O HOMEM CONSTRÓI SUA CULTURA E O SIGNIFICADO … · 2008-12-02 · objetivando sacralizar o...

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1 O HOMEM CONSTRÓI SUA CULTURA E O SIGNIFICADO RELIGOSO DO MUNDO Zelinda Macari Tochetto Resumo O ser humano pressente que o cosmos goza de estabilidade que advém de fontes poderosas que vão além do esforço humano. Para conseguir explicar, cria a religião objetivando sacralizar o universo e seus mistérios e explicar o que a razão humana não entende. Nasce então “a idéia do sagrado” O homem o concebe como algo que transcende a vida normal. O homem é um ser cultural e esta premissa o faz buscar sentido para o universo de coisas que o rodeia. Enquanto constrói os significados vai adquirindo hábitos que são culturais e religiosos. Se o ser humano e o mundo são culturais, a compreensão do sagrado também é cultural. Cria o homem uma relação de reciprocidade entre ele e o mundo projetando uma forma de viver para si e os outros. O homem religioso guarda determinados lugares sagrados porque estes são a manifestação do sagrado. Ali ele expressa sua fé organiza seus ritos através do universo simbólico religioso. Neste recinto aquele que crê, simbolicamente, pode comunicar-se com a divindade. A Tradição Religiosa se constitui transmitindo, oral ou escrita, a riqueza cultural religiosa que uma geração herdou das anteriores: as experiências sagradas experimentadas pelos antepassados perenizando-as. As Religiões se caracterizam pelas diferentes maneiras de vivenciar o sagrado perante o mundo, contribuindo com isso, na construção de uma sociedade melhor. A Escola Pública participa desta construção quando inclui o Ensino Religioso na educação integral do aluno. Palavras chave: homem. cultura. sagrado.religião. Abstract The human being foresees that the cosmos enjoys of stability that comes from powerful sources that goes beyond human efforts. In order to be able to explain, the humanity creates the religion with the objective to make sacred the universe and its mysteries and to explain what human sense doesn’t understand. So it’s born the “idea of sacred”. The human conceives it as something that goes beyond the normal life. The human is a cultural being, and this assumption makes we search the sense to the universe of things that surrounds us. While we build the meanings, we acquire habits which are cultural and religious. If humans and the world are culture, the understanding of sacred is also culture. The human creates a relationship of reciprocity between we (the humans) and the world, projecting a way of living for himself and others. The religious man keeps some places as sacred because it is the way that sacred comes to life. At those places, we show our faith and organize our rites trough the symbolic religious universe. At those places, the ones who feel, metaphorically can communicate with the deity. The Religious Tradition hands down, orally or in scripts, the rich religious culture that a generation inherited from the previous one: the knowledge of sacred experiments done by this generation’s ancestors, making them last forever. The Religions are distinguished by the difference in the way that it sees the sacred in this world, contributing in the construction of a better society. The Public School participates of this construction when it includes the Religious Teaching in the student’s qualification. Key words: human. culture. sacred. religion.

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O HOMEM CONSTRÓI SUA CULTURA E O SIGNIFICADO RELIGOSO DO

MUNDO

Zelinda Macari Tochetto

Resumo O ser humano pressente que o cosmos goza de estabilidade que advém de fontes poderosas que vão além do esforço humano. Para conseguir explicar, cria a religião objetivando sacralizar o universo e seus mistérios e explicar o que a razão humana não entende. Nasce então “a idéia do sagrado” O homem o concebe como algo que transcende a vida normal. O homem é um ser cultural e esta premissa o faz buscar sentido para o universo de coisas que o rodeia. Enquanto constrói os significados vai adquirindo hábitos que são culturais e religiosos. Se o ser humano e o mundo são culturais, a compreensão do sagrado também é cultural. Cria o homem uma relação de reciprocidade entre ele e o mundo projetando uma forma de viver para si e os outros. O homem religioso guarda determinados lugares sagrados porque estes são a manifestação do sagrado. Ali ele expressa sua fé organiza seus ritos através do universo simbólico religioso. Neste recinto aquele que crê, simbolicamente, pode comunicar-se com a divindade. A Tradição Religiosa se constitui transmitindo, oral ou escrita, a riqueza cultural religiosa que uma geração herdou das anteriores: as experiências sagradas experimentadas pelos antepassados perenizando-as. As Religiões se caracterizam pelas diferentes maneiras de vivenciar o sagrado perante o mundo, contribuindo com isso, na construção de uma sociedade melhor. A Escola Pública participa desta construção quando inclui o Ensino Religioso na educação integral do aluno.

Palavras chave: homem. cultura. sagrado.religião.

Abstract

The human being foresees that the cosmos enjoys of stability that comes from powerful sources that goes beyond human efforts. In order to be able to explain, the humanity creates the religion with the objective to make sacred the universe and its mysteries and to explain what human sense doesn’t understand. So it’s born the “idea of sacred”. The human conceives it as something that goes beyond the normal life. The human is a cultural being, and this assumption makes we search the sense to the universe of things that surrounds us. While we build the meanings, we acquire habits which are cultural and religious. If humans and the world are culture, the understanding of sacred is also culture. The human creates a relationship of reciprocity between we (the humans) and the world, projecting a way of living for himself and others. The religious man keeps some places as sacred because it is the way that sacred comes to life. At those places, we show our faith and organize our rites trough the symbolic religious universe. At those places, the ones who feel, metaphorically can communicate with the deity. The Religious Tradition hands down, orally or in scripts, the rich religious culture that a generation inherited from the previous one: the knowledge of sacred experiments done by this generation’s ancestors, making them last forever. The Religions are distinguished by the difference in the way that it sees the sacred in this world, contributing in the construction of a better society. The Public School participates of this construction when it includes the Religious Teaching in the student’s qualification.

Key words: human. culture. sacred. religion.

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I - INTRODUÇÃO

As aulas da disciplina de Ensino Religioso, nas escolas estaduais ainda são

realizadas através de práticas tradicionais onde o tempo é ocupado para transmitir

eventos religiosos e valores morais, sustentados geralmente pela doutrina cristã

fazendo com que se simplifique o entendimento do sagrado e considerando-o como

objeto verdadeiro, apenas, para algumas tradições religiosas. Então, sentiu-se a

necessidade de buscar subsídios que atendam as Diretrizes Curriculares da

disciplina, que definem como centro dos conteúdos o “sagrado” porque ele

contempla algo presente em todas as manifestações religiosas.

A escolha do tema O Sagrado surgiu da necessidade de compreender este

fenômeno, sua implicação na cultura do povo e como ele interfere na construção da

vida de cada um.

O foco da disciplina do Ensino Religioso pontua o sagrado que procura

garantir a reflexão sobre a pluralidade desse assunto, numa perspectiva de

compreender a expressão religiosa pessoal e a do outro, a diversidade do

conhecimento humano, diferentes formas de viver o sagrado e sua expressão no

universo cultural em diferentes grupos sociais.

