O FUTURO DO SETOR ELÉTRICO O SETOR …...O esquema de hedge hidrológico MRE dilui a...

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1 Mario Veiga [email protected] O FUTURO DO SETOR ELÉTRICO O SETOR ELÉTRICO DO FUTURO

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Mario Veiga [email protected]

O FUTURO DO SETOR ELÉTRICO O SETOR ELÉTRICO DO FUTURO

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Temário

► Entender o passado

► E preparar o futuro

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Evolução do armazenamento (SIN) 2012-2014

3

MELHOR armaz.

da história

PIOR armaz.

da história

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Por que os reservatórios esvaziaram?

► Excesso de demanda? NÃO – a demanda nestes anos foi

inferior ao esperado

► Falta de capacidade de geração? (devido por exemplo a atrasos) NÃO, de acordo com o governo

• Estimativas feitas pela EPE e divulgadas pelo CMSE: haveria uma sobra de capacidade (garantia física) de 7 mil MW médios

► Demora para acionar as térmicas? NÃO – desde outubro de 2012, todas as térmicas foram acionadas quase

ininterruptamente, inclusive nos períodos de chuva

► Última opção: estamos passando pela “pior crise hídrica dos últimos 100 anos”, como o governo tem afirmado?

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67%

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1% 4% 6% 8% 11%

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96%

ENA

SIN

(%

MLT

)

1953

2012

2001

2013

2014

Houve seca severa em 2012, 2013 e 2014?

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2013 foi um ano bom...

... e 2014 foi 9º pior do histórico

2012 foi um ano bem razoável...

NÃO

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E o triênio 2012/2014?

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Foi o 16º pior do histórico

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E São Paulo?

52%

66%

0%

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2012-2014

1954-1956

2003-2005

1952-1954

2005-2007

1942-1944

1944-1946

1968-1970

2010-2012

1955-1957

1977-1979

1933-1935

1993-1995

1979-1981

1972-1974

1939-1941

1964-1966

1934-1936

1949-1951

1961-1963

1959-1961

1980-1982

1976-1978

1938-1940

1960-1962

1937-1939

1931-1933

1981-1983

► 1953-1955

► 2012-2014 Afluências à Cantareira

O suprimento de água não

tem a proteção de portfólio do abastecimento

hidrelétrico

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► Se não foi excesso de demanda, falta de oferta, falta de geração nem hidrologia, por que os reservatórios esvaziaram?

O mistério do esvaziamento…

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Porque o sistema gerador está sobrecarregado

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Este desequilíbrio estrutural de geração, em conjunto com problemas institucionais, é a origem da maioria dos

problemas atuais do setor elétrico

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Segurança de suprimento

► O racionamento em 2014 foi evitado porque o governo decidiu esvaziar

totalmente os reservatórios, na esperança de vazões favoráveis

Redução do consumo industrial devido ao (início) dos problemas econômicos +

“flexibilização” de restrições de usos múltiplos

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72% 75%

56%

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22%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

SIN

(% m

ax)

31/J

an

O esvaziamento inédito dos reservatórios em 2014 transferiu o risco para 2015

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► Primeira projeção p/ 2015: +3,2% com relação a 2014

► Primeira revisão: crescimento nulo

► Segunda revisão (agosto): -1,6% Crescimento de 1,5% com relação a 2013

Isto equivale a:

Perder 3,2 GW médios

de demanda em 2015

Ou dois anos de

crescimento de carga

Ou racionar 11%

da demanda a partir

do Segundo semestre

Desde então, a demanda desabou...

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Fonte: ONS

Esta redução da demanda diminuiu a preocupação com segurança de suprimento

Infelizmente, por uma razão ruim

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A montanha russa institucional

2012 MP 579, redução tarifária, subsídio do Tesouro

Térmicas iniciam despacho na base

2013 Mais empréstimos do tesouro para a CDE

Empréstimo do tesouro para socorro financeiro às distribuidoras

Resolução CNPE #3 (CVaR)

2014 Empréstimos para novo socorro às distribuidoras

Criação da conta ACR

Revisão piso e teto do PLD (impacta ESS)

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2015: a conta chegou para os consumidores

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338

276 284

335

385

472

Dez/2012 Mar/2013-RTE Dez/2013 Dez/2014 Jan/2015(*) Mar/2015-RTE/BVM(*)

R$/M

Wh

-val

ores

nom

inai

sTarifa de Fornecimento Residencial

(média de 30 distribuidoras)

+23%

-18%+3%

+18%

+15%

Aumento acumulado em 2015 de 41,5%

A previsão para 2015 incorpora o benefício dos novos leilões de concessão

Indenizações das concessões das geradoras Ativos de transmissão existentes em 2000 Dívida da Eletrobrás com a Petrobras (CCC) Auxílio às hidrelétricas por conta do GSF Medidas do governo para reforçar a geração (?)

