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Nélio Miguel dos Reis Filipe Guerreiro O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade Relatório de estágio no âmbito do mestrado em Sociologia, sob orientação do Professor Doutor Hermes Costa, apresentado à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra Coimbra, 2014

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Nélio Miguel dos Reis Filipe Guerreiro

O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa

escolaridade

Relatório de estágio no âmbito do mestrado em Sociologia, sob orientação do Professor Doutor Hermes Costa,

apresentado à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra

Coimbra, 2014

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Nélio Miguel dos Reis Filipe Guerreiro

O impacto da formação profissional na

vida de adultos com baixa escolaridade

Relatório de estágio de Mestrado, apresentado à Faculdade de Economia da Universidade de

Coimbra para obtenção do grau de Mestre

Orientador: Prof. Doutor Hermes Costa

Coimbra, 2014

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I

Agradecimentos

Gostaria nesta secção de deixar agradecimentos a todas as pessoas que sempre

me apoiaram e estiveram presentes durante o meu percurso académico. Deixo um

grande obrigado e simpatia a todo o corpo docente da licenciatura e mestrado em

sociologia da faculdade de economia da universidade de Coimbra, por me terem

concedido a formação que hoje tenho e terem contribuído para o meu enriquecimento

cognitivo e pessoal.

Um grande obrigado em especial, ao meu orientador, o Professor Doutor

Hermes Costa, pela ajudae apoio que me prestou durante o meu percurso formativo

no mestrado, tendo-se apresentado sempre disponível para me orientar e para me dar

sugestões.

Um obrigado especial é devido também à doutora Ana Cristina Primo pela

oportunidade que me proporcionou e em tudo o que me ajudou, assim como a todos

os colegas da Inovinter, Ruben, Sónia e Margarida. Sem a sua ajuda, orientações e

concessão da possibilidade de realização do estágio, a formulação do presente

relatório não seria possível.

A todos os meus amigos por me encorajaram e me prestarem auxílio sempre

que foi necessário, na realização deste relatório. Aqui em especial, agradeço ao meu

irmão Dércio Guerreiro, ao meu colega e amigo Oleh Lukyanenko e por fim e sem

dúvida à minha namorada, Cátia Ferreira, que sempre me apoiou e ajudou em tudo,

obrigado!

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II

Resumo

Poderá dizer-se que existe uma espécie de pressão implícita que se exerce

sobre cada indivíduo, enquanto membro ativo da sociedade, no sentido de este ser o

mais qualificado possível. O nível de exigência e competitividade do mercado trabalho

exclui assim quase à partida a hipótese sequer de “sobrevivência” de quem tem baixas

qualificações ou baixo nível de escolaridade. Esta é, por sinal, uma realidade bem

presente em Portugal.

O presente relatório centra-se no impacto dos processos de formação

profissional na vida de adultos com baixa escolaridade. Com a finalidade de avaliar o

impacto da formação e certificação de população adulta são aqui adotadas como

unidades de análise duas amostras inseridas no seio do grupo de utentes da

organização em que foi realizado o estágio. Este trabalho enquadra-se, assim, no

âmbito do funcionamento dos percursos formativos da organização e no processo de

seleção de candidatos.

Na primeira parte, de âmbito mais teórico, é feita uma abordagem sucinta dos

conceitos relevantes para estudo da problemática. A exposição de alguns dados

estatísticos importantes é também efectuada. Em seguida, a segunda secção do

relatório é composta pela caracterização da entidade de acolhimento, a Inovinter. Por

fim, apresenta-se a parte empírica do trabalho. Nesta última secção é especificado o

desenvolvimento do estágio, as suas fases, desafios, objectivos, tarefas e situações

particulares.

Palavras-chave: Formação profissional; Baixo nível de escolaridade; Centro de

formação e inovação tecnológica; Desemprego; Mercado de trabalho;

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III

Abstract

It can be said that exists a species of implicit pressure that takes action on each

individual, while an active member of the society in the sense of being the most

qualified possible. The level of requirement and competitive edge of the labor market

excludes almost at the start the chance of basic survival of the people who have low

qualifications or low scholar education. It´s important to be aware of the fact that this

reality is quite present in Portugal.

The present internship report is centered on the impact of the processes of

profissional formation on the life of adults with low scolarship levels. With the goal of

evaluate the impact of the formation and certification of adult population here are

adopted as analsys units two samples inserted on the group of attendants of the

organization where the internship took place. This work is inserted, so, on the ambit of

functionality of the formative processes and the process of selection of candidates.

In the first part, a more theoretical approach within a brief study of the

concepts relevant to the problem is taken. The exhibition of some important statistical

data is also provided. Then the second section of the report consists of the

characterization of the host organization, the Inovinter. Of empirical nature and thirdly

we present the empirical part of the work. In this last section is specified development

stage, stages, challenges, objectives, tasks and particular situations.

Key-words: Profissional formation; Low level of scolarship; Center of formation and

technological inovation; Unemployment; Labor Market;

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IV

Índice

Resumo

Abstract

Introdução………………………………………………………………………………………………………………………………..1

Capítulo 1

1-Enquadramento teórico……………………………………………………………………………………………….….……3

1.1-Formação Profissional……………………………………………………………………………………..…….3

1.2-Adultos com baixas qualificações…………………………………………………………………….…….8

1.3-Desemprego…………………………………………………………………………………………….……….…14

1.4-Precariedade e vulnerabilidade social……………………………………………………………..…..18

1.5-Alguns dados estatísticos……………………………………………………………………………..………22

Capítulo 2

2-Caracterização da entidade de acolhimento…………………………………………………………..……………25

2.1-A delegação de Coimbra………………………………………………………………………………………26

2.2-Unidades de formação de curta duração (UFCD)…………………………………………….……27

2.3-Educação e formação de adultos (EFA)…………………………………………………………………28

2.4-Projectos………………………………………………………………………………………………………………32

2.5-Parcerias………………………………………………………………………………………………………………33

Capítulo 3

3- Desenvolvimento do estágio……………………………………………………………………………………….……..35

3.1- Caracterização dos utentes…………………………………………………………………………………35

3.2 -Funcionamento do processo de seleção de candidatos……………………………36

3.3- Selecção de candidatos- 2014………………………………………………………………….37

3.4- Formação de formadores…………………………………………………………………………40

3.5- Impacto na vida dos utentes……………………………………………………………………42

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IV

3.6- Situações particulares………………………………………………………………………………45

3.7- Procedimentos metodológicos…………………………………………………………………47

3.8- Hipóteses…………………………………………………………………………………………………49

3.9- Observação………………………………………………………………………………………………50

3.9.1- Esquematização das sessões de observação………………………………50

3.9.2- Dados gerais………………………………………………………………………………51

3.9.3- Observação em locais exteriores à sala de aula…………………………55

3.9.4- Observação na sala de aula ………………………………………………..…….56

3.10- Depoimentos de formandos em contexto de sala de aula……………………..58

3.11- Análise de inquéritos……………………………………………………………………………..59

3.11.1- Tratamento dos dados…………………………………………………………….59

3.11.2- Caracterização da amostra……………………………………………..……….60

3.11.3- 1º inquérito UFCD……………………………………………………………….…..61

3.11.4- 2º inquérito UFCD……………………………………………………………………62

3.11.5- 1º inquérito EFA………………………………………………………………..…….66

3.11.6- 2º inquérito EFA……………………………………………………………….……..69

3.12- Presença em entrevistas…………………………………………………………………..……72

3.13- Entrevistas aplicadas a funcionários………………………………………………………74

4-Conclusão e observações finais……………………………………………………………………………….77

4.1- Contributo da formação profissional para adultos com baixa escolaridade …….….77

4.2- Elementos de balanço…………………………………………………………………………………….…..78

4.2.1- Avaliação de comportamentos de utentes………………………………………..….78

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IV

4.2.2- Elementos de impacto e diferenças entre percursos formativos………..…80

5- Referências bibliográficas…………………………………………………………………………………….. 85

Anexos

Anexo I: Guião de entrevista aplicado no processo de seleção 2014…………………………94

Anexo II: Inquérito por questionário de diagnóstico social (UFCD)……………………………..97

Anexo III: Inquérito por questionário de satisfação individual (UFCD)………………………103

Anexo IV: Inquéritos por questionário de diagnóstico social (EFA)……………………………107

Anexo V: Inquérito por questionário de satisfação individual (EFA)………………………….113

Anexo VI: Guião de entrevista aplicado a colegas de trabalho………………………………….117

Anexo VII: Guião de elementos a observar e tabelas de sessões de observação………121

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V

Índice de tabelas

Tabela 1- Desempregados inscritos nos centros de emprego e de formação profissional

(média anual): total e por tipo de desemprego em Portugal………………………………………22

Tabela 2- Taxa de desemprego: total e por nível de escolaridade completo (%)…………23

Tabela 3- Parcerias Inovinter (delegação de Coimbra)…………………………………………..…..33

Tabela 4- Datas das sessões de observação………………………………………………………………..51

Tabela 5- Diferenças entre UFCD e EFA em contexto exterior à sala de aula………………56

Tabela 6- Diferenças entre UFCD e EFA em contexto de sala de aula………………………….57

Índice de figuras

Figura 1- Fluxograma das etapas de intervenção do centro novas

oportunidades……………………………………………………………………………………………………………39

Índice de gráficos

Gráfico 1- Taxa de abandono escolar (%) por local de residência (à data dos censos

2011); decenal……………………………………………………………………………………………………………24

Gráfico 2- Caracterização dos/as formandos/as p/ sexo…………………………….………………31

Gráfico 3- Impacto da formação UFCD …………………………………………………………..….………63

Gráfico 4- Experiência positiva e marcante na vida dos/as formandos/as………………….64

Gráfico 5- Grau de satisfação com a formação……………………………………………………………67

Gráfico 6- Expectativas para o futuro com a formação recebida………………………………..68

Gráfico 7- Impacto da formação EFA………………………………………………………………………….69

Gráfico 8- Impacto das relações sociais EFA……………………………………………………………….70

Índice de quadros

Quadro 1- Sexo e idade dos/as formandos/as UFCD…………………………………….……………60

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V

Quadro 2- Sexo e idade dos/as formandos/as EFA……………………….…………………………….61

Quadro 3- Ocupação e impacto até ao momento……………………………………………………..61

Quadro 4- Expectativas Iniciais e Expectativas para o futuro com a formação

recebida……………………………………………………………………………………………………………………..62

Quadro 5- Finalidade inicial e Finalidade atingida………………………………………………………62

Quadro 6- Objectivos atingidos e Tempo bem empregue …………………………………………63

Quadro 7- Perspectivas vida profissional e Relações interpessoais positivas ……………64

Quadro 8- Aplicar conhecimentos apreendidos ao longo da vida ………………………………65

Quadro 9- Motivos da formação …………………………………………………………………………….…66

Quadro 10- Considera que a informação tem um impacto positivo na sua vida........... 67

Quadro 11- Considera os cursos EFA uma boa iniciativa ……………………………………………68

Quadro 12- Considera que as suas finalidades foram atingidas com sucesso …….………69

Quadro 13- Que expectativas possui agora para a sua vida profissional?.....................70

Quadro 14- Experiência positiva e memorável e Aplicar conhecimentos ao longo da

vida ………………………………………………………………………………………………………………………….71

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VI

Lista de siglas

ANEFA - Agência Nacional de Educação e Formação de Adultos;

ANQ - Agência Nacional para as Qualificações;

ANQEP- Agência Nacional para a Qualificação e Ensino Profissional;

CLDS+ - contratos locais de desenvolvimento social mais;

CNFF - Centro Nacional de Formação e Formadores;

CNO - Centro Novas Oportunidades;

CQEP- Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional;

EFA - Educação e Formação de Adultos;

CGTP-IN - Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses - Intersindical Nacional;

IEFP - Instituto do Emprego e Formação Profissional;

POPH - Programa Operacional Potencial Humano;

PRODEP III- Programa de Desenvolvimento Educativo para Portugal III;

RVCC - Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências;

SNCP - Sistema nacional de certificação pessoal;

UFCD - Unidades de formação de curta duração;

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

1

Introdução

Este relatório resulta de um estágio realizado na Inovinter, o qual teve uma

duração de 640 horas totais previstas no protocolo da Faculdade. A data de início do

estágio deu-se a 11 de Novembro de 2013, tendo vindo a concluir-se no fim de Março

do presente ano letivo. Ora, atendendo ao elevado nível de cidadãos portugueses com

baixa escolaridade e na situação de desempregados, o centro de formação profissional

Inovinter representa, assim, uma luz ao fundo do túnel para pessoas afectadas por

estes problemas, oferecendo um catálogo vasto de oportunidades de formação.

Adoptando como elementos de análise duas turmas de indivíduos integradas

nos programas de formação “Unidades de Formação de Curta Duração” (UFCD) e

“Educação e Formação de Adultos” (EFA), procurei avaliar o impacto da formação

profissional na vida destes utentes na zona geográfica de Coimbra abrangida pela

delegação da Inovinter. O contacto directo com os formandos revelava-se aqui de

extrema importância na perspetiva de avaliar expectativas, motivações e, sobretudo, o

grau de satisfação dos formandos para com a organização e formação recebida.

No decorrer do acompanhamento directo dos formandos destas duas turmas

em regime laboral, recorri à utilização de várias metodologias adquiridas durante a

formação académica. Aplicando as metodologias referidas através da realização de

tarefas, pude também aplicar grande parte dos conhecimentos provenientes da minha

formação em sociologia.

Do ponto de vista formal, este relatório está estruturado do seguinte modo: o

primeiro capítulo fornece um enquadramento teórico, abordando as problemáticas

chave como a formação profissional, o desemprego, as baixas qualificações, a exclusão

e precariedade sociais. Em seguida, procede-se a uma caracterização da entidade de

acolhimento, ao modo como se encontra estruturada e quais as suas linhas

orientadoras. Em terceiro lugar, abre-se espaço para dar conta do desenvolvimento do

estágio, das suas fases, situações particulares, tarefas e desafios realizados; por fim e

como corolário da elaboração do relatório, são apresentadas, em jeito de balanço,

algumas reflexões e observações finais sobre todo o percurso realizado na instituição,

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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procurando apontar os altos e baixos e os contributos e enriquecimento que me

propiciaram e são ainda avançadas algumas sugestões à instituição.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

3

Capítulo 1

1- Enquadramento teórico

Logo numa fase inicial de integração na organização, tendo em conta a sua

missão e objetivos deparei-me com os problemas sociais da baixa escolaridade, do

desemprego e alguns casos de precariedade e exclusão social. É aqui importante reter

a ideia de que estes problemas afetam grande parte da população nacional,

fomentados ainda pela crise económica mundial.

Estando perante este panorama sombrio, as hipóteses de sucesso e integração

no mercado de trabalho vão-se dissipando gradualmente. As pessoas mais afectadas

neste cenário logicamente serão aquelas que não dispõem das capacidades

necessárias em matéria de recursos educativos e, portanto, são aquelas que mais

carecem de investir em processos de qualificação de mão-de-obra. A esperança reside

aqui muitas vezes em recorrer aos centros de emprego ou melhorar competências e

eliminar lacunas na formação. Pretende-se, assim, nesta secção abordar de forma

sucinta alguns aspetos teóricos sobre a história da formação profissional e da

educação de adultos em Portugal, de modo a poder situar teoricamente a

problemática que me ocupou no estágio realizado.

1.1 -Formação profissional

No momento em que o artigo 128º do Tratado de Roma (1957) previu o

desenvolvimento de uma política comum de formação profissional, países como

França e Alemanha, mesmo antes da década de 60, já possuíam sistemas de formação

profissional bem desenvolvidos (CEDEFOP, 2004). Contudo, com a chegada da crise do

petróleo de 70, acompanhada de uma mudança sociopolítica, onde foram aplicadas

politicas sociais para aumentar o grau de produtividade dos indivíduos por toda a

Europa, gerou-se a manutenção de uma política social igual para iguais, num contexto

de aumento da heterogeneidade social. Como consequência, surgiu a ideia de criação

de um centro europeu de formação profissional com o propósito de ajudar a promover

a cooperação entre Estados (CEDEFOP, 2004) nessa matéria. Efectivamente, todo o

processo de arranque da formação profissional começou a acelerar um pouco por toda

a Europa a partir da década de 80.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

4

No caso português, o despertar para esta problemática revelou-se mais tardio,

em grande medida devido ao fechamento do Estado Novo. Só na sequência da

revolução do 25 de Abril de 1974, dois anos mais tarde, quando a Constituição da

República Portuguesa, através do seu artigo 73º, é que foi garantido o acesso à

educação como um direito básico acessível a toda a população (Alves, 2009). Após esta

conquista da educação popular, 3 anos mais tarde surge o Plano Nacional de

Alfabetização e Educação de Base dos Adultos (PNAEBA), com a missão de alfabetizar a

população de modo a tentar fazer progredir a sociedade (idem, 2009). Várias pequenas

conquistas e mudanças foram surgindo até aos dias de hoje. No entanto, isso não

impediu que se considerasse Portugal como sendo um caso tardio no que toca à

formação e educação de adultos. Os níveis de analfabetismo ao longo das décadas

sempre representaram grandes percentagens face às de outros países europeus,

fenómeno marcante até na actualidade. Parafraseando Nico et al (2011: 20), “a

população adulta portuguesa continua, a possuir, em média, níveis de qualificação

escolar e profissional muito abaixo dos padrões médios dos países com quem Portugal

se quer comparar.”

O ano de 1986 viria a traduzir mais uma data emblemática no campo da

educação tradicional e da formação profissional. A entrada de Portugal para a

Comunidade Europeia correspondeu à re-estruturação de novas leis inerentes ao

sistema educativo. Esta sincronia de acontecimentos viria a capacitar os órgãos de

decisão, também nesta altura mais dotados financeiramente, para tomarem ação

sobre áreas de interesse (Alves, 2009). Foram formuladas novas iniciativas face à

escolarização de grupos sociais problemáticos de forma convencional, verificando-se

também uma maior adesão e consequente conclusão da escolaridade obrigatória da

altura (idem, 2009). Actualmente a formação profissional inscreve-se no sistema

educativo quando é promovida pelo ministério da Educação e no mercado de emprego

quando é realizada (ou tutelada) pelo Ministério do Trabalho e da Solidariedade, por

outros ministérios sectoriais, e por outras entidades. (Cardim, 2000)

Actualmente, o número de variáveis implícitas que poderão influenciar todo o

processo de educação de adultos complexificam a sua situação. O crescente número

de desempregados e a saturação dos Centros de Emprego geram uma nuvem escura

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

5

sobre o que poderá ser feito para atenuar os casos de baixa escolaridade e constituir

uma educação de adultos positiva. “Uma das primeiras dificuldades que se sentem,

quando começamos a reflectir acerca do passado, presente e futuro da educação de

adultos em Portugal decorre do facto de estarmos, no presente, a viver um dos mais

interessantes períodos desta realidade” (Nico et al, 2011). O actual estado económico

do país coloca entraves à progressão positiva no que toca à educação e formação

profissional de adultos. Existe ainda uma incapacidade notória em arranjar soluções

funcionais para contrapor os baixos níveis de literacia. Portugal reflete nos seus baixos

níveis de literacia e baixos níveis de certificação alguma incapacidade dos órgãos de

decisão na procura de soluções capazes de mudar o rumo dos acontecimentos

(Caramujo e Ferreira: 2007).

Distanciando-se da educação tradicional e formal, a formação profissional

inclina-se indubitavelmente para a ação no mundo profissional (Canário, 2013). E por

esse facto recebe frequentemente uma conotação negativa em virtude de a formação

profissional estar quase sempre associada à população que “não estudou mais”. Esta

população é constituída assim historicamente e maioritariamente por pessoas a quem

foi negado o acesso a um processo de escolarização sistemático e relativamente

prolongado (Lima, 2004). Deve, assim, a formação profissional possuir

congruentemente um objectivo diferenciador ligado à contribuição expressiva e

directa para a qualificação da força de trabalho do país (Cardim, 1999), não se cingindo

apenas a dar uma possibilidade aqueles indivíduos que não atingiram o ensino

superior.

É importante ainda reter a presença em Portugal de uma elevada taxa de

analfabetismo, atingindo na totalidade uma taxa de 9%, chegando a 20% e 30% a nível

local em alguns concelhos (Lima, 2004), como Idanha-a-Nova (20,64%) e Covilhã

(36,72%) (INE, 2014) acentuando-se, assim, um atraso social do país que acompanha o

ritmo da crescente desvalorização das licenciaturas. A educação e formação de adultos

terá de perspectivar a cedência de um papel activo a esta população desfavorecida,

combatendo o analfabetismo e o desemprego de forma coerente.

Os jovens adultos entram em cena como um dos novos grupos desfavorecidos,

devido à sua característica escassez de experiência profissional. Têm de confrontar-se

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

6

a si próprios e formular estratégias adequadas (Silva, 2007) para prevalecerem no

mercado de trabalho, sendo que a requalificação constante e extra é um marco

relevante nestas situações. É aqui muitas vezes frequente a necessidade de

reorientação de aprendizagens anteriores (Silva, 2007), com o intuito de acompanhar a

exigência crescente imposta pelas sociedades. No entanto, nem sempre foi assim. Há

anos atrás não se verificava grande divergência entre quem era qualificado e quem

não era, o importante era ser-se competente (Imaginário, 2000). O aumento

demográfico1 fomenta ainda esta situação, onde antigamente as populações menos

densas ofereciam um maior leque de empregos não requisitantes de qualificação. Por

exemplo, a predominância de actividade no sector primário concedia uma escapatória

para a necessidade de trabalhar. Hoje em dia, com a progressiva terciarização das

actividades laborais, esta realidade desvaneceu-se dando origem à escassez de

trabalho.

Um outro problema latente da educação e formação de adultos reside nos

órgãos de decisão (Pacheco, 2009), subordinando-se sempre as orientações educativas

a decisões supranacionais. Existem decisões nacionais, no entanto os modelos

transnacionais de educação e formação gerados pela globalização tendem a

uniformizar-se, ignorando os modelos nacionais (Idem, 2009). Como afirma Ortiz

(2006: 25), as “nações deixam de ser unidades autónomas, independentes, interagindo

entre si, para serem territórios atravessados pelo fluxo da modernidade-mundo”. A

incapacidade intrínseca de resolução de problemas por parte do governo gera um

desinteresse sobre esta área. O investimento na educação deverá gerar um retorno na

profissão, pelo aumento da produtividade e dos ganhos (Alves et al., 2001). Os efeitos

da globalização neo-liberal agem assim com uma conotação negativa sobre a tónica da

formação profissional. No entanto, como diz José Augusto Pacheco a globalização vem

reforçar os fundamentos da teoria do capital humano, em que se acentua a visão da

educação como um processo de formação social (Pacheco, 2009). Tendo esta

consciência, os jovens e adultos têm de confrontar-se a si próprios (re)inventando

estratégias adequadas para o seu crescimento pessoal. No entanto, apesar da

existência de alguns estudos para medir os níveis de eficácia da formação profissional,

1 Ao longo das décadas, pois nos últimos anos em Portugal não se tem registado crescimento

demográfico.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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não existem ainda dados consistentes que traduzam um sucesso garantido do papel da

formação profissional. Como afirma Paula Guimarães (2013), é importante notar que

os resultados da formação profissional são ainda desconhecidos (Guimarães, 2013).

Este fenómeno resulta do facto de em várias situações, a transição de formandos do

desemprego para emprego ocorrer sempre algum tempo substancial após a conclusão

da formação. A autora sublinhou ainda que muitas das iniciativas levadas a cabo não

possuiam resultados que provassem a sua eficácia no auxílio aos indivíduos na procura

de trabalho (Guimarães, 2013). Contudo, em 2011 (apenas 2 anos antes) os dados do

eurobarómetro sobre formação profissional 2 já tinham provado o contrário, revelando

que:

“Segundo 82% dos inquiridos, o ensino e formação profissional proporciona as

competências procuradas pelos empregadores. Também reconhecem, na sua maioria,

que o ensino e formação profissional proporciona acesso a profissões que são

procuradas no mercado de trabalho (73%) e bem remuneradas (55%)”.

Analisando outro campo da formação profissional, o da formação interna em

empresas ou organizações, é inegável aludir aos seus benefícios enquanto facultadora

de competências. Na verdade, hoje em dia é comum que as empresas solicitem a

realização de um “estágio profissional”, ou “período de formação inicial” aos seus

novos trabalhadores com a finalidade de incutir os seus métodos e dinâmicas de

trabalho. Um exemplo disso são os anúncios de emprego, onde várias entidades

sublinham e reforçam o facto de quererem alguém que procure o seu primeiro

emprego. A possibilidade de moldarem o trabalhador ao que esperam dele constitui,

assim, uma situação recorrente. A formação profissional facilita, por isso, não só quem

tem baixas qualificações, mas também quem inicia assim o seu percurso no mercado

de trabalho ou chega a uma nova entidade empregadora.

