O homem que sabia perdoar

11

description

Já foi dito que um mundo sem perdão é um inferno... e provavelmente nalguma ocasião já experimentamos esse mesmo sentimento. Por outro lado, perdoar não é fácil. Não é indiferença, nem tampouco mera renúncia à vingança. O perdão tem raízes mais profundas. Centrado especialmente no período da Guerra Civil espanhola, este novo livro de Francisco Faus - sacerdote e escritor catalão, radicado há cinquenta anos no Brasil - narra episódios relacionados ao perdão na vida de São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, canonizado por João Paulo II em 2002.

Transcript of O homem que sabia perdoar

o homem que sabia perdoar

francisco faus

o homem que sabia perd oar

2a edição

São PauloI N D A I Á

2012

Copyright © 2012 by Fundación Studium

Capa e preparação

Nicolau da Rocha Cavalcanti

Fotos da capa e contracapa

Rosa na Cafelândia, 2011.

São Josemaria Escrivá, 15-XI-1954. AGP.

www.editoraindaia.org

Catalogação na Fonte do Departamento Nacional do Livro(Fundação Biblioteca Nacional)

Faus, Francisco, 1931 -O homem que sabia perdoarSão Paulo: Indaiá, 2011p. 136ISBN: 978-85-64480-00-1

1. Biografia. 2. Santos da Igreja Católica. CDD 922

Direitos reservados àPromoções CulturaisRua João Cachoeira, 1496São Paulo - SP

Perdoai e sereis perdoados.Lc 6, 36

Sumário

Introdução, 9

Perdão em clima de ódio, 12

Perdão em tempos de guerra, 36

Perdão em tempos de paz, 64

Um homem que sabia pedir perdão, 102

Anexos

Vida e mensagem de São Josemaria, 110

João Paulo II e São Josemaria Escrivá, 119

Bento XVI e São Josemaria Escrivá, 123

Obras sobre São Josemaria, 129

- 9 -

1. Introdução

Um homem havia perdido vários parentes, assassina-dos durante a Guerra Civil espanhola por milícias do grupo republicano. Estava desconsolado, e queria erguer no local do assassinato – um cruzamento de estradas – uma gran-de cruz, como memória do crime ali cometido. Entendia-o como um ato de justiça: não deixar cair no esquecimento a barbárie promovida contra os seus familiares.

Com essa ideia em mente, foi conversar com um padre. Ao comentar-lhe o seu projeto, ouviu do sacerdote um con-selho que o desconcertou: «Não deve fazê-lo, porque o que o move a agir assim é o ódio: não será uma Cruz de Cristo, mas a cruz do diabo». A cruz não foi colocada, e aquela pes-soa soube perdoar1.

Perdoar é uma das ações humanas mais difíceis. A in-justiça provoca uma reação intensa, e muitas vezes parece que perdoar seria um equívoco, como se fosse uma aprova-ção da agressão, uma aceitação covarde do mal sofrido.

É difícil também porque o perdão não é indiferença,

1 Andrés Vázquez de Prada. O Fundador do Opus Dei. Ed. Quadrante: São Paulo, 2004, vol. II, pág. 347.

- 10 -

frieza ou insensibilidade perante o mal: implica sofrer, sentir a pena, e depois perdoar, desculpar de coração o ou-tro. Talvez por isso se diga que perdoar às vezes está acima das forças humanas.

É o drama humano. Viver sem perdoar é tremendo, gera não raras vezes diversas doenças psíquicas, mas... como perdoar sempre? Como viver bem com o passado? Como assimilar as experiências pessoais negativas? Não há respos-tas prontas para essas perguntas. Não existe caminho fácil, ou melhor, o caminho sempre precisa ser aberto por cada um. Cada pessoa deve encontrar as suas respostas, o seu iti-nerário.

Este livro narra algumas histórias relacionadas ao per-dão na vida do sacerdote acima mencionado, que desesti-mulou aquele homem a erguer «a cruz do ódio» na estrada. Era o padre Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, que viria a ser canonizado em 2002 pelo Papa João Paulo II. Um santo de hoje que, ao longo da vida, fora aprendendo o ca-minho do perdão junto dAquele que, pregado numa cruz, pedia: Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem2.

Os episódios aqui descritos baseiam-se em recentes pesquisas bibliográficas e estão agrupados cronologicamen-te em três períodos: antes, durante e depois da Guerra Civil espanhola. Este foi provavelmente o fato histórico mais im-portante do século XX na vida civil e política espanhola, e é considerado por muitos historiadores como uma antecipa-ção do que viria a ocorrer na 2ª Guerra Mundial.

2 Lc 23,34.

- 11 -

No quinto capítulo, apresentam-se alguns episódios nos quais é São Josemaria quem pede perdão; afinal, perdoar e reconhecer as ocasiões em que se deve pedir perdão têm os mesmos fundamentos: a humildade e a caridade.

Ao final, encontram-se quatro Anexos, que esperamos possam ser úteis ao leitor que queira conhecer um pouco mais sobre São Josemaria Escrivá e a sua mensagem.