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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 54 Nº 638 Abril de 2007 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Divaldo Franco: 60 anos de oratória A noite da terça-feira, 27 de março, em Aracaju, teve um sig- nificado especial, pois o tribuno e médium Divaldo Pereira Fran- co comemorou 60 anos de orató- ria espírita, proferindo palestra pública na capital sergipana, mais precisamente no Espaço Emes, que abrigou cerca de três mil pes- soas (fotos). Na mesma oportu- nidade e no mesmo local aconte- ceu o I Feirão do Livro Espírita da Mansão do Caminho, quando o público sergipano teve acesso a todas as publicações psicografadas pelo renomado médium. A noite foi cheia de emoções, desde a apresentação do grupo Ca- narinhos de Aracaju à entrega de placas comemorativas a Divaldo Franco. Uma pela Federação Espí- rita de Sergipe e outra pela União Espírita Sergipana, instituição onde em 27 de março de 1947, ainda lo- calizada na Rua de Santa Luzia, Divaldo Franco proferiu sua pri- meira palestra pública, então com apenas 19 anos de idade. O presidente da Federativa Sergipana, Júlio César Freitas Góis, abriu oficialmente os traba- lhos da noite, agradecendo a Di- valdo Franco os inestimáveis ser- viços prestados à divulgação do Espiritismo no mundo, onde já vi- sitou inúmeros países em quatro continentes e já proferiu em torno de 12 mil conferências, sempre re- quisitado para os megaeventos es- píritas nacionais e internacionais. Sob o aplauso do público, Di- valdo Franco proferiu sua palestra 150 anos de Espiritismo moderno agradecendo a Deus por ali estar comemorando com irmãos de ide- al e com pessoas das mais diver- sas religiões seis décadas de pre- gação da mensagem do Cristo, o que o levava diuturnamente ao es- tudo, para se tornar mais claro e prático falar para o povo, nas di- versas circunstâncias. Na sua fala o tribuno baiano fez uma digressão de sua vida, falando da sua mediunidade que lhe permi- tia desde a tenra idade ver e con- versar com os Espíritos e repassar às pessoas o que eles lhe diziam, sendo alvo de algumas surras da parte do pai, constrangido pelas conversas que lhe chegavam das pessoas da cidade de Feira de San- tana, espantadas com as revelações do menino. Discorreu sobre como um católico, freqüentador assíduo da Igreja e ligado ao pároco, trans- formou-se em espírita, levando-o em 1945 a trocar de cidade, indo residir em Salvador, onde fundou o Centro Espírita Caminho da Reden- ção e posteriormente, atrelado a este, a megaobra Mansão do Cami- nho, onde atende mais de três mil crianças e jovens, além de doentes incuráveis, fornecendo cerca de quatro mil refeições diárias. Um espaço de sua palestra Di- valdo Franco dedicou a Aracaju, afirmando a representatividade da capital sergipana em sua vida e nar- rando aos presentes as circunstân- cias que o levaram a proferir na noite de 27 de março de 1947 sua primeira palestra pública, quando, emocionado, teve sérias dificulda- des para transmitir elementares mensagens. Frisou que a ocasião de desespero lhe toldou o raciocínio, levando-o a desistir de sua exposi- ção. Assinalando, porém, que seu gesto foi reprovado por um Espíri- to que adentrou a sala da União Es- pírita Sergipana – posteriormente veio a saber ser Humberto de Cam- pos —, que lhe ordenou: “Levante- se, pois todo o trabalhador do Cris- to tem de ficar de pé para o servi- ço”, e o ajudou na pregação, que fluiu tranqüila e sem interrupções. “Foi aí que tudo começou e até hoje vivo pelo mundo procurando pas- sar a mensagem de Jesus ao pú- blico, como roteiro de paz e mu- danças, pois uma crença que não se baseia numa transformação moral é morta.” De acordo com os registros da Federação Espírita de Sergipe, a segunda palestra da vida de Di- valdo Franco também foi profe- rida em Aracaju. Aconteceu no dia 29 de março de 1947, dois dias após a primeira, numa palho- ça, sede do canteiro de obras do Grupo Espírita Irmão Fêgo, na rua Sergipe, no bairro Siqueira Campos. (As fotos que ilustram esta reportagem foram feitas por Luiz Carlos Lopes Moreira.) Divaldo Franco fala emocionado sobre a importância de Aracaju na sua vida Em princípios do ano de 1857 entravam para o prelo da Livraria Dentu, no Palácio Real, em Paris, os originais da obra que seria o marco do Espiritis- mo moderno: “O Livro dos Espíritos”, que com- pleta no dia 18 deste abril 150 anos de vida. Depois de vários trabalhos de revisão e melhoramentos, fi- nalmente a obra foi dada à luz. A primeira edição, de grande valor histórico para os seguidores e sim- patizantes da Doutrina Espírita, apareceu em for- mato grande, com 176 páginas e 501 perguntas. Este texto abre a matéria especial intitulada “150 anos de Doutrina Espírita”, com que este pe- riódico relembra a data que representa não só o aparecimento do livro, mas o advento do próprio Espiritismo em sua feição moderna e doutrinária. Págs. 8 e 9 LUDUVICE JOSÉ De Aracaju (SE) Divaldo exibe a placa entregue pelo presidente da Federação Espírita de Sergipe, Júlio César Freitas Góis A Revue Spirite há 140 anos ..... 15 Aiglon Fasolo .............................. 6 Clássicos do Espiritismo ............. 5 Crônicas de Além-Mar .............. 12 De coração para coração ............. 4 Divaldo responde ........................ 5 Editorial ....................................... 2 Emmanuel .................................... 2 Espiritismo para as crianças ..... 14 Estudando as obras de André Luiz ............................ 13 Gilberto Simioni ........................ 13 Grandes Vultos do Espiritismo ... 7 Joanna de Ângelis ....................... 2 Jorge Hessen ............................... 3 José Viana Gonçalves ............... 12 Momentos com Divaldo Franco .......................... 13 Palestras, seminários e outros eventos .......................... 11 Ainda nesta edição O Sesquicentenário de “O Livro dos Espíritos” Leia o editorial publicado na pág. 2 deste número, em que se comenta o aniversário de 150 anos d´O Livro dos Espíritos, a primeira e mais importante obra de Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, cujo ad- vento, como tudo na obra de Deus, ocorreu no momento e no lugar certos. A expansão do Espiritismo, segundo Delanne e Divaldo No dia 20 de agosto de 1965, em Paris, André Luiz, o conhecido autor da série “Nosso Lar”, entre- vistou Gabriel Delanne, que formou ao lado de Allan Kardec e Léon Denis o trio de autores mais impor- tantes que já escreveram sobre o Espiritismo em nos- so mundo. Foram, no total, 20 questões. A primeira tratou do trabalho que Delanne, então desencarna- do, desenvolvia naquela oportunidade. As 19 ques- tões seguintes trataram do Espiritismo e da expan- são da Doutrina Espírita na França e na Europa, as- suntos que, passados mais de 41 anos, submetemos à apreciação do estimado confrade Divaldo P. Fran- co, cujo papel no ressuscitamento do Espiritismo na Europa é de todos conhecido. Pág. 16

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 54 Nº 638 Abril de 2007 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Divaldo Franco: 60 anos de oratória

A noite da terça-feira, 27 demarço, em Aracaju, teve um sig-nificado especial, pois o tribunoe médium Divaldo Pereira Fran-co comemorou 60 anos de orató-ria espírita, proferindo palestrapública na capital sergipana, maisprecisamente no Espaço Emes,que abrigou cerca de três mil pes-soas (fotos). Na mesma oportu-nidade e no mesmo local aconte-ceu o I Feirão do Livro Espíritada Mansão do Caminho, quando

o público sergipano teve acesso atodas as publicações psicografadaspelo renomado médium.

A noite foi cheia de emoções,desde a apresentação do grupo Ca-narinhos de Aracaju à entrega deplacas comemorativas a DivaldoFranco. Uma pela Federação Espí-rita de Sergipe e outra pela UniãoEspírita Sergipana, instituição ondeem 27 de março de 1947, ainda lo-calizada na Rua de Santa Luzia,Divaldo Franco proferiu sua pri-meira palestra pública, então comapenas 19 anos de idade.

O presidente da FederativaSergipana, Júlio César FreitasGóis, abriu oficialmente os traba-lhos da noite, agradecendo a Di-valdo Franco os inestimáveis ser-viços prestados à divulgação doEspiritismo no mundo, onde já vi-sitou inúmeros países em quatrocontinentes e já proferiu em tornode 12 mil conferências, sempre re-quisitado para os megaeventos es-píritas nacionais e internacionais.

Sob o aplauso do público, Di-valdo Franco proferiu sua palestra

150 anos deEspiritismo moderno

agradecendo a Deus por ali estarcomemorando com irmãos de ide-al e com pessoas das mais diver-sas religiões seis décadas de pre-gação da mensagem do Cristo, oque o levava diuturnamente ao es-tudo, para se tornar mais claro eprático falar para o povo, nas di-versas circunstâncias.

Na sua fala o tribuno baiano fezuma digressão de sua vida, falandoda sua mediunidade que lhe permi-tia desde a tenra idade ver e con-versar com os Espíritos e repassaràs pessoas o que eles lhe diziam,sendo alvo de algumas surras daparte do pai, constrangido pelasconversas que lhe chegavam daspessoas da cidade de Feira de San-tana, espantadas com as revelaçõesdo menino. Discorreu sobre comoum católico, freqüentador assíduoda Igreja e ligado ao pároco, trans-formou-se em espírita, levando-oem 1945 a trocar de cidade, indoresidir em Salvador, onde fundou oCentro Espírita Caminho da Reden-ção e posteriormente, atrelado aeste, a megaobra Mansão do Cami-

nho, onde atende mais de três milcrianças e jovens, além de doentesincuráveis, fornecendo cerca dequatro mil refeições diárias.

Um espaço de sua palestra Di-valdo Franco dedicou a Aracaju,afirmando a representatividade dacapital sergipana em sua vida e nar-rando aos presentes as circunstân-cias que o levaram a proferir nanoite de 27 de março de 1947 suaprimeira palestra pública, quando,emocionado, teve sérias dificulda-des para transmitir elementaresmensagens. Frisou que a ocasião dedesespero lhe toldou o raciocínio,levando-o a desistir de sua exposi-ção. Assinalando, porém, que seugesto foi reprovado por um Espíri-to que adentrou a sala da União Es-pírita Sergipana – posteriormenteveio a saber ser Humberto de Cam-pos —, que lhe ordenou: “Levante-se, pois todo o trabalhador do Cris-to tem de ficar de pé para o servi-ço”, e o ajudou na pregação, quefluiu tranqüila e sem interrupções.“Foi aí que tudo começou e até hojevivo pelo mundo procurando pas-

sar a mensagem de Jesus ao pú-blico, como roteiro de paz e mu-danças, pois uma crença que nãose baseia numa transformaçãomoral é morta.”

De acordo com os registros daFederação Espírita de Sergipe, asegunda palestra da vida de Di-valdo Franco também foi profe-rida em Aracaju. Aconteceu nodia 29 de março de 1947, doisdias após a primeira, numa palho-ça, sede do canteiro de obras doGrupo Espírita Irmão Fêgo, narua Sergipe, no bairro SiqueiraCampos. (As fotos que ilustramesta reportagem foram feitas porLuiz Carlos Lopes Moreira.)

Divaldo Franco fala emocionado sobrea importância de Aracaju na sua vida

Em princípios do ano de 1857 entravam para oprelo da Livraria Dentu, no Palácio Real, em Paris,os originais da obra que seria o marco do Espiritis-mo moderno: “O Livro dos Espíritos”, que com-pleta no dia 18 deste abril 150 anos de vida. Depoisde vários trabalhos de revisão e melhoramentos, fi-nalmente a obra foi dada à luz. A primeira edição,de grande valor histórico para os seguidores e sim-patizantes da Doutrina Espírita, apareceu em for-mato grande, com 176 páginas e 501 perguntas.

Este texto abre a matéria especial intitulada“150 anos de Doutrina Espírita”, com que este pe-riódico relembra a data que representa não só oaparecimento do livro, mas o advento do próprioEspiritismo em sua feição moderna e doutrinária.Págs. 8 e 9

LUDUVICE JOSÉDe Aracaju (SE)

Divaldo exibe a placa entregue pelopresidente da Federação Espírita de

Sergipe, Júlio César Freitas Góis

A Revue Spirite há 140 anos ..... 15Aiglon Fasolo .............................. 6Clássicos do Espiritismo ............. 5Crônicas de Além-Mar .............. 12De coração para coração ............. 4Divaldo responde ........................ 5Editorial ....................................... 2Emmanuel .................................... 2Espiritismo para as crianças ..... 14Estudando as obrasde André Luiz ............................ 13Gilberto Simioni ........................ 13Grandes Vultos do Espiritismo ... 7Joanna de Ângelis ....................... 2Jorge Hessen ............................... 3José Viana Gonçalves ............... 12Momentos comDivaldo Franco .......................... 13Palestras, semináriose outros eventos .......................... 11

Ainda nesta ediçãoOSesquicentenário

de “OLivro dosEspíritos”

Leia o editorial publicado napág. 2 deste número, em que secomenta o aniversário de 150anos d´O Livro dos Espíritos, aprimeira e mais importante obrade Allan Kardec, o Codificadorda Doutrina Espírita, cujo ad-vento, como tudo na obra deDeus, ocorreu no momento e nolugar certos.

A expansão doEspiritismo, segundo

Delanne e DivaldoNo dia 20 de agosto de 1965, em Paris, André

Luiz, o conhecido autor da série “Nosso Lar”, entre-vistou Gabriel Delanne, que formou ao lado de AllanKardec e Léon Denis o trio de autores mais impor-tantes que já escreveram sobre o Espiritismo em nos-so mundo. Foram, no total, 20 questões. A primeiratratou do trabalho que Delanne, então desencarna-do, desenvolvia naquela oportunidade. As 19 ques-tões seguintes trataram do Espiritismo e da expan-são da Doutrina Espírita na França e na Europa, as-suntos que, passados mais de 41 anos, submetemosà apreciação do estimado confrade Divaldo P. Fran-co, cujo papel no ressuscitamento do Espiritismo naEuropa é de todos conhecido. Pág. 16

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O IMORTALPÁGINA 2 ABRIL/2007

EditorialEMMANUEL

O dia 18 do corrente mês assinalao aniversário de 150 anos d´O Livrodos Espíritos, a primeira e mais impor-tante obra de Allan Kardec, o Codifi-cador da Doutrina Espírita, cujo adven-to, como tudo na obra de Deus, ocor-reu no momento e no lugar certos.

Diz-nos Ernesto Bozzano, emseu livro “A Crise da Morte”, que asmanifestações mediúnicas que de-ram origem à Nova Revelação seproduziram no momento exato emque estavam maduros os tempos,para serem compreendidas, apreci-adas e assimiladas. Se se houvessemproduzido um século antes, teriampassado despercebidas e infecundas.“Cumpre, pois, se reconheça que aNova Ciência da Alma nasceu nahora precisa, no seio dos povos ci-vilizados.” (Obra citada, p. 92.)

É, assim, com justa satisfaçãoque os espiritistas do mundo todocomemoram essa data, que evoca-mos neste momento para assinalar-mos as inúmeras contribuições quea Doutrina ensinada pelos Espíritostrouxe à Humanidade terrena.

Na visão de Léon Denis, os princí-pios que decorrem da Nova Revelação- princípios ensinados pelos Espíritosdesencarnados - são os seguintes:• Existência de Deus.• Imortalidade da alma.• Comunicação entre os vivos e osmortos.• Progresso infinito.

Segundo esses princípios – ob-serva Léon Denis – a alma edificapor si mesma seu futuro. Conforme

Observa a tua atitude quando dás.Examina-a cuidadosamente e desco-brirás, logo depois, outras oportuni-dades para prosseguir fazendo a tuadádiva, que pode ser o pequeno tem-po de atenção que cedas a um aflito,ou a tua energia socorrista, ou ainda atua provisão material...

O hábito de dar ensinar-te-á a bên-ção da autodoação ou contribuição

No mundo, os templos da fé reli-giosa, desde que consagrados à Di-vindade do Pai, são departamentosda casa infinita de Deus, onde Jesusministra os seus bens aos coraçõesda Terra, independentemente da es-cola de crença a que se filiam.

A essas subdivisões do eternosantuário comparecem os tuteladosdo Cristo, em seus diferentes grausde compreensão. Cada qual, instin-tivamente, revela ao Senhor onde co-loca seu tesouro.

Muitas vezes, por isso mesmo,nos recintos diversos de sua casa, Je-sus recebe, sem resposta, as súplicasde inúmeros crentes de mentalidadeinfantil, contraditórias ou contrapro-ducentes.

O egoísta fala de seu tesouro,exaltando as posses precárias; o ava-rento refere-se a mesquinhas preo-cupações; o gozador demonstra ape-tites insaciáveis; o fanático repete pe-didos loucos.

Cada qual apresenta seu caprichoferido como sendo a dor maior.

Cristo ouve-lhes as solicitações eespera a oportunidade de dar-lhes a co-

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O Sesquicentenário de “O Livro dos Espíritos”seu estado moral, os fluidos grossei-ros ou sutis que compõem seuperispírito, e que ela atrai a si porseus hábitos e tendências, a arras-tam para as esferas inferiores, paraos mundos de dor onde ela sofre,expia, resgata seu passado, ou entãoa levam para planetas felizes onde amatéria tem menos império, ondereina a harmonia, a bem-aventuran-ça. (O porquê da vida, pp. 47 a 49.)

