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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ZARA DÉSIRÉE TONIDANDEL CAMPOS O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO COM ADOLESCENTES PARÁ DE MINAS/MINAS GERAIS 2011 ZARA DÉSIRÉE TONIDANDEL CAMPOS

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ZARA DEacuteSIREacuteE TONIDANDEL CAMPOS

O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATEacuteGIA DE TRABALHO COM ADOLESCENTES

PARAacute DE MINASMINAS GERAIS 2011

ZARA DEacuteSIREacuteE TONIDANDEL CAMPOS

O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATEacuteGIA DE TRABALHO COM ADOLESCENTES

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista Orientadora Professora Efigecircnia Ferreira e Ferreira

Paraacute de MinasMinas Gerais 2011

ZARA DEacuteSIREacuteE TONIDANDEL CAMPOS

O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATEacuteGIA DE TRABALHO

COM ADOLESCENTES

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista Orientadora Professora Efigecircnia Ferreira e Ferreira

BANCA EXAMINADORA

Aprovado em

DEDICATOacuteRIA

Dedico esse trabalho a todos os que de alguma maneira ajudaram em

minha caminhada acadecircmica familiares amigos e professores

Dedico a Deus que me deu Graccedila e Paz para seguir ateacute o final Tudo eacute Dele

AGRADECIMENTOS

Agrave Professora Efigecircnia Ferreira pela sua boa vontade para comigo e pelo

profissionalismo

Agraves Profordfs Solange Melo Miranda e Valeacuteria Santos Brasil professoras do curso de

Especializaccedilatildeo em Sauacutede do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG

Vocecircs me inspiram a me tornar uma profissional melhorobrigada

ldquoEacute preciso toda uma aldeia para se educar uma crianccedilardquo

Proveacuterbio africano

RESUMO

A ado lescecircnc ia vem desper tando in te resse de vaacute r ias aacute reas do sabe r Ex is tem inuacutemeros es tudos que apon tam que esse pe r iacuteodo da v ida eacute tatildeo impo r tan te quan to a in facircnc ia ou a idade adu l ta O p resen te t raba lho teve como ob je t ivo conhece r es t ra teacuteg ias com grupos ope ra t i vos de ado lescen tes con t idas em ar t i gos d ispon iacuteve is em bancos de dados L ILACSMEDLINE BDENF e SCIELO no pe r iacuteodo de 1997 a 2011 A se leccedilatildeo fo i rea l i zada in ic ia lmente a par t i r do t iacute t u lo segu ida da se leccedilatildeo po r resumo Apoacutes a le i tu ra dos tex tos na in tegra ou t ros fo ram exc lu iacutedos Obse rvou-se que o g rupo ope ra t i vo pode ser uma fer ramenta de g rande a juda para o t raba lho educa t i vo com ado lescen tes poss ib i l i tando d ispon ib i l i za r a in formaccedilatildeo pe rmi t i r a re f lexatildeo c r iacute t i ca e a tomada de pos iccedilatildeo pa ra a adoccedilatildeo de compor tamentos ma is saudaacuteve is com fo r te in f luecircnc ia do p repa ro do p ro f iss iona l que rea l i za r a a t iv idade Pa lavras chave Educaccedilatildeo em Sauacutede ndash Compor tamen to do Ado lescen te ndash Sauacutede do Ado lescen te ndash Grupos Opera t i vos

ABSTRACT

Adolescence is attracting interest from various fields of knowledgeThere are numerous studies that indicate that this period of life is a important as childhood or adulthood This study aimed to identify strategies with operational groups of teenagers in articles available in the databases LILACS MEDLINE and SCIELO BDENF in the period 1997 to 2011 The selection was initially performed from the title followed by selection for short After reading the texts in full others were excluded It was observed that the operational group may be a helpful tool for educational work with children allowing the information available to allow critical thinking and stance to adopt healthier behaviors with strong influence of the preparation of professional perform the activity Keywords Health Education - Adolescent Behavior - Adolescent Health - Operational Group

LISTA DE SIGLAS

CEABSF - CURSO DE ESPECIALIZACcedilAtildeO EM ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA EM SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA DST - DOENCcedilAS SEXUALMENTE TRANSMISSIacuteVEIS ESF ndash EQUIPE DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA PSF ndash PROGRAMA DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA UBSF ndash UNIDADE BAacuteSICA DE SAUacuteDE

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11 2JUSTIFICATIVA 12 3OBJETIVOS 13 4 METODOLOGIA 14 5 REVISAtildeO DE LITERATURA 15 6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 18 7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 25 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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1 INTRODUCcedilAtildeO

No coraccedilatildeo do modelo de sauacutede que o paiacutes vem adotando

encontram-se as Equipes de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) que inseridas nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBSF) devem na accedilatildeo seguir os

preceitos do Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) O objetivo principal

do programa por sua vez eacute o atendimento baacutesico de sauacutede da

populaccedilatildeo adstrita agrave UBSF (atenccedilatildeo primaacuteria) A ideacuteia eacute a de que o

atendimento integral em sauacutede aleacutem de atender o paciente

individualmente tambeacutem atenda as famiacutelias considerando suas

condiccedilotildees socioculturais da comunidade

O atendimento individualizado de cada membro da famiacutelia

assistida pelo programa faz parte deste processo de trabalho O grupo

formado pelos adolescentes natildeo raramente eacute atendido sem a

especificidade que esta fase do desenvolvimento humano requer A falta

de orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo das equipes muitas vezes eacute apontada como

responsaacutevel

Neste contexto o Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica

em Sauacutede da Famiacutelia ofertado pela Universidade Federal de Minas

Gerais vem oferecer agraves equipes e profissionais como meacutedicos

enfermeiros e dentistas as bases necessaacuterias para a capacitaccedilatildeo e

aperfeiccediloamento do seu processo de trabalho junto agraves famiacutelias dos

municiacutepios brasileiros O atendimento ao adolescente tem seu lugar no

decorrer do curso e a falta de uma intervenccedilatildeo de maneira eficaz a esse

grupo foi a fagulha necessaacuteria para o desejo de se aprofundar os

estudos atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a teacutecnica do grupo

operativo Esta teacutecnica pode ser utilizada como ferramenta eficaz pela

equipe uma vez que estudos apontam sua utilizaccedilatildeo como forma de se

conhecer e pesquisar o universo do adolescente

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2 JUSTIFICATIVA Um objeto de estudo geralmente surge no nosso espaccedilo de trabalho a

partir das experiecircncias vividas e das reflexotildees feitas neste espaccedilo Este estudo

surgiu da minha vivecircncia profissional como Dentista na Unidade de Atendimento

Odontoloacutegico da cidade de Pequi Ao ingressar no Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia - CEABSF da Universidade Federal de Minas Gerais e

fazendo o diagnoacutestico situacional da cidade me chamou a atenccedilatildeo o nuacutemero alto de

adolescentes graacutevidas e a falta de atividades de lazer para essa fase tatildeo cheia de

mudanccedilas Aleacutem disso natildeo haviam projetos a serem desenvolvidos pela ESF que focavam

os adolescentes No decorrer do curso pude compreender tambeacutem a correta forma de

utilizaccedilatildeo dos grupos operativos e com esse embasamento comecei a desenvolver alguns

grupos com adolescentes Percebi nesta evoluccedilatildeo do meu trabalho que a ESF ainda natildeo

utiliza essa ferramenta de forma produtiva e os profissionais tem muita dificuldade em

desenvolver este tema

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

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4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

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5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

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que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

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Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

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O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

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Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

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compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

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Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

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relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

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Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

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7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

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sauacutedeSatildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo2010PP 63

3 ANDALOacute CSA O papel do coordenador de grupos Psicol USP

Vol12 ndeg 1 Satildeo Paulo 2001

4 ARAUacuteJO A et al Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com

adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede Rev Med Minas Gerais 2008 18(4

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5 BESERRA EP TORRES CA PINHEIRO PNC ALVES MDS

BARROSO MGT Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo

de doenccedilas Ciecircnc sauacutede coletiva [online] 2011 vol16 suppl1 pp

1563-1570

6 BOtildeCKVR SARRIERAJC O grupo operativo intervindo na

Siacutendrome de Burnout PsicolEscEduc10(1)31-39 jan-

jun2006ilusttab

7 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sauacutede do Adolescente Brasiacutelia 2005

Disponiacutevel em http wwwsaudegovbr

8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 2: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATEacuteGIA DE TRABALHO COM ADOLESCENTES

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista Orientadora Professora Efigecircnia Ferreira e Ferreira

Paraacute de MinasMinas Gerais 2011

ZARA DEacuteSIREacuteE TONIDANDEL CAMPOS

O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATEacuteGIA DE TRABALHO

COM ADOLESCENTES

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista Orientadora Professora Efigecircnia Ferreira e Ferreira

BANCA EXAMINADORA

Aprovado em

DEDICATOacuteRIA

Dedico esse trabalho a todos os que de alguma maneira ajudaram em

minha caminhada acadecircmica familiares amigos e professores

Dedico a Deus que me deu Graccedila e Paz para seguir ateacute o final Tudo eacute Dele

AGRADECIMENTOS

Agrave Professora Efigecircnia Ferreira pela sua boa vontade para comigo e pelo

profissionalismo

Agraves Profordfs Solange Melo Miranda e Valeacuteria Santos Brasil professoras do curso de

Especializaccedilatildeo em Sauacutede do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG

Vocecircs me inspiram a me tornar uma profissional melhorobrigada

ldquoEacute preciso toda uma aldeia para se educar uma crianccedilardquo

Proveacuterbio africano

RESUMO

A ado lescecircnc ia vem desper tando in te resse de vaacute r ias aacute reas do sabe r Ex is tem inuacutemeros es tudos que apon tam que esse pe r iacuteodo da v ida eacute tatildeo impo r tan te quan to a in facircnc ia ou a idade adu l ta O p resen te t raba lho teve como ob je t ivo conhece r es t ra teacuteg ias com grupos ope ra t i vos de ado lescen tes con t idas em ar t i gos d ispon iacuteve is em bancos de dados L ILACSMEDLINE BDENF e SCIELO no pe r iacuteodo de 1997 a 2011 A se leccedilatildeo fo i rea l i zada in ic ia lmente a par t i r do t iacute t u lo segu ida da se leccedilatildeo po r resumo Apoacutes a le i tu ra dos tex tos na in tegra ou t ros fo ram exc lu iacutedos Obse rvou-se que o g rupo ope ra t i vo pode ser uma fer ramenta de g rande a juda para o t raba lho educa t i vo com ado lescen tes poss ib i l i tando d ispon ib i l i za r a in formaccedilatildeo pe rmi t i r a re f lexatildeo c r iacute t i ca e a tomada de pos iccedilatildeo pa ra a adoccedilatildeo de compor tamentos ma is saudaacuteve is com fo r te in f luecircnc ia do p repa ro do p ro f iss iona l que rea l i za r a a t iv idade Pa lavras chave Educaccedilatildeo em Sauacutede ndash Compor tamen to do Ado lescen te ndash Sauacutede do Ado lescen te ndash Grupos Opera t i vos

ABSTRACT

Adolescence is attracting interest from various fields of knowledgeThere are numerous studies that indicate that this period of life is a important as childhood or adulthood This study aimed to identify strategies with operational groups of teenagers in articles available in the databases LILACS MEDLINE and SCIELO BDENF in the period 1997 to 2011 The selection was initially performed from the title followed by selection for short After reading the texts in full others were excluded It was observed that the operational group may be a helpful tool for educational work with children allowing the information available to allow critical thinking and stance to adopt healthier behaviors with strong influence of the preparation of professional perform the activity Keywords Health Education - Adolescent Behavior - Adolescent Health - Operational Group

LISTA DE SIGLAS

CEABSF - CURSO DE ESPECIALIZACcedilAtildeO EM ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA EM SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA DST - DOENCcedilAS SEXUALMENTE TRANSMISSIacuteVEIS ESF ndash EQUIPE DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA PSF ndash PROGRAMA DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA UBSF ndash UNIDADE BAacuteSICA DE SAUacuteDE

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11 2JUSTIFICATIVA 12 3OBJETIVOS 13 4 METODOLOGIA 14 5 REVISAtildeO DE LITERATURA 15 6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 18 7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 25 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