Pressupõe-se que o sagrado é um dos elementos que constroem o mundo, e

que se apresenta como uma realidade totalmente diferente da realidade natural. Ele

é a manifestação de algo diferente que não pertence ao mundo profano. É uma

experiência vivenciada pelo homem religioso que a partir do momento da

assimilação da mesma, faz dela uma opção de vida. O sagrado e o profano são

duas maneiras diferentes de viver, assumidas pelo homem religioso ao longo de sua

história.

O objetivo é fazer uma reflexão acerca do sagrado e dos termos que

envolvem o campo do sagrado e, por meio da leitura, buscar um domínio teórico e

conceitual, construindo um diálogo com vários teóricos que se debruçaram sobre

esse tema. Outro objetivo é transformar essa abordagem teórica numa produção de

material pedagógico, usando uma linguagem acessível aos alunos de 5ª série e

construindo questões pertinentes a reflexão sobre o campo do sagrado.

Estes pesquisadores criaram formulações que entendem o sagrado como um

dos elementos que acompanha a ação cultural do homem na construção do mundo.

Se a construção do mundo é cultural, a compreensão e a explicação do sagrado é

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uma questão da cultura de cada povo. Cria-se então entre o ser humano e o

sagrado uma relação intrínseca com o racional e o irracional. Aceitá-lo, ou não, está

ligado diretamente à consciência religiosa de cada indivíduo. Com este suporte

teórico é possível pensar a função e a influência do sagrado na vida das pessoas

O trabalho teve como primeiro momento fazer a leitura, fichamento e

produção de um material teórico procurando dialogar com teóricos sobre o campo do

sagrado e conceitos relacionados a ele.

No momento seguinte foi transformar essa abordagem teórica numa produção

de material didático-pedagógico usando uma linguagem acessível aos alunos e

construindo atividades pertinentes à reflexão, com os alunos, sobre o tema

abordado.

Refletindo sobre os conceitos que envolvem o sagrado percebeu-se que na

vida do ser humano, determinados lugares são escolhidos como sagrados, porque o

homem necessita deles para manifestar a sua fé no divino e organizar os seus ritos.

Ao se reunir com seus semelhantes para reverenciar a divindade, o homem

transforma estes lugares em sagrados que passam a ser habitados por um universo

simbólico, resultado da fé que cultiva alimentada pelo mito, que é um dos suportes

importante na constituição do sagrado.

A vida é toda intermediada por símbolos. No contexto da cultura existem

universos simbólicos diferentes uns dos outros. É por meio do universo simbólico

religioso que o homem expressa, de forma racional, sua idéia de sagrado que se faz

presente na linguagem, nas cores, nos gestos, nas palavras, nas vestimentas, nos

sons, nas construções dos templos, músicas sacras, preces, mantras...

A missão principal de uma tradição religiosa é passar, de forma oral ou

escrita, tudo aquilo que uma geração herda das gerações anteriores. É a

transmissão das narrativas, dos valores espirituais, da fé, da memória, dos rituais,

dos costumes que sustentam as experiências sagradas experimentadas pelos

antepassados fazendo com que se perenizem.

As diferentes maneiras de vivenciar o sagrado são representadas no mundo

pelas tradições religiosas (religiões) que, usam seus espaços sagrados, seus rituais,

seus símbolos e seus textos sagrados para tornar concreta e racional a experiência

religiosa. O sagrado é muito mais que religião. Ele não se esgota apenas em uma ou

outra denominação religiosa, porque isso seria relativizar as instituições religiosas.

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As Diretrizes Curriculares propõem que no processo de ensino e

aprendizagem, na disciplina de Ensino Religioso deva buscar a construção e

produção do conhecimento, enfatizando o debate, o confronto de idéias, as

hipóteses possíveis, bem como a exposição competente dos conteúdos

formalizados sobre a cultura dos povos e a construção do sagrado.

II Contribuições Teóricas

1- O Sagrado

Segundo Berger, (1985 p. 48) o homem pressente que o Cosmos goza de

uma estabilidade que advém de fontes poderosas que vão além do esforço humano

e para conseguir explicar, ou justificar isso, cria a religião com a finalidade de

sacralizar o universo e seus mistérios e ao mesmo tempo, explicar a essa

complexidade que a razão humana não consegue entender. Nasce então à idéia do

sagrado O homem o concebe como um poder misterioso que está fora do

entendimento humano que transcende a vida normal, mas que, ao mesmo tempo, há

uma relação de proximidade entre eles. O sagrado não se faz presente na rotina do

cotidiano e sim, em lugares e situações significativas.

Assim o Cosmos postulado pela religião transcende e ao mesmo tempo incluí

o homem. O homem enfrenta o sagrado como uma realidade imensamente

poderosa distinta dele. Essa realidade a ele se dirige, no entanto, e coloca a sua

vida numa ordem, dotada de significado. (BERGER, 1985. p. 39).

Otto (2006, p.173) diz que entre o homem e o sagrado há uma relação

intrínseca com o racional e o irracional e aceitá-lo ou não está diretamente ligado à

consciência religiosa Como lemos no Evangelho de Lucas (1987 cap. 9, 20)

“Perguntou-lhes então: “E vós, quem dizeis que eu sou? “Pedro respondeu: “O

Cristo de Deus...”

Como vemos o profeta, o vidente, o pregador, ou discípulo fala sobre o Deus,

(o Sagrado). Na sua resposta está presente um caráter dogmático. Ele não está

interessado em provar o que diz. Ao mesmo tempo os que o ouvem aceitam-no, pois

o que foi anunciado foi dito com clareza e obviamente bem entendido e para o qual

não se exige comprovação porque o ouvinte faz o seu próprio juízo – inspiração

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sobrenatural. Se o ouvinte possui dentro de si o sentimento religioso (o irracional) as

idéias do divino, do sagrado são entendidas e subseqüentemente ocorre a adesão

ao anúncio e este passa a ser aceito racionalmente como verdadeiro (OTTO 2006

p.174).

Desde os primórdios, através de estudos dos pesquisadores sabemos que o

homem vive em grupo. É no grupo (sociedade) que ele se forma como pessoa,

constrói sua personalidade, cria seus projetos de vida e os leva a frente Há uma

relação de reciprocidade entre o homem e a sociedade: por ser ela um produto

humano é um fenômeno dialético, isto quer dizer que, simultaneamente um age

sobre o outro; um constrói e reconstrói o outro e, ao mesmo tempo um depende do

outro.

Esta ação de construir a sociedade e construir-se, o homem projeta um

mundo para si e para os seus buscando atender suas necessidades antropológicas.

Estas necessidades são atendidas quando ele pode exteriorizar-se através das

atividades físicas e mentais que se materializam pelas ações objetivas de fabricar

instrumentos, objetos, utensílios, inventando a língua, construindo valores, fundando

instituições, enriquecendo o mundo e criando sua cultura. Cultura que é um conjunto

de saberes, regras, normas, hábitos que passam de geração em geração e se

constitui um valor cognitivo, técnico e mitológico pela sua complexidade. (BERGER,

1985. p.17)

A religião representa o ponto máximo da auto-exteriorização do homem pela infusão, dos seus próprios sentidos sobre a realidade. A religião supõe que a ordem humana é projetada na totalidade do ser (...) é a ousada tentativa de conceber o universo interior como humanamente significativo. (BERGER, 1985. p. 41).