Acrescentaremos, no entanto, aosprincípios citados por Denis dois ou-tros de fundamental importância paraque se entendam o mistério da vida ea razão de nossa presença no mundo,com todas as perturbações e desequi-líbrios que o globo nos apresenta.

O primeiro, tratado na questão132 d´O Livro dos Espíritos, diz res-peito à finalidade da encarnação. Porque é que os Espíritos – seres espi-rituais e morais por excelência – têmde passar pela experiência na carne?

“Deus lhes impõe a encarnaçãocom o fim de fazê-los chegar à per-feição”, eis o que ensinaram os imor-tais na referida questão, aditando emseguida: “Visa ainda outro fim a en-carnação: o de pôr o Espírito em con-dições de suportar a parte que lhetoca na obra da criação”. “É assimque, concorrendo para a obra geral,ele próprio se adianta.”

O outro princípio, que decorredeste último, é o da reencarnação,objeto da questão 166 do livro quecompleta em abril 150 anos. Subme-tendo-se à prova de uma nova exis-tência, o Espírito tem a possibilida-

de de crescer, de evoluir, de depu-rar-se, porquanto a reencarnação é aoportunidade que temos de fazermelhor o que no passado fizemoscom imperfeição. A meta é e serásempre a perfeição, objetivo acessí-vel a todos os Espíritos, tal comoJesus nos havia descortinado em trêsconhecidas passagens do Evangelho:• “Vós sois deuses”, isto é, seresperfectíveis, criaturas fadadas à per-feição.• “Tudo que eu faço podereis fazertambém e muito mais”, ou seja, oque diferencia um ser elevadíssimocomo Jesus e a criatura mais abjetaé a diferença de grau evolutivo, quepoderá ser superada pelas encarna-ções sucessivas.• “Das ovelhas que meu Pai me con-fiou nenhuma se perderá”, o queimplica reconhecer que Jesus e seusprepostos tudo fazem e farão paraque a criatura humana vença seusobstáculos e, por mérito próprio, al-cance a meta a que está destinada.

Atribui-se erradamente ao Espi-ritismo o princípio conhecido entrenós como lei de causa e efeito. Em-bora reafirmado pela Doutrina Es-pírita, devemos fazer justiça aos pro-fetas da antigüidade e ao Mestre deNazaré, porque tanto Jeremias comoJesus nos advertiram em mais deuma ocasião que aquele que matarcom a espada perecerá vítima da es-pada, que a cada um será sempredado de acordo com seu merecimen-to e que, por fim, se a semeadura élivre, a colheita é compulsória.

Um minuto com Joanna de Ângelisplenificadora.

Quando dás com alegria, a lei deDeus, perfeita em todas as suas mani-festações, cumpre-se através de ti, poisque se exterioriza, clara e ardorosa,como expressão de fé e amor.

Assim, comparte, livre e incondi-cionalmente, a tua dádiva com o teupróximo, regozijando-te com a recom-pensa de paz, que fruirás.

O tesouro maior

nhecer o tesouro imperecível. Ouve emsilêncio porque a erva tenra pede tem-po destinado ao processo evolutivo eespera, confiante, porquanto não pres-cinde da colaboração dos discípulos re-solutos e sinceros para a extensão dodivino apostolado. No momento ade-quado, surgem esses, ao seu influxo su-blime, e a paisagem dos templos semodifica. Não são apenas crentes quecomparecem para a rogativa, são tra-balhadores decididos que chegam parao trabalho. Cheios de coragem, dispos-tos a morrer para que outros alcancema vida, exemplificam a renúncia e o de-sinteresse, revelam a Vontade do Pai emsi próprios e, com isso, ampliam nomundo a compreensão do tesouro mai-or, sintetizado na conquista da luz eter-na e do amor universal, que já lhes en-riquece o espírito engrandecido.

“Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estarátambém o vosso coração.” – Jesus. (Lucas, 12:34.)

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JOANNA DE ÂNGELIS, mento-ra espiritual de Divaldo P. Franco, éautora, entre outros livros, de Momen-tos de Esperança (Livraria EspíritaAlvorada Editora, 1988), do qual foiextraído o texto acima.

EMMANUEL, que foi o mentorespiritual de Francisco CândidoXavier e coordenador da obra mediú-nica do saudoso médium mineiro, éautor, entre outros livros, de “Cami-nho, Verdade e Vida” (FEB, 1948),de onde foi extraído o texto acima.

A elevada ação de quem doa, delefaz um canal pelo qual passa o bem deDeus na direção de todas as criaturas.

Num mundo que se caracterizapelas necessidades e pedidos, torna-te doador do bem incessante, feliz pelaoportunidade de repartir.

A tua aura de generosidade seexterioriza e atrai todos aqueles quese encontram em carência, confiantesde que, na aspereza da luta que tra-vam, não lhes faltará o socorro paratornarem-se completos.

Nada melhor do que ser canal deDeus.

Luta e insiste a fim de prossegui-res como instrumento da Divindade,atingindo o clímax, quando te torna-res maleável e de fácil acesso para afinalidade do Amor.

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O IMORTALABRIL/2007 PÁGINA 3

Nestas linhas a seguir refleti-remos sucintamente sobre o tema“crianças índigos”, agindo a prioricom o método proposto pelo Espí-rito Erasto (1) , porque sem muitoesforço de investigação identifica-mos no tema um certo ar místicoque tem “oxigenado” alguns defen-sores de conceitos bastante discu-tíveis ante a prudência espírita.

Não é novidade que criançasmais inteligentes e espertinhas têmrenascido atualmente em nossoOrbe. O embaraçoso, porém, é oclima de misticismo infiltrado nasnotícias em torno do tema. Em ver-dade, estudos e pesquisas se mul-tiplicam nos domínios da psicolo-gia quanto às complexidades domundo da criança. Cada uma delasé um campo de tendências inatas,com tamanha riqueza de materialpara a observação e, no territóriode criações da mente infantil, ser-nos-á fácil identificar a direção dospotenciais da criança, uma vez queos pequeninos, recém-vindos daamnésia natural que a reencarna-ção lhes impõe, não conseguemesconder as próprias disposições nocampo das tendências.

No livro Momentos de Har-monia (2), o Espírito Joanna deÂngelis refere-se a novas gera-ções: “(...) dá-se neste momento arenovação do planeta, graças àqualidade dos espíritos que come-çam a habitá-lo, enriquecidos detítulos de enobrecimento e de in-teresse fraternal”. (Não se refereaqui a crianças “azuis”.)

Apesar de ouvir palestra do ín-clito orador de Feira de Santanaque aborda o tema com muita co-erência, cremos que muitos con-frades ungidos de fantasias e ilu-sões estão distorcendo as palavrasdo tribuno baiano. Crêem tais con-frades que os mágicos “gurisazulados” irão “salvar o mun-do(!?...), talvez confundindo guriscom gurus!...

Na condição de espíritas acre-

JORGE [email protected]

De Brasília

ditamos que estejamos no limiar deuma nova era, a qual chamamos deregeneração. Para que ocorra esteprocesso é necessário que a evolu-ção dos Espíritos aqui encarnadosaconteça e que outros, mais prepara-dos, reencarnem na Terra. Nesta pre-missa se encaixam os Espíritos queestão reencarnando e sendo desne-cessariamente identificados comoíndigos.

Os que escrevem sobre o temaentronizam o fato de que em maio/99 Lee Carroll e Jan Tober, ambosescritores norte-americanos e pales-trantes sobre auto-ajuda, publicaramo livro “The Indigo Children” (foto)(As Crianças Índigo), nele narrandosuas observações sobre as criançasque estão chegando ao mundo. Po-rém na década de 80 Nancy AnnTape, parapsicóloga norte-americana,foi quem primeiro cunhou a expres-são “crianças índigo” (3) com basena cor por ela observada na aura decrianças que de alguma forma se des-tacavam das demais.

Nancy escreveu um livro narran-do suas observações: UnderstandigYour Life Through Color - Enten-dendo sua vida através da cor. Apartir daí, tais crianças também pas-saram a ser denominadas de “Cri-anças da Luz”, “Crianças do Milê-nio”, “Crianças Estrela”. Tudo issosoa estranhíssimo como estudantede Kardec. Embora considerandoinstigante o tema “crianças índigo”,não o concebemos nem como com-provado ou comprovável, nem comoreprovado ou reprovável, muito em-bora o método adotado para tais afir-mações ser bastante heterodoxo.Visualização de auras nos trabalhosacadêmicos atuais é problemático.

Nancy seria uma espécie decâmera Kirlian, ou seja, ela “veria”campos eletromagnéticos, as corese as freqüências. Destarte percebeuque existia uma cor da aura associ-ada com alguns recém-nascidos. Àépoca ela estava trabalhando no seudoutorado. Para ela cerca de 80%das crianças nascidas após a décadade 80 são índigos (!).

Crêem alguns que uma criança de“aura azulada” é aquela que apresenta

um novo e incomum conjunto de atri-butos psicológicos e mostra um pa-drão de comportamento geralmentenão documentado ainda, pois nãoexiste no Brasil relatório conclusivosobre o assunto e há pouco estudosobre tais crianças por aqui. Não co-nhecemos nenhuma pesquisa queconstate essa incidência no País.

Afirma-se que tais crianças têmum sentimento de “desejar estaraqui”, porém não se auto-valorizam(?), parecem anti-sociais, sentindo-se bem com outras do mesmo tipo.Por esta razão a escola é freqüente-mente difícil para elas do ponto devista social. Porque, segundo susten-

tam os “indigólogos”, o modelo deensino é sempre imposto sem muitainteração, um modelo feito para ohemisfério esquerdo do cérebro, oracional, o lógico, incompatível comos azulíneos, que naturalmente têmo hemisfério direito mais desenvol-vido, o que lhes dá o grande poderintuitivo, a grande capacidade depercepção extra-sensorial.

Crê-se que existem quatro tiposdiferentes de “guris azulados” ecada um tem uma proposta: os pro-váveis humanistas que poderão tra-balhar junto às massas humanas, osconceituais que detêm um perfilmais técnico, os artistas que serãodotados de criatividade e os chama-dos interdimensionais que suposta-

mente trarão novas filosofias e es-piritualidade para o mundo.

A identificação das crianças corde anil assinala seres dotados debom potencial intelectual, porémdestituídos de maior maturidadeemotiva, visto que preferem a soli-dão, traumatizam-se quando erramou se frustram quando suas idéiasnão são aceitas. Guris com auras dacor do céu podem ser criação domercado de auto-ajuda norte-ame-ricano que confunde espíritas e pro-fessores mesclando sobrenatural eeducação! Em verdade, tais crian-ças pós-80 não passam de Espíritosendividados com a missão de supe-rar seu exaltado orgulho, aprovei-tando as últimas chances neste pla-neta para mudar de rumo.

Conforme consigna Rita Foe-lker, “Não sabemos se ou até queponto as chamadas Crianças índigoparticipam deste despertar para va-lores mais elevados de vida. Agora,se essas Crianças podem contribuirconosco? Claro. Se elas têm algo anos ensinar? Muito provavelmente.Mas daí a dizer que são “filhos daluz” e “crianças da Nova Era” vaiuma boa distância, criando expec-tativas que muito possivelmente re-cairão sobre elas mesmas, no pre-sente ou no futuro”. (4)

Cremos ser fundamental que asáreas do saber permutem informa-ções que se completem para umamelhor compreensão do Espírito en-carnado e possam cooperar, em con-junto, na sua evolução, mas afasta-do do incontrolável pendor místicoque paira na Pátria do Evangelho.

A Terceira Revelação não in-venta a renovação social. “A ma-dureza da Humanidade é que farádessa renovação uma necessidade.Pelo seu poder moralizador, porsuas tendências progressistas, pelaamplitude de suas vistas, pela ge-neralidade das questões que abran-ge o Espiritismo é mais apto do quequalquer outra doutrina a secun-dar o movimento e regeneração;por isso, é ele contemporâneo des-se movimento”. (5)

Em face disso, os centros espí-ritas precisam proporcionar,

Guris azulíneos... Índigos sem misticismoprioritariamente, esclarecimento.O Espiritismo por seu aspecto re-ligioso, filosófico e científico, tempor premissa esclarecer através dafé raciocinada, ou seja, através dobom-senso kardeciano. Desta for-ma, consideramos de subida rele-vância que os dirigentes e colabo-radores dos centros espíritas este-jam mais bem informados sobre otema índigos, a fim de que possamorientar os freqüentadores e assis-tidos de forma coerente e objeti-va, cumprindo a inexpugnável in-tegração proposta pela DoutrinaEspírita na sua base lógica.

Finalizamos por aqui nossasbrevíssimas argumentações com asingeleza das letras da articulistaFoelker: “Dizem, os que apóiama tese dos índigos, que eles vie-ram para nos ajudar a evoluir.Então, eu encerro perguntando:qual é a criança que NÃO nos aju-da a evoluir?” (6) Eu também in-dago: qual?

FONTES:

1. Do Espírito Erasto encontramosem O Livro dos Médiuns, item230 do cap. XX, a célebre frase:“Melhor é repelir dez verdades doque admitir uma única falsidade,uma só teoria errônea”.2. Franco, Divaldo Pereira. Mo-mentos de Harmonia, ditado peloEspírito Joanna de Ângelis, Sal-vador: Editora Leal, 1991.3. “Crianças índigos” é teoria quesurgiu da observação de aurasazuis brilhante, isso significandodiferença (para “melhor”) entre osque a possuem e os que a têm deoutra cor.4. Rita Foelker in Criançasíndigo: uma simples opinião, de13/2/2006. Artigo publicado nosite da Fundação Espírita AndréLuiz (www.feal.com.br) http://www.feal.com.br/colunistas.5. Kardec Allan. A Gênese. RJ:Ed. FEB, 2004, Sinais dos Tem-pos - 4ª parte (itens 21 a 26)6. Foelker in Crianças índigo:uma simples opinião, de 13/2/2006, acima mencionado.

Capa do livro escrito por Lee Carroll e Jan

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O IMORTALPÁGINA 4 ABRIL/2007

Muitas outras passagens descri-tivas da vida no mundo espiritualconstam do livro “A Vida no OutroMundo”, de Cairbar Schutel.

Para não nos alongarmos dema-siadamente no assunto, eis, a títulode conclusão dos nossos comentári-os, parte da mensagem dada peloEspírito de Lester Coltman, constan-te do livro “O Caso de LesterColtman”, de Lilian Walbrook:

“Meu trabalho continua aquicomo se iniciou na Terra, ou seja,no terreno científico. Para progredirem meus estudos, visito freqüente-mente um laboratório, onde encon-tro facilidades tão completas comoextraordinárias para a realização deexperiências. Tenho casa própria,verdadeiramente bela, com umagrande biblioteca, na qual existetoda a classe de livros de consulta:históricos, científicos, de Medicina,e de todos os gêneros da Literatura.Para nós, estes livros são tão inte-ressantes como para vós, os da Ter-ra. Tenho uma sala de música comtoda a sorte de instrumentos. Tenhoquadros de rara beleza e móveis degosto apurado.”

Na seqüência, Lester Coltman

refere-se a uma paisagem extraordi-nariamente bela que ele podiadescortinar de suas janelas e afirmahaver ali magníficas escolas para ins-trução dos Espíritos de crianças. (“AVida no Outro Mundo”, pp. 93 a 95.)

Outra obra marcante de CairbarSchutel que assinala seu apreço peloestudo do Espiritismo é o livro “Mé-diuns e Mediunidade”, do qual ex-traímos os seguintes pontos que in-teressam de perto aos praticantes damediunidade:

Influência do meio sobre a reu-nião mediúnica – As comunicaçõescom os Espíritos exigem muito re-cato, muito respeito, muita civilida-de e muito recolhimento.

O meio exerce ação considerá-vel para o bom êxito das sessões.Jesus estava acompanhado de trêsapóstolos no episódio do monteTabor. Em Betsaida (Marcos (8:22),ele conduziu o cego fora da aldeiaantes de curá-lo. Fato idêntico ocor-reu com o homem surdo e gago, queJesus tirou da multidão e atendeu àparte (Marcos, 7:32), e com a filhade Jairo (Mateus, 9:18). (Médiuns eMediunidade, pp. 73 e 74.)

Apelo à privacidade das ses-

sões mediúnicas – As sessões prá-ticas devem ser privativas, com nú-mero reduzido de assistentesconvencionados e assíduos, porqueelementos estranhos prejudicam oresultado dos trabalhos.

Não se concebe, pois, a realiza-ção de sessões mediúnicas públicas,com portas abertas, semcircunspecção e critério exigidospara a prática mediúnica. (Obra ci-tada, pp. 53 e 72.)

O que compete aos médiunsobservar – Primeiramente, estudar,porque o estudo preparatório dosmédiuns é indispensável ao exercí-cio da mediunidade.

Os médiuns necessitam ter, ain-da, muita persistência, muita paci-ência, muita perseverança nas reu-niões e nos estudos, para melhor serelacionarem com o mundo invisí-vel. (Obra citada, pp. 75 e 76.)

Orientação a doutrinadores eesclarecedores – Antecipando-se aoque modernamente se sabe sobre oassunto, Cairbar recomendava já emsua época no atendimento aoscomunicantes desencarnados: “Con-vém deixar o Espírito comunicantefalar”. (Obra citada, p. 53.)

Condições do ambiente dassessões mediúnicas – As sessõesmediúnicas requerem um ambientede semi-obscuridade ou iluminadocom uma lâmpada vermelha com luzfraca, uma recomendação que AndréLuiz iria fazer várias décadas maistarde, em seu livro “Desobsessão”,psicografado em 1964. (Obra cita-da, p. 51.)

