo de postos de

rede SFN.

No que tange a produção de conteúdos, deve-se considerar que não

importa muito a tecnologia dos meios se o conteúdo é desprovido de qualidade,

bem como não importa por quantos meios se tenha conteúdos desde que eles

sejam suficientemente diversificados, úteis e de qualidade inquestionável. Disso

depende essencialmente o negócio de TV Aberta, seja hoje, seja no futuro.

Em dezembro de 1989, vislumbrando o advento da TV Digital em alta

definição, a Sony Corporation adquiriu a Columbia Pictures Industries Inc., hoje

Sony Pictures. A ideia sempre foi prover conteúdo de alta qualidade não só para

as salas de cinema, mas também para nova televisão que iria chegar. Portanto é

preciso pensar e produzir hoje o que será realidade na televisão de amanhã.

A Ultra Alta Definição (UHD) já é uma realidade tangível para a TV digital,

tanto no âmbito da captação e produção quanto no âmbito da transmissão. A

tecnologia H-264/MPEG4 - HEVC torna possível a transmissão de um sinal de

resolução de 4K (3840 × 2160 pixels, ou 8.3 megapixels) com uma taxa de

somente 20 Mbps. Os TVs que reproduzem 4K já se encontram em fabricação.

Uma nova geração de receptores ISDB-T, habilitados para o H-264/MPEG4 –

HEVC tomará o lugar dos receptores atuais. Em breve a transmissão de um sinal

de resolução de 8K (7680 × 4320 pixels ou 33.1 megapixels) já estará sendo

viabilizada por uma nova tecnologia de compressão. Nesse tempo será possível

assistir conteúdos em 1080P em TVs embarcadas e TVs Móveis. Um desafio

sucederá outro sempre.

O FOBTV é uma entidade sem fins lucrativos e sem personalidade jurídica

que congrega mais de 300 executivos de 25 países, Emissoras de TV, Institutos

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de Pesquisa, Universidades, Organizações de Padronização, Fabricantes de

equipamentos profissionais e Indústria de Consumo. Suas ações são voltadas

para o futuro da televisão aberta e terrestre no mundo. Tem como metas

principais: definir os requisitos dos futuros sistemas de televisão terrestres, lançar

mão de padrões unificados, eficientes e convergentes entre broadcast e

broadband e promover o compartilhamento global de tecnologias. A ideia central é

dar à televisão aberta e terrestre todos os subsídios para que se torne uma

televisão sem fronteiras. Buscando que os sistemas de transmissão e recepção

sejam configuráveis, ou seja, que sejam capazes de alterar dinamicamente seus

parâmetros de transmissão. Que sejam adaptáveis, com receptores inteligentes

que se adaptam às transmissões. Que sejam escaláveis ou capazes de suportar

diferentes níveis de qualidade de áudio e vídeo. Que sejam eficientes quanto às

técnicas de modulação e codificação, apresentando um baixo consumo de

energia e por fim, interoperável com outros meios de distribuição convergentes.

Por fim, a despeito de todas essas perspectivas, TV aberta no Brasil, por

ser uma concessão federal e considerada um serviço de utilidade pública, está

sujeita às autorizações e regulações governamentais para poder avançar rumo a

soluções mais eficientes para o modo de se difundir. Portanto, essas soluções só

podem ser implantadas num ritmo muito lento, colocando a radiodifusão de sons e

imagens sempre um passo atrás dos últimos avanços alcançados pela pesquisa

tecnológica. Não há outra forma de alargar os caminhos para o novo modelo de

negócio da TV aberta, que não seja por uma negociação séria, responsável e

objetiva com o Governo, visando buscar um novo modelo de regulação que possa

acompanhar a dinâmica dos novos tempos.

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