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TÂNIA ROSA FERREIRA CASCAES O INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO – LACTEC - NA GÊNESE DO PROCESSO TECNOLÓGICO PARANAENSE: UMA CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA HISTÓRIA DA TÉCNICA E DA TECNOLOGIA Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Tecnologia, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Tecnologia Orientadora: Profª. Dr a . Maria Vilma Rodrigues Nadal CURITIBA 2005

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TÂNIA ROSA FERREIRA CASCAES

O INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO – LACTEC - NA GÊNESE DO PROCESSO TECNOLÓGICO PARANAENSE: UMA CONTRIBUIÇÃO AO

ESTUDO DA HISTÓRIA DA TÉCNICA E DA TECNOLOGIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Tecnologia Orientadora: Profª. Dra. Maria Vilma Rodrigues Nadal

CURITIBA 2005

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA

O INSTITUTO DE TECNOLOGIA PARA O DESENVOLVIMENTO – LACTEC - NA GÊNESE DO PROCESSO TECNOLÓGICO PARANAENSE: UMA CONTRIBUIÇÃO AO

ESTUDO DA HISTÓRIA DA TÉCNICA E DA TECNOLOGIA

TÂNIA ROSA FERREIRA CASCAES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, do Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná como requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Tecnologia Orientadora: Profª. Dra. Maria Vilma Rodrigues Nadal

CURITIBA 2005

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UTFPR – Campus Curitiba

C334i Cascaes, Tânia Rosa Ferreira O Instituto de tecnologia para o desenvolvimento – LACTEC – na gênese do pro- cesso tecnológico paranaense : uma contribuição ao estudo da história da técnica e da tecnologia. Tânia Rosa Ferreira Cascaes. Curitiba. UTFPR, 2005 Xxi, 171 f. : il. ; 30 cm Orientador: Profª. Drª. Maria Vilma Rodrigues Nadal Dissertação (Mestrado) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná.. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia. Curitiba, 2005 Bibliografia: f. 167-170

1. Energia elétrica - história Brasil. 2. Energia elétrica – Paraná. 3. Copel. 4. tecno- logia – desenvolvimento. 5. Desenvolvimento regional. 6. Crescimento industrial.. I. Nadal, Maria Vilma Rodrigues, orient. II. Universidade Tecnológica Federal do Para- ná. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia. III. Título. CDD: 621.310981

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DEDICATÓRIA

Ao meu marido, João Carlos, por seu

belo exemplo de vida e carinhoso

incentivo, que me conduziram de volta à

Academia.

À minha mãe, Jovita, in memorian,

modelo maior e incondicional das minhas

virtudes.

Aos meus filhos, Tatiana, Eliana e

Caio Lúcio, o registro de meu amor

eterno, princípio e fim de todas as minhas

realizações.

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, professora e mestra, Doutora Maria Vilma Rodrigues

Nadal, meu eterno reconhecimento por ter acreditado em mim. Seus ensinamentos

científicos e humanos contribuíram para que eu enfrentasse os desafios próprios

desta jornada, acrescentando valores inestimáveis ao meu caráter.

Ao grupo de estudos TRILOGIA (Arte, Técnica e Tecnologia) por haver me

iniciado no campo da ciência sob uma visão humanista da tecnologia, esperança de

um mundo melhor para a humanidade.

Ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia-PPGTE da Universidade

Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR - representado pelo seu corpo docente,

discente e funcional, minha gratidão se estende de forma enfática pelas amizades

que nasceram dessa convivência, com rica troca de experiências na construção do

conhecimento.

Ao Edílson da Costa, amigo querido, especial responsável pelo meu retorno à

Academia.

A Marina Ribas Lupion, grande companheira e conselheira nos bons e nos

difíceis momentos desta longa trajetória.

A Rita de Cássia Teixeira Gusso, meu reconhecimento por suas críticas

sempre construtivas, em favor do meu crescimento intelectual.

À professora Dra. Sônia Ana Leszczynski, coordenadora do PPGTE quando

de meu ingresso no mestrado, pelo apoio e exemplo de mulher batalhadora.

Ao Robert, que iluminou meu caminho espiritual, o que tornou possível a

conclusão desta importante missão.

Aos profissionais do Lactec, componentes do quadro ativo ou não, principais

atores sociais de sua história, pela valorosa colaboração com seus depoimentos

para que esta pesquisa se concretizasse.O acesso às informações através das

entrevistas foram essencialmente valiosas nesta construção.

Aos muitos Mestres da minha vida que sempre me indicaram os caminhos...

Muito obrigada!

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REFLEXÕES SOBRE A DEPENDÊNCIA TECNOLÓGICA

(...)“Não havendo um rigoroso exercício de busca de uma tecnologia nacional, ocorre inevitavelmente a atrofia do trabalho criador dos cientistas e engenheiros, e a estagnação dos institutos de pesquisa e das universidades. “Em outras palavras, os meios de produção postos em marcha no país acabam pouco ou nada tendo a ver com a inteligência e a criatividade nacionais... “Como a pesquisa e o desenvolvimento são realizados nos países centrais, não são criados nos países periféricos empregos que requeiram criatividade. (...)

Wladimir Pirró e Longo, citado por GAMA (1985, p. 11), in História da técnica e da tecnologia

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SUMÁRIO LISTA DE QUADROS.......................................................................................... x

LISTA DE FIGURAS............................................................................................ xi

LISTA DE GRÁFICOS........................................................................................ xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.............................................................. xv

RESUMO.............................................................................................................. xvi

ABSTRACT.......................................................................................................... xvii

APRESENTAÇÃO DO ESTUDO......................................................................... xviii

1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS...................................................................... 1

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO................................................................................... 6

1.2 OBJETIVOS.................................................................................................. 7

1.2.1 Geral........................................................................................................... 7

1.2.2 Específicos................................................................................................. 7

1.3 METODOLOGIA............................................................................................ 7

2 EXPERIÊNCIAS NA ELETRICIDADE, SUAS APLICAÇÕES TÉCNICAS E A REGIÃO DE FRONTEIRA ENTRE A TÉCNICA E A TECNOLOGIA: UM BREVE EXAME

9

2.1 MAGNETISMO E ELETRICIDADE NOS SÉCULOS XVIII E XIX................. 11

2.2 O MAGNETISMO NO SÉCULO XVIII........................................................... 13

2.3 ELETROSTÁTICA......................................................................................... 14

2.4 GALVANISMO............................................................................................... 20

2.5 ELETROMAGNETISMO E ELETRODINÂMICA........................................... 25

2.6 INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA................................................................. 28

2.7 ESTAÇÕES PRODUTORAS DE ENERGIA ELÉTRICA............................... 31

2.8 TÉCNICA E TECNOLOGIA........................................................................... 33

2.9 ENERGIA ELÉTRICA: FORÇA NO IMPULSO ECONÔMICO NACIONAL. 38

3 O ESTADO DO PARANÁ, A ENERGIA ELÉTRICA E SUA RELAÇÃO NA DETERMINAÇÃO DOS POLOS INDUSTRIAIS.............................................

42

3.1 DESCRIÇÃO FÍSICA DO ESTADO DO PARANÁ E ASPECTOS

HISTÓRICOS DE RELEVÂNCIA CONFORME O TEMA PROPOSTO -

INÍCIO DO DESENVOLVIMENTO COM A MONOCULTURA.....................

42

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3.2 O PARANÁ E A DISTRIBUIÇÃO DEMOGRÁFICA....................................... 46

3.3 A HISTÓRIA DA ENERGIA ELÉTRICA NO PARANÁ.................................. 48

3.3.1 Cronologia da COPEL................................................................................ 55

3.3.1.1 Década de 1950...................................................................................... 55

3.3.1.2 Década de 1960...................................................................................... 55

3.3.1.3 Década de 1970...................................................................................... 56

3.3.1.4 Década de 1980...................................................................................... 56

3.3.1.5 Década de 1990...................................................................................... 57

3.3.1.6 Os Primeiros Anos do Século XXI........................................................... 58

3.3.2 Evolução do Atendimento em Energia Elétrica no Paraná........................ 59

4 CENTROS DE P&D EM ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL E O CEPEL COMO INÍCIO DE UM MODELO....................................................................

61

4.1 CENTROS DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM ENERGIA

ELÉTRICA NO BRASIL................................................................................

63

4.2 CEPEL - O INÍCIO DE UM MODELO........................................................... 67

5 O LACTEC E SUA CONTRIBUIÇÃO EFETIVA NA GÊNESE DO PROCESSO TECNOLÓGICO PARANAENSE...............................................

69

5.1 DIMENSÃO................................................................................................... 69

5.1.1 Cronologia do LACTEC e suas Origens..................................................... 69

5.2 FATORES DETERMINANTES E FINALIDADES NA SUA ORIGEM, SEUS

RESULTADOS COMO AGENTE COORDENADOR DO

DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO PARA O SETOR

74

5.3 IMPORTÂNCIA DO LACTEC PARA O DESENVOLVIMENTO .............

TECNOLÓGICO DO PARANÁ. ....................................................................

77

5.4 O LACTEC EM DETALHES.......................................................................... 80

5.4.1 Número de Empregados / Número de Estagiários.................................... 80

5.4.2 Custo Operacional e Investimentos........................................................... 80

5.4.3 Artigos Publicados...................................................................................... 80

5.4.4 Convênios.................................................................................................. 80

5.4.5 Principais Clientes...................................................................................... 81

5.4.6 Considerações Gerais................................................................................ 82

5.4.7 Produtos Registrados................................................................................. 87

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5.4.8 Exemplo - Alguns Produtos Desenvolvidos............................................... 90

5.4.9 O LACTEC e o Setor Elétrico..................................................................... 93

5.4.10 Os Prêmios Obtidos pelo LACTEC Demonstram o Sucesso de suas

Iniciativas................................................................................................

95

5.4.11 Estrutura e Atuação.................................................................................. 96

5.4.12 Detalhes das Áreas Técnicas do LACTEC.............................................. 100

5.4.12.1 Diretoria de Operação Técnica............................................................. 100

5.4.12.1.1 Departamento de Materiais - DPMA.................................................. 100

5.4.12.1.2 Departamento de Química Aplicada - DPQA..................................... 104

5.4.12.1.3 Departamento de Mecânica e Emissões - DPME.............................. 106

5.4.12.1.4 Departamento de Estruturas Civis - DPEC........................................ 107

5.4.12.1.5 Departamento de Eletricidade - DPEL............................................... 108

5.4.12.1.6 Departamento de Eletrônica - DPEN................................................. 111

5.4.12.1.7 Departamento de Meio Ambiente - DPMB......................................... 111

5.4.12.1.8 Departamento de Recursos Hídricos - DPHR.................................... 111

5.4.12.2 Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico - DDT................................ 113

5.4.12.2.1 Departamento de Desenvolvimento Tecnológico - DPDT................. 113

5.4.12.3 Coordenadoria Executiva de Negócios - CEN...................................... 114

5.4.12.3.1 Departamento de Tecnologia da Informação - DPTI......................... 114

5.5 PARCERIA DO LACTEC, UFPR E OUTRAS INSTITUIÇÕES

PARANAENSES: A DEMANDA E A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS

DE NÍVEL SUPERIOR.................................................................................

114

5.6 CONQUISTAS E BENEFÍCIOS NO PARANÁ VIABILIZADOS POR ESSE

PROCESSO TECNOLÓGICO - A PAVIMENTAÇÃO DO FUTURO............

119

5.7.1 Instituições com Relação Formal à Pesquisa no Paraná........................... 122

6 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS EM DADOS E GRÁFICOS 126

6.1 A CONTEMPORANEIDADE DO LACTEC FACE AOS DESAFIOS DO

TERCEIRO MILÊNIO...................................................................................

126

6.1.1 Sobre os Atores Sociais e Atuação............................................................ 126

6.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS..................................................................... 127

6.3 CONCLUSÃO DA ANÁLISE DAS ENTREVISTAS....................................... 152

6.4 CONTRIBUIÇÕES EFETIVAS DO LACTEC E PROPOSTAS DE P&D....... 154

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................

7.1 SUGESTÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES...

163

166

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 167

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS 170

ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO DISSERTAÇÃO TRFC................................... 171

ix

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LISTA DE QUADROS QUADRO 1 - MOVIMENTO MIGRATÓRIO NO BRASIL..................................... 47

QUADRO 2 - CRONOLOGIA DA CULTURA TÉCNICA NO PARANÁ E DE

ALGUMAS USINAS.......................................................................

72

QUADRO 3 - CUSTO OPERACIONAL E INVESTIMENTOS.............................. 80

QUADRO 4 - PATENTE REGISTRADA.............................................................. 87

QUADRO 5 - PATENTES: PEDIDO DE INVENÇÃO........................................... 87

QUADRO 6 - PATENTES: MODELO DE UTILIDADE......................................... 88

QUADRO 7 - PATENTE: REGISTRO DE PROGRAMAS.................................... 89

QUADRO 8 - PATENTE: DESENHO INDUSTRIAL............................................. 89

QUADRO 9 - INSTITUIÇÕES COM RELAÇÃO FORMAL À PESQUISA NO

PARANÁ......................................................................................

QUADRO 10 – PERFIL DOS ENTREVISTADOS................................................

122

152

x

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - PEDAÇO DE ÂMBAR....................................................................... 11

FIGURA 2 - BALANÇA DE TORÇÃO.................................................................. 13

FIGURA 3 - LÂMPADA DE ARCO JABLOCHKOFF, 1876.................................. 23

FIGURA 4 - VARIAÇÃO PERCENTUAL DA POPULAÇÃO RURAL E URBANA

NO BRASIL E NO PARANÁ............................................................

48

FIGURA 5 - USINA DE SERRA DA PRATA - PRIMEIRA HIDRELÉTRICA DO

ESTADO DO PARANÁ....................................................................

50

FIGURA 6 - USINA PITANGUI............................................................................. 50

FIGURA 7 - USINA DE CHAMINÉ....................................................................... 51

FIGURA 8 - POTÊNCIA INSTALADA - KW - COPEL.......................................... 54

FIGURA 9 - NÚMERO DE LIGAÇÕES................................................................ 59

FIGURA 10 - NÚMERO DE LIGAÇÕES INDUSTRIAIS, COMERCIAIS E

RURAIS..........................................................................................

60

FIGURA 11 - FOTOGRAFIA DA INAUGURAÇÃO DO LAC................................ 78

FIGURA 12 - LACTEC......................................................................................... 84

FIGURA 13 - DIAGRAMA DA ORIGEM E ABRANGÊNCIA DO LACTEC........... 86

FIGURA 14 - ARGOS - SISTEMA DE MONITORAMENTO DE

INTERRUPÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

90

FIGURA 15 - ROBOTURB - SISTEMA AUTOMATIZADO PARA

RECUPERAÇÃO DE ROTORES DE TURBINAS HIDRÁULICAS

DE GRANDE PORTE....................................................................

91

FIGURA 16 - ESTRUTURA DE ATUAÇÃO......................................................... 96

FIGURA 17 - ÁREAS DE ATUAÇÃO DO LACTEC............................................. 97 FIGURA 18 - COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO LACTEC 98

FIGURA 19 - ESTRUTURA DO LACTEC............................................................ 99

FIGURA 20 - CÉLULA A COMBUSTÍVEL 101

FIGURA 21 - DIAGRAMA DE TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTOS DO

LACTEC.........................................................................................

103

FIGURA 22 - DEPARTAMENTO DE QUÍMICA APLICADA - DPQA................. 104

xi

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FIGURA 23 - DEPARTAMENTO DE MECÂNICA E EMISSÕES – DPME.......... 106

FIGURA 24 - AVALIAÇÃO DE MOTORES.......................................................... 107

FIGURA 25 – LABORATÓRIO DE ALTA TENSÃO............................................. 108

FIGURA 26 - GERADOR DE IMPULSOS............................................................ 109

FIGURA 27 - DESENVOLVIMENTO ELETRÔNICO........................................... 111

FIGURA 28 - MODELO REDUZIDO DO VERTEDOURO DA USINA DE

CAXIAS DA COPEL.......................................................................

112

FIGURA 29 - MODELO REDUZIDO DO DESVIO - USINA DE PAI-QUERÊ

(RS)................................................................................................

112

FIGURA 30 - O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO........................................ 125

xii

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LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 - REGISTRO DE DIPLOMAS - CREA/PR. 66

GRÁFICO 2 - PARTICIPAÇÃO DOS ENTREVISTADOS NA CRIAÇÃO E

EXISTÊNCIA DO LACTEC...........................

127

GRÁFICO 3 - FATORES DE CRIAÇÃO DOS CENTROS DE P&D.... 129

GRÁFICO 4 - MOTIVAÇÃO PARA A CRIAÇÃO DO LACTEC 130

GRÁFICO 5 - PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DOS CENTROS DE P&D

PARA O SETOR DE ENERGIA ELÉTRICA..............

132

GRÁFICO 6 - O QUE ACONTECEU DE MAIS RELEVANTE............................. 133

GRÁFICO 7 - PRINCIPAIS DIFICULDADES DE UM CENTRO DE P&D. 134

GRÁFICO 8 - CONTRIBUIÇÃO DO LACTEC PARA O SETOR DE PESQUISA

E DESENVOLVIMENTO...

136

GRÁFICO 9 - PRINCIPAIS CRITÉRIOS DE DISTRIBUIÇÃO DE

RECURSOS........