O que ainda não foi para a conta de luz

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A confusão comercial

Judicialização

Inadimplência de 50% na CCEE

Problemas com hidrelétricas (GSF), térmicas, distribuidoras

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Como resgatar o futuro do setor

► Transparência e realismo

⇒ Restaura credibilidade e reduz judicialização

► Reforço institucional ANEEL e ANA

► Aperfeiçoamentos no modelo setorial Estímulo à competição

Fortalecimento do ACL

Inserção de novas tecnologias

► Aprender com os demais países: procedimentos, modelos, planejamento etc.

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Transmission planning model + study for US

West Coast (WECC)

Models and studies for Malaysia and Sri

Lanka

Price projection service Nordpool

Models + energy data base (power, fuels etc.) for the Energy

Ministry of Chile

Morocco-Spain interconnection

Interconnection of 16 L.American countries study, models + d.base)

Market design and analytical models for Turkey

Physical financial portfolio optimization for Mexican investors

Provider of planning tools for the W.Bank

Book on auctions for renewables

IRENA

Market design and analytical models

for Vietnam

Physical financial portfolio optimization for

investors in Brazil

Analytical models for India

Renewable integration studies

for Peru

A experiência internacional mostra que o Brasil não é tão diferente quanto se pensa

Alguns projetos recentes da PSR

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Parte 2: o setor elétrico do futuro

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Desafios para a expansão

► Financiabilidade será “o” tema do setor Menor amortização, menor alavancagem e flexibilidade

► Taxa de câmbio em novo patamar

► Novos contratos mais caros (insegurança regulatória) TIR dos investidores aumentou para 14%

Estimativa de CME da EPE passou para 154 R$/MWh; nossa estimativa é 180 R$/MWh

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Eixos tradicionais para expansão da geração

1. Hidrelétricas convencionais Problemas trabalhistas/indígenas preocupam mais do ambiental

2. “Novas renováveis” – essenciais, mas não são panacéia Eólicas

Biomassa

PCHs

Solar

3. Termelétricas – complemento essencial, mas ainda incerto Reviravolta governamental

Desafios do suprimento de gás

O carvão continua amaldiçoado

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GD e smart grids: as peças que estão faltando

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Geração distribuída: rooftop solar

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Hotspots (áreas já viáveis)

Mapa de viabilidade PV para a baixa tensão

► Instalada junto aos consumidores. Economiza conta de luz, que inclui custos de geração, transmissão, distribuição, impostos* e encargos.

► Resolução ANEEL 482 /2012 simplifica o processo de conexão à rede e introduz o sistema de compensação de energia (net metering)

* PIS, COFINS e ICMS (integral, desde que não houver exportação para a rede)

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Penetração acelerada por modelos comerciais

► Transformação da energia solar em “serviço”: ESCO responsável por

aquisição, instalação e manutenção do equipamento (similar à TV a cabo)

Exemplo: Solar Lease da Solar City (ou Solar Grid no Brasil)

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…complementada por armazenamento distribuído

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► Exemplo de mudança de padrão : um consumidor A4 com tarifa azul (tarifa de demanda de ponta >> tarifa fora de ponta) migra para tarifa verde (tarifas de ponta e fora da ponta iguais) após compra de bateria com capacidade igual à demanda contratada (kW) x 3h

Fonte: Panasonic

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Atuação dos consumidores

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O (bom) desafio do futuro

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Demandará ajustes regulatórios para permitir a participação de novos atores visando mais eficiência e eficácia dos mercado de eletricidade

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www.psr-inc.com

[email protected]

+55 21 3906-2100

+55 21 3906-2121

MUITO OBRIGADO

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Anexo: razões para o esvaziamento acelerado

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Razão: “descolamento” entre modelo e realidade

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Simulado

Real

Se o passado fosse reconstituído (“backcasting”) com os modelos oficiais de simulação, o nível dos reservatórios em dezembro de 2013 seria 65% (22 pp maior do que o real)

Esta diferença possibilitaria o atendimento a uma carga anual de 5,3 GW médios

As equações estão corretas; o problema é que as restrições operativas reais são piores do que as representadas nos modelos oficiais de planejamento

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Quais são estas restrições operativas?

► Coeficientes de produção das hidrelétricas piores do que os nominais Resistência das hidrelétricas à aferição devido ao impacto comercial

Redução da garantia física ⇒ menor contratação

O esquema de hedge hidrológico MRE dilui a responsabilidade individual (“tragédia dos comuns”): contribui para o chamado “problema do GSF”, a ser discutido.

► Batimetria desatualizada + assoreamento

► Problemas de transmissão dificultam a otimização do uso das hidrelétricas Transferência de energia entre regiões, vertimentos localizados etc.

Causa principal: falhas nas subestações

► Vazões da região Nordeste na estação seca são inferiores às do modelo hidrológico oficial A vazão em 20 dos últimos 22 períodos secos foi abaixo da média

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Consequência desta defasagem entre operação real e simulações oficiais: viés otimista nas projeções de preço e segurança dos estudos governamentais