O Homem, Deus e o Universo - Cap V

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O Homem, Deus e o Universo 5 - A NATUREZA DO ETERNO NÃO-MANIFESTO

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5 - A NATUREZA DO ETERNO NÃO-MANIFESTO

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IntroduçãoAo tratar danatureza daRealidadeEterna Não-Manifesta, porconveniência decompreensão, adividimos emtrês aspectos:

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IntroduçãoTentamos entender como esses três aspectos daRealidade diferem entre si, considerando-osseparadamente.

Mas, para não perder a visão da unidade doEterno Não-Manifesto, é desejável consideraresses Três Aspectos em conjunto.

Antes de tratarmos da natureza do Eterno Não-Manifesto, como um todo, recapitulemos osfatos essenciais de cada um de Seus Aspectos.

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IntroduçãoO ABSOLUTO

É a Realidade Suprema, Parabrahman dafilosofia hindú, no qual aquilo que encontraexpressão no universo manifesto e que tambémestá presente potencialmente no Não-Manifestoexiste em estado perfeitamente harmonizado,equilibrado e integrado num estado que parecevazio e cheio ao mesmo tempo. Até mesmo osprodutos das diferenciações primordial esecundária que formam a outra parte doscomponentes do Eterno-Não-Manifesto estãotão perfeitamente harmonizadas que nada pode

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IntroduçãoO ABSOLUTO

ser distinguido nessa Realidade Suprema,chamada assim de Nirvishesha (sem qualquerdistinção ou propriedade). Apesar de suanatureza de vazio perfeito e de sua naturezaaparentemente impenetrável, o Absoluto é acausa suprema e sem causa do Não-Manifesto etambém do universo manifesto.

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IntroduçãoO ABSOLUTO

O conceito do Absoluto como RealidadeSuprema Auto-suficiente e Autodeterminada,em que todos os processos de manifestação,dissolução etc, têm lugar automaticamentecomo resultado de um Ritmo Cósmicofundamental, requer a existência de um Pontoatravés do qual esse eterno Ritmo Cósmico semanifeste e se projete periodicamente umuniverso manifesto.

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IntroduçãoO ABSOLUTO

Esse Ponto corresponde ao número 1, colocadoentre o 0, representando o estado de vazio doAbsoluto, e o 2, representando a dualidadeprimordial do Shiva-Shakti Tattva. O Ponto éassim veículo do Absoluto oposto do Espaçoinfinito sem limites. O Ponto é a porta entre oAbsoluto como um vazio e os restantes estadosNão-Manifesto e manifesto.

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IntroduçãoSHIVA-SHAKTI TATTVA

Princípio Positivo-Negativo ou Pai-Mãe, produtoda diferenciação primordial da RealidadeSuprema e da dualidade primordial cujosresultados dividem, por assim dizer, o conjuntoda Realidade manifesta e não-manifesta emduas contra-partes opostas que, por sua ação ereação e compensação de opostos, configura atextura do universo. Este Princípio é a própriaessência e fundamento do universo.

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IntroduçãoSHIVA-SHAKTI TATTVA

Neste princípio dual é que estão os mistérios erelacionamentos de consciência e poder, devontade e ação, de atração e repulsa, de amor ebem-aventurança. Desse princípio dual seoriginam todos os múltiplos e universaisfenômenos da vida, da mente e da consciênciaem todos os níveis.

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IntroduçãoMAHESHVARA-MAHESHVARÎ TATTVA

O Princípio-Mente com sua característicaessencial do relacionamento sujeito-objeto. EstePrincípio-Mente, raiz dos fenômenos mentaisem todos os níveis, encontra expressão naIdeação Cósmica do Logos-Não-Manifesto nonível mais elevado e reflete-se, em seguida, nosfenômenos mentais de todos os graus desutileza, nos diversos reinos da manifestação.Embora esse tattva seja também dual e polar,essa dualidade e polaridade são de um tipodiferente e resultam em fenômenos de naturezadiferente.

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IntroduçãoAssim como a Consciência integrada de Shiva é araiz da mente funcionando através da relaçãosujeito-objeto, o Poder integrado de Shakti é araiz de toda manifestação de energia que temlugar através de Prakriti em seu tríplice aspecto.

Os dois componentes polares da diferenciaçãoprimária devem ser necessariamente afetadosde igual modo na diferenciação secundária,ainda que os produtos nos dois polos sejamdiferentes.

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Introdução

A consciência se diferencia em Sat-Cit-Ânanda, araiz da mente e o Poder se diferencia em Tamas-Rajas-Sattva, a raiz da Matéria ou Mûlaprakriti.