2 O inquérito Eurobarómetro especial intitulado «Atitudes face ao ensino e formação profissional» foi

levado a cabo por meio de entrevistas pessoais a 26 840 cidadãos da UE em todos os 27 Estados-Membros, entre 4 e 19 de Junho de 2011.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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1.2- Adultos com baixas qualificações

Durante o contacto com a organização pude constatar o elevado número de

pessoas em idade adulta com baixo nível de escolaridade e qualificações. Apesar de ter

tido contacto com a temática através de estudo e informações, o contexto

organizacional em que estive inserido permitiu-me atestá-lo na prática. O ensino de

adultos para níveis baixos de escolaridade representa um nicho do ensino muito pouco

explorado e estudado (quando comparado com o campo da educação tradicional). No

entanto, vem marcando progressivamente presença na sociedade portuguesa

(Almeida, 2008:7), onde as medidas assumidas a nível nacional e repercutidas nas

diferentes regiões são provenientes de um “movimento de valorização” do campo da

educação dos adultos, com evidente afirmação nos países da Europa (Nico, 2011: 10).

Quando se aborda este conceito é necessário perceber a sua natureza particular, uma

vez que interligado a qualquer tipo de aprendizagem está a experiência de vida que

indubitavelmente representa um método de aprendizagem e educação.

Como afirma Rui Canário, “a educação de adultos, tal como a conhecemos hoje,

é um fenómeno recente mas não constitui uma novidade. Concebendo a educação

como um processo largo e multiforme que se confunde com o processo de vida de

cada individuo, torna-se evidente que sempre existiu educação de adultos” (Canário:

1999). A baixa qualificação de adultos sempre existiu devido ao facto de há algumas

décadas atrás a predominância do sector primário não reclamar como necessária a

obtenção de conhecimentos científicos ou de mais qualificações. No entanto a re-

estruturação das sociedades (a nível tecnológico, industrial, económico e social) e

alterações do mercado laboral culminaram numa incapacidade individual de

acompanhar o evoluir dos tempos. As novas gerações viram a luz do dia já na

sociedade da informação, adaptando-se a realidades muito mais tecnológicas e

informatizadas. E, entretanto, quem já praticava actividades não requerentes de

qualificação foi aos poucos “ficando para trás”. A terciarização das actividades e

serviços colocou a “corda ao pescoço” daqueles que não acompanharam a

“informatização” das sociedades.

Actualmente o número de portugueses analfabetos é superior a meio milhão

de individuos (INE, 2014). Este valor revela-se deveras generoso se elaborarmos uma

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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retrospectiva temporal ao longo dos anos. No entanto no ano de 2014, num país com

apenas 10 milhões de habitantes estes valores são algo assustadores. Contrapondo

este valor, apenas 14,8 % da população nacional detém graus académicos elevados,

onde se verifica um maior número de mulheres licenciadas do que homens.

Os dados fornecidos pela base de dados online “pordata”, sugerem ainda que

cerca de 49,1% da população com mais de 15 anos não possui o 9.º ano de

escolaridade e 25,5% tem apenas o 1.º ciclo do ensino básico. Somando estes 2 valores

atingimos quase 80% de uma população pouco qualificada. Com o alargamento da

escolaridade obrigatória ao ensino secundário estes níveis num contexto futuro

deverão ser algo amenizados. No entanto, esta iniciativa não abrange certamente

quem já se encontra em idade adulta. Não representando nenhuma surpresa, grande

parte desta população encontra-se também desempregada.

Muitos dos problemas encontrados na procura de soluções para casos de

desemprego desta população carenciada, recai na frequência de casos em que os

adultos pouco qualificados carecerem não só de competências profissionais

específicas, mas também de competências essenciais aplicáveis à maioria das

profissões (CEDEFOP, 2013). O que significa que quem quiser exercer uma actividade

profissional deverá evidentemente possuir o mínimo de capacidades básicas. Entre

estas capacidades figuram a numeracia e a literacia, as competências informáticas, a

capacidade de comunicação e ainda as atitudes face ao trabalho e a conduta no local

de trabalho (idem, 2013). Estas incapacidades poderão ser colmatadas aquando da

realização da formação profissional. O incremento de valores e comportamentos

orientados para as profissões somam mais um ponto positivo a favor da formação

prestada.

A necessidade de solucionar estes casos, aumentando as qualificações

individuais dos adultos, é extremamente importante como motor de desenvolvimento

social, pois estes representam a população activa do país, a começar pelos jovens que

representam o futuro. Uma célebre citação promulgada pelo primeiro presidente da

república da Tanzânia, Julius Nyerere, mencionada por Cardim na sua obra (2000),

traduz na perfeição a importância da educação e qualificação de adultos, que é a

seguinte:

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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“Devemos em primeiro lugar, instruir os adultos. As nossas crianças não

desempenharão nenhum papel importante no nosso desenvolvimento económico, no

decurso dos próximos cinco, dez ou mesmo vinte anos, enquanto que o impacto dos

adultos se faz sentir a partir de hoje mesmo”.

No entanto, apesar de ser necessário solucionar estes casos por forma a

alcançar uma evolução social colectiva, é necessário abordar o problema social dos

adultos pouco escolarizados sob diferentes olhares (Cavaco, 2008), desde logo

atendendo devidamente à panóplia de problemas individuais e colectivos que

representa. Por exemplo, através do trabalho empírico circunstanciado é possível

compreender que os adultos pouco escolarizados, em certas situações, evidenciam um

conjunto de dificuldades na resolução de problemas do seu dia-a-dia, e em outras

situações conseguem superar os efeitos da dominação cultural (idem, 2008). É aqui

necessário constatar que muito para além do contributo de uma população

escolarizada representar uma mais-valia para a coesão social, o bem-estar individual e

versatilidade de capacidades de actuação no quotidiano em diversas situações deverá

ser sempre também tido em conta.

Um dos maiores problemas decorrentes do conhecimento de situações de

baixa escolaridade e analfabetismo de adultos reside no excesso de dependência de

dados estatísticos. É necessário prestar um olhar mais aprofundado sobre estas

situações e tentar conhecer de perto as realidades e situações, que esses adultos

realmente enfrentam. Este é um processo complexo e não se pode reduzir à sua

dimensão técnica e estatística (Cavaco, 2008). O facto de representar um problema

social requer um processo minucioso de desconstrução (idem, 2008) para uma

avaliação eficaz. É necessária uma ruptura epistemológica das noções fundamentais do

Estado, do saber e do próprio desenvolvimento (Parajuli, 1990).

Ter apenas informação quantitativa permite-nos conhecer números mas não

avaliar rigorosamente contextos individuais. A integração organizacional marcou assim

um ponto fulcral de melhor compreensão desta vertente pelo contacto direto com os

actores sociais atingidos por este problema. Para apontar soluções é primeiro

necessário identificar causas. A baixa qualificação deriva de outros problemas ou

situações sociais. O ponto mais comum que serve de fio condutor aos baixos níveis de

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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qualificação é o fenómeno do abandono escolar precoce. Situações de abandono

escolar poderão surgir por várias razões, como marginalidade, meios sociais

problemáticos, necessidade precoce de ter rendimento, maternidade na adolescência,

famílias monoparentais ou com dificuldades económicas e etc.. Estas situações são

cada vez mais comuns no dia-a-dia contemporâneo culminando posteriormente em

trabalho não qualificado ou desemprego. As políticas e medidas de apoio a jovens com

vista à prevenção destas situações deveriam ter um papel fulcral nas agendas politicas

com finalidade de preservar o futuro e manter-nos no encalce de outros países

europeus.

Como sustenta o Relatório sobre a Economia Portuguesa da OCDE de 2012, é

necessário melhorar as oportunidades e resultados educativos de crianças de

condições socioeconómicas mais desfavorecidas, o que porém ainda não acontece

(OCDE, 2012). Naturalmente o maior número de castigados pelo desemprego,

avançado pelo mesmo relatório recaiu sobre quase exclusivamente os jovens com

menores qualificações (Apesar de se verificarem alguns progressos significativos

relativamente a anos anteriores, Portugal ainda apresenta níveis de qualificações

académicas inferiores muito abaixo da média europeia) (OCDE, 2012).

Não poderemos renegar o facto de que a educação e formação são elementos

decisivos na evolução dos países e factores importantes de coesão social. Consideradas

como fonte de renovação das pessoas e das comunidades (CNE, 2011), devem, assim,

valorizar e apoiar o capital humano desde o início, ajudando a população jovem mais

desfavorecida em risco de abandono escolar (CNE, 2011). No entanto, a inexistência de

consenso político alargado dificulta muitas destas ações, devendo assumir-se que

unanimidade de ideias e acção nunca existirá. As agendas locais detêm, ainda um

poder acentuado no âmbito da educação, desde a tomada de decisões à realização de

projectos locais e intervenção regional. Este facto deve-se à descentralização de

políticas educacionais. Como aponta Mons (2004: 46) “o Estado central não abdica de

todo o seu poder na organização do sistema educativo: se as suas competências se

limitam à regulação e ao controlo, o conjunto das tarefas de gestão são delegadas nos

actores locais, sobretudo às escolas, que passam a beneficiar de um amplo estatuto de

autonomia”.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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A descentralização das políticas curriculares é comum a todos os sistemas

educativos (Pacheco, 2009). Pacheco, citando Stromquist (2006:371), aponta o Estado

como sendo explêndido no seu discurso escolar sobre as políticas e pobre nas

propostas de ação, apresentando-se como débil nos esforços para a implementação e

tacanho na transferência de recursos (idem, 2009).

Caramujo e Ferreira (2007), relativamente a esta realidade colocam a seguinte

questão: “A verdade é que, se a baixa escolarização é um factor impeditivo do

desenvolvimento, como poderemos exigir que o país se modernize, apanhe o comboio

promissor do futuro, se metade da população possui pouco mais do que o primeiro

ciclo de escolaridade?” (Caramujo e Ferreira: 2007) A resposta a esta pergunta é tão

simples quanto “não podemos”. Este simples facto deriva da incapacidade de competir

com outros países que se encontram muito à nossa frente tanto a nível económico

como social. O nosso atraso em vários níveis como infra-estruturas e serviços colocam-

nos na cauda da Europa, levando muitas das vezes quem é qualificado e

empreendedor a emigrar (fenómeno conhecido como “fuga de cérebros”).

O incentivo ao ensino deverá ser valorizado independentemente da idade dos

indivíduos, valorizando a educação e a formação como traves mestras da mudança

(Pacheco, 2009). Acompanhando as organizações educativas, os desafios provenientes

do mundo económico deverão ser enfrentados eficazmente por parte das

organizações educativas (idem, 2009). Deverá existir um esforço conjunto das várias

entidades responsáveis para colmatar a baixa escolarização formando um capital social

activo mais habilitado. No entanto, é necessário reter a ideia de que a ação de várias

escolas é insuficiente para prevenir casos de insucesso e abandono escolar. A escola

deixa de ser assim o veículo de conhecimento central do conhecimento em sociedades

em que a desigualdade se faz a partir de critérios de infoexclusão (ibidem, 2009).

Um passo na direção certa implementado pelo programa “Novas

Oportunidades” da formação profissional previa precisamente a concessão de uma

segunda oportunidade a quem tivesse abandonado precocemente a escolarização ou

tivesse evidenciado elevados índices de insucesso escolar (Canário, 2007: 169). O apoio

e valorização de aprendizagens individuais também representaram um incentivo à

formação profissional, com a materialização dos percursos de Reconhecimento,

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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Validação e Certificação de Competências (RVCC), dentro de uma lógica curricular mais

dependente dos “critérios valorizados pelos empregadores” (Pacheco, 2009). No

entanto, apesar de alguns pontos positivos e boas intenções estes percursos sofreram

várias críticas devido ao facto de serem associados a um facilitismo notório. A linha

temporal de realização e aprovação nestes percursos é deveras rápida ficando aquém

das exigências enfrentadas na educação tradicional. Vários autores defendem a

premissa de serem concedidas certificações fáceis com o intuito de melhorar a imagem

social. Melo (2007), por exemplo, tece uma dura crítica comparando a certificação

nestes casos, concedida a jovens do insucesso escolar, como sendo um erro crasso,

pedagógico e politico assemelhando-se à emissão de uma moeda falsa.

Os cursos de Educação e Formação de Adultos (EFA) viriam após os RVCC, a

representar a mesma esperança sem o facilitismo associado devido à sua natureza

semelhante ao ensino prestado nas escolas. A diferença residia aqui no facto de se

cingirem a uma melhoria de capacidades e não na atribuição de certificações apenas

em resultado da experiência de vida dos candidatos.

O ponto-chave de toda esta secção é muito simples, podendo ser

percepcionado pelo simples olhar do senso comum: a baixa escolarização tem de ser

combatida não só por uma questão de bem-estar individual, mas sim social, de

competitividade e de capacidades geradoras de autonomia e de subsistência. Esta

necessidade é fundamental não só na suposta melhoria do quotidiano, mas num

cenário global, como afirma Bauman (1999: 71), citando que a competição social

internacional se dá entre grupos dos Estados e não entre os próprios Estados, e onde

além do currículo nacional, a valorização dos resultados escolares é uma faceta das

reformas curriculares, mormente pelo significado da avaliação externa (Pacheco;

2009). De resto, a boa imagem projectada num contexto internacional pode inclusive

ser geradora do interesse de cidadãos estrangeiros ao procurarem integrar programas

de ensino e formação em território nacional, como por exemplo os programas de

Erasmus e intercâmbio do ensino superior.

Existe então uma necessidade proeminente de manter, dinamizar, e

eventualmente aumentar a nossa capacidade endógena de qualificar adultos, de

promover oferta educativa direcionada para as necessidades e as expectativas dos

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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adultos e, também, para as necessidades da economia do país (Nico, 2011). O acesso

ao ensino e formação deverão nesta vertente constituir um direito disponível para

todos, não limitando o seu acesso a grupos etários. A possibilidade de requalificação

em qualquer ponto da vida constitui sem dúvida um passo na direção certa para uma

população mais escolarizada. Hoje, mais do que nunca, o direito à educação é um

“direito sem rugas” e deve exercer-se, com a mesma quantidade e qualidade, em

qualquer momento da vida de cada indivíduo (idem, 2011).

1.3 -Desemprego

Como tenho vindo a mencionar até este ponto, é quase impossível dissociar a

problemática do desemprego da baixa escolaridade ou formação. De igual modo,

mediante a avaliação de estudos realizados nos últimos anos3, num futuro muito

próximo um ou dois em cada cinco portugueses sofrerá de condições consideráveis de

pobreza. Ainda que as experiências de desemprego e de pobreza não se sobreponham

necessariamente, elas podem encontrar-se, tocar-se, cruzar-se (Caldeiras, 2011).

A escassez de postos de trabalho e saturação dos existentes, culminaram no

decorrer dos anos na desvalorização de qualificações, percecionadas anteriormente

como altas, como é o caso das licenciaturas. Perante esta triste realidade, se até quem

possui o ensino superior enfrenta dificuldades, como se “safam” os restantes?

É difícil apresentar uma solução eficaz, quando os estudos do desemprego

sugerem que os jovens e os trabalhadores menos escolarizados em risco de

desqualificação social são de momento as faces mais adversas do fenómeno do

desemprego (Pedroso, 2005: 4). O mercado de trabalho funciona enraizado

naturalmente em premissas capitalistas, procurando sempre empregar mão-de-obra, o

mais qualificada possível ao menor custo. Esta simples realidade inerente ao sistema

condiciona ainda mais a possibilidade de quem possui poucas qualificações integrar o

mundo laboral.

3 Estudo dos sem abrigo do instituto da segurança social, ano 2005.

Estudo nacional do sociólogo português Alfredo Bruto da Costa Um olhar sobre a pobreza. (2008). Estudo internacional dos sociólogos brasileiros Adilson Gennari e Cristina Albuquerque “Globalização, desemprego e (nova) pobreza: estudo sobre impactos nas sociedades portuguesa e brasileira”. É a pobreza fonte de (des)emprego? de Pedro Hespanha, ano 2007. Dados do INE 2011 “estatistica do emprego”. Dados do eurostat 2011 “unemployment rates”.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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No entanto o melhoramento de habilitações individuais não garante a

supressão directa de casos de desemprego. “A distribuição do desemprego não difere

de forma significativa da distribuição da população activa, considerando-se as

habilitações académicas ou qualificações. No entanto, a tendência aponta para o

aumento da proporção do desemprego desqualificado mesmo com o esperado

aumento geral das qualificações da população” (Canavarro, José: 2004).

O facto de ter ou não emprego exerce uma influência pesada em diversas

dimensões do quotidiano, como económica, financeira e social. O desemprego nunca

deixa quem o vive indiferente. É negativamente vivido na generalidade dos casos. Cria,

em geral, sentimentos de desânimo e de angústia, de desvalorização e inutilidade até,

a que se juntam sentimentos de injustiça e de alguma revolta (Caldeiras, 2011).

Tal como afirma Paugam (2000), o emprego assegura a estabilidade financeira

e económica, o estabelecimento de relações sociais, uma organização do tempo e do

espaço e uma identidade. A sua contraparte, o desemprego, boicota esta estabilidade

naturalmente. A vertente interpessoal assume também aqui uma dimensão de peso,

como diz Meda (1999), revelando que a importância do trabalho assalariado na

superação das relações interpessoais arbitrárias, colocando também a tónica no seu

contributo para a hierarquização e separação dos tempos sociais e para a

uniformização dos modos de vida.

No entanto esta acção interdimensional do emprego mesmo que fosse positiva

não seria sinónimo de desenvolvimento. O desenvolvimento e progresso só poderão

ser alcançados com a eliminação de lacunas no sistema, e capacitação eficiente e

direcionada para a actividade laboral (Canário, 1998). Nesta vertente Canário (1998)

coloca a seguinte questão: «O que é que está a acontecer à pobreza? O que é que está

a acontecer ao desemprego? O que é que está a acontecer à desigualdade? Se um ou

dois destes problemas centrais estivessem a piorar, especialmente se estivessem os

três a piorar, seria estranho chamar ao resultado "desenvolvimento", mesmo que o

rendimento per capita duplicasse» (idem, 1998).

Esta questão é totalmente pertinente, pois de que serviria o aumento do PIB da

população ativa, se a população desempregada continuaria a aumentar? Nada, o

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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combate ao desemprego continuaria na mesma, os níveis de literacia continuariam

baixos, e a exclusão social predominaria naturalmente. Esta situação não deixaria de

ter um carácter parcialmente positivo naturalmente. No entanto, na medida de análise

de desenvolvimento o aumento do PIB não é um factor determinante e absoluto.

Caldeiras (2011) avança como solução simples para casos de desempregados a

restrição de despesas ao estritamente necessário, devido aos baixos rendimentos.

O desemprego é naturalmente o principal gerador de pobreza, que para

Giddens (2004) diz respeito aos indivíduos, famílias e grupos na população defrontados

com a falta de recursos que não lhes permita ter o tipo de alimentação, participação

nas atividades, condições de vida que são habituais, ou pelo menos, amplamente

encorajadas pelas sociedades a que pertencem. Esta condição dificulta a subsistência,

individual e social que se traduz na necessidade de possuir um mínimo de recursos,

que assegurem a despesa necessária à manutenção de saúde meramente física

(Centeno, Eskrine e Pedrosa, 2000). É importante aqui enunciar estes elementos

devido ao facto de muitos utentes da organização (Inovinter) padecerem destas

condições. A realidade é que muitos deles procuram receber formação por causa das

bolsas de apoio económico devido à sua incapacidade de arranjar emprego.

É necessário aqui chamar também à atenção para o facto de o problema do

desemprego dever ser diferenciando segundo diferentes tipos. O desemprego poderá

ser friccional, estrutural, sazonal, tecnológico ou cíclico (Thirlwall, 2007). O

desemprego friccional sucede quando se verifica uma mudança na actividade

profissional dos indivíduos, resultando num desemprego habitualmente temporário e

representa a abstinência de emprego de menor impacto económico (Keynes, 2008).

O desemprego estrutural define-se por um desajuste entre a procura e a oferta

de trabalho, ou seja, quando existe mão‐de‐obra disponível no mercado e não existem

os postos de trabalho necessários para corresponder ao número de pessoas à procura

de emprego. Sucintamente, há muita oferta de mão-de-obra para pouca procura

existindo, assim, um desequilíbrio (Conceito.de, 2011). É considerado como sendo o

tipo de desemprego mais grave (idem, 2011). Este tipo de desemprego é uma

realidade bem presente em Portugal e tem vindo a aumentar.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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O desemprego cíclico representa aquele que se faz sentir actualmente um

pouco por todo o mundo, característico das depressões e momentos de recessão

económica marcados pela crise, que dá origem a baixas do poder de compra de quem

é assalariado, dificultando adesões a créditos e culminando nas subidas dos preços. É

fruto do próprio sistema capitalista e da chamada crise de superprodução cíclica

apontada por Karl Marx (20134).

O desemprego sazonal ou temporário, reside na integração de actividades que

apenas requerem trabalho numa determinada época do ano, como é o exemplo das

actividades praticadas no sector agrícola (Conceito.de, 2011). Um outro exemplo

também diz respeitos a várias atividades da indústria da restauração localizados em

zonas turísticas que apenas abrem ao público nas épocas altas, fechando portas o

resto do ano (geralmente durante o Outono e o Inverno).

Por fim o desemprego tecnológico, representa um mal da nossa própria

evolução. É característico dos países desenvolvidos e sucede na medida em que a força

de trabalho e capital humanos são progressivamente substituídos por maquinarias

especializadas e produtos industriais mecanizados de alto rendimento, como se

verifica num número crescente de fábricas (Couto, 2011).

Esta enunciação permite, assim, mais facilmente situar Portugal, percebendo as

origens do desemprego crescente (taxa 17,7% de desemprego prevista para 2014) (JN,

2013). O nosso país reúne sensivelmente um pouco de todos os tipos de desemprego,

pois Portugal detém o título de “país desenvolvido” e não de “em vias de

desenvolvimento” (ONU, 20135). No entanto, há praticamente 30 anos os estudos de

Boaventura de Sousa Santos (1985) classificaram Portugal como país semi-periférico.

Assumindo a teoria da economia mundo de Wallerstein (1990), todos estes tipos de

desemprego contribuem para a classificação económica do país a nível internacional,

onde se verifica a necessidade de existirem pobres para poderem existir ricos através

de uma troca desigual de bens e matérias-primas, evitando que o sistema económico

colapse (Wallerstein, 1990).

4 Data de re-edição. Data original: 1867.

5 Relatório de desenvolvimento humano 2013. Portugal ocupa a posição 43 do ranking mundial, sendo

assim, considerado um país desenvolvido.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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Quando se fala em qualificações, também não se deverá generalizar que toda a

população desqualificada se encontra desempregada. Esta situação, apesar de

marcante, não representa a totalidade de casos de baixas qualificações. No entanto, o

problema aqui reside na remuneração prestada a estas pessoas. Os trabalhadores não

qualificados encontram-se no fim da tabela de salário junto dos aprendizes,

praticantes e estagiários seguindo-se de quem é semi-qualificado. A discrepância

notada nos valores salariais entre qualificados e não qualificados é deveras acentuada,

crescendo progressivamente consoante o nível de qualificações (Alves, Centeno e

Novo, 2010).

As razões que estão na origem do estatuto de desempregados também

poderão ser imensas, não afectando apenas grupos carenciados mas podendo afectar

todos os cidadãos. O aumento da duração do desemprego também vem deteriorar,

ainda mais, a situação do trabalhador no mercado de trabalho (Decker e Levine, 2001)

devido à inactividade temporária ou constante. O desemprego representa assim o

inimigo número um das sociedades actuais, que nos afecta a todos, mas que

predomina implacavelmente sobre aqueles que não dispõem das capacidades

esperadas para subsistir no mundo laboral (Letelier, 1999).

1.4 -Precariedade e vulnerabilidade social

O conceito de vulnerabilidade social teve origem na área dos direitos humanos,

referindo-se a grupos e indivíduos fragilizados, jurídica ou politicamente, na promoção,

proteção ou garantia do seu direito à cidadania (Ayres, 1999). Apesar de o debate

sobre a vulnerabilidade poder eventualmente ser considerado um debate

relativamente recente, o fenómeno de vulnerabilidade social sempre existiu. Contudo,

nas sociedades contemporâneas adquiriu maior centralidade, ainda que existam

grupos e classes sociais mais vulneráveis à condição de precariedade do que outros. A

vulnerabilidade e precariedade conduzem à exclusão social, traduzida por um conjunto

de problemas que conduzem ao afastamento individual de um grupo ou sociedade em

que se está inserido. Castell (1990), aponta este fenómeno como sendo o ponto

máximo da marginalização, representando um processo progressivo que culminará

num isolamento total e absoluto.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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Conhecendo de uma forma geral as características de utentes que se

encontram inscritos nos centros de emprego do IEFP, não é difícil perceber que muitos

dos utentes são provenientes de meios sociais muitas vezes problemáticos e em

situações de vulnerabilidade social. O número de pessoas que usufruem do

rendimento social de inserção é, afinal, um indicador que atesta a presença de tais

sinais de vulnerabilidade. Por outro lado, a presença de cidadãos com distintas

proveniências de base étnica e racial permitiu igualmente constatar que se tratava de

pessoas com graus de exclusão social .