Feitas as observações preceden-tes sobre a obra e o pensamento deCairbar Schutel, concluímos estas li-geiras considerações com a mensa-gem seguinte com que ele encerrouseu livro “A Vida no Outro Mundo”:

“O túmulo não é o ponto finalda existência.

Nosso destino é grandioso.Existem mundos de luz, onde

reina a verdade; mundos que serãonossas futuras moradas!

Assim como o progresso carac-teriza perfeitamente a evoluçãogradativa do nosso planeta, que será

De coração para coraçãoASTOLFO OLEGÁRIO DE OLIVEIRA FILHO - [email protected]

De Londrina

O Espiritismo respondeMarco Antônio nos pergunta:

– Que diz o Espiritismo sobre apena de morte?

A Doutrina Espírita há mais deum século já se posicionou contra-riamente à pena de morte. A penacapital, dizem os imortais, será umdia abolida em todo o planeta eesse fato constituirá um marco noprocesso evolutivo da Humanida-de. Essa época se encontra, porém,distante. O assunto é tratado nasquestões 760 e 761 de “O Livro dosEspíritos”, dado a lume há 150anos, data essa que se comemorano dia 18 do corrente mês de abril.

Apesar disso, há, como sabe-mos, países ditos do Primeiro Mun-do que ainda mantêm a pena demorte em sua legislação, como osEstados Unidos, que punem com amorte crimes apenados de formamais branda no Brasil e nas prin-

Eis alguns lembretes oportunospara quem deseja falar ou escrevercorretamente:

À toa e à-toa –“À toa” (sem hí-fen) é advérbio: “João fez sacrifíci-os à toa”. Com hífen (à-toa), é adje-tivo: “Paulo é um indivíduo à-toa”.

Alternativa – Diga ou escreva:“Ele não tinha alternativa”, evitan-do, porém, as expressões “outra al-ternativa” ou “única alternativa”,visto que o vocábulo repele tais com-plementos. Nesses casos podemosusar “opção” em lugar de “alterna-tiva”, porque é correto dizer “outraopção” ou “única opção”.

Anexo – Está correto dizer: “En-vio-lhe o comprovante anexo”, “Re-

Pílulas gramaticaismeto-lhe a carta anexa”. Evitemos,porém, estas construções: “Anexoenvio a carta”, “Em anexo envio odocumento”, porque o vocábulo“anexo” não é advérbio nem funci-ona como tal.

Atender – Quando nos referir-mos a pessoas, ao povo, à cidade, di-gamos: Atendeu o doente. Atendeu oprefeito. Atendeu o povo. Atendeu acidade. Por extensão é correto tam-bém dizer: Atendeu o telefone. Aten-deu a campainha, visto que há alguémpor trás dos objetos citados. Se nosreportarmos a coisas, deveres ou obri-gações, o verbo pedirá objeto indire-to, como nestes casos: Ele atendeuao pedido do pai. Atendemos aos con-

selhos dos mais velhos. Atenda aosavisos da estrada.

Comunicar – Quem comunica,comunica algo a alguém. Digamosentão: “Ele comunicou a decisão aosempregados” ou “A decisão foicomunicada aos empregados”. Emtais casos o objeto direto exigido peloverbo são coisas, não pessoas. Graveerro, pois, será dizer: “Os emprega-dos foram comunicados da decisão”.

Implicar – Quando “implicar”significa “acarretar”, digamos: “Adecisão implicará gastos muito al-tos” e não “implicará em gastosmuito altos”. O verbo “implicar” é,com esse significado, transitivo di-reto e pede objeto direto.

um dia paraíso terrenal, assim tam-bém essa Lei inflexível, que rege osmundos que se balouçam no Éter,nos prepara moradas felizes, disper-sas na Casa de Deus, que é o Cosmoinfinito.

Tenhamos fé e estudemos!Ignoramos? Progridamos! Por-

que do estudo e da pesquisa vem averdade que esclarece a inteligência,e, desta, a evolução espiritual, quenos guinda às alturas, para compre-endermos as coisas do Espírito, coi-sas que Deus reserva para todos osque procuram crescer no Seu conhe-cimento e na Sua graça.

Que as luzes da caridade, quevamos conquistando, nos iluminetoda a Ciência, toda a Religião, todaa Filosofia, para podermos, com jus-tos títulos, observar as magnificên-cias do Universo e cientificarmo-nosda imortalidade e da Eternidade daVida.” (“A Vida no Outro Mundo”,pág. 126.)

O pioneirismo de Cairbar (Conclusão)

cipais nações do mundo.Se a pena de morte resolvesse

realmente o problema da crimina-lidade, poderiam os americanosusar esse dado como argumento,mas não é o que os números infor-mam. A criminalidade nos EstadosUnidos é infinitamente maior doque a verificada na Europa Ociden-tal, onde a pena capital há muitotempo foi abolida. Se a morte docriminoso é aplicada como formade preservar a sociedade, não é pre-ciso ser juiz para saber que exis-tem para isso outros meios.

Acresce notar que a pena, aopunir o criminoso, não pode fechar-lhe a porta ao arrependimento, masabri-la, argumento irrespondívelque os Espíritos superiores fizeramquestão de inserir nas respostas da-das às questões d’O Livro dos Es-píritos acima mencionadas.

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O IMORTALABRIL/2007 PÁGINA 5

Clássicos do Espiritismo

A Alma é Imortal (Parte 15)ANGÉLICA REIS

[email protected] Londrina

Damos continuidade à publi-cação do texto condensado daobra A Alma é Imortal, deGabriel Delanne, traduzida porGuillon Ribeiro e publicada pelaEditora da FEB. As páginas ci-tadas referem-se à 6a edição.

*204. Segundo o ensino dos

Espíritos, o perispírito é extraí-do do fluido universal e suaconstituição lhe permite atraves-sar todos os corpos com maisfacilidade do que a que tem a luzpara atravessar o vidro, ou o raioX para atravessar os diferentesobstáculos. (Pág. 209)

205. A velocidade do deslo-camento da alma parece superiorà das ondulações luminosas, di-ferindo destas, porém, pelo fatode que nada a detém. (Pág. 209)

206. O perispírito se nos afi-gura imponderável, pelo que aação da gravidade parece intei-ramente nula sobre ele; mas dis-so não se deve concluir que, des-prendido do corpo, possa o Es-pírito transportar-se a todas aspartes do Universo. O espaço épleno de matérias variadas, emtodos os estados de rarefação, demodo que, para o Espírito, exis-tem certos obstáculos fluídicosde tanta realidade, quanta podeter para o homem a matéria tan-gível. (Pág. 209)

207. Nos seres muito evolvi-dos o perispírito carece, no es-paço, de forma absolutamentefixa; mas, regra geral, predomi-na no corpo fluídico a forma hu-mana. (Pág. 209)

208. Depois de esclarecer queos dados gerais constantes deste

capítulo foram tirados da obra deKardec - a mais completa e a maisracional que possuímos sobre oEspiritismo - Delanne diz que adedução rigorosa é o caráter dis-tintivo desta doutrina. “Em vez deforjar seres imaginários para ex-plicar os fatos mediúnicos - afir-ma o autor -, o Espiritismo dei-xou que o fenômeno se revelassepor si mesmo.” (Pág. 210)

209. Fechando o capítulo, De-lanne observa que é forçoso con-cluir, à vista dos fatos, que operispírito é formado de uma ma-téria diferente: invisível,imponderável e dotado de tal su-tileza, que coisa alguma lhe é im-penetrável, caracteres que pare-ciam em absoluta contradiçãocom os que a Física de sua épocaensinava como sendo os da ma-téria. (Pág. 211)

Todos os corpos têmsuas moléculas animadas

de duplo movimento

210. Abrindo este capítulo,Delanne diz que seu objetivo émostrar que os principais ensinosdo Espiritismo decorrem de estu-dos minuciosos, harmônicos comas concepções modernas e consti-tuindo uma filosofia religiosa deimponente realidade. Dito isso, elepassa a reportar, de forma reduzi-da, as informações contidas no cap.VI, “Uranografia geral”, de “AGênese”, de Allan Kardec, a res-peito do espaço, do tempo e damatéria. (Págs. 212 e seguintes)

211. A par dos textos extraí-dos d’ A Gênese, o autor consig-nou nesta obra algumas informa-ções interessantes sobre o assun-to: I) Tales de Mileto reconheceua esfericidade da Terra e a causados eclipses. II) Pitágoras ensina-

va o movimento diurno da Terrasobre seu eixo e seu movimentoanual em torno do Sol, e ligou osplanetas e os cometas ao sistemasolar. III) Segundo Sir CharlesLyell, que empregou os métodosusados em Geologia, mais de 300milhões de anos transcorreramdepois da solidificação das cama-das superficiais do globo terres-tre. (Págs. 214 a 216)

212. As ciências físicas admi-tem - diz Delanne - que todos oscorpos têm suas moléculas ani-madas de duplo movimento: detranslação ou oscilação em tor-no de uma posição mediana e delibração (balanço) ou de rotaçãoem torno de um ou de muitos ei-xos. Esses movimentos se efetu-am sob a influência da lei de atra-ção. (Pág. 220)

213. Nos sólidos, as molécu-las se encontram dispostas se-gundo um sistema de equilíbrioou de orientação estável; nos lí-quidos, acham-se em equilíbrioinstável; nos gases, encontram-se em movimento de rotação eem perpétuo conflito umas comas outras. (Págs. 220 e 221)

214. Todos os corpos da Na-tureza se acham submetidos aessas leis: seja a asa de uma bor-boleta, a pétala de uma rosa, orosto de uma donzela, o ar, o mar,ou o solo, tudo vibra, gira, sebalança ou se move. Repouso é,na Natureza, palavra carente desentido. (Pág. 221)

O homem não pode criarnem destruir qualquer

parcela de energia

215. Fechando o capítulo,Delanne disserta sobre as famí-lias químicas e lembra que todosos tecidos dos vegetais e dos ani-

Do livro Seara de Luz, de Divaldo P. Franco e Espíritos Diver-sos.

Divaldo responde- Como os Espíritos Superio-

res estão vendo a atuação doscompanheiros encarnados comresponsabilidade nas tarefas deevangelização espírita infanto-juvenil?

Divaldo P. Franco: De for-ma positiva e muito confortado-ra, considerando-se os resultadospalpáveis, não apenas no Brasil

como em diversos países ameri-canos onde têm chegado a sadiaorientação e a oportuna ação cris-tã.

Através dos dedicados traba-lhadores encarnados, logramaqueles Condutores Espirituaisatender à tarefa da espiritualiza-ção da criatura humana, com vis-tas ao futuro melhor de todos nós.

mais são formados basicamentede combinações variadas de qua-tro gases apenas: o hidrogênio, ooxigênio, o carbono e o nitrogê-nio, aos quais se adicionam fra-cas quantidades de corpos sóli-dos em número muito reduzido.(Págs. 221 a 224)

216. Em suma, diz Delanne,a idéia de uma matéria única,donde necessariamente tudo omais derivaria, é também admi-tida pelos sábios, e os Espíritosque a preconizaram estão, pois,de acordo com a ciência contem-porânea. (Pág. 225)

217. Delanne de novo se re-porta ao cap. VI de “A Gênese”,de Allan Kardec, parte do qualele transcreve. Um fluido etéreo,dizem os Espíritos, enche o es-paço e penetra os corpos. Essefluido é a matéria cósmica pri-mitiva, geratriz do mundo e dosseres. A Natureza – asseveraDelanne – jamais está em opo-sição a si mesma, e uma só é adivisa no brasão do Universo:Unidade. (Pág. 227)

218. Escapa ao homem o po-der de criar qualquer parcela deenergia, ou destruir a que existe.Transformar um movimento em

outro é tudo o que está ao seualcance. Assim, não se pode cri-ar a energia e firmado está queela não se destrói. (Pág. 228)

219. Pertence ao médico J. R.Mayer, de Heilbronn, a Coldinge ao físico Joule o mérito de ha-verem demonstrado que nemuma só fração de energia se per-de e que é invariável a quantida-de total de energia de um siste-ma fechado. (Pág. 228)

220. Para dissertar sobre omundo espiritual, Delanne sevale de parte do cap. XIX, “Osfluidos”, de “A Gênese”, em queAllan Kardec mostra que os flui-dos mais próximos damaterialidade compõem a atmos-fera espiritual da Terra e é dessemeio que os Espíritos encarna-dos ou desencarnados extraem oselementos necessários às suasexistências. (Pág. 231).

221. A solidificação da ma-téria mais não é - segundo a obracitada - do que um estado transi-tório do fluido universal, quepode volver ao seu estado pri-mitivo, quando deixarem de exis-tir as condições de coesão. (Pág.232) (Continua no próximo nú-mero.)

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O IMORTALPÁGINA 6 ABRIL/2007

Helena, a mãe de Constantino –Flávia Júlia Helena, também conhe-cida como Santa Helena, HelenaAugusta e Helena de Constantinopla,foi a primeira mulher de ConstâncioCloro e mãe do Imperador Constanti-no, o Grande. De acordo com uma tra-dição, foi ela quem descobriu o localde crucificação de Jesus, tendo lá sidoerguida a Basílica do Santo Sepulcro.

Helena nasceu numa família mo-desta da Bitínia, na Ásia Menor. Quan-do conheceu Constâncio Cloro erauma serva e este não tinha ainda o tí-tulo de César. Por esta razão não exis-tiu uma oposição à relação. Por moti-vos políticos, Constâncio divorciou-se de Helena para casar com FláviaMaximiana Theodora, que era filhanatural ou adotiva do imperadorMaximiano, que o tinha nomeadocomo co-regente. Quando Constanti-no se tornou imperador em 306, He-lena saiu da situação marginal em quese tinha encontrado nos últimos trezeanos. Helena adquiriu poder, tendo fi-nanciado a nova capital do império,Constantinopla. Em 324 recebeu o tí-tulo de Augusta, junto com sua nora,Flávia Máxima Fausta.

Helena converteu-se ao Cristianis-mo e algumas tradições fazem delaresponsável pela conversão do filho,que em 317 tinha mandado publicar oEdito de Milão através do qual se pas-sava a tolerar o Cristianismo. Helenaera próxima do bispo Eusébio, sendoadepta do arianismo, tendo utilizadoo seu dinheiro para apoiar esta causa.

Helena gostava muito do seu netomais velho, Crispus Caesar (filho deConstantino e de Minervina, uma rela-ção ocorrida antes do casamento comFausta), que foi nomeado pelo paigovernante da Gália. Contudo, por vol-ta de 326, Constantino decretou a exe-cução de Crispus, então com vinteanos, porque teria tentado seduzir amadrasta. Em vingança pela morte doneto, Helena teria mandado matarFausta, embora não existam provas

cabais nesse sentido. Logo após essatragédia, Helena, que teria já perto deoitenta anos, fez uma peregrinação àPalestina. Ali dedicou-se a identificaros alegados locais onde se teriam pas-sado episódios da vida de Jesus Cris-to. Ordenou a construção de igrejas,como a da Natividade em Belém e oSanto Sepulcro em Jerusalém. Helenafaleceu pouco tempo depois de ter re-gressado da peregrinação, em Constan-tinopla, tendo sido sepultada em Roma.

O local onde ocorreu a crucifi-cação – Em 337 foi anunciado que acruz onde Cristo foi crucificado (VeraCruz ou Cruz Verdadeira) teria sidodescoberta no Gólgota, tendo Helenasido identificada pela tradição comesta descoberta em finais do século IV.

Desde o principio do Cristianismocomo o conhecemos, no século III, aschamadas relíquias foram muito impor-tantes para criar as bases da nova reli-gião. Com nada sólido com que come-çar um novo culto, os flamantes líde-res e/ou criadores do Cristianismo po-lítico se lançaram a buscar provas físi-cas para poder convencer os pagãos.

Constantino teria enviado sua mãepara buscar “provas” que poderiamsustentar as possíveis fábulas da novareligião. Helena é enviada a Jerusa-lém para buscar a mítica “cruz” na qualo caráter principal da mitologia cristã,Jesus, supostamente foi crucificado.

Os cristãos contam que quando He-lena chegou a Jerusalém, mandou cha-mar todos os rabinos da cidade. Estes,surpreendidos por tamanha deferência,acudiram intrigados. Em lugar de umaformal audiência, Helena os ordenou adizer onde se encontrava o lugar da su-posta crucificação, ou sofreriam sériasconseqüências; os faria queimar vivos!

Aterrorizados e espantados comtamanha loucura e crueldade, decidem“entregar-lhe” um tal Judas (segura-mente não o Iscariotes), que suposta-mente saberia onde se encontravam osobjetos que a mulher buscava. Tendoentregado a Helena o tal Judas, ela lhedeixou a decisão de, ou dizer onde seencontrava a cruz, ou morrer de fome.Judas jejuou por seis dias, dando tem-po a que os rabinos encontrassem su-

AIGLON FASOLOaiglon@nêmora.com.br

De Londrina

O IMORTAL na internetDesde abril de 2004, o jornal O IMORTAL pode ser lido, na

íntegra, pela internet, no site abaixo:

www.editoraleopoldomachado.com.br/imortal/indice.htmPara escrever à Redação do jornal, o interessado deve utili-

zar o e-mail abaixo indicado:

[email protected]

ficiente madeira velha e a colocassemno lugar indicado.

