O Grupo Guascor · Barulho há pouco. Os motores Guascor reduziram em quase 40% o nível de ruído...

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2 capítulo Guascor O Grupo

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GuascorGuascorGuascorO Grupo

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Rumo ao futuro

Rumoao futuro2 H á mais de quarenta anos

nascia a empresa Guascor

S.A, com o objetivo

de fabricar motores de

propulsão marítima

e auxiliares para barcos de médio porte,

visando a atender principalmente a indústria

pesqueira marítima. Os motores Guascor

transformaram-se em referência pela elevada

confi abilidade dentro de seu espectro de

fabricação (35 kW a 1.300 kW) e pela garantia

de segurança perante os riscos da navegação.

O mercado tradicional de motores marítimos

foi o espanhol, porém nos últimos anos a

Guascor vem aumentando sua presença em

outros países, principalmente na Europa e

África. A Guascor é a única marca espanhola

no setor com tecnologia própria e conta com

uma fábrica na província de Guipuzcoa (País

Basco) e distribuidores no mundo todo.

Em 1994, a partir de uma mudança na

composição acionária e uma considerável

injeção de capital, se iniciou um forte processo

de investimentos no biênio 1995-1997

com a criação da Guascor I+D (Centro de

Pesquisa e Desenvolvimento de motores),

destinada a promover outras aplicações ao

conceito básico dos motores, aproveitando a

experiência adquirida para o desenvolvimento

de novas tecnologias. Os motores marítimos

perderam peso paulatinamente dentro do

Grupo (representavam 25% do faturamento

em 2001 passando a 12% em 2006). No

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entanto, o negócio continua sendo estratégico

pela sua importância para o desenvolvimento

tecnológico de motores. A vasta experiência

adquirida no passado permite ao Grupo, hoje,

produzir motores capazes de trabalhar sob

as mais rígidas condições climáticas, com

um mínimo consumo de combustível e alta

durabilidade de componentes, o que representa

uma tecnologia de bases próprias fundamental.

A partir do crescimento da Guascor S.A e da

diferenciação de aplicações para os novos

motores desenvolvidos, outros negócios

foram criados: uso de reciclagem de óleos,

sociedades de co-geração (combinação de

fontes energéticas para garantir suprimento de

geração) e emprego de biomassa são alguns

deles. A captação de novas oportunidades

tecnológicas permitiu ao Grupo incorporar

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certifi cação da ONU (Protocolo de Kyoto)

para vender créditos de carbono

Biomassa e aterros sanitários na Itália, onde •

há a usina de gaseifi cação à base de caroço de

azeitonas em Rossano com 5 MW, e mais 6

MW de aproveitamento de biogás proveniente

de aterros sanitários.

Estratégia bem-sucedidaApesar das fortes mudanças econômicas

nos países em desenvolvimento nos quais o

Grupo Guascor havia investido, das diferentes

revisões nos marcos regulatórios do setor

elétrico e de fl utuações signifi cativas de preços

de mercado, o Grupo fechou o ano de 2007

com bons resultados. Na Guascor do Brasil,

houve crescimento do faturamento por venda.

Na divisão de fabricação de motores, houve

incremento nos investimentos, produção e vendas.

A opção pela incorporação de atividades

vinculadas à geração de energia solar também

se revelou uma estratégia bem-sucedida.

ao seu escopo equipamentos produzidos por

outros fornecedores, para atender demandas

promissoras no segmento energético, como a

hidráulica e a eólica. Esta evolução envolveu o

surgimento da CESA – Companhia Eólica S.A,

que se transformou na principal promotora

de geração eólica na Espanha e constitui um

divisor de águas na história do Grupo.