137

GRÁFICO 10 - MOTIVOS DE CRIAÇÃO DOS PROJETOS. 138

GRÁFICO 11 - PRINCIPAIS CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE EMPRESAS....... 140

GRAFICO 12 - CAMPOS PROMISSORES PARA O LACTEC........ 141

GRÁFICO 13 - IMPORTÂNCIA DE NOVAS PESQUISAS E PRODUTOS...... 142

GRÁFICO 14 – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 143

GRÁFICO 15 - COMPARATIVO DA CONCEPÇÃO ORIGINAL E A PRÁTICA

ATUAL DO LACTEC

145

GRÁFICO 16 - EFEITOS DA COMERCIALIZAÇÃO......... 147

GRÁFICO 17 - FUTURO DO LACTEC.............................. 147

GRÁFICO 18 - FUNÇÕES DE UM CENTRO DE P&D TIPO LACTEC...... 148

GRÁFICO 19 - FUNÇÃO SOCIAL..................................... 149

GRÁFICO 20 - PAPEL DO LACTEC................................. 150

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS % - Porcentagem

CEFET - Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná

CEPEL - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

COPEL - Companhia Paranaense de Energia

CEHPAR - Centro de Hidráulica e Hidrologia Professor Parigot de Souza

CEMIG - Centrais Elétricas de Minas Gerais

FHC - Fernando Henrique Cardoso

FURNAS - Centrais Elétricas Brasileiras

ICMS - Imposto de Circulação de Mercadorias

INEPAR - Inepar S/A Indústria e Construções

l - Comprimento

Km - Quilômetro

kVA - Quilovoltampere

kW - Quilowatt

LAC - Laboratório Central de Pesquisa e Desenvolvimento

LACTEC - Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento

LAME - Laboratório de Materiais e Estruturas

LEME - Laboratório de Emissões Veiculares

M2 - Metro quadrado

M3 - Metro cúbico

MW - Megawatt

UFPR - Universidade Federal do Paraná

P&D - Pesquisa e Desenvolvimento

UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná

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RESUMO

Este estudo oferece um conjunto de informações do ponto de vista histórico sobre a eletricidade e o estabelecimento da ciência e de suas aplicações práticas neste campo do conhecimento. Retrata a situação do setor de energia elétrica em âmbito nacional no período que antecede o ápice do desenvolvimento industrial. Procura demonstrar a relevância das iniciativas governamentais ao criar infra-estrutura de natureza científica, gerencial e de investimentos capaz de enfrentar o problema da dependência técnica e científica no setor de energia, em especial o Estado do Paraná do século XX. Relatam-se fatos da História da Energia Elétrica que, entrelaçados com a História Política e Econômica, com ela se confundem. Desse modo se recorre à história da Companhia Paranaense de Energia – COPEL nos desdobramentos que tornaram possível a criação de diversos laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento – P&D. Entre eles, ratifica-se a importância do atual Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento – LACTEC, objeto desta investigação, sobre o qual se descrevem os objetivos de sua criação, sua estrutura física, a dimensão técnico-científica, no âmbito interno, do próprio Instituto com a realização de pesquisas, a formação de novos quadros, e a contribuição que oferece no plano externo e indireto, como fator que incide no crescimento industrial. Este estudo também propõe o aprofundamento da discussão entre aplicações científicas, Técnica e Tecnologia como distintas e que guardam entre si fronteiras bem definidas, para tal recorre aos estudos de História da Técnica e da Tecnologia como suporte teórico. A dissertação foi elaborada numa seqüência lógica de modo que sejam percebidas as modificações conjunturais e estruturais ocorridas no cenário nacional e as alterações nos critérios de planejamento do setor elétrico.

Palavras-chave: Energia elétrica – Desenvolvimento –Técnica – Tecnologia – Conhecimento – Pesquisa

Áreas de conhecimento: História da Ciência; Desenvolvimento Regional; História

da Técnica e da Tecnologia

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ABSTRACT

This study offers a set of information considering the viewpoint of the history of electricity and the development of the science and its practical applications on this field of knowledge. It also depicts the status of the electrical energy sector on a national scope, during the period preceding the advance of the industrial development in Brazil. The present article demonstrates the importance of the government actions when it establishes the scientific and management infra-structure plus investments required to cope with the problem of technical and scientific dependence on the energy sector, particularly in the State of Paraná in the 20th century. Some of the presented facts belong to the electrical energy as well as to the political and economical history. This way, it was recalled the history of the Electrical Energy Company of Paraná – COPEL, the growth of which made it possible the creation of several research and development - R&D laboratories. Among those laboratories, this work asserts the importance of the present Institute of Technology for Development – LACTEC, which is one of the subjects of this investigation. In this report the objectives of this laboratory. are described, including its physical structure, the technical and scientific dimension, under an internal scope, which considers the Institute itself, the researches and the human resources development, as well as under an external and indirect scope, as a factor which influences the industrial growth. This study also proposes a deepening of the discussion among the different scientific, technical and technological applications, which have well defined boundaries. In order to do so, this paper refers to the studies available on technical and technological history as a theoretical support. This dissertation was prepared in a logical sequence, in order that the conjunctural and structural changes that have occurred on the national scenery and on the electrical sector planning criteria may be perceived.

Key Words: Electric Energy – Development – Technical – Technology – Knowledge – Research

Knowledge Areas: History of Science - Regional Development - History of Technical and Technology

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APRESENTAÇÃO DO ESTUDO

É consenso dizer que as preocupações relacionadas à sobrevivência há

muito tempo acompanham o ser humano. Isso ocorre, invariavelmente, pela

necessidade, pela curiosidade, pela observação e pela experimentação. Contudo, no

que diz respeito às pretensões ou métodos utilizados para se atingir tal objetivo,

surgem as objeções e divergências.

Movidos pelo desejo de submeter a natureza aos seus desígnios, os

humanos despertam para o fascínio da dominação e para a cobiça de ampliar seus

domínios sem se dar conta de que, ao concretizarem suas ações, muitas vezes

também provocam deformidades tanto na ordem natural como no tecido social. Para

isso, basta apenas um ligeiro exame da trajetória das civilizações desde os

primórdios.

Entretanto, o estado de espírito dos caminhantes deste século, ao mesmo

tempo em que são conhecedores dos excessos cometidos pelos antepassados,

também fazem realçar os seus méritos. A questão da sobrevivência tem

proporcionado um contexto de profundas mudanças em que se propõem soluções

alternativas, através de diferentes formas, entre as quais, atualmente, podem-se

destacar os estudos e pesquisas de situações e problemas que se apresentam

neste novo milênio.

Vale dizer que a tendência atual para a busca de solução aos problemas, que

ganha cada vez mais expressão, é a modalidade interdisciplinar adotada pelos

Centros de Pesquisa, de grande eficiência nos resultados, apesar de se apresentar

como uma tarefa complexa e de difícil realização.

Assim, é plenamente justificável e produtiva a participação de pesquisadores

com formações em áreas distintas a se interessarem por temáticas específicas de

outras áreas do conhecimento, como é o caso deste estudo em que a energia

elétrica é examinada pelo viés das Ciências Humanas.

Identificar a interface que permitiria introduzir reflexões na perspectiva da

História da Técnica e da Tecnologia revelou-se uma desafiadora tarefa que só foi

possível pelo apoio incondicional recebido dos membros do Grupo de Estudos

Trilogia: Arte, Técnica e Tecnologia.

As naturais dificuldades encontradas pelo avançar deste estudo foram

transformando-se em possibilidades que permitiram ampliar a percepção da

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complexa e abrangente temática e dela extrair elementos de análise que se inserem

na compreensão da Tecnologia como ciência do trabalho. Isso porque o LACTEC -

objeto deste estudo - configura-se como um ambiente de produção de conhecimento

técnico-científico, ao mesmo tempo em que rompe os segredos deste saber-fazer

técnico-científico.

Além de realçar tal característica, a presente pesquisa mostra com detalhes o

que representa este Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para o Estado do

Paraná, ao distinguir pontos de convergência entre os fatores que determinaram a

sua criação, enquanto setor estratégico, e as atividades nele desenvolvidas. Estas

observações, por si só, justificam a validade e importância de destinar

aprofundamentos de estudos; todavia, por serem reveladores, outros aspectos foram

acrescentados.

Assim, o estudo apresenta as circunstâncias iniciais de dependência

preponderante do conhecimento estrangeiro no setor de energia elétrica nacional

que se reconhecia suscetível às prerrogativas de empresas estrangeiras para a

capacitação técnica. A demanda gerada pelo mercado, ao mesmo tempo em que se

amplia, exige o aumento das especialidades. A relevância das decisões a partir da

constatação dessa incômoda sujeição mereceu destaque neste trabalho, pois, ao se

identificar uma lacuna no conhecimento endógeno na área no Estado do Paraná, até

meados do século XX, ações efetivas foram realizadas para suprir essa deficiência,

como é o caso da criação dos centros de P&D (Centros de Pesquisa e

Desenvolvimento).

Assim, esta pesquisa, além de mostrar com detalhes a estrutura física,

organizacional e pedagógica do aspecto interno da dinâmica do Centro, assinala o

caráter inovador quanto ao gerenciamento, na medida em que a prática de parceria

com instituições congêneres foi adotada desde o início. Destaca, ainda, o papel de

relevância científica, técnica e acadêmica do Centro, cujos reflexos produzidos no

setor da economia paranaense, em um primeiro momento, já se fazem sentir,

porque sistematicamente vem se expandindo nacionalmente.

Supondo a possibilidade de demonstrar, através deste trabalho, a importância

da energia, na modalidade elétrica, focada no âmbito do Estado do Paraná, nele

optou-se por incluir aspectos da História da eletricidade como forma de encaminhar

a questão, com o intuito de familiarizar os leitores na temática e encaminhá-los nos

desdobramentos dos estudos que podem advir dessa perspectiva.

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Depois de apontar o percurso da investigação nas fases correspondentes à

proposta e à execução, cumpre-se neste momento a apresentação da organização

do trabalho, cuja estruturação apresenta-se a seguir.

No primeiro capítulo, os aspectos introdutórios, dá-se a conhecer as

inquietações que deram origem ao problema de pesquisa, a justificativa, os objetivos

pretendidos e a metodologia utilizada.

O segundo capítulo retrata o panorama inicial da casual descoberta do

magnetismo às sistemáticas e intencionais experiências que tornaram possível o uso

da eletricidade, tal como hoje se conhece, bem como as primeiras aplicações

científicas realizadas, a partir das bases nas quais se afirma a ciência, sobretudo da

Física. Estabelece comparativo entre o produto do conhecimento científico com a

Técnica e Tecnologia, campo onde habitualmente as confusões conceituais se

estabelecem.

O terceiro capítulo apresenta aspectos relativos ao Paraná, em especial a

criação da COPEL (Companhia Paranaense de Energia). Seus efeitos ou

paralelismo com o desenvolvimento paranaense, pela importância da aplicação da

energia elétrica como principal vetor de uma passagem de estado agrícola

monocultor para uma prospectiva de industrialização tardia, fruto de razões

socioculturais que aqui não serão abordadas.

No quarto capítulo faz-se a apresentação dos centros de P&D desde sua

concepção no Brasil, com ênfase no CEPEL - um dos pioneiros em ensaios,

pesquisas e desenvolvimento em energia elétrica, como demonstra seu histórico e

desdobramentos em outros centros do Brasil que lhe conferiram destaque como

início de um modelo. Encontram-se os paradigmas do LACTEC - estudo de caso

proposto - nas referências deste importante centro de pesquisa.

O quinto capítulo apresenta o LACTEC contextualizado na sua dimensão e

importância a partir de sua localização e seu entorno, suas contribuições e objetivos,

pela relevância no prosseguimento de estudos e avanço da pesquisa.

O sexto e último capítulo refere-se à análise dos dados e constitui-se da

avaliação das entrevistas feitas com os atores diretamente relacionados ao histórico

do LACTEC, desde sua concepção até sua formalização como Centro de P&D.

Depois da fusão das instituições, quando se determinou a forma como

atualmente funciona, o LACTEC atende aos apelos de um mercado transformado

pelo desenvolvimento de um Estado com crescente demanda por profissionais

xix

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capazes de suprir as necessidades de mão-de-obra direcionada para esta área. Os

resultados desta análise formalizam-se com a descrição detalhada do histórico da

Empresa.

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1 ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

Dentre as fontes de energia existentes no Brasil, a modalidade que mais tem

sido aproveitada até o momento é a hidroelétrica. Distribuídos de Norte a Sul do

país, os cursos d’água revelam o imenso potencial hidroelétrico nacional. Devido à

importância deste setor para impulsionar a economia, é também respeitável o

número de interessados na obtenção de conhecimento sobre o assunto, sobre o

qual são inúmeros os estudos realizados, nas mais diferentes abordagens.

Cuidadosamente produzidas, essas contribuições ocupam-se ora em registrar

aspectos do ponto de vista histórico e de localização geográfica, ora das

especificidades e detalhamentos técnicos e outras, ainda, apontam para a

importância e consumo por parte de usuários reais ou potenciais. Entretanto,

discretas são aquelas que abordam o tema na perspectiva da História da Técnica e

da Tecnologia.

O advento da energia elétrica e a conseqüente intensificação de uso

produziram alterações substanciais na vida das pessoas, sobretudo aquelas que a

ela têm acesso. A evolução e a ampliação dos processos de distribuição da energia

elétrica permitiu, individual e coletivamente, a sua utilização no cotidiano de

inúmeras pessoas e em diferentes circunstâncias.

Como traços marcantes, notadamente porque interferem na formação de

novos hábitos e costumes, a eletricidade comumente se faz presente no interior dos

lares, na prática cotidiana da vida moderna, quase onipresente em grande parte das

atividades humanas, ou seja, das residências às indústrias, do acender de uma

lâmpada ao brilho intermitente de um indicador do microcomputador que aciona um

foguete interestelar.

O simples convívio coletivo, proporcionado pelo surgimento da energia

elétrica, foi por si o agente modificador dos hábitos sociais e criadores de novos

costumes1.

1 Nas relações sociais, este fator serviu como diferenciador e modificador de concepções que vão

desde a transformação da família extensa para a família nuclear, como a mobilização dos feudos para a sociedade industrial, um cenário de transformação em um período essencialmente gerador e modificador do espaço urbano: o cenário da sociedade industrial. Com novas características, a família reveste-se de novo formato - o nuclear em que fatores determinantes concorrem para substanciais alterações nos aglomerados urbanos nascentes à definição de um local para a realização de atividades específicas: do comércio, da fábrica, inclusive, à nova concepção de trabalho.

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Esta mudança de padrão originou-se com o surgimento da maquinofatura a

partir de inventos que explodiam no imaginário coletivo do século XIX, quando a

Humanidade descobriu que podia transformar seus conhecimentos em máquinas a

seu serviço, até atingir as diferentes formas de complexidade atualmente

conhecidas, nas quais a energia elétrica desempenha papel preponderante. De

modo que o ser humano, de ator exclusivo do processo de trabalho, passou a

produzir em larga escala com o auxílio de equipamentos movidos pela força da

eletricidade que, de forma inequívoca, representa fator decisivo para que elevados

níveis de sofisticação sejam alcançados.

Desse modo, torna-se pertinente acentuar que a força motriz, na modalidade

energia elétrica, pela importância que adquire, acaba por tornar-se ela própria uma

indústria - a indústria da eletricidade. E, pela dinâmica que apresenta, nos aspectos

de geração, transmissão e distribuição, requer permanente atualização de

conhecimento cujas especificidades são crescentes pelas demandas sociais

existentes; apontam, ainda, para a necessidade de investimentos em estudos a fim

de que se atenda em complexidade e abrangência o mencionado setor.

É, portanto, correto admitir a inegável importância e absoluta necessidade da

energia elétrica na atualidade, sobretudo pelas dimensões e direções distintas e

interligadas que ela apresenta: a alta tecnicidade e reciprocidade com o avanço

cientifico.

No caso do Estado do Paraná, o conhecimento sobre a energia elétrica tem

origens a partir de decisões técnicas e políticas do aproveitamento de abundantes

recursos hídricos naturalmente disponibilizados, através do entendimento e visão

futurista acerca das possibilidades de potencializar o uso desses recursos naturais,

vislumbrando o fornecimento de matéria prima com vistas a dinamizar a indústria

local ao mesmo tempo em que passa a demarcar um mercado com a oferta do

produto.

Chegou-se, então, a um consenso de que não se pode depender de

conhecimentos exógenos, mas sim desenvolver ações para suprir a carência de um

mercado com necessidades próprias. Assim sendo, somente mediante o

conhecimento dos processos técnicos é que se obtém o avanço requerido, isto é,

aquele que se apresenta intimamente relacionado à tecnologia.

Vale aqui destacar que, ao entender tecnologia como ciência, implica associá-

la ao conhecimento técnico, produzido e veiculado no setor elétrico. E o setor de

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energia elétrica paranaense, ao que consta, parece bastante determinado no

cumprimento desta meta.