Os baixos níveis de escolaridade muitas vezes estão associados a casos de

exclusão social. A discriminação é quase inerente face a quem está desempregado ou a

quem possui poucos estudos. É importante perceber que muitos destes indivíduos se

encontram destituídos de capacidade para ter acesso aos equipamentos e

oportunidades sociais, económicas e culturais oferecidos pelo Estado, mercado e

sociedade (Padoin, 2010). Tendo em conta esta realidade, quando se fala em raças

diferentes, etnias e classes sociais carenciadas o factor de discriminação e

vulnerabilidade social aumentam (Sennett, 2003).

Quem é apanhado na condição de desempregado – como a generalidade dos

utentes da Inovinter – encontra-se, à partida, em situação de potencial exclusão do

mercado de trabalho, alargando-se essa mesma exclusão a dimensões variadas da

esfera social. A inimputabilidade individual perante uma série de situações

impossibilita a integração social dos desempregados em vários contextos específicos. A

deficiência no acesso a bens e serviços, tais como educação (tradicional), lazer,

trabalho e cultura, colabora para o crescimento da situação de vulnerabilidade social

(Padoin, 2010). Cabe ressaltar que esses elementos são considerados fundamentais

para o desenvolvimento dos recursos materiais e socioculturais.

Uma característica essencial da vulnerabilidade seria o facto de referir-se a um

atributo relativo à capacidade de resposta dos indivíduos ou grupos frente a situações

de risco ou constrangimentos (idem, 2010) Dessa forma, a vulnerabilidade pode ser

entendida como a incapacidade dos indivíduos, famílias ou grupos, de enfrentar os

riscos existentes no seu contexto envolvente, ampliando, portanto, a perda do seu

bem-estar (ibidem, 2010). Como diria Turner, “a perspectiva aqui sustentada é a de

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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que o trabalho digno se conjuga com uma fundamentação dos direitos humanos,

tendo por base a vulnerabilidade da natureza humana e a precaridade institucional”

(Turner, 2006).

Como já verificado anteriormente, muitas vezes a necessidade de ajudar a

combater casos de baixa escolarização terá de ser consolidada com o propósito, em

primeiro lugar, de eliminar a exclusão social. Daí ser importante inserir indivíduos

socialmente excluídos em contextos sociais activos de forma a conceder-lhes um

sentimento de pertença e aceitação. Nesta vertente, o papel do emprego, serve como

um motor capacitador de fuga à exclusão social, mediante a sua função integradora e

benefícios que traz para o estímulo da coesão social. Sempre que existe uma

desregulação ou perda de flexibilidade do mundo laboral surge a precariedade

eminente. Adoptando um termo cunhado por Castell (1995), de “vulnerabilidade de

massas” é importante percepcionar a massificação da problemática no seio das

sociedades. Com o aumento constante do desemprego, esta vulnerabilidade

acompanha esse crescimento, enaltecendo o autor a importância do trabalho

assalariado neste ponto, defendendo que “ o trabalho é mais que o trabalho e,

portanto, o não-trabalho é mais que o desemprego” (Castell, 1998). O autor aponta

ainda que os problemas do desemprego e da precariedade, são os fenómenos que

estão no cerne da degradação da sociedade salarial (idem, 1998).

A exclusão social consiste, assim, em mais uma das problemáticas enfrentadas

pelos desempregados e indivíduos pouco qualificados. Este conceito implica uma

análise da sociedade e do seu funcionamento, abordando os mecanismos através dos

quais os indivíduos ou grupos sociais são excluídos (Centeno, Erskine e Pedrosa, 2000).

Contudo, apesar de esta situação representar uma realidade preponderante,

nem sempre o desemprego implica exclusão social. Aquando de um carácter

temporário e uma disponibilidade de recursos individuais suficientes, a probabilidade

de um indivíduo se manter ativo nas redes sociais é uma realidade. A situação de

emprego ou desemprego contribui indubitavelmente para o estatuto social, não

servindo apenas como uma fonte de rendimento e recursos. A integração em meios

sociais de trabalho promove o estímulo de relacionamentos interpessoais,

transmitindo um sentimento de segurança e pertença sociais.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

21

A materialização do Estado de Bem-Estar social proporcionou inicialmente

alguma estabilização no sistema socio-económico nacional, por meio de melhoria nas

condições de vida individuais, acesso aos bens materiais e simbólicos e redução dos

conflitos trabalhistas e sociais (Rodrigues, s.d). A constante busca da igualdade social

representou um projeto político capaz de reequilibrar as esferas económicas e sociais

(idem, s.d). No entanto não foi nem nunca será possível colmatar de forma eficiente

todos os casos de precariedade social. A necessidade de apoio constante a uma grande

fatia da população vulnerável, destitui a capacidade de autossuficiência económica de

quem se encontra activo no mercado de trabalho. O Estado Providência “espreme” da

população activa os seus tributos enquanto contribuintes, fenómeno do qual surge a

capacidade de ajudar quem necessita. Neste âmbito, Paugam (2006) avança ainda um

termo justificativo da perda de força do trabalho, a desqualificação social, apontando a

prestação de verbas e apoios financeiros (Paugam, 2006) como um dos males que

estão na sua origem.

A economia portuguesa afectada pela crise económica mundial levou-nos a

questionar o Estado Providência (Estanque, 2012). As dificuldades económicas

individuais dos portugueses (contribuintes) dificultam as tentativas de combate à

vulnerabilidade e exclusão social. A solução aqui passa pelo campo da inserção e

reintegração sociais. Deverão ser prestados alguns apoios sociais em consonância com

um esforço individual por parte dos indivíduos em se tornarem cidadãos plenos, na

óptica de a sociedade os aceitar nesse estatuto. Aqui pretende-se aliar a tónica da

solidariedade à ideia geral de inclusão.

A eliminação de casos de precaridade social, representaria assim uma

população mais preparada em evoluir, adoptando a necessidade de melhoramento a

nível de formação de forma natural. No cerne desta busca de colmatação da

precariedade o combate às desigualdades estaria aqui a ser trabalhado também. A

limitação da autonomia pessoal e a vulnerabilidade socio-económica são fenómenos

que podem estar intimamente relacionados. Resta apenas referir que os centros de

formação profissional, ao serem dotados de uma estrutura que incorpora aulas que

funcionam como uma escola, “forçam” a integração social de indivíduos em grupos. O

formato de “turmas tradicionais” vai, aos poucos, permitindo a criação de equipas de

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

22

formandos que formulam laços de amizade e relações sociais, criando assim um

distanciamento mais ou menos eficaz da situação de exclusão social e,

consequentemente, reforçando sentimentos de pertença e inclusão.

1.5 -Alguns dados estatísticos

Após a exposição teórica de elementos relevantes considero pertinente

disponibilizar alguns dados estatísticos ilustrativos de algumas das situações

indentificadas. Como tal, recorri à base de dados online “pordata” devido ao grande

volume de informação relevante de que dispõe. Apresento então em seguida alguns

desses dados com uma breve análise adjacente.

Tabela 1

Desempregados inscritos nos centros de emprego e de formação profissional (média anual): total e por tipo de desemprego em Portugal Indivíduo - Milhares

Anos

Tipo de desemprego

Total À procura do 1º

emprego

À procura de novo

emprego

1985 341,8 57,5 284,3

1990 307,3 80,7 226,5

2000 327,4 33,7 293,8

2001 324,7 29,8 294,9

2002 344,6 26,6 318,0

2003 427,3 31,1 396,2

2004 461,0 32,1 428,9

2005 477,2 32,1 445,1

2006 459,5 33,6 425,9

2007 410,2 35,2 375,0

2008 394,5 34,8 359,7

2009 495,5 37,4 458,2

2010 555,8 41,6 514,2

2011 551,9 42,4 509,5

2012 667,2 52,8 614,4

2013 707,8 63,6 644,2

Fontes/Entidades: IEFP/MSSS, PORDATA Última actualização: 2014-01-22

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

23

Com uma taxa de desemprego total de 16,2% registada no ano 2013 (INE,

2014), virando uma página e observando estes dados do ano 2014, podemos constatar

a grande afluência de indivíduos desempregados a recorrerem aos centros de

emprego. Não poderemos ignorar o facto de os dados aqui expostos estarem

estimados em milhares e não em percentagens o que torna estes números bem mais

assustadores. Apesar de valores mais elevados para desempregados que procuravam o

primeiro emprego em 1985 e em 1990, tendo-se registado uma descida significativa

relativa à década seguinte, de 2000 até à actualidade os valores cresceram de forma

constante.

Tabela 2

Taxa de desemprego: total e por nível de escolaridade completo (%) Taxa - %

Anos

Nível de escolaridade

Total Nenhum Básico Secundário e pós

secundário Superior

1998 ┴4,9 ┴2,6 ┴5,1 ┴6,9 ┴3,4

2000 3,9 1,7 4,2 4,6 3,1

2001 4,0 2,3 4,2 4,5 3,4

2002 5,0 2,6 5,2 5,5 4,9

2003 6,3 3,3 6,5 6,9 6,0

2004 6,7 3,6 7,1 6,9 5,3

2005 7,6 4,6 8,0 8,0 6,3

2006 7,7 5,6 7,9 8,5 6,3

2007 8,0 5,1 8,3 8,2 7,5

2008 7,6 5,4 7,8 7,9 6,9

2009 9,5 6,8 10,3 9,6 6,4

2010 10,8 9,2 11,7 11,3 7,1

2011 ┴12,7 ┴11,9 ┴13,7 ┴13,3 ┴9,2

2012 15,7 14,9 16,3 17,6 11,9

2013 16,3 17,9 17,0 17,2 12,9

Fontes/Entidades: INE, PORDATA Última actualização: 2014-02-07

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

24

Verifica-se na tabela um melhoramento progressivo ao longo dos anos

relativamente aos índices de escolarização da população nacional nos níveis

secundário e pós secundário e do ensino superior. Em contrapartida, com o aumento

dos desempregados, a percentagem daqueles que nessa condição não têm nenhuns

estudos também representa uma evidência. O aumento de todos os índices suscita

incertezas, pois torna difícil avaliar se de facto a escolaridade da população melhorou,

dado que os casos “bons” aumentaram juntamente com os “maus”. Somando os

valores dos níveis secundário e pós secundário aos do ensino superior o resultado será

inferior à soma dos níveis básico e sem qualquer escolaridade. A margem de erro algo

significativa demonstra que os níveis de escolaridade baixos e inexistentes ainda

predominam sobre os níveis elevados esperados de uma população de um país

“desenvolvido”.

Mediante a análise estatística, através do gráfico abaixo exibido, constata-se

um abandono escolar mais significativo e predominante nas ilhas. Contudo, apesar dos

valores relativamente baixos, somando todas as percentagens este número sobe

consideravelmente. Portugal apesar do seu carácter semi-periférico a nível

socioeconómico, é tido como um país desenvolvido (por estar inserido no bloco

regional da EU), que deveria apresentar resultados deveras inferiores aos

apresentados, na perspectiva em que devia comparar-se aos países da UE.

Os resultados provenientes dos censos de 2011, apesar de não apresentarem

valores dramáticos, deveriam apresentar percentagens inferiores a 1% em cada uma

das regiões analisadas, onde deveria ser garantido e incentivado pelo menos a

realização da escolaridade obrigatória para a população nacional.

Gráfico 1- Taxa de abandono escolar (%) por local de residência (à data dos censos

2011); Decenal

Fonte: INE, 2014.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

25

Capítulo 2

2- Caracterização da Entidade de acolhimento

Fundada no ano de 1998, a Inovinter apresenta-se como uma organização

nacional gerada por uma interação conjunta do IEFP e da CGTP-IN e que abarange

uma área geográfica genericamente vasta que cobre todo o território nacional à

excepção das regiões autónomas. Apresenta uma totalidade de 16 polos (entre os

quais se apontam 3 delegações e uma sede), tendo como missão “Promover e realizar

projetos de formação profissional e de intervenção social de qualidade, inovadores e

de valor sustentável, que contribuam para o desenvolvimento económico e social,

valorizando os recursos humanos numa perspetiva transversal a todos os setores de

atividade.” (Inovinter, 2013)

Dir-se-á, de forma necessariamente abreviada, que a missão da Inovinter passa

por conceder a populações trabalhadoras instrumentos que as capacitem e

qualifiquem, com base nos valores de qualidade, ética, cidadania, etc.. Ou seja,

perseguindo sempre objectivos de valorização de recursos humanos e estratégias de

formação de populações de modo a que estas sejam dotadas de maiores qualificações

e, consequentemente, melhor preparação para integrarem o mercado de trabalho. O

catálogo de ofertas formativas de que dispõe é deveras rico, apresentando uma

grande diversidade de possibilidades. A transição do estatuto de desempregados para

empregados afirma-se como uma prioridade da organização, mediante a frequência da

oferta formativa da Inovinter..

A oferta formativa da Inovinter é constituida por percursos formativos de

educação e formação de adultos (EFA), formações modulares certificadas (FMC) como

as “unidades de formação de curta duração” (UFCD), cursos de “revalidação e

certificação de competências” (RVCC), cursos de educação e formação de jovens (CEF),

cursos de especialização tecnológica (CET), cursos profissionais, cursos de

aprendizagem e, por fim, cursos e programas de apoio pedagógico a formadores

(exemplo: novas tecnologias para formadores). Englobam várias áreas temáticas de

formação, desde a área da saúde (curso de agente de geriatria) à área da informática

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

26

(curso de serviços e redes de Linux), da contabilidade (curso de técnico/a de

contabilidade) e etc..

2.1 -A delegação de Coimbra

A delegação de Coimbra localiza-se na zona do Monte formoso, perto da baixa

de Coimbra e do bairro do Ingote, estando ainda próxima da antiga estação de

comboios (estação Coimbra B). Em termos de instalações é constituída por um espaço

de dois andares composto por gabinetes, salas de aula, um auditório, casas de banho e

espaço de convívio. A estrutura organizacional é ainda composta por técnicos

administrativos, formadores, uma chefe de delegação e uma coordenadora

pedagógica.

Anteriormente foi um centro novas oportunidades 6(CNO), tendo exercido um

papel importante nesta iniciativa nomeadamente nos percursos de formação RVCC.

Este facto deveu-se à integração na iniciativa novas oportunidades, que teve início em

2005. A nível de parcerias a Inovinter de Coimbra trabalhou com empresas, sindicatos,

autarquias e organizações de desenvolvimento local. Registou ao longo dos anos

apoios directos de entidades como a Câmara Municipal de Coimbra e o Centro de

Acolhimento João Paulo segundo, beneficiando ainda da ajuda da Escola Superior

Agrária de Coimbra, que presta um serviço inserido no âmbito da formação e

capacitação de formadores (Alves, 2009). Inserido ainda no programa “português para

todos”, também contou com a parceria do Alto Comissariado para a Imigração e

Diálogo Intercultural (ACIDI) e com o financiamento do Programa Operacional

Potencial Humano (POPH), um conjunto de ações de formação de língua portuguesa

para estrangeiros (Idem, 2009).

É importante enumerar também os campos de acção em que essas parcerias se

formularam, tendo estas sido ao nível da formação profissional, onde contou com a

ajuda da Associação Integrar e o Centro de Segurança Social de Coimbra, no âmbito da

certificação, com o apoio do Sindicato dos Têxteis e da Associação de Cooperaçao da

Lousã “Activar”. No âmbito dos estágios e formação e contexto de trabalho e do

“Centro para a Qualificação e Ensino Profissional” (CQEP) registaram ainda entidades

6 Actualmente é um centro para a qualificação e o ensino profissional (CQEP).

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

27

como a Logicentro, o Instituto Técnico Profissional de Coimbra (ITAP), a Cáritas

Diocesana de Coimbra, etc.

É importante apontar ainda uma assinatura de protocolo entre o Instituto de

Segurança Social, e o IEFP, no dia 5 de Abril de 2013 denominado de protocolo de

cooperação para a empregabilidade e integração, que detém a finalidade de

promover, articular e fomentar uma flexibilização dos processos de integração

profissional, social e pessoal de cidadãos que se encontrem afectados por situações de

pobreza e exclusão social. A identificação destes indivíduos formulou-se no âmbito do

programa “contratos locais de desenvolvimento social mais”, também conhecido como

“CLDS+”.

Para além do grande volume de percursos formativos realizados no centro de

formação, a delegação de Coimbra destaca-se também notoriamente pela iniciativa

tomada na realização do projecto “trampolim”. Actualmente, no âmbito dos percursos

EFA, concede formação aos níveis básico, B1, B2 e B3 – que dizem respeito aos três

níveis básicos de formação do ensino básico, sendo a letra “B” a abreviatura de básico

–, não se encontrando actualmente a prestar formação ao ensino secundário. Actua

ainda nos percursos UFCD (inerentes a cursos EFA e isolados) e nas formações

modulares para jovens.

2.2 -Unidades de formação de curta duração (UFCD)

Dentro dos vários programas de formação disponíveis na Inovinter, as UFCD

constituem percursos formativos modulares nas mais diversas áreas laborais e de

intervenção. A sigla é uma abreviatura de “unidades de formação de curta duração”

que poderão deter uma duração de 25 horas ou máxima de 50 horas. Podem ser

frequentados por utentes com qualquer nível de escolaridade desde que tenham no

mínimo 18 anos de idade. Variando então os/as formandos/as de idades bem jovens

até idades já avançadas. Possuem a finalidade de capacitar ou melhorar determinadas

competências individuais com consequente integração ativa no mercado de trabalho

(IEFP, 2014). Assentam em 4 objectivos:

- Criar condições de valorização profissional de ativos;

- Aprofundar conhecimentos numa determinada área de formação;

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

28

- Desenvolver competências para o exercício profissional;

- Reforçar a capacidade técnica e organizativa das organizações;

São compostas por dois métodos de avaliação articulados entre si, a avaliação

formativa e avaliação sumativa. A primeira procura estabelecer uma avaliação directa

dos desenvolvimentos das aprendizagens e evolução individual, enquanto que a

segunda procura avaliar se os formandos atingiram ou não os objetivos de

aprendizagem traçados no início do percurso formativo. A consequente aprovação,

resultará na posterior certificação que será concretizada perante uma comissão

técnica que prestará um parecer avaliativo sobre a prestação individual.

No seio da organização representavam grande parte do volume de formações

existentes. Poderão ser frequentadas de forma individual (apenas uma) ou colectiva

(frequentar mais que uma) e isolada, ou então poderão estar inseridas noutros

processos de formação como os EFA. Por exemplo, um determinado curso EFA de

dupla certificação poderá ter previsto no seu plano de estudos uma ou mais UFCD.

2.3 -Educação e formação de adultos (EFA)

Os cursos de aprendizagem e formação EFA surgiram no ano 2000 como um

instrumento das políticas públicas, com vista à redução do défice de população adulta

com baixa escolaridade, fomentando ainda a progressiva integração de adultos no

mercado de trabalho. Foram concebidos pela Agência Nacional de Educação e

Formação de Adulto (ANEFA) e assinalaram uma inovação na formação de adultos em

Portugal, tendo assim efectuado uma ruptura com os modelos de formação anteriores

registados em território nacional. Representam uma percentagem “pesada” na oferta

formativa da organização, acolhendo várias grupos distintos de formação, mediante a

formação pretendida e características dos utentes. Esses grupos representam os

diversos níveis de escolaridade existentes, o B1, o B2, o B3 (níveis básicos) e os EFAS de

nível secundário. Poderão ser mais abrangentes englobando dois níveis em conjunto,

como por exemplo B2+3.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

29

Destinados à população adulta com ou sem escolaridade básica, e com pouca

ou nenhuma qualificação profissional, englobam um conjunto de 4 módulos de

aprendizagem distintos, que procuram ter em conta a experiência das vivências

individuais. Estes quatro elementos são os seguintes: os “AA” (aprender com

autonomia), os “FP” (formação profissional), os “FB” (formação base) e por fim podem

estar associados aos “RVC7” que viriam consequentemente dar origem aos centros

“RVCC”, e posteriormente aos CNO (centros novas oportunidades) (IEFP, 2014). No

entanto não pretendo enveredar aqui por uma análise exaustiva de cada uma das

unidades modulares aqui expostas, abordando somente a natureza dos EFA em geral.

Proporcionam uma oferta formativa de carácter inovador para os adultos

pouco escolarizados. Procuram estabelecer uma articulação entre formação de base,

adquirida mediante a experiência individual de vida, e a formação profissionalizante

recebida no centro. Todo o percurso formativo é erguido sobre uma ética funcional de

competências-chave. A vertente de promover sempre o trabalho em equipa com a

finalidade de capacitar os formandos/as para situações específicas dos empregos são

também deliberadamente proporcionadas através da iniciativa “tema de vida”.

A frequência dos EFA é realizada na maioria dos casos com a finalidade de

satisfação e valorização pessoais, traduzindo-se como um sonho finalmente alcançado

por quem os frequenta. O impacto positivo e amplo estaria implícito à partida em caso

de sucesso mediante certificação. No entanto, também se registaram casos notados de

abandono e insucesso escolar prévio de indivíduos relativamente jovens, alguns deles

com filhos bastante novos. A sua presença na formação representava sem dúvida

casos de necessidade iminente de obter mais qualificações para conseguir arranjar

emprego.

A procura de autossatisfação geral é, no entanto, um ponto positivo a favor

destes cursos, ainda que esta vertente não traduza o único ponto positivo da

frequência dos EFA, notando-se que mediante a realização de estudos e avaliação de

resultados se verifica que a formação EFA fomenta a probabilidade de

empregabilidade. Como assinala Leitão, “os resultados principais do estudo permitem

7 Actualmente cursos RVCC.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

30

concluir que os cursos EFA estão associados a um aumento da probabilidade de

transição do desemprego para o emprego, após a conclusão do curso” (Leitão, 2001).

Para Leitão no mesmo estudo: “Os resultados apontam para uma relação positiva

entre a evolução da remuneração e a conclusão de um curso EFA, naqueles casos em

que o trabalhador esteve desempregado durante o período em que se avalia a

variação da remuneração” (Leitão, 2001).

Como tenho vindo a enunciar, a necessidade de comparação entre percursos

formativos distintos é essencial quando se procura efetuar uma avaliação de impacto.

De novo como sugere Leitão, “a avaliação do impacto da participação nos cursos EFA e

nas FMC é conseguida pela comparação entre os participantes e os não participantes.

Sem um ponto de comparação não é possível determinar o efeito da formação.

Observando o comportamento da duração do desemprego ou a evolução das

remunerações de não participantes na formação, mas que tenham características

semelhantes aos participantes, consegue estimar-se a relação entre a formação e o

desempenho no mercado de trabalho.” (Leitão, 2001)

Ambos os programas de formação apresentam ainda horários de

funcionamento em regime laboral e pós-laboral concedendo uma flexibilidade de

horários aos utentes. Normalmente quem opta pelo regime pós-laboral tem um

emprego ou ocupação, dispondo por isso das horas posteriores ao trabalho diário para

receber formação. Os EFA, para além de serem uma oferta que permite adquirir

conhecimentos e melhorar a qualificação escolar, poderão ser de dupla certificação.

Este carácter bidimensional representa a possibilidade de certificação escolar e

profissional em conjunto. Os cursos RVCC representam processos que permitem uma

certifição baseada nos saberes de vida de cada adulto, em alguns casos específicos,

estes percursos poderão ser articulados com um EFA, valorizando a experiência de vida

e estimulando a aquisição de novos saberes.

A seguinte expressão formulada por José Pedro Amorim (2006) num estudo,

traduz a eficácia e acção dos EFA sobre o impacto multidimensional que estes prestam

na vida dos formandos:

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

31

“Afigura-se legitimo dizer que, grosso modo, com base nos resultados, ambas

as ofertas EFA contribuem para o desenvolvimento dos aprendentes, designadamente

ao nível de dimensões centrais como a cívica e a vocacional, ou seja, configuram

ofertas distintas mas promotoras ambas de desenvolvimento, do alargamento da rede

de interacções e, finalmente, de libertação do “casulo” tecido pela não assimilação das

sucessivas mutações sociais e tecnológicas, pela subcertificação dos adquiridos e por

um défice de competências pessoal e socialmente comprometedor”.

A análise de alguns dados estatísticos permite igualmente constatar que, ao

longo dos anos, foi considerável o número de formandos/as que passaram pela

Inovinter, registando-se uma consistência de valores. No decorrer do ano 2012 a

Inovinter realizou uma totalidade de 530 acções, abrangendo um número total de

10589 formandos/as, correspondendo a 485573 horas de volume de formação, das

quais 98% do volume de formação correspondeu a dupla certificação (Inovinter,

2013). Por sua vez, em 2013, a nível nacional, a Inovinter registou uma totalidade de

474 ações de formação e um número de 9105 formandos/as, perfazendo 40.096 horas

de formação. No ano de 2014, até ao mês de março (em que terminou o meu estágio),

a delegação de Coimbra registava já com um total de 612 inscritos e 239 confirmados

e inseridos no sistema (SIGO). Verificam-se, assim discrepâncias em alguns aspectos,

como no caso do género, onde se pode ver que as mulheres estão sempre em maioria

nos percursos formativos face aos homens. Por fim, em relação à condição de

formandos/as empregados/as ou desempregados/as, e ao nível de habilitações,

também se podem observar valores muito diferenciados.