O homem constrói um mundo que não se repete e para tanto, instável, isto é,

destinado a mudar. Toda ação humana sofre a influência do homem, da época, do

lugar onde ocorre e dos meios que são utilizados, fazendo com que o significado, a

compreensão e a explicação do mundo não sejam as mesmas para todos em

diferentes épocas e lugares. O homem é cultural e esta premissa o faz buscar

sentido para o universo de coisas que o rodeia. Enquanto ele constrói os

significados vai adquirindo hábitos e construindo conceitos culturais e religiosos e

que não são universais e nem eternos. Por isso, a grande dificuldade de entender

porque o povo hindu reverencia os animais, os povos cristão-católicos sacralizam o

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pão apresentando-o como corpo se Deus e os mulçumanos defendem a poligamia.

Neste sentido a ação do homem de construir o mundo é cultural. Se a construção do

mundo é cultural a compreensão e a explicação do sagrado é uma questão de

cultura porque ele também faz parte da construção do mundo.

É importante refletir que, se a constituição humana é cultural e sustentada

pelas diferenças, (porque ela se constitui na soma do tempo, lugar, hábitos, crença,

valores...) é necessário pensar no outro, não o aproximando aos nossos conceitos e

valores, mas pensá-lo enquanto outro culturalmente diferente, inclusive no contexto

religioso.

A realidade cotidiana é interpretada e recebe sentido, na medida em que

corresponde às expectativas do homem e nesta perspectiva a sociedade passa a

atuar no Cosmos construindo e reconstruindo-o em benefício do coletivo. Para

Berger (1985. p.20) “É trabalhando juntos que os homens fabricam instrumentos,

inventam línguas, aderem a valores, concebem instituições...”.

E se o sagrado também constrói o mundo, Eliade nos leva a refletir que o

sagrado manifesta-se sempre como uma realidade totalmente diferente da nossa

realidade natural. Ele é a manifestação de algo diferente e que não pertence ao

nosso mundo profano. É uma experiência vivenciada pelo homem religioso e que a

partir do momento que assimilou a experiência faz dela uma opção de vida. Porque

o sagrado e o profano são duas maneiras diferentes de viver assumidas pelo

homem religioso ao longo de sua história. (ELIADE, 1992. p.20)

O profano é o comum o corriqueiro, o sagrado é incomum, especial, dá

significado particular a vida. É uma experiência que se manifesta e ao mesmo tempo

se esconde no mundo visível. O homem religioso interpreta a experiência do

sagrado dentro do seu contexto cultural. O sagrado se manifesta em todas as

culturas com algo que transcende o cotidiano. É aquilo que mantém a relação do

homem com o Transcendente e só pode ser avaliado, interpretado e entendido

dentro do contexto da cultura de cada religião. (ELIADE, 1992. p.26)

Rudolf Otto (2006, p. 155) contribui com a idéia de que o sagrado, embora

meio confusa, já estava presente nas práticas, no princípio da evolução histórico-

religiosa. Os primitivos acreditavam nos mortos, cultuavam seus antepassados,

tinham a crença na alma e a cultuavam, praticavam o feiticismo, adoravam coisas da

natureza, boas ou más, que eram favoráveis e lhe traziam benefícios ou não.

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Podemos dizer que o sagrado começa a ser entendido quando se exterioriza

e se materializa através da paisagem religiosa como a estrutura do templo, da igreja,

e dos ambientes naturais destinados ao culto. É entendido como um sistema

simbólico na cultura do nosso dia-a-dia. Pode ser reconhecido através das escrituras

sagradas, das tradições orais e dos Mitos. Reconhecido também, quando nos

remete ao sentimento religioso de caráter transcendental e irracional. É uma

inspiração que se faz presente na experiência religiosa criando uma sintonia entre o

sentimento religioso e o fenômeno religioso

O sagrado se constitui como uma presença, por meio do Mito.

Considerando as reflexões de Mircea (1992, p.86) “O mito revela a

sacralidade absoluta porque relata a atividade criadora dos deuses, desvenda a

sacralidade da obra deles (...) descreve as diversas e às vezes dramáticas irrupções

do sagrado do mundo”.

Assim o Mito se constitui como uma história verdadeira e preciosa pelo

caráter religioso e de exemplar significado. É aceito como uma história sagrada que

conta como foi criando algo que não existia nos primeiros tempos e essa existência

passa a ser transmitida de uma geração a outra e assim se torna a palavra dita. Mas

esta palavra dita, necessariamente não representa à lógica, e sim a idéia de

irracionalidade, isto é, que não se explica, mas que se significa. É sempre uma

narrativa de “criação” que pode ser o Cosmos ou uma parte dele, o nascimento de

uma espécie qualquer, um comportamento humano, ou uma instituição. Sendo ele

uma história que conta a forma como o mundo começou a existir o homem passa

explicar e justificar esse mundo e nesse processo vai obtendo a resposta da

pergunta: Porque e como as coisas começaram e vieram a existir?

O Mito é sagrado porque os personagens são sempre seres sobrenaturais

que dão caráter de sacralidade que fundamenta a existência do mundo. É

verdadeiro porque relata realmente o que aconteceu e esses acontecimentos são

comprovados pela própria existência do mundo que aí está. Desta forma ele é a

razão da intervenção da divindade no mundo. Pelo fato dele manifestar o poder da

divindade, passa a ser um modelo exemplar de todos os ritos e de todas as

atividades humanas significativas como: na alimentação, no casamento, no trabalho,

na educação, na arte, nas atividades sociais, militares, culturais econômicas e até

nas ações filosóficas.

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A partir do momento que o homem toma conhecimento do Mito, este de certa

forma, exerce um poder que o conduz a vivenciá-lo através das práticas do dia-a-

dia, dos cultos e ritos, manifestações religiosas, etc. Por isso ele é uma

manifestação da fé. Se revelar a fé, não a revela como objeto, nem como conceito e

muito menos como idéia, mas é um modo de significação do mundo. (SIMÕES,

1994. p.43)

Estas ações religiosas se encontram no nível da ação do homem e se

constituem em gestos e palavras, que manifestam diferentes atitudes religiosas

interiores carregadas de significado. São atitudes que fazem parte do campo

religioso e que vão sendo constituídas dentro de um contexto simbólico. Na medida

em que os indivíduos delas participarem compreenderão o porquê delas existirem e

o porquê de terem tal significado. O que não ocorre com as pessoas que são alheias

ou que não fazem parte desse contexto.

Sendo o Mito é um dos suportes muito importante, para não dizer o

fundamental, na constituição do sagrado ele se faz presente em um número

significativo de religiões. Os mais conhecidos abordam os temas como: a criação e

origem do mundo, origem do ser humano, da natureza e surgimento de cultos, o

mito da morte, do acaso, do outro mundo, do fim do mundo e etc.