No coraccedilatildeo do modelo de sauacutede que o paiacutes vem adotando

encontram-se as Equipes de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) que inseridas nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBSF) devem na accedilatildeo seguir os

preceitos do Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) O objetivo principal

do programa por sua vez eacute o atendimento baacutesico de sauacutede da

populaccedilatildeo adstrita agrave UBSF (atenccedilatildeo primaacuteria) A ideacuteia eacute a de que o

atendimento integral em sauacutede aleacutem de atender o paciente

individualmente tambeacutem atenda as famiacutelias considerando suas

condiccedilotildees socioculturais da comunidade

O atendimento individualizado de cada membro da famiacutelia

assistida pelo programa faz parte deste processo de trabalho O grupo

formado pelos adolescentes natildeo raramente eacute atendido sem a

especificidade que esta fase do desenvolvimento humano requer A falta

de orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo das equipes muitas vezes eacute apontada como

responsaacutevel

Neste contexto o Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica

em Sauacutede da Famiacutelia ofertado pela Universidade Federal de Minas

Gerais vem oferecer agraves equipes e profissionais como meacutedicos

enfermeiros e dentistas as bases necessaacuterias para a capacitaccedilatildeo e

aperfeiccediloamento do seu processo de trabalho junto agraves famiacutelias dos

municiacutepios brasileiros O atendimento ao adolescente tem seu lugar no

decorrer do curso e a falta de uma intervenccedilatildeo de maneira eficaz a esse

grupo foi a fagulha necessaacuteria para o desejo de se aprofundar os

estudos atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a teacutecnica do grupo

operativo Esta teacutecnica pode ser utilizada como ferramenta eficaz pela

equipe uma vez que estudos apontam sua utilizaccedilatildeo como forma de se

conhecer e pesquisar o universo do adolescente

12

2 JUSTIFICATIVA Um objeto de estudo geralmente surge no nosso espaccedilo de trabalho a

partir das experiecircncias vividas e das reflexotildees feitas neste espaccedilo Este estudo

surgiu da minha vivecircncia profissional como Dentista na Unidade de Atendimento

Odontoloacutegico da cidade de Pequi Ao ingressar no Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia - CEABSF da Universidade Federal de Minas Gerais e

fazendo o diagnoacutestico situacional da cidade me chamou a atenccedilatildeo o nuacutemero alto de

adolescentes graacutevidas e a falta de atividades de lazer para essa fase tatildeo cheia de

mudanccedilas Aleacutem disso natildeo haviam projetos a serem desenvolvidos pela ESF que focavam

os adolescentes No decorrer do curso pude compreender tambeacutem a correta forma de

utilizaccedilatildeo dos grupos operativos e com esse embasamento comecei a desenvolver alguns

grupos com adolescentes Percebi nesta evoluccedilatildeo do meu trabalho que a ESF ainda natildeo

utiliza essa ferramenta de forma produtiva e os profissionais tem muita dificuldade em

desenvolver este tema

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

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9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

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11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

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12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

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da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 3: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATEacuteGIA DE TRABALHO

COM ADOLESCENTES

Trabalho de Conclusatildeo de Curso apresentado ao Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia Universidade Federal de Minas Gerais como requisito para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Especialista Orientadora Professora Efigecircnia Ferreira e Ferreira

BANCA EXAMINADORA

Aprovado em

DEDICATOacuteRIA

Dedico esse trabalho a todos os que de alguma maneira ajudaram em

minha caminhada acadecircmica familiares amigos e professores

Dedico a Deus que me deu Graccedila e Paz para seguir ateacute o final Tudo eacute Dele

AGRADECIMENTOS

Agrave Professora Efigecircnia Ferreira pela sua boa vontade para comigo e pelo

profissionalismo

Agraves Profordfs Solange Melo Miranda e Valeacuteria Santos Brasil professoras do curso de

Especializaccedilatildeo em Sauacutede do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG

Vocecircs me inspiram a me tornar uma profissional melhorobrigada

ldquoEacute preciso toda uma aldeia para se educar uma crianccedilardquo

Proveacuterbio africano

RESUMO

A ado lescecircnc ia vem desper tando in te resse de vaacute r ias aacute reas do sabe r Ex is tem inuacutemeros es tudos que apon tam que esse pe r iacuteodo da v ida eacute tatildeo impo r tan te quan to a in facircnc ia ou a idade adu l ta O p resen te t raba lho teve como ob je t ivo conhece r es t ra teacuteg ias com grupos ope ra t i vos de ado lescen tes con t idas em ar t i gos d ispon iacuteve is em bancos de dados L ILACSMEDLINE BDENF e SCIELO no pe r iacuteodo de 1997 a 2011 A se leccedilatildeo fo i rea l i zada in ic ia lmente a par t i r do t iacute t u lo segu ida da se leccedilatildeo po r resumo Apoacutes a le i tu ra dos tex tos na in tegra ou t ros fo ram exc lu iacutedos Obse rvou-se que o g rupo ope ra t i vo pode ser uma fer ramenta de g rande a juda para o t raba lho educa t i vo com ado lescen tes poss ib i l i tando d ispon ib i l i za r a in formaccedilatildeo pe rmi t i r a re f lexatildeo c r iacute t i ca e a tomada de pos iccedilatildeo pa ra a adoccedilatildeo de compor tamentos ma is saudaacuteve is com fo r te in f luecircnc ia do p repa ro do p ro f iss iona l que rea l i za r a a t iv idade Pa lavras chave Educaccedilatildeo em Sauacutede ndash Compor tamen to do Ado lescen te ndash Sauacutede do Ado lescen te ndash Grupos Opera t i vos

ABSTRACT

Adolescence is attracting interest from various fields of knowledgeThere are numerous studies that indicate that this period of life is a important as childhood or adulthood This study aimed to identify strategies with operational groups of teenagers in articles available in the databases LILACS MEDLINE and SCIELO BDENF in the period 1997 to 2011 The selection was initially performed from the title followed by selection for short After reading the texts in full others were excluded It was observed that the operational group may be a helpful tool for educational work with children allowing the information available to allow critical thinking and stance to adopt healthier behaviors with strong influence of the preparation of professional perform the activity Keywords Health Education - Adolescent Behavior - Adolescent Health - Operational Group

LISTA DE SIGLAS

CEABSF - CURSO DE ESPECIALIZACcedilAtildeO EM ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA EM SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA DST - DOENCcedilAS SEXUALMENTE TRANSMISSIacuteVEIS ESF ndash EQUIPE DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA PSF ndash PROGRAMA DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA UBSF ndash UNIDADE BAacuteSICA DE SAUacuteDE

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11 2JUSTIFICATIVA 12 3OBJETIVOS 13 4 METODOLOGIA 14 5 REVISAtildeO DE LITERATURA 15 6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 18 7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 25 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

No coraccedilatildeo do modelo de sauacutede que o paiacutes vem adotando

encontram-se as Equipes de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) que inseridas nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBSF) devem na accedilatildeo seguir os

preceitos do Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) O objetivo principal

do programa por sua vez eacute o atendimento baacutesico de sauacutede da

populaccedilatildeo adstrita agrave UBSF (atenccedilatildeo primaacuteria) A ideacuteia eacute a de que o

atendimento integral em sauacutede aleacutem de atender o paciente

individualmente tambeacutem atenda as famiacutelias considerando suas

condiccedilotildees socioculturais da comunidade

O atendimento individualizado de cada membro da famiacutelia

assistida pelo programa faz parte deste processo de trabalho O grupo

formado pelos adolescentes natildeo raramente eacute atendido sem a

especificidade que esta fase do desenvolvimento humano requer A falta

de orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo das equipes muitas vezes eacute apontada como

responsaacutevel

Neste contexto o Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica

em Sauacutede da Famiacutelia ofertado pela Universidade Federal de Minas

Gerais vem oferecer agraves equipes e profissionais como meacutedicos

enfermeiros e dentistas as bases necessaacuterias para a capacitaccedilatildeo e

aperfeiccediloamento do seu processo de trabalho junto agraves famiacutelias dos

municiacutepios brasileiros O atendimento ao adolescente tem seu lugar no

decorrer do curso e a falta de uma intervenccedilatildeo de maneira eficaz a esse

grupo foi a fagulha necessaacuteria para o desejo de se aprofundar os

estudos atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a teacutecnica do grupo

operativo Esta teacutecnica pode ser utilizada como ferramenta eficaz pela

equipe uma vez que estudos apontam sua utilizaccedilatildeo como forma de se

conhecer e pesquisar o universo do adolescente

12

2 JUSTIFICATIVA Um objeto de estudo geralmente surge no nosso espaccedilo de trabalho a

partir das experiecircncias vividas e das reflexotildees feitas neste espaccedilo Este estudo

surgiu da minha vivecircncia profissional como Dentista na Unidade de Atendimento

Odontoloacutegico da cidade de Pequi Ao ingressar no Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia - CEABSF da Universidade Federal de Minas Gerais e

fazendo o diagnoacutestico situacional da cidade me chamou a atenccedilatildeo o nuacutemero alto de

adolescentes graacutevidas e a falta de atividades de lazer para essa fase tatildeo cheia de

mudanccedilas Aleacutem disso natildeo haviam projetos a serem desenvolvidos pela ESF que focavam

os adolescentes No decorrer do curso pude compreender tambeacutem a correta forma de

utilizaccedilatildeo dos grupos operativos e com esse embasamento comecei a desenvolver alguns

grupos com adolescentes Percebi nesta evoluccedilatildeo do meu trabalho que a ESF ainda natildeo

utiliza essa ferramenta de forma produtiva e os profissionais tem muita dificuldade em

desenvolver este tema

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

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12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

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18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 4: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

DEDICATOacuteRIA

Dedico esse trabalho a todos os que de alguma maneira ajudaram em

minha caminhada acadecircmica familiares amigos e professores

Dedico a Deus que me deu Graccedila e Paz para seguir ateacute o final Tudo eacute Dele

AGRADECIMENTOS

Agrave Professora Efigecircnia Ferreira pela sua boa vontade para comigo e pelo

profissionalismo

Agraves Profordfs Solange Melo Miranda e Valeacuteria Santos Brasil professoras do curso de

Especializaccedilatildeo em Sauacutede do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG

Vocecircs me inspiram a me tornar uma profissional melhorobrigada

ldquoEacute preciso toda uma aldeia para se educar uma crianccedilardquo

Proveacuterbio africano

RESUMO

A ado lescecircnc ia vem desper tando in te resse de vaacute r ias aacute reas do sabe r Ex is tem inuacutemeros es tudos que apon tam que esse pe r iacuteodo da v ida eacute tatildeo impo r tan te quan to a in facircnc ia ou a idade adu l ta O p resen te t raba lho teve como ob je t ivo conhece r es t ra teacuteg ias com grupos ope ra t i vos de ado lescen tes con t idas em ar t i gos d ispon iacuteve is em bancos de dados L ILACSMEDLINE BDENF e SCIELO no pe r iacuteodo de 1997 a 2011 A se leccedilatildeo fo i rea l i zada in ic ia lmente a par t i r do t iacute t u lo segu ida da se leccedilatildeo po r resumo Apoacutes a le i tu ra dos tex tos na in tegra ou t ros fo ram exc lu iacutedos Obse rvou-se que o g rupo ope ra t i vo pode ser uma fer ramenta de g rande a juda para o t raba lho educa t i vo com ado lescen tes poss ib i l i tando d ispon ib i l i za r a in formaccedilatildeo pe rmi t i r a re f lexatildeo c r iacute t i ca e a tomada de pos iccedilatildeo pa ra a adoccedilatildeo de compor tamentos ma is saudaacuteve is com fo r te in f luecircnc ia do p repa ro do p ro f iss iona l que rea l i za r a a t iv idade Pa lavras chave Educaccedilatildeo em Sauacutede ndash Compor tamen to do Ado lescen te ndash Sauacutede do Ado lescen te ndash Grupos Opera t i vos

ABSTRACT

Adolescence is attracting interest from various fields of knowledgeThere are numerous studies that indicate that this period of life is a important as childhood or adulthood This study aimed to identify strategies with operational groups of teenagers in articles available in the databases LILACS MEDLINE and SCIELO BDENF in the period 1997 to 2011 The selection was initially performed from the title followed by selection for short After reading the texts in full others were excluded It was observed that the operational group may be a helpful tool for educational work with children allowing the information available to allow critical thinking and stance to adopt healthier behaviors with strong influence of the preparation of professional perform the activity Keywords Health Education - Adolescent Behavior - Adolescent Health - Operational Group

LISTA DE SIGLAS

CEABSF - CURSO DE ESPECIALIZACcedilAtildeO EM ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA EM SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA DST - DOENCcedilAS SEXUALMENTE TRANSMISSIacuteVEIS ESF ndash EQUIPE DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA PSF ndash PROGRAMA DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA UBSF ndash UNIDADE BAacuteSICA DE SAUacuteDE

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11 2JUSTIFICATIVA 12 3OBJETIVOS 13 4 METODOLOGIA 14 5 REVISAtildeO DE LITERATURA 15 6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 18 7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 25 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