De 1998 a 2002 o Grupo Guascor consolidou-

se em diferentes áreas de atuação:

Tratamento de dejetos suínos (redução de •

impacto ambiental)

Geração de energia para regiões isoladas, •

com a Guascor do Brasil

Energias renováveis (hidráulica, biomassa, etc)•

Energia eólica, produzindo usinas com •

capacidade próxima a 300 MW na Espanha,

Itália e Grécia

Re-potenciação de pequenas centrais •

hidráulicas de Jucú, Alegre e Fruteiras, no Brasil

Construção da PCH (Pequena Central •

Hidrelétrica) de Jaguari, em Rio Grande do

Sul, uma das primeiras do Brasil a obter

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Foram criadas quatro novas empresas:

Guascor Solar, Guascor Promotora Solar, Gate

Solar e Guascor Fotón, sendo esta o primeiro

fabricante europeu de módulos fotovoltaicos

de alta concentração. O crescimento

espetacular desta nova divisão muito em breve

alcançará a produção de até 20 MW/ano e

prevê a ampliação de instalações para atingir o

patamar de 80 MW/ano.

A estratégia de longo prazo do Grupo Guascor

é apostar em novas tecnologias, transformar-

se em referência no setor de microenergia e

energias renováveis, apoiando-se na constante

inovação. O Grupo trabalha, ainda, para ampliar

sua consolidação como organização empresarial

internacional, otimizando seu modelo de negócio

fi nanceiramente sólido e rentável. E o Brasil é

um projeto de suma relevância neste contexto.

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Rumo ao futuro

Atualmente a Guascor oferece um amplo

espectro de soluções energéticas adaptáveis

às mais diversas condições e apresenta

importantes vantagens frente às demais

alternativas. A experiência adquirida na

produção de energia elétrica para áreas

isoladas no Brasil, hoje próximo dos 200 MW

instalados, possibilitou o desenvolvimento

específi co de um modelo singular e aplicável a

outras regiões com necessidades prementes de

fornecimento elétrico. Tal sucesso propiciou

o vertiginoso desenvolvimento de novos

negócios com outros países, como República

Dominicana, Cuba, Venezuela, Bolívia,

Moçambique e Mauritânia.

“A expansão em novos mercados, a busca pela

inovação tecnológica e empresarial, o respeito

ao meio ambiente, a atuação ética e rentável,

e a promoção do desenvolvimento sustentado

constituem o compromisso da Guascor em

todos os países onde atua e seu principal

patrimônio”, resume Joseba Mikel Grajales,

presidente do Grupo Guascor.

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Guascor 10 anos

A Guascor brasileiraUma das principais produtoras independentes

de energia do país, a Guascor do Brasil

iniciou as suas operações, em Belém (PA),

em 1997. Dali a companhia expandiu-se para

Rondônia e, em seguida, para o Acre. Uma

das chaves para entender a vitória da empresa

em meio à densa floresta tropical é o conceito

de operador mantenedor. “Creio que este é o

nosso ponto forte”, assegura Joaquim Augusto

Sanches Pereira, presidente da Guascor

do Brasil. No setor elétrico, as funções

relacionadas à operação e manutenção são

tradicionalmente divididas entre profissionais

específicos. Ao operador de uma planta de

geração termelétrica, por exemplo, cabe fazê-

la funcionar. A manutenção fica ao cargo de

um técnico especializado, do qual a equipe

de operação depende tanto no dia-a-dia

quanto em ocorrências mais complexas ou

de emergência. Já o operador mantenedor

é qualificado para executar com perícia e

segurança as duas funções que lhe dão o título:

operação e manutenção.

A inovação surgiu como resposta a uma

dificuldade aparentemente intransponível:

como deslocar profissionais de manutenção

pelo interior da Amazônia? “Para se ter idéia

da logística da região, basta citar o caso de

Afuá, no Pará. De Belém, a capital, para

este município, pode-se levar até três dias

de viagem, com trechos por estrada e rio”,

observa Pereira.

