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    Ernst Lanzer : O HOMEM DOS RATOS

    Sigmund Freud

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    Homem dos Ratos o nome peloqual ficou conhecido um texto deFreud dedicado neurose

    obsessiva. O ttulo original :BEMERKUNGEN BER EINEN FALLVON ZWANGSNEUROSE(Observaes (Bemerkungen) sobre

    um caso de neurose obsessiva(Zwangneurose)).

    Freud tratou um jovem cujo aanlise desse trabalho foi publicado

    como "Homem dos Ratos" (1909)(Vol. X da Coleo das ObrasCompletas de Freud da EditoraImago).

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    O caso do Homem dos Ratos permanece, por consenso geral, comoa nica terapia bem-sucedida que foi diretamente tratada e descrita

    por Freud.

    Freud procurou formular, a partir do estudo do caso, umaexplicao sobre a neurose obsessivo-compulsiva luz da suateoria PSICOSSEXUAL do desenvolvimento. Para tanto, realizou

    uma descrio rica e precisa de rituais e obsesses que seu

    paciente apresentava, buscando interpret-los luz de sua teoria.

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    O CASO

    Em 1 de outubro de 1907 um homem de 29 anos e

    meio de idade aparentando ser uma pessoa esclarecidae sagaz, queixa-se de obsesses desde sua infncia, mascom uma maior intensidade nos ltimos 4 anos de suavida.

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    Sofria de TEMORES de que algo acontecesse a duas pessoasde quem mais gostava - seu pai e uma jovem a quemadmirava (dama).

    Tinha conscincia de IMPULSOS COMPULSIVOS - tais como,por exemplo:

    Cortar sua garganta com uma navalha.

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    Escopofilia: Grande desejo pela nudez feminina x sentimento de culpa e punio(que seu pai iria morrer por causa disso).(Ideia obsessiva x medo obsessivo)

    Como forma de lidar com a obsesso impunha-se PROIBIES, muitas vezes emconexo com coisas triviais.

    Contudo, minutos depois pensou que era um absurdo, e foi obrigado a voltar erecolocar a pedra sua posio original.Como forma de evitar essa obsesso empregava uma frmula particular, dizendoa si mesmo:"Mas", acompanhado por um gesto de repdio, e depois: "O que que voc est

    pensando?

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    A experincia que precipitou a primeira consulta do paciente comFreud ocorreu quando estava em manobras em uma unidade

    militar. A experincia vivida avultou e piorou o quadro de obsesso.

    O FATO

    Tomou conhecimento por oficial de uma forma de tortura na qual o prisioneiroficava amarrado nu, sob um recipiente contendo ratos, que buscavamescavar seu nus em busca de uma sada. Tal pensamento passou a invadirsua mente sem que fosse capaz de evit-lo (intrusivo e persistente),causando-lhe grande aflio. Achava que isso poderia acontecer consigo

    prprio, com a jovem de quem gostava e ou com o pai, j falecido h noveanos.

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    O jovem passou anos combatendo essas e outras idias,conforme relatou, perdendo, deste modo, muito tempo desua vida. Vrios tratamentos haviam sido tentados, com

    nenhum efeito positivo.Seus principais sintomas eram:

    Negao patolgica de um estado afetivo normal.

    As ideias obsessivas seriam produtos de um compromisso.

    O despertar do sexo sempre traumtico e o excesso degozo causa culpe e punio.

    A duvida um sintoma e uma defesa da neuroseobsessiva.

    A ambivalncia afetiva pelo pai (amor/dio reprimido)

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    A onipotncia do pensamento mgico (acogitao)

    A anulao (A anulao de certa formaest ligada formao reativa. Isto ocorrepor exemplo, nos atos compulsivos, ondeo segundo ato a inverso do primeiro.Na repetio com inteno diferente.Essas repeties teriam o objetivo deanular o sentido inconsciente real do ato,dando-lhe um significado oposto).

    O isolamento.

    As idias de morte.

    Tudo se organiza em funo da descoberta de um significante principal na histria

    do paciente - Ratten (ratos).

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    O TRATAMENTO

    A anlise de Freudconcentrou-se naambivalncia do pacientepara com seu pai e ajovem a quem cortejava,originada em sua

    sexualidade precoce eintensa e sentimentosantigos de raiva contraseu pai (que haviam sidoSeveramente reprimidos).O rato para Freud estava

    ligado ao erotismo anal(aspecto de excitaoergeno-anal)

    Segundo Freud, a

    histria dos ratos umponto nodal (einKnotenpunkt) ondevm entroncar osdiversos fios dameada.

    Tudo isto assente nomero jogo significanteda palavra rato.Vejamos apenasalguns exemplos, tais

    como eles aparecemna fala do paciente:

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    erotismo anal (lembranas de excitaes anaisquando o paciente em criana)

    eliminava lombrigas parto anal (que Freud

    interpretava como simbolizando um pnis)

    Na sociedade alem o rato (ratten) foco demisria, perda, dano. Portanto associou-se:

    Spielratten (joqador de baralho),

    Raten (supor, suposio),Heilraten (casamento, acasalamento),Raten (prestao, pagamento) - significante estepor onde circula incessantemente a complicadatrama associativa que aprisiona expressa aestrutura conflitiva do paciente.