A pretensão, que vislumbra a mudança de paradigma, notadamente se

assenta na convicção de que, ao se gerar conhecimento de expressão, em

abrangência regional, adquirem-se as bases à conquista da independência nacional

e, assim, pode-se subverter a ordem, até então estabelecida, de submissão aos

países hegemônicos, instrumento principal de estratégias políticas e econômicas

pretendidas pelos governantes nos primórdios do século XX, época da instalação

das primeiras hidroelétricas no Brasil e notadamente no Estado do Paraná e com

elas uma nova reorganização da sociedade e da divisão do trabalho.Tais pretensões

estabelecem como primeiro plano o compromisso de gerar, através da pesquisa, o

próprio conhecimento, o que significa conquistar maior independência nos aspectos

técnicos e, por extensão, nos econômicos.

A Europa - pioneira na utilização de avanços técnicos em conhecido

fenômeno denominado de “Revolução Industrial” - e a América do Norte,

posteriormente, deixaram os países latino-americanos e do continente africano à

margem desse processo evolutivo, pois tanto o maquinário, as técnicas e as

relações de trabalho eram mantidos em segredo. No Brasil, a obra “Engenho e

Tecnologia”, de GAMA (1983) retrata bem o caso do melado brasileiro do período

colonial que, ao ser enviado para fora do país para ser transformado em açúcar,

exclui os produtores das possibilidades de aprendizagem dos processos técnicos

que agregam valor ao produto, fator que contribui para apequenar a economia

nacional acarretando, com isto, o “atraso”.

Salienta-se que o conceito de atraso é aqui referente às sociedades

ocidentais acima citadas, cujo modelo de consumo move as relações de mercado de

ideologia capitalista sob uma dependência técnica e econômica, excluindo-se

aspectos culturais que, apesar de importantes porque inerentes, optou-se por não

serem detalhados neste estudo.

A energia elétrica, considerada como modificadora do meio ambiente,

necessária à sobrevivência da sociedade moderna e fundamental na dinamização

do processo produtivo, exige capital intensivo e solicita, entre outras coisas,

profissionais com qualificação técnica específica, a fim de que possa cumprir com

eficácia suas fases de geração, transmissão e distribuição. Este fato remete para a

necessidade da criação de um Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento.

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Assim, o Estado do Paraná antecipou-se à decisão do que atualmente se

observa por parte de organismos governamentais: o discurso proferido, quase em

uníssono, sobre a necessidade da criação e manutenção de Centros de P&D

criando o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento – LACTEC. Isto se deve,

em grande parte, aos resultados obtidos, sistematicamente demonstrados pela

equipe de pesquisadores em inúmeras oportunidades, de que o desenvolvimento

social, técnico e econômico do país depende de decisões que passam

necessariamente por decisões de natureza estratégica, conseqüentemente,

políticas.

Na raiz das preocupações nacionais desde a metade do século XX, está a

questão de como encontrar alternativas para potencializar o aproveitamento da

energia elétrica - benefício ofertado pela natureza e sedimentado pela intervenção

humana. A necessidade gerada pelo próprio desenvolvimento econômico nacional

em curso tem sua solução dificultada por razões óbvias, que vão desde o

conhecimento nacional disponível neste setor, rudimentar na época, e a absoluta

hegemonia de então, das empresas estrangeiras. Diante do impasse e na tentativa

de equacionar o problema, surge a embrionária idéia de iniciativa paranaense: “... o Paraná criou em 1954 a Companhia Paranaense de Energia (COPEL), constituída, através da Lei 14.947, de novembro de 1954, uma sociedade de economia mista - a Companhia Paranaense de Energia Elétrica - COPEL - dedicada à exploração dos serviços de energia elétrica. Assim se referia o governo a essa nova empresa no ano de 1955... a grande Cia. Mista em organização... abrangerá todo o Estado com um capital de 800 milhões de cruzeiros...” representando um novo marco no caminho da industrialização do Paraná...”(Um Século de Eletricidade no Paraná, página 105, 1994)”.

Credita-se, ainda, ao século XX, década de 50, a decisão técnica e opção

política de criar um centro de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D com finalidade de

proporcionar treinamento de alto nível em Engenharia gerando competência

profissional qualificada no Paraná. Intenções que foram consolidadas a partir da

criação do CEHPAR (1959), inspiração inicial para a formação do LAC (1982) e

posteriormente LACTEC (1997). Assim, o Estado, através da organização dessas

Instituições, propiciaria as condições técnico-científicas e a formação de recursos

humanos, prevendo a abertura do leque de possibilidades que permitiriam a

conquista progressiva, inclusive da inserção do trabalhador expatriado, a um

processo de construção de conhecimento endógeno, a exemplo das práticas

verificadas em países desenvolvidos.

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A demanda por profissionais com perfil específico a esta área de atuação

abria as possibilidades de esforço conjugado entre o Centro Politécnico da

Universidade Federal do Paraná, patrocinado pela COPEL, o Laboratório Central de

Pesquisa e Desenvolvimento (LAC), depois transformado no Instituto de Tecnologia

para o Desenvolvimento (LACTEC), com a função de preparar mão-de-obra

qualificada, mediante a criação de cursos de nível médio e, posteriormente, de nível

superior, assumidos integralmente pelas Universidades e pelo Centro Federal de

Educação Tecnológica do Paraná – CEFET/PR com o apoio da COPEL, por

intermédio deste primeiro centro de Pesquisa.

Pelo exposto, entende-se que a presente investigação justifica-se pela dupla

circunstância com que se pretende examinar o objeto: pelo propósito e pela forma

de abordagem.

O propósito de recuperar aspectos da memória da energia elétrica no Paraná,

enfocando as razões e efeitos da existência do LAC e posteriormente do LACTEC

(1997) - formado em 1997, resultado da união do LAC, do Centro de Hidráulica e

Hidrologia Professor Parigot de Souza (CEHPAR) e do Laboratório de Materiais e

Estruturas (LAME), como suporte para o desenvolvimento de tecnologia.

A forma de abordagem pretendida explica-se porque coloca sob perspectiva o

Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento institucionalmente associado à COPEL,

denominado originalmente de LACTEC, por tratar-se de uma instituição

genuinamente paranaense e que apresenta determinadas especificidades, como o

perfil inovador associado à determinação de seus agentes e principalmente o

modelo técnico-científico intrínseco à dinâmica da Instituição.

Assim sendo, a partir de curiosidades iniciais, das informações obtidas sobre

o setor de energia elétrica no Estado do Paraná, através da literatura e de contatos

informais, ocorreu a aproximação com o tema. Posteriormente, interesses

específicos se apresentaram, o que despertou e impulsionou ações na busca de

informações mais detalhadas.

Localizados aspectos bem definidos quanto à relevância, associada à decisão

política e técnica que culmina com a fundação de centro de excelência no setor,

ainda assim detectaram-se espaços a serem preenchidos.

Aspectos sobre a gênese, área de ação e finalidade do referido centro

parecem merecer exames mais detalhados e, através de apurada sistematização,

recuperar as formulações estabelecidas no ato de criação do LACTEC, as ações

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inerentes à dinâmica interna bem como as de suas práticas. Além disso, pretende-

se poder oferecer uma contribuição para a História da Técnica e da Tecnologia,

porque, ao abordar questões relativas aos avanços técnicos e pesquisas nesse

setor, também representa preencher sob este ponto de vista, ao menos em parte, a

lacuna existente no tema energia elétrica.

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

As naturais inquietações que movem esta investigação diante da relevância

da energia elétrica, enquanto força necessária para impulsionar o desenvolvimento

econômico, quanto ao papel desempenhado pelo Instituto de Pesquisa e

Desenvolvimento do Paraná e Instituições afins no que se refere à formatação da

Instituição LACTEC e parcerias estabelecidas com a finalidade de garantir o

estabelecimento das bases de sustentação de natureza técnico-científica e auto-

suficiência no setor de energia elétrica, com abrangência regional e nacional,

levaram à formulação do seguinte questionamento:

Que fatores determinantes possibilitaram a criação do Lactec e com que

finalidade ele foi criado?

Para auxiliar na busca das respostas a esse questionamento, foram

elaborados os seguintes pressupostos:

- a participação da COPEL, na criação do LACTEC, ocorre antes e

prioritariamente como desdobramento das atividades específicas de

pesquisa;

- com a criação do Laboratório Central de Pesquisa - LAC em parceria com

outras instituições de pesquisa do mesmo gênero, o Estado do Paraná

despontou como um lócus de formação profissional especializada na área

de energia elétrica na região Sul do Brasil;

- a energia elétrica gerou a substituição de determinadas técnicas em

detrimento de outras, acrescida da constituição da tecnologia.

A problematização apresentada sugere os seguintes objetivos:

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Geral

Para a elaboração do objetivo geral, levamos em consideração a pergunta de

pesquisa, cuja elucidação se dará na investigação deste quesito principal, aliado ao

suporte teórico, ou seja:

Conhecer os fatores que determinaram a criação do LACTEC como Centro de

P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) enquanto instituição que propõe a ruptura dos

segredos do saber-fazer em energia elétrica, no estado do Paraná.

1.2.2 Específicos

Quanto aos objetivos específicos, realizaremos os desdobramentos que

determinam a investigação aliada ao prosseguimento da pesquisa que pretendem:

a) Revelar as circunstâncias e os fatos que possibilitaram a criação do

LACTEC.

b) Identificar os fatores e finalidades da criação do LACTEC e ações

aproximativas com a História da Técnica e da Tecnologia.

c) Sistematizar histórico-graficamente o processo de evolução das atividades

desenvolvidas pelo LACTEC no período compreendido entre sua criação

em 1997 e o ano de 2005.

1.3 METODOLOGIA

Este estudo apresenta-se como ESTUDO DE CASO da modalidade

qualitativa e de natureza interpretativa.

• Universo investigado: Foram selecionados 9 (nove) profissionais do setor, considerando a

experiência e vivência de cada um, tanto na área de conhecimento como

o tempo de atuação.

A seleção de sujeitos teve como critério a participação dos responsáveis

pela sua concepção e criação, e também dos técnicos pertencentes ou

não ao atual quadro funcional do LACTEC, com a intenção de obter

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impressões e opiniões, para desta diversidade formar um corpo de

informações e idéias de modo a dar conformação e legitimidade à

pesquisa.

• Instrumentos: Os instrumentos de coleta de dados foram construídos a partir de

questionário com perguntas abertas voltadas ao interesse contido no

problema desta pesquisa, os quais, conjugados, permitiram maior

aproximação com o objeto de estudo.

• Apoio bibliográfico: Constituíram-se do apoio bibliográfico as fontes primárias e secundárias,

como os documentos disponibilizados para consulta e pertencentes ao

acervo da COPEL e do LACTEC.

• Apoio iconográfico: Como recurso auxiliar recorreu-se a algumas imagens, como gravuras,

desenhos e fotos, por considerá-las representativas para esclarecimento

das informações contidas no texto.

• Outros dados: As informações complementares, obtidas através de depoimentos

pessoais informais, de entrevistas individuais e das respostas

disponibilizadas no referido questionário pré-elaborado com perguntas

abertas.

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2 EXPERIÊNCIAS NA ELETRICIDADE, SUAS APLICAÇÕES TÉCNICAS E A

REGIÃO DE FRONTEIRA ENTRE A TÉCNICA E A TECNOLOGIA: UM BREVE

EXAME

Este capítulo tem por finalidade reunir informações teoricamente pertinentes

para o estabelecimento das bases conceituais nas quais se apóiam as reflexões

contidas neste trabalho.

Entretanto, ao identificar a abrangência e complexidade do assunto, foram

detectadas algumas dificuldades para a construção do pretendido quadro teórico.

Assim, optou-se por fazê-lo em duas etapas.

Através de um breve inquérito da história da eletricidade, procuramos

destacar conhecimentos iniciais sobre o magnetismo e a eletrostática, seguidos de

algumas aplicações técnicas: uma reunião de fatos em que são descritos elementos

informativos necessários à obtenção de visão sincrética e focalização do tema. Isto

foi realizado, recorrendo-se às narrativas encontradas em várias obras, entre elas:

História da Ciência e da Técnica de Forbes & Dijksterhuis; História da Ciência,de

Sedgwick, Tyler e Bigelow; História da Tecnologia de Derry & Williams.

Em segundo lugar são apresentados aspectos relativos à Técnica e à

Tecnologia na interpretação de GAMA, R., NADAL,M,V.R. por serem os que, entre

outros autores nacionais, rigorosamente abordam a questão, estabelecem a

diferenciação, expandem o horizonte de compreensão e negam-se a admitir

Tecnologia como mercadoria que se compra ou se vende em qualquer circunstância.

Ambos assumem posições pouco comuns e bem marcadas quanto à compreensão

de Tecnologia, pois apresentam um enfoque com força argumentativa suficiente

para admitir que, como ciência do trabalho, a Tecnologia afasta-se da percepção

pragmática e utilitarista - noções, demasiada e insistentemente a ela atribuídas.

Diante do amplo espectro de temas existentes e que apresentam

possibilidades de análise na perspectiva da História da Técnica e da Tecnologia,

optou-se, neste trabalho, por destacar o LACTEC como objeto de estudo, pelas suas

características específicas relativas ao tema energia elétrica. Entretanto, é preciso

esclarecer que o que se pretende nesta análise revela-se restrito quanto à

abrangência, porém amplo quanto à especificidade.

Tem-se como certa a afirmação de que grande parte dos avanços técnicos

resultam ou são conseqüência das descobertas empíricas levadas a cabo por

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pessoas ou grupo de pessoas com conhecimento ou formação eminentemente

práticos: efetivamente já se sabe, na atualidade, que faz pouco tempo que as

aplicações técnicas da ciência - as atividades técnico-científicas - realizam-se em

diversos setores. Esta observação serve para que seja possível estabelecer a

distinção daquilo que interessa conhecer na seara da energia elétrica.

O que ocorreu na indústria elétrica foi uma exceção, se considerado o sentido

da sua origem e desenvolvimento, pois teria sido conseqüência direta de

investigações científicas; por outro lado, este fato possibilita estabelecer com

segurança a data em que ocorre a transição da eletricidade como ciência

experimental e a eletricidade como indústria de plena utilidade.

Dentre os mais expressivos avanços técnico-científicos, foi notável

contribuição para o setor de energia elétrica a demonstração prática da indução

magnética, realizada por Michael Faraday, em 1831, cujo registro ocorreu na Royal

Society1, em 24 de novembro do mesmo ano, e a fabricação de geradores

eletromagnéticos, os quais, em pouco tempo, passaram a ser comercializados.

Apesar de o principal propósito deste estudo estar dirigido às aplicações

práticas da eletricidade, fazem-se relevantes as considerações sobre os avanços do

conhecimento científicos e sua correspondência aos acontecimentos históricos.

Já no século VI a.C., na antiga Grécia se conhecia o fenômeno produzido por

um pedaço de âmbar (elektron, em grego) que, ao ser friccionado, é capaz de atrair

objetos leves, como palhas, penas, algodão ou pedacinhos de papel. Isto se deve a

um fenômeno atualmente denominado de eletricidade estática. Reporta-se, a este

propósito, a Thales de Mileto, como sendo aquele que havia efetuado esta

experiência.

1 Associação Britânica em torno da qual se reuniam os filósofos naturais ingleses, para discutirem

sobre as questões científicas e técnicas, não apenas como forma de entretenimento, mas como uma atividade capaz de auxiliar o progresso econômico. Eles conseguiram fixar no solo britânico uma tradição de auxílio mútuo entre ciência e técnica, que daria frutos importantes a partir do século XVIII.

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FIGURA 1 - PEDAÇO DE ÂMBAR

FONTE: http://geocities.yahoo.com.br/jcc5001pt/museuambar.htm

Na Antiguidade houve várias teorias ou lendas que pretendiam explicar o

poder de atração do âmbar quando friccionado. Segundo os gregos os grãos de

âmbar eram lágrimas das imaginárias Helíadas2, filhas do Sol.

Outra teoria relacionava a sua cor com o Sol e afirmava que dentro do âmbar

existia grande quantidade de calor. Ao ser friccionado, o âmbar libertava este calor,

ficando o vazio no seu lugar. Segundo o filósofo grego Alexandre de Afrodisias, o

âmbar atraía os corpos leves para tentar preencher o vazio deixado pelo calor, da

mesma forma que uma ventosa atrai um corpo para tentar preencher o vácuo que

produz.

Há fortes razões para se crer no acerto dessa aparente e inocente

interpretação, pois sobre ela se fundam princípios constitutivos da eletricidade. Há,

entretanto um longo interstício que separa a observação e experiência e as

correspondentes explicações justificáveis e precisas, relacionadas ao mencionado

fenômeno físico.

2.1 MAGNETISMO E ELETRICIDADE NOS SÉCULOS XVIII E XIX

A palavra ELETRICIDADE, conforme foi visto deriva da palavra grega

ELEKTRON.

2 Curiosidades: Para os povos do Báltico, o âmbar era uma preciosa mercadoria para troca.

Acreditava-se que a forma de gota do âmbar vinha das lágrimas das Helíadas, que Zeus encolerizado lançava aos infernos por terem calcinado a crosta terrestre. O âmbar é utilizado ainda na Europa para afastar mau-olhado.

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No começo do século XVIII, o termo eletricidade designava o poder que

possuem certas substâncias, chamadas “elétricas”, de atrair pequenos objetos

quando atritadas; tal poder era atribuído aos eflúvios3 emitidos pelo corpo eletrizado.