Gráfico 2- Caracterização dos/as formandos/as por sexo

Fonte: relatório de contas e balanço da formação Inovinter 2012.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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Do total de 10589 formandos/as que frequentaram formação em 2012, as

mulheres surgem em maior número (6965, em relação aos 3624 homens), com uma

representação percentual de 66% em relação ao total de formandos/as (Inovinter,

2013). Esta é uma tendência que se tem mantido ao longo dos anos, sobretudo se

tivermos em conta os dados de 2011 e 2010 onde a percentagem de mulheres

participantes em acções de formação rondou os 68% e 61% respectivamente (Idem,

2013).

2.4 -Projectos

A organização tem em carteira um vasto leque de projectos desdobrados em

várias ações um pouco por todo o país ao longo do seu tempo de vida. Destacam-se,

por exemplo, os projectos “COMpasso”, “Formação nas aldeias”, “escolhas vivas” e

“trampolim” que representam os projectos em funcionamento a nível nacional. Na

vertente internacional, a Inovinter marca presença no projecto BESTVET, inserido no

programa aprendizagem ao longo da vida (PROALV) e no “cooperar é construir” em

Angola. Os projectos recebem apoio e financiamento de programas de apoio como o

programa “da vinci”, ou o POPH (Inovinter, 2014).

O projecto “formação nas aldeias” representa um dos maiores esforços da

inovinter e uma das suas maiores inovações, procurando atenuar as desigualdades

sociais territoriais que se fazem sentir em Portugal. O retrato dicotómico do nosso país

que contrapõe o desenvolvimento exacerbado no litoral à grande desertificação e

iliteracia do interior, implica, por si só, a necessidade de intervir onde é mais

necessário, neste caso o interior (Alves, 2009). O projecto visa, assim, o concedimento

de formação em aldeias, sublinhando o lema “fazer chegar a formação onde ela é

necessária”. Já se registaram várias ações no âmbito deste projecto, designadamente

de cooperação de várias instituições o que permite estabelecer parcerias importantes

um pouco por todo o país (Algarve, Minho, interior do país e etc). Resta referir que o

projecto nasceu em 2002 e favorece pequenas localidades com baixa densidade

populacional estabelecendo aí as suas parcerias (nível local) (Idem, 2009).

Por fim, inserido no programa escolhas encontra-se o projecto “trampolim”,

uma iniciativa da delegação de Coimbra. Actuando como um reforço para a coesão

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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social, procura prestar apoio e promover a inclusão social de grupos de jovens e

crianças vulneráveis a situações de precariedade e vulnerabilidade social. Atendendo a

uma necessidade de atenuar as desigualdades sociais os principais grupos alvo deste

projecto são representados pelas minorias étnicas, cidadãos estrangeiros e

descendentes de imigrantes. O programa de inserção e acompanhamento actua no

âmbito nacional não se cingindo apenas à zona de Coimbra, o seu local de génese.

2.5- Parcerias

A delegação de Coimbra da Inovinter actualmente resgista parcerias com

empresas, sindicatos, autarquias e organizações de desenvolvimento local. Apresento

em seguida um quadro que expõe todas as entidades com que a organização tem

vindo a estabelecer contacto ao longo dos anos na área de Coimbra:

Tabela 3- Parcerias Inovinter (delegação de Coimbra)

ESTÁGIOS E FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO

CESAE – Centro de Serviços e Apoio às Empresas Coimbra

Tecla Infinita, Lda Coimbra

Logomática, Lda Coimbra

Logicentro Coimbra

Idea Factory – Sistemas e Formação Profissional, Unip. Lda Coimbra

Ideia & Simbolos – Soluções para Internet, Lda Coimbra

Logowords – Publicidade, Lda Coimbra

ITAP - Instituto Técnico Artístico Profissional de Coimbra Coimbra

Cesário & Cesário, Lda Coimbra

Designkine - Imagem e audiovisuais, unipessoal, Lda Coimbra

CQEP - CENTRO PARA A QUALIFICAÇÃO E ENSINO PROFISSIONAL

Centro de Apoio Social de Pais e Amigos da Escola nº 10 – CASPAE Coimbra

Cáritas Diocesana de Coimbra Coimbra

Centro Educativo dos Olivais Coimbra

PRODESO – Ensino Profissional, Lda (ITAP) Coimbra

Centro Regional de Segurança Social de Coimbra Coimbra Sindicato dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios, Vestuário, Calçado, Cordoaria, Lavandaria e Afins do Centro

Coimbra

Fonte: Inovinter, 2014.

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Associação Integrar Coimbra

Centro de Segurança Social de Coimbra Coimbra

CERTIFICAÇÃO

Sindicato dos Trabalhadores Têxteis, Lanifícios e Vestuários do Centro Coimbra

Activar – Associação de Cooperação da Lousã Coimbra

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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Capítulo 3

Desenvolvimento do estágio

Uma nota inicial deve ser aqui apresentada, desde logo para dar conta que as

minhas funções na organização passaram sobretudo por fazer um acompanhamento

dos percursos formativos EFA e UFCD, o que requer uma explicitação mínima sobre o

funcionamento dos processos de seleção dos candidatos e por um foco maior na

seleção da candidatos em 2014.

3.1 -Caracterização de utentes

Durante a realização do meu estudo ao longo do estágio tive o privilégio de

acompanhar duas turmas de utentes da organização, sendo estas utilizadas como

minhas unidades de estudo. Integradas nos programas de formação designados

Unidades de formação de curta duração (UFCD) e Educação e formação de adultos

(EFA), contribuíram para a minha compreensão do funcionamento dos processos de

formação e educação de adultos com diferentes níveis de qualificações.

O perfil dos utentes que frequentam ações de formação revelou-se

diversificado, sendo a delegação de Coimbra dotada de um público-alvo multicultural,

englobando várias faixas etárias, mas com uma maior presença de mulheres do que de

homens. Os UFCD revelaram um número mais elevado de formandos do que os EFA, o

que se constata pela análise da documentação e registos relativos aos anos anteriores

(anos de 2011 e de 2012). De uma forma geral, cerca de 90% dos utentes

encontravam-se na condição de desempregados, sendo os restantes 10% indivíduos

que frequentavam percursos UFCD pós-laborais.

Os processos formativos UFCD são destinados a qualquer adulto

independentemente do seu nível de escolaridade. Neste caso, registam-se utentes

quer com níveis mais baixos de qualificações até pessoas com o ensino superior. Os

EFA por sua vez destinam-se apenas a pessoas com baixas qualificações excluindo à

partida indivíduos com o ensino secundário 8ou superior.

8 No caso dos EFA de nível básico (B1, B2 e B3). Existem EFA específicos para o ensino secundário (EFA

de nível secundário).

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

36

Neste processo de acompanhamento e avaliação das turmas UCFD e EFA fui

colhendo informações que me permitiriam tirar várias ilações ao longo do estágio. O

facto de ter ao meu dispor dois elementos de avaliação também me possibilitou ter

um termo de comparação. O grau de atenção geral foi superior nos utentes UFCD,

enquanto que o empenho em aprender coisas novas foi superior no caso da turma

EFA. O nível de escolaridade pareceu de uma forma geral assim possuir uma influência

acentuada nos comportamentos e ações dos formandos.

3.2 -Funcionamento do processo de seleção de candidatos

O processo de seleção de candidatos para integração dos percursos de

formação é composto por diversas fases, apresentadas de modo sequencial, que

poderão condicionar o acesso à formação. Este processo implica um envolvimento de

técnicos superiores responsáveis no sentido de perceber quais as capacidades,

motivações e características individuais de cada candidato, facilitando o posterior

encaminhamento profissional.

Existe assim todo um processo a seguir e a ser efetuado não estando a

formação garantida a qualquer um. Tive o privilégio de poder integrar este processo,

contribuindo com sugestões e ideias. A minha contribuição final neste ponto ocorreu

na última semana do ano 2013, onde me foi solicitada a elaboração de um guião de

entrevista. Realizei esta tarefa, tendo o guião sido utilizado nas entrevistas aos

candidatos do ano 2014.

O facto de ter contacto directo com os candidatos permitiu-me também

perceber e avaliar as características de cada candidato. Em todo o caso, o acesso que

tive a um relatório sobre esta fase permitiu-me analisar as características de cada

candidato e motivos de seleção e exclusão. Mesmo não tendo estado presente nas

entrevistas de seleção de candidatos a formandos, pude estar presente em várias

entrevistas para seleção de formadores e de avaliação de processos formativos

concluídos por parte dos mesmos, assim como em entrevistas de apreciação de

percursos formativos com formandos/as e de formandos/as que concluíram cursos.

Após a avaliação dos processos individuais e realização das entrevistas, todos

os dados recolhidos são avaliados exaustivamente para decidir quem possui o perfil

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

37

indicado e quem excluir. É importante perceber que o número de pessoas a admitir é

limitado (o limite máximo estabelecido por turma é de 25 formandos, no entanto os

valores podem variar dependendo dos percursos formativos, mas sempre abaixo do

limite referido). Todo este processo minucioso conduz à filtragem de indivíduos com

perfil indesejado, que apresentem indícios de não querer trabalhar ou de desinteresse

e falta de motivação para a formação. Também se verificou um número considerável

de candidatos e formandos que simplesmente desistiram, ou não apareceram para as

entrevistas.

Resta ainda referir que, conforme os objectivos individuais, experiência

profissional, níveis de escolaridade, assim os candidatos serão encaminhados e

integrarão cursos como os EFA, RVCC ou UFCD.

3.3 -Selecção de candidatos- 2014

Em 2014 iniciaram-se vários novos percursos formativos, implicando a

necessidade de acolhimento de novos candidatos a receber formação. Do total de 44

candidatos, 37 foram submetidos a entrevista. Os resultados apresentaram candidatos

com as mais variadas características, apresentando-se uma percentagem elevada de

pessoas com ensino superior, dentro dos quais licenciados e mestres. Quem procurou

incrementar o enriquecimento do nível de habilitações representou assim neste

processo uma minoria, o que significa que estes números evidenciam que até quem

tem o ensino superior enfrenta problemas de empregabilidade.

Alguns casos foram objeto de exclusão por ausência de requisitos necessários

para admissão, criando-se ainda uma lista de suplentes que ficaram em lista de

espera. Nos candidatos também se verificou a presença de ex-formandos de outros

percursos formativos prévios da organização. Estes casos foram remetidos para lista de

espera com o intuito de prestar oportunidades a novos candidatos, não excluindo à

partida a possibilidade de integrar os percursos formativos mais tarde.

Nos casos de exclusão verificou-se ainda um indivíduo estrangeiro que não

dominava a língua portuguesa, e um outro que padecia de uma doença crónica grave.

Aqui os factores de eliminação foram as barreiras linguísticas e a incapacidade física de

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

38

conseguir frequentar a 100% o percurso formativo9. No entanto, a ausência verificada

por parte de um candidato levou à integração posterior do indivíduo estrangeiro.

Marcou também presença um caso curioso de uma candidata que após a avaliação

apresentava mais perfil de formadora do que de formanda, vindo a ser proposta para

dar formação no centro.

A proporção da candidatos em 2014 evidencia também uma escassez de

emprego, de resto testemunhada pela percentagem de indivíduos com o ensino

superior que se candidataram. Mas do processo de formação resultaram várias

situações específicas. Um exemplo concreto, foi o caso do percurso formativo

“empregado comercial (B1_3)”. Verificaram-se posteriormente, neste âmbito, casos de

pessoas que se candidataram a percursos formativos para os quais já detinham

escolaridade superior à que concorreram. Casos em que formandos foram propostos

para níveis de escolaridades distintos que revelaram não saber ler nem escrever,

apenas assinar o próprio nome. Nestes casos a exclusão foi a única opção devendo

estes formandos ser encaminhados para programas de alfabetização, por parte do IEFP

e da segurança social.

Estas irregularidades deram-se devido a um suposto desentendimento e

avaliação e encaminhamento não eficazes da Segurança Social. Foram remarcadas

novas entrevistas e tratados estes casos de engano. Também se verificaram vários

casos de faltas ou de não convocação, mediante a remarcação das entrevistas.

Aquando da realização de novas entrevistas realizadas, pude presenciar algumas e ser

informado de casos específicos pela minha supervisora.

Nas linhas seguintes delimitarei as fases do processo, apresentando um

esquema e uma pequena explicação breve.

9 Existe um limite de faltas a respeitar em cada percurso formativo.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

39

Esquema 1

Esquema 1 – Fluxograma das etapas de intervenção nos Centros Novas Oportunidades (Gomes e

Simões, 2007, p. 20).

Como se pode observar no esquema acima apresentado o processo de

integração de formandos/as na organização é sequencial. Diz respeito ao processo

realizado nos Centros Novas Oportunidades (agora extintos, substituídos pelos

CQEP10).

O diagnóstico realizado num Centro Novas Oportunidades é orientado para o

encaminhamento do adulto (RVCC, formações modulares e Cursos EFA ) e é realizado

pelo técnico superior responsável pela condução das etapas de diagnóstico/triagem e

encaminhamento (ANQ, 2008). Quando o adulto tem condições para integrar um

processo RVCC (tendo em conta, por exemplo, a experiência de vida, a idade, a

experiência profissional, etc) deve ser encaminhado para um Centro Novas

Oportunidades (Idem, 2008).

O diagnóstico prévio realizado por uma entidade formadora, no âmbito de um

curso EFA, é orientado para o posicionamento do adulto na oferta EFA que lhe for mais

10

CQEP: centros para a qualificação e ensino profissional. Com o final de 2013 os Centros Novas Oportunidades (criados em 2005) viriam a ser abolidos, entrando em cena os “CQEP” em 2014.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

40

adequada (nível de formação, componente de certificação, etc.) e é desenvolvido pelo

mediador, em colaboração com a restante equipa pedagógica do curso. Neste

diagnóstico, é definido se o adulto deverá iniciar um percurso EFA de dupla

certificação, EFA escolar ou componente tecnológica de um EFA (Ibidem, 2008).

3.4 - Formação de formadores

À semelhança do que acontece com os formandos, também os formadores são

submetidos a um processo de seleção. Apresentam a sua candidatura e

posteriormente é marcada uma reunião com a técnica pedagógica com a finalidade de

se estabelecer um primeiro contacto. As informações ficam logo registadas no

computador e posteriormente serão avaliados os dados e comunicada uma decisão.

Em caso de admissão será marcada uma segunda reunião para acordar horários e

termos de trabalho. Aquando da realização destas ações, tive a possibilidade de

presenciar várias destas entrevistas11. Os candidatos a formadores apresentaram, à

semelhança dos formandos, perfis muito variados. Detentores de vários graus distintos

do ensino superior, várias faixas etárias, recém formados e profissionais já com

bastante ou alguma experiência, homens e mulheres, etc..

A maior parte dos casos de não admissão resultaram de situações de

impossibilidade de compatibilidade horária, devido a muitos dos formadores se

encontrarem empregados, procurando o papel de formadores por remuneração extra.

Neste ponto relacionado com os formadores, estive ainda presente na realização de

entrevistas de diagnóstico e avaliação final. Aqui a técnica pedagógica questionava os

formadores no final dos percursos formativos e de disciplinas sobre o seu

funcionamento, procurando saber junto dos formandos como aqueles percursos

formativos haviam corrido . A finalidade seria fazer um balanço, negativo ou positivo,

do percurso formativo e do desempenho dos formandos nas mais diversas áreas. A

heterogeneidade aqui foi bastante grande. Verificaram-se vários casos de satisfação

assim como casos de desagrado com as atitudes e performances de formandos.

Formadora 1: revelou um elevado grau de satisfação, enaltecendo o espírito de

entreajuda, equipa e empenho dos formandos/as. Afirmou que gostou e que se

11

Aproximadamente 10 entrevistas.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

41

tratava de um grupo muito interessante; referiu ainda que tem tido sorte com os

grupos, pós-laborais, que quase não se registaram faltas.

Formadora 2: Afirmou que, em geral, durante todo o percurso tudo correu

bem, mas que se deparou com algumas situações “chatas”. Salientou o facto de muitos

formandos sairem durante a formação para atender telemóveis, e que tal

acontecimento se tornou um hábito que perturbava o decorrer das aulas. Apontou 3

casos de formandos “preguiçosos” que se aproveitavam do trabalho dos colegas. De

uma forma geral emitiu um parecer positivo.

Formador 3: Disse ter gostado de uma forma geral de todo o percurso,

afirmando que foi uma experiência interessante, mas que era muito complicado por

trabalhar fora do centro e ser muito stressante. Em relação ao grupo com quem

trabalhou, apenas o definiu como “normal”, sem grandes problemas.

No entanto para o meu estudo, os detalhes mais relevantes encontraram-se

presentes nas declarações dos formadores nas entrevistas de apreciação. Aqui apesar

dos casos de insatisfação já brevemente mencionados, as apreciações sobre

comportamentos e ações individuais traduziram o impacto positivo na vida dos

formandos analisada da perspectiva de quem lhes prestou formação. Ainda ligado a

esta questão das avaliações, também tive acesso a informação das avaliações de vários

formandos. O facto de partilhar o gabinete com a técnica pedagógica permitiu-me

conhecer estes dados na medida em que no fim dos percursos formativos e

lançamento de notas, os formandos entravam constantemente no gabinete a solicitar

mais detalhes sobre a sua avaliação final.

No âmbito das UFCD os valores revelaram-se deveras altos e muito

satisfatórios. Estes resultados foram coerentes com a satisfação apresentada pelos

formadores. No entanto relativamente aos EFA os casos “negros” foram mais

relevantes, marcados logo pela ausência de formandos a procurarem saber

classificações, e tendo os formadores neste âmbito apresentado várias situações

específicas que os “tiraram do sério”. Aqui a proeminência de casos de insucesso em

algumas actividades foi mais evidente, ao contrário da turma UFCD que acompanhei e

que se destaca pela ausência de casos “menos bons”. Neste caso registaram-se apenas

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

42

2 casos de insucesso, tendo o restante aproveitamento sido bastante satisfatório onde

as nota positiva mais baixa foi de 13 valores e a mais alta de 18.

Os testemunhos expostos reforçam a ideia geral de existir um sentimento de

entrega e pertença por parte dos formandos/as ao percurso formativo. Os seus graus

de satisfação com o desempenho prestado pelos alunos sublinham assim a ideia de

uma mudança positiva na vida de quem faz formação.

3.5- Impacto na vida dos utentes

Esta seção espelha a minha preocupação neste estudo, isto é, a tentativa de

perceber o impacto e o que representa a possibilidade de receber formação pelos

utentes da entidade de acolhimento. Afinal, como refere Lima, “um curso de formação

profissional é um investimento na acumulação de capital humano, no

desenvolvimento de novas competências. Como tal, interessa avaliar se esse

investimento teve o retorno desejado para o trabalhador” (Lima, 2012).

Apesar de uma análise de impacto parecer apenas fazer sentido algum tempo

após a conclusão do processo de formação para tentar perceber o que mudou na vida

dos utentes, penso que o impacto momentâneo também é bastante relevante. Por

exemplo, uma pessoa desempregada, que não exerça qualquer atividade e permaneça

maior parte do tempo em casa, ao ir diariamente ao centro de formação ter

aulas/receber formação, poderá resultar numa mudança significativa na sua vida.

Assim, “ter algo para fazer” é muito importante para pessoas desempregadas que não

tenham outros hobbies no dia-a-dia. O impacto na vertente pessoal poderá aqui ser

imediato, representando uma satisfação na medida em que tal pessoa terá agora algo

para preencher o seu tempo, um objetivo a atingir e pessoas com quem interagir com

a mesma finalidade.

O grau de satisfação individual para com a formação pode utilizar-se como uma

ferramenta de auxílio na caracterização de impacto. O decorrer das aulas no centro de

formação assemelha-se a um contexto de trabalho. Nesta perspectiva as atitudes

individuais transformam-se em elementos de análise. Todos nós temos atitudes e esta

é uma das formas mais fáceis de expressar as nossas experiências do quotidiano

(Alcobia, 2011). Nas organizações, o seu significado relaciona-se com a influência que

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

43

têm no comportamento e desempenho dos colaboradores, e na produtividade em

geral (idem, 2011).

Foi assim muito importante procurar perceber o carácter positivo ou negativo

das atitudes individuais, de forma a medir o nível de satisfação dos/as formandos/as.

Nesta vertente, Paulo Alcobia (2011) afirma existir uma relação entre a satisfação com

o trabalho e a satisfação com a vida em geral, podendo influenciar o estado fisíco,

psicológico e emocional dos individuos. O autor apresenta ainda o conceito de

“burnout” que consiste numa resposta emocional negativa resultante de situações

adversas no trabalho (Alcobia, 2011). Pode afirmar-se, assim, que o impacto do

trabalho (neste caso, a formação) faz-se sempre sentir na vida pessoal dos individuos,

quer seja positivo ou negativo (idem, 2011).

Os níveis de satisfação individuais eram visíveis e bastante notórios, de uma

forma geral, em todos os utentes com quem tive contacto durante o decorrer do

estágio. Mediante a aplicação de inquéritos por questionário e análise posterior, os

resultados vieram confirmar esta realidade. Apenas aproximadamente 3% dos

elementos inquiridos mostraram indiferença ou insatisfação, durante o seu tempo de

frequência do centro.

As motivações são, assim, bem distintas, tendo-se verificado na seção dos UFCD

que as principais finalidades de formação derivam da necessidade de melhoramento

das capacidades individuais enquanto profissionais. O número de horas também

pareceu favorecer o empenho nos percursos formativos.12 As UFCD, como são

constituídas por um número de horas generoso, parecem incentivar as aprendizagens.

Este tempo limitado conduz a uma vontade individual de adquirir o maior número de

conhecimentos possível antes que o tempo de formação total se esgote.

Logicamente, o período de certificação de competências (UFCD) chegará mais

rápido do que verificado nos cursos EFA, em caso de sucesso. A natureza das

motivações apresenta-se assim como abundantemente distinta, sendo uma realizada

por necessidade e outra por um sonho.

12

Na medida em que se nota menos ruído e agitação durante o decorrer das aulas em relação aos percursos EFA.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

44

A avaliação do impacto da formação sempre foi um processo muito subjectivo,

não reunindo condições específicas que abordem os pontos-chave da importância na

esfera individual. Adoptando o exemplo da avaliação dos frutos dos RVCC, as análises

efectuadas procuram sempre ter em atenção se os resultados suprimiam situações de

desemprego. A vertente de integrar o mercado laboral é indubitavelmente fulcral. No

entanto, a análise realizada nesta perspectiva pouco nos transmite sobre a realização

pessoal e graus de satisfação com todo o processo. O que procuro aqui dizer é que os

estudos 13existentes sobre percursos RVCC, centram-se, predominantemente sobre o

critério da empregabilidade.

Ao fazer uma avaliação de impacto achei pertinente cingir-me apenas a um

critério para um resultado final mais coerente. Pensei fazer mais sentido favorecer o

critério da satisfação individual do que o da empregabilidade (tendo em conta o tempo

de estágio limitado). Por exemplo, quando olhamos para as UCFD (regime pós-laboral),

compostas por utentes que, em quase 100% dos casos se encontram empregados,

também vale a pena questionar até que ponto fará sentido analisar uma taxa de

empregabilidade dos utentes em matéria de “avaliação de impacto”.

De entre a diversidade de aspetos a ter em conta quando se procuram

perceber os impactos da formação na vida dos utentes, destacam-se os seguintes: o

conhecimento de casos específicos, o que implica uma perceção sobre o que mudou a

nível pessoal (na esfera privada), no quotidiano, a nível profissional, nas redes sociais,

etc..; por outro lado, o domínio cognitivo e a aquisição de competências deviam

igualmente ser ponderados de modo a perceber a eficácia dos programas de formação

e a capacidade do corpo docente para fazer passar a sua mensagem. Nesta linha, a

Inovinter apresenta um trabalho eficaz. Isso é,desde logo, percetível nos relatórios de

contas e de avaliação, tanto mais que aí são apresentadas as observações e dados

estatísticos sobre esta situação. Por uma questão de economia de espaço, e tratando-

13

Exemplo: -Avaliação de impacto feita no relatório de contas e formação 2012 da Inovinter; -Relatório de avaliação de unidades de formação de 2012 (UFCD) da Inovinter; -Estudo de Francisco Lima: Os processos de reconhecimento, validação e certificação de competências e o desempenho no mercado de trabalho;

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

45

se aqui tão só de um pequeno estudo sobre os impactos da formação na vida dos

utentes, optámos por cingir-nos sobretudo aos aspetos relacionados com a satisfação

pessoal.