No coraccedilatildeo do modelo de sauacutede que o paiacutes vem adotando

encontram-se as Equipes de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) que inseridas nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBSF) devem na accedilatildeo seguir os

preceitos do Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) O objetivo principal

do programa por sua vez eacute o atendimento baacutesico de sauacutede da

populaccedilatildeo adstrita agrave UBSF (atenccedilatildeo primaacuteria) A ideacuteia eacute a de que o

atendimento integral em sauacutede aleacutem de atender o paciente

individualmente tambeacutem atenda as famiacutelias considerando suas

condiccedilotildees socioculturais da comunidade

O atendimento individualizado de cada membro da famiacutelia

assistida pelo programa faz parte deste processo de trabalho O grupo

formado pelos adolescentes natildeo raramente eacute atendido sem a

especificidade que esta fase do desenvolvimento humano requer A falta

de orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo das equipes muitas vezes eacute apontada como

responsaacutevel

Neste contexto o Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica

em Sauacutede da Famiacutelia ofertado pela Universidade Federal de Minas

Gerais vem oferecer agraves equipes e profissionais como meacutedicos

enfermeiros e dentistas as bases necessaacuterias para a capacitaccedilatildeo e

aperfeiccediloamento do seu processo de trabalho junto agraves famiacutelias dos

municiacutepios brasileiros O atendimento ao adolescente tem seu lugar no

decorrer do curso e a falta de uma intervenccedilatildeo de maneira eficaz a esse

grupo foi a fagulha necessaacuteria para o desejo de se aprofundar os

estudos atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a teacutecnica do grupo

operativo Esta teacutecnica pode ser utilizada como ferramenta eficaz pela

equipe uma vez que estudos apontam sua utilizaccedilatildeo como forma de se

conhecer e pesquisar o universo do adolescente

12

2 JUSTIFICATIVA Um objeto de estudo geralmente surge no nosso espaccedilo de trabalho a

partir das experiecircncias vividas e das reflexotildees feitas neste espaccedilo Este estudo

surgiu da minha vivecircncia profissional como Dentista na Unidade de Atendimento

Odontoloacutegico da cidade de Pequi Ao ingressar no Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia - CEABSF da Universidade Federal de Minas Gerais e

fazendo o diagnoacutestico situacional da cidade me chamou a atenccedilatildeo o nuacutemero alto de

adolescentes graacutevidas e a falta de atividades de lazer para essa fase tatildeo cheia de

mudanccedilas Aleacutem disso natildeo haviam projetos a serem desenvolvidos pela ESF que focavam

os adolescentes No decorrer do curso pude compreender tambeacutem a correta forma de

utilizaccedilatildeo dos grupos operativos e com esse embasamento comecei a desenvolver alguns

grupos com adolescentes Percebi nesta evoluccedilatildeo do meu trabalho que a ESF ainda natildeo

utiliza essa ferramenta de forma produtiva e os profissionais tem muita dificuldade em

desenvolver este tema

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

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da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 5: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

AGRADECIMENTOS

Agrave Professora Efigecircnia Ferreira pela sua boa vontade para comigo e pelo

profissionalismo

Agraves Profordfs Solange Melo Miranda e Valeacuteria Santos Brasil professoras do curso de

Especializaccedilatildeo em Sauacutede do Adolescente da Faculdade de Medicina da UFMG

Vocecircs me inspiram a me tornar uma profissional melhorobrigada

ldquoEacute preciso toda uma aldeia para se educar uma crianccedilardquo

Proveacuterbio africano

RESUMO

A ado lescecircnc ia vem desper tando in te resse de vaacute r ias aacute reas do sabe r Ex is tem inuacutemeros es tudos que apon tam que esse pe r iacuteodo da v ida eacute tatildeo impo r tan te quan to a in facircnc ia ou a idade adu l ta O p resen te t raba lho teve como ob je t ivo conhece r es t ra teacuteg ias com grupos ope ra t i vos de ado lescen tes con t idas em ar t i gos d ispon iacuteve is em bancos de dados L ILACSMEDLINE BDENF e SCIELO no pe r iacuteodo de 1997 a 2011 A se leccedilatildeo fo i rea l i zada in ic ia lmente a par t i r do t iacute t u lo segu ida da se leccedilatildeo po r resumo Apoacutes a le i tu ra dos tex tos na in tegra ou t ros fo ram exc lu iacutedos Obse rvou-se que o g rupo ope ra t i vo pode ser uma fer ramenta de g rande a juda para o t raba lho educa t i vo com ado lescen tes poss ib i l i tando d ispon ib i l i za r a in formaccedilatildeo pe rmi t i r a re f lexatildeo c r iacute t i ca e a tomada de pos iccedilatildeo pa ra a adoccedilatildeo de compor tamentos ma is saudaacuteve is com fo r te in f luecircnc ia do p repa ro do p ro f iss iona l que rea l i za r a a t iv idade Pa lavras chave Educaccedilatildeo em Sauacutede ndash Compor tamen to do Ado lescen te ndash Sauacutede do Ado lescen te ndash Grupos Opera t i vos

ABSTRACT

Adolescence is attracting interest from various fields of knowledgeThere are numerous studies that indicate that this period of life is a important as childhood or adulthood This study aimed to identify strategies with operational groups of teenagers in articles available in the databases LILACS MEDLINE and SCIELO BDENF in the period 1997 to 2011 The selection was initially performed from the title followed by selection for short After reading the texts in full others were excluded It was observed that the operational group may be a helpful tool for educational work with children allowing the information available to allow critical thinking and stance to adopt healthier behaviors with strong influence of the preparation of professional perform the activity Keywords Health Education - Adolescent Behavior - Adolescent Health - Operational Group

LISTA DE SIGLAS

CEABSF - CURSO DE ESPECIALIZACcedilAtildeO EM ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA EM SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA DST - DOENCcedilAS SEXUALMENTE TRANSMISSIacuteVEIS ESF ndash EQUIPE DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA PSF ndash PROGRAMA DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA UBSF ndash UNIDADE BAacuteSICA DE SAUacuteDE

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11 2JUSTIFICATIVA 12 3OBJETIVOS 13 4 METODOLOGIA 14 5 REVISAtildeO DE LITERATURA 15 6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 18 7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 25 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

No coraccedilatildeo do modelo de sauacutede que o paiacutes vem adotando

encontram-se as Equipes de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) que inseridas nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBSF) devem na accedilatildeo seguir os

preceitos do Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) O objetivo principal

do programa por sua vez eacute o atendimento baacutesico de sauacutede da

populaccedilatildeo adstrita agrave UBSF (atenccedilatildeo primaacuteria) A ideacuteia eacute a de que o

atendimento integral em sauacutede aleacutem de atender o paciente

individualmente tambeacutem atenda as famiacutelias considerando suas

condiccedilotildees socioculturais da comunidade

O atendimento individualizado de cada membro da famiacutelia

assistida pelo programa faz parte deste processo de trabalho O grupo

formado pelos adolescentes natildeo raramente eacute atendido sem a

especificidade que esta fase do desenvolvimento humano requer A falta

de orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo das equipes muitas vezes eacute apontada como

responsaacutevel

Neste contexto o Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica

em Sauacutede da Famiacutelia ofertado pela Universidade Federal de Minas

Gerais vem oferecer agraves equipes e profissionais como meacutedicos

enfermeiros e dentistas as bases necessaacuterias para a capacitaccedilatildeo e

aperfeiccediloamento do seu processo de trabalho junto agraves famiacutelias dos

municiacutepios brasileiros O atendimento ao adolescente tem seu lugar no

decorrer do curso e a falta de uma intervenccedilatildeo de maneira eficaz a esse

grupo foi a fagulha necessaacuteria para o desejo de se aprofundar os

estudos atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a teacutecnica do grupo

operativo Esta teacutecnica pode ser utilizada como ferramenta eficaz pela

equipe uma vez que estudos apontam sua utilizaccedilatildeo como forma de se

conhecer e pesquisar o universo do adolescente

12

2 JUSTIFICATIVA Um objeto de estudo geralmente surge no nosso espaccedilo de trabalho a

partir das experiecircncias vividas e das reflexotildees feitas neste espaccedilo Este estudo

surgiu da minha vivecircncia profissional como Dentista na Unidade de Atendimento

Odontoloacutegico da cidade de Pequi Ao ingressar no Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia - CEABSF da Universidade Federal de Minas Gerais e

fazendo o diagnoacutestico situacional da cidade me chamou a atenccedilatildeo o nuacutemero alto de

adolescentes graacutevidas e a falta de atividades de lazer para essa fase tatildeo cheia de

mudanccedilas Aleacutem disso natildeo haviam projetos a serem desenvolvidos pela ESF que focavam

os adolescentes No decorrer do curso pude compreender tambeacutem a correta forma de

utilizaccedilatildeo dos grupos operativos e com esse embasamento comecei a desenvolver alguns

grupos com adolescentes Percebi nesta evoluccedilatildeo do meu trabalho que a ESF ainda natildeo

utiliza essa ferramenta de forma produtiva e os profissionais tem muita dificuldade em

desenvolver este tema

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

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sauacutedeSatildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo2010PP 63

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Vol12 ndeg 1 Satildeo Paulo 2001

4 ARAUacuteJO A et al Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com

adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede Rev Med Minas Gerais 2008 18(4

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5 BESERRA EP TORRES CA PINHEIRO PNC ALVES MDS

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de doenccedilas Ciecircnc sauacutede coletiva [online] 2011 vol16 suppl1 pp

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6 BOtildeCKVR SARRIERAJC O grupo operativo intervindo na

Siacutendrome de Burnout PsicolEscEduc10(1)31-39 jan-

jun2006ilusttab

7 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sauacutede do Adolescente Brasiacutelia 2005

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8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 6: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

ldquoEacute preciso toda uma aldeia para se educar uma crianccedilardquo

Proveacuterbio africano

RESUMO

A ado lescecircnc ia vem desper tando in te resse de vaacute r ias aacute reas do sabe r Ex is tem inuacutemeros es tudos que apon tam que esse pe r iacuteodo da v ida eacute tatildeo impo r tan te quan to a in facircnc ia ou a idade adu l ta O p resen te t raba lho teve como ob je t ivo conhece r es t ra teacuteg ias com grupos ope ra t i vos de ado lescen tes con t idas em ar t i gos d ispon iacuteve is em bancos de dados L ILACSMEDLINE BDENF e SCIELO no pe r iacuteodo de 1997 a 2011 A se leccedilatildeo fo i rea l i zada in ic ia lmente a par t i r do t iacute t u lo segu ida da se leccedilatildeo po r resumo Apoacutes a le i tu ra dos tex tos na in tegra ou t ros fo ram exc lu iacutedos Obse rvou-se que o g rupo ope ra t i vo pode ser uma fer ramenta de g rande a juda para o t raba lho educa t i vo com ado lescen tes poss ib i l i tando d ispon ib i l i za r a in formaccedilatildeo pe rmi t i r a re f lexatildeo c r iacute t i ca e a tomada de pos iccedilatildeo pa ra a adoccedilatildeo de compor tamentos ma is saudaacuteve is com fo r te in f luecircnc ia do p repa ro do p ro f iss iona l que rea l i za r a a t iv idade Pa lavras chave Educaccedilatildeo em Sauacutede ndash Compor tamen to do Ado lescen te ndash Sauacutede do Ado lescen te ndash Grupos Opera t i vos

ABSTRACT

Adolescence is attracting interest from various fields of knowledgeThere are numerous studies that indicate that this period of life is a important as childhood or adulthood This study aimed to identify strategies with operational groups of teenagers in articles available in the databases LILACS MEDLINE and SCIELO BDENF in the period 1997 to 2011 The selection was initially performed from the title followed by selection for short After reading the texts in full others were excluded It was observed that the operational group may be a helpful tool for educational work with children allowing the information available to allow critical thinking and stance to adopt healthier behaviors with strong influence of the preparation of professional perform the activity Keywords Health Education - Adolescent Behavior - Adolescent Health - Operational Group

LISTA DE SIGLAS

CEABSF - CURSO DE ESPECIALIZACcedilAtildeO EM ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA EM SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA DST - DOENCcedilAS SEXUALMENTE TRANSMISSIacuteVEIS ESF ndash EQUIPE DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA PSF ndash PROGRAMA DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA UBSF ndash UNIDADE BAacuteSICA DE SAUacuteDE

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11 2JUSTIFICATIVA 12 3OBJETIVOS 13 4 METODOLOGIA 14 5 REVISAtildeO DE LITERATURA 15 6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 18 7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 25 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