As descobertas atribuídas a He-lena – Segundo a mitologia católica:“Judas pediu para ser levado a um lo-cal (o Gólgota, ou monte da caveira) edepois de ter rezado houve um terre-moto, e perfume de flores espalhou-sepelo local. Milagrosamente, Judas seconverteu. Nas redondezas havia umtemplo dedicado a Vênus, que Helenamandou destruir. Ali, Judas começou aprocurar e encontrou três cruzes, queprontamente entregou a Helena. Esta,para provar a autenticidade das mes-mas, aproximou-as de um cadáver, queprontamente voltou à vida”.

Histórias cristãs falam de outrasdescobertas de Helena, a saber: os cra-vos com que Jesus foi crucificado, queforam encontrados novos e brilhantes.A inscrição que Pilatos teria colocadosobre a cruz. Durante a Idade Médiahavia tantos pedaços da “cruz verdadei-ra” que poderiam ter formado um belobosque. Calvino disse que a quantidadede madeira reconhecida como da “ver-dadeira cruz” era tal, que se poderia terconstruído uma bela frota de barcos.

A vergonhosa lista de fraudes eobjetos absurdos é interminável, e noséculo IX as igrejas da Europa e Ásiapossuíam todo tipo de ossos, dentes,cabelos, tecido e roupa de santos deduvidosa procedência.

Conta o historiador H. G. Wells emseu livro “A Cruz Ansata”: “No sécu-lo onze, Constantinopla estava tãocheia de relíquias que se poderia di-zer que era uma lucrativa indústria.”

O historiador católico Blinzerexemplifica: cartas manuscritas porJesus, o ouro presenteado pelos ReisMagos, as trombetas de Jericó, o ma-chado usado por Noé para a constru-ção da Arca, e assim por diante.

Por fim recordemos estas palavrasdo papa Leão X: “A fábula de Cristotem sido tremendamente lucrativa paraa Igreja”. E nos perguntamos mais umavez se a força das armas, a fraude e afalsificação teriam sido necessárias paradisseminar a “Boa Nova” pregada pelo“filho do homem”, como Jesus a si cha-mava. (Continua no próximo número.)

Sobre a evolução das religiões, oucomo Kardec chegou ao Espiritismo

(Parte 14)

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O IMORTALABRIL/2007 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

surra extra. Essa conversa com suamãe foi a primeira experiência deChico no campo da mediunidade. Noentanto, ele continuava a ter visões econversas com sua mãe, o que semprenarrava à madrinha. Dona Ritinha de-cidiu então conversar a respeito como pároco do local, o qual recomendouao Chico que rezasse mil Ave-Mariascom uma pedra de 15 kg em cima dacabeça durante a procissão. Não bas-tasse isso, Chico foi atingido por al-gumas garfadas, o que algum tempodepois se transformou numa hérnia.

Em suas visões, a mãe o aconse-lhava a ter paciência. Explicava-lheque não podia levá-lo para junto de sie procurava ajudá-lo a superar os maustratos da madrinha. Outro fato lamen-tável ocorreu quando Dona Ritinhasoube que a única maneira de curar aferida infeccionada de seu outro filhoadotivo, o sobrinho Moacir, era lam-ber-lhe a ferida durante três semanasseguidas, em completo jejum. Incum-bido desta tarefa, Chico foi desespe-rado até o quintal, onde evocou o so-corro de sua mãe. Recebeu dela pala-vras que naquele momento o confor-taram. E quando iniciou a penitência,percebeu com surpresa que sua mãecolocava um pozinho sobre a ferida.E assim, pouco depois, a perna deMoacir estava curada. Apesar de tan-tos maus tratos, nunca se ouviu umasó palavra de Chico Xavier queixan-do-se de sua madrinha. Ao contrário,ele sempre disse que o temperamentode sua madrinha Rita era benévolo.

A permanência de Chico junto aDona Ritinha durou dois anos. Em 1917seu pai casou-se em segundas núpciascom Dona Cidália Batista, de cuja uniãoa família Xavier se viu aumentada emseis filhos: André Luís, Lucília, Neu-sa, Cidália, Doralice e João Cândido.Dona Cidália fez questão de reunir to-dos os filhos de João Cândido. Foiquando Chico mudou-se para junto de-les. Foram dez anos de compreensão emuito carinho entre pai, mãe e quinzefilhos! Mas as supostas alucinações per-sistiam. O menino se levantava da camano meio da noite, batia papo com fan-

Francisco Cândido Xavier

Francisco Cândido Xavier, maisconhecido por Chico Xavier, nasceua 2 de abril de 1910, no municípiomineiro de Pedro Leopoldo. O paiJoão Cândido Xavier e a mãe MariaJoão de Deus tiveram nove filhos:Maria Cândida, Luíza, Carmozina,José Cândido, Maria de Lurdes,Francisco Cândido, Raymundo,Maria da Conceição e Geralda. Em1915, Dona Maria João de Deus,percebendo a gravidade de sua en-fermidade e pressentindo o desencar-ne próximo, entregou seus filhos apessoas amigas, para cuidarem desua educação. Diante de tais circuns-tâncias, Chico que contava apenascom 5 anos de idade foi entregue asua madrinha, Dona Rita de Cássia,mais conhecida como Ritinha. Per-cebendo a separação de sua família,o menino Chico perguntou a sua mãeo porquê daquilo estar acontecendo,sem compreender a gravidade da si-tuação e, muito inocentemente, che-gou a pensar que a mãe não os ama-va mais. Dona Maria, conseguindosuperar as emoções, lhe disse que sepreparava para sair da casa em tra-tamento de saúde e que voltaria embreve para cuidar de todos. Resig-nado com a situação, aceitou as pa-lavras finais de sua mãe, que veio adesencarnar no dia seguinte, 29 desetembro.

Durante suas constantes crisesnervosas, Dona Ritinha premiavaChico com surras que chegaram aacontecer até três vezes ao dia. Suavida, tão cheia de provações, certa-mente poderia torná-lo um ser revol-tado e marginal. Tal fato ocorreriarealmente se sua riqueza espiritualde médium não se manifestasse. Cer-ta vez, Chico dirigiu-se à madrinhamuito feliz, dizendo que havia con-versado com a mãe desencarnada.Foi o suficiente para receber uma

tasmas e, muitas vezes, estragava o caféda manhã do pai com notícias de pa-rentes mortos e descrições de viagenspor cenários fantásticos. Cidália, suamadrasta, escutava, não entendia, masjurava acreditar no garoto. “Um dia,quem sabe, vai aparecer alguém que en-tenda você e explique suas visões e asvozes que você escuta”, dizia paraChico. Mas ela estava preocupada. Omenino deveria poupar o pai de suashistórias. Para ele, o filho estava mes-mo endemoninhado. Talvez Deus des-se um jeito. João Cândido levou o“aluado” até o padre Sebastião Scar-zelli. O menino ajoelhou-se no confes-sionário e desfiou seu rosário de histó-rias mirabolantes. Nas missas, pelamanhã, figuras reluzentes transforma-vam as hóstias em focos de luz e de-funtos conhecidos de Pedro Leopoldoreapareciam com rosas nas mãos.

Foi o padre Scarzelli quem livrouo menino do risco de ser internadocomo louco. A salvação veio com osalário. A fábrica de tecidos estava em-pregando crianças para o turno da noi-te e o padre aconselhou Chico a secandidatar à vaga. Só assim o pai tira-ria da cabeça a idéia de internar o me-nino. Melhor um filho com dinheiropara ajudar em casa do que um malu-co hospitalizado. De manhã, até as 11horas, freqüentava a escola primária,depois trabalhava na fábrica até as 2horas da madrugada. Aprendeu mal aler e a escrever. Quando concluiu opequeno curso da escola pública em-pregou-se como caixeiro numa loja emais tarde como ajudante de cozinhae café. Nem parecia mais aquele me-nino mal-assombrado. Os Espíritoscontinuavam a enviar mensagens aChico, mas ele receava ser rotuladode louco se comentasse com alguémas conversas que mantinha com “al-mas do outro mundo”. Ele percebia osfenômenos, mas ainda não sabiaexplicá-los. Chegavam a manifestar-se até na sala de aula. O fato que le-vou decisivamente Chico Xavier a sededicar à tarefa mediúnica ocorreu noano de 1927. Uma de suas irmãs fi-cou em estado de profunda obsessão,

atormentada durante dias por maus Es-píritos. Chico procurou o amigo JoséHermínio Perácio, espírita convicto,que lhe ofereceu sua casa para um tra-tamento adequado. José e sua esposaCarmem, uma médium experiente,conseguiram curar a irmã de Chicoatravés dos ensinamentos da doutrinaespírita e do desenvolvimento de suasfaculdades mediúnicas.

Ainda na residência do casal espí-rita, na Fazenda Maquiné, situada nomunicípio de Curvelo, a 100 km dePedro Leopoldo, Chico e sua irmã re-ceberam mensagens tranqüilizadorasda mãe. Assim, a irmã voltou para casacompletamente curada e Chico semqualquer dúvida a respeito da verdadei-ra face do Espiritismo. Desde então eleorganizou e passou a reunir um grupode crentes para estudar e desenvolver adoutrina. Tal passagem é narrada noprefácio de Parnaso de Além-Túmulo,onde confessa: “... foi nessas reuniõesque me desenvolvi como médium es-crevente, semimecânico, sentindo-memuito feliz, datando daí o ingresso domeu nome nos jornais espíritas ondecomecei a escrever sob a inspiração dosbondosos mentores que nos assistiam”.Em noite memorável, os Espíritos de-ram início a um dos trabalhos mais be-los de toda a história da humanidade.Dezessete folhas de papel foram pre-enchidas, celeremente, versando sobreos deveres do espírita-cristão. Em 193l,começaram os primeiros contatos en-tre Chico Xavier e Emmanuel, que lhedeu duas orientações básicas para o tra-balho que deveria desempenhar. Forade qualquer uma delas, tudo seria ma-logrado. Eis a primeira: “Está você re-almente disposto a trabalhar na mediu-nidade com Jesus?” “Sim, se os bonsEspíritos não me abandonarem...” - res-pondeu o médium. “Não será você de-samparado” - disse-lhe Emmanuel –“mas para isso é preciso que você tra-balhe, estude e se esforce no bem.” “Eo senhor acha que eu estou em condi-ções de aceitar o compromisso?” - tor-nou o Chico. “Perfeitamente, desde quevocê procure respeitar os três pontosbásicos para o Serviço...” Como o

protetor se calasse, o rapaz pergun-tou: “Qual é o primeiro?” A respostaveio firme: “Disciplina”. “E o segun-do?” – “Disciplina.” “E o terceiro?”– “Disciplina.”

Nessa época Chico já sofria deuma doença complexa nas vistas: odeslocamento do cristalino, que, so-mado ao estrabismo da vista direita,incomodava-o dia e noite. Ele pediuao mentor uma orientação sobre otratamento que deveria seguir paraamenizar o seu sofrimento. Talvezpensasse em obter uma cura imedia-ta através dos poderes espirituais deEmmanuel, mas este lhe ensinouuma lição: Não deveria esperar pri-vilégios do mundo espiritual só por-que havia sido escolhido para trans-mitir ensinamentos sublimes. Deve-ria tratar-se sim, recorrendo à medi-cina humana, que segundo Emma-nuel “está no mundo em nome daDivina Providência”. O desprezo deChico pelos cuidados com o corpotambém não mereceu a aprovação deEmmanuel, para quem “o corpo écomparável a uma enxada e o ho-mem lembra o lavrador. Todo cui-dado do lavrador é necessário paraconservar a enxada em condições detrabalhar com acerto e segurança”.As lições foram assimiladas em par-te. Chico começou a se cuidar, en-tretanto o seu intenso ritmo de vidanão lhe permitia ter uma boa saúde,pois trabalhava praticamente o diatodo e dormia apenas três horas du-rante a noite.

A segunda mais importante ori-entação de Emmanuel para o mé-dium é assim relembrada: “Lembro-me de que, num dos primeiros con-tatos comigo, ele me preveniu quepretendia trabalhar ao meu lado, portempo longo, mas que eu deveria,acima de tudo, procurar os ensina-mentos de Jesus e as lições de AllanKardec e disse mais, que se um diaele, Emmanuel, algo me aconselhas-se que não estivesse de acordo comas palavras de Jesus e de Kardec, queeu devia permanecer com Jesus eKardec, procurando esquecê-lo.”

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ASTOLFO OLEGÁRIO DEOLIVEIRA FILHO

[email protected] Londrina

150 anos de Doutrina Espírita

“O Livro dos Espíritos”, obraprincipal do Espiritismo, comple-ta este mês, no dia 18, 150 anosde existência. O advento dessadata é a razão deste artigo, quepublicamos trinta anos atrás naFolha de Londrina, abrindo umasérie de seis longos estudos emque buscamos mostrar uma par-te da história do Espiritismo e seuarcabouço filosófico.

Na Folha, os artigos ocupa-ram página inteira e foram pu-blicados no período de 24 a 30de abril de 1977, quando entãose comemorava o aniversário de120 anos d´O Livro dos Espíri-tos. Os outros cinco artigos queintegram a série serão publica-dos neste periódico nas ediçõesde maio a setembro deste ano.

ANTECEDENTESHISTÓRICOS

Em princípios de 1857 entra-vam para o prelo da LivrariaDentu, no Palácio Real, em Paris,os originais da obra que seria omarco do Espiritismo moderno.Depois de vários trabalhos de re-visão e melhoramentos, finalmen-te ela era dada à luz. A primeiraedição, de grande valor históricopara os seguidores e simpatizan-tes da Doutrina Espírita, apareceuem formato grande, com 176 pá-ginas e 501 perguntas, sendo o as-sunto distribuído em duas colunaspor página, uma destinada às per-guntas, outra às respostas. A ma-téria do livro estava dividida emtrês partes: “Doutrina Espírita”,“Leis Morais” e “Esperanças e

Consolações”. No momento depublicá-lo, o autor ficou embaraça-do em resolver como o assinaria, secom seu nome civil – HippolyteLéon Denizard Rivail – ou se comum pseudônimo. Seu biógrafo,Henri Sausse, informa que o profes-sor Rivail, sendo muito conhecidodo mundo científico em virtude detrabalhos anteriormente publicados,e podendo com isso causar confu-são e talvez até mesmo prejudicar oêxito do empreendimento, decidiuassiná-la com o nome de AllanKardec, que ele tivera anteriormen-te numa encarnação como sacerdo-te druida, entre os celtas. Esse pseu-dônimo seria conservado nas publi-cações de outras obras espíritas e sepopularizaria no mundo inteiro.

A obra alcançou um êxito sur-preendente, tanto que o cronistafrancês G. du Chalard, num artigopublicado em 11 de junho de 1857no “Courier de Paris”, escrevia, en-tre outras coisas:

“‘O Livro dos Espíritos’, do Sr.Allan Kardec, é uma página nova dogrande livro do infinito, e estamosconvencidos de que essa página seráassinalada. A todos os deserdados daTerra, a todos quantos avançam oucaem, regando com as lágrimas o póda estrada, diremos: Lede ‘O Livrodos Espíritos’; ele vos tornará maisfortes. Também aos felizes, aos queem seu caminho só encontram asaclamações e os sorrisos da fortuna,diremos: Estudai-o, e ele vos torna-rá melhores”.

A primeira edição imediatamen-te se esgotou. A obra foi reeditadaem março de 1860, revista, corrigi-da e bem ampliada. O livro passoua contar, então, com 1.019 pergun-tas e respostas, que permanecem atéos nossos dias. Conquanto AllanKardec repetisse que o mérito daobra cabia todo aos Espíritos que o

ditaram, é inegável que a ele é quecoube a ingente tarefa de organizare ordenar as perguntas sobre os maisvariados assuntos, que vão desde omais simples aos mais complexosproblemas do conhecimento huma-no. A Allan Kardec se devem aindaa distribuição didática das matériascontidas no texto, a redação dos co-mentários feitos às respostas dosEspíritos, geralmente expostos comclareza e concisão, a precisão comque intitulou os capítulos e ossubcapítulos, as elucidações com-plementares, as notas e observaçõesque encontramos seguidamente na

obra, e por fim a matéria contida na“Introdução” e na “Conclusão”, quepor si sós constituem o perfil do Es-piritismo, sua natureza, seu objeti-vo e suas finalidades.

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO

“O Livro dos Espíritos” marcarealmente o surgimento do Espiri-tismo moderno. Em diversos auto-res encontramos tal afirmação, acomeçar pela biografia de AllanKardec publicada na “Revista Es-pírita” em maio de 1869, dois me-ses após a desencarnação daqueleque é considerado o Codificador do

Espiritismo. Transcrevemos daque-la publicação os trechos a seguir:

“Durante os primeiros anos emque se tratou de fenômenos espíri-tas, estes constituíram antes objetode curiosidade do que de medita-ções sérias. ‘O Livro dos Espíritos’fez com que o assunto fosse consi-derado sob aspecto muito diverso.Abandonaram-se as mesas girantes,que tinham sido apenas um prelú-dio, e começou-se a atentar na dou-trina, que abrange todas as questõesde interesse para a humanidade.Data do aparecimento de ‘O Livrodos Espíritos’ a fundação do Espi-ritismo que, até então, só contaracom elementos esparsos, sem coor-denação e cujo alcance nem todagente pudera apreender. A partirdaquele momento a doutrina pren-deu a atenção de homens sérios etomou rápido desenvolvimento. Empoucos anos aquelas idéias conquis-taram inúmeros aderentes em todasas camadas sociais e em todos ospaíses. Esse êxito sem precedentesdecorreu sem dúvida da simpatiaque tais idéias despertaram, mastambém é devido, em grande parte,à clareza com que foram expostas eque é um dos característicos dosescritos de Allan Kardec”.