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IntroduçãoPrakriti designa uma realidade num nívelinferior ao de Shakti. Prakriti é o correlato doPrincípio Mente enquanto Shakti, seu opostopolar, é correlato do princípio Consciência.Prakriti é o estado compensado dos gunasenquanto que Shakti é o Poder Consciente,oposto polar da Consciência pura na qual oPoder está em potencial.Quando a Consciência pura integrada desce àmanifestação, aparece como fenômeno mental.Quando o Poder integrado desce àmanifestação, aparece como Prakriti com suaexpressão nas gunas.

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IntroduçãoQuando a mente ou Citta funde-se naConsciência integrada do Purusha, ao atingirkaivalia, o papel das gunas está terminado ePrakriti une-se ao poder potencial.

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IntroduçãoFalamos dos três aspectos do Eterno-Não-Manifesto que constituem de fato umaunicidade e que se salientam cada vez maisà medida que descem à manifestaçãoaparecendo na forma do Tríplice Logos, daTríplice Mônada, da TrípliceIndividualidade e da TríplicePersonalidade, reflexos nos diversos níveisda triplicidade oculta e sutil presente noNão-Manifesto em seu lado de Consciênciaou Realidade subjetiva.

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IntroduçãoDo lado do poder, ou Realidade objetiva,verificamos também a mesma triplicidaderefletida repetidamente nos planos inferiores.Nos mundos divinos temos Âdi, Anupadaka eÁtmico Superior. Nos mundos espirituais temosÁtmico Inferior, Búdhico e Mental Superior e nosmundos temporais temos Mental Inferior, Astrale Físico.Os dois aspectos do Não-Manifesto, um atinenteà unicidade e o outro à sua triplicidade, podemser representados simultaneamente, até certoponto pela cruz como na figura a seguir.

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Introdução

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IntroduçãoCom relação à figura anterior , devem serobservados:a) A dupla polaridade nasce do ponto deintersecção representando o Absoluto em seuaspecto do Um.b) A representação das diferenciações primária esecundária por linhas não significa qualquerseparação no espaço. O Não-Manifesto estáacima do espaço assim como suas polarizaçõesou diferenciações que funcionam e sãooriginárias de num ponto. A representação dasdiferenciações por linhas retas oculta umaverdade extremamente sutil.

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Introduçãoc) Não só está a polaridade acima do espaço efuncionando em torno de um ponto mastambém temos que concebê-la como resultantede uma redistribuição interna num só e mesmoPrincípio que produz contraste ou potencial sema introdução de qualquer coisa do exteriorafetando o conjunto e a autosuficiência doPrincípio.d) O princípio mencionado no item ‘c’ podeesclarecer um tanto a natureza das polaridadesou os contrastes produzidos nas diferenciaçõesprimária e secundária da Realidade Suprema.

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IntroduçãoShiva Tattva pode ser considerado comopossuindo mais da Realidade, ou comoRealidade com potencial mais elevado,enquanto Shakti Tattva pode ser consideradocomo possuindo menos da Realidade ouRealidade com potencial menos elevado. A luzcontém trevas e as trevas contém luzpotencialmente. É uma questão de relatividade.Não pode haver luz absoluta ou trevas absolutasexceto como limites ideais. O Princípio quecontém mais da Realidade, por assim dizer, eque mostra os atributos da consciência subjetivae positiva será chamado Shiva, enquanto o

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Introduçãoprincípio que contém relativamente menos daRealidade e que mostra os atributos deobjetividade e poder negativo é chamado Shaktina Filosofia hindu. No Shiva Tattva o Poder éconsiderado inerente, mas presente em estadoinativo. Do mesmo modo no Shakti Tattva aconsciência é inerente, presente no substrato.Ambas contêm um e outro mas em grausrelativos. Este fato da realidade relativa constituia polaridade do Shiva-Shakti-Tattva.

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Introduçãoe) No caso de Maheshvara-Maheshvarî Tattva apolaridade é de classe diferente e resulta noaparecimento da relação sujeito-objeto que é abase do Princípio da Mente. Nesse caso apalavra polaridade talvez não seja apropriada, jáque tal palavra é associada aos fenômenos queenvolvem forças diferentes. O contraste sujeito-objeto não envolve forças de espécies diferentesmas há apenas a redistribuição interna deconteúdos por assim dizer. Com isso, se tornaadmissível o uso da palavra “polaridade”.

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Introdução

Maheshvara-Maheshvarî Tattva ou princípio daMente Cósmica mencionado como LogosCósmico Não-Manifesto, é a sede da IdeaçãoCósmica. Nessas regiões obscuras eincompreensíveis os sucessivos universosmanifestos, em eterna sucessão, tomam formacomo resultado da ação mental do LogosCósmico. E embora falemos em ação “mental” e”ideação”, de fato a atividade é mais espiritualem sua natureza que a mais elevadaespiritualidade que possamos conceber. Oreflexo de tais atividades no reino damanifestação dá origem aos fenômenos queconsideramos mentais.