No coraccedilatildeo do modelo de sauacutede que o paiacutes vem adotando

encontram-se as Equipes de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) que inseridas nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBSF) devem na accedilatildeo seguir os

preceitos do Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) O objetivo principal

do programa por sua vez eacute o atendimento baacutesico de sauacutede da

populaccedilatildeo adstrita agrave UBSF (atenccedilatildeo primaacuteria) A ideacuteia eacute a de que o

atendimento integral em sauacutede aleacutem de atender o paciente

individualmente tambeacutem atenda as famiacutelias considerando suas

condiccedilotildees socioculturais da comunidade

O atendimento individualizado de cada membro da famiacutelia

assistida pelo programa faz parte deste processo de trabalho O grupo

formado pelos adolescentes natildeo raramente eacute atendido sem a

especificidade que esta fase do desenvolvimento humano requer A falta

de orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo das equipes muitas vezes eacute apontada como

responsaacutevel

Neste contexto o Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica

em Sauacutede da Famiacutelia ofertado pela Universidade Federal de Minas

Gerais vem oferecer agraves equipes e profissionais como meacutedicos

enfermeiros e dentistas as bases necessaacuterias para a capacitaccedilatildeo e

aperfeiccediloamento do seu processo de trabalho junto agraves famiacutelias dos

municiacutepios brasileiros O atendimento ao adolescente tem seu lugar no

decorrer do curso e a falta de uma intervenccedilatildeo de maneira eficaz a esse

grupo foi a fagulha necessaacuteria para o desejo de se aprofundar os

estudos atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a teacutecnica do grupo

operativo Esta teacutecnica pode ser utilizada como ferramenta eficaz pela

equipe uma vez que estudos apontam sua utilizaccedilatildeo como forma de se

conhecer e pesquisar o universo do adolescente

12

2 JUSTIFICATIVA Um objeto de estudo geralmente surge no nosso espaccedilo de trabalho a

partir das experiecircncias vividas e das reflexotildees feitas neste espaccedilo Este estudo

surgiu da minha vivecircncia profissional como Dentista na Unidade de Atendimento

Odontoloacutegico da cidade de Pequi Ao ingressar no Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia - CEABSF da Universidade Federal de Minas Gerais e

fazendo o diagnoacutestico situacional da cidade me chamou a atenccedilatildeo o nuacutemero alto de

adolescentes graacutevidas e a falta de atividades de lazer para essa fase tatildeo cheia de

mudanccedilas Aleacutem disso natildeo haviam projetos a serem desenvolvidos pela ESF que focavam

os adolescentes No decorrer do curso pude compreender tambeacutem a correta forma de

utilizaccedilatildeo dos grupos operativos e com esse embasamento comecei a desenvolver alguns

grupos com adolescentes Percebi nesta evoluccedilatildeo do meu trabalho que a ESF ainda natildeo

utiliza essa ferramenta de forma produtiva e os profissionais tem muita dificuldade em

desenvolver este tema

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

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28

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12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

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14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

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15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

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16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

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18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

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29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 7: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

RESUMO

A ado lescecircnc ia vem desper tando in te resse de vaacute r ias aacute reas do sabe r Ex is tem inuacutemeros es tudos que apon tam que esse pe r iacuteodo da v ida eacute tatildeo impo r tan te quan to a in facircnc ia ou a idade adu l ta O p resen te t raba lho teve como ob je t ivo conhece r es t ra teacuteg ias com grupos ope ra t i vos de ado lescen tes con t idas em ar t i gos d ispon iacuteve is em bancos de dados L ILACSMEDLINE BDENF e SCIELO no pe r iacuteodo de 1997 a 2011 A se leccedilatildeo fo i rea l i zada in ic ia lmente a par t i r do t iacute t u lo segu ida da se leccedilatildeo po r resumo Apoacutes a le i tu ra dos tex tos na in tegra ou t ros fo ram exc lu iacutedos Obse rvou-se que o g rupo ope ra t i vo pode ser uma fer ramenta de g rande a juda para o t raba lho educa t i vo com ado lescen tes poss ib i l i tando d ispon ib i l i za r a in formaccedilatildeo pe rmi t i r a re f lexatildeo c r iacute t i ca e a tomada de pos iccedilatildeo pa ra a adoccedilatildeo de compor tamentos ma is saudaacuteve is com fo r te in f luecircnc ia do p repa ro do p ro f iss iona l que rea l i za r a a t iv idade Pa lavras chave Educaccedilatildeo em Sauacutede ndash Compor tamen to do Ado lescen te ndash Sauacutede do Ado lescen te ndash Grupos Opera t i vos

ABSTRACT

Adolescence is attracting interest from various fields of knowledgeThere are numerous studies that indicate that this period of life is a important as childhood or adulthood This study aimed to identify strategies with operational groups of teenagers in articles available in the databases LILACS MEDLINE and SCIELO BDENF in the period 1997 to 2011 The selection was initially performed from the title followed by selection for short After reading the texts in full others were excluded It was observed that the operational group may be a helpful tool for educational work with children allowing the information available to allow critical thinking and stance to adopt healthier behaviors with strong influence of the preparation of professional perform the activity Keywords Health Education - Adolescent Behavior - Adolescent Health - Operational Group

LISTA DE SIGLAS

CEABSF - CURSO DE ESPECIALIZACcedilAtildeO EM ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA EM SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA DST - DOENCcedilAS SEXUALMENTE TRANSMISSIacuteVEIS ESF ndash EQUIPE DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA PSF ndash PROGRAMA DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA UBSF ndash UNIDADE BAacuteSICA DE SAUacuteDE

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11 2JUSTIFICATIVA 12 3OBJETIVOS 13 4 METODOLOGIA 14 5 REVISAtildeO DE LITERATURA 15 6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 18 7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 25 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

No coraccedilatildeo do modelo de sauacutede que o paiacutes vem adotando

encontram-se as Equipes de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) que inseridas nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBSF) devem na accedilatildeo seguir os

preceitos do Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) O objetivo principal

do programa por sua vez eacute o atendimento baacutesico de sauacutede da

populaccedilatildeo adstrita agrave UBSF (atenccedilatildeo primaacuteria) A ideacuteia eacute a de que o

atendimento integral em sauacutede aleacutem de atender o paciente

individualmente tambeacutem atenda as famiacutelias considerando suas

condiccedilotildees socioculturais da comunidade

O atendimento individualizado de cada membro da famiacutelia

assistida pelo programa faz parte deste processo de trabalho O grupo

formado pelos adolescentes natildeo raramente eacute atendido sem a

especificidade que esta fase do desenvolvimento humano requer A falta

de orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo das equipes muitas vezes eacute apontada como

responsaacutevel

Neste contexto o Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica

em Sauacutede da Famiacutelia ofertado pela Universidade Federal de Minas

Gerais vem oferecer agraves equipes e profissionais como meacutedicos

enfermeiros e dentistas as bases necessaacuterias para a capacitaccedilatildeo e

aperfeiccediloamento do seu processo de trabalho junto agraves famiacutelias dos

municiacutepios brasileiros O atendimento ao adolescente tem seu lugar no

decorrer do curso e a falta de uma intervenccedilatildeo de maneira eficaz a esse

grupo foi a fagulha necessaacuteria para o desejo de se aprofundar os

estudos atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a teacutecnica do grupo

operativo Esta teacutecnica pode ser utilizada como ferramenta eficaz pela

equipe uma vez que estudos apontam sua utilizaccedilatildeo como forma de se

conhecer e pesquisar o universo do adolescente

12

2 JUSTIFICATIVA Um objeto de estudo geralmente surge no nosso espaccedilo de trabalho a

partir das experiecircncias vividas e das reflexotildees feitas neste espaccedilo Este estudo

surgiu da minha vivecircncia profissional como Dentista na Unidade de Atendimento

Odontoloacutegico da cidade de Pequi Ao ingressar no Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia - CEABSF da Universidade Federal de Minas Gerais e

fazendo o diagnoacutestico situacional da cidade me chamou a atenccedilatildeo o nuacutemero alto de

adolescentes graacutevidas e a falta de atividades de lazer para essa fase tatildeo cheia de

mudanccedilas Aleacutem disso natildeo haviam projetos a serem desenvolvidos pela ESF que focavam

os adolescentes No decorrer do curso pude compreender tambeacutem a correta forma de

utilizaccedilatildeo dos grupos operativos e com esse embasamento comecei a desenvolver alguns

grupos com adolescentes Percebi nesta evoluccedilatildeo do meu trabalho que a ESF ainda natildeo

utiliza essa ferramenta de forma produtiva e os profissionais tem muita dificuldade em

desenvolver este tema

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

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12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

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pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

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2001

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Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 8: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

ABSTRACT

Adolescence is attracting interest from various fields of knowledgeThere are numerous studies that indicate that this period of life is a important as childhood or adulthood This study aimed to identify strategies with operational groups of teenagers in articles available in the databases LILACS MEDLINE and SCIELO BDENF in the period 1997 to 2011 The selection was initially performed from the title followed by selection for short After reading the texts in full others were excluded It was observed that the operational group may be a helpful tool for educational work with children allowing the information available to allow critical thinking and stance to adopt healthier behaviors with strong influence of the preparation of professional perform the activity Keywords Health Education - Adolescent Behavior - Adolescent Health - Operational Group

LISTA DE SIGLAS

CEABSF - CURSO DE ESPECIALIZACcedilAtildeO EM ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA EM SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA DST - DOENCcedilAS SEXUALMENTE TRANSMISSIacuteVEIS ESF ndash EQUIPE DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA PSF ndash PROGRAMA DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA UBSF ndash UNIDADE BAacuteSICA DE SAUacuteDE

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11 2JUSTIFICATIVA 12 3OBJETIVOS 13 4 METODOLOGIA 14 5 REVISAtildeO DE LITERATURA 15 6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 18 7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 25 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

No coraccedilatildeo do modelo de sauacutede que o paiacutes vem adotando

encontram-se as Equipes de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) que inseridas nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBSF) devem na accedilatildeo seguir os

preceitos do Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) O objetivo principal

do programa por sua vez eacute o atendimento baacutesico de sauacutede da

populaccedilatildeo adstrita agrave UBSF (atenccedilatildeo primaacuteria) A ideacuteia eacute a de que o

atendimento integral em sauacutede aleacutem de atender o paciente

individualmente tambeacutem atenda as famiacutelias considerando suas

condiccedilotildees socioculturais da comunidade

O atendimento individualizado de cada membro da famiacutelia

assistida pelo programa faz parte deste processo de trabalho O grupo

formado pelos adolescentes natildeo raramente eacute atendido sem a

especificidade que esta fase do desenvolvimento humano requer A falta

de orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo das equipes muitas vezes eacute apontada como

responsaacutevel

Neste contexto o Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica

em Sauacutede da Famiacutelia ofertado pela Universidade Federal de Minas

Gerais vem oferecer agraves equipes e profissionais como meacutedicos

enfermeiros e dentistas as bases necessaacuterias para a capacitaccedilatildeo e

aperfeiccediloamento do seu processo de trabalho junto agraves famiacutelias dos

municiacutepios brasileiros O atendimento ao adolescente tem seu lugar no

decorrer do curso e a falta de uma intervenccedilatildeo de maneira eficaz a esse

grupo foi a fagulha necessaacuteria para o desejo de se aprofundar os

estudos atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a teacutecnica do grupo

operativo Esta teacutecnica pode ser utilizada como ferramenta eficaz pela

equipe uma vez que estudos apontam sua utilizaccedilatildeo como forma de se

conhecer e pesquisar o universo do adolescente

12

2 JUSTIFICATIVA Um objeto de estudo geralmente surge no nosso espaccedilo de trabalho a

partir das experiecircncias vividas e das reflexotildees feitas neste espaccedilo Este estudo

surgiu da minha vivecircncia profissional como Dentista na Unidade de Atendimento

Odontoloacutegico da cidade de Pequi Ao ingressar no Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia - CEABSF da Universidade Federal de Minas Gerais e

fazendo o diagnoacutestico situacional da cidade me chamou a atenccedilatildeo o nuacutemero alto de

adolescentes graacutevidas e a falta de atividades de lazer para essa fase tatildeo cheia de

mudanccedilas Aleacutem disso natildeo haviam projetos a serem desenvolvidos pela ESF que focavam

os adolescentes No decorrer do curso pude compreender tambeacutem a correta forma de

utilizaccedilatildeo dos grupos operativos e com esse embasamento comecei a desenvolver alguns

grupos com adolescentes Percebi nesta evoluccedilatildeo do meu trabalho que a ESF ainda natildeo

utiliza essa ferramenta de forma produtiva e os profissionais tem muita dificuldade em

desenvolver este tema

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

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18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

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interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

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2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

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23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

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24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

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Page 9: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

LISTA DE SIGLAS

CEABSF - CURSO DE ESPECIALIZACcedilAtildeO EM ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA EM SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA DST - DOENCcedilAS SEXUALMENTE TRANSMISSIacuteVEIS ESF ndash EQUIPE DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA PSF ndash PROGRAMA DE SAUacuteDE DA FAMIacuteLIA UBSF ndash UNIDADE BAacuteSICA DE SAUacuteDE