Amplamente disseminado na empresa, o

conceito foi importado da Espanha, quando

das visitas dos profissionais brasileiros a

uma usina do Grupo Guascor em Vitória, na

província de Alava. O chefe da usina cuidava

da operação e manutenção dos motores a

diesel. “Vê-lo trabalhar com autonomia e

pleno domínio da planta nos inspirou a adaptar

esta prática à nossa realidade”, diz. Em 2000

a Guascor do Brasil implantou um programa

de treinamento técnico destinado a formar

operadores mantenedores. “Também fazíamos

palestras para apresentar as vantagens da

novidade para o colaborador, já que esta

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Rumo ao futuro

Manutençãotipo exportação

A Guascor brasileira é um laboratório. Na Espanha, os motores Guascor são empregados em plantas de emergência e requerem pouca manutenção, dado o seu funcionamento esporádico. Já no Brasil, o uso contínuo das máquinas nos Sistemas Isolados exigiu a aplicação de uma tecnologia de manutenção única dentro do Grupo. São procedimentos sofi sticados de correção e prevenção, como análise de óleo lubrifi cante, de emissões atmosféricas, entre outros tipos de intervenção praticados pelo operador mantenedor.

Este diferencial motivou o Grupo Guascor a “exportar” os conhecimentos e práticas da Guascor do Brasil para Cuba, onde foram instaladas diversas usinas a diesel no conceito de geração distribuída/isolada e equipadas com motores Guascor. “Este é um indicador de nosso sucesso e com muito orgulho participamos desta experiência”, avalia Fernando Pinho, diretor de operações. “É o reconhecimento da matriz espanhola ao nosso padrão de excelência.”

solução benefi cia também nosso capital

humano e não só a empresa.”

A reação dos colaboradores à nova proposta

foi muito positiva. De imediato todos

compreenderam que iriam adquirir mais

conhecimento, experiência e autoridade.

Além de fazer a usina funcionar, eles também

aprenderiam a avaliar a performance dos

equipamentos e manter os motores sempre em

ordem, por meio de intervenções preventivas e

corretivas. Os técnicos de manutenção seriam

chamados esporadicamente, em situações

complicadas. O operador mantenedor tornou-

se, assim, o protagonista da energia gerada

para sua comunidade. Os Centros de Operação

e Manutenção (COM) da Guascor brasileira

fi caram circunscritos às capitais do Acre,

Rondônia e Pará, além de Santarém (PA),

Ariquemes e Rolim de Moura (RO) e Cruzeiro

do Sul (AC).

“Criamos uma assistência técnica local que

garante o funcionamento da usina 24 horas

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por dia, eleva a autoconfi ança de todos

os colaboradores e atende com efi cácia às

necessidades da população”, resume Pereira.

Compromisso ambientalO respeito ao meio ambiente é outra

característica marcante nos empreendimentos

da Guascor do Brasil. A construção da usina

é feita somente sobre a mata rasteira e a mata

adulta é sempre preservada. Por isso, árvores,

fl ores, frutos, pássaros e até hortas cultivadas

pelos próprios colaboradores podem ser

vistos no parque elétrico da empresa. Jardins,

com canteiros e vasos, também são comuns.

A jardinagem, feita espontaneamente pelos

colaboradores, é uma distração nas horas de

descanso e deixa o lugar mais agradável para

todos.

Barulho há pouco. Os motores Guascor

reduziram em quase 40% o nível de

ruído de uma planta, que hoje está em 70

decibéis, o equivalente a uma sala com

várias pessoas falando ao mesmo tempo. Os

terrenos escolhidos fi cam afastados de áreas

residenciais e em uma posição que facilite a

dispersão sonora por meio do vento.

O óleo combustível e óleo lubrifi cante

empregados nas usinas obedecem a rigorosos

procedimentos de transporte, armazenamento,

uso e descarte. Bacias de contenção

com tamanho igual ou 20% superior aos

reservatórios de óleo são utilizadas para

evitar a contaminação do solo e dos lençóis

freáticos em caso de vazamento. E, havendo

algum acidente, imediatamente a equipe

técnica de meio ambiente é acionada

para realizar um processo chamado de

descontaminação de solo. O material que

vazou é recolhido, tratado e armazenado

dentro de um tanque de aço impermeabilizado

e, depois, encaminhado para outro tanque, de

onde, já devidamente limpo, é direcionado

para o solo.