    Problemas antigos do pai do paciente com o jogo(em alemo, um jogador uma spielratte - ourato-do-jogo),

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    A TRANSFERENCIA

    H um forte papel desempenhado pela transferncia entre opaciente e o analista.

    J no primeiro encontro Ernst Lanzer informa a Freud que tiveracontato com um dos seus escritos, cujo tema era a explicao decuriosas associaes verbais. O texto que tinha chamado aateno do sr. Lanzer era A psicopatologia da vida cotidiana,de 1901.

    Podemos supor a uma transferncia do tipo positiva sob a forma deum sentimento de admirao que motivou o paciente a procurarFreud.

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    Em relao a este tipo de transferncia, Freud tem a dizer:

    A transferncia positiva ainda divisvel em transferncia de sentimentosamistosos ou afetuosos, que so admissveis conscincia, etransferncia de prolongamentos desses sentimentos no inconsciente.Com referncia aos ltimos, a anlise demonstra que invariavelmenteremontam a fontes erticas. E somos assim levados descoberta de que

    todas as relaes emocionais de simpatia, amizade, confiana e similares,das quais podemos tirar bom proveito em nossas vidas, acham-segeneticamente vinculadas sexualidade e se desenvolveram a partir dedesejos puramente sexuais, atravs da suavizao de seu objetivo sexual,por mais puros e no sensuais que possam parecer nossa

    autopercepo consciente. (FREUD, 1912, p. 116).

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    Mais numerosos ainda so os exemplos detransferncia negativa presentes no caso. Vejamos

    um exemplo deles a seguir:

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    Aps atravessarmos uma srie das mais severasresistncias e das mais amargas injrias de sua parte,ele no podia mais permanecer cego ao efeitoesmagador da perfeita analogia entre a fantasia detransferncia e o estado atual de acontecimentos

    passados. Repetirei um dos sonhos que ele teve nesseperodo, para fornecer um exemplo de sua maneira detratar o assunto. Sonhou que ele via minha filha suafrente; ela tinha dois pedaos de estrume no lugar dosolhos". (FREUD, 1909, p. 175, grifo do autor).

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    Fica claro neste exemplo o quanto o material detransferncia satisfaz a resistncia.

    A resistncia do sr. Lanzer aumentava de tal modo queos seus sonhos e fantasias acumulavam grosseiros eindecorosos improprios (FREUD, 1909, p. 182) contraFreud e a famlia dele.

    O paciente muitas vezes ficava horrorizado com taisinsultos, chegando ao ponto de levantar-se do div everbalizar: Como pode um cavalheirocomo o senhordeixar-se xingar desse modopor um sujeito baixo e-toa como eu?O senhor devia me enxotar, o quemereo.

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    Alm do da tpica ambivalncia presente na dinmica

    obsessiva, podemos observar tambm que a atuaoaumenta quando a resistncia aumenta.

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    De uma forma muito rica e detalhada Freud descreveu os sintomasdo transtorno obsessivo-compulsivo (at bem pouco: neuroseobsessivo-compulsiva): obsesses e compulses, rituais de

    anulao, que procurou interpretar luz de seu modelo psicossexualdo desenvolvimento. Particularmente so ricas suas descriessobre a forma de pensar do paciente obsessivo-compulsivomodernamente retomadas e valorizadas pelas teorias cognitivas doTOC: a importncia exagerada do pensamento, a dificuldade deconviver com a incerteza, a necessidade do controle, o

    perfeccionismo, o responsabilidade exagerada. Freud destacouainda o isolamento dos afetos em relao s idias, a ambivalncia,a anulao, o superego severo, como fenmenos associados aoTOC, e em funo dos sintomas do seu paciente supervalorizou ossintomas relacionados com nus, fezes, defecao e sadismo, queno seu entender apoiavam sua teoria.

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    Aps um ano de anlise, o paciente

    curou-se de seus sintomas e, nas palavras de Freud, "o

    delrio dos ratos desapareceu".

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    Referncias

    BEER. Paulo, A de C. Casos clnicos: a interface entre a literaturae cincia - Volume 2. So Paulo Editora Duetto

    FREUD, S. Obras completas. Edio standard brasileira/ SigmundFreud Vol X, Rio de Janeiro: Imago editora, 1996.

    MAHONY, P. Freud e o Homem dos Ratos. So Paulo: Escuta,1991.

    QUINODOZ, Jean-Michel. Ler Freud: guia de leitura da obra de S.Freud. Porto Alegre: Artmed, 2007.

    ZIMERMAN, Davis E. Fundamentos psicanalticos: teoria, tcnicae clnica uma abordagem didtica / David E. Zimerman. PortoAlegre.

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    Disciplina: Teorias e Tcnicas Psicoterpicas naAbordagem Psicanaltica

    Professora: Ana Elisa Marangoni

    Alunos: Roberto DenesJoelmaSandraConceioGirdianeSocorro