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11 2JUSTIFICATIVA 12 3OBJETIVOS 13 4 METODOLOGIA 14 5 REVISAtildeO DE LITERATURA 15 6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 18 7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 25 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

No coraccedilatildeo do modelo de sauacutede que o paiacutes vem adotando

encontram-se as Equipes de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) que inseridas nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBSF) devem na accedilatildeo seguir os

preceitos do Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) O objetivo principal

do programa por sua vez eacute o atendimento baacutesico de sauacutede da

populaccedilatildeo adstrita agrave UBSF (atenccedilatildeo primaacuteria) A ideacuteia eacute a de que o

atendimento integral em sauacutede aleacutem de atender o paciente

individualmente tambeacutem atenda as famiacutelias considerando suas

condiccedilotildees socioculturais da comunidade

O atendimento individualizado de cada membro da famiacutelia

assistida pelo programa faz parte deste processo de trabalho O grupo

formado pelos adolescentes natildeo raramente eacute atendido sem a

especificidade que esta fase do desenvolvimento humano requer A falta

de orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo das equipes muitas vezes eacute apontada como

responsaacutevel

Neste contexto o Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica

em Sauacutede da Famiacutelia ofertado pela Universidade Federal de Minas

Gerais vem oferecer agraves equipes e profissionais como meacutedicos

enfermeiros e dentistas as bases necessaacuterias para a capacitaccedilatildeo e

aperfeiccediloamento do seu processo de trabalho junto agraves famiacutelias dos

municiacutepios brasileiros O atendimento ao adolescente tem seu lugar no

decorrer do curso e a falta de uma intervenccedilatildeo de maneira eficaz a esse

grupo foi a fagulha necessaacuteria para o desejo de se aprofundar os

estudos atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a teacutecnica do grupo

operativo Esta teacutecnica pode ser utilizada como ferramenta eficaz pela

equipe uma vez que estudos apontam sua utilizaccedilatildeo como forma de se

conhecer e pesquisar o universo do adolescente

12

2 JUSTIFICATIVA Um objeto de estudo geralmente surge no nosso espaccedilo de trabalho a

partir das experiecircncias vividas e das reflexotildees feitas neste espaccedilo Este estudo

surgiu da minha vivecircncia profissional como Dentista na Unidade de Atendimento

Odontoloacutegico da cidade de Pequi Ao ingressar no Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia - CEABSF da Universidade Federal de Minas Gerais e

fazendo o diagnoacutestico situacional da cidade me chamou a atenccedilatildeo o nuacutemero alto de

adolescentes graacutevidas e a falta de atividades de lazer para essa fase tatildeo cheia de

mudanccedilas Aleacutem disso natildeo haviam projetos a serem desenvolvidos pela ESF que focavam

os adolescentes No decorrer do curso pude compreender tambeacutem a correta forma de

utilizaccedilatildeo dos grupos operativos e com esse embasamento comecei a desenvolver alguns

grupos com adolescentes Percebi nesta evoluccedilatildeo do meu trabalho que a ESF ainda natildeo

utiliza essa ferramenta de forma produtiva e os profissionais tem muita dificuldade em

desenvolver este tema

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

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8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 10: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11 2JUSTIFICATIVA 12 3OBJETIVOS 13 4 METODOLOGIA 14 5 REVISAtildeO DE LITERATURA 15 6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 18 7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 25 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

No coraccedilatildeo do modelo de sauacutede que o paiacutes vem adotando

encontram-se as Equipes de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) que inseridas nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBSF) devem na accedilatildeo seguir os

preceitos do Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) O objetivo principal

do programa por sua vez eacute o atendimento baacutesico de sauacutede da

populaccedilatildeo adstrita agrave UBSF (atenccedilatildeo primaacuteria) A ideacuteia eacute a de que o

atendimento integral em sauacutede aleacutem de atender o paciente

individualmente tambeacutem atenda as famiacutelias considerando suas

condiccedilotildees socioculturais da comunidade

O atendimento individualizado de cada membro da famiacutelia

assistida pelo programa faz parte deste processo de trabalho O grupo

formado pelos adolescentes natildeo raramente eacute atendido sem a

especificidade que esta fase do desenvolvimento humano requer A falta

de orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo das equipes muitas vezes eacute apontada como

responsaacutevel

Neste contexto o Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica

em Sauacutede da Famiacutelia ofertado pela Universidade Federal de Minas

Gerais vem oferecer agraves equipes e profissionais como meacutedicos

enfermeiros e dentistas as bases necessaacuterias para a capacitaccedilatildeo e

aperfeiccediloamento do seu processo de trabalho junto agraves famiacutelias dos

municiacutepios brasileiros O atendimento ao adolescente tem seu lugar no

decorrer do curso e a falta de uma intervenccedilatildeo de maneira eficaz a esse

grupo foi a fagulha necessaacuteria para o desejo de se aprofundar os

estudos atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a teacutecnica do grupo

operativo Esta teacutecnica pode ser utilizada como ferramenta eficaz pela

equipe uma vez que estudos apontam sua utilizaccedilatildeo como forma de se

conhecer e pesquisar o universo do adolescente

12

2 JUSTIFICATIVA Um objeto de estudo geralmente surge no nosso espaccedilo de trabalho a

partir das experiecircncias vividas e das reflexotildees feitas neste espaccedilo Este estudo

surgiu da minha vivecircncia profissional como Dentista na Unidade de Atendimento

Odontoloacutegico da cidade de Pequi Ao ingressar no Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia - CEABSF da Universidade Federal de Minas Gerais e

fazendo o diagnoacutestico situacional da cidade me chamou a atenccedilatildeo o nuacutemero alto de

adolescentes graacutevidas e a falta de atividades de lazer para essa fase tatildeo cheia de

mudanccedilas Aleacutem disso natildeo haviam projetos a serem desenvolvidos pela ESF que focavam

os adolescentes No decorrer do curso pude compreender tambeacutem a correta forma de

utilizaccedilatildeo dos grupos operativos e com esse embasamento comecei a desenvolver alguns

grupos com adolescentes Percebi nesta evoluccedilatildeo do meu trabalho que a ESF ainda natildeo

utiliza essa ferramenta de forma produtiva e os profissionais tem muita dificuldade em

desenvolver este tema

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

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9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

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12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

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11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

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12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 11: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

No coraccedilatildeo do modelo de sauacutede que o paiacutes vem adotando

encontram-se as Equipes de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) que inseridas nas

Unidades Baacutesicas de Sauacutede (UBSF) devem na accedilatildeo seguir os

preceitos do Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF) O objetivo principal

do programa por sua vez eacute o atendimento baacutesico de sauacutede da

populaccedilatildeo adstrita agrave UBSF (atenccedilatildeo primaacuteria) A ideacuteia eacute a de que o

atendimento integral em sauacutede aleacutem de atender o paciente

individualmente tambeacutem atenda as famiacutelias considerando suas

condiccedilotildees socioculturais da comunidade

O atendimento individualizado de cada membro da famiacutelia

assistida pelo programa faz parte deste processo de trabalho O grupo

formado pelos adolescentes natildeo raramente eacute atendido sem a

especificidade que esta fase do desenvolvimento humano requer A falta

de orientaccedilatildeo e informaccedilatildeo das equipes muitas vezes eacute apontada como

responsaacutevel

Neste contexto o Curso de Especializaccedilatildeo em Atenccedilatildeo Baacutesica

em Sauacutede da Famiacutelia ofertado pela Universidade Federal de Minas

Gerais vem oferecer agraves equipes e profissionais como meacutedicos

enfermeiros e dentistas as bases necessaacuterias para a capacitaccedilatildeo e

aperfeiccediloamento do seu processo de trabalho junto agraves famiacutelias dos

municiacutepios brasileiros O atendimento ao adolescente tem seu lugar no

decorrer do curso e a falta de uma intervenccedilatildeo de maneira eficaz a esse

grupo foi a fagulha necessaacuteria para o desejo de se aprofundar os

estudos atraveacutes de uma revisatildeo bibliograacutefica sobre a teacutecnica do grupo

operativo Esta teacutecnica pode ser utilizada como ferramenta eficaz pela

equipe uma vez que estudos apontam sua utilizaccedilatildeo como forma de se

conhecer e pesquisar o universo do adolescente

12

2 JUSTIFICATIVA Um objeto de estudo geralmente surge no nosso espaccedilo de trabalho a

partir das experiecircncias vividas e das reflexotildees feitas neste espaccedilo Este estudo

surgiu da minha vivecircncia profissional como Dentista na Unidade de Atendimento

Odontoloacutegico da cidade de Pequi Ao ingressar no Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia - CEABSF da Universidade Federal de Minas Gerais e

fazendo o diagnoacutestico situacional da cidade me chamou a atenccedilatildeo o nuacutemero alto de

adolescentes graacutevidas e a falta de atividades de lazer para essa fase tatildeo cheia de

mudanccedilas Aleacutem disso natildeo haviam projetos a serem desenvolvidos pela ESF que focavam

os adolescentes No decorrer do curso pude compreender tambeacutem a correta forma de

utilizaccedilatildeo dos grupos operativos e com esse embasamento comecei a desenvolver alguns

grupos com adolescentes Percebi nesta evoluccedilatildeo do meu trabalho que a ESF ainda natildeo

utiliza essa ferramenta de forma produtiva e os profissionais tem muita dificuldade em

desenvolver este tema

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

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adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

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na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 12: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

12

2 JUSTIFICATIVA Um objeto de estudo geralmente surge no nosso espaccedilo de trabalho a

partir das experiecircncias vividas e das reflexotildees feitas neste espaccedilo Este estudo

surgiu da minha vivecircncia profissional como Dentista na Unidade de Atendimento

Odontoloacutegico da cidade de Pequi Ao ingressar no Curso de Especializaccedilatildeo em

Atenccedilatildeo Baacutesica em Sauacutede da Famiacutelia - CEABSF da Universidade Federal de Minas Gerais e

fazendo o diagnoacutestico situacional da cidade me chamou a atenccedilatildeo o nuacutemero alto de

adolescentes graacutevidas e a falta de atividades de lazer para essa fase tatildeo cheia de

mudanccedilas Aleacutem disso natildeo haviam projetos a serem desenvolvidos pela ESF que focavam

os adolescentes No decorrer do curso pude compreender tambeacutem a correta forma de

utilizaccedilatildeo dos grupos operativos e com esse embasamento comecei a desenvolver alguns

grupos com adolescentes Percebi nesta evoluccedilatildeo do meu trabalho que a ESF ainda natildeo

utiliza essa ferramenta de forma produtiva e os profissionais tem muita dificuldade em

desenvolver este tema

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

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9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

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12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

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11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

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12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

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from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 13: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

13

3 OBJETIVO

Atraveacutes deste levantamento bibliograacutefico buscou-se conhecer

estrateacutegias com grupos operativos voltadas agrave educaccedilatildeo do adolescente

com a intenccedilatildeo de contribuir para o avanccedilo no entendimento acerca da

promoccedilatildeo de sauacutede e da problemaacutetica em que o mesmo estaacute inserido

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

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10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

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12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

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13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

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14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

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Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

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16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

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17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

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from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

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29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 14: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

14

4 METODOLOGIA Para atender o objetivo proposto foi desenvolvido um estudo mediante

levantamento bibliograacutefico dos artigos disponiacuteveis nos bancos de dados LILACS

MEDLINE BDENF e SCIELO no periacuteodo de 1997 a 2011 produzidos no Brasil

Para tanto os descritores usados foram os termos educaccedilatildeo em sauacutede

comportamento do adolescente sauacutede do adolescente e grupos operativos

A coleta de dados se deu em Agosto e Setembro de 2011 quando foram

obtidos com a ajuda dos descritores vaacuterios artigos que foram lidos e analisados

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

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12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

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13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

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14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

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15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

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16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

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17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

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18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

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29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 15: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