No século XVI, os enunciados, proposições, explicações sistematizadas são

revelados através do amplo tratado sobre o magnetismo associado ao nome do

médico William Gilbert (1540-1603), que se tornou famoso por sua obra "De

Magnete" publicada em 1600. O estudioso analisa os fenômenos de atração do

âmbar e da pedra ímã, considerados como sendo de naturezas diferentes. Para Gilbert, só os conhecimentos verificados pela experiência eram críveis. Por isso, experimentou fricionar outras substâncias e concluiu que o poder de atração não era exclusivo do âmbar e outras substâncias como o vidro, o enxofre e muitas outras podiam atrair pequenos corpos, quando friccionadas. Estes corpos podiam ser pedaços de palha, como até então se conhecia, mas também muitos outros, como as folhas de vegetais. Descobriu também que havia muitas substâncias que não era possível eletrizar como, por exemplo, os metais4.

Ao seu trabalho pouco se pôde acrescentar durante dois séculos, mas se

tornaram conhecidas próximo de vinte substâncias que possuíam a mesma curiosa

propriedade do âmbar. Disso havia derivada a conclusão de que o eflúvio que

provocava este fenômeno estava amplamente difundido.

Outras experiências podem ser acrescentadas, como a de Boyle, em 1675, o

qual demonstra que também a borracha friccionada exerce o mesmo poder de

atração no vácuo. No mesmo ano, Jean Picard observa a produção de faíscas

luminosas numa câmara de vácuo invertida numa tina de mercúrio. Esses

experimentos foram levados adiante por Francis Hauksbee, considerado na época

um dos mais ativos filósofos experimentais e um dos primeiros a estudar a

capilaridade. Entre as suas experiências está a do fósforo mercurial, em que se

demonstra a propriedade de o mercúrio emitir luz quando agitado no vácuo. Ele

atribuiu esse fenômeno à eletricidade, comparando-o com o relâmpago.

Os filósofos experimentais dos séculos XVII e XVIII basearam-se muito nesse

interessante fenômeno e verificaram algumas das propriedades da eletricidade

estática, isto é, a carga elétrica como algo diferente da corrente elétrica.

3 Dic. Aurélio - Do latim effluviu - Emanação invisível que se desprende de um fluido; efluência,

exaltação. Emanação sutil que se exala dos corpos organizados (...).Emanação de energia ou de matéria.

4 http://geocities.yahoo.com.br/jcc5001pt/museuambar.htm.

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2.2 O MAGNETISMO NO SÉCULO XVIII

Depois do tempo de Gilbert, durante aproximadamente duzentos anos não há registro de progresso algum na manufatura de magnetos... Entretanto não faltaram tentativas na intenção de descobrir magnetos naturais potentes, nos quais a ação era concentrada pela utilização de uma armadura, e adotaram-se vários métodos para fazer magnetos artificiais a partir de barras de ferro, friccionando-as com magnetos naturais e empilhando-as juntamente com estes. A primeira espécie de magnetos utilizada era principalmente barras magnéticas.

Na intenção do aperfeiçoamento da peça, tem-se a intervenção de Daniel Bernoulli - um fabricante de instrumento da Basiléia - que sugere a Johann Dietrich dobrar as barras de forma a colocar os pólos juntos um ao outro, criando assim o primeiro ímã de ferradura. John Mitchell mediu as forças exercidas em cada um pelos pólos magnéticos e publicou o seu livro Tratado dos magnetes artificiais, em 1750. Foi o primeiro a apresentar a lei das atrações e repulsões pelo inverso do quadrado, e Charles-Augustin de Coulomb foi quem, em 1785, fez a demonstração utilizando uma balança de torção5.

FIGURA 2 - BALANÇA DE TORÇÃO

FONTE: http://www.lasallecaxias.com.br/alunos/fisica.htm

Os séculos XVII e XVIII registram inúmeras outras tentativas, mais ou menos

fantasiosas, para explicar o magnetismo com base nas hipóteses de René

Descartes6 e de Gassendi Franz Theodor Aepinus, autor de uma teoria de um só

5 Balança de torção. 6 Nasceu em Touraine, 1596. Ofereceu conhecimentos que propiciaram à ciência extraordinários

progressos no decurso dos últimos três séculos, tanto no seu desenvolvimento interno como na sua aplicação a todo o conjunto das ciências físicas; suas especulações favoritas eram as da área

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fluido, a qual admitia que nos pólos de um ímã a concentração normal do fluido

magnético era aumentada ou diminuída. Coulomb preferia a teoria dos campos

magnéticos, boreal e austral (correspondente à eletricidade vítrea ou resinosa, ou

seja, positiva ou negativa).

O astrônomo Edmund Haley produziu obra importante no campo do

magnetismo terrestre. A partir das suas próprias observações, feitas de 1698 a 1700,

quando comandante de um navio de guerra, publicou em 1701 um mapa isométrico

aperfeiçoado. Admitia que a terra possuía quatro pólos magnéticos, havendo em

cada hemisfério um pólo forte e um fraco, Em 1722 George Graham descobriu a

variação diurna e anual da declinação magnética, bem como as flutuações diurnas

da inclinação.

2.3 ELETROSTÁTICA Ao contrário do magnetismo que, devido à sua importância na navegação,

fora estudado durante um período muito mais longo e podia ser mais facilmente

relacionado com a experiência real, a eletricidade no século XVII não tinha sido

nunca considerada mais do que um fenômeno curioso, mas relativamente pouco

importante. Os conhecimentos continuavam sem avançar para além do que os

antigos já haviam observado - que certas substâncias, ao serem friccionadas,

podiam ser trazidas a um chamado estado elétrico que tinha o poder de atrair

objetos leves. A despeito dos estudos de Gilbert, o assunto manteve-se mais ou

menos na mesma situação.

Em 1660, Otto Von Guericke inventou uma máquina de fricção capaz de gerar

um fluxo contínuo de eletricidade. Pouco depois, Francis Hauksbee demonstrava

que os objetos carregados de eletricidade podiam mutuamente repelir-se ou mesmo

atrair-se, e uma descoberta feita em 1729 por Stephen Gray criou uma dificuldade

para a teoria dos eflúvios. Ele verificou que a virtude elétrica de um tubo de vidro

pode ser transmitida a outros corpos e, por meio de fios de arame ou de cordões

molhados, a corpos situados a vários pés de distância. Descobriu-se logo que os

corpos diferem em condutividade, e os condutores foram identificados pelo físico

francês Théophile dês Aguliers ou Desaguliers com os não-elétricos de Gilbert. Ele

de matemática e filosofia. Tornou-se conhecido com o tratado sobre o universo Le Monde, 1629, e Discurso do Método para bem conduzir a própria razão e buscar a verdade nas ciências,1637. Distingue-se na geometria analítica. Faleceu em Estocolmo, 1650.

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oferece uma importante contribuição ao distinguir entre condutores (principalmente

metais) e não condutores.

Outra descoberta surpreendente feita na década de 1730 e atribuída ao físico

francês Charles Du Fay, foi a de que as folhas eletrizadas pelo vidro friccionado

eram por ele repelidas e atraídas pela resina friccionada. Denominou as duas

espécies de eletricidade, vítrea e resinosa, de acordo com as substâncias que as

produzem. Segundo a teoria dualista, que era aceita por Dufay e defendida pelo

físico inglês Robert Symmer, um corpo neutro continha quantidades iguais dos dois

fluidos, que se deviam encarar como opostos, e a eletrificação de um corpo, assim,

consistia na separação dos dois fluidos. Neste caso também os termos ”negativo” e

“positivo“ eram empregados de maneira arbitrária. Ambas as teorias podiam ser

utilizadas para explicar o fenômeno da indução eletrostática - observado em primeiro

lugar por von Guericke e mais tarde investigado por Aepinus em particular.

Eventualmente a teoria dualista veio conquistar a maior quantidade de adeptos.

A descoberta de Du Fay teria acrescentado um fato novo, produzido pela

experiência, e que se relaciona à classificação tão conhecida nas lides práticas: que

a eletricidade induzida por atrito pode ser de duas classes, chamadas a partir de

então positiva e negativa. Em 1754, John Canton, um aprendiz de tecelagem que

chegaria a tornar-se membro da Royal Society, estabelecia as bases quantitativas

desta ciência ao projetar um instrumento para medir a eletricidade, baseado na

repulsão de bolas de medula de igual carga suspensas por linhas ou fios.

Este importante instrumento foi aprimorado pelo italiano e professor de física

em Paiva, Alessandro Volta, de forma que os investigadores dos distintos

laboratórios pudessem comparar suas conclusões. Em 1787, o mesmo instrumento

seria objeto de um novo projeto, feito por Abraham Bennet, que, ao aplicar o

princípio da indução, o converteria no eletroscópio de lâmina de ouro; o eletroscópio

permitiu a Canton demonstrar que um corpo carregado de eletricidade induz uma

carga em qualquer outro corpo que dele se aproxime.

O final do século XVII presenciou um grande aperfeiçoamento na área, que se

acelerou e aperfeiçoou no século seguinte. A eletricidade, a princípio limitada à

eletrostática, tornou-se um objeto favorito de estudo para muitos filósofos da

Natureza e atraiu o interesse aguçado dos muitos cidadãos de posses, os quais, na

época, dedicavam-se à experimentação científica como passatempo.

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É o caso de Otto von Guericke cuja Experimenta nova Magdeburgica (1672)

descrevia uma máquina elétrica de fricção primitiva, que consistia numa esfera

rotativa de enxofre na qual se gerava uma carga elétrica esfregando-a na terra seca,

e Francis Hauksbee que, na sua Physico-Mathematical (1709) descrevia

experiências com faíscas longas que obtinha identicamente por fricção de esferas

rotativas de vidro, cera ou enxofre. Observou que as experiências efetuadas em

atmosfera úmida não tinham êxito e que se verificava ser impossível eletrificar barras

metálicas seguras na mão.

Tais observações foram, muito em breve, explicadas pelas investigações

feitas por Stephen Gray (1666-1736) em 1729, as quais o levaram a distinguir entre

elementos condutores e não-condutores da eletricidade, isto é a capacidade de

condução e de isolamento da eletricidade. Próximo a esse período, Du Fay mostrou

a importância de admitir duas espécies de eletricidade. À eletricidade causada pela

fricção de uma haste de vidro chamou de eletricidade vítrea e à da resina friccionada

com lã, eletricidade resinosa. Relacionada com isto deve-se mencionar igualmente a

obra do físico Jean Théophile Désaguliers (1683 – 1744), que fugiu para a Inglaterra

e, nas primeiras décadas do século XVIII, teve papel importante para o despertar do

interesse geral pela ciência experimental.

Sem mencionar as contribuições específicas de cada um, merecem ser

relacionados os nomes dos alemães Christian August Hausen (1693 – 1743),

Johann Heinrich Winkler (1703 – 1770), Johann Friedrich Geissing, Georg Matthias

Bose (1710 – 1761) e Fraz von Nienmayer, o inglês John Canton (1718 – 1772),

William Higgins, Benjamin Wilson e Willian Watson. Andréas Gordon, um escocês

que viveu na Alemanha, o suíço Martin Planta, o francês Jean-René Sigaud de la

Fond (1730 – 1810) e o holandês Jan Ingenhousz (1730 – 1799) também se

dedicaram à área.

No decorrer do século XVIII, a máquina elétrica foi aperfeiçoada gradualmente

à custa do trabalho de uma hoste de investigadores científicos e de fabricantes de

instrumentos em vários países, até que assumiu a forma sob a qual finalmente veio

a tornar-se em geral conhecida - grandes discos de vidro girando entre borrachas

cobertas de uma amálgama de estanho, com pentes para extrair a carga e

condensadoras para armazenar.

Pelo final do século, as máquinas elétricas tinham atingido grandes

proporções. Pode ainda se trazer um exemplo de Harlém, Holanda, na máquina que

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o fabricante John Cuthbertson construiu para o Instituto Teyler, de Harlém, e que o

diretor do laboratório, Martinus von Marum, utilizou nas suas experiências.

Entretanto, uma invenção muito importante foi o condensador, ou garrafa de

armazenamento, descoberto independentemente, por volta de 1745, por Ewald

Georg von Kleist em Kamin, Pomerânia e Petrus van Musschenbroek e os seus

assistentes em Leyden. A mais antiga referência que lhe é feita aparece numa carta

escrita pelo biologista suíço Abrahan Trembley, na qual relata que o seu compatriota

Jean-Nicolas-Sébastien Allamand tinha efetuado uma experiência em Leyden no

início de 1745. A experiência consistia em eletrificar a água contida num jarro seguro

numa das mãos e em cortar o contato com a outra. Esse experimento tinha sido

repetido por Van Musschenbroek e despertou grande interesse, pois se podiam

obter cargas elétricas muito mais fortes do que até então se julgava possível.

Dessa descoberta, se deu conhecimento ao mundo através do

experimentador popular francês Jean-Antonie Nollet (1700-70), ele foi quem se deu

o nome ao aparelho como garrafa de Leyde.

Em que pese a disputa pela iniciativa, através da “garrafa de Leyde” ou Kleist

- a designação que recebe na Alemanha - podiam-se acumular consideráveis

quantidades de eletricidade produzidas por uma máquina e logo serem

descarregadas com toda facilidade; então, a “garrafa” era, efetivamente, um

condensador, palavra entendida em seu sentido mais amplo.

Foram os conhecimentos de eletricidade obtidos na Europa que encorajaram

o impressor de Filadélfia e cientista amador Benjamin Franklin (1706-90) ao caminho

das experiências e teorias que vieram a tornar-se importantes na subseqüente

história da física. A sua celebrada invenção de condutor para os raios teria sido

comprovada pela primeira vez em 1752 por Dalibard, em Marly, na França, e mais

tarde pelo próprio Franklin na famosa experiência do papagaio.

Na Filadélfia, Benjamin Franklin, fazendo voar pipas durante as tempestades

e obtendo descargas no extremo da linha a que iam atadas, identificou os

relâmpagos como descargas elétricas. Estes experimentos determinaram a invenção

do pára-raios, de rápida difusão para proteger edifícios, especialmente os antigos e

outras construções de natureza especialmente vulnerável.

Um curioso episódio que circunda o fato parece revelador daquilo que, não

raras vezes, ocorre nos bastidores do poder político com conseqüências inevitáveis

para o avanço da ciência. Suscitou-se uma polêmica, que haveria de resolver-se por

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meio de experimentos e observações, sobre se o extremo dos pára-raios deveria

consistir em uma agulha ou uma bola. Benjamin Franklin defendeu corretamente os

extremos em ponta, porém, quando as colônias inglesas da América iniciaram a

revolução, em que Franklin revelou-se como um dos rebeldes mais proeminentes, o

próprio Jorge III7 se permitiu intervir na discussão defendendo o uso de pára-raios de

ponta roma. Chegou até a intentar influir sobre a Royal Society para que defendesse

seu ponto de vista, porém seu presidente, Sir John Pringle, apesar da delicada

situação política em que se viu envolvido, defendeu firmemente os princípios

científicos e deu uma resposta hoje já clássica: “Sire, I cannot reverse the laws and

operation of nature”, ou “Señor, yo no puedo modificar las leys y procedimientos de

la naturaleza”.

Franklin, que se encontrava então na França negociando a famosa aliança

que asseguraria o triunfo da rebelião, expressou a esperança de que Jorge III

atraísse sobre sua cabeça o raio divino prescindindo dos pára-raios em geral.

Ignorando que os cientistas franceses haviam colocado em prática a sua

sugestão de que a eletricidade poderia ser retirada de uma nuvem por meio de uma

vara colocada num ponto elevado, Franklin e seu filho carregaram uma garrafa de

Leyde com uma chave amarrada ao fio de um papagaio de papel, durante uma

tempestade em junho de 1752. Era esse um dos maiores triunfos da ciência, pois,

associando os coriscos de Júpiter com os choques produzidos por uma garrafa de

Leyde, ele explicava em grande parte um dos fenômenos naturais mais aterradores,

embora conhecido pelo ser humano desde que existe sobre a terra.

Esta descoberta despertou grande interesse através do mundo e conduziu a

outras numerosas experiências, como também suscitou controvérsias quanto a se

saber se seria permitido ao homem interferir desta forma num fenômeno natural,

considerado geralmente como expressão direta da vontade de Deus.

O exemplo de Franklin levou à investigação experimental da eletricidade

atmosférica, que na França recebeu a atenção do médico Louis-Guillaume de

Mounier (1750) e, na Itália, do físico Giovanni Batista Beccaria. O físico russo Georg

Wilhelm Richmann foi vítima deste trabalho de investigação ao ser atingido por um 7 Jorge III do Reino Unido , Jorge Guilherme Frederico 1738 – 1820 - da Casa de Hanôver, foi Rei da

Grã-Bretanha de 1760 até 1801. A partir do Acto de União de 1801, Jorge III passou a ser Rei do Reino Unido. Foi também Duque de Brunswick-Lüneburg e, a partir de 1814, Rei de Hanôver. Jorge III recebeu o cognome de o Louco devido à instabilidade mental causada pela doença crônica que sofria (porfíria).No reinado de Jorge III deu-se a independência dos Estados Unidos da América, até então uma colônia britânica. Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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raio em S. Petersburgo, no dia 6 de agosto de 1753, quando observava um indicador

de eletricidade atmosférica durante uma tempestade.