O índice de emissões atmosféricas também é

muito baixo, graças à tecnologia dos motores

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Guascor 10 anos

A tecnologia da Guascor do Brasil permite-lhe oferecer soluções de geração que se adaptam a diferentes necessidades e condições. Uma das menores usinas da Guascor fi ca em Araras (RO), onde foi instalado o maior painel fotovoltaico da América Latina (foto à esq.), com 320 m2 e 21 kW de potência nominal, sendo este um projeto experimental de sistema híbrido, que combina as energias térmica e solar. Em Maici (RO) está a menor usina termelétrica da empresa e um bom exemplo de área isolada. A localidade fi ca às margens do rio Maici, afl uente do Madeira, situando-se a 200 km de Porto Velho, capital de Rondônia. Para alcançar Maici, porém, somente de barco. A viagem dura por volta de seis horas na cheia, de dezembro

A menor usina e a maior usinaa março, partindo da capital. “Na estiagem é necessário sair de Calama e levamos quatro horas num percurso de 30 km”, conta Luiz Carlos Teixeira, técnico de segurança do trabalho da fi lial rondoniense. O rio seca e exige um barco menor. “Imagine levar ferramentas e peças de reposição numa canoa”, diverte-se Teixeira. Quando aparecem troncos ou bancos de areia pelo trajeto, a tripulação é obrigada a sair da embarcação e carregá-la com muito cuidado: o rio é cheio de raias e o único modo de não ser ferido, é arrastar os pés, para não pisar nelas.

As 12 famílias que vivem em Maici somam aproximadamente 50 pessoas. É para esta pequena comunidade que a Guascor produz

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Guascor. Equipados com injeção eletrônicas

e de acordo com a severa legislação

ambiental espanhola, os gases emitidos pelos

geradores são considerados pouco poluentes

e fi cam bem abaixo da quantidade permitida

pelos órgãos ambientais brasileiros.

Assim como cuida de seu entorno, a Guascor

do Brasil cuida de todos os detalhes do

ambiente interno. A organização e limpeza

das usinas são exemplares. Não se vê uma

ferramenta ou peça fora do lugar, todos

vestem uniformes e equipamentos de

segurança, o piso, as paredes e até mesmo as

máquinas, livres de qualquer tipo de sujeira,

chegam a brilhar. “A impressão que as

nossas usinas causam em visitantes é de que

acabaram de ser inauguradas, pois são muito

bem conservadas pelos colaboradores”,

ressalta Wladimir Panzarini, gerente de

planejamento e implantação da Guascor

do Brasil. A Guascor do Brasil rompeu o

paradigma de que usina a diesel não pode ser

bonita, silenciosa e limpa.

energia elétrica 24 horas por dia desde 1999, tendo ali 50 kW instalados, embora o consumo seja de 5 kW. A chegada da empresa trouxe novas perspectivas aos moradores. A localidade ganhou escola, acesso a aparelhos como TV e geladeira, e o pescado e polpa de frutas passaram a ser refrigerados e comercializados a partir de Calama. “Foi uma verdadeira revolução”, lembra Teixeira.

Já em Cruzeiro do Sul (AC) fi ca a maior usina da Guascor. Situada na região do Juruá, a cidade é a segunda maior do estado, atrás apenas de Rio Branco, a capital. Possui cerca de 100 mil habitantes e constitui um importante pólo econômico e turístico acreano. A agricultura e a pecuária são as suas principais atividades – mas estas avançam a passos lentos em virtude da difi culdade de acesso que enfrenta o município. Cruzeiro do Sul não tem ligação rodoviária com Rio Branco e o acesso ao município é somente aéreo e fl uvial.

A usina da Guascor em Cruzeiro do Sul tem potência instalada de 18 mil kW e benefi cia toda a cidade. Além da planta, dotada de modernos grupos geradores cabinados, ali fi ca um dos dois Centros de Operação e Manutenção (COM) acreanos, que dá apoio a outras sete usinas.