15

5 REVISAtildeO DE LITERATURA

51 O Adolescente e a Contemporaneidade No final da deacutecada de 80 e iniacutecio dos anos 90 o adolescente

teve seu reconhecimento como foco de estudo na sociedade da Ameacuterica

Latina e Caribe no campo da Sauacutede Puacuteblica Desde entatildeo os direitos e

as situaccedilotildees vividas pelos adolescentes resultam possivelmente das

condiccedilotildees socioeconocircmicas e das vantagens e desvantagens

associadas agrave classe social ao gecircnero e agrave etnicidade prevalentes da

sociedade contemporacircnea (CANNON BOTTINI 1998) Estas condiccedilotildees

tornam os adolescentes um grupo vulneraacutevel dentre outros reduzindo

seu acesso aos serviccedilos

Birman (2006) considera que existe na atualidade um

alongamento da adolescecircncia que hoje comeccedila mais cedo que outrora

e que se prolonga pelo periacuteodo anteriormente denominado idade adulta

A contemporaneidade se caracteriza pelas incertezas e sentimento de

solidatildeo que traduzem uma experiecircncia uacutenica de adolescer Na

sociedade atual esse grupo os adolescentes eacute tratado de forma

ambiacutegua ora como crianccedila ora como adulto e isso se reflete no

atendimento oferecido nos postos de sauacutede no trabalho da equipe que

atende as famiacutelias Inuacutemeras vezes os proacuteprios profissionais natildeo sabem

como abordar esta clientela

52 Adolescecircncia Vulnerabilidade e Risco O risco e vulnerabilidade estatildeo entrelaccedilados agraves caracteriacutesticas

proacuteprias do desenvolvimento psicoemocional da fase da adolescecircncia A

busca de identidade leva ao questionamento dos padrotildees adultos e

portanto da autoridade de pais professores O contato com o novo

resulta em um grande desafio vinculado agrave onipotecircncia do adolescente

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

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adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

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44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 16: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

16

que se acha sempre um vencedor por outro lado a timidez e a baixa

auto-estima podem tornaacute-lo fraacutegil levando a buscar soluccedilotildees externas

inadequadas (SAITO2001)

Se natildeo haacute accedilotildees preventivas a ocorrecircncia natildeo admitida da

possibilidade de danos agrave proacutepria sauacutede potencializa-se pois o

adolescente acha que situaccedilotildees como gravidez natildeo planejada

contaminaccedilatildeo por doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis e uso de

substacircncias quiacutemicas natildeo iratildeo acontecer com ele (CALLANI et al

2008)

Sensaccedilatildeo de poder e ao mesmo tempo dificuldade de antever as

reais consequumlecircncias de seus atos fazem deste grupo um importante

alvo de trabalho atraveacutes de estrateacutegias que possibilitem reflexatildeo e

criacutetica

Abduch (1999) aponta que na adolescecircncia experimentamos a

vivecircncia grupal fora do acircmbito social familiar entrando em contato com

diferentes culturas haacutebitos valores crenccedilas e necessidades Essa

tendecircncia grupal tatildeo expliacutecita na adolescecircncia pode se tornar um fator

de proteccedilatildeo a sua sauacutede se tomarmos como referecircncia o conceito da

Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede que nos diz que sauacutede eacute um equiliacutebrio

entre os fatores bioloacutegicos psicoloacutegicos e sociais e natildeo simplesmente

ausecircncia de doenccedilas

No processo de construccedilatildeo do ser humano outros grupos de referecircncia

aleacutem da famiacutelia vatildeo se tornando importantes destacando-se a escola dentro da

proposta preventiva Eacute fundamental tambeacutem a participaccedilatildeo do profissional da

sauacutede pois se a escola pode ser responsabilizada pela necessidade de formular

propostas preventivas tatildeo vinculadas agrave prevenccedilatildeo de agravos agrave sauacutede que se

poderaacute dizer da equipe de sauacutede que tem livre acesso agraves famiacutelias agraves crianccedilas e

posteriormente aos adolescentes mas que frequentemente se omite em realizar

discussotildees sobre sexualidade drogas violecircncia influecircncia dos meios de

comunicaccedilatildeo imprescindiacuteveis ao exerciacutecio do processo de trabalho desta equipe

(CALLANI et al2008)

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

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adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

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na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

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44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 17: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

17

Para Afonso et al (2010) o grupo operativo visa natildeo apenas

compreender suas condiccedilotildees de sauacutededoenccedila mas tambeacutem dar

respostas criativas a suas necessidades em seu cotidiano e seu

contexto Nesse sentido desempenha um relevante papel educativo ante

seus membros A aprendizagem eacute mais do que a aquisiccedilatildeo de uma nova

informaccedilatildeo e natildeo se restringe ao aspecto cognitivo Envolve a

elaboraccedilatildeo de significados sentimentos e relaccedilotildees

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

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Vol12 ndeg 1 Satildeo Paulo 2001

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adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

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8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

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44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 18: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

18

6 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Os artigos selecionados para anaacutelise estatildeo descritos no quadro 1

Quadro 1 Artigos cientiacuteficos de pesquisa bibliograacutefica relacionados a grupos

operativos e adolescentes 1999 a 2011

Titulo Autores e

ano Objetivos Principais

resultadosconclusotildees Grupos operativos com adolescentes

Abduch 1999 Sensibilizar profissionais que atuam com jovens e adolescentes em situaccedilotildees de grupos

O grupo operativo natildeo estaacute centrado no indiviacuteduo ou no proacuteprio grupo tampouco se propotildee a ser terapecircutico embora leve o sujeito a fazer ajustes e correccedilotildees de sua inserccedilatildeo social A teacutecnica de grupos operativos parece ser um instrumento eficiente por se tratar de uma didaacutetica horizontal tornando o indiviacuteduo agente ativo responsaacutevel e engajado no processo de mudanccedila na medida em que as suas necessidades pessoais e comunitaacuterias satildeo levadas em consideraccedilatildeo

Adolescecircncia cultura vulnerabilidade e risco

Saito 2001 Analisar propostas de prevenccedilatildeo aos riscos na adolescecircncia

A proposta de prevenccedilatildeo deve conter liberdade responsabilidade e compromisso funcionando a informaccedilatildeo como instrumento para que adolescentes de ambos os sexos possam ponderar decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Apesar de reconhecerem que a informaccedilatildeo mais completa e fidedigna soacute pode ser obtida com o adolescente em entrevista privada para muitos profissionais persistem duacutevidas e inseguranccedilas sobre se este eacute o procedimento correto para uma praacutetica apropriada

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

2 AFONSO MLM et al Oficinas em dinacircmica de grupo na aacuterea da

sauacutedeSatildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo2010PP 63

3 ANDALOacute CSA O papel do coordenador de grupos Psicol USP

Vol12 ndeg 1 Satildeo Paulo 2001

4 ARAUacuteJO A et al Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com

adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede Rev Med Minas Gerais 2008 18(4

Supl 1) S12

5 BESERRA EP TORRES CA PINHEIRO PNC ALVES MDS

BARROSO MGT Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo

de doenccedilas Ciecircnc sauacutede coletiva [online] 2011 vol16 suppl1 pp

1563-1570

6 BOtildeCKVR SARRIERAJC O grupo operativo intervindo na

Siacutendrome de Burnout PsicolEscEduc10(1)31-39 jan-

jun2006ilusttab

7 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sauacutede do Adolescente Brasiacutelia 2005

Disponiacutevel em http wwwsaudegovbr

8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 19: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

19

O papel do coordenador de grupos

Andaloacute 2001

Provocar uma reflexatildeo sobre a coordenaccedilatildeo de grupos

Ao professor natildeo cabe dizer ldquofaccedila como eurdquo mas ldquofaccedila comigordquo O professor eacute um simples mediador Egrave preciso sempre procurar liberar os trabalhos com grupos de seu caraacuteter ideoloacutegico criando conceitos que coloquem o coordenador natildeo como um modelo a ser seguido ou imitado mas como algueacutem capaz de elaborar teoricamente os fenocircmenos ocorridos E devolvecirc-los ao grupo de forma a ampliar sua compreensatildeo

A Importacircncia dos Grupos Hoje

Fernandes 2003

Mostrar a visatildeo geral dos grupos hoje e qual sua importacircncia futura

Em qualquer grupo os niacuteveis conscientes e inconscientes de funcionamento grupal satildeo os mesmos e os participantes tem as mesmas afliccedilotildees e pedidos baacutesicos O que deve variar eacute a atitude do coordenador do grupo O grupo eacute o espaccedilo continente e facilitador da busca de condiccedilotildees para um futuro melhor

Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a AIDS avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras

Gomes et al 2005

Avaliar as informaccedilotildees e os valores relativos agrave AIDS entre jovens escolares em trecircs cidades brasileiras

O Programa natildeo teve efeito sobre o niacutevel de informaccedilatildeo acerca da AIDS mas o Programa revelou capacidade de reflexatildeo e de argumentaccedilatildeo sobre formas de prevenccedilatildeo da transmissatildeo da AIDS

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede

Ferreira et al 2007

Conhecer as concepccedilotildees dos adolescentes sobre sauacutede e como estas se articulam com as suas praacuteticas de cuidado no processo de adolescer

Concepccedilotildees de sauacutede satildeo um modo de viver a vida e originam praacuteticas de cuidado que se articulam aos estilos de vida peculiares agrave adolescecircncia A convergecircncia dos saberes cientiacuteficos e do senso comum eacute necessaacuteria agrave praacutetica de educaccedilatildeo em sauacutede para atendimento das demandas de cuidado de interesse dos sujeitos

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

2 AFONSO MLM et al Oficinas em dinacircmica de grupo na aacuterea da

sauacutedeSatildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo2010PP 63

3 ANDALOacute CSA O papel do coordenador de grupos Psicol USP

Vol12 ndeg 1 Satildeo Paulo 2001

4 ARAUacuteJO A et al Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com

adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede Rev Med Minas Gerais 2008 18(4

Supl 1) S12

5 BESERRA EP TORRES CA PINHEIRO PNC ALVES MDS

BARROSO MGT Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo

de doenccedilas Ciecircnc sauacutede coletiva [online] 2011 vol16 suppl1 pp

1563-1570

6 BOtildeCKVR SARRIERAJC O grupo operativo intervindo na

Siacutendrome de Burnout PsicolEscEduc10(1)31-39 jan-

jun2006ilusttab

7 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sauacutede do Adolescente Brasiacutelia 2005

Disponiacutevel em http wwwsaudegovbr

8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 20: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

20

Accedilotildees educativas com adolescentes uma intervenccedilatildeo necessaacuteria

Callani et al 2008

Analisar a percepccedilatildeo de adolescentes que participaram de um grupo de educaccedilatildeo em sauacutede em uma Unidade de Sauacutede da Famiacutelia

Aleacutem da famiacutelia considera-se fundamental a participaccedilatildeo da escola e dos serviccedilos de sauacutede na educaccedilatildeo sexual Nos grupos o coordenador ou mediador necessita utilizar estrateacutegias para facilitar a criaccedilatildeo de viacutenculo A comunicaccedilatildeo clara e acessiacutevel associada agrave transparecircncia e agrave sinceridade propicia a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes conferindo credibilidade ao trabalho

Adolescecircncia accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Ferrari et al 2008

Caracterizar as accedilotildees programaacuteticas preventivas e de intervenccedilatildeo aos adolescentes desenvolvidas pelos meacutedicos e enfermeiros da Sauacutede da Famiacutelia e analisar a percepccedilatildeo dos profissionais quanto agraves praacuteticas de atenccedilatildeo agrave sauacutede para este grupo etaacuterio

Para desenvolver atividades num programa para adolescente exige-se um enfoque mais amplo natildeo apenas nos aspectos teacutecnico e bioloacutegico mas tambeacutem nos aspectos psicossociais histoacutericos sociais culturais poliacuteticos nos valores e comportamentos - e nem sempre os profissionais se sentem aptos para atuar nesta complexidade de saberes Aleacutem da multidisciplinaridade no trato com o adolescente os profissionais precisam buscar parcerias com outros setores a fim de obter melhor e maior efetividade nas accedilotildees de atenccedilatildeo integral agrave sauacutede deste grupo etaacuterio

Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede

Arauacutejo et al 2008

Oferecer aos profissionais de sauacutede o reconhecimento da estrateacutegia dos grupos operativos como forma de educaccedilatildeo em sauacutede e de enfrentamento das adversidades do cotidiano dos jovens

A aprendizagem ocupa lugar importante perante as mudanccedilas e eacute atraveacutes da capacidade do grupo e de cada um de seus integrantes que se torna possiacutevel o desenvolvimento de condutas alternativas diante das mudanccedilas atraveacutes da compreensatildeo e da accedilatildeo transformadora da realidade Repensar as praacuteticas educativas em sauacutede envolvendo adolescentes pressupotildee um novo olhar sobre o jovem e seu papel na famiacutelia escola e sociedade

Vulnerabilidade de pueacuterperas na visatildeo de equipes de sauacutede da famiacutelia ecircnfase em aspectos geracionais e adolescecircncia

Cabral et al 2010

Investigar a visatildeo de profissionais de ESFs sobre a vulnerabilidade de pueacuterperas quando estas satildeo adolescentes

A adolescecircncia foi percebida pelos profissionais das ESFs como uma fase de instabilidade fortemente marcada por crises dificuldades e atitudes irresponsaacuteveis caracteriacutesticas que repercutem de forma importante no puerpeacuterio produzindo situaccedilotildees de vulnerabilidade Olhar para a sauacutede das pueacuterperas adolescentes a partir da noccedilatildeo de vulnerabilidade possibilitou