O nome de Franklin deve igualmente ser citado em ligação com as suas

teorias sobre a natureza da eletricidade. Como no caso do magnetismo, havia duas

teorias opostas, a unitária ou de fluido único (Franklin) e a dualística ou dos dois

fluidos (Dufay). Ambas podiam ser utilizadas para explicar o fenômeno da indução

eletrostática, observado anteriormente por Von Guericke e mais tarde investigado

por Aepinus em particular. Eventualmente a teoria dualista ganhou maior quantidade

de adeptos.

Nas experiências de indução fazia-se uso de eletroscópios ou eletrômetros,

de diversos tipos, entre os quais o eletroscópio de folhas de ouro (1787) de Abraham

Bennet tornou-se finalmente o mais conhecido.

Com base em experiências com a balança de torção, Coulomb formulou a lei

das forças entre as cargas elétricas que recebeu o seu nome. Demonstrou

igualmente por meio de experiências que uma carga elétrica fica confinada à

superfície de um condutor e que não se encontra qualquer campo elétrico no interior

de um condutor carregado.

Embora no século XVIII não houvesse outros meios de pôr em movimento as

cargas elétricas além de fazer soltar faíscas, pensava-se ser possível que a

eletricidade pudesse ser utilizada na química. Henry Cavendish (1731-1816) fez

passar faíscas através de uma mistura de ar sem flogisto8 (oxigênio) e ar inflamável

(hidrogênio) e verificou que se depositava um orvalho que se provou ser água. Este

processo de síntese pode ser colocado em contraste com os resultados analíticos

dos químicos holandeses Joan Rudolf Deiman e Adriaan Paets van Troostwijk que

descobriram, em 1789, que a água era decomposta quando se faziam passar

através dela, durante algum tempo, as descargas de uma bateria de condensadores.

8 Contemporâneo de Boyle, J.J. Becher (1635-82), cujas obras sobre alquimia gozaram de grande

popularidade, adotou como elementos três “terras”: a mercurial, a vitrificável e a combustível. À última, a combustível - princípio material do fogo, mas não o próprio fogo-G.E Sttahl (1660-1734) deu o nome de flogisto. Considerava-o como sendo algo que era expelido durante a combustão e a calcinação de metais. Como de uma cal metálica (óxido) se podia extrair o metal queimando-a com carvão de madeira, dizia ele que o metal absorvera flogisto do carvão durante esse processo; e o carvão, que desaparecia quase por completo, foi considerado como flogisto quase puro. Inversamente, quando o metal era calcinado (oxidado) pela queima sem carvão,dizia que perdera o seu flogisto. Esta teoria satisfazia o principal requisito imposto a toda teoria nova, isto é, o de explicar os fatos tais como eram conhecidos. Foi adotada durante um século.(...), embora se tornasse necessário admitir que o flogisto possuía um peso negativo, isto é, a qualidade da “leveza”, pois que ao perdê-los os corpos aumentavam de peso.

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A explicação do fenômeno da combustão, através da hipótese do flogisto,

hoje superada, foi adotada por filósofos naturais durante todo o século XVII.

Embora possa parecer atualmente que a teoria da eletricidade se tenha

limitado apenas à eletrostática, por todo o século XVIII, com certeza, na época,

pareceu tão adiantada aos seus contemporâneos que havia uma certa justificação

para registrar sua história. Isto foi feito por Joseph Priesrley na obra História e

estado presente da eletricidade, com experiências originais, em 1776.

2.4 GALVANISMO

Pelos fins do século XVIII, todas as descobertas sobre a eletricidade como

força tão poderosa no mundo estavam ainda por se realizarem. A mais fundamental

delas, a da corrente elétrica, foi o resultado de trabalhos de investigação realizados

na década de 1780 pelo anatomista italiano Luigi Galvani descritos na sua obra

Comentários sobre as forças da eletricidade em movimento muscular, em 1791.

Simultaneamente, na Itália, estavam se realizando outras importantes

investigações. Tratava-se dos experimentos de Luigi Galvani sobre os movimentos

de um quadril de rã. Ele considerava as contrações musculares como uma

manifestação da eletricidade animal, que era o centro da controvérsia científica no

século XVIII. Pensava-se ter a sua sede no cérebro do animal de onde era

conduzida até os músculos pelo sistema nervoso. Cada fibra muscular era

considerada como um pequeno condensador cuja descarga era acompanhada por

uma contração.

Ele relatou em 1786 que, quando um músculo e seu respectivo nervo eram

postos em comunicação por dois metais em contato, o músculo se contraia como

sob a ação da descarga de uma máquina elétrica. A interpretação dada às suas

observações foi considerada equivocada. As explicações sobre a forma especial de

eletricidade animal de Galvani causou grande agitação, atraindo a atenção do

professor de física em Paiva, o italiano Alessandro Volta (1745-1827), que por muito

tempo estudara a eletricidade e que viria mais tarde a tornar-se o seu mais vigoroso

opositor.

Mais tarde, verificou-se que descobertas mais ou menos semelhantes às de

Galvani tinham sido realizadas pelo físico suíço Johann Georg Sulzer, que em 1760

fizera uma comunicação sobre a sensação de gosto experimentada ao colocar um

pedaço de prata sobre a língua e um pedaço de chumbo debaixo dela, deixando os

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cantos tocarem-se. Em 1765, o anatomista italiano Leopoldo Marc-Antonio Caldani

observava contrações numa preparação de rã, por influência da eletricidade.

O novo método de gerar eletricidade, designado galvanismo, assegura na

terminologia científica o crédito a Volta pelo fato de ter separado o fenômeno físico

de seu contexto fisiológico, embora o nome de Galvani tenha se mantido, por ter

sido ele quem originalmente descreveu todo este complexo fenômeno.

Reconheceu Volta que, no sistema constituído por uma perna molhada de rã

e pelo gancho de cobre por meio da qual estava suspensa uma barra de ferro,

apenas os metais e o líquido tinham relevância sob o ponto de vista físico, e que a

perna apenas servia como eletroscópio.

As concepções e teorias introduzidas por Volta durante as suas investigações

físicas por muito tempo já pertencem à teoria da eletricidade: ... a diferença de potencial originada no contato em meio úmido entre metais não idênticos (efeito de Volta), a disposição desses metais numa “série potencial ou voltagem”, as leis que os regulam, a impossibilidade de obter uma corrente apenas pelo contato desses metais, o fato de os eletrólitos não terem lugar na série de voltagem, com a conseqüência de que um elemento galvânico pode efetivamente ser montado a partir de dois metais diferentes mais um eletrólito. Fonte: R.J.F. História da ciência e da técnica. V.2 1963.

Volta anunciou esta possibilidade numa carta, datada de 20 de março de

1800, escrita ao presidente da Royal Society, Sir Joseph Banks, na qual descrevia a

pilha denominada mais tarde, em sua homenagem, a pilha voltaica, que em breve se

tornou conhecida como “a pilha”. Consistia num certo número de pares de placas de

zinco e de prata, sempre na mesma ordem, empilhadas entre pedaços de tecido ou

de carvão embebidos numa solução salina.

Alessandro Volta foi quem teria demonstrado que a origem da eletricidade em

tais experimentos era, de fato, o contato entre os diferentes metais embebidos numa

solução. Afirmava que a eletricidade provinha do contato dos dois metais, sem se

dar conta da eletrólise operada nos humores animais, assim como nas pequeninas

almofadas que separavam as sucessivas camadas de cobre e zinco - metais

escolhidos após uma série de sistemáticos experimentos - colocados

alternadamente e separados por pedaços de flanela ou papel absorvidos em

salmoura. Esta foi a origem da pilha voltaica - a “pilha elétrica”.

Como segunda forma, menciona a coroa de taças, uma fila de taças contendo

água salgada ou ácido diluído, ligadas a placas de metal, dobradas, metade das

quais era de zinco e a outra metade de cobre. Denominou este engenho órgão

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elétrico artificial em oposição ao órgão elétrico natural, que se encontra nos peixes

elétricos.

Sua importância apóia-se no fato de que proporcionava uma fonte simples e

eficaz de corrente elétrica contínua e, deste modo, facilitava enormemente os

experimentos. Uma bateria elétrica desse tipo é, em linhas gerais, uma máquina que

converte a energia liberada durante uma reação química, que normalmente aparece

em forma de calor, em energia elétrica. Em poucos meses se começaram a

construir, em muitos laboratórios, grandes baterias elétricas baseados no princípio

de Volta e, com sua ajuda, foram realizados importantes descobrimentos. A água se

decompunha facilmente, com ajuda de uma corrente elétrica, no hidrogênio e

oxigênio, fornecendo assim uma prova analítica de sua composição, o que viria a

confirmar as conclusões de Lavoisier9, às que havia chegado por métodos de

síntese.

A chamada teoria do contato, por meio da qual Volta procurava explicar o

funcionamento da sua pilha, não era geralmente aceita.

As idéias de Galvani sobre a eletricidade animal continuavam a ganhar

adeptos, entre eles, o estudioso alemão Alexander Von Humboldt. Os físicos

franceses, de maneira geral, concordavam com as concepções de Volta.

Igualmente difícil era convencer a maioria das pessoas da identidade da bem

conhecida eletricidade estática de fricção e da eletricidade galvânica recentemente

descoberta. Neste ponto também se opunha Humboldt, ao mesmo tempo em que o

seu ponto de vista era apoiado pelos físicos alemães Paul Erman e Johann Wilhelm

Ritter e pelo já referido Martinus van Marum, que acrescentou provas experimentais

obtidas com o poderoso aparelho elétrico do Laboratório Teyler em Harlém.

Antes da publicação da carta de Volta, os cientistas ingleses William

Nicholson e Sir Anthony Carlisle, que a tinham visto, anunciavam ter decomposto a

água em hidrogênio e oxigênio com auxílio de uma pilha. Assim se abriu à

investigação um campo inteiramente novo, e muitos entraram nele.

Utilizando a grande pilha construída para a Royal Society em Londres,

Humphry Davy isolou por meio de eletrólise uma série de metais: primeiro, o

potássio, procedente da potassa, e a continuação, o sódio, o bário, o estanho e o

magnésio.

9 Antonie-Laurent Lavoisier (1743-94) - A lei da conservação da matéria (ou da massa).

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Em 1802, Davy observou que, quando se faz passar de uma forma contínua

uma faísca elétrica entre duas peças de carbono, produz-se uma luz muito brilhante:

este foi o princípio da lâmpada de arco, mesmo que seu desenvolvimento prático

teria que esperar o aparecimento de uma fonte de eletricidade mais barata. Também

se observou que uma corrente elétrica aquece o condutor através da passagem -

descobrimento que encontraria posteriormente uma aplicação prática nas lâmpadas

de incandescência.

FIGURA 3 - LÂMPADA DE ARCO JABLOCHKOFF, 1876

FONTE: História da Tecnologia de Derry & Willians

A obra de Sir Humphry Davy, em particular, é de grande importância. Em

1807 preparou os elementos potássio e sódio por meio da eletrólise.

Uma das descobertas feitas com as baterias eletrolíticas de Volta foi o

desenvolvimento de calor originado pela corrente elétrica em arames metálicos e o

arco elétrico luminoso, observado entre os pólos de uma forte bateria elétrica ou

galvânica, por Davy em 1812.

A pilha de Volta e a sua coroa de taças, e suas modificações, por exemplo, a

pilha seca de Georg Bernhard Behrens (1802) redescoberta em 1810 por Giuseppe

Zamboni permaneceram por muito tempo como as únicas baterias elétricas práticas.

Apresentavam o defeito de a corrente elétrica diminuir rapidamente em

conseqüência da polarização. A partir dos princípios de 1830 fizeram-se muitas

tentativas de se montarem baterias elétrica constantes. As tentativas feitas por John

Frederic Daniel (1836), Sir William Robert Grove (1839), Robert Wilhem Bunsen

(1841) e Georges Leclanché (1867) foram bem sucedidas.

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A primeira tentativa para constituir uma bateria de armazenamento ou

secundária foi feita em 1803 por Johann Wilhelm Ritter (1776 – 1810) que, depois de

interrompida a corrente, utilizou-se de eletrodos polarizados de um aparelho de

decomposição de água (eletrólise). O assunto foi estudado por William Robert Grove

(1811 – 1896), mas só em 1859 se alcançaram resultados práticos por Gaston

Planté (1834 – 1889) com o seu acumulador, que, depois de aperfeiçoamentos

posteriores, demonstrou ser comercialmente útil.

Quando se recorda a profunda impressão causada em toda a parte pelas

descobertas químicas alcançadas com o auxílio da corrente elétrica, não é de se

espantar que os cientistas tivessem também procurado aplicar conceitos elétricos ao

campo da química teórica. Davy deu origem a uma teoria em que a condição elétrica

oposta apresentada por dois materiais em contato era tomada como uma

propriedade da reação química mútua. Quando se estabelecia o contato, as cargas

opostas neutralizar-se-iam umas às outras; na passagem da corrente elétrica, os

elementos com carga positiva iam para o pólo negativo da bateria e os carregados

negativamente para o positivo. A teoria da eletrólise do químico alemão von Grotthus

seguia o mesmo curso. Esta teoria argumentava que a decomposição de um

eletrólito devia ser causada primeiramente pelas forças atrativas e repulsivas,

exercidas sobre os componentes eletricamente carregados das moléculas por

terminais metálicos de onde a corrente entra e sai da solução. Este conceito, um

tanto modificado, constituía também a base da teoria de August-Arthur de la Rive.

Os conceitos elétricos ocupavam um lugar considerável no sistema químico

de Jöns Jacob Berzelius, que atribuía aos átomos pólos elétricos de força desigual.

O pólo dominante determinava a condição elétrica resultante. Assim começou a

aparecer uma classificação dos elementos em positivos e negativos. As moléculas

de um composto possuíam uma polaridade semelhante. A combinação química era,

por conseguinte, considerada no seu conjunto como resultado da atração entre

cargas opostas.

As teorias de Davy e Berzelius vieram eventualmente a ser abandonadas. No

entanto, manteve-se a idéia fundamental de que as forças elétricas desempenhavam

uma função na estrutura da matéria, desalojando a idéia universal do século XVIII de

que era a gravitação, como no caso dos corpos celestes. A relação íntima entre os

processos químicos e elétricos conduziu também à crítica renovada da teoria de

contato de Volta.

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Davy procurou a causa do funcionamento da pilha em processos químicos.

Mostrou que a água pura não era sensivelmente decomposta pela corrente elétrica e

que o funcionamento da pilha dependia da capacidade do líquido condutor para

oxidar o zinco do pólo negativo. Nas décadas que se seguiram, travou-se uma

contínua guerra de idéias entre os partidários destas duas teorias, na qual, todavia,

ambos os grupos gradualmente sofreram apreciáveis modificações sob a influência

um do outro.

A descoberta de Volta, quanto à capacidade da “pilha elétrica” de produzir

uma corrente elétrica contínua, despertou imenso interesse, sendo logo seguida pela

construção de poderosas baterias de tipo moderno. Foi assim que se começou a

aplicar a eletricidade às necessidades humanas, provindo daí as palavras:

galvânico, voltaico, galvanômetro, voltímetro, etc.

2.5 ELETROMAGNETISMO E ELETRODINÂMICA

A teoria da eletricidade que, desde o início do século, praticamente se

centrava na eletroquímica, foi enriquecida em 1820 por uma nova descoberta

importante, nomeadamente a da estreita relação entre a eletricidade e o

magnetismo.

Admitia-se há muito tempo que estes dois fenômenos, desenvolvidos

independentemente, estavam relacionados entre si de uma forma ou de outra; a

identidade das leis das forças, ambas formuladas por Coulomb, parecia dar corpo a

esta linha de pensamento, quando fazia a correspondência nas teorias dos “fluidos”

desenvolvidas em cada um destes campos. Os cientistas, porém, não conseguiam

demonstrar experimentalmente esta relação.

O físico dinamarquês Hans Christian Oersted10 fez estes experimentos com

êxito em 1820. Nas suas especulações sobre a filosofia natural, dedicara muitas

vezes a atenção a este problema, e da sua crença na unidade de todas as forças

naturais derivara a certeza intuitiva da existência de uma base real. Num

determinado estágio ocorreu-lhe a idéia de colocar o arame terminal de uma bateria

galvânica paralelamente a uma agulha magnética móvel e não perpendicular a ela, 10 Hans Christian Oersted - físico dinamarquês, verificou que, ao colocar o arame terminal de uma

bateria galvânica paralelamente a uma agulha magnética móvel, e não perpendicular a ela - como tentara antes, obteria o efeito hoje bem conhecido: quando se colocava o arame em sentido inverso sobre a agulha, a direção do desvio era também invertida. Confirmou a suposta relação estreita entre eletricidade e magnetismo. Comunicou a sua descoberta em julho de 1820. Fonte: R.J.F. e E.J.D. História da Ciência e da Técnica. p.493.

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como havia tentado anteriormente. Constatou o efeito hoje bem conhecido: quando

se colocava o arame em sentido inverso sobre a agulha, a direção do desvio era

também invertida.

A descoberta de Oersted foi anunciada em julho de 1820 e a princípio gerou

um sentimento de ceticismo, mas, depois de confirmada, despertou grande

interesse.

A primeira reação atribui-se mais particularmente ao fato de a força exercida

sobre um pólo magnético por uma corrente retilínea ter mostrado atuar

perpendicularmente ao plano de ambos, e numa direção particular, que só

empiricamente se podia determinar.