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Guascor 10 anos

Soluções criativasOs Sistemas Isolados operados pela Guascor

brasileira constituem um grande desafio

também na etapa de implantação. “Não fosse

o comprometimento e inventividade de nossa

equipe seria impossível atingir os resultados

desejados”, analisa Panzarini. Áreas afastadas,

cercadas de rios, igarapés e vegetação, e

desprovidas de comércio e serviços, oferecem

inúmeros obstáculos à realização das obras.

Em Afuá (PA), por exemplo, município erguido

sobre palafitas, motores Guascor de 6 mil quilos

chegaram de balsa e a instalação foi trabalhosa.

Como a cidade sofre constantes alagamentos,

construiu-se uma espécie de palafita, que

mantém a usina suspensa e protegida na época

de enchentes. Em Rondônia, à beira do rio

Madeira, foi preciso abrir uma pequena estrada

e usar um skid de aço, espécie de trenó, para

arrastar os motores para sete usinas. “Isso tudo

tomando o cuidado de desmatar o mínimo

possível, pois estamos na floresta amazônica”,

frisa Panzarini.

Ao implantar uma usina, os colaboradores

da Guascor enfrentam as limitações impostas

pela geografia amazoniense e infra-estrutura

precária. Geralmente dormem e comem em

casas de ribeirinhos, escolas, posto de saúde ou

onde for possível — não há hotel ou restaurante

na imensa maioria das localidades em que a

Guascor brasileira atua. Também não encontram

cimento, areia, tijolo ou pedra. Todo o material

de construção tem de ser comprado no centro

urbano mais próximo, ensacado e transportado

por balsa. Por vezes, a equipe fica em um

município e viaja horas por terra e por rio, em

uma voadeira, para chegar ao local de trabalho.

As dificuldades são tantas que acabam virando

histórias e, estas, entram para a memória da

empresa. Um dos episódios mais inusitados e

lembrados pelos colaboradores aconteceu em

Rondônia, onde as usinas são instaladas em

terrenos regidos por um contrato de cessão de

uso por tempo determinado. A utilização de cada

terreno é negociada com o proprietário. Panzarini

foi o pivô de uma negociação particularmente

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intrigante em Conceição da Galera, cujo

fornecimento era restrito a seis horas diárias.

“Primeiro, o dono não queria ceder o terreno.

Foram necessárias várias conversas até que

ele concordasse.” Com a autorização do

proprietário em mãos, a Guascor escolheu uma

área dentro do terreno para instalar a usina.

“Daí o proprietário disse que naquele lugar não

podia. Escolhemos outro, ele também negou.

Até que fi nalmente sugerimos um local que ele

aceitou.” Veio, então, uma nova surpresa. A

Guascor do Brasil contratou uma empreiteira

para realizar as obras. Eis que um dia o

encarregado telefona apavorado para Panzarini,

avisando que todos os operários haviam ido

embora e não queriam mais trabalhar. Motivo:

durante as escavações foram encontrados ossos

humanos. “Estávamos construindo em cima

de um cemitério, sem saber disso”, relembra.

Panzarini contatou novamente o proprietário,

que apenas disse: “Não tem problema não. Os

mortos não incomodam ninguém”. E a usina ali

foi construída.

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Como funciona uma usina GuascorUma típica usina da Guascor do Brasil

é composta por grupos geradores diesel,

motores, tanque de armazenamento de

combustível e de óleo lubrifi cante, caixas

separadoras e uma subestação de transmissão.

Outras instalações presentes na planta são a

sala de operação climatizada, escritório e área

de lazer, com projeto paisagístico que preserva

a fl ora nativa.

Os geradores e motores constituem o

parque de máquina da usina e fi cam dentro

de contêineres – por isso são chamadas de

máquinas ou grupo geradores cabinados. Os

contêineres possuem revestimento térmico

e acústico, garantindo boas condições de

trabalho aos operadores mantenedores.