A revelação da sacralidade do mundo, feita através do Mito, sempre

acompanhou o mais longínquo começo das religiões. Até o momento, o Mito

conseguiu resistir. Embora posteriormente a sua criação, com o avanço das

Ciências, foram introduzidas na História da Humanidade, novações, novas

descobertas, outros postulados, novas teorias, que, na maioria das vezes são

contrárias às verdades que ele ensina.

O sagrado busca dar sentido ao Cosmos. É impossível fazer comparações

entre o Mito e a Ciência. São dois enfoques, são duas teorias opostas que observam

o Universo. Possuem objetos diferentes. A Ciência apresenta o enfoque científico do

Cosmos e o Mito apresenta o enfoque do significado do Cosmos. Comparar o Mito

com a Ciência é a mesma coisa quando alguém afirma que “o céu é azul” e o outro

contesta dizendo que “a floresta é verde”. Não é a mesma discussão. Por mais

semelhantes que sejam não são a mesma coisa.

Optando-se pela perspectiva mitológica discute-se o Cosmos com as regras

da construção do Mito, que é uma forma de conhecimento. Optando-se pelo

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conhecimento científico as regras serão da racionalidade da própria Ciência. São

dois diálogos diferentes, o mitológico e o científico.

Desde a filosofia clássica até a ciência moderna tem-se procurado desbancar

a mitologia, com o discurso de que a racionalidade científica sobrepujaria as

convicções da fé, fazendo com que essas intervenções marcassem o

desmerecimento do fenômeno religioso. Isso ocorre porque não está sendo levada

em conta a complexidade que compõe o sagrado.

Os estudiosos do campo religioso se preocupam em compreender a

dimensão do sagrado em suas múltiplas dimensões, tanto na questão da percepção

individual e subjetiva de que existe um mundo que não faz parte do mundo profano,

quanto nas inúmeras manifestações que podem ser de ordem ritualística,

doutrinária, ética, social, econômica e política que compõem os rostos visíveis das

religiões. O grande desafio que está posto à Ciência é de não questionar a validade

e veracidade de um ou outro discurso religioso, sob pena de perder sua validade

científica. (MARTELLI, 1995. p.89)

Pelo fato do campo do sagrado ser multidimensional, um só ponto de vista

não dá conta de uma compreensão satisfatória. Faz-se necessário lançar mão de

um conjunto de disciplinas como a Sociologia, a História, a Psicologia, a

Antropologia etc. para uma compreensão mais ampla possível do sagrado.

É preciso levar em conta que o ser humano caracteriza-se, pela modificação,

pela experiência, pela construção, em fim, pela buscar de uma vida melhor. Ele

deseja satisfazer sua ânsia de incompletude. Atingir a perfeição. Tudo isso faz parte

da cultura e cada vez que o homem melhora ou modifica o mundo ocorre um

processo de mudança da cultura. Neste mesmo processo está implícita a

compreensão do sagrado, que vai modificando e sendo construído na reorganização

e modificação da sociedade.

2. Espaço Sagrado

“Não te aproximes daqui, disse o Senhor a Moisés; Tira as sandálias de teus

pés, porque o lugar onde te encontras é uma terra santa”. (Êxodo, cap.3,5)

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O espaço significa uma dimensão infinita que pode ser medida. Tudo o que

existe constrói o espaço: o ar, líquidos, pessoas, natureza, água, terra, objetos, tudo.

O universo que é finito está dentro do espaço infinito. (PASTRO, 1999. p.13)

No sentido religioso quando se fala de espaço refere-se ao Universo, ao

Cosmos, um lugar finito e é nesse espaço finito que o sagrado, para se tornar

concreto e perceptível ao homem, manifesta-se e para se tornar presente utiliza-se

das coisas que compõe o espaço.

Para o homem religioso, no universo existem lugares sagrados que são

diferentes uns dos outros porque têm significados diferentes. O que torna estes

lugares diferentes é o fato de lá ocorrer à revelação da divindade - o sagrado. A

revelação pode ser um sinal qualquer; qualquer coisa desde que não pertença a

este mundo profano As primeiras religiões já consideravam sinal tudo o que

despertasse o sentimento do sagrado no ser humano.

O anseio, o sussurro no coração, a voz interior, a consciência religiosa podem

ser considerados testemunhos interiores do sagrado, mas isto não basta. É

necessário que ele se revele exteriormente em sinais como: eventos, fatos, pessoas,

etc. Esta manifestação é caracterizada como divinação que não pode ser fruto do

entusiasmo fantasioso, misticismo ou romantismo, como também não tem nada

ligado às leis naturais e muito menos explicações racionais, mas o que interessa é o

seu significado no contexto em que ocorre reconhecido pela consciência religiosa

amadurecida. O homem religioso deve ter o cuidado em diferenciar os elementos

religiosos, que fazem parte da experiência religiosa, dos elementos que são comuns

a experiência humana condicionada à cultura. (OTTO, 2006. p. 180)

Devem ser observados alguns critérios para distinguir uma experiência da

outra: a experiência do sagrado se manifesta com inteira independência das

influências sociais, culturais, econômicas e psicológicas. Não se funda numa

impressão passageira puramente subjetiva, mas nasce da convicção de um

encontro com uma realidade superior, (divina) que impõe com autoridade, uma

mensagem ou uma mudança de vida, atingindo o homem no seu mais profundo ser,

transformando-o interiormente e através dele transforma a sociedade. Por isso não

se confunde com experiências humanas que estão envolvidos elementos de

estética, de moral ou ligado ao social. (ELIADE, 1992. p.61)

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E hoje, com as mudanças sociais, especialmente as condições particulares de

trabalho, da vida criada pela industrialização, urbanização e do grande avanço da

tecnologia, a experiência do sagrado torna-se cada vez mais difícil de ser

identificada.

A dessacralização (a não importância do sagrado) criada pelo mundo

moderno vem dificultando a prática religiosa, envolvendo excessivamente as

pessoas no trabalho, no consumo, na busca do bem-estar material inibindo o

sentimento religioso e fazendo com que a consciência religiosa fique embotada na

mente humana. (ELIADE,1992. p.19)

Todas as religiões possuem seus espaços sagrados, seus templos, igrejas,

capelas impregnados de símbolos, lugar santo, aonde o homem religioso vai com a

sua comunidade construir uma relação com a divindade por meio de imagens,

gestos, cantos, orações e rituais próprios. Podemos dizer que para as religiões o

espaço sagrado é marcado por uma experiência sagrada.

Determinados lugares são escolhidos como sagrados porque o homem

necessita deles para manifestar a sua fé no divino e organizar os seus ritos. Ao se

reunir com seus semelhantes para reverenciar a divindade, estes lugares se

transformam em sagrados e são habitados por um universo simbólico, resultado da

fé que cultiva.

