O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

40
O IMAGINÁRIO SATÍRICO O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1) (1)

description

O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1). T R O V A D O R I S M O. GUILLAUME IX (1071-1127), O TROVADOR. Palavra. Música. Emoção. Trovadorismo galego-português. (séculos XII, XIII e XIV). Cancioneiros: • da Ajuda • da Vaticana • da Biblioteca Nacional. Dom Dinis (1261-1325). - PowerPoint PPT Presentation

Transcript of O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Page 1: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

O IMAGINÁRIO SATÍRICOO IMAGINÁRIO SATÍRICO(1)(1)

Page 2: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

T R O V A D O R I S M O

Page 3: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

GUILLAUME IX (1071-1127), O TROVADOR

Page 4: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Palavra

Música

Emoção

Page 5: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

(séculos XII, XIII e XIV)

Trovadorismo galego-português

Dom Dinis (1261-1325)

Cancioneiros:

• da Ajuda

• da Vaticana

• da Biblioteca Nacional

Page 6: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Cantigas de Escárnio

Sátira indireta (encoberta)

Humor e ironia

Ambiguidade

Subentendidos

Page 7: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Vej' eu as gentes andar revolvendo e mudando aginha os corações do que põen antre si as nações; e já m'eu aquesto vou aprendendoe ora cedo mais aprenderei:a quen poser preito, mentir-lho-ei, e assi irei melhor guarecendo. Ca vej' eu ir melhor ao mentireiroc'ao que diz verdade ao seu amigo;e por aquesto o jur' e o digoque já mais nunca seja verdadeiro;mais mentirei e firmarei log'al:a quen quer'oje ben, querrei-lhe mal,e assi guarrei come cavaleiro.

Pois que meu prez nen mia onra non crece,por que me quígi teer à verdade,vede-lo que farei, par car(i)dade,pois que vej' o que m' assi acaece:mentirei ao amigo e ao senhor,e poiará meu prez e meu valorcon mentira, pois con verdade dece.

Pero Mafaldo

Page 8: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Ũa dona, non digu' eu qual, non agùirou ogano mal polas oitavas de Natal: ia por sa missa oir, e (ouv') un corvo carnaçal, e non quis da casa sair. A dona, mui de coraçon, oira sa missa, enton, e foi por oir o sarmon, e vedes que lho foi partir: ouve sig' un corv' acaron, e non quis da casa sair.

A dona disse:—Que será? E i o clérigu' está já revestid' e maldizer-m'-á, se me na igreja non vir. E diss' o corvo: quá, (a)cá, e non quis da casa sair. Nunca taes agoiros vi, dês aquel dia que naci; com' aquest' ano ouv' aqui; e ela quis provar de s'ir, e ouv' un corvo sobre si, e non quis da casa sair.

João Airas de Santiago

Page 9: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Humor e ironia

Cantigas de Maldizer

Sátira direta (aberta)

Temática escabrosa

Linguagem obscena

Page 10: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Luzia Sánchez, jazedes en gran falha

comigo, que non fodo mais nemigalha

dua vez; e, pois fodo, se Deus mi valha,

fiqu'end'afrontado ben por tecer dia.

Par Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,

se eu foder-vos podesse, foder-vos-ia. [...]

D. João Soares Coelho

Page 11: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

H U M A N I S M O

Transição da Idade Média ao Renascimento

Crise do Feudalismo

Crise da Igreja católica

Crise da Escolástica

Início do Absolutismo

Prosperidade da burguesia

Início do Mercantilismo

Page 12: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Revalorização da Antiguidade greco-latina

Estudos de grego e de latim

Valorização da natureza

Valorização do homem

Consciência crítica

Consciência histórica

H U M A N I S M O

Page 13: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Dante Alighieri(1265-1321)

Grandes Humanistas

Page 14: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Francesco Petrarca(1304-1374)

Grandes Humanistas

Page 15: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Erasmo de Roterdam(1467-1536)

Grandes Humanistas

Page 16: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Thomas More(1478-1535)

Grandes Humanistas

Page 17: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Nicolau Maquiavel(1469-1527)

Grandes Humanistas

Page 18: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Gil Vicente(1465?-1537?)