21

compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

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Preto MarApr 2005

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16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

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19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 21: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

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compreender os processos de produccedilatildeo de sauacutede e natildeo sauacutede das adolescentes no puerpeacuterio para aleacutem de suas experiecircncias reprodutivas e em certa medida considerar que aspectos diversos estatildeo aiacute implicados

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual desafios no Vale do Satildeo Francisco

Sampaio et al 2010

Discutir os impasses e desafios relacionados agrave implantaccedilatildeo de accedilotildees educativas em sauacutede sexual para adolescentes na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia da cidade de Petrolina ndash PE e Juazeiro - BA

Observou-se a inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos adolescentes justificada pela precariedade de infraestrutura pelo despreparo dos profissionais e pela falta de profissionais na rede O estudo aponta para a necessidade de se desenvolver praacuteticas educativas voltadas agrave sauacutede sexual dos adolescentes mais efetivas e contextualizadas nos dispositivos de sauacutede da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no Vale do Satildeo Francisco

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Silva et al 2010

Accedilotildees de Educaccedilatildeo em Sauacutede para reflexatildeo criacutetica dos adolescentes sobre o uso abusivo de drogas e consequentes comportamentos violentos

Adolescentes experimentam as drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso O uso de drogas pode trazer violecircncia (atitudes agressivas) dificultando a sua compreensatildeo Educaccedilatildeo em Sauacutede pode trazer padratildeo de vida mais saudaacutevel facilitando a identificaccedilatildeo dos fatores de riscos e reduzindo a vulnerabilidade

Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na adolescecircncia

Dias et al 2010 Objetivou-se relatar os efeitos das accedilotildees de educaccedilatildeo em sauacutede junto agrave escola

Constatou-se que os adolescentes conhecem o preservativo masculino mas natildeo o utilizam Educaccedilatildeo deve estimular a reflexatildeo criacutetica sobre risco e vulnerabilidades relacionadas ao comportamento sexual

Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo de doenccedilas

Beserra et al 2011

Investigar a sexualidade de adolescentes do sexo masculino com a accedilatildeo educativa (circulo de cultura) na prevenccedilatildeo de doenccedilas sexualmente transmissiacuteveis

Os meninos associaram o sexo agrave sexualidade de forma predominante com pouca compreensatildeo da vulnerabilidade da praacutetica sexual desprotegida (incentivados precocemente ao iniacutecio da vida sexual) O ciacuterculo de cultura mostrou ser adequado propiciando a exposiccedilatildeo de duacutevidas o conhecimento da prevenccedilatildeo das DST e a capacitaccedilatildeo para repensar condutas

A educaccedilatildeo em sauacutede eacute um tema que haacute bastante tempo vem sendo

discutido poreacutem existem poucos estudos envolvendo estrateacutegias de educaccedilatildeo em

sauacutede com o uso de grupos operativos com adolescentes

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

2 AFONSO MLM et al Oficinas em dinacircmica de grupo na aacuterea da

sauacutedeSatildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo2010PP 63

3 ANDALOacute CSA O papel do coordenador de grupos Psicol USP

Vol12 ndeg 1 Satildeo Paulo 2001

4 ARAUacuteJO A et al Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com

adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede Rev Med Minas Gerais 2008 18(4

Supl 1) S12

5 BESERRA EP TORRES CA PINHEIRO PNC ALVES MDS

BARROSO MGT Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo

de doenccedilas Ciecircnc sauacutede coletiva [online] 2011 vol16 suppl1 pp

1563-1570

6 BOtildeCKVR SARRIERAJC O grupo operativo intervindo na

Siacutendrome de Burnout PsicolEscEduc10(1)31-39 jan-

jun2006ilusttab

7 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sauacutede do Adolescente Brasiacutelia 2005

Disponiacutevel em http wwwsaudegovbr

8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 22: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

22

Nos artigos consultados e selecionados foram identificadas duas

tendecircncias Alguns se concentraram em discussotildees relacionadas ao processo ao

preparo de profissionais que lidam com abordagens comunitaacuterias considerando a

melhor maneira da utilizaccedilatildeo deste meacutetodo Outros se detiveram em analisar os

resultados de experimentaccedilotildees com grupos operativos voltados para a educaccedilatildeo

para sauacutede Entre estes uacuteltimos foram considerados nesse estudo somente os

que tinham adolescentes como grupo de interesse

Quanto ao processo destaca-se a preocupaccedilatildeo em discutir e refletir sobre

o meacutetodo em si suas vantagens desvantagens e como conseguir os resultados

esperados Os autores consideram ser este um meacutetodo eficiente por possibilitar a

horizontalidade das relaccedilotildees facilitando a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente

engajamento no processo de mudanccedila (ABDUCH 1999)

O trabalho com populaccedilotildees vulneraacuteveis a determinados riscos no caso os

adolescentes exige um trabalho efetivo para a promoccedilatildeo da sauacutede por meio do

controle e prevenccedilatildeo desses riscos O grupo operativo segundo Saito (2000)

permite que os participantes usem as informaccedilotildees adquiridas como instrumento

para ponderar as decisotildees e fazer escolhas mais adequadas Para o autor a

liberdade responsabilidade e compromisso valores possibilitados pelo grupo

operativo satildeo componentes importantes neste processo

O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o sucesso

desejado Segundo Andaloacute (2001) o coordenador natildeo deve se colocar como

modelo a ser imitado mas como ldquoalgueacutem capaz de elaborar teoricamente os

fenocircmenos ocorridosrdquo facilitando a compreensatildeo do grupo com a devoluccedilatildeo

dessa liberaccedilatildeo A busca de condiccedilotildees para um futuro melhor seraacute facilitada

diante de um coordenador preparado (FERNANDES 2003)

Alguns estudos procuram contribuir com o trabalho de profissionais de

sauacutede especificamente os ligados aacute Atenccedilatildeo Primaacuteria Ferrari et al(2008)

considera primordial que sejam considerados no desenvolvimento de grupos

operativos para adolescentes aleacutem dos aspectos bioloacutegicos do que se quer

discutir tambeacutem os psicossociais histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e

comportamentos expressos no grupo Assim sugerem fortemente a

multidisciplinaridade e intersetorialidade no trato com este grupo populacional

Segundo Araujo et al (2008) eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

2 AFONSO MLM et al Oficinas em dinacircmica de grupo na aacuterea da

sauacutedeSatildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo2010PP 63

3 ANDALOacute CSA O papel do coordenador de grupos Psicol USP

Vol12 ndeg 1 Satildeo Paulo 2001

4 ARAUacuteJO A et al Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com

adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede Rev Med Minas Gerais 2008 18(4

Supl 1) S12

5 BESERRA EP TORRES CA PINHEIRO PNC ALVES MDS

BARROSO MGT Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo

de doenccedilas Ciecircnc sauacutede coletiva [online] 2011 vol16 suppl1 pp

1563-1570

6 BOtildeCKVR SARRIERAJC O grupo operativo intervindo na

Siacutendrome de Burnout PsicolEscEduc10(1)31-39 jan-

jun2006ilusttab

7 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sauacutede do Adolescente Brasiacutelia 2005

Disponiacutevel em http wwwsaudegovbr

8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 23: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

23

relaccedilatildeo com a famiacutelia escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas

educativas

Num trabalho de grupo operativo com pueacuterperas adolescentes Cabral et al

(2010) observou que os profissionais de sauacutede envolvidos no processo

compreenderam melhor a produccedilatildeo da sauacutede a partir do entendimento da

vulnerabilidade do grupo participante Os aspectos diversos implicados na

gestaccedilatildeo entre adolescentes foram aleacutem da experiecircncias reprodutivas

observadas

Muitas vezes o processo educativo empreendido pela equipes da estrateacutegia

Sauacutede da Famiacutelia enfrenta problemas com destaque para o despreparo do

profissional na rede Comportamentos saudaacuteveis seratildeo sempre mais efetivos

quanto mais forem contextualizados (SAMPAIO et al 2010)

Alguns estudos entre os consultados avaliam programas que adotaram o

meacutetodo do grupo operativo em atividades educativas para adolescentes

trabalhando questotildees de risco como sexualidade e doenccedilas sexualmente

transmissiacuteveis aacutelcool e drogas gravidez entre outros Pontos fortes da accedilatildeo

relacionados ao bom resultado foram apontados

Gomes et al (2005) observaram que com relaccedilatildeo aacute AIDS o trabalho em

grupo natildeo diferenciou os participantes quanto ao conhecimento adquirido mas

tornou os participantes do grupo operativo mais capazes de refletir e argumentar

formas de prevenccedilatildeo desta doenccedila

Esta reflexatildeo eacute fundamental na mudanccedila consciente de comportamento

Este fato foi observado com adolescentes num trabalho de educaccedilatildeo sexual

quando meninos declararam natildeo utilizar preservativo apesar de conhececirc-lo

comprovando a que eacute preciso mais do que informar (SILVA et al 2010)

A informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade forma consideradas por Callani et al 2008 atributos imprescindiacuteveis

em um grupo operativo propiciando a criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e

conferindo credibilidade ao trabalho

Assuntos como aacutelcool e drogas precisam ser claramente debatidos com

adolescentes Silva et al (2010) observaram que adolescentes experimentam as

drogas por desinformaccedilatildeo curiosidade e faacutecil acesso e isto pode trazer como

consequumlecircncia violecircncia

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

2 AFONSO MLM et al Oficinas em dinacircmica de grupo na aacuterea da

sauacutedeSatildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo2010PP 63

3 ANDALOacute CSA O papel do coordenador de grupos Psicol USP

Vol12 ndeg 1 Satildeo Paulo 2001

4 ARAUacuteJO A et al Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com

adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede Rev Med Minas Gerais 2008 18(4

Supl 1) S12

5 BESERRA EP TORRES CA PINHEIRO PNC ALVES MDS

BARROSO MGT Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo

de doenccedilas Ciecircnc sauacutede coletiva [online] 2011 vol16 suppl1 pp

1563-1570

6 BOtildeCKVR SARRIERAJC O grupo operativo intervindo na

Siacutendrome de Burnout PsicolEscEduc10(1)31-39 jan-

jun2006ilusttab

7 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sauacutede do Adolescente Brasiacutelia 2005

Disponiacutevel em http wwwsaudegovbr

8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 24: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

24

Meacutetodos de abordagem em grupos operativos tambeacutem tecircm sido testados

como no estudo Beserra et al (2011) que utilizou o circulo de cultura sugerido por

Paulo Freire para o trabalho de educaccedilatildeo sexual com adolescentes O meacutetodo

permitiu a exposiccedilatildeo de duacutevidas com tranquumlilidade o conhecimento da prevenccedilatildeo

da DST e a capacidade desenvolvida para repensar condutas

O grupo operativo mostrou que a convergecircncia de saberes cientiacutefico e

senso comum eacute uma das maneiras efetivas de se trabalhar com educaccedilatildeo para

sauacutede uma vez que dessa maneira as demandas satildeo explicitadas claramente

(FERREIRA et al 2007)

Os dados apresentados nos artigos objetos de estudo deste trabalho

indicaram que o uso do grupo operativo com adolescentes pode ser uma

importante ferramenta de trabalho para a Equipe de Sauacutede da Famiacutelia atraveacutes do

qual eacute possiacutevel pela verbalizaccedilatildeo dos questionamentos e dificuldades

problematizar discutir e provocar reflexotildees sobre situaccedilotildees pertinentes a esta

fase da vida Este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem

ser utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia Aleacutem disso carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo Este tipo de estrateacutegia deve ser utilizada pela equipe da sauacutede da

famiacutelia pois eacute um meio eficaz de prevenccedilatildeo para muitos agravos agrave sauacutede do

adolescente O grupo operativo com adolescentes atraveacutes da identificaccedilatildeo muacutetua

dos seus integrantes eacute capaz de promover haacutebitos saudaacuteveis de vida funcionando

como um indutor desse processo Essa identificaccedilatildeo serve tambeacutem para que

assuntos antes tratados com parcimocircnia sejam levados ao grupo sem temores e

de uma maneira natural

Os dados tambeacutem mostraram a falta de preparo dos profissionais no

atendimento aos adolescentes A inexistecircncia de accedilotildees educativas voltadas aos

adolescentes ora eacute justificada pela precariedade de infra-estrutura ora pelo

despreparo dos profissionais e ora pela falta de profissionais na rede

O estudo aponta para a necessidade de desenvolver mecanismos que

possam preparar profissionais para lidar com essa faixa etaacuteria Neste contexto a

utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o Curso de Especializaccedilatildeo em

Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta lacuna da falta de preparo

desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

27

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

2 AFONSO MLM et al Oficinas em dinacircmica de grupo na aacuterea da

sauacutedeSatildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo2010PP 63

3 ANDALOacute CSA O papel do coordenador de grupos Psicol USP

Vol12 ndeg 1 Satildeo Paulo 2001

4 ARAUacuteJO A et al Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com

adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede Rev Med Minas Gerais 2008 18(4

Supl 1) S12

5 BESERRA EP TORRES CA PINHEIRO PNC ALVES MDS

BARROSO MGT Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo

de doenccedilas Ciecircnc sauacutede coletiva [online] 2011 vol16 suppl1 pp

1563-1570

6 BOtildeCKVR SARRIERAJC O grupo operativo intervindo na

Siacutendrome de Burnout PsicolEscEduc10(1)31-39 jan-

jun2006ilusttab

7 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sauacutede do Adolescente Brasiacutelia 2005

Disponiacutevel em http wwwsaudegovbr

8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 25: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

25

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Atraveacutes deste trabalho pretendia-se conhecer estrateacutegias com grupos

operativos voltadas para educaccedilatildeo de adolescentes Buscou-se tambeacutem

contribuir para o entendimento desta teacutecnica utilizada para promoccedilatildeo de sauacutede O

modelo ainda utilizado na assistecircncia ao adolescente natildeo considera este indiviacuteduo

na sua totalidade orgacircnica psicoloacutegica e sociocultural Esta simplificaccedilatildeo do

problema proveniente da utilizaccedilatildeo do modelo biomeacutedico de assistecircncia tem

comprometido uma melhor atenccedilatildeo a esta clientela O grupo operativo pode ser

uma ferramenta de grande ajuda para o trabalho educativo com adolescentes

Possibilita aleacutem de disponibilizar a informaccedilatildeo permitir a reflexatildeo critica e a

tomada de posiccedilatildeo para a adoccedilatildeo de comportamentos mais saudaacuteveis Este

levantamento permitiu observar tambeacutem que alguns profissionais desconhecem

este meio de estrateacutegia como forma de trabalho Desta forma podemos afirmar

que o grupo operativo pode ser eficaz se

- possibilitar a horizontalidade das relaccedilotildees

- facilitar a participaccedilatildeo ativa e o consequumlente engajamento no processo

de mudanccedila

- desenvolver a liberdade responsabilidade e compromisso

- aleacutem dos aspectos bioloacutegicos discutir tambeacutem os psicossociais

histoacutericos culturais e poliacuteticos nos valores e comportamentos expressos no

grupo

- provocar em seus integrantes reflexatildeo e estimular a argumentaccedilatildeo de

questotildees importantes para o grupo

- problematizar as questotildees impostas atraveacutes da verbalizaccedilatildeo dos

questionamentos e dificuldades

No entanto o sucesso desta atividade estaraacute condicionado ao preparo dos

profissionais envolvidos no sentido de adotar posturas natildeo autoritaacuterias numa

relaccedilatildeo horizontal com conversas abertas e linguagem clara Deste modo

podemos considerar que

26

- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

2 AFONSO MLM et al Oficinas em dinacircmica de grupo na aacuterea da

sauacutedeSatildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo2010PP 63

3 ANDALOacute CSA O papel do coordenador de grupos Psicol USP

Vol12 ndeg 1 Satildeo Paulo 2001

4 ARAUacuteJO A et al Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com

adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede Rev Med Minas Gerais 2008 18(4

Supl 1) S12

5 BESERRA EP TORRES CA PINHEIRO PNC ALVES MDS

BARROSO MGT Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo

de doenccedilas Ciecircnc sauacutede coletiva [online] 2011 vol16 suppl1 pp

1563-1570

6 BOtildeCKVR SARRIERAJC O grupo operativo intervindo na

Siacutendrome de Burnout PsicolEscEduc10(1)31-39 jan-

jun2006ilusttab

7 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sauacutede do Adolescente Brasiacutelia 2005

Disponiacutevel em http wwwsaudegovbr

8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

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- eacute necessaacuterio um novo olhar sobre o jovem e sua relaccedilatildeo com a famiacutelia

escola e sociedade nesse repensar das praacuteticas educativas

- O papel do coordenador de um grupo operativo eacute essencial para o

sucesso desejado Ele nunca deve se colocar como um modelo a ser imitado

- este mecanismo oferece agrave equipe de sauacutede informaccedilotildees que podem ser

utilizadas na elaboraccedilatildeo de propostas de trabalho para a sua aacuterea de

abrangecircncia

- este meacutetodo carece de pouca infra-estrutura e tem um baixo custo de

aplicaccedilatildeo

- a informaccedilatildeo clara e accessiacutevel acompanhada de transparecircncia e

sinceridade satildeo atributos imprescindiacuteveis em um grupo operativo propiciando a

criaccedilatildeo de viacutenculos entre os participantes e conferindo credibilidade ao trabalho

- eacute preciso desenvolver mecanismos que possam preparar profissionais

para lidar com essa faixa etaacuteria

Neste contexto a utilizaccedilatildeo do grupo operativo parece pertinente e o

Curso de Especializaccedilatildeo em Sauacutede da Famiacutelia empenha-se em preencher esta

lacuna da falta de preparo desses profissionais do Programa de Sauacutede da Famiacutelia

Atraveacutes da conduccedilatildeo deste trabalho pude refletir e teorizar sobre a minha

praacutetica profissional Percebi que havia muitas deficiecircncias em minha formaccedilatildeo e o

curso de especializaccedilatildeo me ajudou a sanar muitas delas Pude concluir tambeacutem o

quanto eacute importante esta preparaccedilatildeo contiacutenua do profissional Gostaria de

destacar entatildeo a necessidade de capacitaccedilatildeo profissional para aqueles que se

propotildee a trabalhar com atenccedilatildeo baacutesica A meu ver eacute um passo importante em

direccedilatildeo a um melhor atendimento ao adolescente

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

2 AFONSO MLM et al Oficinas em dinacircmica de grupo na aacuterea da

sauacutedeSatildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo2010PP 63

3 ANDALOacute CSA O papel do coordenador de grupos Psicol USP

Vol12 ndeg 1 Satildeo Paulo 2001

4 ARAUacuteJO A et al Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com

adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede Rev Med Minas Gerais 2008 18(4

Supl 1) S12

5 BESERRA EP TORRES CA PINHEIRO PNC ALVES MDS

BARROSO MGT Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo

de doenccedilas Ciecircnc sauacutede coletiva [online] 2011 vol16 suppl1 pp

1563-1570

6 BOtildeCKVR SARRIERAJC O grupo operativo intervindo na

Siacutendrome de Burnout PsicolEscEduc10(1)31-39 jan-

jun2006ilusttab

7 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sauacutede do Adolescente Brasiacutelia 2005

Disponiacutevel em http wwwsaudegovbr

8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

28

10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

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from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 1 ABDUCH C Grupos operativos com adolescentes In SCHOR N

MOTA M SFT BRANCO VC (Orgs)Cadernos juventude sauacutede e

desenvolvimento Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1999 p289-300

2 AFONSO MLM et al Oficinas em dinacircmica de grupo na aacuterea da

sauacutedeSatildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo2010PP 63

3 ANDALOacute CSA O papel do coordenador de grupos Psicol USP

Vol12 ndeg 1 Satildeo Paulo 2001

4 ARAUacuteJO A et al Da tendecircncia grupal aos grupos operativos com

adolescentes a identificaccedilatildeo dos pares facilitando o processo de

orientaccedilatildeo e educaccedilatildeo em sauacutede Rev Med Minas Gerais 2008 18(4

Supl 1) S12

5 BESERRA EP TORRES CA PINHEIRO PNC ALVES MDS

BARROSO MGT Pedagogia freireana como meacutetodo de prevenccedilatildeo

de doenccedilas Ciecircnc sauacutede coletiva [online] 2011 vol16 suppl1 pp

1563-1570

6 BOtildeCKVR SARRIERAJC O grupo operativo intervindo na

Siacutendrome de Burnout PsicolEscEduc10(1)31-39 jan-

jun2006ilusttab

7 BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Sauacutede do Adolescente Brasiacutelia 2005

Disponiacutevel em http wwwsaudegovbr

8 CABRAL FB and OLIVEIRA DLLC Vulnerabilidade de Pueacuterperas

na Visatildeo de Equipes de Sauacutede da Famiacutelia Ecircnfase em Aspectos

Geracionais e Adolescecircncia Revista de Enfermagem da USP 2010

44(2) 368-75

9 CALLANI MFCJ OTANI MAP Accedilotildees Educativas com

Adolescentes uma Intervenccedilatildeo Necessaacuteria REME revminenferm

12(2) 195-200 abr-jun 2008

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10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

29

19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 28: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

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10 CANNON L R C BOTTINI B A Sauacutede e juventude o cenaacuterio das

poliacuteticas puacuteblicas no Brasil In Brasil Ministeacuterio do Planejamento e

Orccedilamento Jovens acontecendo na trilha das poliacuteticas puacuteblicas Brasiacutelia CNPD1998 p 397-416 v1

11 FERNANDES WJ A Importacircncia dos Grupos Hoje Rev

SPAGESP [online] 2003 vol4 n4 pp 83-91 ISSN 1677-2970

12 FERRARI RAP THOMSON Z and MELCHIOR R Adolescecircncia

accedilotildees e percepccedilatildeo dos meacutedicos e enfermeiros do Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro 22(11)2491-2495

nov 2006

13 FERREIRA MA ALVIM NAT TEIXEIRA MLO VELOSO RC

Saberes de adolescentes estilo de vida e cuidado agrave sauacutede Texto

contexto - enferm [online] 2007 vol16 n2 pp 217-224

14 FORTUNA CM et al O Trabalho de Equipe no Programa de Sauacutede

da Famiacutelia Reflexotildees a Partir de Conceitos do Processo Grupal e de

Grupos Operativos Rev Latino-Am Enfermagem vol13 no2 Ribeiratildeo

Preto MarApr 2005

15 GOMES R ASSIS SG SOUZA ER DESLANDES SF NJAINE K

MALAQUIAS JF Informaccedilotildees e valores de jovens sobre a Aids

avaliaccedilatildeo de escolares de trecircs cidades brasileiras Ciecircnc sauacutede

coletiva [online] 2005 vol10 n2 pp 381-388

16 JEOLAacuteS LS FERRARI RAP Oficinas de prevenccedilatildeo em um serviccedilo

de sauacutede para adolescentes espaccedilo de reflexatildeo e de conhecimento

compartilhado Ciecircnc Sauacutede Coletiva 2003 8611-20

17 LUCCHESE R BARROS S A utilizaccedilatildeo do grupo operativo como

meacutetodo de coleta de dados em pesquisa qualitativa Rev Eletr Enf

[Internet] 2007 9(3)796-805 Available

from httpwwwfenufgbrrevistav9n3v9n3a18htm

18 LUCCHESE R BARROS S Grupo operativo como estrateacutegia

pedagoacutegica em um curso de graduaccedilatildeo em enfermagem um

continente para as vivecircncias dos alunos quartanistas Rev Esc Enferm

USP 2002 36(1) 66-74

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19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010

Page 29: O GRUPO OPERATIVO COMO ESTRATÉGIA DE TRABALHO … · minha caminhada acadêmica: familiares, amigos e professores. Dedico a Deus que me deu Graça e Paz para seguir até o final.

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19 MACIEL RHMO et al O Multiprofissionalismo em sauacutede e a

interaccedilatildeo das equipes do programa de sauacutede da famiacutelia Observatoacuterio de Recursos Humanos em Sauacutede Estaccedilatildeo CETREDE UFC UECE

Fortaleza2007

20 SAITO MI Adolescecircncia prevenccedilatildeo e risco Satildeo Paulo Atheneu

2001

21 SAMPAIO J SANTOS RC PAIXAtildeOLA TORRES TS -

Promoccedilatildeo da Sauacutede Sexual Desafios no Vale do Satildeo Francisco

Psicologia amp Sociedade 22 (3) 499-506 2010

22 SILVA ARV et al Educaccedilatildeo em sauacutede a portadores de Diabetes

Mellitus tipo 2revisatildeo bibliograacutefica RevRENE (10)3146-151 jul-

set2009

23 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC

Reflexotildees acerca do abuso de drogas e da violecircncia na adolescecircncia

Esc Anna Nery [online] 2010 vol14 n3 pp 605-610

24 SILVA KL DIAS FLA VIEIRA NFC PINHEIRO PNC MAIA

CC Riscos e vulnerabilidades relacionados agrave sexualidade na

adolescecircncia Rev enferm UERJ 18(3) 456-461 jul-set 2010