O próprio autor de “O Livro dosEspíritos” escreveria, dez anos apósa primeira publicação: “‘O Livrodos Espíritos’ só teve consolidadoo seu crédito por ser a expressão deum pensamento coletivo, geral. Emabril de 1867 completou o seu pri-meiro período decenal. Nesse inter-valo, os princípios fundamentais,cujas bases ele assentara, foram su-cessivamente completados e desen-volvidos, por virtude da progressi-vidade do ensino dos Espíritos. Ne-nhum, porém, recebeu desmentidoda experiência; todos, sem exceção,permaneceram de pé, mais vivazes

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do que nunca, enquanto que, de to-das as idéias contraditórias que al-guns tentaram fazer-lhe, nenhumaprevaleceu, precisamente porque,de todos os lados, era ensinado ocontrário. Este o resultado caracte-rístico que podemos proclamar semvaidade, pois que jamais nos atri-buímos o mérito de tal fato”. (In-trodução à 1a edição de “A Gêne-se”, publicada em janeiro de 1868.)

Alicerce da Doutrina Espírita, aobra em apreço dá as diretrizes, odelineamento da estrutura doutriná-ria, o verdadeiro arcabouço filosó-fico dessa ciência. Esse aspecto éinteressante notar, mormente paraos leitores que não se aprofundaramno conhecimento dessa ciência.

Um conhecido escritor espíri-ta, o professor J. Herculano Pires,tradutor para nossa língua da edi-ção de “O Livro dos Espíritos”publicada pela LAKE – LivrariaAllan Kardec Editora, assim se ex-pressou no prefácio à edição come-morativa do primeiro centenário daobra, dada a lume em 18 de abrilde 1957:

“´O Livro dos Espíritos’ não éapenas a pedra fundamental ou omarco inicial da nova codificação,porque é o seu próprio delineamen-to, o seu núcleo central e ao mesmotempo o arcabouço geral da doutri-na. Examinando-o, em relação àsdemais obras de Kardec, que com-pletam a codificação, verificamosque todas essas obras partem do seuconteúdo. Podemos definir as vári-as zonas do texto, correspondentesa cada uma delas. Assim, como naBíblia, há o núcleo central doPentateuco, e no Evangelho o doensino moral do Cristo, em ‘O Li-vro dos Espíritos’ podemos encon-trar uma parte que se refere a elemesmo, ao seu próprio conteúdo: éo constante dos Livros I e II até o

capítulo quinto. Esse núcleo repre-senta dentro da esquematização ge-ral da codificação, que encontramosno livro, a parte que a ele corres-ponde. Quanto aos demais, verifi-camos o seguinte:

1º) O Livro dos Médiuns, se-qüência natural deste livro, que tra-ta especialmente da parte experi-mental da doutrina, tem a sua fonteno Livro II, a partir do capítulo sextoaté o final. Toda a matéria contidanessa parte é reorganizada e ampli-ada naquele livro, principalmente areferente ao capítulo nono: ‘Inter-venção dos Espíritos no mundocorpóreo’.

2º) O Evangelho segundo o Es-piritismo é uma decorrência naturaldo Livro III, em que são estudadasas leis morais, tratando-se especial-mente da aplicação dos princípios damoral evangélica, bem como os pro-blemas religiosos da adoração, daprece e da prática da caridade. Nes-sa parte, o leitor encontrará, inclusi-ve, as primeiras formas de ‘Instru-ções dos Espíritos’, comuns àquelelivro, com a transcrição de comuni-cações por extenso e assinadas, so-bre questões evangélicas.

3º) O Céu e o Inferno decorredo Livro IV, ‘Esperanças e Conso-lações’, em que são estudados osproblemas referentes às penas e aosgozos terrenos e futuros, inclusivecom a discussão do dogma das pe-nas eternas e a análise de outrosdogmas, como o da ressurreição dacarne e os do paraíso, inferno e pur-gatório.

4º) A Gênese, os Milagres e asPredições relaciona-se aos capítu-los II, III e IV do Livro I, e capítu-los IX, X e XI do Livro II, assimcomo a partes dos capítulos do Li-vro III que tratam dos problemasgenésicos e da evolução física daTerra. Por seu sentido amplo, que

abrange ao mesmo tempo as ques-tões da formação e do desenvolvi-mento do globo terreno e as refe-rentes a passagens evangélicas eescriturísticas, esse livro da codifi-cação se ramifica de maneira maisdifusa que os outros, na estrutura daobra-mater”. (Prefácio à edição doCentenário de “O Livro dos Espíri-tos”, LAKE, em 18.4.1957.)

Examinada, sob uma formamuito geral, a estrutura de “O Li-vro dos Espíritos”, não se pode des-prezar o fato de que os Espíritos res-saltam freqüentemente estaratualíssimo “O Livro dos Espíritos”em face dos conhecimentos atuais,apesar de ter sido escrito há 150anos. O mesmo autor acima referi-do, J. Herculano Pires, expenderia,em 1975, as seguintes observações:“Desde 1857, quando foi publica-do ‘O Livro dos Espíritos’, até hoje,nenhum dos princípios do Espiritis-mo foi desmentido pela Ciência oupela Filosofia. Pelo contrário, todoseles têm sido sistematicamente con-firmados por ambas. Quanto à Re-ligião, nunca teve condições de con-tradizer o Espiritismo de maneirapositiva, tentando assim fazê-lo demaneira autoritária ou dogmática,sempre no interesse particular dosprincípios de cada seita. Hoje oavanço das Ciências e da Filosofiaconfirma de maneira inegável e im-pressionante a legitimidade da Dou-trina Espírita. As descobertas maisrecentes da Parapsicologia, da Físi-ca, da Biologia nada mais fazem doque comprovar a verdade dos prin-cípios espíritas, sem que os investi-gadores tivessem essa intenção. Atémesmo quando pensam haver nega-do o Espiritismo, os investigadores,sem o saber, o estão comprovando.Isso prova a solidez da obra deKardec”. (“A Pedra e o Joio”, Ed.Cairbar, 1ª edição, 1975, pág. 8.)

ARCABOUÇO FILOSÓFICODO ESPIRITISMO

Sendo o compêndio dos ensina-mentos trazidos pelos Espíritos Su-periores, deveria “O Livro dos Es-píritos” apresentar os fundamentos,as bases da filosofia espírita. E, semdúvida, ele os apresenta, atentos aosseguintes pontos básicos da Doutri-na Espírita:

1º) Crença na existência de Deus,apresentando-o como o Criador Su-premo e a causa primária de tudo oque existe. Sem preocupação de li-mitar ou restringir seu conceito so-

bre o Criador Supremo, nem deapresentá-lo com os vícios própriosdo antropomorfismo, os Espíritos Oapresentam como sendo a inteligên-cia suprema e enumeram alguns deseus atributos, a saber: eterno, imu-tável, imaterial, único, todo-podero-so, onisciente, soberanamente justoe bom. Mas o assunto não se esgotaaí, pois a obra analisa amplamenteas várias correntes do pensamentofilosófico que trataram do tema e dis-cute as provas de sua existência.

2º) Ensino da existência e imor-

talidade da alma, definindo estacomo sendo um Espírito encarna-do, do qual o corpo físico não é maisdo que um invólucro. Trata da na-tureza do homem, informando quehá nele 3 elementos: o corpo, ou sermaterial semelhante ao dos animaise animado pelo mesmo princípiovital; a alma, ou ser imaterial, quesobrevive à morte do corpo, e final-mente o laço que une a alma ao cor-po, de natureza semimaterial, que oEspiritismo denominou perispírito.Pela primeira vez a alma era exa-minada experimentalmente, sendosua imortalidade não o fruto de umateoria preconcebida, mas o resulta-do da própria manifestação dos se-res espirituais, que, após o fenôme-no da morte, vinham dar o testemu-nho de sua sobrevivência.

3º) Ensino da lei de reencarna-ção, ou doutrina da pluralidade dasexistências, que justificaria, segun-do os Espíritos, a marcha ascensio-nal do progresso. Todos os Espíritosse melhoram, devendo assim passarpelos diferentes graus de hierarquiaespiritual. Mas esse melhoramentose verificará pela encarnação do Es-pírito nos mundos corporais. Essapassagem pela vida material, que auns é imposta como uma expiação ea outros como prova ou missão, éuma espécie de depurador de que osEspíritos saem mais ou menos puri-ficados. Deixando o corpo, a almavolta ao mundo dos Espíritos, que éo mundo normal, primitivo, eterno,preexistente e sobrevivente a tudo.

É interessante notar que o Espi-ritismo não aceita a antiqüíssimateoria da Metempsicose, divulgadapela Escola Pitagórica. O Espiritis-mo assevera que a encarnação dosEspíritos verifica-se sempre na es-pécie humana, sendo erro acreditarque a alma ou espírito possa encar-nar-se num corpo animal. As dife-

rentes existências corporais do Es-pírito são sempre progressivas ejamais retrógradas, dependendo arapidez de seu progresso dos es-forços que faz por chegar à per-feição. Assim sendo, as qualida-des da alma são as do espírito, oque significa dizer que o homemde bem é a encarnação de um bomEspírito, ao passo que o homemperverso é a encarnação de umEspírito impuro. No mesmo pas-so, as inclinações, as tendências,as predisposições inatas se origi-nam do conhecimento anterior-mente adquirido pelo Espírito, emprecedentes encarnações.

4º) Ensino sobre a pluralidadedos mundos habitados, um coro-lário da multiplicidade das encar-nações do Espírito, visto que osmundos também estão submetidosà lei do progresso e servem de es-tágios de evolução, como as esco-las servem de aprendizado nas vá-rias fases de formação do homem.Nosso planeta não seria, segundoo ensino espírita, nem o mais adi-antado nem o mais atrasado dosmundos habitados que rolam pe-los espaços infinitos. A Terra seriao que os Espíritos denominaramplaneta de provas e expiações,onde o mal ainda predomina, masdará lugar, muito breve, ao impé-rio do bem. Assim como foi umplaneta primitivo em seus primór-dios, ela será um dia um mundofeliz, graças à regeneração e me-lhoramento moral de seus habitan-tes, através das vidas sucessivas.

5º) Por fim, a lei de comunica-bilidade dos Espíritos com o mun-do corporal, que o Espiritismoapresenta como um de seus maisimportantes aspectos, do ponto devista da comprovação de seus en-sinos. (Leia a conclusão deste ar-tigo na pág. 10 deste número.)

Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo

Fac-símile da capa de“O Livro dos Espíritos”

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O IMORTALPÁGINA 10 ABRIL/2007

A mediunidade, faculdade que per-mite ao homem servir de intermediárioaos Espíritos desencarnados, é exausti-vamente analisada na obra “O Livro dosEspíritos” e naquela que lhe complemen-ta esses ensinos, “O Livro dos Médiuns”,publicada em 1861. Apresentando osvariados tipos de fenômenos que podemresultar desse intercâmbio entre os dois

mundos, informa a Doutrina Espírita osmatizes da influência que os seres desen-carnados exercem sobre todos nós, atra-vés do pensamento e da inspiração.

A mediunidade é para o Espiritis-mo o que o telescópio significa para aAstronomia e o microscópio para a Bi-ologia, na comparação de Allan Kardec.Toda uma literatura espírita surgiu me-

diante esse processo, destacando-se asobras psicografadas no Brasil pelo mé-dium Francisco Cândido Xavier, dentreas quais uma serviria de tema para aapreciada novela de televisão, “A Via-gem”, de Ivani Ribeiro.

Tudo isso é assunto, é o tema, é a pre-ocupação de “O Livro dos Espíritos”, quetrataria também da questão moral, afir-

mando que a moral dos Espíritos Superi-ores se resume, como a do Cristo, nestamáxima evangélica: “Fazer aos outros oque queremos que os outros nos façam”,ou seja, fazer o bem e não fazer o mal.

Nesse princípio – ensinam eles –o homem encontrará sempre a regrauniversal de conduta, nas grandescomo nas pequeninas ações, e será

André: Para que região deve-mos, nós, a seu ver, conduzir a pes-quisa científica na Terra, de vez quea conquista da paisagem material deoutros planetas não adiantará muitoao progresso moral das criaturas?

Delanne: Devemos estimular osestudos em torno da matéria e da re-encarnação, analisar o reino maravi-lhoso da mente e situar no exercícioda mediunidade as obras da fraterni-dade, da orientação, do consolo e doalívio às múltiplas enfermidades dascriaturas terrestres...

Divaldo: Considerando-se a si-tuação deplorável em que se deba-te o ser humano atual rico de ciên-cia e de tecnologia, mas vazio dossentimentos elevados de amor, viti-mado pela violência de todo porte epelos tormentos da emoção, as pes-quisas científicas na Terra, ilumi-nadas pelo Espiritismo, devem sercanalizadas, neste momento, paraa dignificação desse indivíduo e dasua transformação moral para me-lhor. Com os equipamentos do amore da autoconsciência, ele será ilu-minado e pacificado, avançando norumo da plenitude, sem conflitosinternos nem alucinações de domi-nação do seu próximo e do mundo.

André: Que mais?Delanne: Velar pelas atividades

que possam, na realidade, melhorara individualidade por dentro...

Divaldo: A solução de qualquerproblema humano encontra-se ínsitano próprio ser humano. Trabalharem favor do autodescobrimento, con-forme a resposta que os Espíritosvenerandos deram a Kardec, e que

André: Não considerará, porém,que esse processo é moroso demaispara a Humanidade?

Delanne: Uma obra-prima dearte exige, por vezes, existências eexistências para o artista que perse-gue a condição do gênio. Como acre-ditar que o esclarecimento ou o apri-moramento do espírito imortal sefaça tão-só por afirmações labiais dealguns dias?

Divaldo: Devemos ter em menteque o importante não é o tempo apli-cado nessa realização superior, masos efeitos permanentes que advirãodo seu logro. Iniciá-lo agora, a fimde que seja concluído no momentopróprio, é o dever consciente de to-dos nós que almejamos a paz interi-or e a conquista do Reino dos Céus.

André: Que advertência nos dápara a vitória de nosso esforço mo-desto na seara espírita?

Delanne: Compreender que es-perança é sinônimo de paciência,estudando e servindo sempre, na cer-teza de que, se a eternidade é a nos-sa divina herança, cada dia é um te-souro de recursos infinitos que nãopodemos desprezar.

Divaldo: O trabalho incessanteem torno da própria transformaçãomoral é dever de imediata aplica-ção, de modo que o nosso próximo,observando o nosso esforço, sinta-se estimulado a trabalhar-se igual-mente, constatando a excelência daspropostas espíritas encarregadas dalibertação espiritual dos indivíduos.

(Marcelo Borela de Oliveira,de Londrina.)

o Espírito é aquilo que de si mesmo faz.Desse modo, permitindo que o pensa-mento espírita lhe comande a existência,torna-se dócil ao comando do seu Guiaespiritual, aplicando todo o esforço paraser sempre melhor e mais digno.

André: Exprimindo-se dessemodo, refere-se à necessidade da di-vulgação da Doutrina Espírita?

Delanne: Sim.Divaldo: O Espiritismo é o mais

avançado sistema educacional de quese tem notícia. Os seus conteúdos têmresistido a todas as mudanças cultu-rais e tecnológicas que vêm atravessan-do os últimos 15 decênios, estando àfrente das mais avançadas conquistascontemporâneas, porque tem a vercom todos os ramos das ciências, por-quanto lhes estuda as causas, enquantoque estas estudam os seus efeitos.

André: Mas, segundo o seu con-ceito, a divulgação terá de efetuar-sede pessoa a pessoa. Teremos entendi-do certo?

Delanne: Sim, de pessoa a pessoa,de consciência a consciência. A ver-dade a ninguém atinge através dacompulsão. A verdade para a alma ésemelhante à alfabetização para o cé-rebro. Um sábio por mais sábio nãoconsegue aprender a ler por nós.

Divaldo: A conquista da ilumina-ção interior é impostergável, a fimde que todo aquele que pretende tra-balhar em favor do esclarecimentodo seu próximo encontre-se ampara-do pela própria sabedoria. Por isso éque o Espiritismo não impõe os seuspostulados, expondo-os a quem de-seje a aquisição da felicidade.

justamente a aplicação dessa máximaque fará com que o reino do bem seinstale um dia na Terra, conforme as-sinala a última questão da obra. (Leiano próximo número o segundo artigodesta série: “A Doutrina Espírita”.)

(Astolfo O. de Oliveira Filho,de Londrina.)

150 anos de Doutrina Espírita(Conclusão do artigo das págs. 8 e 9)

Dr. Francis Collins, o famoso biólogo quenão renega sua condição de religioso

Dezenove questões com Delanne e Divaldo(Conclusão do artigo da pág. 16)

se encontra na questão 919 de O Livrodos Espíritos, é a mais compatível coma necessidade da sua evolução.

André: Onde os percalços maiorespara a expansão da Doutrina Espírita?

Delanne: Em nossa opinião, osmaiores embaraços para o Espiritismoprocedem da atuação daqueles quereencarnam, prometendo servi-lo, sejaatravés da mediunidade direta ou da me-diunidade indireta, no campo da inspi-ração e da inteligência, e se transviamnas seduções da esfera física, conver-tendo-se em médiuns autênticos das re-giões inferiores, de vez que não negamas verdades do Espiritismo, mas estãoprontos a ridicularizá-las, através de es-critos sarcásticos ou da arte histriônica,junto dos quais encontramos as demons-trações fenomênicas improdutivas, ashistórias fantásticas, o anedotário depri-mente e os filmes de terror...