A usina funciona 24 horas, em três turnos de

trabalho. O processo é todo automatizado e os

grupos geradores operam sincronizados. Os

geradores são os principais equipamentos. Eles

são acoplados a motores movidos a óleo diesel

e geram a energia. No Acre e em Rondônia,

o combustível (diesel) e óleo lubrifi cante são

transportados até a usina por rio e estrada.

No Pará, o transporte é somente a balsa. Nas

usinas, ambos são armazenados em tanques e

chegam aos motores por meio de tubulações

embutidas no solo.

A energia gerada segue para a subestação,

onde um transformador eleva a sua potência

de 480 volts para 13,8 quilovolts. A

concessionária estadual distribui o montante

gerado à população.

O óleo usado na geração eventualmente

escorre para fora do gerador. Quando

isso acontece, o líquido é encaminhado

para caixas separadoras por canaletas de

escoamento. Nestas caixas, óleo e água se

decantam, por terem densidades diferentes:

o óleo sobe e a água desce, evaporando ou

retornando ao solo, sem perigo. Uma vez

separados, o lubrifi cante é armazenado em um

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tanque com 30 mil litros de capacidade. Depois,

é transportado para fora da usina por uma

empresa especializada. A operação é registrada

em um documento, que atesta a sua segurança.

O uso de uniforme e de equipamentos de

segurança é obrigatório dentro do parque de

máquinas e da subestação. Capacete, botas,

luvas de borracha e óculos de proteção são

alguns dos itens necessários nestes locais.

Quando não estão em campo, os colaboradores

costumam fi car na sala de operação, de onde

acompanham o desempenho das máquinas. E

nos períodos de intervalo, desfrutam da área de

lazer.

Todas as plantas contam com um chefe, que

é chamado de chefe de usina. Assim como

os demais operadores mantenedores, este

profi ssional geralmente é oriundo da própria

comunidade. Ele e sua equipe são responsáveis

por gerar energia para suas famílias, amigos e

vizinhos. “A escolha de nativos é um modo de

fomentar o desenvolvimento local e cultivar o

vínculo da Guascor com a população”, explica

Panzarini.

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acompanham o desempenho das máquinas. E

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Guascor 10 anos1) Centro de Manutenção

2) Tanques de diesel

3) Subestação - transforma-

dores elevam a potência

da energia gerada em 480

volts para 13,8 quilovolts.

A partir daí, é feita a

distribuição à população, pela

concessionária estadual

4) Sala de Operação

5) Grupo geradores cabinados

– os geradores fi cam no

no interior de contêineres,

e possuem revestimento

térmico e acústico. Eles são

acoplados a motores movidos

a óleo diesel e geram a

energia

6) Área de recepção e

armazenagem de óleo diesel

7) Acesso para circulação de

caminhões que abastecem a

usina com óleo diesel

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CEG (Companhia Estadual de Gás do Rio de • Janeiro), capital - implantação de sete grupos geradores a gás natural, totalizando 5,2MW instalados, em operação desde 2002

CEEE (Companhia Estadual de Energia • Elétrica) – operação da Pequena Central Hidrelétrica Furnas do Segredo, com 9,8 MW instalados, em Jaguari (RS), desde 2005

Celpa (Centrais Elétricas do Pará) - geração a • diesel em Sistemas Isolados, desde 1997

Ceron (Centrais Elétricas de Rondônia) – • geração a diesel em Sistemas Isolados, desde 1998

Eletroacre (Companhia de Eletricidade do • Acre) - geração a diesel em Sistemas Isolados, desde 1999

Clientes e parceiros no BrasilEmbraer, em São José dos Campos, São Paulo •

– implantação de dez grupos geradores a gás natural, que operam desde 2002, totalizando 9 MW instalados

Latapack, em Jacareí, São Paulo – implantação • de dois grupos geradores a gás natural, totalizando 1,8 MW instalado, a partir de 2003

Plaza Iguatemi Business Center, em São Paulo, • capital – projeto de co-geração a gás natural com três grupos geradores, em operação desde 2002, com 2,7 MW instalados

Silimed, no Rio de Janeiro, capital – • implantação de um grupo gerador a gás natural, que opera desde 2002

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