Grandes Humanistas

Page 19: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

AUTO DA BARCA DO INFERNOAUTO DA BARCA DO INFERNO(1517)(1517)

Page 20: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

O Inferno, c. 1520. Anônimo. Museu Nacional de Arte Antiga. Lisboa

Page 21: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Cena 1: Diabo e Companheiro

Cena 2: FidalgoCena 2: Fidalgo

Page 22: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Cena 3: Onzeneiro

Cena 4: Joane, o parvo

Cena 5: Sapateiro

Page 23: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Cena 6: Frade

Cena 7: Brísida Vaz, a alcoviteira

Cena 8: Judeu

Page 24: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Cena 9: Corregedor

Cena 10: Procurador

Cena 11: Enforcado

Page 25: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Cena 12: Quatro cavaleiros cruzados

Page 26: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

GÊNERO: Auto de moralidade

Sátira alegórica Mescla de elementos sacros e profanos

CENÁRIO: unidade de espaço

Cais da vida eterna Duas embarcações ancoradas

TEMPO: unidade de tempo

PERSONAGENS

Alegóricas (personificação de idéias) Típicas (representação de tipos sociais)

Intervalo entre marés

Page 27: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

ESTRUTURA GÓTICA

12 cenas justapostas Não há unidade de ação

TEMÁTICA: a morte e o juízo final

LÍNGUA E LINGUAGEM

Português quinhentista Castelhano Saiguês Latim macarrônico Variantes linguísticas adequadas aos tipos sociais Teatro poético:

Versos redondilhos maiores Estrofes rimadas Ritmo fluente

Page 28: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

FIDALGO — Porém, a que terra passais?DIABO — Pera o inferno, senhor.FIDALGO — Terra é bem sem sabor.DIABO — Quê! E também cá zombais?FIDALGO — E passageiros achais

pera tal habitação?DIABO — Vejo-vos eu em feição

pera ir ao nosso cais. FIDALGO — Parece-te a ti assi.DIABO — Em que esperas ter guarida?FIDALGO — Que leixo na outra vida

quem reze sempre por mi.DIABO — Quem reze sempre por ti?

Hi hi hi hi hi hi hi!E tu viveste a teu prazer,cuidando cá guarecer,porque rezam lá por ti?

Page 29: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Embarca, ou embarcai,que haveis d’ ir à derradeira.Mandai meter a cadeira,que assi passou vosso pai.

FIDALGO — Quê, quê, quê! E assi lhe vai?DIABO — Vai ou vem, embarcai prestes:

segundo lá escolhestes,assi cá vos contentai.

Pois que a morte já passastes,haveis de passar o rio.

FIDALGO — Não há aqui outro navio?DIABO — Não, senhor, que este fretastes,

e já quando expirastes,me tínheis dado sinal.

FIDALGO — Que sinal foi esse tal?DIABO — Do que vós vos contentastes.

Page 30: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

FIDALGO — A est’ outra barca me vou.Ó da barca! Pera onde is?Ah, barqueiros, não m’ ouvis?Respondei-me! Oulá, ou!Pardeus, aviado estou:quant’ a isto é já pior.Que gericocins, salvanor!Cuidam cá que sou eu grou!

ANJO — Que mandais?FIDALGO — Que me digais,

pois parti tão sem aviso,se a barca do Paraísoé esta em que navegais.

ANJO — Esta é; que demandais?FIDALGO — Que me leixeis embarcar:

sou fidalgo de solar,é bem que me recolhais.

Page 31: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

ANJO — Não se embarca tiranianeste batel divinal.

FIDALGO — Não sei porque haveis por malque entre minha senhoria.

ANJO — Pera vossa fantesiamui estreita é esta barca.

FIDALGO — Pera senhor de tal marcanão há aqui mais cortesia?

Venha prancha e atavio:levai-me desta ribeira.

ANJO — Não vindes vós de maneirapera ir neste navio.Ess’ outro vai mais vazio,a cadeira entrará,e o rabo caberá,e todo vosso senhorio.

Page 32: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Vós ireis mais espaçoso,com fumosa senhoria,cuidando na tirania,do pobre povo queixosoe porque de generosodesprezastes os pequenosachar-vos-eis tanto menosquanto mais fostes fumoso.