Divaldo: Ademais desses médiunsque voluntariamente se deixam domi-nar pelas interferências da Entidadesperversas, também encontramosaqueloutros que prometem servir aoEspiritismo, porém deste se servem,a fim de projetar a imagem, acredi-tando-se missionários e apóstolos daNova Era, sem a superação das pró-prias imperfeições, sempre hábeis nacrítica aos seus companheiros, en-quanto, fátuos, seguem descuidadosda vigilância em torno das necessida-des espirituais de que são portadores.

André: Como vê semelhantes de-formações?

Delanne: Os milhões de Espíritosinferiores que cercam a Humanidadepossuem seus médiuns. Impossível

negar isso.Divaldo: Acreditando-se podero-

sos, esses Espíritos infelizes utilizam-se das imperfeições que tipificam ascriaturas humanas, interferindo nasua conduta moral, ampliando-lhes asensibilidade perturbadora e desen-volvendo-lhes os sentimentos mesqui-nhos, que lhes estimulam posturas eopiniões esdrúxulas, a desserviço doideal espírita. Ademais, essas entida-des acreditando-se inimigas de Jesus-Cristo, ante a impossibilidade de obs-tar-lhe o sublime ministério, voltam-se contra aqueles que se encontramem atividade e que pretendem servi-lo, gerando situações desagradáveis.

André: De que modo vencer nolabirinto gigantesco em que opera ainfluência das sombras?

Delanne: Educando...Divaldo: O próprio Mestre Je-

sus deu-nos a receita sublime: Ne-cessário que morra o homem velho,a fim de que nasça o homem novo. Eisto somente é possível pela educa-ção, mas não a educação que se ad-quire através dos livros, mas aquelade natureza moral, a que tem a vercom a transformação interior paramelhor, conforme os comentários doegrégio Codificador à questão 685-a, inserta em O Livro dos Espíritos.

André: Como?Delanne: Explicando-se, tanto

nos sistemas religiosos do Ocidente,quanto nos do Oriente, que a pessoahumana em qualquer lugar e em qual-quer tempo somente possui o que elafez de si própria...

Divaldo: Autor do próprio destino,

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O IMORTALABRIL/2007 PÁGINA 11

Palestras, seminários e outros eventosLar Infantil Marília Barbosa, de Cambé.Após a palestra realizada no auditório doCentro Espírita Allan Kardec, houve umarecepção no refeitório do Lar Infantil, quevem sendo dirigido desde os primeiros me-ses de existência por nosso confrade HugoGonçalves, diretor deste periódico.

Mais um Centro Espírita nasce em Lon-drina – Será inaugurado oficialmente nodia 28 de abril, às 18 horas, o Grupo deEstudos Espíritas André Luiz, que já vemfuncionando às sextas-feiras à noite, naRua Joaquim Pereira, 202 - Conjunto Ca-fezal II, próximo do Jardim Acapulco, emLondrina. Carmela Masiero é uma das di-rigentes da nova Casa. A palestra inaugu-ral será proferida por Astolfo O. de Oli-veira Filho, que examinará na oportuni-dade o tema: “Por que encarnamos? que éque estamos fazendo aqui?”.

Comunhão Espírita completa 20 anoseste mês – Fundada no dia 17-4-1987, aComunhão Espírita Cristã de Londrina,que tem sede na Rua Tadao Ohira, 555,no Jardim Perobal, em Londrina, comple-ta este mês 20 anos de existência, data queserá comemorada festivamente no dia 26de maio próximo, às 15 horas, juntamentecom o aniversário de 10 anos da Escola-Oficina Pestalozzi, um dos departamen-tos da instituição. Célia Maria Cazeta de

Oliveira é a atual presidente da entidade.

Palestras no Centro Espírita AllanKardec, de Cambé – Em abril, sempreàs quartas-feiras, às 20h30, realizam-seno auditório do “Allan Kardec”, em nos-sa cidade, as seguintes palestras:4-4-07 – Dorotéia Cristina Ziel Silveira11-4-07 – Paulo Eduardo Miranda Costa18-4-07 – Carlos Augusto de São José25-4-07 – Jane Martins Vilela.

IX Encontro Poético José Soares Cardo-so – No auditório do Centro Espírita AllanKardec, de Cambé, realiza-se no dia 28 deabril o IX Encontro Poético José SoaresCardoso, com a participação de confradesde diversos Centros Espiritas da região. Naapresentação teremos músicas, poemas,canto e outras formas de arte espírita.

USEL promove Confraternização deDirigentes Espíritas – No dia 15 destemês realiza-se nas dependências do LarAnália Franco de Londrina o primeiroevento organizado diretamente pela novadiretoria da USEL – União das Socieda-des Espíritas de Londrina. A recepção dosparticipantes se iniciará às 9 horas da ma-nhã. Das 10 às 12h, Jane Martins Vilelaproferirá palestra sobre o tema “Convivên-cia e Afetividade”. Das 12 às 13h30, seráservido almoço a todos os participantes

no próprio local do evento. No cardápioconstarão caçuela, salada mista e frutas tro-picais no palito. Das 13h30 às 14h, seráapresentado o programa da Semana Espí-rita de Londrina que ocorrerá em julho des-te ano. Das 14 às 16h será realizada umaatividade de interação entre os participan-tes, conduzida por Maria José Piantini,Jane Martins Vilela e Cilene Dias Soares.O encerramento está previsto para as16h30. Não haverá taxa de inscrição. Paracobrir as despesas do almoço, a USEL estáaceitando as contribuições espontâneas dequem puder e desejar contribuir.

Um sucesso a Conferência EstadualEspírita - Realizada sob os auspícios daFederação Espírita do Paraná, nos dias23 a 25 de março último, foi um sucessoa IX Conferência Estadual Espírita, quefocalizou como tema central “O Livrodos Espíritos: 150 anos de convite aoamor e à instrução”. Divaldo Franco,Raul Teixeira (foto) e Cosme Massi fo-ram os palestrantes.

Nasce a revista espírita “O Consola-dor” – Será lançada no dia 18 deste mês,quando se comemora o aniversário de150 anos de “O Livro dos Espíritos”, arevista espírita eletrônica “O Consola-dor”, que terá em sua coordenação geralos confrades José Carlos Munhoz Pintoe Astolfo O. de Oliveira Filho, ambosvinculados ao Centro Espírita Nosso Lar,de Londrina. O novo periódico será re-digido especialmente para veiculaçãopela internet e terá periodicidade sema-nal. De acordo com o projeto, cada nú-mero da revista entrará na rede mundialde computadores às quartas-feiras.

Público numeroso assiste a DivaldoFranco em Londrina - O público espí-rita de Londrina e região lotou o salãode festas do Londrina Country Clube nanoite de 20 de março último, em pro-moção da 5a União Regional Espíritapresidida por Claudia Rojas. O motivofoi a conferência proferida por DivaldoFranco, que encantou a todos quantosali compareceram. Hugo Gonçalves, di-retor d´O Imortal, fez parte da mesa.

54 anos do Lar Infantil Marília Bar-bosa – No dia 28 de março, com pales-tra proferida por Eliseu Florentino daMota Júnior, de Franca, foi comemora-do mais um aniversário de fundação do

Conan Doyle e o EspiritismoNo artigo intitulado “Detetive

Real”, publicado na revista VEJA de 21-3-2007, o jornalista Jerônimo Teixeira,reportando-se ao criador do popularís-simo detetive Sherlock Holmes, diz queArthur Conan Doyle professava um es-quisito “irracionalismo no terreno espi-ritual”, um eufemismo injustificável queocultou do leitor daquela revista a infor-mação correta sobre a participação doescritor na pesquisa dos fenômenos es-píritas e na divulgação do Espiritismo.Em face do ocorrido, encaminhamos àDireção de VEJA um e-mail solicitandoa publicação desta nota, que a revistaacolheu mas não publicou.

Doutor em medicina pela Univer-sidade de Edimburgo, Conan Doyleingressou na Sociedade de PesquisasPsíquicas de Londres, fundada em1882, a qual reunia, entre outros, pes-quisadores de renome como Sir

William Crookes, Sir Oliver Lodge,Gustave Geley e Frederic Myers.

Convencido do fenômeno da ma-nifestação dos Espíritos, aderiu emseguida à causa do Espiritismo, assun-to a que se dedicou até o final de suaexistência como conferencista bastanterequisitado na Inglaterra e em diver-sos países da Europa, da Oceania, daÁfrica e também nos Estados Unidos.

Em 1918 publicou “A Nova Re-velação”, em que expõe sua crençaespírita, e em 1926, um dos clássicosespíritas, “História do Espiritismo”,publicado em 1960 no Brasil pela Edi-tora “O Pensamento”. No movimentoespírita, além de conferencista, exer-ceu o cargo de presidente da AliançaEspírita de Londres, tendo sido tam-bém escolhido por seus pares para pre-sidente de honra da Federação Espíri-ta Internacional. (Da Redação)

Palestras promovidas pela USEL em Londrina

Juvenal de Abreu e Silva é o presi-dente do “Nosso Lar” – Em eleiçãorealizada no dia 11 de março, nossoconfrade Juvenal de Abreu e Silva foieleito mais uma vez presidente da Di-retoria Executiva do Centro EspíritaNosso Lar, de Londrina. Como vice-presidente, foi reeleito nosso colabo-rador Astolfo O. de Oliveira Filho. LedaNegrini de Almeida será a nova presi-dente do Conselho Deliberativo. A pos-se ocorrerá em 1o de julho de 2007.

Fundado mais um Grupo Espírita naDinamarca – Foi fundado no dia 15 demarço o “Life Spiritist Society” na ci-dade de Copenhague. A finalidade dogrupo é estudar o Espiritismo codifica-do por Allan Kardec. As reuniões ocor-rem todas as quintas-feiras, de 19h30 às20h30, no Center For KropsbehandlinNgrre Sogade 27 A, st.tv – 1370 -Kobenhavn K Danmark. Para contato:<[email protected]>.

Círculo de Leitura Anita Borela deOliveira - Nos dias 1o e 22 deste mês, apartir das 17 h, realizam-se mais duasreuniões do Círculo de Leitura “AnitaBorela de Oliveira”, de Londrina, a pri-meira no edifício em que reside EuniceOliveira Cazetta, quando será concluí-do o estudo do romance “Os Reckens-tein”, de J. W. Rochester, e a segundana residência de Terezinha Demartino,com a continuação do estudo de “O Li-vro dos Médiuns”.J. Raul Teixeira

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O IMORTALPÁGINA 12 ABRIL/2007

ELSA [email protected]

De Londres

Nossos olhos sempre mi-ram o futuro na linha do hori-zonte, nossos pés estão finca-dos no presente, mas somosainda muito ligados à históriae à memória do passado.

Enquanto na Suíça, cria-mos a expectativa de divul-gação do 1o Congresso Médi-co Espíri ta Britânico, queacontecerá dias 30 de junhoe 1o de julho de 2007, na ci-dade de Londres, conforme ole i to r pode ver no s i t ewww.medspiritcongress.org.

Sem medir esforços paraque essa divulgação pudesseser a mais ampla possível, fi-zemos também viagens histó-ricas.

Uma semana na Suíça,acompanhando nossa queridaamiga Dra. Nelly Berchtold,médica psiquiatra de adoles-centes e homeopata, dirigenteda AME-CH (Associação Mé-dico-Espírita da Suíça), tive-mos a oportunidade de irmosa um Seminário da área médi-ca, que aconteceu dentro doHospital de Bellelay, no cantãodo Jurá. Pudemos ainda parti-cipar de uma reunião com mé-dicos psiquiatras e terapeutas,numa clínica em Bienne e ain-da pudemos visitar o psiquia-tra Dr. Francois Trumpler, noHospital de Bienne. Justifica-mos aqui a informação deta-lhada, justamente para mostrarque em poucos dias consegui-mos divulgar o 1o CongressoMédico Espírita Britânico emterreno fértil.

Tivemos ainda a grata sa-tisfação de visitar a AFFA –Associação Filosófico-Espíri-ta Francisco de Assis em Zu-rique. Nesse dia, participamosde um mini-seminário coorde-nado pelo nosso amigo Dival-dinho Matos, de Votuporanga-SP.

Foram tantos momentosalegres desde nossa chegadaquando participamos de umShadow Work, durante doisdias, num mosteiro no alto deuma montanha. Ao final desseevento não-espírita, mas noqual se sentia a Espiritualida-de auxiliando as pessoas, comas ferramentas disponíveis, acoordenadora do ShadowWork nos autorizou a entregarfolders do Congresso aos par-ticipantes.

Sentia-se em todos os nos-sos propósitos a ajuda dos Es-píritos, que com certeza tam-bém estavam felizes pela su-cessiva cascata de bons acon-tecimentos.

Completamos nossa alegriaquando, em companhia de nos-sa Nelly, resolvemos viajar atéà histórica Constança, cidadeda Alemanha, fronteiriça coma Suíça.

Algumas horas de trem e láestávamos pisando o mesmosolo onde nosso querido JanHus, nascido em 1371 na pe-quena Vila de Hussinec na Re-pública Checa, também pisou,por ocasião do Concílio deConstança.

Hus esteve, nos idos de1414, hospedado na casa da vi-úva Madame Fida, na épocaRua São Paulo (hoje Hussens-trasse), aguardando poder ex-pressar-se no Concíl io deConstança, para o qual foi con-vocado. Nessa época, a Igrejamantinha extrema oposição àhumildade e à pobreza. Hoje,a casa onde se hospedou JanHus é a Maison de Hus, ummuseu aberto à visitação públi-ca administrado pela PragaMuseum Society.

Nesse museu pudemos ob-servar fac-símile de documen-tos históricos em tamanhogrande, com muitas frases deJan Hus em checo e em ale-mão. Do local onde ele foi sa-crificado, resta apenas umapedra, mas o local onde acon-teceu o Concílio, que durouquatro anos, ainda esta lá, aolado de Constança, conhecidocomo Konzil.

Crônicas de Além-Mar

Jan Hus, Constança e Kardec

Pedimos ao leitor deste jornal que anote e divulgue para os seusamigos, radicados aqui ou no exterior, as informações abaixo:

1a. No site www.editoraleopoldomachado.com.br você podeler, na íntegra, as últimas 37 edições do jornal “O Imortal”.

2a. No site www.neudelondrina.org.br você pode assistir aoprograma “Reflexão Espírita”, que é também apresentado pelatelevisão aos sábados, às 17h30.

Ligue-se e acompanhe pelainternet os programas espíritas

O Evangelhocompreendido

Somente pela luz do EspiritismoO Evangelho se torna compreendidoQuem o seguir liberta-se do abismoE não fica com a Lei comprometido.

Não é doutrina de proselitismo,Nem vai atrás de quem se diz “sabido”,

Pseudo-sábios cheios de cinismo,Que explicam tudo, sem qualquer sentido.

Irmãos, entendam estes versos meus;Esta doutrina está nas leis de Deus;Jesus no-la ensinou, logo é verdade!

E nos dá, como lema, em nossa vida:Fazer o bem de forma esclarecida,

Amando a Deus e a toda a Humanidade!

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

ELSA ROSSI, escritora e pa-lestrante espírita brasileiraradicada em Londres, é diretorado Departamento de Unificaçãopara os Países da Europa, orga-nismo do Conselho Espírita In-ternacional e secretária da Bri-tish Union of Spiritist Societies(BUSS).

Pudemos tirar algumas fo-tos como recordação de umlocal onde viveu um homemque marcou a história cristã eé um vulto conhecido dos es-píritas.

Enfatizamos aqui que tam-bém Jerônimo de Praga foiqueimado pouco tempo depoisde Jan Hus, condenado peloConcílio pelos mesmos moti-vos, por ser um homem deDeus.

Oramos, Nelly e eu, e abra-çamos em pensamento commuito amor Jan Hus, o mes-mo Espírito que animou maistarde Hippolyte LéonDenizard Rivail. Essa foi nos-sa singela e humilde homena-

gem pelo muito que recebe-mos com o advento da codifi-cação do Espiritismo, trazidaa lume pelos Espíritos e pelapresença admirável de nossoAllan Kardec.

Salve “O Livro dos Espíri-tos” nos seus 150 anos, espa-lhando luz entre irmãos de to-das as terras de além-mar.

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O IMORTALABRIL/2007 PÁGINA 13

Não é a forma externa, o ri-tual, a pompa, a cerimônia, o uni-forme, que dá credibilidade àmensagem, ao centro espírita,aos trabalhos.

Em nossa doutrina, ciência,filosofia, não podemos viver deachismos ou achar que o livro talou qual falou isto ou aquilo. Va-

mos consultar a obra de Kardec,o Evangelho. Afinal não somosespíritas? E só os espíritas sãokardecistas.

Ao tempo de Jesus, os profe-tas eram o que hoje são os bonsmédiuns.

Atribui-se vulgarmente aosprofetas o dom de revelar o futu-ro. No sentido evangélico a pa-lavra profeta tem uma significa-ção mais ampla. Diz-se de todoenviado de Deus com missão de

GILBERTO [email protected]

De Bragança Paulista, SP

Estudando as obrasde André Luiz

No mês passado, abordamos otema sexualidade exposto no livro“Ação e Reação”, do autor, nocapítulo 15 e dissemos que volta-ríamos a tema correlato neste mês.

No mesmo capítulo, Andréapresenta uma lição bem clarasobre as pessoas que não queremter filhos, usando de métodosanticoncepcionais durante toda avida.