Nesta perspectiva tive ainda a oportunidade de estar presente numa pequena

festa de comemoração do final de um percurso formativo EFA de nível básico (dia 29

de Janeiro). Durante este pequeno convívio os formandos tiveram oportunidade de

expressar e dizer o que pensaram de todo o percurso e de quais os seus planos futuros

para a vida. O entusiasmo e motivação eram evidentes em todos os discursos de

formandos, fazendo todos uma avaliação positiva da sua estadia no centro de

formação. Também presentes estiveram os funcionários, a chefe e alguns formadores

que também proferiram algumas palavras e discursos de incentivo.

Como em todas as situações anteriores relatadas até agora, o ambiente familiar

e uma boa atmosfera de grupo estiveram aqui presentes mais do que nunca. Alguns

formandos chegaram a mencionar mesmo que já se sentiam em casa e iria ser muito

difícil deixar o centro, que alguns chegaram a frequentar durante um ano ou mais.

3.6- Situações particulares

Durante todo o trajecto do estágio, para além da presença em entrevistas,

estive também presente em várias reuniões e trocas de ideias entre colegas de

trabalho, mais concretamente a supervisora e a técnica pedagógica (colega de

gabinete). Mediante as trocas de ideias, expressão de opiniões, conselhos e pareceres,

tomei conhecimento de vários casos individuais e problemas específicos que

englobaram formandos. Verificaram-se algumas situações de insucesso e desinteresse

por parte de alguns formandos/as na formação, reflectindo-se este facto em

classificações baixas e desistência de percursos formativos.

Constatou-se também com alguma frequência o desrespeito de algumas regras

e/ou o não cumprimento de alguns critérios, como falta de entrega de documentos,

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

46

falta de habilitações suficientes para frequência da formação14, números de faltas, etc..

Estes comportamentos negativos foram ultrapassados através de repreensões, avisos

e palavras de incentivo por parte dos funcionários15. Nalguns casos, o simples facto de

os formandos terem como objectivo receber uma bolsa inerente aos percursos

formativos (EFA) ou poderem beneficiar de subsídios de transporte ou alimentação os

fazia esquecer alguns deveres perante a instituição. A este respeito, assinalo três

situações que registei que me chamaram particularmente à atenção.

Por um lado, na fase inicial do meu estágio curricular presenciei uma situação

de uma formanda já se encontrava a faltar à formação há tempo considerável e que,

ao regressar ao centro de formação para frequentar uma aula, foi questionada sobre o

porquê da sua ausência e advertida para o facto de que já estaria excluída da formação

por excesso de faltas. Respondeu, porém, a formanda com a maior naturalidades,

dizendo que ainda lhe faltava dar uma falta, convencida de que conhecia o limite de

faltas a dar. No entanto, estava errada sobre tal limite, o qual tinha acabado de passar

e que lhe foi transmitindo juntamente com a informação de que estaria excluída. A sua

reação imediata foi de grande revolta, não demonstrando quaisquer ressentimentos

de não poder receber mais formação, mas sim de não saber o que iria fazer sem a

bolsa.

Uma outra situação resultou do facto de um formando de nacionalidade

estrangeira ter direito ao subsídio de transporte mas não querer andar de transporte

público. Note-se que a atribuição de subsídio implicava a obrigatoriedade do

benificiário usufruir do transporte público, caso contrário a ajuda financeira seria

revogada. Neste caso, o entendimento do formando era o de que não deveria perder o

direito ao subsídio mas ao mesmo tempo também não queria ter de andar de

autocarro dizendo que de carro era mais rápido (e cómodo).

A terceira situação, porventura a mais veemente, ocorreu no dia 6 de Março.

Envolveu um indivíduo que queria a todo o custo frequentar um B3. Porém, não podia

14

Estes casos verificaram-se quando existiam pessoas que ligavam para o centro a solicitar a entrada em percursos formativos. Devido à falta de escolaridade necessária nunca chegaram a entrar no centro, não sendo, portanto, considerados candidatos elegíveis. 15

Verificava-se grande proximidade e confiança por parte dos formandos/as relativamente aos funcionários.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

47

fazê-lo por já ter apresentado anteriormente um certificado em que declarava que

este já tinha o sexto ano e que anteriormente tinha frequentado um percurso

formativo da mesma natureza não atingindo a conclusão e deixando o percurso a

metade. No entanto, a pessoa em questão insistia que havia uma irregularidade e que

tinha de frequentar o curso de qualquer forma. Nesta situação nada justificaria que o

candidato quisesse procurar realizar algo do início uma vez que já teria frequentado a

metade da formação anteriormente. Por que não continuar onde parou? Talvez

porque, ao pretender começar de novo do início, isso lhe permitia ter direito a uma

bolsa de formação.

3.7- Procedimentos metodológicos

Para realização do meu estudo de impacto ponderei o recurso a um conjunto

de técnicas e procedimentos: a leitura e revisão da bibliografia, análise documental, a

observação, a aplicação de inquéritos e realização de entrevistas. Apresento nesta

secção os referidos procedimentos e técnicas de forma sucinta, aprofundando-os mais

adiante. O maior destaque será dado posteriormente aos inquéritos, à observação e às

entrevistas.

A análise documental marcou o ponto inicial do meu estágio e estudo,

concedendo-me informação útil sobre vários aspetos da formação profissional, do

funcionamento da organização e afins. A possibilidade de aceder a dados estatísticos,

situações específicas e resultados positivos e negativos sobre o impacto da formação

profissional nos anos anteriores representou uma mais-valia. A construção de uma

base teórica inicial – assente na leitura de bibliografia relevante sobre o tema –

articulada com esta análise documental também se revelou oportuna. Ao longo de

todo o meu percurso de estágio fui solicitando uma grande variedade de documentos

e dados aos meus colegas de trabalho, que se revelaram úteis para a compreensão do

objeto de estudo.

Enquanto procedimento metodológico que me permite grande aproximação e

contacto direto com os formandos, destacou-se a observação. Ela permitiu-me

efetivamente observar de perto comportamentos, motivações pessoais e relações

interpessoais entre os formandos.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

48

A aplicação de inquéritos também se revelou muito útil. Em concreto, apliquei

dois guiões de inquérito distintos com as finalidades de diagnóstico e avaliação de

satisfação, respectivamente nas primeiras e últimas aulas dos percursos formativos.

Dois modelos de inquéritos foram aplicados tanto à turma UFCD (17 formandos da

área “técnicos administrativos”) como à turma EFA (11 formandos do percurso

“agente comercial”) . Foram aplicados assim uma totalidade de 56 inquéritos16. O de

diagnóstico inicial com a finalidade de conhecer dados pessoais e motivações

individuais (aplicado no início de cada percurso formativo). E o segundo com o intuito

de verificar se as expectativas iniciais foram correspondidas e os objetivos individuais

atingidos (no final de cada percurso formativo).

A facilidade de aplicação e o considerável volume de informação propiciado

pelos inquéritos revelou-se proveitoso, ainda que algumas questões (sobretudo as do

2º inquérito aplicado, que continha perguntas abertas) tenham sido respondidas de

forma por vezes vaga. As entrevistas que apliquei posteriormente aos funcionários da

Inovinter vieram a servir de complemento informativo aos inquéritos aplicados.

Além da aplicação dos inquéritos aos formandos, tive a oportunidade, de forma

complementar, de realizar entrevistas mais demoradas com dois funcionários da

Inovinter que, enquanto estive na instituição, foram, se assim o posso dizer, meus

colegas de trabalho. O facto destes 2 funcionários marcarem presença diariamente na

organização em contacto constante com os utentes diz bem do seu conhecimento

sobre o impacto da formação na vida dos mesmos. A informação e apoio que me

transmitiram ajudaram-me imenso. Foi possível também conhecer melhor os impactos

da formação, os quais foram descritos sempre pelos funcionários como positivos.

Inicialmente teria previsto também aplicar entrevistas a formandos/as, mas

devido à rigidez de horários que têm de frequentar na formação, que coincidia com o

meu horário de expediente, não se revelava como adequado estarem a “gastar tempo

de formação” noutros assuntos. Fora deste horário teria sido também muito difícil

obter colaboração de alguém muito devido ao simples facto de, ao terminar o período

16

17 inquéritos de diagnóstico social UFCD + 17 inquéritos de avaliação de satisfação pessoal UFCD + 11 inquéritos de diagnóstico social EFA + 11 inquéritos de avaliação de satisfação pessoal EFA= 56 inquéritos.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

49

de formação diário, a primeira vontade individual ser de abandonar logo o centro. Esta

“falha” acabou por ser colmatada com o conhecimento de pareceres individuais

prestados pelos formandos durante as entrevistas com a técnica pedagógica em que

estive presente.

3.8- Hipóteses

As baixas qualificações representam a razão principal da necessidade de

frequentar percursos formativos. No entanto, existem outros factores que podem

conduzir à realização de formação. Após a aplicação das metodologias enumeradas

acima, pude constatar algumas das razões que estão na origem dessa procura. Foi

assim possível construir hipóteses explicativas que se encontram na origem do

problema. Ora, de acordo com Raymond Quivy e Luc Van Campenhoudt, a hipótese

“fornece à investigação um fio condutor particularmente eficaz que, a partir do

momento em que ela é formulada, substitui nessa função a questão da pesquisa”

(2005: 119-120). Assim sendo, as hipóteses elaboradas foram as seguintes:

Hipótese 1- O baixo nivel de qualificações traz problemas aos adultos

desempregados, provocando uma dificuldade de integração no mercado de trabalho.

Hipótese 2- O mercado de trabalho encontra-se em constante re-estruturação,

aumentando gradualmente o nível de exigência, e reclamando consequentemente um

maior nível de habilitações por parte das pessoas.

Hipótese 3- A vontade individual de melhorar o nível de conhecimentos conduz

as pessoas aos centros de formação.

Hipótese 4- Os adultos com baixas qualificações apresentam muitas

dificuldades em desempenhar funções de teor intelectual por não possuirem há muito

tempo hábitos de estudo.

Hipótese 5- A existência de um auto-sentimento de inferioridade social por

parte de quem tem baixas qualificações resulta numa procura de adquirir novos

conhecimentos.

Hipótese 6- A formação profissional representa um último recurso na busca de

melhores qualificações e aprendizagens.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

50

Hipótese 7- O impacto da formação profissional é inegável devido ao facto de

fornecer aos formandos/as novos conhecimentos e uma certificação que valida essas

aprendizagens.

3.9- Observação

Realizei na totalidade quase 20 períodos de observação durante o estágio

curricular. Em concreto foram efectuados 8 no âmbito das aulas de aproximadamente

3 horas cada (tempo médio de cada aula), 4 sessões de observação nas aulas UFCD

“técnicos administrativos” e outras 4 no EFA “empregados comerciais”, tendo

realizado mais 3 períodos de observação no espaço exterior às salas e ao gabinete

onde estive inserido.

Para melhor compreender o comportamento dos utentes da Inovinter procurei

registar comportamentos, atividades e interações observadas. O processo foi

elaborado com a finalidade de ser o mais minucioso possível e recolher o maior

número de informação relevante, tendo em conta várias características sociais, como

diferenças de género, idade, características físicas e o grau de escolarização dos

utentes.

Tendo em atenção que também estive presente no decorrer de algumas aulas

foi interessante fazer uma comparação de comportamentos e maneiras de estar

dentro e fora da sala de aula. De um ponto de vista sociológico, defende-se que o meio

social e os demais intervenientes poderão condicionar comportamentos e atitudes,

dos demais atores sociais. Pretendo aqui avaliar como se comportam entre si e como

se comportam na presença do formador/a. Em consonância com as observações que

efetuei em aulas posteriores, procurei também perceber através da informação

recolhida quais as motivações pessoais para os formandos/as estarem presentes no

centro.

3.9.1- Esquematização das sessões de observação

Para uma exposição clara de como foram feitos os periodos de observação

elaborei a seguinte tabela:

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

51

Tabela 4- Datas das sessões de observação

Sessões de

observação

Locais exteriores à

sala de aula

Aulas UFCD Aulas EFA

1ª Sessão 13-11-2013 14-11-2013 25-02-2014

2ª Sessão 06-01-2014 21-11-2013 3-03-2014

3ª Sessão 03-03-2014 27-11-2013 10-03-2014

4ª Sessão - 4-12-2013 18-03-2014

Todos os periodos de observação em sala de aula tiveram a duração de 3 horas,

enquanto que os 3 restantes (exteriores à sala de aula) decorreram durante todo o

horário de expediente (entre as 9:00 e as 17:00).

As aulas observadas no âmbito UFCD foram:

- Técnicas documentais em lingua portuguesa;

-Ficheiros de armazenagem e contas correntes;

- Gestão de reclamações e conflitos com clientes/fornecedores;

-Estrutura e comunicação organizacional;

As aulas observadas no âmbito EFA foram:

- Matemática para a vida;

- Armazenagem;

- Cidadania e empregabilidade;

- Reclamações, tratamento e encaminhamento;

3.9.2- Dados gerais

Durante as sessões de observação pude constatar a existência de semelhanças

entre os grupos UFCD e EFA, assim como diferenças. Exponho de seguida esses

aspectos, enumerando-os:

- No momento da minha entrada nas salas de aula nunca se verificou a

presença de todos os formandos/as dos percursos formativos. A chegada de todos

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

52

os/as formandos/as só acontecia passados alguns minutos da hora prevista para ínicio

das aulas (sensivelmente 10 a 15 minutos). Os formandos UFCD chegavam de uma

forma geral ligeiramente mais cedo que os formandos EFA;

- A nível de disposição na sala de aula, os formandos/as procuraram sentar-se

ao pé dos colegas com quem se identificam. Os lugares são identicos de aula para aula

com pequenas excepções. Excluindo alguns casos isolados todos procuravam interagir

com os colegas. Aspectos comum entre formandos/as UFCD e EFA;

- A relação entre formandos e formadores foi sempre muito amistosa. A

informalidade do ambiente das aulas foi uma caracteristica notada em todas as

sessões de observação. Algumas aulas apresentavam maior agitação e ruído do que

outras, devendo-se este facto à personalidade dos formadores. O grau de

permissividade de alguns formadores/as dava azo a maior número de interacções do

que outros. Neste ponto os/as formandos/as EFA “desafiavam17” mais os formadores

do que os formandos UFCD;

- No comportamento propriamente dito, os formandos/as sempre revelaram

grande à-vontade. Comunicavam livremente entre si (conversas muitas vezes sobre

assuntos exteriores à formação), colocavam questões aos formadores e partilhavam

opiniões com toda a sala de aula. Aspecto comum a ambos os percursos formativos, no

entanto os formandos/as EFA apresentavam mais dificuldade em partilhar opiniões

para o grupo todo;

- A existência de disparidades de idade verificada não influenciava a escolha de

lugares na sala de aula. A idade não revelou ser um factor de tratamento “especial”,

tratando-se todos os formandos/as de forma igual. Aspecto comum a ambos os

percursos formativos;

- Verificou-se a presença de formandos/as de várias idades (faixas etárias entre

os 18 e os 65 anos). O formando mais jovem registado tinha 18 anos e o mais velho 53.

Ambos os percursos formativos apresentaram esta heterogeniedade de idades;

17

Contestavam algumas indicações como ordens para executar exercícios ou diminuir o volume da conversa.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

53

- Os formandos/as mais velhos gostavam de sentar-se junto dos formandos

mais jovens e falar de temas actuais. Os mais jovens procuravam sentar-se perto de

formandos/as da sua idade devido a interesses comuns. Aspecto comum a ambos os

percursos formativos;

-Os formandos/as com idade mais avançada empenhavam-se muito na

resolução de exercicios. Os mais jovens, por sua vez, revelavam menos empenho,

sempre acompanhado de conversa e interacções. Factor mais notado no percurso EFA.

No percurso UFCD os jovens eram ligeiramente mais empenhados nos trabalhos;

- As interacções dos jovens eram muito mais marcantes, caracterizadas por

brincadeiras e risos altos. Os mais velhos por sua vez também interagiam bastante,

mas sempre de forma mais suave que os jovens. Por sua vez, todos interagiam com os

formadores/as, brincando e estabelecendo todo o tipo de conversas (sobre a formação

e assuntos variados). Aspecto comum a ambos os percursos formativos;

- As disparidades de género também estiveram presentes. No percurso UFCD,

registou-se uma superioridade no número de mulheres face aos homens. As mulheres

interagiam e relacionavam-se muito mais do que os homens. A situação inversa

acontecia no percurso EFA. Este facto devia-se ao número de pessoas de cada sexo.

Ora, quem estava em maior número, comunicava mais. Nos dois contextos, ambos os

géneros apresentam interacções significativas e marcantes (conversas entre si e

conversas com os formadores/as);

- Em contexto de sala de aula o género influenciava a escolha de lugares. As

mulheres sentavam-se sempre ao pé umas das outras, assim como os homens. Tal

situação só não acontecia quando alguém chegava atrasado (situação em que o lugar

habitual estava ocupado, levando os formandos a sentar-se ao pé colegas do sexo

oposto). Situação verificada em ambos os percursos formativos;

- O único critério que permitiu apontar a existência de desigualdades sociais foi

o grau de escolaridade dos formandos. Ora, sabendo que os formandos/as UFCD

possuíam em média um nível de escolaridade superior aos formandos EFA esta ilação

era fácil de apontar. O grau de escolaridade do percurso formativo UFCD variava de

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

54

níveis baixos até alguns casos isolados de indivíduos com o ensino superior. Os/as

formandos/as EFA em contrapartida possuíam todos apenas o 6º ano (EFA B3);

- Quanto ao aspecto físico, de uma forma geral todos os formandos se vestiam

de forma casual, verificando-se apenas alguns casos isolados de indivíduos vestidos de

forma formal. Faziam-se acompanhar de vários materiais distintos (malas, carteiras,

pastas e etc..) Aspecto comum a ambos os percursos formativos (UFCD e EFA);

- Numa fase inicial verificava-se uma relutância geral devido à minha presença

que se foi gradualmente diluindo. Quando se verificavam situações de entrada de

outras pessoas na sala de aula (formadores/as, funcionários, e etc..), registava-se

sempre algum alvoroço por parte dos formandos/as. Acontecimento comum a ambos

os percursos formativos (UFCD e EFA);

- Os indivíduos que apresentavam uma maior urgência em abandonar a sala de

aula eram os mais jovens (faixa etária dos 20 anos). Procuravam sair mais cedo e eram

os primeiros a avisar que o tempo de fim de aula se aproximava. Os mais velhos

revelavam mais calma nestas alturas. Situação comum a ambos os percursos

formativos;

- Todos os formandos se faziam acompanhar de cadernos, pastas, blocos de

notas, e material de escrita (canetas, lápis e etc..). Uma parte considerável dos

materiais (blocos de notas e canetas por exemplo) referidos era concedido pela

organização. A inovinter também emprestou máquinas de calcular em determinadas

aulas. Situação comum a ambos os percursos formativos;

- As saídas das salas de aula eram sempre marcadas por grande alvoroço e

excitação em ambos os percursos formativos;

-As desigualdades sociais (já apontadas anteriormente) parecerem influenciar

pouco a forma de estar na sala de aula. Os formandos/as EFA (menor grau de

escolarização) desafiam um pouco mais (no sentido de questionar a autoridade e

ensinamentos) os/as formadores/as que os/as formandos/as UFCD (maior grau de

escolarização médio);

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

55

- Os/as formandos/as apresentavam-se familiarizados com os espaços de sala

de aula, revelando conforto. Os assuntos de conversa predominantes eram sempre

exteriores à formação. As mulheres partilhavam muitas experiencias individuais,

enquanto que os homens falavam de futebol e assuntos da formação. As expectativas

face à formação sempre estiveram presentes. Apesar dos grandes períodos de

interacção e conversa, quando era solicitada atenção e resolução de exercícios o

empenho era sempre marcante. Os formandos EFA demonstravam maior curiosidade

em aprender e empenho na resolução de exercícios que os formandos UFCD;

-Sempre que se verificava um acontecimento fora do normal (conversa sobre

um tópico polémico, opiniões distintas entre formandos/as ou comentários sarcásticos

e satiricos), registava-se um grande alvoroço e períodos de conversa extensos

acompanhados de ruído. Este aspecto foi mais marcante no percurso formativo EFA,

pois sempre que se verificava a existência de diferenças de opiniões ou situações de

necessidade de ir à casa de banho a confusão instalava-se um pouco. No percurso

formativo UFCD também se registaram as referidas situações, mas em muito menor

escala;

3.9.3- Observação em locais exteriores à sala de aula

O comportamento geral dos formandos/as evidenciou sinais de

despreocupação e descontração, traduzindo assim um bem-estar pessoal no seu

processo formativo. O relacionamento entre os formandos também evidenciou

espontaneidade e um carácter positivo (exemplo, os formandos/as “brincam” com

formadores/as quando se cruzam). As desigualdades em matéria de recursos

educativos também se encontram presentes devido ao facto de utentes de todos os

percursos formativos circularem pelo centro. Esta ilações baseiam-se no grau de

escolarização. Aqui não nos podemos esquecer que os formandos UFCD em geral

apresentam níveis superiores de escolaridade em relação aos formandos EFA.

No espaço exterior às salas de aula o principal critério de observação recaiu

sobre as interacções sociais. O grau de felicidade marcou aqui um ponto importante. A

forma de estar e interagir revelavam o grau de satisfação em frequentar o centro e

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

56

estar com os colegas. O sentimento de pertença institucional foi sempre assim um

aspecto a ter em conta.

Tabela 5- Diferenças entre UFCD e EFA em contexto exterior à sala de aula

UFCD EFA

-Tentavam adoptar uma postura formal. -Interagem o necessário. -Relacionam-se mais com quem se identificam. -Permanecem no centro apenas o tempo necessário. -Usufruem pouco da sala de convivio. -Conversam pouco com os funcionários.

-Interagem muito entre si. -Brincam com formadores/as nos corredores. -Postura informal. -Espírito de equipa. -Relacionam-se fora do centro (facto adquirido através de conversas ouvidas). -Passam mais tempo no centro fora de horas de formação. -Usufruem muito da sala de convivio (nos intervalos). -Conversam mais com os funcionários.

3.9.4- Observação na sala de aula

O objetivo principal aqui seria avaliar diretamente o comportamento,

interações e relações interpessoais entre utentes com a finalidade de perceber com

que receptividade e estado de espírito recebem a formação. Procurei assim ter em

atenção em especial a finalidade de perceber as atitudes individuais e de relação direta

com o colega do lado e o/a formador/a presente.

O facto de poder observar diretamente em sala de aula permite registar

detalhes, situar casos específicos e situações individuais e, desse modo, propiciar uma

análise mais qualitativa. Foi também bastante interessante poder presenciar as

alterações de comportamento e ações dos formandos dentro e fora das salas de aula.

Apesar de possuir a noção de que a personalidade do formador/a e ambiente de

aprendizagem implementados pelo mesmo poderão condicionar as ações e reações

dos formandos.

Um aspeto que do meu ponto de vista me pareceu bastante interessante foi a

continuidade de existência da atmosfera informal verificada no espaço exterior e

interno das salas de aula. Demonstra um pouco o relaxamento com que recebem a

informação das aulas. No entanto, seria legítimo questionar: estaria esta aparente

descontração ligada ao bom ambiente notado, ou ao desinteresse por grande parte

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

57

dos formandos/as? A resposta a esta pergunta tende a apontar no sentido de um

relaxamento dos formandos/as pelo facto de existir um ambiente informal muito

predominante no decorrer das aulas.

Excluindo alguns focos de conversa e ruído prolongado por parte dos utentes, o

empenho que demonstraram em realizar as tarefas e exercícios propostos foi bastante

bom. Ou seja, o facto de demonstrarem estar dispostos a aprender faz supor desde

logo a existência de um impacto positivo da formação na vida dos utentes. Mesmo que

daqui não resulte uma satisfação pessoal ou profissional relevante, pelo menos uma

satisfação momentânea pareceu evidente.

Foi também bastante interessante ver as interações diretas dos formandos/as

com a formadora.. Ora, esse considerável volume de interações e trabalho de equipa

sugere a existência de relações interpessoais de sentido fraterno, demonstrando que

em alguns casos a proximidade entre utentes é elevada (alguns deles relacionam-se

fora do centro de formação).

Durante as aulas o critério principal de observação foi o nível de empenho,

atenção e vontade de aprender. A importância de avaliar a forma como os formandos

trabalhavam era assim muito importante. O nível de empenho e inter-ajuda foi

deveras mais marcante nos formandos EFA do que nos UFCD.

Tabela 6- Diferenças entre UFCD em contexto de sala de aula

UFCD EFA

-Apresentam mais mulheres que homens. -Apresentam maior facilidade em partilhar ideias. com os colegas. -Mulheres interagem e intervêm mais. -Empenho moderado. -Facilidade em trabalhar com coputadores. -Trabalham individualmente.