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IntroduçãoO Não manifesto é um estado integrado, ondetodas as diferenciações estão em estadopotencial, apesar de nenhum estarverdadeiramente presente. E podem surgirdesse estado assim que sejam preenchidas ascondições necessárias. Os inumeráveis universosque emergem da mente do Logos Cósmico nãoestão presentes nela na forma que aparecerãono tempo e no espaço ou mesmo em sua formaespiritual. Suposto que isto importe em negar,mesmo ao Logos Cósmico, a liberdade de criar,surge a questão: “Qual é a fonte suprema douniverso?” Seguramente não é o Absoluto.

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IntroduçãoO conceito de estado integrado nos habilitará acompreender não apenas como o GrandeCriador é livre para criar os universos, mastambém que deve ter a possibilidade de criarséries sem fim de universos devido ao estadointegrado de sua Consciência.

Deus não pode ser limitado por suas criações,como aconteceria se todos os Seus planosobedecessem previamente a uma forma.

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IntroduçãoOs universos saem do Não-Manifesto comoresultado da livre Atividade Divina Criadoraembora os Logoi, operando nas regiõesinferiores da manifestação, tenham de trabalharde acordo como Grande Plano resultante destaatividade. Mas isso não quer dizer que os LogoiSolares tenham sua atividade criadora limitada.Não é assim. Eles são facetas da Realidade quechamamos Logos Cósmico.

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IntroduçãoVemos assim que as diferenciações primária esecundária da Realidade Suprema acarretamapenas uma diferenciação parcial e asRealidades que resultam dessas diferenciaçõessão ainda estados integrados do Absoluto.Quando tem lugar a manifestação, a Consciênciapura integrada se diferencia em estados demente de vários graus de sutileza e o Poderintegrado potencial se diferencia em poderesespecíficos, cada um deles relacionado ao seupróprio nível de mente e função de consciência,como mostra a simbologia dos Devís e Devatâsdo hinduísmo.

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IntroduçãoDesse modo temos Citta (mente) no estadomanifesto, em vez de Citi (consciência). Citta ePrakriti pertencem ao reino da manifestação esão estados diferenciadosCumpre notar que as diferenciações primária esecundária aparecem quase como dois aspectosdo mesmo processo. O elemento da Consciênciana diferenciação primária torna-se perceptor ouaquele que vê (dristâ) ou a base dos fenômenossubjetivos da manifestação. O elemento dopoder provê os objetos da percepção e torna-sea base dos fenômenos objetivos (drishyam).

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IntroduçãoAquele que vê funciona através da mente ouCitta e o que é visto funciona através de Prakritiou a raiz da chamada “matéria”.Neste sentido a diferenciação secundária éapenas uma extensão da primária. Tal o motivoporque no pensamento filosófico hindu Shiva-Shakti Tattva e Maheshvara-Maheshvarî Tattvasão considerados quase como sinônimos. Não háuma linha nítida de demarcação entre eles assimcomo não há entre os diferentes níveis daRealidade em sua involução, “Na verdade, tudoé Brahman”.

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IntroduçãoEm sua involução, a Realidade é envolvidaparcialmente na consciência, mas um de seusaspectos não é afetado. Em seguida, aConsciência torna-se parcialmente Mente, masainda um de seus aspectos não é afetado. Noterceiro estágio, a Mente torna-se parcialmentena chamada Matéria, mas ainda com um de seusaspectos não afetados. Ao final, temos os quatroníveis da Realidade presentes e funcionandosimultaneamente, o inferior coexistindo esustentado pelo superior como substrato deste.Tal processo está representado na figura aseguir.

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Introdução

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IntroduçãoVemos que a matéria flutua e funciona no marda Mente, a Mente no mar da Consciência e estano Vazio ou Pleno da Realidade Suprema. Vemostambém que só há uma Realidade Suprema deonde tudo se deriva, em todos os níveis demanifestação.Todo o universo Manifesto e Não-Manifestoliteralmente se origina, flutua e funciona noAbsoluto. Os universos manifestos vêm e vão apartir do Não-Manifesto que jamais é afetado noprocesso, jamais aparece no campo damanifestação ou toma parte em suas atividadese processos.

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IntroduçãoNo caso da individualidade do homem, Âtmâ é oNão-Manifesto, que permanece oculto e operaatravés de Buddhi e Manas.

Mahesha no Logos ou Ishvara é o Não-Manifestoe funciona através de Vishnu e Brahman.

O Absoluto no Eternom Não-Manifesto é oSupremo Não-Manifesto e opera através deShiva-Shakti Tattva e Maheshvara-MaheshvarîTattva.

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Introdução

FIM