É o Assistente Silas quemnovamente orienta sobre a ques-tão, quando nos explica que oproblema da anticoncepção estáno perigo de os indivíduos per-derem a oportunidade de atende-rem a compromissos assumidosantes de reencarnar, com espíri-

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

tos que deveriam ser seus tutela-dos. Ouçamos o instrutor:

“As pessoas que assim agem,são trabalhadores desprevenidosque preferem poupar o suor, nafome de reconforto imediatista.Infelizmente para eles, porém,apenas adiam realizações subli-mes, às quais deverão fatalmentevoltar, porque há tarefas e lutasem família que representam o pre-ço inevitável à nossa regenera-ção. Recusando acolhimento anovos filhinhos, quase sempreprogramados para eles antes dareencarnação, emaranham-senas futilidades e preconceitos dasexperiências de subnível, paraacordarem, depois do túmulo,sentindo frio no coração...”

No próximo mês, falaremosdos abortos e suas inevitáveis con-seqüências.

Haverá falsos Cristos e falsos profetas (II)

Momentos com Divaldo Franco

Na década de noventa,quando Divaldo Franco passa-va por nossa região proferin-do palestras, Hugo Gonçalves,diretor deste jornal, pediu quefizéssemos uma entrevistapara ser publicada na próximaedição.

Na época, passávamos porgrave problema de saúde nafamília, com risco de morteem pessoa relativamente jo-vem, o que nos causava gran-des aflições, e por que não di-zer, medo... Sim, diante dapossível morte de um entequerido, mesmo tendoadentrado os estudos do Espi-

instruir os homens e de lhes re-velar as coisas ocultas e os mis-térios da vida espiritual.

“Levantar-se-ão falsosCristos e falsos profetas que fa-rão grandes prodígios e coisas deespantar para seduzir os própri-os escolhidos.”

Na acepção teológica, prodí-gios e milagres são fenômenosexcepcionais, fora das Leis daNatureza.

Quem ignora certos fenôme-nos naturais acha que todo fenô-meno cuja causa é desconhecidaé sobrenatural, miraculoso e ma-ravilhoso.

Porque, mesmo sendo mé-dium há anos, devemos fazer aIniciação Espírita, Filosofia daDoutrina, Aspectos Científicos eMediúnicos, para não sermosmísticos, para praticarmos o Es-piritismo e não o mediunismo ouespiritualismo.

À medida que se amplia o cír-culo da Ciência, diminui o cír-culo dos fatos sobrenaturais.

Em todos os tempos os ho-mens exploraram a ignorância,em proveito de sua ambição, in-teresse, dominação, prestígio,mostrando-se sobre-humanos eaté tendo uma pretensa missão

divina.A religião, que deveria liber-

tar o homem, tudo fez e tudo fazpara aprisioná-lo na ignorância.

Santo Agostinho veio a ler aBíblia quando já era frade, esque-cida no jardim do mosteiro. En-tregou-a ao superior que pergun-tou? Você leu?

O número de fatos sobrena-turais e milagres diminui na me-dida em que os homens se escla-recem.

Operar prodígios não é sinalde missão divina. O verdadeiroprofeta se reconhece porcaracteres mais sérios e exclusi-vamente morais.

Jesus não falava na primeirapessoa do singular, não se refe-ria a si, não contava vantagem,não dizia que as obras eram suas.

Rasputin tinha mediunidade,não moralidade.

Deus pára sua obra para ficarfazendo milagres e prodígios?

Fica derrogando Suas leismorais, físicas, espirituais, quan-do Lhe apraz, pra dar a seres in-feriores e perversos um poderigual ao Seu e ainda o direito dedesfazer o que Ele fez?

Jesus consagraria tais princí-pios?

“Não acrediteis em todos osespíritos”

Os fenômenos espíritas nãodão crédito aos falsos Cristos.

O Espiritismo vem revelarleis desconhecidas, que regem asrelações do mundo corporal e oespiritual. E aí destrói o domí-nio do maravilhoso.

A ciência Espírita perscrutan-do a causa dos fenômenos ergueo véu sobre muitos mistérios, daíser combatida pelos interessadosem que a obscuridade permane-ça para levar vantagem.

O Espiritismo também reve-la outra categoria mais perigosade falsos Cristos e de falsos pro-fetas, que não se encontram en-tre os homens, mas entre os de-sencarnados.

São os espíritos enganadores,hipócritas, sedutores, pseudo-sá-bios, que viviam tal situação naTerra e assim continuam ao pas-sar para a erraticidade.

Adornam-se com nomes ve-neráveis para passar idéias bizar-ras e absurdas. (N.R.: Na ediçãopassada o título do artigo queabriu esta série saiu grafado er-roneamente. O correto é: “Ha-verá falsos Cristos e falsos pro-fetas”.)

ritismo, talvez pela precária ba-gagem moral ou mesmo por nãotermos ainda desenvolvido a féverdadeira no Criador, que sus-tenta e liberta, o sentimentomais comum, nessas horas, é opânico.

E era nessa condição quenos apresentávamos para a en-trevista em questão, gentilmen-te concedida por Divaldo, naprópria residência de “seu”Hugo, em Cambé.

Elaboramos sete questões ea apresentávamos, embora den-tro de nós forte angústia, em ní-veis de aflição, tomassem con-ta. De repente, nos surpreende-mos quando Divaldo pede parainterromper a entrevista paraum cafezinho. As pessoas queali estavam assistindo se levan-

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

Pedimos ao leitor deste jornal que anote e divulgue para os seusamigos, radicados aqui ou no exterior, as informações abaixo:

1a. No site www.editoraleopoldomachado.com.br você podeler, na íntegra, as últimas 37 edições do jornal “O Imortal”.

2a. No site www.neudelondrina.org.br você pode assistir aoprograma “Reflexão Espírita”, que é também apresentado aos sá-bados, às 17h30, pela TV Antares de Londrina.

3a . No site www.cenl.com.br você encontra a história do Cen-tro Espírita Nosso Lar e estudos das Obras Básicas do Espiritis-mo, de André Luiz e Manoel Philomeno de Miranda, no link “Es-tudos Espíritas”.

Ligue-se e acompanhe pelainternet os programas espíritas

taram, enquanto D. Dulce,ainda entre nós, foi pronta-mente preparar o saborosocafé.

Nesse instante, quando to-dos desprendiam sua atenção,Divaldo tocou-me de leve nojoelho e disse: “Meu carodoutor – é como ele me trata– para Deus tudo é vida, nãoexiste morte. Para Ele, con-vém que estejamos onde sejamelhor para nós”. E levan-tou-se, caminhando tranqüila-mente em direção à cozinha...

Não preciso dizer o bem-estar que aquelas palavras mecausaram. Desde esse mo-mento procurei nunca maisutilizar o termo “Vida após amorte”, passei a dizer, sem-pre, “Vida após a vida”.

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O IMORTALPÁGINA 14 ABRIL/2007

QUE SUSTO!Menina egoísta e rebelde, Julieta

desejava sempre que lhe fossem fei-tas todas as vontades.

Como a mãezinha, consciente doseu papel de educadora dentro do lar,muitas vezes chamasse sua atenção,Julieta ficava brava e inconformada.

Queixava-se da mãe para quemquisesse ouvir, acusando-a deincompreensão e maldade.

— Minha mãe é umamegera. Não gosto delae ela não gosta de mim.— afirmava para as ami-gas.

— Você está engana-da, Julieta. Conheço suamãe e ela gosta muito devocê — consideravaMárcia, sua vizinha.

— Mas se ela não medeixa fazer nada! Vivecriando obstáculo emtudo. Ontem mesmo, ra-lhou comigo porque saicom umas amigas.

Novamente Márcia,mais sensata, retrucou:

— Pelo que soube,você chegou muito tardeem casa e não tinha se-quer avisado sua mãe que ia se demo-rar.

Descontente, Julieta perguntou:— E como é que você sabe dis-

so? Anda bisbilhotando minha vida?— Claro que não, Julieta. Sua

mãe foi em minha casa procurar você.Não sabia onde estava e queria obternotícias suas. Estava extremamentepreocupada e a ponto de avisar a po-

lícia do seu desaparecimento.Envergonhada perante as demais

colegas, Julieta abaixou a cabeça,constrangida, percebendo que elasdavam razão para a sua mãe.

— Hum! Ela faz isso não é porpreocupação. Afinal, já tenho dozeanos e seu o que faço. Deseja é fazerescândalo para me prejudicar peran-te os outros. Mas, vamos mudar de

assunto. Não quero maisfalar sobre isso.

E era sempre assim.Quando possível, nãodeixava de falar mal damãe, fazendo-se de víti-ma.

Certo dia, Julietachegou a casa e não viua mãe. “Deve ter ido fa-zer compras”, pensou.

Acomodou-se no sofáe ligou a televisão. Ficouentretida durante horas.Sentia fome. Só entãolembrou que ainda não al-moçara. Como estivesseacostumada a recebertudo na mão, nem pensouem preparar algo para co-mer.

A fome, porém, era muita. Ondeestaria sua mãe? Fez um sanduíche ecomeu, de má vontade. Sentia-se re-voltada. Por que sua mãe não fizera oalmoço? Quando ela voltasse ia terque explicar direitinho!

Mas as horas passavam e a mãenão chegava. Julieta começou a ficarinquieta. O silêncio da casa incomo-dava. Nunca ficara sozinha antes. O

pai, viajante, estava trabalhando, e nãotinha hora certa para voltar. Geralmen-te, chegava bem tarde e ela não tinhacomo se comunicar com ele. O quefazer?

Em prantos, resolveu procurarnotícias com os vizinhos. Ninguémsoube informar nada. A mãe de Már-cia tentou tranqüilizá-la:

— Acalme-se, Julieta. Com cer-teza sua mãe voltará logo.

— Será? Ela nunca me deixariasem notícias. Nem um bilhete, nada...Estou desesperada, dona Vitória. Tan-ta coisa pode ter acontecido. Pode tersido atropelada, seqüestrada, sei lá!Com tanta violência que existe por aí,acho que ela até pode estar...

— Nem pense uma coisa dessas,Julieta. Tenha confiança em Deus.Sua mãe vai voltar.

— Seria bom avisar a polícia? —sugeriu Márcia.

— Já avisei. Ficaram de me co-municar se descobrissem alguma coi-sa. Preciso voltar para casa.

Márcia e a mãe a acompanharampara que ela não ficasse sozinha. Julietaestava exausta. Acomodou-se num sofá,próximo ao telefone, sob grande afli-ção.

Passou por um cochilo. Acordoucom o barulho da chave na fechadu-ra.

Era sua mãe que chegava. Ao veraquela figura tão querida, Julieta pu-lou do sofá, gritando:

— Graças a Deus! Mamãe, vocêestá viva!

A senhora sorriu, surpresa:— Claro que estou viva, minha fi-

lha. Mas, o que está acontecendo aqui?— indagou vendo a aflição de Julietae notando a presença das vizinhas.

Julieta nem conseguia falar. Emchoro convulsivo, mantinha-se agarra-da à mãe, como se temesse perdê-la.Dona Vitória explicou o porquê da pre-ocupação de todos, concluindo:

— Mas, afinal, onde você estava,Regina?

A mãe de Julieta esclareceu:— Precisei acompanhar uma amiga

ao médico. Como ela não tem famíliana cidade, pediu-me que fosse junto. Omédico diagnosticou um problema sé-rio e mandou-a imediatamente para ohospital. Ela foi submetida a uma cirur-gia de emergência e está passando bem.Enfim, só agora pude voltar para casa.

— Que susto me deu! Por que nãome avisou, mamãe? — reclamouJulieta, magoada.

Olá, meus amiguinhos!A Doutrina Espírita está aniver-

sariando neste mês de abril. Com-pleta nossa doutrina 150 anos devida!

Todos nós devemos muito aAllan Kardec, o Codificador daDoutrina Espírita, que veio trazermais luz em nossas vidas.

No dia 18 de abril de 1857 foipublicado pela primeira vez “OLIVRO DOS ESPÍRITOS”, obrabásica com que o professor Hippo-lyte Léon Denizard Rivail, maisconhecido como Allan Kardec,apresentou a Doutrina Espírita aomundo.

Nessa obra, que contêm 1.019perguntas que Allan Kardec fez, eque Espíritos elevados e sábios en-viados por Jesus responderam, en-contram-se conhecimentos importan-tíssimos para a humanidade, abran-gendo as áreas da Ciência, da Filo-sofia e da Religião. Os Espíritos vie-ram dar respostas a antigos questio-namentos do ser humano, como:quem somos, de onde viemos, paraonde vamos, o que estamos fazendoaqui na Terra, e explicar também asrelações existentes entre os mundos

material e espiritual.Outra data muito importante e

que merece ser lembrada, é 29 deabril, pois foi nesse dia, em 1864, queAllan Kardec publicou “O EVAN-GELHO SEGUNDO O ESPIRI-TISMO”, inaugurando uma novafase do Espiritismo, a do aspecto re-ligioso, pois veio reviver as palavrasde Jesus, trazendo de novo, até nós, asimplicidade do Cristianismo primi-tivo, recordando os primeiros dias damensagem do Mestre no planeta, seusfeitos, suas curas, seus ensinamentos.

Assim, neste mês de abril, asnossas mais sinceras homenagens aonosso querido Allan Kardec, Codi-ficador da Doutrina Espírita, e a Je-sus de Nazaré, nosso Mestre Maior,com gratidão e amor por tudo o quenos ensinaram e pela luz que acen-deram em nossos caminhos.

Que nosso pensamento eleva-do numa prece de gratidão a Deus,e as vibrações de carinho de todosnós, espíritas, possam ser transfor-madas em flores de suave perfu-me que atinjam as Altas EsferasEspirituais levando até Allan Kar-dec e ao Mestre Jesus o nosso:

— Muito obrigado!

SALVE OS 150 ANOS DADOUTRINA ESPÍRITA!

— Mas eu avisei, minha filha.Deixei um bilhete para você! Aqui emcima do armário para que você visselogo ao voltar da escola. Não o en-controu?

— Não vi bilhete nenhum!— Porém, eu o deixei aqui em

cima! Bem onde você costuma colo-car sua mochila. Vamos procurá-lo.

Levantaram a mochila, que con-tinuava no mesmo lugar, nada. De-baixo da toalha de crochê, nada. Den-tro dos vasos, nada. Até que, espian-do atrás do móvel, dona Regina, oviu. Caíra entre o móvel e a parede.

— Aqui está ele!Julieta abriu-o e leu:“Querida filha Julieta.“Preciso ir ao médico com

Hortênsia, amiga que você conhece.Não tenho hora para voltar. Não meespere. Deixei o seu almoço no for-no. Um beijo. Mamãe.”

Ao ler o conteúdo do bilhete,

Julieta sentiu-se emocionada. Suamãe não se esquecera dela. Pensaranela o tempo todo. Ela a amava.

Arrependida, Julieta correu paraos braços da mãe:

— Mamãe, perdoe-me. Tenhosido péssima filha. Hoje percebocomo deve ter sofrido todo esse tem-po; sua preocupação comigo, quenunca entendi; seu carinho atravésdos cuidados diários, comigo e compapai...

— Tudo isso é amor, minha filha.— Amor que eu nunca entendi.

Somente hoje, ao sentir sua falta, omedo de perdê-la fez-me descobrir oquanto você é importante para mim.Obrigada por tudo!

Abraçadas, mãe e filha senti-ram que uma vida nova começava na-quela casa, com compreensão, enten-dimento e muito, muito amor.

TIA CÉLIA

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O IMORTALABRIL/2007 PÁGINA 15

A Revue Spirite há 140 anos

Revista Espírita de 1867 (Parte 4)

Continuamos a publicar o tex-to condensado da Revista Espíri-ta de 1867. As páginas citadas re-ferem-se à versão publicada pelaEdicel.

*51. Lacordaire propõe-nos, em

mensagem obtida pelo Sr. Morin,que devemos respeitar as crençaspassadas, porque foram as velhascrenças que elaboraram a renova-ção que hoje começa a se realizar.Todas elas, salvo as exclusivamen-te materiais, possuíam uma cente-lha da verdade, mas atendiam à ne-cessidade de cada época, cujo ho-rizonte se alarga com o desenvol-vimento intelectual da humanida-de. (Págs. 94 e 95.)

52. Eugène Sue, valendo-se damediunidade do Sr. Desliens, equi-para a existência humana a um ro-mance, ou antes a uma peça de tea-tro, da qual se percorre cada diauma folha. O autor é o homem; ospersonagens são os vícios, as pai-xões, as virtudes, a matéria, a inte-ligência, disputando a posse do he-rói – o Espírito. Finda a peça, esta-remos a sós com o juiz supremo,imparcial e justo. “Que a vossa obraseja séria e moralizadora”, adverteo Espírito, “porque é a única quetem algum peso na balança doTodo-Poderoso.” (Págs. 95 e 96.)

53. A Revista reporta-se, na se-ção de notícias bibliográficas, aoartigo intitulado Lumen, relatoextraterreno escrito por CamilleFlammarion, em que o autor simu-la uma palestra entre um indivíduoencarnado, chamado Sitiens, e oEspírito de um de seus amigos,chamado Lumen, que lhe descre-ve as primeiras sensações obser-vadas em seu retorno à vida espi-ritual, após a morte do corpo físi-co. (N.R.: A transcrição do artigocontinua no número de maio de1867, a partir da pág. 155.) (Págs.96 a 100.)

54. Comentando o artigo, que,segundo Kardec, bem poderiaconstituir um livro interessante, oCodificador afirma que foi essa aprimeira vez que o Espiritismoverdadeiro era associado à ciênciapositiva, e isto por um homem ca-paz de apreciar uma e outro.

Flammarion, astrônomo conheci-do em toda a França, havia publi-cado anteriormente o livroPluralidade dos Mundos Habita-dos. (Págs. 99 e 100.)