Porque os homens de ciência estavam tão habituados a raciocinar em termos

de atração e de repulsão, tinham tendência a considerar os efeitos recentemente

descobertos como impossíveis, por razões de simetria. Na verdade, a assimetria

inerente à nova descoberta introduziu um elemento totalmente novo nas idéias

físicas do tempo.

Em 4 de setembro de 1820, Arago fez uma comunicação sobre o efeito de

Oersted na reunião semanal da Academia das Ciências em Paris. A princípio, ele

mesmo havia duvidado e, mais tarde, ficou convencido, por conta de uma

demonstração em Genebra, feita por De la Rive. Em 11 de setembro, ele próprio faz

a demonstração que foi decisiva para impressionar o espírito ágil do matemático

André Marie Ampére11, inspirando-o na investigação do assunto da eletricidade,

sobre o qual não tinha qualquer experiência prévia. Fatos curiosos e pouco relatados

na História da Ciência.

De 18 a 25 de setembro, Ampére forneceu um relato completo de uma série

de novas descobertas que fizera nos dias anteriores, bem como de uma nova

hipótese quanto à relação entre a eletricidade e o magnetismo, que formulara com

base nas suas experiências. Seus experimentos investigavam as forças exercidas

por arames conduzindo corrente, uns sobre os outros, e as propriedades magnéticas

do solenóide (termo criado nesta ocasião) quando a corrente passa através dele. A

hipótese declarava que em um ímã há correntes elétricas que circulam em pequenos

circuitos, cujos planos são perpendiculares ao eixo magnético.

11 Ampére, André Marie (1775-1836). Ampére desenvolveu em1820 as leis do eletromagnetismo.

A unidade que mede a intensidade da corrente elétrica; foi-lhe dada o seu nome, ampére (A) Fonte: 4. Mariano, Mário (1993), História da Electricidade, EDP, Lisboa.

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Então, seguia-se uma explicação sobre o magnetismo terrestre, como

resultado de correntes terrestres; e para a força, determinada empiricamente, que na

aparência era exercida pela Terra sobre um quadro de arame por onde passava a

corrente, girando em torno de um eixo vertical.

Tendo definido desta forma os princípios experimentais da eletrodinâmica,

Ampére procurou estabelecer a expressão matemática de uma lei geral que pudesse

descrever todas as forças observadas e viesse a formar, por conseguinte, a analogia

elétrica da lei de gravitação de Isaac Newton. Teria de exprimir as forças exercidas

por dois elementos infinitésimos de condutores por onde passava a corrente, um

sobre o outro, a uma distância dada e numa dada posição relativa sobre a linha que

os unia. A partir daqui toda a dinâmica quantitativa de todos os fenômenos elétricos

e magnéticos teria de ser deduzida por integração. O objetivo pretendido foi atingido

num tratado publicado em 1827. O plano do tratado corresponde aos Principia de

Newton, na medida em que não se faz qualquer tentativa para deduzir as forças

admitidas, a partir das mais básicas hipóteses.

O método aplicado por Ampére para o tratamento matemático dos fenômenos

eletrodinâmicos conduziu-o ao objetivo pretendido, porém não foi de valor

permanente para a teoria da eletricidade. Linhas totalmente diferentes foram

definidas ao longo do desenvolvimento subseqüente, o que, no entanto, não afeta o

significado das suas descobertas.

Depois de Oersted ter confirmado a suposta relação entre eletricidade e

magnetismo, Ampére tornou perfeitamente claro que a relação era muito mais

estreita do que se supusera: o magnetismo parecia não ser algo diferente e isolado

da eletricidade, mas sim, e muito, um aspecto da sua multifacetada natureza, que se

manifestava do mesmo modo nos fenômenos da eletrostática e da ação

eletroquímica.

Mesmo que o minério magnético de ferro nunca tivesse sido descoberto, o

fenômeno do magnetismo viria ainda assim a ser encontrado no estudo mais

detalhado das correntes elétricas, embora pudesse então ter recebido um nome

completamente diferente.

Portanto, de maior importância imediata para o desenvolvimento da indústria

da eletricidade foi a descrição, feita pelo físico H.C.Oersted, do campo magnético

que rodeia a um condutor ao ser recorrido por uma corrente elétrica.

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Quase ao mesmo tempo A.M. Ampére, em Paris, proporcionava a esta

observação uma base quantitativa, estabelecendo a relação entre a força magnética

e a corrente elétrica que o produz. Também se demonstrou que o movimento de um

condutor contínuo em um campo magnético faz com que aquela seja recorrida por

uma corrente elétrica.

De tal modo, então, estabelecia-se a fundamental relação existente entre

eletricidade e magnetismo, porém ficava por dar o passo importantíssimo que

suporia obter desta relação um resultado prático: este passo seria dado por Faraday.

2.6 INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA

Mesmo que tenham sido consideráveis os avanços da teoria da eletricidade e

do magnetismo durante os primeiros trinta anos do século XIX, a grande descoberta

que tornaria possível o desenvolvimento moderno e as importantes aplicações

técnicas ainda estava por fazer. Era a descoberta da indução eletromagnética, feita

por Michael Faraday, em 1831, resultado proveniente de seus próprios esforços e

dos esforços de muitos outros. O acontecimento chave foi a demonstração prática

da indução eletromagnética levada a cabo por Michael Faraday e de que se tem

registro na Royal Society no dia 24 de novembro de 1831: e em muito pouco tempo

já se fabricavam geradores eletromagnéticos para serem comercializados.

Havia muito que Faraday acalentava a idéia de que uma corrente elétrica

passando num fio condutor podia muito bem originar uma corrente elétrica num

circuito condutor adjacente onde não houvesse qualquer pilha voltaica, da mesma

forma que um corpo carregado eletricamente dá origem a uma carga elétrica estática

num condutor próximo. Fez freqüentes experiências orientadas por esta idéia,

sempre sem êxito.

Em agosto de 1831, enrolou duas bobinas de fio sem ligação entre si, em

torno do mesmo núcleo de ferro macio, das quais uma, a primária, tinha pilha

voltaica e a outra, a secundária, um galvanômetro. Mais uma vez nada apareceu que

mostrasse que, se uma corrente percorresse a bobina primária, uma corrente

apareceria também na secundária. Porém, quando interrompeu a corrente na bobina

primária, crendo que a experiência era mais uma vez um insucesso, observou um

súbito desvio curto da agulha do galvanômetro ligado à bobina secundária.

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Insistindo, uma investigação mais apurada veio demonstrar que não era a

presença da corrente primária, mas sim o seu estabelecimento, ou interrupção, ou

qualquer mudança na sua força que ia produzir uma “corrente de indução” na bobina

secundária. Além de ocupar-se com o fenômeno que poderia ser análogo à indução

eletrostática, Faraday intuía a possibilidade de gerar uma corrente elétrica com o

auxílio do magnetismo, dando assim lugar à contrapartida do efeito de Hans

Christian Oersted. Isto se demonstrava agora como possível: parecia que uma

corrente percorria uma bobina de fio fechada quando e sempre que se fazia penetrar

nela uma barra de ferro, ou se retirava, ou, de forma geral, ela se deslocava em

relação à bobina. Observou também que havia uma corrente de indução quando a

bobina secundária se movia em relação à primária ou a um ímã.

Em setembro de 1831 utilizou a interação dos campos elétrico e magnético

para produzir um movimento mecânico. Primeiro, a 03 de setembro fez que um fio

ou cabo recorrido por uma corrente elétrica girasse em torno a um imã fixo; ao dia

seguinte fez que um imã girasse em torno a um cabo pelo qual passava uma

corrente. Mesmo que o instrumento de Faraday fosse puramente experimental e não

se pretendia dele nenhuma utilidade prática, representava um passo adiante.

Faraday reconheceu, de pronto, o grande significado teórico da sua

descoberta antes desconsiderada por alguns de seus contemporâneos. Além do

mais tinha a certeza de sua importância técnica. Para a descrição geral das

condições sob as quais aparece uma corrente de indução numa bobina de fio, ou de

uma forma mais geral, quando se gera a força eletromotriz de indução num circuito

aberto ou fechado, utilizou a sua imagem favorita, linhas de força magnéticas, com a

qual estava habituado a explicar os fenômenos magnéticos.

A exigência era que um fio condutor devia cortar linhas de força magnéticas, e

a força eletromotriz de indução parecia ser proporcional ao número de linhas de

força cortadas na unidade de tempo. Esta imagem das linhas de força da qual

Faraday sempre foi adepto e com a qual em 1851 dizia mais uma vez, um tanto

enfático, que podia ilustrar todos os fenômenos experimentalmente determinados,

devia a sua existência às bem conhecidas figuras segundo as quais se dispõem as

partículas de limalha de ferro nas proximidades de um ímã. Idealizou-as sob a forma

de linhas que enchiam todo o espaço e cuja tangente dava em cada ponto a direção

do campo magnético, assim como introduziu concepções tais como tubo de força e

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unidade de tubo de força, que desde então têm sido conceitos básicos essenciais

da física.

Ao mesmo tempo em que Faraday fazia as suas descobertas, observações

semelhantes eram feitas pelo americano Joseph Henry. No decurso de experiências

sobre a capacidade de carga de eletromagnetos, observou, em 1829, a aparição de

uma forte faísca na interrupção da corrente num fio comprido enrolado em bobina

em torno de um núcleo de ferro. Foi assim descoberto o fenômeno da auto-indução.

Sobre o assunto, foi publicado um folheto, em 1832. Neste mesmo ano, William

Jenkins, na Inglaterra, disse a Faraday que havia experimentado um choque ao

cortar um circuito idêntico. Isto levou Faraday a publicar o resultado das

investigações em 1835 sobre as chamadas “extra- correntes” obtido ao estabelecer

e interromper um circuito.

Nas suas experiências, Faraday e Henry teriam feito inconscientemente o uso

do transformador. Um tipo que se tornou bem conhecido durante o século XIX era a

bobina de indução, por meio da qual se podiam gerar descargas de alta tensão, e

que tem o nome do fabricante alemão de instrumentos Henrich Daniell Ruhmkorff,

que vivia em Paris (1851). Anteriormente, porém, nos Estados Unidos, Grafton Page

tinha construído uma bobina de indução em 1831 e aperfeiçoado em 1851. Mais

tarde foram introduzidos neste instrumento numerosos melhoramentos cujas funções

consideráveis foram ulteriormente preenchidas pelo transformador de circuito

fechado na eletrônica.

A descoberta da indução eletromagnética em breve conduziu a tentativas

para gerar correntes potentes que pudessem ser utilizadas para objetivos da técnica.

No início, os cientistas conseguiram resultado fazendo girar bobinas entre os pólos

de imãs permanentes e mais tarde entre os de eletroímãs. Em 1861, António

Pacinotti, e, independentemente, em 1868, Zénobe-Théophile Gramme inventaram

um método por meio do qual as correntes alternadas produzidas podiam ser

convertidas em corrente contínua. De grande importância era o chamado princípio

do dínamo, introduzido em 1866 por Werner von Siemens: o campo magnético que

gera a corrente é produzido pela corrente fornecida pela própria máquina. Isto se

tornava possível devido ao magnetismo remanescente nas peças polares.

Não se vai abordar sobre as muitas aplicações subseqüentes da indução

eletromagnética nos geradores de corrente alterna e trifásica e em diversos tipos de

motores elétricos por considerar desnecessário para o propósito deste trabalho.

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Entretanto, precisa ficar registrado que foi o desenvolvimento da eletrotécnica que

tornou possível, em primeiro lugar, a aplicação prática da lâmpada elétrica - um fato

bastante considerado. Nos anos 1877-80, vários inventores se ocuparam deste

capítulo e, entre eles, Thomas Alva Edison (1847-1931) foi o mais bem sucedido.

Se o aparelho de Faraday era puramente experimental e dele não se

pretendia obter nenhuma utilidade prática, representava o grande passo a dar

adiante. Ele, não só havia projetado o primeiro motor elétrico, uma vez que um

dínamo é, em linhas gerais, um motor elétrico que funciona ao contrário, mas havia

também mostrado o caminho à conversão da energia mecânica em energia elétrica.

Mesmo ainda, tendo que se resolver muitas dificuldades práticas, se havia feito o

possível para o desenvolvimento da moderna indústria da eletricidade.

Assim, a história do desenvolvimento da indústria elétrica durante o século

XIX pode ser descrita sob três aspectos gerais: produção, distribuição e utilização.

Depois do grande impulso aos estudos experimentais sobre a eletricidade, haveria,

sem dúvida, alguns consideráveis aperfeiçoamentos a serem feitos para vencer as

imperfeições quanto a cada um destes aspectos.

A trajetória da energia elétrica caracteriza-se por caminhos diversos que

assumem diferentes contornos e abordagens, desde estudos de engenharia

eminentemente técnicos e, mais recentemente, o interesse das ciências humanas na

vertente social do consumo, em particular, para este trabalho, nos estudos da

energia elétrica na perspectiva da História da Técnica e da Tecnologia.

Entretanto, os diferentes encaminhamentos naturalmente se vinculam à

produção, distribuição e utilização da eletricidade, até porque apresentam

desdobramentos que podem acrescentar ingredientes que não são novos, porém

pouco considerados no tratamento das reais necessidades e exigências mais

urgentes reclamadas pela da sociedade atualmente.

2.7 ESTAÇÕES PRODUTORAS DE ENERGIA ELÉTRICA

A construção de bons geradores de corrente alternada não apresentava

dificuldades especiais. O transformador ainda estava na sua infância, mas Deprez,

Carpentier, Gaulard, Gibbs, e Westinghouse e outros construíram os primeiros

transformadores em condições de utilização nos anos 1880-90. As lâmpadas

elétricas típicas desses tempos - as lâmpadas de arco - foram desenvolvidas por

Brush, Jablochkoff (Cuja lâmpada foi usada no primeiro sistema no mundo de

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iluminação pública elétrica em Lisboa, no Chiado em 1878) e Weston (1877), tendo

Edison fornecido muitas invenções que auxiliaram na conveniente produção e

distribuição de eletricidade.

Em 1878 foram instaladas 16 lâmpadas de Jablochkoff, perto da Ópera de

Paris. Um ano depois, a primeira companhia, Califórnia Electric Light Co., instalou

geradores Brush alimentando lâmpadas de arco e já vendia eletricidade nos Estados

Unidos. Em 1880 seguiu-se Nova Iorque e, à medida que a lâmpada elétrica de

ampola se desenvolvia, o progresso tornou-se rápido. Em 1882, Thomas Alva

Edison abriu a estação produtora de energia elétrica de Pearl Street, da Companhia

de Iluminação Elétrica Edison, Nova Iorque, que fornecia corrente elétrica para 800

lâmpadas e, em pouco mais de um ano, este número aumentava para 12.732, e

Edison havia, entretanto, inventado um contador para ser usado pelo consumidor.

A primeira estação hidroelétrica foi aberta em Appletown, Wisconsin, em

1882. Quatro anos mais tarde, Buffalo era a primeira cidade que contava com uma

estação geradora de corrente alternada, fornecendo eletricidade para lâmpadas e

energia em larga escala.

Daí em diante, até 1910, houve inúmeras experiências e estudos para novas

aplicações da eletricidade, apesar de, até então, várias vezes tenham sido evocadas

as possibilidades de novas aplicações. Exemplo disso foi a demonstração feita em

1803 durante a realização da Feira de Viena, onde praticamente todas as aplicações

da eletricidade foram expostas: o fogareiro elétrico, caçarolas, almofadas e lençóis

elétricos. Data de 1865 o mais antigo aspirador de carpetes e máquinas de lavar

pratos utilizando o princípio da força centrífuga, e as primeiras máquinas de lavar

roupa foram comercializadas em 1869. A Feira Mundial de Chicago em 1893 teve

muito a ver com a rápida disseminação da aparelhagem elétrica.

Depois de 1910, a tração elétrica e o consumo de energia para outros fins

passaram a utilizar a eletricidade intensamente. O abastecimento aos carros

elétricos, lâmpadas e motores veio regularizar esta carga errática das estações

geradoras que começaram a produzir de forma contínua e econômica.

Foi, portanto, a partir de 1920 que o consumo de eletricidade ascendeu de

forma constante devido ao desenvolvimento das centrais hidroelétricas e à utilização

desta modalidade de energia nas indústrias. Tais usos podem ser exemplificados

pela sua utilização na metalurgia dos aços especiais e do alumínio e na produção de

carburetos e outros produtos químicos.

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Na história da eletricidade, da qual foram destacados aspectos mais

abrangentes, facilmente pode-se situar que eram contemplados mais os objetos

produzidos e pouco sobre como foram feitos - o conhecimento que os

fundamentava.

Bem mais adiante, os esforços empreendidos e os detalhamentos foram

sendo conhecidos; ainda que restritas, as explicações do processo e de seus

resultados eram dados a conhecer, na forma de tratados. Apenas para recordar

alguns deles, já mencionados no decorrer da explanação: “De magnete”, 1600, de

Gilbert; Tratado dos magnetes artificiais, 1750, de John Mitchell; a obra Comentários

sobre as forças da eletricidade em movimento muscular, 1791, de Luigi Galvani; a

obra História e estado presente da eletricidade, com experiências originais, 1776, de

Joseph Priesley; Concepções e teorias da eletricidade, 1800, de Volta;

Demonstração prática da indução eletromagnética, 1831, de Michael Faraday.