Page 33: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

AUTO DE INÊS PEREIRAAUTO DE INÊS PEREIRA(1523)(1523)

Page 34: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

TEMPOEm torno de 1523Cena 1 a 18: entardecer de um dia qualquerCena 19: salto temporal. Após o casamento, o Escudeiro parte para a guerraCena 22: salto de três meses. Inês fica viúva do Escudeiro e aceita Pero Marques

ESPAÇOCidade de Tomar, ao norte do RibatejoCasa de Inês Pereira (do lado de fora e na sala)Caminho para a ermida do Ermitão, em que se atravessa um rio

FARSA DE INÊS PEREIRA (1523)“Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube”

Page 35: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

FARSA DE INÊS PEREIRA (1523)“Mais quero asno que me leve que cavalo que me derrube”

PERSONAGENS TÍPICAS(representam os grupos sociais a que pertencem) Inês Pereira (jovem pequeno-burguesa) Mãe (de Inês) Lianor Vaz (casamenteira) Pero Marques (2º marido: o “asno”) Latão e Vidal (judeus casamenteiros) Escudeiro Brás da Mata (1º marido: o “cavalo”) Moço (Fernando, criado do Escudeiro) Ermitão (falso monge) VizinhosGÊNERO: Farsa (peça humorística)LÍNGUA Português quinhentista coloquial e popular (exceto as falas do Ermitão) Castelhano (falas do Ermitão)TEMÁTICA O casamento por interesse A dissolução moral da sociedade: “os fins justificam os meios”

AÇÃO: um ato com 30 cenas enredadas (começo, meio e fim)LINGUAGEM Teatro poético: Versos redondilhos maiores Estrofes rimadas Ritmo fluente Falas moduladas conforme os padrões linguisticos sociais Realismo Espírito crítico

Page 36: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

[Pero Marques chega à casa de Inês e diz:] Pero: Folguei ora de vir cá. Eu vos escrevi de lá Uma cartinha, senhora Mãe: Tomais aquela cadeira. Pero: E que vai aqui uma destas?Inês: Ó Jesu! Que João das bestas! Olhai aquela canseira! [Assentou-se com as costas para elas e diz:] Pero: Eu cuido que não estou bem...Mãe: Como vos chamais, amigo?Pero: Eu Pero Marques me digo, Como meu pai que Deus tem: Faleceu – perdoe-lhe Deus! – Que fora bem escusado, E ficamos dois eréus, Porém meu é o morgado.

Page 37: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Mãe: De morgado é vosso estado! Isso viria dos céus!Pero: Mais gado tenho eu já quanto, E o maior de todo o gado, Digo maior algum tanto. E desejo ser casado, Prouvesse ao Espírito Santo, Com Inês; que eu me espanto Quem me fez seu namorado. Parece moça de bem, E eu de bem er também, Ora vós er ide vendo Se lhe vem melhor ninguém, E segundo o que entendo. Cuido que lhe trago aqui Pêras de minha pereira – hão de estar na derradeira – Tende ora, Inês, per i.

Page 38: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Inês: Hei isso de ter na mão?Pero: Deitai as peias no chão.Inês: As perlas para enfiar Três chocalhos e um novelo, E as peias do capelo: E as pêras onde estão? Pero: Nunca tal me aconteceu: Algum rapaz mas comeu; Que as meti no capelo, E ficou aqui o novelo, E o pente não se perdeu: Pois trazia-as de boa mente. Inês: Fresco vinha aí o presente Com folhinhas borrifadas!

Page 39: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Pero: Não, que elas vinham chantadas Cá em fundo, no mais quente. Vossa mãe foi-se? Ora bem! Só nos deixou ela assi? Cant’eu quero me ir daqui, Não diga algum demo alguém... Inês: Vós que me havíeis de fazer Nem ninguém que há de dizer? Oh galante despejado!Pero: Se eu fora já casado, Doutra arte havia de ser, Como homem de bom recado. Inês: Quão desviado este está! Todos andam por caçar Suas damas sem casar, E este, tomade-o lá!

Page 40: O IMAGINÁRIO SATÍRICO (1)

Pero: Vossa mãe é lá no muro?Inês: Minha mãe, a vós seguro, Que ela venha cá dormir. Pero: Pois, senhora, que quero-me ir Antes que venha o escuro.Inês: E não cureis mais de vir. Pero: Virá cá Lianor Vaz. Veremos que lhe dizeis.Inês: Homem, não aporfieis, Que não quero nem me praz; Ide casar a Cascais!Pero: Não voz anojarei mais, Ainda que saiba estalar; E prometo não casar Até que vós não queirais.