-Constituidos por mais homens que mulheres. -Apresentam mais dificuldades em trabalhar com computadores. -Brincam mais uns com os outros. -Distraiem-se mais facilmente. -Maiores dificuldades na expressão oral. -Homens intervêm mais. -Maior entreajuda entre jovens. -Contenstam autoridade dos formadores/as. -Espirito de equipa. -Maior dificuldade de aprendizagem. -Empenho elevado.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

58

3.10- Depoimentos de formandos em contexto de sala de aula

A minha última sessão de observação apresentou-se como sendo na minha

óptica a mais interessante e produtiva. Achei então importante expor em detalhe

alguns elementos retirados desta sessão. Junto da turma EFA, o formador da sessão

era detentor de formação na área de psicologia tendo estruturado toda a sessão ao

bom estilo de um grupo de terapia e aconselhamento. Este formato foi deveras

promissor, estimulando o pensamento individual, mas também o relacionamento

interpessoal e a partilha de ideias e de discurso em público. A naturalidade de adesão

e decorrer de todo o convívio geraram as mais ricas interações registadas até à data.

Todos os tipos de assuntos foram abordados, tendo sido inclusive abordada a minha

temática em estudo. Para além de ter sido incrivelmente rica do ponto de vista

sociológico, veio servir de forma de consolidação dos benefícios da formação

profissional na vida dos formandos representando unanimamente uma satisfação

generalizada.

Os formandos falaram individualmente, prestando declarações sobre os

aspetos da sua vida pessoal e social que tinham melhorado desde o início do percurso

formativo. Tendo ouvido e registado todos os depoimentos individuais achei

interessante expor aqui alguns deles:

Formando 1: Revelou que a formação e os seus colegas do centro mudaram a

sua vida afirmando que “…quando andava na escola, os meus colegas discriminavam-

me e gozavam comigo pela forma como me vestia e pela marca das minhas roupas.

Esta situação levou-me a fechar-me a afastar de toda a gente e acabei por desistir da

escola. Quando aqui cheguei também era muito calado e não me dava com ninguém.

Com o tempo o pessoal foi falando comigo e fui-me integrando, porque me senti bem

e ninguém me descriminou. Agora dou-me bem com toda a gente, somos uma

equipa”.

Formando 2 e 3: Um outro caso resultou de uma questão colocada pelo

formador a 2 formandos de etnia cigana presentes. A questão consistiu na

problemática também da discriminação com o intuito de saber se alguma vez tinham

recebido um tratamento específico por parte de terceiros. Ambos responderam que

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

59

“… tinham muita dificuldade em expressar-se e que em geral, em situações sociais

muitas pessoas se afastam deles evitando qualquer tipo de contacto, certamente

devido à sua etnia”. Falaram da experiência profissional dizendo que trabalham em

mecânica e com peças de sucata, e que gostam de estar no centro porque é como se

estivessem numa escola tradicional, mas sem as situações de discriminação referidas.

3.11- Análise de inquéritos

A presente secção tem por objectivo a exposição dos resultados obtidos através

dos inquéritos aplicados. Em primeiro lugar, resume-se à delineação de objectivos a

atingir com o tratamento dos inquéritos, seguido da caracterização das amostras e do

estudo dos valores obtidos. De seguida, encontra-se a apresentação dos dados

estatísticos com pequenas análises individuais. Por fim é feito um pequeno balanço

sobre os resultados obtidos com os inquéritos.

3.11.1- Tratamento dos dados

Os dados foram obtidos através de uma totalidade de 56 questionários

18aplicados. Foram seleccionadas 5 perguntas de cada questionário (4 questões

fechadas e 1 aberta). O facto de ser um número deveras generoso (de inquéritos)

permitiu que todos os questionários fossem preenchidos na totalidade (sem respostas

em branco). A minha presença nas salas enquanto os formandos/as preenchiam os

questionários também permitiu o esclarecimento de dúvidas. Não houveram assim

casos de exclusão de questionários mal preenchidos ou com grande parte em branco.

O tratamento estatistico dos dados foi efectuado através do programa

“Statistical Package for Social Science” (SPSS- versão 20). Os objectivos da análise

foram os seguintes:

-Efectuar a estatística descritiva das variáveis em estudo;

18

A determinado ponto do estágio também procedi ao envio de questionários por e-mail a ex-formandos de vários percursos formativos passados, enviando o documento a 20 indivíduos, 10 homens e 10 mulheres com a finalidade de adquirir mais informação sobre o impacto que a formação teve nas suas vidas muito tempo após a passagem pelo centro de formação. No entanto esta tarefa revelou-se como ineficaz, tendo a taxa de resposta sido nula, ou seja 0% de inquéritos respondidos. Esta situação marcou o único ponto de colaboração negativo por parte do público-alvo. O facto desta tentativa de contacto ter sido feita a formandos de anos anteriores resultou na indisponibilidade de conseguir números telefónicos, tendo assim o contacto sido feito por e-mail.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

60

-Expor os resultados através de quadros estatísticos, gráficos de barras e

gráficos circulares;

-Efectuar uma pequena análise individual de cada quadro de valores

apresentados;

-Exposição de respostas dadas a uma questão aberta dos questionários de

“satisfação pessoal” de ambos os percursos formativos;

3.11.2- Caracterização da amostra

No presente estudo existem duas amostras, correspondendo cada uma delas a

cada percurso formativo (UFCD e EFA). O quadro 1 apresenta as características da

amostra UFCD (n= 17) e o quadro 2 apresenta os mesmos dados, mas relativamente ao

percurso formativo EFA (n=11).

No quadro 1 acima representado estão expostos os dados relativos à idade e

sexo dos formandos/as UFCD. Neste percurso pode-se verificar uma maioria de

mulheres (64,7%) do que homens (35,3%). Respectivamente à idade, verifica-se a

existência de 11 individuos com idade até aos 30 anos (64,7%), e os restantes 6 com

mais de 30 anos (35,3%). O indivíduo mais jovem é do sexo feminino e tem apenas 22

anos de idade. Por sua vez, o individuo com a idade mais avançada tem 53 anos e é do

sexo masculino.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

61

Ao contrário dos dados verificados no percurso UFCD, os/as formandos/as EFA

apresentam uma percentagem maior de homens (81,8%) do que de mulheres (18,2%).

Neste caso verificam-se 8 formandos (72,7%) com idade inferior a 30 anos e 3 (27,3%)

com idade superior a 30 anos. O individuo mais novo é do sexo feminino (19 anos)

assim como o mais velho (53 anos).

3.11.3- Primeiro inquérito UFCD

Ocupação e impacto até ao momento (Quadro 3)

impacto Total

sim não esperava algo

diferente

ocupação

está desempregado/a (já

trabalhou) 9 2 1 12

procura primeiro emprego 4 0 0 4

estudante (não trabalha) 1 0 0 1

Total 14 2 1 17

No quadro 3 podemos observar a ocupação dos/as formandos/as UFCD e o

impacto inicial do percurso formativo. Como já mencionei anteriormente, os

formandos/as UFCD de regime laboral encontram-se todos desempregados. 12 dos

formandos (70,6%) afirmou estar desempregado, mas já ter trabalhado anteriormente,

enquanto que outros 4 formandos (23,5%) revelaram estar à procura do primeiro

emprego. Registou-se ainda, 1 caso (5,9%) isolado de uma formanda que diz ser

estudante (não trabalha). Relativamente ao impacto sentido num periodo inicial do

percurso formativo, 14 formandos/as (82,4%) revelaram que o percurso formativo

deteve um impacto na sua vida. 2 outros formandos (11,8%) que já trabalharam

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

62

anteriormente afirmaram a inexistência de qualquer impacto. Por fim, registou-se

ainda 1 resposta (5,9%) de “esperava algo diferente” relativa à existência de impacto.

Expectativas Iniciais e Expectativas para o futuro com a formação recebida (Quadro 4)

expectativasfuturo Total

sim não talvez

Expectativas

Iniciais

não responde 0 0 1 1

estou satisfeito 7 2 4 13

esperava algo mais 1 0 0 1

outro 1 1 0 2

Total 9 3 5 17

No âmbito das expectativas numa fase inicial do percurso formativo 13

formandos (76,5%) responderam estar satisfeitos até ao momento. 2 formandos

(11,8%) responderam “outro” e apenas se registaram 2 respostas de carácter

negativo19, 1 para “esperava algo mais” e outra “não responde. As expectativas para o

futuro são uma realidade pálpavel para 9 formandos/as (53%), enquanto que outros 3

(18%) afirmam não possuir quaisquer expectativas com a formação recebida. Os

restantes 5 (%) apesar de cépticos não excluem ter algumas expectativas para o futuro.

3.11.4- Segundo inquérito UFCD

Finalidade inicial e Finalidade atingida Crosstabulation (Quadro 5)

finalidadeatingida Total

não

responde

sim não outro

finalidade

realização pessoal 1 2 0 1 4

enriquecimento

profissional 0 10 1 1 12

outro 0 0 0 1 1

Total 1 12 1 3 17

19

Mediante a análise dos inquéritos analisados no âmbito das UFCD os factores que conduziram a casos de insatisfação estiveram predominantemente ligados à inconclusão do tempo total de horas previsto para o percurso formativo. A taxa de satisfação apresentou assim resultados mistos, apresentando no geral pessoas bastante satisfeitas, excetuando alguns casos que apontaram o referido problema (incapacidade de usufruir da totalidade de horas inicialmente previstas do percurso formativo).

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

63

Com os dados expostos acima concluí-se que 12 (70,6%) dos formandos

afirmam ter frequentado o percurso formativo com a finalidade de enriquecimento

profissional. No âmbito da realização pessoal as respostas dadas foram 4 (23,5%). Os

restantes 5,9% da amostra correspondem à única resposta “outro motivo” verificada.

A maioria dos/as formandos/as UFCD procura receber formação com uma expectativa

de melhorar na vertente profissional.

Gráfico 3- Impacto na vida dos formandos UFCD

Como se pode observar no Gráfico “3”, quando questionados sobre a existência

de impacto na sua vida, 85% dos/as formandos/as respondeu que “sim”. Apenas 7,5%

da amostra deu uma resposta negativa (1 formando), assim como uma resposta

“outro” (também apenas um formando).

Objectivos atingidos e Tempo bem empregue (Quadro 6)

tempobemempregue Total

sim não outro

objectivosatingidos

sim 11 0 1 12

esperava algo mais 4 0 0 4

outro 0 1 0 1

Total 15 1 1 17

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

64

No quadro 6 verifica-se que a maioria dos formandos revelou ter atingido os

objectivos pretendidos com a formação (12 formandos/as). Apenas 4 formandos

esperavam algo mais e apenas se verificou um caso isolado de uma resposta “outro”

dada. 15 dos 17 formandos revela ter sido tempo “bem empregue” o dispendido na

formação. Os 2 restantes formandos deram 1 resposta “não” e “outro”.

Perspectivas vida profissional e Relações interpessoais positivas (Quadro 7)

Relações interpessoais positivas Total

não responde sim não outro

Perspectivas vida

prof

grandes

expectativa

s

0 2 0 0 2

algumas 1 11 1 1 14

nenhumas 0 0 1 0 1

Total 1 13 2 1 17

O grau de confiança para com a formação recebida não foi muito elevado. 14

dos formandos (82,4%) revelou possuir apenas “algumas expectativas” para o futuro

da sua vida profissional. Verifica-se 1 resposta “nenhumas” que representa 5,9% da

amostra, e por fim registam-se 2 respostas (11,8%) positivas de “grandes

expectativas”.

Gráfico 4- Experiência positiva na vida dos/as formandos/as

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

65

O gráfico 4 revela que 76,5% dos formandos/as considera o percurso formativo

como sendo uma experiência e marcante para a sua vida. Outros 11,8% respondeu que

não considerava a formação como sendo uma experiência positiva e marcante.

Registou-se ainda 1 resposta (5,9%) “outro” e uma “não responde”.

Aplicar conhecimentos apreendidos ao longo da vida (Quadro 8)

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Valid

não responde 1 5,9 5,9 5,9

sim 11 64,7 64,7 70,6

não 2 11,8 11,8 82,4

outro 3 17,6 17,6 100,0

Total 17 100,0 100,0

No quadro 8 podemos observar se os formandos esperam utilizar os

conhecimentos apreendidos na formação ao longo da sua vida. 64,7% dos/as

formandos/as revelou que espera utilizar os conhecimentos adquiridos. 11,8% afirma

que não espera vir a utilizar aquilo que aprendeu na formação ao longo da sua vida.

17,6% optaram pela resposta “outro” e, por fim, 5,9% não respondeu.

Para concluir a análise dos inquéritos UFCD achei importante expor na integra

as respostas dadas pelos formandos a uma questão aberta dos questionários. Na

sequência da já analisada questão: “Considera que a experiência da formação aqui

recebida possui um impacto na sua vida?”, coloquei a questão: “Que impacto foi

esse?”. Dos 17 formandos/as, 15 deram repostas positivas (como se assinalou no

quadro 3), tendo sido essas respostas, as seguintes:

-“Posso aplicar alguns dos conhecimentos adquiridos na minha vida pessoal e

em breve profissional também. Conheci diferentes maneiras de interacção

pessoal e outras filosofias de vida”;

-“A aquisição de novos conhecimentos, de forma a entrar ou explorar o

mercado de trabalho”;

-“Melhoria dos níveis de qualificação profissionais. Aquisição de novos

conhecimentos”;

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

66

- “Adquiri novas competências importantes para crescimento profissional”;

-“ Enriquecimento a nível de conhecimentos e mais abertura no mundo

laboral”;

-“ Permitiu-me obter um maior número de conhecimentos a aplicar, quer em

contexto profissional, quer em contexto pessoal”;

-“Procurar trabalho numa vertente completamente diferente”;

-“Novos conhecimentos em minha área de formação e também uma reciclagem

da minha experiência profissional”;

-“O enriquecimento pessoal e profissional. No profissional foi uma mais valia

para adquirir conhecimentos”;

-“Enriquecimento profissional e pessoal”;

-“Destruição de hipóteses, motivação e esperança”;

-“Mais conhecimento que se tem reflectido tanto a nível pessoal, como a nivel

profissional;

-“Apreensão de alguns conhecimentos e alguma esperança de arranjar

trabalho.”;

-“ Adquiri alguns novos conhecimentos que posso utilizar em várias situações”;

-“Aprender coisas novas que achei importantes para o meu dia a dia”;

3.11.5- Primeiro inquérito EFA

Motivos da formação (Quadro 9)

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

não responde 1 9,1 9,1 9,1

realização pessoal 5 45,5 45,5 54,5

enriquecer o nível de

habilitações literárias 4 36,4 36,4 90,9

outro 1 9,1 9,1 100,0

Total 11 100,0 100,0

Page 83: O impacto da formação profissional na vida de adultos com ... · O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade 1 Introdução Este relatório resulta

O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

67

Analisando os dados do quadro 9 verifica-se que 45,5% dos/as formandos/as

EFA procuraram frequentar a formação com a finalidade de obter uma realizaçao a

nível pessoal. Por sua vez, 36,4% dos inquiridos vê no no enriquecimento do nível de

competências o motivo principal para a formação. Por outros motivos não definidos,

apenas um inquirido revelou possuir outras razões para fazer a formação. Apenas uma

pessoa optou por não revelar o porquê de fazer formação.

Considera que a informação tem um impacto positivo na sua vida? (Quadro 10)

Frequency Percent Valid Percent Cumulative

Percent

Valid

sim 9 81,8 81,8 81,8

esperava algo melhor 1 9,1 9,1 90,9

esperava algo diferente 1 9,1 9,1 100,0

Total 11 100,0 100,0

Quando questionados sobre a existência de um impacto positivo na sua vida

81,8% da amostra respondeu que sim. Não excluindo a existência de impacto, apenas

outros/as 2 formandos/as revelaram esperar algo melhor ou diferente. No quadro

pode ainda verificar-se a ausência de percentagens de respostas “não” e de “não

responde”, podendo concluir-se que existe impacto para todos os/as inquiridos.

Gráfico 5- Grau de satisfação com a formação

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

68

Quando questionados sobre o grau de satisfação em relação à formação

recebida os resultados obtidos foram mistos. 5 inquiridos revelaram estar satisfeitos

(45%), outros 5 (45%) disseram esperar algo mais do percurso formativo e por fim

registou-se apenas 1 resposta de “outro” (10%). A eficiência do percurso formativo

não corresponde assim em praticamente metade dos casos à expectativas iniciais.

Gráfico 6 - Expectativas para o futuro com a formação recebida

O gráfico acima demonstra o nível das esperanças que os/as formandos/as

depositam na formação para o futuro. Um total de 80% inquiridos revela deter boas

expectativas para o futuro. Outros 20% responderam que talvez demonstrando alguma

esperança com as capacidades adquiridas na formação, mas não uma confiança total.

Considera os cursos EFA uma boa iniciativa? (Quadro 11)

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Valid

não responde 2 18,2 18,2 18,2

sim 9 81,8 81,8 100,0

Total 11 100,0 100,0

O último quadro (numero 11) representa a opinião sobre a essencia dos cursos

EFA enquanto percursos formativos. Neste ponto as respostas de carácter negativo

foram inexistentes. 81,8% da amostra afirmou pensar que os EFA representam uma

boa iniciativa, enquanto que os restantes 18,2% não responderam.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

69

3.11.6- Segundo inquérito EFA

Considera que as suas finalidades foram atingidas com sucesso?

(Quadro 12)

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Valid

sim 10 90,9 90,9 90,9

não 1 9,1 9,1 100,0

Total 11 100,0 100,0

Quando questionados se tinham atingido as finalidades20 que procuravam no

percurso formativo, 90,9% dos/as formandos/as afirmou que sim. Apenas 1 individuo

(9,1% da amostra) considerou não ter encontrado o que procurava na formação. Pode

ser aqui retirada uma ilação acerca da eficácia do percurso formativo como sendo

positiva.

Gráfico 7- Impacto da formação EFA

No gráfico 7 estão expostos os resultados das respostas sobre a existência de

um impacto da formação na vida dos/as formandos/as. Aquando da questão

“Considera que a formação recebida possui um impacto na sua vida” 10 (90%) dos/as

20

Recordar que as finalidades estavam presentes no primeiro inquérito. As opções eram: Satisfação pessoal; Enriquecimento o nível de habilitações literárias; Estabelecer novas relações sociais.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

70

11 formandos/as (100%) revelaram existir impacto proveniente do percurso formativo.

Apenas se registou uma resposta negativa como se pode verificar no gráfico.

Que expectativas possui agora para a sua vida profissional? (Quadro 13)

Frequency Percent Valid Percent Cumulative Percent

Valid

grandes expectativas 5 45,5 45,5 45,5

algumas 5 45,5 45,5 90,9

outro 1 9,1 9,1 100,0

Total 11 100,0 100,0

Com a formação recebida também se revelou como imperativo perceber que

expectativas possuíam os formandos no âmbito da sua vida profissional. 45% da

amostra declarou possuir grandes expectativas para a sua vida profissional. Outros

45% optaram pela opção algumas, declarando não possuir grandes certezas face ao

seu futuro no mercado de trabalho. Por fim, apenas se registou uma resposta “outro”

que representa 10% da amostra.

Gráfico 8- Impacto das relações sociais EFA

Na perspectiva de avaliar o impacto na vertente pessoal e das relações sociais

formulei a questão exposta no gráfico 8, 54,5 % respondeu que as relações sociais

criadas na formação detêm algum impacto na sua vida pessoal. 27,3% revelou que as

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

71

relações sociais na formação têm um grande impacto. Em último lugar, 18,2 % afirmou

que as relações que estabeleceram no centro de formação não têm qualquer impacto.

Experiência positiva e memorável * Aplicar conhecimentos ao longo da vida

(Quadro 14)

Aplicar conhecimentos ao longo da vida Total

não responde sim outro

Experiência positiva e

memorável

não responde 0 1 0 1

sim 1 8 1 10

Total 1 9 1 11

Para concluir a análise dos questionários de satisfação pessoal EFA no quadro

acima (número 14), apresentam-se os resultados das questões sobre a experiência da

formação e a aplicação de conhecimentos adquiridos (na formação) ao longo da vida.

72,7% (8 formandos/as) responderam que a formação foi uma experiência positiva e

memorável. As restantes respostas foram dadas por individuos separados, 9,1% para

“não responde”, 9,1% para “outro” e 9,1% para “não21”.

À semelhança da exposição de respostas à questão “Que impacto foi esse?”

feita na secção dos inquéritos UFCD, apresento em seguida as repostas dadas pelos/as

formandos/as EFA22:

-“Porque eu estava desempregado”;

-“Enriquecimento pessoal e melhoramento profissional”;

-“Sim porque aprendi algo mais”;

-“Nenhum”;

-“Ir acabar o nono ano”;

-“O impacto foi muito importante devido a ter novas experiências culturais e

profissionais. É sempre enriquecedor todos os dias aprender algo”;

-“Foi muito bom”;

-“Aprendizagem e realização pessoal”;

21

Valor omisso na tabela. 22

Apesar dos/as formandos/as serem 11 na totalidade apenas se verificam 8 respostas. Este facto deveu-se à ausência de resposta nos questionários (respostas em branco).

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

72

3.12- Presença em entrevistas

Como já tenho vindo a referir, em alguns pontos do relatório tive a

possibilidade de marcar presença num considerável número (13 no total) de

entrevistas com vários propósitos, tanto com formadores como com formandos. Após

a conclusão de estudos de um percurso formativo EFA de nível B2 vários formandos

realizaram entrevistas com a técnica pedagógica com a finalidade de receber um

aconselhamento do que fazer a seguir, ou de conhecer mais opções de formação e

lista de possíveis empregos disponíveis de acordo com as competências individuais.

Estive também presente em 3 mini-entrevistas UFCD23, nas quais, os formandos

procuravam saber classificações de disciplinas concluidas e fazer um pequeno balanço

do percurso formativo até à data. Da minha presença nas entrevistas queria destacar

alguns traços característicos associados a cada formando e seus objetivos.

1º formando: 62 anos, desempregado há 10 anos, procura fazer o 9º ano. Tem

vários problemas de saúde devido à sua idade e em parte não consegue arranjar

emprego por causa disso. Manifesta vontade de se manter ativo, e afirma não querer

desistir.

2º formando: 42 anos, ex-vendedor ambulante, desempregado há bastante

tempo, quer fazer alguma coisa que apareça. Tem 4 filhos por isso quer um emprego.

Dispensa áreas que não gosta dando preferência a algumas sem mencionar em

específico quais. Recebe RSI.

3º formando: 54 anos, desempregado há mais de 5 anos fez voluntariado em

vários países, trabalhou também numa fábrica, afirma ter gostado muito de fazer

formação e teve um impacto positivo grande na sua vida e diz que quer continuar.

Dispensa só trabalhos perigosos devido à sua idade, mas diz que faz qualquer outra

coisa. Queria fazer o B3 e fala das suas experiências pessoais. Afirma mesmo querer o

9º ano ou ser agente de geriatria. Diz não querer ir para a “Pedrulha” (localidade perto

de Coimbra que é onde estão disponíveis alguns percursos formativos do seu

23

Estive presente em 5 entrevistas EFA e apenas 3 UFCD. Teria sido interessante ter estado presente no mesmo número de entrevistas para cada percurso formativo. No entanto apenas 3 dos formandos UFCD deram uma pequena entrevista quando procuraram saber classificações de trabalhos e disciplinas.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

73

interesse). Gostava também de ser electricista que é um dos cursos disponíveis.

Recebe RSI.

4º formando: 56 anos, desempregado há 7 anos trabalhou em várias empresas

de cerâmica, como agricultor, já foi ajudante de carpinteiro e ajudante de bate chapas.

Queria ser serralheiro ou tirar um curso de pasteleiro. Diz que não lhe interessa a

escolaridade quer é ganhar competências em pastelaria para trabalhar. É-lhe fornecido

o nome de uma instituição que dá esta formação por parte da técnica. Muito motivado

para ser pasteleiro. Técnica fez um contacto para formando iniciar formação na área

que pretende. Afirma convictamente que quer aprender. Recebe RSI

5ª formanda: não tem 9ª ano procura ser cabeleireira ou esteticista diz que vai

seguir para o 9ª ano. Tem 20 e poucos anos e nunca trabalhou, técnica diz ir procurar

alguma solução e entrará em contacto posteriormente com formanda para

encaminhamento. Diz querer mesmo trabalhar. Há um curso de manicure ou pédicure

disponível que aparentemente é do seu interesse.

Analisando as súmulas dos 5 testemunhos destes formandos EFA das, constata-

se que, independentemente das idades variadas, o único elemento em comum a todos

parece ser a vontade de trabalhar, não sendo excluída à partida a realização de mais

formação por parte de todos os entrevistados. Apesar de colocarem de lado algumas

das opções laborais, o ritmo de trabalho implementado pelos percursos formativos

pareceu estimular de forma positiva a procura de inserção no mercado de trabalho.

Relativamente aos formandos/as UFCD, apenas tive oportunidade de estar

presente em 3 pequenas entrevistas. As entrevistas UFCD ao contrário das EFA

decorreram num período muito rápido de tempo. A natureza destas entrevistas recaiu

sobre a necessidade de conhecer notas de classificação em algumas disciplinas.