As religiões participam de espaços diferentes daqueles das aglomerações

humanas comuns. Determinados espaços, que no mundo eram profanos, para as

religiões transformam-se em sagrados porque lá a pessoa sentiu e vivenciou a

presença do Transcendente, do seu Deus. Neste recinto, aquele que crê, tem a

possibilidade de simbolicamente, comunicar-se com o divino. A sua fé e os rituais de

que participa, criam um ambiente sagrado que a divindade pode descer a Terra e o

homem pode subir ao Céu. Este sentimento, esta consciência é que se denomina de

“experiência do transcendente”.

No espaço sagrado o homem religioso vive o tempo sagrado que sempre se

torna presente e atuante. É retomado de forma circular com intenção de renovar o

mundo periodicamente e essa renovação se faz presente através dos ritos. Temos

como exemplo, no cristianismo os ciclos litúrgicos que são naturais e marcados,

revivem e comemoram a experiência do Cristo. Eles são circulares. Enquanto que o

tempo profano é contínuo, é seqüencial e não tem retorno.

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Por isso é natural que o homem religioso sacralize certos objetos e certos

tempos para com eles e neles, de forma particular, criar uma relação como sagrado.

...o sagrado influencia a compreensão do mundo e a maneira como o homem religioso vive seu cotidiano. Assim, o que para alguns é normal e corriqueiro, para outros é encantador, sublime, extraordinário, repleto de importância e, portanto, merecedor de tratamento diferenciando (DIRETRIZES CURRICULARES, 2006. p.25)

Os lugares sagrados (santos) que as religiões preservam não são produto da

fantasia geral das massas, mas sim visões de natureza profética – vivência da

experiência do sagrado. Somente o vidente tem a experiência original do sagrado.

Segundo Otto “Somente quando e onde esse ser ‘revelou’, por intermédio daquele, é

que se cria um culto e uma comunidade cultural” (2006, p.163). O sagrado sempre

tem um vidente. Sem ele não existe sagrado. A experiência, o assombro surge das

profundezas psíquicas do vidente e sua eclosão é quase toda involuntária que

desperta um imaginário próprio do momento, mas que para ele é inexplicável. O

vidente, neste estado, pode manifestar seus sentimentos exclamando: “O que é

isso?” “Que lugar é esse?” Há uma sensação de que ali algo não é natural, mas

ligado ao transcendente. Tal experiência basta para marcar o lugar sagrado e

transformá-lo em local de adoração inclusive dar início a cultos... E para melhor

elucidar nada melhor do que nos diz o livro do Gênesis: “como é arrepiante este

lugar. É aqui que mora Elohin”. (GÊNESIS, cap. 28,17)

Nestes sentimentos de estranheza e de mistério, Otto (2006) observa que não

é sentir a sensação de que naquele momento há a presença de fantasmas, mas sim

a presença da dúvida, isto é a presença de algo que está ali, mas inexplicável. Uma

sensação de respeito misturado com medo, incerteza e ao mesmo tempo é sentir

verdadeiramente o sagrado – “numinoso”.

3. Universo Simbólico

Um símbolo é aquilo que une duas coisas separadas, que ao mesmo tempo

se admiram. Uma parte do símbolo remete a outra, como exemplo: o luar é uma

realidade específica que tem suas próprias características, mas que nos leva a

outros significados: beleza, saudade, lembrança, mistério... O símbolo é um

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elemento do mundo real que recebe outro significado “transiginificado”, isto é algo

que vai além do seu sentido material.

O simbólico, antes de tudo visa esclarecer a dimensão transcendente da vida

humana, como também a continuidade da religião, que depende da vitalidade com

que os símbolos são vivenciados.

O que diferencia o ser humano das outras espécies é a capacidade de

produzir símbolos e construir o mundo, em experiências empíricas e sensoriais que

só existem na sua imaginação e transcendência.

A vida humana é toda intermediada por símbolos. No contexto da cultura

existem universos simbólicos diferentes entre eles. É por meio do universo simbólico

religioso que o homem expressa, de forma racional, sua idéia de sagrado.

O simbólico, no campo do sagrado está presente: na linguagem, cores,

gestos, palavras, vestimentas, sons, nas construções dos templos, músicas sacras,

preces, mantras... Toda religião é constituída por um universo cultural simbólico que

liga o ser humano com o Mistério, com o Transcendente, com a Divindade. Este

contato é mantido pelos mitos (histórias sagradas) que são construídos sobre

códigos simbólicos e de rituais que envolvem e mantém vivo o desejo que o ser

humano tem de relacionar-se com a divindade. Cada religião agrega aos símbolos,

significados diferentes e particulares. Com já mencionamos, a compreensão dos

significados destes símbolos é possível no contexto da cultura em que surgiram

estes símbolos.

As Diretrizes Curriculares (2006, p.28) do Ensino Religioso quando remetem à

idéia do simbólico o fazem afirmando que: “Os símbolos são linguagens que

expressam sentidos, comunicam e exercem papel relevante para a vida imaginativa

e para a constituição das diferentes religiões no mundo”.

4. O rito sagrado

É através do rito sagrado que o homem concretiza e reflete sobre o mito. Ele

torna presente as energias míticas dos primeiros tempos. Através dele o homem

repete a ação da divindade, reconhece o sagrado na origem das coisas. O começo

do universo se torna presente nas celebrações rituais dando sentido às atividades

no tempo e espaço profanos.

14

A maioria das religiões é marcada por três ritos fundamentais onde estão

incorporados todos os demais:

Os ritos de passagem são aqueles que marcam a passagem do homem de

determinado momento da vida para outro, como o nascimento, casamento, iniciação

da puberdade, morte etc. Estes ritos são cerimônias rituais de significados

simbólicos.

Os ritos de participação permitem que o homem ou a sua comunidade entre

em contato com a divindade pela oração, sacrifício, consagrações, etc.

Os ritos oracionais são aqueles que evocam, agradecem, louvam ou pedem a

divindade ajuda e proteção. São comuns em todas as religiões como missa, culto,

novenas, romarias, etc.

O homem moderno, como ainda tem na sua origem traços míticos e

religiosos, quer assumir uma atitude de “a-religioso” e passa a ter uma vivência

disfarçada de ritos que são desacralizados porque estão apenas relacionados com

bens materiais e nada têm a ver com o sagrado, como a festa da passagem do ano

novo, casamento, nascimento, etc... (ELIADE, 1992. p.19)

5. Tradições Religiosas

As diferentes maneiras de vivenciar o sagrado são representadas no mundo

pelas tradições religiosas (religiões) que, usam seus espaços sagrados, seus rituais,

seus símbolos e seus textos sagrados para tornar concreta e racional a experiência

do sagrado.

Uma religião geralmente nasce de uma experiência extraordinária do sagrado

experimentada por determinada pessoa. Como? Com o passar do tempo a

experiência passa a ser conhecida, ganha espaço, ganha credibilidade e aumentam

os adeptos. É necessário então institucionalizá-la, criando normas que regularize a

doutrina, se defina os princípios, a prática do culto e formação da comunidade

religiosa.