Na seqüência, alternam-se as descobertas científicas, as aplicações

científicas e os produtos delas resultantes, porém nem sempre isso ocorre de forma

simultânea, daí outra distinção precisa ser estabelecida entre invenção e inovação.

A invenção, a grosso modo, corresponde à aplicação técnica, tendo como resultado

um novo produto, e a inovação representa a aceitação social pelo produto e/ou a

sua absorção.

A descrição sobre as questões internacionais, conforme se optou fazer

inicialmente, justifica-se pela precedência que tem sobre as nacionais e serve, entre

outras coisas, para revelar as inclinações que existiram a partir de um determinado

período em associar a teoria e a prática no setor elétrico. Entretanto, a associação

direta e imediata entre inventos e aplicações industriais por si só não se configura

como Tecnologia, tampouco a indústria de equipamentos elétricos pode ser

interpretada como representante dos avanços técnico-científicos. Há, entretanto,

raras e honrosas exceções.

2.8 TÉCNICA E TECNOLOGIA

Algumas questões objetivas, porque impregnadas de significado, merecem

ser tratadas e também porque, ao lado da especificidade do conhecimento científico,

também fundamentam e dão sentido ao conjunto deste trabalho.

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Recorre-se, como elemento de reflexão a questões relativas da História da

Técnica e da Tecnologia, pois elas fazem parte do cenário em que ocorrem os já

descritos avanços científicos.

Embora sejam expressões veiculadas atualmente com certa regularidade,

nem sempre expressam os conflituosos excessos presentes nas combinações entre

conceitos, concepções, definições de Técnica e Tecnologia, porque invariavelmente

aparecem associadas, confundindo e, assim, dificultando a compreensão de cada

uma delas quanto às distinções e nexos existentes. Sabe-se, entretanto, que estas

expressões guardam entre si diferenças substanciais, nem sempre observadas. Para

remover, ao menos em parte, a visão reducionista estabelecida e que persiste,

sabidamente, por razões ideológicas e superficiais - fonte de infindáveis debates -,

decidiu-se retomar a questão do ponto de vista teórico.

Dentre as conseqüentes formulações teóricas, interessa destacar agora

apenas duas questões levantadas em estudos sobre a Técnica e a Tecnologia por

considerá-las relevantes ao que se pretende. Num primeiro momento, cumpre

reconhecer que Técnica e Tecnologia, segundo GAMA, representam categorias

distintas, que precisam ser examinadas separadamente. Num segundo momento

reconhecer aspectos diferenciadores entre Técnica e Tecnologia.

Adotar esta visão como fundamento de análise de outras causas significa

também ter claras essas distinções, que não correspondem a pormenores ou

simplesmente detalhes. Ao contrário, estimulam, ampliam e enriquecem o debate.

Tratam de pontos de referência julgados necessários para demarcar o plano teórico

consistente quanto à força argumentativa, à substancialidade, porquanto a

credibilidade das concepções encontradas na vasta obra deste conceituado autor.

Quanto aos aspectos relativos à Técnica, referencia-se a conceituação

adotada por GAMA (1986 p30) extraída do Dicionário das Ciências Sociais12 como

sendo o conjunto de regras práticas para fazer coisas determinadas, envolvendo a

habilidade do executor e transmitidas, verbalmente, pelo exemplo, no uso das mãos,

dos instrumentos e ferramentas e das máquinas.(...). Observou-se, porém, através

da exposição inicial sobre o magnetismo, que nada foi acrescentado em relação ao

que já se havia observado: os aspectos técnicos relacionados ao conhecimento

12 Alain Birou. Dicionário das Ciências Sociais. Lisboa, D.Quixote.1966.

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empírico, as pré-condições e fatores determinantes à realização das descobertas

iniciais.

Até onde foi possível identificar, é improvável associar inteiramente o fato

relatado sobre o magnetismo aos progressos técnicos que se tornaram possíveis a

partir do estabelecimento da ciência e que foram introduzidos na seqüência em que

os resultados eram comunicados - a natureza espontânea, através da qual ocorre a

descoberta, e a conceituação proposta parecem ter ficado à margem quando o autor

se refere à “transmissão”. O registro é necessário para o entendimento daquilo que

se compreende por Tecnologia, tanto do ponto de vista da concepção quanto da

localização histórica.

Este fato remete aos encaminhamentos feitos por GAMA (1987, p.30), sobre

Técnica e Tecnologia. Técnica: conjunto de regras práticas para fazer coisas determinadas, envolvendo a habilidade do executor e transmitidas, verbalmente, pelo exemplo, no uso das mãos, instrumentos e ferramentas e das máquinas. Alarga-se freqüentemente o conceito para nele incluir o conjunto dos processos de uma ciência, arte ou ofício, para obtenção de um resultado determinado com o melhor rendimento possível. Tecnologia: estudo e conhecimento científico das operações técnicas ou da técnica. Compreende o estudo sistemático dos instrumentos, ferramentas e das máquinas nos diversos ramos da técnica, dos gestos e dos tempos de trabalho e dos custos, dos materiais e da energia empregada.

Reconhecer os aspectos diferenciadores entre Técnica e Tecnologia seria o

segundo momento da análise. Implica também reconhecer que, entre outros,

igualmente importantes estudiosos na área de História da Técnica e da Tecnologia,

foi GAMA quem primeiro chamou a atenção para as visões reducionistas,

mercadológicas e superficiais correntes sobre Tecnologia. Preocupações alinhadas

também aparecem nas produções de NADAL (2000), ao dizer que: (...) a confusão conceitual sobre Tecnologia, estabelecida pelo senso comum vem sendo apressadamente reproduzida; prospera e por vezes impera até mesmo no âmbito da comunidade acadêmica. Sem reflexão crítica não se percebem as conseqüências que a visão reducionista sobre Tecnologia pode acarretar. Apesar de todo o esforço de desmistificação a confusão conceitual persiste. Testemunhamos, com grande freqüência, os termos Técnica e Tecnologia, invariavelmente, ou com raras exceções, apresentados como se tivessem o mesmo significado. Fonte: Técnica e Tecnologia: aparências e essência. In: Arte, Técnica e Tecnologia nos caminhos-de-ferro do Paraná. São Paulo,FAU/USP.2000.

Embora essas expressões sejam veiculadas atualmente com certa

naturalidade pela maioria das pessoas, elas são utilizadas usualmente apresentando

a mesma conotação, o que faz com que se confundam num mesmo texto. Basta

examinar com atenção a mensagem em que Gama afirma que ”Técnica e

Tecnologia representam categorias distintas” que precisam ser examinadas

separadamente, que a confusão conceitual e os excessos ficam evidentes.

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Observa e acrescenta NADAL,1995, que: (...) a percepção de que Tecnologia, conseqüentemente, precisa ultrapassar a visão simplista de instrumentos, utensílios, ferramentas e máquinas. Assim sendo, torna-se tão imprescindível quanto urgente a superação da deficiência, quase crônica, de associar Tecnologia a objetos, numa clara intenção de coisificá-la e ao mesmo tempo, distanciando-a de sua função precípua de ocupar, ao lado da Inovação de processos, em diferentes setores da atividade humana, o seu papel fundamental na promoção do desenvolvimento econômico e social.

Por se considerarem sensatas as observações anteriores, quanto à visão

reducionista de Tecnologia, optou-se neste trabalho acompanhar esta linha de

raciocínio até porque revela claras vinculações com o que disse Marx a esse

respeito: o que distingue as diferentes épocas econômicas não é o que se faz, mas

como se faz, com que meios de trabalho se faz. Na célebre obra, O Capital, Marx

procura provar que o mal do mundo repousa, exclusivamente, na má distribuição das

riquezas e separa ontologicamente o instrumento da máquina.

Assim, novamente, recorre-se à outra formulação de GAMA para Tecnologia. A tecnologia é o estudo sistemático dos instrumentos, dos procedimentos e métodos que se empregam nos diversos ramos da técnica. Esta disciplina, essencialmente prática nasceu com o aparecimento da ciência aplicada. Antes disso os vários ofícios aprendiam-se empiricamente: a criação e utilização dos instrumentos necessários faziam-se por transmissão direta, pela destreza etc. A tecnologia é a aplicação dos métodos das ciências naturais e das ciências físicas ao exercício de uma atividade a fim de conhecer todas as leis intervenientes, de criticar e aperfeiçoar os processos e de comunicar o seu conhecimento pelo ensino técnico. (GAMA,1982,p, 163)

Nessa perspectiva, tem-se que a tecnologia estuda cientificamente a técnica e

o uso dos meios de trabalho, portanto é uma ciência e, assim sendo, ocupa-se da

revelação do segredo do saber-fazer técnico em diversos campos do conhecimento.

Ou seja, gerar o conhecimento e promover a sua transmissão, tendo como função

alimentar e realimentar o processo produtivo no interior das relações sociais,

transformando realidades em diferentes segmentos.

Esta compreensão vem sendo utilizada em trabalhos que abordam outros

temas explorados em História da Técnica e da Tecnologia, que originalmente nela se

apóiam reforçando esta mesma referência. Contudo, a ênfase se faz necessária,

justamente para salientar a sua força explicativa, cuja consistência se amplia pelos

exemplos enriquecedores e que aguçam o interesse pelo seu aprofundamento.

Dissociado da conceituação veiculada nos apelos de mídia, como sendo o

aperfeiçoamento de máquinas, utensílios e artefatos, encontra-se o pensamento de

Gordon Childe, citado por Gama no livro Engenho e tecnologia: (...) a Tecnologia deveria abranger o estudo das atividades que têm por objetivo a satisfação das necessidades humanas e que produzem alterações no mundo físico. (...) ampliou-se o conceito do termo para incluir o resultado de tais atividades. Tomada nesta acepção, toda

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Tecnologia, como a própria vida humana, envolve a cooperação regular e habitual dos membros de um grupo humano, de uma sociedade. O caráter de cooperação do grupo, em qualquer época, é afetado pelo seu tamanho, pelas necessidades reconhecidas pela sociedade e pelo relacionamento entre os seus componentes (organização social). (GAMA, 1986, p.44)

Aqui se acrescenta a justificativa: Depois de estabelecer a diferenciação entre Técnica e Tecnologia, tem-se claro o significado e a finalidade de cada uma. Cumpre dizer que é possível crer que Tecnologia, como ciência do trabalho, resulta da atividade humana e, necessariamente, encontra-se inserida num contexto histórico, cultural, social, econômico e político. Portanto, tecnologia e trabalho se confundem no momento em que se pretende compreender o processo de organização da sociedade através dos Modos e Meios de Produção. Fonte:(Projeto do Grupo de estudos Trilogia: Arte, Técnica e Tecnologia, 2001)

Nisto reside, em grande parte, o sentido humanista do significado de

tecnologia, a tônica que perpassa estudos e debates empreendidos pelos membros

do Grupo Trilogia: Arte, Técnica e Tecnologia13 encetado por Maria Vilma Rodrigues

Nadal14 2000, que habitualmente prima pela observância dos princípios das ciências

humanas nas formulações relacionadas à Tecnologia.

Para aquecer o debate, NADAL se pronuncia, sempre que precisa rebater a

crença utópica da “tecnologia transferida comprada, vendida enfim comercializada”,

adotada e exibida em linguagem corrente por alguns descuidados simplistas,

quando diz: Se considerássemos tecnologia somente ciência aplicada, bastaria a “transferência”, que o desenvolvimento tecnológico estaria assegurado como um processo automático e universal, podendo ocorrer em todas as sociedades de modo instantâneo. Isto porque, sendo pensado e regulado pelas leis e valores de racionalidade instrumental e eficácia e ditado pelo sistema econômico hoje universalmente vigente, independe da vontade dos indivíduos para se estabelecer. Ao sobrepor-se aos aspectos culturais e se subordinar à vontade humana é indubitável a funesta conseqüência: da óbvia aproximação mais a um absolutismo tecnológico do que ao almejado desenvolvimento tecnológico. Diante do impasse, a opção que se tem aponta dois caminhos: a deliberada resistência conseqüente ou optar pela multiplicação do discurso da moda. Razão pela qual insistimos na importância da interpretação honesta da Tecnologia, isto é, como produto das relações humanas no mundo do trabalho, portanto, a ciência do trabalho e que não se restringe apenas à “aplicação da ciência”.

Desde que foi criado em 2001, no Estado do Paraná, o Grupo elaborou um

escopo teórico centrado nessa linha de pensamento no qual a coordenadora e seus

membros mais atuantes vêm contribuindo ao seu aprofundamento através de

13 Grupo de estudos e pesquisas idealizado e dinamizado no Estado do Paraná desde fevereiro de

2001. 14 Pedagoga - Supervisora de Ensino; Mestre em Educação pela UFPR;

Doutora em Arquitetura e Urbanismo pela FAU/USP; Docente e Pesquisadora do Programa de Pós Graduação em Tecnologia - PPGTE até 2003. Coordenadora do Grupo Trilogia: Arte, Técnica e Tecnologia - PR.

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encontros periódicos para estudos e discussões e com a realização de pesquisas

coletivas e individuais nesta direção.

Outro aspecto que convém sublinhar neste trabalho é que os esforços foram

conjugados na direção de ultrapassar a visão do senso comum quanto à

compreensão de tecnologia, para o que se destacam fatores particulares

compartilhados pela via acadêmica e pelos Centros de P&D, como é o caso do

LACTEC.

Neste instante importa observar que ingredientes não apenas técnicos fazem

parte do contexto. Forças políticas e interesses econômicos não podem ser

desconsiderados.

2.9 ENERGIA ELÉTRICA: FORÇA NO IMPULSO ECONÔMICO NACIONAL

Ainda que marcadamente tenha sido no eixo Rio - São Paulo que o capital

estrangeiro teve maior poder de penetração e instalação em atividades produtivas,

foi na primeira metade do século XX que desabrocha, não por acaso, o Brasil.

Capitais estrangeiros são investidos em setores ainda não cobertos pelos

nacionais, como ocorreu no setor de energia elétrica, uma vez que se tem um Brasil

cuja maturidade para a ascensão no processo de industrialização estava longe de

ser alcançada.

Este fato fica mais evidente após a Primeira Guerra Mundial, com a intensa

penetração dos capitais norte-americanos em atividades produtivas, sobretudo nos

setores primário e secundário nacionais. Entretanto, representa um projeto nada

revolucionário do ponto de vista das alterações sociais substantivas.

No que se refere às aplicações industriais, pouco se pode relatar, uma vez

que o processo de industrialização ainda incipiente, impulsionado pela monocultura -

a cafeicultura, riqueza agrícola que estimula a indústria manufatureira em São Paulo

- favoreceu, entre outros setores, a indústria, com a construção de ferrovias e

investimentos em energia elétrica. Também a indústria têxtil que, até 1907, tinha a

maioria de suas máquinas movidas a vapor.

Para exemplificar, em 1889, capitalistas canadenses formaram, em Toronto, a

São Paulo Light and Power Co., com capital de 6 milhões de dólares, para geração,

uso e venda de eletricidade, incluindo a exploração de telégrafos, telefones e

transportes urbanos. Antes, porém, é preciso destacar a iniciativa de fazendeiros-

empresários que fundaram várias companhias para o fornecimento de energia

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elétrica em São Paulo - a Cia. Água e Luz do Estado de São Paulo - que foi

rapidamente incorporada pela São Paulo Tramway, Light and Power Co, de Toronto.

Apesar de não ter sido uma aceitação passiva, deu-se o monopólio da Light - a

chamada “polvo canadense” - obtido através da concessão através da Lei Municipal

nº 528 de julho de 1901.