1ª Formanda de nacionalidade brasileira, na faixa etária dos 20 anos. Revelou

ser estudante do ensino superior da área de direito e que apenas frequentou a

formação para deter um curriculum vitae mais rico. Obteve uma boa classificação na

disciplina em que solicitou saber a nota (18 valores). Diz querer acabar a formação

rapidamente porque tem muito que estudar.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

74

2ª Formanda também na faixa etária dos 20 anos não teve muito a dizer. Diz

procurar apenas saber a classificação que teve numa disciplina. Recebe também uma

nota alta (16 valores), festejando e declarando “que já falta pouco”.

3ª Formando na faixa etária dos 50 anos. Disse ter ficado desempregado há

pouco tempo e que a formação lhe tem feito bem pelo facto de se manter activo. Diz

que está a gostar muito da experiência e que a futura certificação é sempre um extra

para o nível de habilitações. Recebe também uma nota alta (16 valores), agradece à

técnica pedagógica e retira-se, afirmando que tem de ir para a aula para não ser

repreendido.

3.13- Entrevistas aplicadas a funcionários

Ao entrevistar dois funcionários da Inovinter (um homem e uma mulher), com a

finalidade de conhecer a sua perspetiva sobre o impacto da formação na vida e dia a

dia dos utentes, foi igualmente possível recolher informação relevante. Um dos

entrevistados tinha já uma experiência de 12 anos de trabalho na Inovinter de

Coimbra, contrastando com a funcionária entrevistada que estava na instituição há

cerca de 10 meses.

Apesar da diferenciação de tempo de serviço, muitos dos aspectos sobre os

quais foram questionados apresentaram semelhanças. Ambos revelam que de uma

forma geral todos os percursos de formação apresentam uma grande taxa de sucesso,

afirmando o funcionário mais antigo que esta percentagem é de 99%. Relativamente

ao impacto, ambos em consonância afirmam sem sombra de dúvidas que este é

bastante positivo, sobretudo nos cursos EFA, muito em especial em matéria de

autoestima dos formandos.

Note-se, porém, que estas opiniões são veiculadas apenas no seio da

organização durante o tempo de formação ou posterior de visita de formandos já

certificados algum tempo mais tarde. Aqui os dois funcionários revelaram nunca ter

contacto com utentes fora do centro de formação. Esta escassez de contacto exterior e

pós-formação limita um pouco a avaliação a ser feita sobre o significado que o

percurso realizado pelos utentes na Inovinter detém no seu dia-a-dia.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

75

Os casos de desistência, apesar de escassos, existem, afirmando ainda o

funcionário mais antigo que estes têm vindo a aumentar nos últimos 2/3 anos. Nos

relacionamentos interpessoais ambos afirmaram que gostam de ter contacto diário

com os formandos/as, mas sublinhando que “existem formandos/as e formandos/as”.

No que toca à posterior integração dos utentes que passaram no centro de

formação no mercado de trabalho, os funcionários revelaram ter conhecimento de

alguns casos, apontando um feedback positivo, acrescentando ainda que mediante os

registos documentais que a integração apresentou os valores mais elevados entre os

anos 2005 e 2007. Baseando-se ainda nesta tomada de conhecimento destes casos,

defendem que os resultados desta integração foram positivos.

Quando questionados se aconselhariam outras pessoas ou até mesmo utentes

a frequentar outras modalidades de formação para além das que já frequentam ambos

responderem que sim. Tendo em conta o que conhecem da organização e a vida dos

utentes que acompanham diariamente, afirmaram que qualquer pessoa faz bem em

procurar “melhorar-se”. Apontaram ainda uma tendência notada para os

comportamentos individuais dos utentes se alterarem progressivamente com a

aproximação dos períodos de fim de formação ou de aproximação da certificação.

Relativamente a insatisfação notada junto dos utentes, são apontados apenas

alguns casos. No entanto foi-me transmitido que as pessoas que demonstram

insatisfação acabam sempre por voltar a frequentar outros percursos formativos na

organização. Contrapondo esta insatisfação, os níveis de empenho extremamente

altos de uma forma geral estão incrivelmente presente tanto nos percursos EFA como

UFCD. Neste aspeto apenas se denota um empenho ligeiramente superior dos

percursos UFCD realizados em regime pós-laboral, em relação ao regime laboral. A

razão desta diferença de empenho ocorre devido a hábitos de trabalho. Os

formandos/as em regime pós-laboral, como já mencionado, encontram-se

empregados. O facto de respeitarem horários e regras exigentes em contexto de

trabalho faz com que esse compromisso e ética se transponham para o campo da

formação. Esta diferença parece ser também influenciada pelo número de horas das

aulas e da altura do dia em que ocorrem. A carga diária de formação é notoriamente

superior nos percursos formativos em regime laboral.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

76

Para estes dois entrevistados o impacto na vida dos utentes está sempre

presente, pois o desafio de receber formação profissional produz mudanças nas vidas

dos utentes. O único ponto menos positivo realçado prende-se com a inexistência de

contacto com os utentes fora da organização e em geral no período pós certificação.

Esta ausência de interação dificulta, assim, a perceção do impacto de longo prazo e a

que níveis esse impacto se fez notar mais. Sublinho mais uma vez que a única variável

em análise que apresenta resultados coerentes através destes dados é o impacto na

vertente pessoal e autosatisfação.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

77

4- Conclusão e observações finais

Neste trabalho procurei avaliar o impacto da formação profissional na vida dos

adultos com baixa escolaridade. Os objectivos da investigação consistiram: em

identificar esse impacto e caracterizá-lo de forma a perceber em que medida influencia

a vida do público-alvo; em comparar o significado desse impacto para pessoas com

níveis de qualificação distintos; que mudanças gerou na vertente pessoal e que

expectativas para o futuro (a nível profissional) concedeu aos/às formandos/as;

Em jeito de balanço final, exponho agora as conclusões do enquadramento

teórico e da parte empírica do estágio.

4.1- Contributo da formação profissional para adultos com baixa escolaridade

Para elaboração do estudo foi necessária uma identificação dos conceitos

chave (formação profissional, baixa escolarização, desemprego e precariedade social) e

o seu estudo intensivo. A formulação do enquadramento teórico serviu de alicerce

inicial à realização da investigação. As ilações retiradas da componente teórica foram

as seguintes:

-Pude constatar, em primeiro lugar, que o tema da educação/formação

profissional em Portugal revelou um despertar tardio, tendo vindo a estabelecer-se em

território nacional após a revolução de 25 de Abril de 1974. Foi evoluindo até aos dias

de hoje até ganhar uma identidade própria (quando comparada com a educação

tradicional). Representa uma boa iniciativa que procura colmatar casos de baixas

qualificações, concorrendo para a edificação de uma população nacional mais

“competente”. Apresentou nos últimos anos alguns resultados positivos, mas ainda

enfrenta muitos desafios24. Contudo, constitui a única esperança para muitas pessoas

com baixas qualificações, sendo ao mesmo tempo uma iniciativa nobre que visa

aumentar a qualificação nacional.

-A segunda conclusão, sobre a baixa escolaridade, é de que representa um

problema grave na esfera social. No seio de um país “desenvolvido” como Portugal os

casos de baixa escolaridade deveriam estar praticamente extintos. No entanto, afecta

24

Problemas de difusão, respeito (ser levada a sério quando comparada com a educação tradicional), financiamento (em alguns casos), etc.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

78

ainda muitas pessoas, dificultando a adesão das mesmas ao mercado de trabalho. A

formação profissional consegue amenizar um pouco os casos de baixa escolaridade

através da certificação anual de formandos/as um pouco por todo o país.

-A terceira conclusão, reflecte o papel negativo do desemprego que é um mal

das sociedades modernas, estando muitas vezes associado ao fenómeno da pobreza.

Apesar de não representar um factor iminente de pobreza, o desemprego certamente

fomenta essa condição. A formação profissional neste âmbito serve de ferramenta que

poderá orientar na direcção certa os formandos/as que se encontram

desempregados25.

-Como quarta conclusão, aponto que a exclusão e precariedade sociais são uma

realidade da vida dos utentes o que torna difícil o seu papel no quotidiano da

sociedade muitas vezes. É portanto imperativo reduzir estes casos, induzindo os

formandos/as a serem socialmente aceites. A formação aparece em cena como um

motor de integração social neste âmbito, dando um “empurrão” aos formandos/as na

direcção certa. Concede, assim, a possibilidade de integração num meio social

caracterizado por um espírito familiar e de equipa.

Em suma, todas as conclusões apresentadas giram em torno dos utentes da

Inovinter. A abordagem destes conceitos foi feita com a finalidade de expor os

problemas com que muitos dos/as os/as formandos/as se deparam no seu dia a dia.

4.2- Elementos de balanço

4.2.1 -Avaliação de comportamentos de utentes

A capacidade de expressão e formas de interagir dos/as formandos/as

corresponderam às expectativas iniciais, revelando maior extroversão ou introversão

consoante os níveis de escolaridade de cada um. A identificação de quem pertencia a

uns e a outros programas de formação era fácil de perceber no espaço exterior às salas

de aula. Bastava aqui realizar alguns períodos de observação direta, diferenciando a

natureza dos comportamentos, das interações e dos temas de conversa. Os utentes

dos EFA em geral pareciam sempre mais apreensivos em comunicar, tentando adoptar

25

Condição da grande maioria dos formandos/as.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

79

uma postura formal (apenas se “soltavam” mais com colegas/amigos). Por sua vez

quem pertencia aos UFCD traduzia um comportamento mais “livre” interagindo e

comunicando naturalmente.

Verificou-se também a presença de utentes em mais do que um processo de

formação, demonstrando que existem várias áreas de interesse comum no catálogo de

formação. O interesse pessoal e empenho também vêm aqui à tona expressando a

necessidade de possuir o maior nível de formação possível. De uma forma geral

também devido a um ambiente declaradamente familiar, os indícios de um impacto

positivo na vida dos utentes em geral estava notoriamente presente.

As capacidades de comunicação e de à-vontade individuais com terceiros sem

ser com colegas de formação também apresentavam diferenças significativas. A

facilidade de expressão dos alunos de UFCD afirmou-se também como superior à dos

formandos EFA. Com o tempo e de uma forma gradual os formandos em geral foram-

se habituando à minha presença nos espaços da organização interagindo comigo,

ainda que de uma forma geral, apenas brevemente. No entanto, sobretudo em

resultado de pequenas conversas informais, constatei ser quase sempre maior a

apreensão e o pouco à vontade entre os/as formandos/as de níveis básicos de

formação. Aliás, o facto de quase diariamente me cruzar com muitos dos formandos

do centro que utilizavam o mesmo meio de transporte público que eu utilizava (o

autocarro) não escondeu, em várias situações, algum desconforto individual associado

à probabilidade de surgir uma interação ou conversa. O facto de estarem cientes que

possuem uma baixa escolaridade parece, assim, conferir um sentimento intrínseco de

inferioridade junto de pessoas estranhas ou que possuem um nível de instrução

superior.

Esta situação já não se verificou com os membros do percurso UFCD quando

estes partilhavam o mesmo espaço que eu. A comunicação era completamente natural

e a facilidade em “fazer conversa” era superior. No entanto, com o tempo as

interações dos EFA para comigo foram-se aos poucos aproximando das dos UFCD. O

processo foi gradual e após a minha presença nas suas aulas isso foi-se tornando mais

evidente. Concederam-me o sentimento de integração num grupo fechado em que

tive de ser “testado” para me integrar. A conclusão que se pode tirar neste âmbito

Page 96: O impacto da formação profissional na vida de adultos com ... · O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade 1 Introdução Este relatório resulta

O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

80

reflecte-se no facto de que quem tem menor nível de instrução e habilitações adopta

uma postura muito defensiva nas suas relações sociais.

4.2.2- Elementos de impacto e diferenças entre percursos formativos

Com deixei expresso ao longo do relatório, utilizei os seguintes procedimentos

metodógicos:

Dados de 11 sessões de observação (dentro e fora da sala de aula)

28 inquéritos de diagnóstico social

28 inquéritos de avaliação de satisfação individual

Dados de presenças em 8 entrevistas

2 entrevistas feitas a funcionários

Em resultado do processo de observação, com base nos critérios expostos, concluiu-se

que:

-Os indícios de impacto encontram-se presentes em ambos os percursos

formativos. No entanto, o impacto é mais marcante no percurso EFA do que no

percurso UFCD. Tal facto deve-se às diferenças no grau de escolaridade26.

-Para os formandos EFA a formação representa o ambiente escolar que nunca

tiveram oportunidade de frequentar (ou que frequentaram pouco27). Os níveis

de envolvimento e empenho nos cursos EFA são superiores aos notados no

percurso UFCD, detendo assim, maior significância.

-O tempo de permanência na sala de convívio também era superior por parte

dos/as formandos/as EFA. A satisfação pessoal de estar com colegas de

formação na conversa era, assim, bastante notória. No percurso UFCD esta

situação não se verificava, as interacções exteriores à sala de aula apenas

tomavam lugar nos períodos prévios ao inicio das aulas.

Em segundo lugar, analisando os dados apresentados dos testemunhos EFA e UFCD

(presença em entrevistas) pude concluir que:

26

Quanto maior o grau de escolaridade, menor o interesse. 27

Em casos que concluiram o 1º ciclo ou 2º ciclo do ensino básico em escolas tradicionais.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

81

- Os formandos EFA dão preferência à possibilidade de trabalhar relativamente

à opção de fazer mais formação. No entanto, a opção de continuar a formação

não está excluída à partida;

- Os formandos EFA são, na sua maioria, indivíduos que já trabalharam e

ficaram desempregados, querendo manter-se activos. Estão dispostos a

trabalhar em qualquer área, mas dão preferência a profissões do seu interesse;

-Os formandos UFCD procuram enriquecer o currículo ao máximo enquanto se

encontram desempregados;

-Os formandos UFCD revelam querer fazer a formação o mais rápido possível.

Este facto traduz a existência de um interesse apenas profissional. Esperam

ansiosamente a certificação, não dando grande peso ao sentimento de

pertença à formação;

Relativamente aos resultados dos 28 inquéritos de diagnóstico social podem retirar-se

as seguintes conclusões:

-Afirmaram que o impacto da formação numa fase inicial já se encontrava

presente;

-Possuiam na sua maioria expectativas para o futuro provenientes dos

percursos formativos;

-Os graus de satisfação para com os percursos formativos também se

registaram como elevados para a grande maioria dos formandos/as;

De acordo com os dados obtidos através do questionário de avaliação de satisfação

individual relativo à formação, podemos concluir o seguinte:

- uma grande percentagem de formandos/as (81,8% dos EFA e 92,5% dos

UFCD) afirmam que a formação tem ou teve um impacto na sua vida, quer seja

na vertente pessoal (70,6% UFCD e 45,5% EFA) ou na profissional (23,5% UFCD

e 36,4% EFA). A exposição integral das respostas à questão aberta (“que

impacto foi esse?”) exprimiram bem a natureza desse impacto;

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

82

-Apenas uma percentagem baixa (18,2% para os EFA e 7,5% para os UFCD)

revelou que a formação não deteve qualquer impacto na sua vida;

-Quando abordados sobre as expectativas para o futuro profissional com a

formação recebida as respostas também revelaram um carácter geral muito

positivo;

-A nível de relações interpessoais também houve quase unanimidade de

respostas positivas. Em vários casos a ponderação de manter estas relações a

longo prazo também se verificou;

Como quarta conclusão, baseando-me nas respostas dadas pelos funcionários da

Inovinter nas entrevistas que apliquei, saliento que:

-Ambos os funcionários entrevistados afirmaram existir impacto na vida dos

formandos/as;

-Conhecem casos de sucesso de formandos/as que gostaram muito da

formação e que voltaram para frequentar outros percursos formativos no

centro;

-Afirmaram que os casos de sucesso dos percursos formativos é de 99%;

Por fim, não quero deixar de emitir um pequeno parecer sobre o tempo que

despendi para concretização do estágio. Para uma perceção mais cabal do tema em

estudo, devo assinalar que o tempo de duração do estágio se revelou curto. Quase

todo este tempo constitui um processo de conhecimento e integração na entidade de

acolhimento, onde dia após dia algo novo era adquirido sobre os métodos de trabalho

e funcionamento. Tratou-se, sem dúvida, de um processo de enriquecimento social e

profissional e de permanente aprendizagem. Na verdade, na Inovinter, antes de mim,

apenas um estágio curricular semelhante fora efetuado por uma socióloga no ano de

2009. No entanto, esse mesmo estudo incidiu sobre a iniciativa CNO e os percursos

RVCC. Fui assim o segundo sociólogo a estagiar na delegação de Coimbra, e o primeiro

a acompanhar directamente os percursos UFCD e EFA no centro.

A organização enquanto “minha casa” durante os 5 meses de estágio foi um

local acolhedor e apelativo, que possui um ambiente informal muito simpático e uma

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

83

equipa de funcionários competentes e dotados de ética profissional. Apresentam uma

equipa coerente e são eficientes nas suas funções. Foi para mim extremamente

enriquecedor na vertente do crescimento pessoal, poder trabalhar e relacionar-me

diariamente com uma equipa e força laboral tão nobres. Quanto a sugestões, apenas

sugiro que continuem o bom trabalho e a conceder formação a quem mais precisa.

Perante as conclusões apresentadas e atendendo aos critérios de avaliação

definidos para este estudo, pode-se considerar que a avaliação do impacto da

formação na vida dos utentes, obteve, de uma forma geral, resultados positivos, uma

vez que nos vários dados obtidos (durante todo o período de estágio) houve sempre

uma predominante satisfação individual quer com a formação, quer com os resultados

da mesma.

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84

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

93

Anexos

Anexo I: Guião de entrevista aplicado no processo de seleção 2014

Anexo II: Inquérito por questionário de diagnóstico social (UFCD)

Anexo III: Inquérito por questionário de satisfação individual (UFCD)

Anexo IV: Inquéritos por questionário de diagnóstico social (EFA)

Anexo V: Inquérito por questionário de satisfação individual (EFA)

Anexo VI: Guião de entrevista aplicado a colegas de trabalho

Anexo VII: Guião de elementos a observar e tabelas de sessões de

observação

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

94

Anexo I

Guião de entrevista

1 – Abandonou a escola há quanto tempo? Porque desistiu?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

2 – Em que disciplinas sentia mais dificuldades?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

3 – E de quais gostava mais?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

4 - Se pudesse voltar atrás, teria continuado a estudar?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

5 – Sente-se motivado pelo facto de haver a possibilidade de atingir agora o nível de

escolaridade que sempre desejou?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

6 – Atingindo tal nível de escolaridade pensa que a sua vida irá melhorar em alguns

aspetos? Quais?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

7 – Ao atingir esse nível o que pretende fazer?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

95

8- O conhecimento acerca dos percursos de formação, surgiu como?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

8 – O que o/a levou a candidatar-se?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

9- Possui boas expectativas face à integração neste processo de formação?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

10- Para além deste processo, se pudesse, integraria outros processos formativos para

melhorar o seu nível de qualificações?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

11 – Onde pensa ter adquirido mais conhecimentos e competências ao longo da sua

vida?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

12 – Tem em mente alguma área específica onde gostasse de trabalhar?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

13 – Pratica alguma atividade específica no seu dia-a-dia? (hobby)

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

96

14- Já desempenhou alguma atividade profissional?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

15- Se sim, qual ou quais?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

16- O que faz para ocupar os seus tempos livres?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

97

Anexo II

Inquérito aos formandos da INOVINTER sobre a prestação de serviços da entidade,

satisfação pessoal e aquisição de formação

1º Inquérito (diagnóstico social)

Caracterização sociográfica

1. Sexo: Masculino ..... 1 Feminino ....... 2

2. Diga-me por favor a sua idade _____________________________________________________

2.1 Qual é o seu estado civil ?

Solteiro/a ……………………………………………………………………………..……………………………….. 1

Casado/a ou a viver maritalmente ………………………………………………..……………………….. 2 Divorciado/a ou separado/a …………………………………………………………………………………… 3 Viúvo/a …………………………………………………………………………………………………..…………….… 4

N/R …………………………………………………………………………………………………………………………. -2

3. É natural de onde? (indique o local onde residia a sua mãe quando nasceu) Da freguesia onde reside atualmente .......................................................................... 1

De outra freguesia do município/concelho de Coimbra .............................................. 2

Qual? ___________________________________________________________________________

De outro município/concelho (fora de Coimbra) ......................................................... 3

Qual? _______________________________________________________________________________

De um país estrangeiro ................................................................................................ 4

Qual? _________________________________________________________________ N/R .............................................................................................................................. -2

4. Qual o grau de instrução mais elevado que completou?

Não completou qualquer nível de escolaridade .......................................................... 1

1.º Ciclo do Ensino Básico (antigo ensino primário) .................................................... 2

2.º Ciclo do Ensino Básico (antigo ciclo preparatório) ................................................. 3

3.º Ciclo (9.º ano, antigo curso geral ou 5.ºano) ......................................................... 4

12.º Ano (antigo 7º ano do liceu) ................................................................................ 5

Bacharelato ou frequência do Ensino Superior ............................................................ 6

Ensino Superior (Licenciatura; Mestrado; Doutoramento) .......................................... 7

N/R ………………………………………………………………………………………………………………………… -2

6. Qual é a sua principal ocupação neste momento?

Está desempregado/a (já trabalhou) ............................................................................1

Exerce uma atividade profissional ................................................................................2

Procura primeiro emprego ...........................................................................................3

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

98

Trabalhador/a familiar não remunerado/a .................................................................. 4

Reformado/a ou pensionista ........................................................................................5

Trabalhador/a-estudante ..............................................................................................6

Estudante (não trabalha) .............................................................................................. 7

Ocupa-se das tarefas do lar e não tem outra atividade ...............................................8

Outra situação ............................................................................................................. 9

N/R -2

7. Onde é o seu local de trabalho? (só para quem trabalha atualmente)

Em casa ........................................................................................................................ 1

Na freguesia onde vive ................................................................................................. 2

No centro de Coimbra .................................................................................................. 3

Noutra freguesia do concelho de Coimbra .................................................................. 4 Noutro concelho .......................................................................................................... 5

Qual? ______________________________________________________________________________

Não se aplica (não trabalha) ........................................................................................ -3

N/R -2

8. Qual a sua profissão? (atual, ou a última, no caso de já não trabalhar) (descreva de forma breve e sucinta as tarefas que faz/fazia na sua profissão e em que tipo de instituição trabalha/va). ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ N/R -2

9. Quantas pessoas moram consigo? (familiares e não familiares) __________________________________ __________________________________________________

N/R -2

14. Indique quem são as pessoas que vivem consigo. (marcar número, se tiver mais do que um no caso de irmãos, filhos, etc..) Marido / Mulher / Companheiro(a) / Namorado(a) ................................................. ____ Pai / Mãe ................................................................................................................... ____ Nora / Genro ............................................................................................................. ____ Filhos/as / Enteados(as) ............................................................................................ ____ Netos(as) ................................................................................................................... ____ Irmãos ....................................................................................................................... ____

Avós .......................................................................................................................... ____ Outros familiares ...................................................................................................... ____ Amigos / Hóspedes /inquilinos ................................................................................ ____

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

99

TOTAL (somatório) ................................................................................................... ____ N/R…………………………………………………………………………………………………………………..………-2 15. Para quem respondeu ter filhos na alínea anterior, qual o nível de escolaridade dos seus filhos? Não completou qualquer nível de escolaridade .......................................................... 1

1.º Ciclo do Ensino Básico (antigo ensino primário) .................................................... 2

2.º Ciclo do Ensino Básico (antigo ciclo preparatório) ................................................. 3

3.º Ciclo (9.º ano, antigo curso geral ou 5.ºano) ......................................................... 4

12.º Ano (antigo 7º ano do liceu) ................................................................................ 5

Bacharelato ou frequência do Ensino Superior ............................................................ 6

Ensino Superior (Licenciatura; Mestrado; Doutoramento) .......................................... 7

N/R ………………………………………………………………………………………………………………………… -2

16. Do seu ponto de vista idependentemente do nível de escolaridade dos seus filhos considera que possuem um bom aproveitamento escolar? Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Não sabe …………………………………………………………………………………………………….…….……..3 N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

Relação com a organização 17. Como tomou conhecimento da existência da INOVINTER? Através da internet……………………………………………………………………………………………………1 Através de um amigo ou familiar……………………………………………………………………….………2 Através de alguma publicidade (flyer, etc) ……………………………………………………………..…3 Através de outra instituição ………………………………………………………..………………………..….4 Outro ……………………………………………………………………………………………………………………..…5 N/R …………………………………………………………………………………………………………………….……-2 18. Considera o catálogo de oferta de formação em diversas áreas interessante? Muito interessante ……………………………………………………………………………………………….….1 Interessante ………………………………………………………………………………………………………….….2 Razoável……………………………………………………………………………………………………………………3 Pouco interessante ……………………………………………………………………………………………….….4 Nada interessante ……………………………………………………………………………………………….……5 N/R ………………………………………………………………………………………………………………………….-2 19. Já tinha frequentado algum outro percurso de formação na organização? Sim ………………………………………………………………………………………………………………….………..1 Não ………………………………………………………………………………………………………………….……….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………………..………3

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

100

Qual ? _________________________________________________________________ N/R …………………………………………………………………………………………………………………….……-2 20. Considera a nível interpessoal a INOVINTER um local acolhedor e com bom ambiente de trabalho? Sim ……………………………………………………………………………………………………………………….…..1 Não …………………………………………………………………………………………………………………………..2 Outro …………………………………………………………………………………………………………………..……3 Qual? _________________________________________________________________ N/R ……………………………………………………………………………………………………………………….…-2 21. O que pensa das instalações da delegação aqui de Coimbra? (classifique conforme a pontuação).