A religião não é um fenômeno que ocorre individualmente nas pessoas, não é

apenas uma fé individual, mas exige o compromisso de um grupo, de um povo que

acredita na mesma fé, absorve os mesmos princípios, segue as mesmas normas

constituindo assim um fato social, que se faz presente no mundo através do homem,

15

no seu viver cotidiano. Há uma relação bem próxima entre a religião e a prática da

solidariedade social. A existência da religião dentro da sociedade se justifica se ela

estiver envolvida com as atividades humanas e que se propõe construir a ordem de

um mundo sagrado, capaz de se manter presente apesar da ameaça do caos.

Qualquer que seja a religião, qualquer que seja sua legitimação, ela se justifica na

prática coletiva. (BERGER, 1985. p.85)

A escolha da crença é pessoal, mas a prática é coletivamente. A fé se

concretiza convivendo com os outros. Pressupõe-se como requisito primordial a

prática coletiva, o compromisso de viver a fé no sagrado que se manifestou no meio

povo. Então, o coletivo se reúne entorno da crença, do sistema de normas, dos ritos

e principalmente em torno das histórias sagradas, que relatam a origem do Universo,

da Terra e do Homem, inclusive a contundente dúvida que perturba o ser humano: o

significado do pós-morte.

Por isso Berger diz que a sociedade é constituída de pessoas que se unem

perante a morte. E estas pessoas aceitam e aderem à religião na medida em que ela

orienta e significa o fenômeno da morte. Os seres humanos se envolvem na

materialidade da vida até que em determinado momento, se deparam como

fenômeno da morte. Quando isso acontece retoma seus velhos propósitos e procura

buscar no coletivo, novamente, motivos que justifiquem sua existência e explique e

signifique o fim da vida. (BERGER, 1985. p. 64)

A missão principal de uma tradição religiosa é passar, de forma oral ou

escrita, tudo aquilo que uma geração herda das gerações anteriores. É a

transmissão das narrativas, dos valores espirituais, da fé, da memória, dos rituais,

dos costumes que sustentam as experiências sagradas experimentadas pelos

antepassados fazendo com que se perenizem.

As expressões do sagrado diferem de cultura para cultura, ou seja, sua

apreensão pode ser realizada somente de acordo com cada realidade. As religiões

se apresentam como modalidades do sagrado que se revelam em tramas históricas

e em espaços de representações marcados por rupturas. São realidades

estruturadas conforme uma ontologia original. (DCE ,2006. P.25)

16

III – Contribuições práticas

A pesquisa teórica conduziu-nos à produção de uma Unidade Didática que foi

planejada para Colégio Estadual Tancredo Neves e executada no mesmo, junto aos

alunos da 5ª série do período da manhã, tendo como título “As manifestações do

sagrado e o respeito à diversidade religiosa.”

O Colégio Estadual Tancredo Neves, Ensino Fundamental e Médio, está

localizado na Região Sudoeste do Estado do Paraná, no município de Francisco

Beltrão, na zona norte da cidade, distante mais de 7 km do centro desta, tendo o

Bairro Pinheirinho como centro de mais 8 bairros, conhecida como Cidade Norte.

A região Sudoeste iniciou o processo de colonização na década de 1950 pela

organização da estrutura fundiária em pequenas propriedades agrícolas. Somente a

partir da década de 1970 com o processo de industrialização do país acentuando o

êxodo rural, aglomerando um número maior de pessoas ao redor das cidades

buscando novas oportunidades de trabalho, com rendas fixas, mensais, diárias,

semanais, aconteceu o processo político na busca e incentivo para a industrialização

do município, proporcionando maior número de empregos para atender a demanda

da região.

A região onde está localizado o Colégio foi privilegiada pela sua estrutura

geográfica para desenvolver e criar um parque industrial, oportunidade que deu

origem a outros bairros, totalizando atualmente uma população de mais de 20.000

habitantes.

As famílias que ali se estabeleceram na sua maioria constituem-se da classe

trabalhadora, empregados de agroindústrias nos setores avícolas, madeireiro e

laticínio, como também do pequeno comércio e de alguns serviços. (PROJETO

POLÍTICO PEDAGÓGICO, 2008)

Conforme dados obtidos através de entrevistas e questionários feitos junto

aos alunos da 5ª série e suas famílias, percebeu-se que a região abrangida pelo

Colégio apresenta uma realidade multicultural tendo como ponto forte o religioso.

Um número significativo de alunos, desta turma, vive dentro de uma estrutura

familiar composta por pai, mãe e filhos, embora a mãe também trabalhe fora e

moram na própria casa.

17

A maioria das famílias é seguidora da religião católica, mas há uma presença

significativa de outras religiões, principalmente as pentecostais.

Estas famílias demonstraram ter uma vivência religiosa muito forte. Os pais

dizem (independente da religião) “que o sagrado faz parte da vida das pessoas e

este sagrado é vivenciado na religião”. “É necessário seguir uma religião porque ela

dá sentido e direção para a vida e ajuda a enfrentar as dificuldades”.

A família envolve os filhos com o sagrado desde o nascimento e a partir do

momento que começam a entender as coisas são introduzidos nos ensinamentos da

religião através da catequese e escolinhas bíblicas. Este aprendizado é entendido,

pelos pais, como a contribuição da religião na educação dos filhos. Dizem eles que

“É bom freqüentar a igreja (lugar sagrado) porque lá se venera e vivencia o sagrado

que é representado em símbolos, ritos, orações e cânticos, os quais, por sua vez,

contribuem para alimentar e reforçar o sentimento religioso”.

Tanto os pais como os filhos consideram a igreja como local sagrado, além de

considerarem outros lugares como sagrado, nos mais diversos espaços como a

casa de cada pessoa, o local de trabalho, a escola. Alguns alunos consideram ainda

a floresta, os rios, as montanhas, enfim, a natureza como um todo.

Para a disciplina de Ensino Religioso ao abordar os lugares sagrados em

diferentes culturas surge uma oportunidade de um trabalho interdisciplinar com

Geografia que poderá auxiliar na compreensão daquele lugar como sagrado e a

História contribuirá ao mostrar as circunstâncias históricas que envolvem os povos e

suas crenças, o surgimento destas culturas religiosas e como foram instituídos os

símbolos destas crenças.

Os filhos manifestam uma grande ligação afetiva com os pais. Procuram

seguir suas orientações e quando não estão na escola, no horário contrário e os pais

estão trabalhando, eles ficam em casa, fazendo tarefas e cumprindo as

determinações pré-definidas com os pais. Aprendem com os mais velhos a prática

do bem e da religião seguindo seus exemplos e conselhos.

Percebeu-se que os valores religiosos têm uma grande influência na

manutenção da família. A crença no sagrado (Deus) possibilita uma convivência

salutar entre pais e filhos embora com algumas dificuldades com os filhos

adolescentes. Mas sentem que atualmente, com todos os avanços da técnica e do

conhecimento há um certo afastamento de Deus. A vida moderna tornou tudo muito

18

fácil e dispensa com a maior naturalidade a prática da religiosidade. O Ser Superior

foi substituído pelos bens materiais e, segundo eles, por dispensar Deus da vida, o

resultado está na diminuição da religiosidade do povo, nas muitas doenças

desconhecidas e na violência presentes no mundo. Esta realidade preocupa muito

fazendo-os temer pelo futuro e pela educação de seus filhos. Sentem-se

angustiados e buscam na religião explicações, apoio e conforto para suas angústias.