55. O número de abril traz, emsua abertura, artigo de Kardec so-bre Galileu, drama em versos es-critos pelo Sr. Ponsard, o qual,embora não trate de Espiritismo,examina o tema pluralidade dosmundos habitados, que constituium dos princípios fundamentais dadoutrina espírita. Do artigo extraí-mos os pontos que se seguem: I)Galileu, ao revelar as leis do me-canismo do Universo, abriu cami-nho a novos progressos; por istomesmo, devia produzir uma revo-lução nas crenças, destruindo osandaimes dos sistemas científicoserrôneos sobre os quais elas seapoiavam. II) A cada um sua mis-são: nem Moisés nem o Cristo ti-nham a missão de ensinar aos ho-mens as leis da ciência, cujo co-nhecimento devia ser o resultadodo trabalho e das pesquisas huma-nas, e não de uma revelação quedesse ao homem o saber sem es-forço. III) Moisés e o Cristo tive-ram uma função moralizadora; agênios de outra ordem sãodeferidas as missões científicas.IV) Como as leis morais e as leisda ciência são leis divinas, a reli-gião e a filosofia não podem serverdadeiras senão pela aliança des-sas leis. V) A matéria e o espíritosão os dois princípios constitutivosdo Universo. Mas o conhecimen-to das leis que regem a matériadevia preceder o das leis que re-gem o elemento espiritual. VI) OEspiritismo, que tem como objeti-vo especial o conhecimento do ele-mento espiritual, só poderia sercompreendido em seu conjuntoquando encontrasse o terreno pre-parado. (Págs. 101 a 104.)

Kardec comenta obra deJoseph de Maistre que previu

o advento do Espiritismo

56. A Revista traz, em segui-da, um artigo de Kardec sobre aobra Soirées de Saint-Pétersbourg,de Joseph de Maistre, publicadaem 1821, na qual autor expõe atese de que jamais houve no mun-do grandes acontecimentos quenão tivessem sido preditos de qual-quer maneira. A obra contém ain-

da uma visão profética do adventodo Espiritismo – acontecimentoque se daria mais de 35 anos de-pois –, que o autor equipara a umaterceira explosão da onipotentebondade em favor do gênero hu-mano. (Págs. 104 a 109.)

57. Reportando-se a essa novadoutrina, que ele chama de “novaefusão do Espírito-Santo”, o autordo livro ora focalizado adverte queé preciso que “os pregadores dessedom novo possam citar a Escriturasanta a todos os povos”, fazendo oque os católicos não conseguiramfazer em dezoito séculos, nummundo em que a Boa Nova conti-nuava ignorada por milhões de cri-aturas. (Págs. 109 e 110.)

58. A 22 de março de 1867, oEspírito de Joseph de Maistre co-municou-se na Sociedade Espíritade Paris, ocasião em que, referin-do-se à sua previsão do advento daera espírita, asseverou: “Vi a terraprometida, mas não pude penetrá-la em vida”. “Mais feliz que eu,senhores, aproveitai o favor quevos é conferido por vossa boa von-tade, melhorando o vosso coraçãoe o vosso espírito, e fazendo parti-lhar de vossa felicidade a todosaqueles de vossos irmãos em hu-manidade que não oporão à vossapropaganda senão a reserva natu-ral a cada homem posto em face dodesconhecido.” (Págs. 110 e 111.)

59. Da comunicação de Josephde Maistre destacamos ainda os se-guintes pontos: I) O espírito profé-tico abrasa o mundo inteiro comseus eflúvios regeneradores. NaEuropa, na América, na Ásia, emtoda a parte, a nova revelação seinfiltra, com a criança que nasce,com o jovem que se desenvolve,com o velho que se vai. II) Unschegam com os materiais necessá-rios para a edificação da obra; ou-tros aspiram a um mundo que lhesrevelará os mistérios que pressen-tem. III) Na França o Espiritismose manifesta sob outro nome quena Ásia. Possui agentes nas diver-sas nuanças da religião católica,como as tem entre os seguidores dareligião muçulmana. IV) A aspira-ção por novos conhecimentos estáno ar que se respira, no livro quese escreve, no quadro que se pinta.(Pág. 112.)

60. Como já vimos, Kardec pu-blicou novo artigo sobre a Liga doEnsino, no qual, após transcrever

carta recebida de Jean Macé, repe-te o que dissera anteriormente, ouseja, que o fim era louvável, masfaltava ao projeto a indispensávelprecisão das coisas práticas. “Umprograma – escreveu o Codifica-dor – é uma linha traçada, da qualninguém se pode afastar conscien-temente, um plano detido nos maisminuciosos detalhes, e que nadadeixa ao arbítrio, onde todas as di-ficuldades de execução estão pre-vistas, onde as vias e meios sãoindicados.” Era isso que faltava àproposta relativa à Liga do Ensi-no, que também não especificaracomo seriam supridos os recursosnecessários à sua manutenção.(Págs. 113 a 120.)

Cárita diz que competeà mulher espalhar a

consolação e a conciliação

61. Sob o título de O diabo domoinho, o Moniteur de l’ Indre defevereiro de 1867 relata os fenô-menos ocorridos no moinho deVicq-sur-Nahon, onde o diabo ouum Espírito brincalhão produziafatos curiosos e intrigantes: cober-tores eram retirados das camas eescondidos; portas chaveadas eramabertas sozinhas; um cofre se abriae os objetos ali guardados eramespalhados pelo chão; as chavesdas portas desapareciam; e duastentativas de incêndio espontâneose registraram. Tudo, segundo ojornal, parecia estar ligado a umamocinha de 13 anos chamadaMarie Richard, que acabou sendodespedida pelo Sr. FrançoisGarnier, proprietário do sítio.(Págs. 121 a 124.)

62. Kardec transcreve a notícia,mas não autentica o fenômeno, ad-vertindo que, de todos os efeitosmediúnicos, as manifestações físi-cas são as mais fáceis de simular.É preciso, pois, evitar aceitar levi-anamente como autênticos os fa-tos desse gênero, quer os espontâ-neos, como os do moinho, quer osprovocados. No caso em foco, oCodificador explica que fenôme-nos dessa natureza são perfeita-mente possíveis e pertencem aomesmo gênero dos fenômenos dePoitiers, de Dieppe, de Marselha etantos outros focalizados pela Re-vista, os quais podem ser chama-dos manifestações barulhentas eperturbadoras. (Págs. 124 a 127.)

63. Um fato semelhante, ocor-rido em Paris em maio de 1866, écomentado em seguida pelo Codi-ficador. No bairro de Ménilmon-tant a campainha de uma casa cos-tumava tocar, sem que se visse al-guém por perto. Após esgotar to-das as hipóteses explicativas dofenômeno, a Sra. X..., acreditandoque os falecidos vêm às vezes re-clamar preces dos parentes, man-dou rezar missas e novenas, masde nada adiantou, pois a campai-nha tocava sempre. (Págs. 127 e128.)

64. Em comunicação transmi-tida em 6 de julho de 1866, o Es-pírito de Cárita fala sobre a mis-são da mulher, a quem competeprincipalmente espalhar a conso-lação e a conciliação. Por que amulher tem a graça e o sorriso, oencanto da voz e a suavidade daalma? É porque é a ela que Deusconfia os primeiros passos de seusfilhos, é ela que o Pai escolheucomo a nutriz das doces criaturasque vão nascer. Finalizando a men-sagem, Cárita dirige-se a todas asmulheres rogando-lhes coragem:“Ó vós que viveis humildemente,trabalhando por melhorar vossointerior, Deus vos sorri, porque vosdeu essa amenidade que caracteri-za a mulher; quer sejam impera-trizes, irmãs de caridade, humildestrabalhadoras ou suaves mães defamília, estão todas sob a mesmabandeira e levam na fronte e no co-ração estas duas palavras mágicas,que enchem a eternidade: Amor eCaridade”. (Págs. 128 a 130.)

65. Duas notícias fecham o nú-mero de abril de 1867: I) O jornalLa Verité, de Lyon, mudou o seutítulo, a partir de 10 de março de1867, para La Tribune Universelle,journal de la libre conscience etde la livre pensée. Justificando suadecisão, o diretor do jornal expli-cou que o fato não implicava suadeserção das fileiras espíritas. “Aidéia espírita hoje – diz ele em notatranscrita pela Revista – faz parteintegral do nosso ser e retirá-la se-ria votar à morte o nosso coração,o nosso espírito.” II) Foi lançadoem Madri um opúsculo intituladoCarta de um espiritista, contendoos princípios fundamentais da dou-trina espírita, com base no livro Oque é o Espiritismo, de Kardec.(Págs. 130 e 131.) (Continua nopróximo número.)

MARCELO BORELADE OLIVEIRA

[email protected] Londrina

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O IMORTALPÁGINA 16 ABRIL/2007

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

No dia 20 de agosto de 1965,em Paris, França, André Luiz, oconhecido autor da série “Nos-so Lar”, entrevistou Gabriel De-lanne, que formou ao lado deAllan Kardec e Léon Denis o triode autores mais importantes quejá escreveram sobre o Espiritis-mo em nosso mundo.

No preâmbulo da entrevista,que o leitor encontrará no livro“Entre Irmãos de Outras Ter-ras”, psicografado por Francis-co Cândido Xavier e WaldoVieira (FEB, julho de 1966),André Luiz escreveu: “PresenteGabriel Delanne, um dos maisdestacados continuadores deAllan Kardec, em nossa reuniãodesta noite, formulamos respei-tosamente para ele as questõesque passamos a enumerar...”

Foram, no total, 20 questões.A primeira tratou do trabalho queDelanne desenvolvia naquelaoportunidade: “Caro amigo, esti-mamos colocar-nos na posição denossos irmãos, ainda encarnados,para endereçar-lhe algumas per-guntas de suma importância paraeles que militam no plano físico.Prossegue em sua ação espírita deoutro tempo, não obstante residin-do agora além da Terra?”

Delanne respondeu: ‘Sim,tanto quanto possível, dentrodas minhas reduzidas possibili-dades”.

As 19 questões seguintes tra-taram do Espiritismo e da expan-são da Doutrina Espírita naFrança e na Europa, assuntosque, passados mais de 41 anos,resolvemos submeter à aprecia-ção do estimado confrade Dival-do P. Franco (foto), cujo papel noressuscitamento do Espiritismona Europa é de todos conhecido.

Reproduzimos então, na se-qüência desta matéria, as 19questões tais como se encontramna obra citada, às quais Dival-do acrescentou o complemento

MARCELO BORELA DEOLIVEIRA

[email protected] Londrina

ou o comentário que lhe pareceunecessário. Os textos pertinentesao estimado confrade foram aquigrafados em negrito.

*André Luiz: Que nos diz acer-

ca do Espiritismo, na França?Gabriel Delanne: Não nos é lí-

cito dizer haja alcançado o nívelideal...

Divaldo P. Franco: Após o re-tumbante êxito do CongressoMundial de Espiritismo, que tevelugar em Paris no período de 2 a5 de outubro de 2004, por ocasiãodo bicentenário de nascimento deAllan Kardec, o Espiritismo en-saiou na França um passo maisaudacioso. Nada obstante, con-forme assevera o nobre espíritoGabriel Delanne, ainda não al-cançou o nível ideal…

André: Em se tratando do ber-ço de Allan Kardec, ser-nos-á per-mitido indagar a razão disso?

Delanne: Não podemos esque-cer que a França nos últimos vintelustros sofreu a carga de três gran-des guerras que lhe impuseram so-frimentos e provas terríveis.

Divaldo: Na atualidade, as in-junções difíceis que vive a Europatêm dificultado a expansão da Dou-trina Espírita, não apenas na Fran-ça, mas também em diversas outrasnações, que se encontram compro-metidas com o materialismo no seutríplice aspecto: científico, filosófi-co e dialético. Apesar disso, verda-deiros missionários que se encon-tram reencarnados na França e nosdemais países estão desenvolvendo,com esforços hercúleos, os progra-mas de divulgação da Doutrina Es-pírita, com vistas ao futuro melhorda humanidade.

André: Considera que isso tenhaatrasado a marcha do Espiritismo?

Delanne: De modo algum. Le-giões de companheiros da obra deAllan Kardec reencarnaram, não sóna França, mas igualmente em outrospaíses, notadamente no Brasil, para asustentação do edifício kardequiano.

Divaldo: Desde a criação do CEI– Conselho Espírita Internacional– que as atividades doutrinárias

vêm recebendo melhores cuidados,ensejando a realização de Congres-sos, de Encontros e de Seminários,especialmente na França e noutrospaíses da Europa. Igualmente me-rece consideração o esforço desen-volvido pelos devotados companhei-ros que ressuscitaram a UniónSpirite Française et Francophone,que vem desenvolvendo um papelrelevante na estruturação do Espi-ritismo no abençoado país de nasci-mento de Allan Kardec.

André: Acredita que a Europaretomará a direção do movimentoespírita?

Delanne: Antes de tudo, deve-mos considerar que a Europa asse-melha-se, atualmente, a vasto cam-po de guerra ideológica, que estámuito longe de terminar...

Divaldo: Em face das dificul-dades referidas, não creio na pos-sibilidade momentânea de a Eu-ropa, pelo menos por enquanto,assumir esta alta e significativaresponsabilidade, que se encontradelegada ao Brasil.

André: Admite que os princí-pios espíritas estão caminhando len-tamente no mundo?

Delanne: Não penso assim... Asatividades espíritas contam poucomais de um século, e um século éperíodo demasiado curto em assun-tos do espírito.

Divaldo: Neste momento, noqual comemoramos o Sesquicen-tenário de lançamento de O Livrodos Espíritos, em Paris, no dia 18de abril de 1857, o movimento es-pírita europeu já é uma realidadebem diversa daqueles dias em quea excepcional entrevista foi reali-zada pelo querido mentor AndréLuiz, em razão das muitas insti-

Dezenove questões com Delanne e Divaldotuições que surgiram em quasetodo o continente europeu e vêmcrescendo expressivamente.

André: Muitos amigos na Terrasão de parecer que os Mensageirosda Espiritualidade Superior deveri-am patrocinar mais amplas manifes-tações da mediunidade de efeitos fí-sicos para benefício dos homens,como sejam materializações e vozesdiretas. Que pensa a respeito?

Delanne: Creio que a mediuni-dade de efeitos físicos serve à con-vicção mas não adianta ao serviçoindispensável da renovação espiri-tual. Os Espíritos Superiores agemacertadamente em lhe podando ossurtos e as motivações, para que oshomens, nossos irmãos, despertemà luz da Doutrina Espírita, entregan-do a consciência ao esforço do apri-moramento moral.

Divaldo: A humanidade viven-cia períodos específicos para o seudesenvolvimento intelecto-moral.As materializações e outros fenô-menos de grande porte foram ca-nalizados em momento adequado,no passado, havendo conseguido omister para o qual foram realiza-dos. Neste momento, os efeitos dosensinamentos morais do Espiritis-mo são mais importantes do que asmanifestações retumbantes, consi-derando os sofrimentos que se aba-tem sobre as criaturas, necessita-das mais de diretrizes morais parao seu desenvolvimento espiritual doque de demonstrações da imortali-dade, já amplamente confirmadapor muitos cientistas e milhões deoutros indivíduos lúcidos.

André: Conquanto tenha essaopinião, julga que o Espiritismoprecisa atender ao incremento emelhoria da mediunidade?

Delanne: Não teríamos o Evan-gelho sem Jesus-Cristo e não tería-mos Jesus-Cristo sem o socorro aossofredores pelos processos mediú-nicos que lhe caracterizaram a pre-sença na Terra.

Divaldo: A mediunidade apli-cada ao serviço do bem, consolan-do e conduzindo as mentes e ossentimentos humanos na direçãodo amor, conforme o viveram Je-

sus e os Seus primeiros discípu-los, é o objetivo do Espiritismoneste momento de aflições gene-ralizadas que dominam as pes-soas individualmente e as mas-sas coletivamente.

André: A Ciência terrestre dehoje se mostra ávida de contactocom outros mundos e, por isso,não seria interessante que os Es-píritos fizessem por vários mé-diuns descrições da vida em ou-tros planetas.

Delanne: Isso é útil, desde queo problema seja apreciado nas di-mensões justas. Espíritoscomunicantes podem descreverpara os homens cidades prodigio-sas e avançados sistemas sociaisem planos de matéria que nãoaquela no estado em que é conhe-cida, medida e pesada na estânciaterrena. O homem físico, aindamesmo de posse de mais avança-da instrumentação, apenas vê ín-fima parte do Universo.

Divaldo: Mesmo que os Espí-ritos nobres apresentassem asmais expressivas informações emtorno da vida em outros mundos,a questão ficaria sempre em aber-to, aguardando a confirmaçãodos estudiosos em torno da mag-na questão e das suas demonstra-ções de laboratório. Ademais, istopoderia desviar os espíritas do es-sencial objetivo da sua transfor-mação moral, para cuidarem deinformações e descobertas que aoser humano encarnado, e somen-te a ele, compete realizar.

André: A que atribuirmos se-melhante restrição?

Delanne: À estrutura do olhohumano, formado para suportarapenas determinada quota de ob-servação da vida em si.

Divaldo: A dúvida sistemáticasempre disposta a opor barreirasa tudo quanto não pode ser de-monstrado de maneira insofismá-vel, através dos padrões conheci-dos e aceitos, criaria grandes em-baraços à divulgação das informa-ções espirituais, caso não tentasselevá-las ao ridículo… (Continua napág. 10 deste número.)

Divaldo Franco