Muito mau Nem bom Muito bom nem mau

N/S N/R

Salas de aula 1 2 3 4 5 -1 -2

Número de salas de aula 1 2 3 4 5 -1 -2

Espaço de convívio 1 2 3 4 5 -1 -2

Espaço de atendimento 1 2 3 4 5 -1 -2

Dimensões do espaço

total

1 2 3 4 5 -1 -2

22. Que perspetiva tem, da organização enquanto formadora de encaminhamento para o mercado de trabalho? Muito boa ………………………………………………………………………………………………………………..1 Boa …………………………………………………………………………………………………………………………..2 Razoável …………………………………………………………………………………………………………………..3 Má …………………………………………………………………………………………………………………………..4 Muito má …………………………………………………………………………………………………………………5 N/R …………………………………………………………………………………………………………………………-2

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

101

23. De uma forma geral atendendo à sua experiência pessoal e até ao momento classifique o seu grau de satisfação com a INOVINTER:

Motivações Pessoais e acesso à informação 24. O que o/a levou a procurar formação na INOVINTER? Realização pessoal ……………………………………………………………………………………………………1 Enriquecer o nível de habilitações literárias …………………………………………………………..…2 Passatempo/hobby …………………………………………………………………………………………..………3 Estabelecer novas interações sociais ……………………………………………………………..…………4 Outro ………………………………………………………………………………………………………………..………5 N/R ……………………………………………………………………………………………………………….…………-2 25. Até ao momento presente considera que a formação aqui obtida está a ter um impacto positivo tanto na sua vida pessoal e como profissional? Sim ………………………………………………………………………………………………………………………….1 Não …………………………………………………………………………………………………………………………2 Esperava algo melhor………………………………………………………………………………………………3 Esperava algo pior …………………………………………………………………………………………………..4 Esperava algo diferente ……………………………………………………………………………………………5 Outro ……………………………………………………………………………………………………………………….6 N/R …………………………………………………………………………………………………………………………-2 26. Considera que o acesso à informação relativa às aprendizagens corresponde às suas expectativas ou esperava algo diferente? Estou satisfeito ……………………………………………………………………………………………….………..1 Esperava algo mais ………………………………………………………………………………………….……….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………………..………3

Muito mau Nem bom Muito bom nem mau

N/S N/R

Nível pessoal 1 2 3 4 5 -1 -2

Vertente

profissionalizante

1 2 3 4 5 -1 -2

Domínio cognitivo 1 2 3 4 5 -1 -2

Conhecimento científico e

prático

1 2 3 4 5 -1 -2

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

102

N/R ………………………………………………………………………………………………………………………….-2 27. Possui boas expetativas para o futuro na sua vida com a formação aqui recebida? Sim ………………………………………………………………………………………………………………..………….1 Não ……………………………………………………………………………………………………………….………….2 Talvez ……………………………………………………………………………………………………………….………3 Outro ……………………………………………………………………………………………………………….……….4 N/R ………………………………………………………………………………………………………………………….-2 28. Para terminar, se quiser poderá enunciar nas seguintes linhas o que achou deste questionário e de uma forma geral o que poderia ser feito para melhorar a experiência dos formandos na organização: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

103

Anexo III

Inquérito aos formandos da INOVINTER sobre a prestação de serviços da entidade,

satisfação pessoal e aquisição de formação

2º Inquérito (avaliação de satisfação individual)

1- Sexo: Masculino ..... 1 Feminino ....... 2

2- Frequentou o percurso formativo com finalidade de quê?

Realização pessoal ……………………………………………………………………………………………………1 Enriquecimento profissional…………………………………………………………………………………..…2

Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..3 N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

3- Considera que essa finalidade foi atingida com sucesso?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..3 N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

4- Considera que a sua experiência de formação aqui recebida possui um impacto na

sua vida?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..3 N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2 5- Que impacto foi esse?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

6- Considera que os seus objetivos da formação foram atingidos e as suas

expectativas correspondidas?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Esperava algo mais……………………………………………………………………………………………………3 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

104

7- De que mais gostou durante todo o percurso de formação?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

8- E de que menos gostou?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

9- Acha que o seu tempo foi aqui bem empregue?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

10- Que perspetivas possui agora face à sua vida profissional?

Grandes expectativas …………………………………………………………………………………….……..… 1 Algumas ………………….…………………………………………………………………………………………….….2 Nenhumas……………………………………………………………………………………………………………..….3 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

11- A nível de relações interpessoais acha que obteve um enriquecimento positivo no

âmbito da formação aqui no INOVINTER?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2 12- Pensa manter essas relações e contacto com algumas pessoas após a conclusão

do seu percurso formativo?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

13- Que impacto tiveram ou têm essas relações no seu enriquecimento pessoal e

social?

Grande impacto……………………………………………………………………………………………………..… 1 Algum …………………..……………………………………………………………………………………………….….2

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

105

Nenhum……………………………………………………………………………………………………………………3 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

14- Acha que esse impacto das relações interpessoais e da própria formação irão ser

marcantes na sua vida a longo prazo?

Provavelmente ……………………………………………………………………………………………………..… 1 Talvez ………………………..………………………………………………………………………………………….….2 Nem por isso…………………………………………………………………………………………………………..…2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

15- O que mudaria no percurso de formação e módulos adjacentes?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

16- Leva daqui uma experiência positiva e memorável?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

17- Estaria interessado em frequentar outros percursos formativos na inovinter num

futuro próximo?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

18- Acha que vai aplicar os conhecimentos adquiridos com muita frequência no seu

quotidiano e ao longo da sua vida?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

19- Recomendaria a outras pessoas, frequentar a INOVINTER?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………..………….1 Não ……………………………………………………………………………………………………………….………….2 Talvez ……………………………………………………………………………………………………………….………3

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

106

Outro ……………………………………………………………………………………………………………….……….4 N/R ………………………………………………………………………………………………………………………….-2

20- De uma forma geral e para terminar, está satisfeito com todo o percurso de

formação frequentado?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

107

Anexo IV

Inquérito aos formandos da INOVINTER sobre a prestação de serviços da entidade,

satisfação pessoal e aquisição de formação

1º Inquérito (diagnóstico social)

Guião

Caracterização sociográfica

1. Sexo: Masculino ..... 1 Feminino ....... 2

2. Diga-me por favor a sua idade _____________________________________________________

2.1 Qual é o seu estado civil ?

Solteiro/a ……………………………………………………………………………..……………………………….. 1

Casado/a ou a viver maritalmente ………………………………………………..……………………….. 2 Divorciado/a ou separado/a …………………………………………………………………………………… 3 Viúvo/a …………………………………………………………………………………………………..…………….… 4

N/R …………………………………………………………………………………………………………………………. -2

3. É natural de onde? (indique o local onde residia a sua mãe quando nasceu) Da freguesia onde reside atualmente .......................................................................... 1

De outra freguesia do município/concelho de Coimbra .............................................. 2

Qual? ___________________________________________________________________________

De outro município/concelho (fora de Coimbra) ......................................................... 3

Qual? _______________________________________________________________________________

De um país estrangeiro ................................................................................................ 4

Qual? _________________________________________________________________ N/R .............................................................................................................................. -2

4. Qual é a sua principal ocupação neste momento?

Está desempregado/a (já trabalhou) ............................................................................1

Exerce uma atividade profissional ................................................................................2

Procura primeiro emprego ...........................................................................................3

Trabalhador/a familiar não remunerado/a .................................................................. 4

Reformado/a ou pensionista ........................................................................................5

Ocupa-se das tarefas do lar e não tem outra atividade ...............................................6

Outra situação ............................................................................................................. 7

N/R -2

5. Onde é o seu local de trabalho? (só para quem trabalha atualmente) Em casa ........................................................................................................................ 1

Na freguesia onde vive ................................................................................................. 2

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

108

No centro de Coimbra .................................................................................................. 3

Noutra freguesia do concelho de Coimbra .................................................................. 4 Noutro concelho .......................................................................................................... 5

Qual? ______________________________________________________________________________

Não se aplica (não trabalha) ........................................................................................ -3

N/R -2

6. Qual a sua profissão? (atual, ou a última, no caso de já não trabalhar) (descreva de forma breve e sucinta as tarefas que faz/fazia na sua profissão e em que tipo de instituição trabalha/va). ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ N/R -2

7. Quantas pessoas moram consigo? (familiares e não familiares) __________________________________ __________________________________________________

N/R -2

8. Indique quem são as pessoas que vivem consigo. (marcar número, se tiver mais do que um no caso de irmãos, filhos, etc..) Marido / Mulher / Companheiro(a) / Namorado(a) ................................................. ____ Pai / Mãe ................................................................................................................... ____ Nora / Genro ............................................................................................................. ____ Filhos/as / Enteados(as) ............................................................................................ ____ Netos(as) ................................................................................................................... ____ Irmãos ....................................................................................................................... ____ Avós .......................................................................................................................... ____ Outros familiares ...................................................................................................... ____ Amigos / Hóspedes /inquilinos ................................................................................ ____ TOTAL (somatório) ................................................................................................... ____ N/R…………………………………………………………………………………………………………………..………-2 9. Para quem respondeu ter filhos na alínea anterior, qual o nível de escolaridade dos seus filhos? Não completou qualquer nível de escolaridade .......................................................... 1

1.º Ciclo do Ensino Básico (antigo ensino primário) .................................................... 2

2.º Ciclo do Ensino Básico (antigo ciclo preparatório) ................................................. 3

3.º Ciclo (9.º ano, antigo curso geral ou 5.ºano) ......................................................... 4

12.º Ano (antigo 7º ano do liceu) ................................................................................ 5

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

109

Bacharelato ou frequência do Ensino Superior ............................................................ 6

Ensino Superior (Licenciatura; Mestrado; Doutoramento) .......................................... 7

N/R ………………………………………………………………………………………………………………………… -2

10. Do seu ponto de vista idependentemente do nível de escolaridade dos seus filhos considera que possuem um bom aproveitamento escolar? Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Não sabe …………………………………………………………………………………………………….…….……..3 N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

Relação com a organização 11. Como tomou conhecimento da existência da INOVINTER? Através da internet……………………………………………………………………………………………………1 Através de um amigo ou familiar……………………………………………………………………….………2 Através de alguma publicidade (flyer, etc) ……………………………………………………………..…3 Através de outra instituição ………………………………………………………..………………………..….4 Outro ……………………………………………………………………………………………………………………..…5 N/R …………………………………………………………………………………………………………………….……-2 12. Considera o catálogo de oferta de formação em diversas áreas interessante? Muito interessante ……………………………………………………………………………………………….….1 Interessante ………………………………………………………………………………………………………….….2 Razoável……………………………………………………………………………………………………………………3 Pouco interessante ……………………………………………………………………………………………….….4 Nada interessante ……………………………………………………………………………………………….……5 N/R ………………………………………………………………………………………………………………………….-2 13. Já tinha frequentado algum outro percurso de formação na organização? Sim ………………………………………………………………………………………………………………….………..1 Não ………………………………………………………………………………………………………………….……….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………………..………3 Qual ? _________________________________________________________________ N/R …………………………………………………………………………………………………………………….……-2 14. Considera a nível interpessoal a INOVINTER um local acolhedor e com bom ambiente de trabalho? Sim ……………………………………………………………………………………………………………………….…..1 Não …………………………………………………………………………………………………………………………..2 Outro …………………………………………………………………………………………………………………..……3 Qual? _________________________________________________________________

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

110

N/R ……………………………………………………………………………………………………………………….…-2 15. O que pensa das instalações da delegação aqui de Coimbra? (classifique conforme a pontuação).

Muito mau Nem bom Muito bom nem mau

N/S N/R

Salas de aula 1 2 3 4 5 -1 -2

Número de salas de aula 1 2 3 4 5 -1 -2

Espaço de convívio 1 2 3 4 5 -1 -2

Espaço de atendimento 1 2 3 4 5 -1 -2

Dimensões do espaço

total

1 2 3 4 5 -1 -2

16. Que perspetiva tem, da organização enquanto formadora de encaminhamento para o mercado de trabalho? Muito boa ………………………………………………………………………………………………………………..1 Boa …………………………………………………………………………………………………………………………..2 Razoável …………………………………………………………………………………………………………………..3 Má …………………………………………………………………………………………………………………………..4 Muito má …………………………………………………………………………………………………………………5 N/R …………………………………………………………………………………………………………………………-2 17. De uma forma geral atendendo à sua experiência pessoal e até ao momento classifique o seu grau de satisfação com a INOVINTER:

Muito mau Nem bom Muito bom nem mau

N/S N/R

Nível pessoal 1 2 3 4 5 -1 -2

Vertente

profissionalizante

1 2 3 4 5 -1 -2

Domínio cognitivo 1 2 3 4 5 -1 -2

Conhecimento científico e

prático

1 2 3 4 5 -1 -2

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

111

Motivações Pessoais e acesso à informação 18. O que o/a levou a procurar formação na INOVINTER? Realização pessoal ……………………………………………………………………………………………………1 Enriquecer o nível de habilitações literárias …………………………………………………………..…2 Passatempo/hobby …………………………………………………………………………………………..………3 Estabelecer novas interações sociais ……………………………………………………………..…………4 Outro ………………………………………………………………………………………………………………..………5 N/R ……………………………………………………………………………………………………………….…………-2 19. Até ao momento presente considera que a formação aqui obtida está a ter um impacto positivo tanto na sua vida pessoal e como profissional? Sim ………………………………………………………………………………………………………………………….1 Não …………………………………………………………………………………………………………………………2 Esperava algo melhor………………………………………………………………………………………………3 Esperava algo pior …………………………………………………………………………………………………..4 Esperava algo diferente ……………………………………………………………………………………………5 Outro ……………………………………………………………………………………………………………………….6 N/R …………………………………………………………………………………………………………………………-2

20. Considera que o acesso à informação relativa às aprendizagens corresponde às suas expectativas ou esperava algo diferente? Estou satisfeito ……………………………………………………………………………………………….………..1 Esperava algo mais ………………………………………………………………………………………….……….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………………..………3 N/R ………………………………………………………………………………………………………………………….-2 21. Possui boas expetativas para o futuro na sua vida com a formação aqui recebida? Sim ………………………………………………………………………………………………………………..………….1 Não ……………………………………………………………………………………………………………….………….2 Talvez ……………………………………………………………………………………………………………….………3 Outro ……………………………………………………………………………………………………………….……….4 N/R ………………………………………………………………………………………………………………………….-2

22. O que pretende fazer após a conclusão do percurso formativo? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

112

23. O que pensa dos cursos EFA? _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 24. Acha que a nível geral representam uma boa iniciativa? Sim ………………………………………………………………………………………………………………………….1 Não …………………………………………………………………………………………………………………………2 N/R …………………………………………………………………………………………………………………………-2 25. Para terminar, se quiser poderá enunciar nas seguintes linhas o que achou deste questionário e de uma forma geral o que poderia ser feito para melhorar a experiência dos formandos na organização: ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

113

Anexo V

Inquérito aos formandos da INOVINTER sobre a prestação de serviços da entidade,

satisfação pessoal e aquisição de formação

2º Inquérito (avaliação de satisfação individual)

Guião

1- Sexo: Masculino ..... 1 Feminino ....... 2

2- Frequentou o percurso formativo com finalidade de quê?

Realização pessoal ……………………………………………………………………………………………………1 Enriquecimento profissional…………………………………………………………………………………..…2

Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..3 N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

3- Considera que essa finalidade tem sido atingida com sucesso?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..3 N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

4- Considera que a sua experiência de formação aqui recebida possui um impacto na

sua vida?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..3 N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

5- Que impacto foi esse?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

6- Considera que os seus objetivos da formação até agora foram atingidos e as suas

expectativas correspondidas?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2

Esperava algo mais………………………………………………………………………………………….…………3 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

114

7- De que mais gostou durante todo o percurso de formação?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

8- E de que menos gostou?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

9- Acha que o seu tempo está a ser aqui bem empregue?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

10- Que expectativas possui agora face à sua vida profissional?

Grandes expectativas …………………………………………………………………………………….……..… 1 Algumas ………………….…………………………………………………………………………………………….….2 Nenhumas……………………………………………………………………………………………………………..….3 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

11- A nível de relações interpessoais acha que obteve um enriquecimento positivo no

âmbito da formação aqui no INOVINTER?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2 12- Pensa manter essas relações e contacto com algumas pessoas após a conclusão

do seu percurso formativo?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

13- Que impacto tiveram ou têm essas relações no seu enriquecimento pessoal e

social?

Grande impacto……………………………………………………………………………………………………..… 1 Algum …………………..……………………………………………………………………………………………….….2

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

115

Nenhum……………………………………………………………………………………………………………………3 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2 14- Acha que esse impacto das relações interpessoais e da própria formação irão ser

marcantes na sua vida a longo prazo?

Provavelmente ……………………………………………………………………………………………………..… 1 Talvez ………………………..………………………………………………………………………………………….….2 Nem por isso…………………………………………………………………………………………………………..…2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

15- O que mudaria no percurso de formação e módulos adjacentes?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

16- Leva daqui uma experiência positiva e memorável?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

17- Estaria interessado em frequentar outros percursos formativos na inovinter num

futuro próximo?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

18- Acha que vai aplicar os conhecimentos adquiridos com muita frequência no seu

quotidiano e ao longo da sua vida?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………………..… 1 Não ……………………………………………………………………………………………………………………….….2 Outro ………………………………………………………………………………………………………….…….……..4

N/R ………………………………………………………………………………………………………………….………-2

19- Recomendaria a outras pessoas, frequentar a INOVINTER?

Sim ………………………………………………………………………………………………………………..………….1

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

116

Não ……………………………………………………………………………………………………………….………….2 Talvez ……………………………………………………………………………………………………………….………3 Outro ……………………………………………………………………………………………………………….……….4 N/R ………………………………………………………………………………………………………………………….-2

20- Diga-me por favor, o que pensa agora da formação profissional em geral.

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

21- De uma forma geral e para terminar, está satisfeito com todo o percurso de

formação frequentado?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

117

Anexo VI

Entrevista a funcionário da Inovinter

Guião

1 – Há quanto tempo trabalha na INOVINTER?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

2 – Lembra-se do primeiro dia em que aqui chegou?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

3 – Tem acompanhado vários percursos de formação dos utentes ao longo dos anos?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

4 – Existe uma grande taxa de sucesso nos percursos de formação?

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

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5 – Avaliando o impacto dessa formação na vida destas pessoas, acha que é

significativo ou nem por isso?

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6 – E acha que é positivo?

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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7 – Mediante a sua experiência no local, esse impacto dá-se em que aspetos da vida

pessoal na sua opinião?

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8- Costuma ter contacto aqui ou fora da organização com os formandos após a

conclusão dos percursos formativos?

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9 – Se sim, geralmente parecem satisfeitos e falam da formação que receberam?

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10- Existem muitos casos de desistência dos percursos de formação?

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11- E nos casos de insucesso, as pessoas voltam a tentar repetir os percursos

formativos?

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12 – Gosta de ter este contato diário com os utentes da organização?

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13 – E relativamente aos casos de integração no mercado de trabalho pós-formação

tem conhecimento dos resultados?

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14 – E como são?

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15 – Aconselharia pessoas que conhece a frequentarem percursos formativos, tendo

em conta a existência do impacto que conhece e segue de perto?

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16 – A nível profissional, com a aproximação do fim dos percursos de formação nota

alterações nos comportamentos dos utentes que por aqui passam?

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17- Já se deparou com muitos casos de insatisfação com a formação aqui recebida na

INOVINTER, ou estes são inexistentes?

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18- Parece-lhe que o impacto e níveis de empenho na formação são mais acentuados

nos percursos UFCD ou EFA?

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19- Não querendo ser redundante, na sua opinião acha que o impacto está sempre

presente na vida das pessoas?

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20- E relativamente a si está feliz por fazer parte da INOVINTER?

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21- Colocando-se na pele de utente, e conhecendo o impacto na vida das pessoas que

aqui vêm, se necessitasse receberia aqui formação?

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22- Para terminar, já considera a Inovinter como sua segunda casa?

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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Anexo VII

Observação

A metodologia proposta de observação consiste no contacto direto e passivo

com o decorrer das aulas na Inovinter. Proponho-me a estar presente em algumas

destas aulas, se possível numa fase inicial numa aula por semana. O treino de

competências e práticas associadas à observação direta será essencial no que diz

respeito à construção do instrumento de observação, na recolha de dados e no seu

registo e análise. Será feito este processo junto dos elementos de análise do percurso

formativo de “Técnicos administrativos“ que concluirão o seu processo formativo no

fim de 2013. O grupo de formandos/as avaliado estará integrado no programa das

UFCD. A natureza das notas elaboradas com base nos dados recolhidos, terão um

carácter substantivo metodológico e de análise.

Objetivo geral

O objetivo geral que formulei com a finalidade de recolha de informação enunciado

acima prevê a recolha de dados com a intenção de possuir um conhecimento eficaz de

acordo com os seguintes pontos:

- Perceber como funciona efetivamente o processo de aquisição de formação por parte

dos formandos.

- Avaliar as interações diretas entre formadores e formandos. Aqui é ainda fulcral

perceber as interações entre os próprios formandos enquanto colegas.

- Como reagem no geral mediante a receção da formação (neste ponto é muito

importante para mim avaliar as reações diretas e as formas de estar individuais em

tempo real).

- Ter em conta o espaço envolvente como um meio social.

- Procurar entender de forma geral e individual se possível, o grau de satisfação dos

formandos nos momentos exatos de receção da formação.

- Tentar encontrar indícios presentes do que poderá significar para si a formação que

recebem (trabalhar já neste ponto para contribuir para avaliação do impacto final).

Contudo para atingir os pontos estipulados para o objetivo geral terei de

proceder como já referido à recolha de informação direta mediante a formulação de

notas de observação individuais. De seguida estabeleci um pequeno guião que deverá

ditar o que procurarei encontrar através do meu trabalho de observador.

Os aspetos relevantes que apontei para constituição do guião são os seguintes:

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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1- Observar de forma breve o número de pessoas presentes no decorrer de cada aula e

no momento da minha entrada. (finalidade de avaliar a permissividade de adesão dos

utentes às aulas que frequentam).

a) Verificar o número de lugares vazios e ocupados e se os indivíduos preferem

tentar estabelecer contacto com outros utentes, ou se tentam isolar-se ou sentar-se ao

pé de desconhecidos.

b) Avaliar o comportamento do formador e dos formandos que se encontram

nas aulas.

2– O comportamento dos indivíduos:

a) Se interagem ou comunicam;

b) Cedem lugar aos mais idosos (no caso de se verificar grande disparidade de

idades);

c) Ou se o lugar onde se sentam é indiferente;

3– Verificar a faixa etária dos indivíduos presentes, relativamente aos seguintes

aspetos:

a) Lugar onde se sentam;

b) Atividades que praticam;

c) Forma como interagem;

d) Comportamento, à entrada, saída e dentro da sala de aula;

4- Verificar as disparidades e desigualdades entre homens e mulheres, quais se

encontram em maioria e que tipo de atividades e interações que têm e praticam.

5- Observar o local onde se sentam nas salas relativamente ao género.

6 – Verificar a classe social, e o comportamento individual no caso de identificação de

indivíduos provenientes de classes sociais distintas. Desta forma tentar verificar o

objetivo da procura de formação.

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O impacto da formação profissional na vida de adultos com baixa escolaridade

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7- Fazer uma observação rápida e breve do aspeto físico, nomeadamente o que trazem

vestido, ou acessórios consigo, como pastas, malas ou outros objetos.

8- Verificar se no geral se sentem à vontade, ou envergonhados ou intimidados pela

presença de desconhecidos.

9- Verificar que indivíduos são mais apressados, que entram e saem com maior

impaciência com a dissipação do tempo previsto para decorrer das aulas.

10- Observar quais os materiais físicos para trabalho de que se fazem acompanhar de

uma forma geral se possível individual. (cadernos, livros, portáteis etc..).

11 – Avaliar como as pessoas se organizam durante a saída das salas.

12 – Tentar avaliar se a classe social influência a posição nas salas.

13 – Verificar características físicas do local e como os indivíduos se sentem ao nele

estarem integrados. Se houver interações bem percetíveis perceber que assuntos são

mais falados.

a) Quais são os assuntos de conversa;

b) Expectativas face à formação;

14- Formas de estar, de fazer, de dizer, acontecimentos específicos e situações

singulares.