A sociedade pós-industrial contribuiu para a dessacralização e as mudanças

sociais por causa das diferentes condições de trabalho promovidas pela

industrialização, urbanização e tecnificação fazendo com que a experiência do

sagrado se tornasse cada vez menos possível deixando um vazio e uma angústia

existencial na vida do ser humano. Paradoxalmente percebe-se um declínio das

práticas religiosas, mas ao mesmo tempo aumenta a “fome” pelo sobrenatural, pela

busca da transcendência.

Perceber-se que há uma relação muito forte entre religiosidade e a diminuição

do estado de ansiedade que as pessoas são submetidas quando os pais se

manifestaram dizendo que a vivência da religião ou “experiência religiosa” serve

para superar o estresse provocado pelas insatisfações de muitas necessidades que

a sociedade de consumo cria atualmente.

Para Capra (1997) é extremamente útil e estimulante estudar a complexidade

do envolvimento entre meio ambiente, mente e corpo e espírito. Vivemos numa

sociedade que enfatiza excessivamente valores de peso monetário e menospreza o

comportamento e o efeito que provoca nas pessoas, em relação à aquisição de

renda, de consumo e de investimento. Esta sociedade esquece-se de lidar com os

valores subjacentes ao contexto cultural provocando muitos problemas sociais e

econômicos que têm suas raízes nos dolorosos ajustamentos de pessoas aos

valores da nossa época.

A sociedade está constituída sobre a premissa do “ter” em detrimento do “ser”

e sua evolução, inclusive o sistema econômico está ligado a valores que são usados

para todas as manifestações. Os valores que inspiram a vida determinam a visão de

mundo e um estilo de conduta. Influenciam, inclusive na organização e

administração dos princípios religiosos, dos desempenhos científicos e dos usos e

das finalidades das tecnologias.

19

Esta sociedade se ocupa na produção, distribuição e consumo das riquezas

sob os conceitos de eficiência, produtividade e lucro. Cria um padrão de vida

associado ao consumo que por sua vez é associado a um padrão máximo de

produção. Esta realidade torna evidente que dinheiro e bens materiais, por si só, não

proporcionam a satisfação interior das pessoas. Os seres humanos aspiram também

ao espiritual. Por isso precisam buscar valores e estilos de vida que sejam

profundamente humanos.

Outro ponto levantado pelos alunos foi que sua religião é portadora da

verdade. Em Costella (2004) buscamos esclarecer este pensamento. No cenário

mundial que vem diariamente revolucionar nossos hábitos mentais e sociais

apresentando novas tecnologias de comunicação de multimídias é fundamental que

as culturas e as religiões quando tratam de seus princípios e fundamentos devem

fazê-los de forma a reconhecer que “não existe uma única verdade, reconhecida por

todos: mas diferentes verdades, e vias de salvação” (COSTELLA, 2004. p.100).

Cada religião possui seus fatos e seus valores que fazem parte do universo cultural

humano, mas estes fatos e estes valores organizam a vida particular dos seguidores

a partir do ponto de vista da religião.

Poucos alunos manifestaram que na escola não haveria a necessidade do

Ensino religioso, eles freqüentam a catequese e a escolhinha bíblica e isto é

suficiente.

A relação educativa na escola entre professor do Ensino Religioso e aluno

não deve oscilar entre catequese, cultura e informação objetiva. A religião é

confissão de fé ou de crença. Ao Ensino Religioso interessa os fatos religiosos e

momentos significativos no decorrer da vida do povo. Aquilo que para a religião é

objeto de fé para a disciplina passa a ser objeto de estudo.

O Ensino Religioso tem como objetivo apresentar fatos religiosos levando o

aluno a identificá-los, descrevê-los e compará-los para poder diferenciá-los e,

posteriormente, entender os significados e os valores que sustentam as religiões.

A Unidade Didática buscou oferecer aos alunos uma oportunidade para que

fossem capazes de entender a diversidade cultural e que o religioso representa um

dos elementos na constituição do sujeito. Sob este ponto de vista o conteúdo

trabalhado pretendeu contribuir para o desenvolvimento do ser humano.

20

Ao tratarmos o assunto “as manifestações do sagrado e o respeito à

diversidade religiosa”, os alunos foram muito receptivos. Ouviram com muito

interesse, participaram das discussões e fizeram todas as atividades. Este

envolvimento parece estar ligado ao ambiente religioso em que estão envolvidas as

famílias destes alunos e também da boa aceitação que a disciplina está tendo na

escola, pois a maioria manifestou gostar, aprovar e considerá-la necessária.

Afirmaram que aprendem sobre a vida, sobre outras religiões, conhecê-las e

respeitá-las. Lembrando que quando falam de outras religiões estão se referindo às

religiões que têm sua origem no Cristianismo.

A aprendizagem ocorre quando o trabalho e a relação educativa que

acontecem na sala de aula constroem-se no convívio do professor com seus alunos.

Neste aspecto é fundamental a ação valorativa do universo cultural do próprio aluno

partindo das manifestações religiosas ou expressões do sagrado que são

conhecidas ou pouco conhecidas por eles, para que este conhecimento empírico

passe para um conhecimento mais elaborado, superando o nível do senso comum.

Os alunos manifestaram espontaneamente o que sabiam e o que julgavam

ser bom e correto, no campo do religioso. Foram categóricos ao afirmar sobre a

necessidade da religiosidade na vida das pessoas, mas apresentaram

desconhecimento e muitas dúvidas quanto ao direito, a liberdade de escolha da

religião e a validade da existência de outras religiões. Quanto às manifestações

religiosas não há uma disputa entre os alunos e sim uma aceitação e até

convivência pacífica quando se trata de religiões cristãs. Sobre as religiões de

matrizes africanas manifestaram descrença, pouco caso e cinismo. Pela sua forma

de se expressarem, demonstraram não considerá-las como religiões. A

compreensão que eles têm, quando falam sobre o Candomblé, por exemplo, é de

uma atitude equivocada. A maioria não conhece a religião e o que sabem é o que

está presente no senso comum do povo: feitiçaria, macumba, expressão do mal, etc.

Esta forma de conceber outras religiões abre espaço para a semente da intolerância

religiosa.

É uma realidade, não podemos negar que na convivência entre grupos

diferentes, muitas vezes, manifesta-se o preconceito e trabalhar para superá-lo é um

dos grandes desafios da escola, que tem a oportunidade de usar seu espaço para

por em discussão o sagrado através do currículo da disciplina do Ensino Religioso.

No Ensino Religioso o foco precisa ser os pontos semelhantes entre as religiões e

21

enaltecê-los, deixando as diferenças de lado. Por exemplo, a idéia de que Deus é de

todos e não só de um único povo. Ao estudar as religiões deve ter como intuito a

melhor convivência com os diferentes e não embasar seus futuros ataque que em

nada favorecem a tolerância religiosa.

Este trabalho se consolidará na medida em que o corpo docente também

contribua para que, no cotidiano da escola, o respeito à diversidade seja vivenciado,

favorecendo o respeito à diversidade cultural religiosa e suas relações éticas sociais,

procurando adotar medidas de repúdio a qualquer manifestação de preconceito e

discriminação. Envolto neste ambiente, o aluno começa a construir o seu saber e a

entender como é constituída nossa cultura marcada inclusive pelo religioso.

As Diretrizes Curriculares da disciplina de Ensino Religioso afirmam que o

processo de ensino aprendizagem deve orientar-se pela construção e produção do

conhecimento que tem como base o debate, apresentação de hipóteses divergentes,

provocação da dúvida, o confronto de idéias e de informações discordantes,

estabelecendo assim, uma relação saudável frente ao que o aluno conhece e as

manifestações do sagrado levando-o a perceber que o sagrado não se caracteriza

como uma propriedade de um grupo exclusivo, mas faz parte da construção

histórico-social do patrimônio cultural da humanidade.

Outro desafio da disciplina de Ensino Religioso será trazer os alunos para

uma reflexão sobre o respeito da liberdade de consciência e à escolha da religião

que o cidadão tem, apostando que isso impregne o cotidiano deles. Valorizar todos

os aspectos pertinentes ao campo do sagrado e da diversidade sociocultural, além

de perceber que o sagrado é muito mais que religião. Ele não se esgota apenas em

uma ou outra denominação religiosa, porque isso seria relativizar as instituições

religiosas. O sagrado não é delimitado exclusivamente pelo religioso. São conceitos

muito afins, mas um não esgota o outro. O sagrado está no religioso, mas o religioso

não contempla todo o sagrado.

Estão lançados, neste cenário, desafios também às religiões que procurem

em seus projetos de ressurgimento da espiritualidade primar pela dignidade humana

no mundo contemporâneo.

Como o Ensino Religioso tornou-se obrigatório nas escolas públicas, o

professor que administra esta disciplina deve dominar um conhecimento,

entendendo que o sagrado é o centro das diferentes manifestações religiosas,

22

permitir a reflexão sobre a realidade desse assunto por ser um conteúdo complexo,

buscado entender sua própria religiosidade e a do outro através das diferentes

formas de ver o sagrado.

IV – CONCLUSÃO

Se, de alguma forma este trabalho contribuiu para compreender melhor o

campo do sagrado e as implicações que ele tem no percurso da vida das pessoas

religiosas, sabemos que ele não se encerra aqui, pois o tema é complexo e permite

muitos olhares.

O primeiro olhar permitiu considerar que o suporte teórico é primordial para

entender a complexidade da significação do sagrado.

Ao ser focalizada a questão teórica conclui-se que o homem é cultural e esta

premissa o faz buscar e dar sentido para o universo de coisas que estão no seu

entorno. Enquanto constrói os significados vai incorporando hábitos e construindo

conceitos culturais e religiosos que não são universais e nem eternos. Esta ação

criativa da cultura inclui a compreensão e a explicação do sagrado.

Como o sagrado também faz parte da significação do mundo, ele se

manifesta como uma realidade diferente da realidade natural. É algo que não

pertence ao mundo profano. É uma experiência vivenciada pelo homem religioso

que a partir do momento que assimilou esta experiência faz dela uma opção de vida.

Porque o sagrado e o profano são duas maneiras que diferem na forma de viver,

assumidas pelo homem religioso. A experiência do sagrado se exterioriza, quando

passa a ser entendida através da paisagem religiosa como os templos, as igrejas, as

manifestações religiosas e os ambientes naturais destinados ao culto.

Toda religião é constituída por um universo cultural simbólico que liga o ser

humano com o Transcendente. O simbólico religioso está presente: na linguagem da

comunicação sagrada, nas cores, nos gestos, nos textos sagrados, nas vestes, nas

construções dos templos, músicas sacras, preces e nos rituais. Os espaços

sagrados são representados pelos templos, igrejas, grupas etc. Estes lugares

impregnados de símbolos são freqüentados pelo homem religioso juntamente com

sua comunidade. Os símbolos e os rituais, reflexo da cultura de cada povo,

permitem que o homem construa uma relação de mistério, de respeito, de proteção,

de receio, com a divindade

23

O sagrado se constitui pelo Mito, presente em um número significativo de

religiões. Não é oportuno fazer comparações entre o Mito e a Ciência. Pois, são dois

diálogos diferentes, o mitológico e o científico.

Em relação ao público envolvido na unidade didática usa-se concluir que os

valores religiosos hoje, ainda têm grande influência na manutenção da família. A

crença no sagrado possibilita uma convivência salutar entre pais e filhos embora se

percebam algumas dificuldades com os filhos adolescentes. As chamadas

tecnologias da comunicação foram incorporadas no cotidiano das pessoas e

contribuem na globalização do campo religioso também. Essas tecnologias fazem

parte, principalmente na vida dos jovens, inclusive na dimensão religiosa. As

linguagens do computador, da internet e de outras tecnologias de informação estão

mudando nas pessoas, a maneira de estar no mundo, além de mudarem a forma

das religiões se apresentarem e se constituírem no mundo.

Parece contraditório, mas esses avanços da técnica e do conhecimento há

por parte das pessoas, um certo afastamento de Deus. A vida moderna tornou tudo

muito fácil, cômodo e superficial que dispensa com a maior naturalidade a busca e a

prática da religiosidade. A divindade foi substituída pelos bens materiais, pelo

consumismo, a busca do prazer, o desrespeito a natureza e a vida. Essas escolhas

trazem os resultados que a sociedade vivencia no presente: a ausência da

espiritualidade nas pessoas, o surgimento de inúmeras doenças desconhecidas a

violência e a banalização da vida e muitos outros.

Esta realidade preocupa muitos pais, fazendo-os temer pelo futuro e pela

educação de seus filhos. Estes se sentem angustiados e procuram buscar na

religião explicações, apoio e conforto para suas angústias. Isso faz com que exista

uma relação muito forte entre religiosidade e a diminuição do estado de ansiedade a

que são submetidos. A vivência da religião ou “experiência religiosa” ajuda a superar

o estresse provocado pelas insatisfações de muitas necessidades que a sociedade

de consumo cria hoje.

Quanto às manifestações religiosas pode-se dizer que há uma aparente e

silenciosa aceitação e até convivência pacifica quando se trata de religiões cristãs.

Sobre as religiões afro-brasileiras as manifestações são de descrença e até de

deboche. Não são conhecidas, por isso não são levadas à sério e permitindo muitas

situações de intolerância religiosa principalmente da parte de evangélicos e

católicos.

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O desafio da disciplina de Ensino Religioso será trazer os alunos para uma

reflexão sobre o respeito à liberdade de consciência e à escolha da religião que o

cidadão tem superar o preconceito, apontando, numa proposta que, no cotidiano da

escola, se oportunize a prática da convivência da diversidade cultural religiosa

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