Evidencia-se, dessa forma, que elementos de outra ordem, que não os

técnicos, fazem parte do contexto. Forças políticas e interesses econômicos não

podem ser desconsiderados. O artigo veiculado num periódico nacional de ampla

circulação “O Cruzeiro”, 1928, pode ajudar a entender o que pensavam sobre o

futuro, agora presente, e que estamos a revelar através deste estudo. A Éra das Forças Hydraulicas –site citado nas referências

Anno 2000. A população do Brasil attingiu 200 milhões de pessoas a precisarem de energia para as suas multiplas actividades: compreende-se como essa necessidade levou ao aproveitamento das forças hydraulicas. Lentamente, medrosamente, a principio, essa utilização de energia se foi, depois, aos poucos accelerando. No anno 2000 já estão longe os tempos em que ainda se importavam carvão e petroleo! Esses recursos primitivos, condemnados pelo progresso da technica, foram desapparecendo, passando a constituir apenas uma recordação historica. Os 50 milhões de cavallos-vapor de energia hydro-electrica, utilizados no Brasil, no anno 2000, equivalendo ao trabalho mecanico de 600 milhões de homens, a população brasileira, do ponto de vista energetico, é então computavel em 800 milhões. Nessas condições, não admira que sejam enfrentados e convenientemente resolvidos os problemas da producção. As questões nacionaes são, então, estudadas por gente competente, tendo acabado, ha muito, a influencia dos politicos profissionaes. A Natureza, dia a dia dominada, é cada vez mais perfeitamente aproveitada. A luta do homem para o progresso passou a ser travada especialmente nos laboratorios de pesquisa. Ahi é que perscrutam, pacientemente, os segredos da Natureza, e dahi é que saem os processos, cada vez mais aperfeiçoados, de dominio da energia cosmica. Como estamos longe dos tempos em que nem havia Universidade no Brasil, a nao ser umas instituições de fachada, formadas por escolas exclusivamente para ensino profissional, e onde a pesquisa scientifica não se podia fazer! Todas as actividades industriaes foram avassaladas pela energia electrica. São as industrias electro-chimicas, num desdobramento maravilhoso; é a electro-metallurgia; é, ainda, a energia para tudo. As distancias desappareceram, por assim dizer, desde que se resolveu o problema de irradiação da energia. Lembram-se todos como começou a ser resolvida essa questão. Foi, a principio, a radio-telephonia, logo seguida da radio-photographia. Pouco depois, irradiava-se energia pra fins industriaes, e os motores electricos com energia irradiada se installaram em todos os vehiculos: bondes, trens, automoveis, aeroplanos, navios; e em todas as fabricas; e em todos os logares onde a energia se faz precisa. O problema da distribuição da energia passou, desde então, a ser uma questão definitivamente resolvida. Transformara-se, com isso, a vida, que Nietzsche affirmou ser, essencialmente, uma aspiração á maior somma de poder, numa vontade que permanece, intima e profunda, em

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todo ser vivo. A luta pela existencia, pelo poder, pela preponderancia, com a nova forma de distribuição de energia passara a ser uma luta pela posse da energia electrica. A importancia dos povos se alterara, sendo regida a sua classificação pelo valor das reservas em forças hydraulicas. É assim que o 1° lugar passara a ser da Africa, com os seus 190 milhões de cavallos-vapor hydro-electricos. Em 2° logar vinha a Asia, com 71 milhões. A America do Norte, com 62 milhões, ficara em 3° logar, e a America do Sul em 4° logar, com 60 milhoes de cavallos-vapor hydro-electricos, dos quase 50 cabendo ao Brasil. A Europa, com 45 milhões de cavallos, ficara tendo atrás de si unicamente a Oceania, com 17 milhões. Cabia agora o dominio aos povos que dispunham de maior somma de energia hydro-electrica. Passara o tempo do imperialismo do carvão e do petroleo, e chegara a era da energia electrica. Os 445 milhões de cavallos-vapor, em que se orçara a energia total das forças hydraulicas da Terra, passaram a regular decisivamente a importancia relativa das 5 partes do mundo. Ainda ha, no anno 2000, philosophos a indagarem se o progresso existe, affirmando que o que interessa não é poder ser enviado o pensamento á volta da terra, em alguns segundos, mas sim saber se esse pensamento é melhor, mais profundamente humano, mais justo. A vida, em todo caso, mudou completamente. Melhor? Peor? - É difficil sabe-lo. Mas, seguramente, é differente. É a era da electricidade. A differença entre a vida de então e a dos anteriores é alguma coisa como a differença hoje

existente entre a vida dss grandes cidades e a do campo. O ambiente é outro. Outra é a organização da vida. Cada vez o homem se afasta mais da Natureza. Primeiro, liberta-se do dia e da noite. A luz artifical permitte-lhe a vida nocturna absolutamente igual á do dia; a luz solar não é mais reguladora dos habitos quotidianos. A vida em grandes aglomerações vae, aos poucos, deixando em todos os habitos a sua marca. As facilidades augmentam para tudo e os multiplos actos da vida se vão, lentamente mas constantemente, adaptando á nova ordem das coisas. O tempo se distribue de outro modo, e os affazeres são outros. Outros são, tambem, os divertimentos. Insensivelmente, as differenças se vão accentuando. As viagens e os proprios passeios diminuiram muito, desde que, sem sair de casa, pode-se ver o que ha em qualquer parte da Terra: a televisão, juntada á telephonia, modificou radicalmente os habitos.

Não ha necessidade de sair para fazer compras: vê-se, escolhe-se, encommenda-se tupo pelo telephone-televisor automatico. Não ha mais necessidade de viajar, para ver terras longinquas: é só ligar o receptor, e visita-se, commodamente, qualquer museu, ou qualquer paiz. Sómente os objectos devem ser transportados. Na era da electricidade o rei dos metaes é o aluminio, retirado das argilas pela energia electrica. O aluminio supplantou, com as suas ligas, o ferro, pesado demais e facilmente oxydavel, e ainda substitui o papel, tão facilmente deterioravel. De aluminio são os livros. É em folhas de aluminio que se escreve. A era da electricidade se caracteriza, essencialmente, pelo emprego da electricidade em todas as formas de energia. Energia luminosa: tudo se iluminna electricamente. Energia chimica: tudo deriva da electricidade. Energia thermica: tudo se aquece ou se resfria pela electricidade. Energia mecanica: tudo se movimenta pela electricidade. Servindo para tudo, a energia electrica passa a ser a nova moeda. O ouro e as suas representações são formas obsoletas de medir valores. A moeda, no anno 2000, é, tambem, a energia electrica. Pagam-se as compras em kilowatts. Paga-se o trabalho en kilowatts. A revolução trazida é principalmente nos habitos. Continúa a haver desigualdades sociaes. Ha ricos, possuidores de milhões de killowatts-horas, remediados, que têm alguns milhares de unidades de energia; e pobres, que dispõem apenas de algumas unidades. É verdade que não ha mais fome, desde a adopção do trabalho obrigatorio minimo, nas usinas distribuidoras de energia. Mas as questões sociaes continuam. Muitos pretendem estender o dominio da actividade industrial do Estado. Parece-lhes insufficiente o monopolio governamental das usinas geradoras e distribuidoras de energia. Começou a questão

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a proposito da regularização do clima. Uma vez reservada para o Estado a faculdade de provocar as chuvas pela energia irradiada ás nuvens, determinando-lhes a condensação, pareceu a muitos que se deveriam ampliar ainda mais as horas de trabalho obrigatorio minimo, servir-se-ia melhor a colectividade minima do trabalho. Só haveria vantagens nisso. Objectam, porém, alguns ser o caso das usinas de energia, evidentemente, especial. Da mesma forma, o da distribuição das chuvas, vantajosamente affecto ás autoridades, para beneficio geral. A Repartição das Chuvas, dispondo de todo o serviço official de estatistica, e em connexão com os demais repartições do Ministerio da Agricultura, é uma organização que se resolveu dever ser do Estado. Ampliar, porém, ainda mais os serviços governamentaes, numa socialização progressiva de todas as actividades, não merece as sympathias de um grupo numeroso. Já todos os homens e todas as mulheres, maiores de 18 annos, são obrigados a um serviço diario de 2 horas. Breve serão 3 horas. Onde se irá para nesse caminho? Invocam-se contra as idéias de socialização os velhos principios da liberdade individual. A questão está, assim, longe de ser resolvida. Sonho? - Sim. Mas o sonho de hoje poderá ser, amanhã, realidade. Sabe-se lá até onde nos levará a evolução que hoje se processa tão aceleradamente? Como será a vida no anno 2000? A inserção do Brasil à condição de país em processo de industrialização vem ocorrendo de forma lenta e gradual, em que se alternam períodos de avanço e estagnação. As condições gerais nacionais apontavam, em fins do século XIX, mais para as então restritas possibilidades de alçar vôo do que para grandes perspectivas, a exemplo do que estava ocorrendo no cenário internacional em países em desenvolvimento. Revista O Cruzeiro, http://www.memoriaviva.digi.com.br/ocruzeiro/10111928/101128_3.htm acessado em outubro de 2005.

O artigo acima mostra uma visão romântica e futurista da importância da

eletricidade no ano de 1928, tanto que a imagina se transformando em moeda de

troca. Nos ditames dos acertos e erros afeitos às previsões é muito próximo do que

vemos atualmente, com destaque para a análise social.

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3 O ESTADO DO PARANÁ, A ENERGIA ELÉTRICA E SUA RELAÇÃO NA DETERMINAÇÃO DOS PÓLOS INDUSTRIAIS.

Através desse capítulo considerou-se importante apresentar algumas

informações sobre o Estado do Paraná, as quais ilustrarão afirmações sobre o tema

central desta dissertação.

No Paraná e para os paranaenses, a história da energia elétrica é parte de

seu cotidiano. Em conseqüência das muitas polêmicas em torno do tema e do

potencial hidroelétrico conhecido em todo o Brasil, o povo paranaense conhece e

valoriza essa atividade.

O Paraná emergiu com vigor, ao final do século XIX, quando

coincidentemente a energia elétrica começava a ser utilizada como base energética

para a vida urbana e industrial. Por diversas razões, pode-se afirmar que o

desenvolvimento do Estado encontrou na eletricidade uma base vital e oportuna: Assim o ideal de bem estar identifica-se diretamente com as noções de progresso e modernidade. Para aqueles que podem viver dentro dessa nova ordem, não usufruir as novas conquistas tecnológicas, como a eletricidade, significa abrir mão do conforto e, como tal, uma postura retrógrada e antiquada. (A vida cotidiana no Brasil moderno, 2001, p.67)

3.1 DESCRIÇÃO FÍSICA DO ESTADO DO PARANÁ E ASPECTOS HISTÓRICOS

DE RELEVÂNCIA CONFORME O TEMA PROPOSTO - INÍCIO DO

DESENVOLVIMENTO COM A MONOCULTURA

Mais distante de Portugal, a Região Sul do Brasil teve ocupação tardia. A

presença formal européia no Paraná, início de sua história, ocorreu no século XVII,

quando foi fundada a Vila de Paranaguá, com a chegada em 1640, do Capitão

Provedor Gabriel de Lara, de fidalga família com investidura de governo militar. Em

1646, mandara erigir o Pelourinho, símbolo de poder e justiça de El-Rei. Em 1648,

tornava-se a Vila de Nossa Senhora do Rocio de Paranaguá. Primeiro município

fundado no Paraná, em razão de um desenvolvimento rápido, foi transformada pelo

Marquês de Cascais em Capitania, na data de 8 de março de 1655. Nessa primeira

etapa, procurava-se ouro e a posse e fortalecimento de terras ao sul do Brasil, junto

à fronteira com as terras de ocupação espanhola.

A energia utilizada para todos os fins era a lenha. Entretanto, a baleia, cuja

pesca era intensa nas costas brasileiras, fornecia óleo para iluminação e

composição de argamassa, o qual se verifica na composição da massa aglutinante

de tijolos, que ainda estrutura prédios históricos na região litorânea do Paraná.

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Imigrantes não-portugueses começaram a chegar ao Estado a partir de 1829,

acrescentando habilidades e atividades em seu processo de formação. Nesse

tempo, a Europa era um continente imerso em conflitos e com problemas sociais

enormes, estimulando a emigração, que se reforçava por campanhas de atração de

mão-de-obra para os países americanos.

No Paraná, primeiramente, vieram os alemães que se estabeleceram no Sul

do Estado. Depois vieram os franceses, suíços, ingleses, poloneses, italianos,

ucranianos, espanhóis e, mais tarde, os holandeses e japoneses.

Em princípio, a imigração era estimulada pelo governo imperial, num esforço

de ocupação das terras ao sul diante dos conflitos de fronteira, consolidação de

posse e ação de piratas na região.

Outro aspecto relevante a ser mencionado é que o Paraná estava no roteiro

dos tropeiros, gente que buscava no sul do Brasil o charque e o couro para a

população mais desenvolvida do Brasil, na Região Sudeste. Os Campos Gerais

eram parte desse caminho que viabilizou o surgimento de muitas cidades,

destacando-se Castro, Ponta Grossa, Jaguariaíva e Piraí do Sul.

A ampliação do comércio entre a região de mineração e o extremo sul da

colônia (BRASIL) motivou a abertura de uma estrada ligando Curitiba à Colônia de

Sacramento. Os caminhos atravessavam os Campos Gerais, onde tropeiros

conduziam o gado e muares de Viamão, no Rio Grande do Sul, para a comercializá-

los em Sorocaba, São Paulo. Destaca-se que tais percursos se tornaram artérias

econômicas e culturais no sul do Brasil. Assim, no início do século XVIII, a Região

adquiriu identidade cultural e formação histórico-regional característica. O tropeiro,

figura comum na formação do sul brasileiro, configurou-se elemento comum e típico

nos Campos Gerais.

As fazendas e invernadas da Região deram origem a povoados, vilarejos,

vilas e cidades. No decorrer dos últimos três séculos, os Campos Gerais se

constituíram fundamentais para a formação e o desenvolvimento do Paraná. Os

caminhos abertos no início do século XVIII continuaram servindo como principais

vias para o comércio e a integração entre o extremo sul e o restante do país.

Paralelamente, o Paraná teve a cultura da erva-mate, começando uma base

econômica visível aos tropeiros de passagem e fixando viajantes nas terras

paranaenses. Torna-se interessante registrar que, até o início da Primeira Guerra

Mundial, o mate era considerado o esteio econômico do Paraná. No início do século

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XX, contudo, a madeira começou a conquistar a condição de principal produto.

Nesse início de século, havia no Paraná mais de noventa engenhos para beneficiar

a erva-mate, sendo o produto exportado, sobretudo para o mercado platino.

A qualidade de suas terras e os espaços livres para ocupação atraíram

brasileiros de outros estados, especialmente Rio Grande do Sul, Santa Catarina,

São Paulo e Minas Gerais. Eram, em sua maioria, imigrantes empreendedores que a

partir de 1900 fizeram surgir cidades, cooperativas e empresas agrícolas.

Pode-se notar que o Paraná sobreviveu economicamente à base de ciclos em

cuja economia se ancorou basicamente um produto, da erva-mate para a madeira,

da madeira para o café, depois a soja, diversificando sua economia somente a partir

da segunda metade do século XX.

A fim de evidenciar alguns indicadores econômicos paranaenses, visitou-se a

página eletrônica na Internet (jul. 2004 <http://www.totaltrade.com.br/

PAGES/OPARANA1.htm>), de onde foram extraídos os números de produção

apresentados no texto em seqüência.

Conforme o referido site, a produção declinou a partir da década de 70 do

século passado, agravada pelas fortes geadas do ano de 2000; a se considerar que

a safra de café do Estado registrou grandes perdas – a produção foi de 25,5 mil

toneladas, muito abaixo das 120 mil toneladas da safra 1999/2000. A área plantada

também registrou grande redução, de 142 mil para 59,7 mil hectares, com o Paraná

situando-se, em 2003, no sexto lugar do ranking nacional na produção de café.

O café passou a ser substituído por diversos cereais que, por sua vez, deram

viabilidade à agroindústria, possível devido à existência de energia elétrica em

abundância, quando se consegue agregar valor ao produto e, deste modo

incrementar mão de obra em crescente demanda.

Ao cumprir sua vocação no setor produtivo, os agricultores do Paraná

colheram um total de 30,89 milhões de toneladas de grãos na safra 2002/2003, em

uma área de 9,4 milhões de hectares, somando-se às culturas de verão com

produtos tais como: algodão, amendoim, arroz, feijão, milho e soja; além das

culturas de inverno, com destaque para a safra do trigo e triticale - híbrido de

semente de trigo com centeio - que colheu 3,12 milhões de toneladas, com

crescimento de mais de 90% sobre a safra de 2002.

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O resultado da produção somou R$ 27 bilhões à economia estadual em 2003,

colocando a safra paranaense com cerca de 25% da safra brasileira, que foi de

122,4 milhões de toneladas, no ano de 2003.

Por suas características relacionadas à agropecuária, à avicultura e à

pecuária também cresceram. De fato, o Paraná alcançou, em 2003, o posto de maior

produtor de aves do país, com o abate de 55 milhões de cabeças mensais em

média. O Estado produz 100 mil toneladas/mês de carne de aves, quase 20% da

produção nacional, que ainge 520 mil toneladas por mês. Possui ainda 10,3 milhões

de cabeças de bovinos, e 4,2 milhões de cabeças de suínos.

A visão do governador Ney Braga, que não era diferente da imaginada por

diversas lideranças à época, foi um ponto de partida administrativo do estado,

promovendo mudanças significativas na estratégia de desenvolvimento.

Em seu discurso proferido em 31 de janeiro de 1961 Ney Braga afirma que : (...) Uma das etapas do nosso programa procurará criar condições necessárias para dar estabilidade à nossa economia e reduzir a fuga de recursos que aqui deveriam ser aplicados. Um Paraná industrializado, cuja estabilidade econômica garanta a agricultura, será possível desde que se prepare, com urgência, a sua infra-estrutura econômica nos setores de energia elétrica e transportes.(...)( Ney Braga citado por Silva, p.89,1993)

A industrialização do Estado do Paraná tornou-se significativa nas últimas três

décadas do século passado, devido a investimentos voltados à infra-estrutura e

políticas de parceria com interesses afins.

Além disso, ao final do século XX e início deste século, a economia

paranaense tem experimentando importante avanço em seu perfil industrial, com a

expansão da agroindústria, implantação de pólos de tecnologia e atração de novos

empreendimentos.

O governo estadual adotou forte política de incentivos, o que levou o Paraná

a contabilizar US$ 21,4 bilhões em novos projetos industriais nos últimos seis anos,

com a geração de 500 mil novos empregos.

Atualmente, a indústria é responsável por 35% da atividade econômica

paranaense, e obteve em 2002 o maior faturamento dos últimos dez anos, maior em

60% que o volume de 1992. As vendas industriais cresceram 9% e as compras

tiveram um aumento de 18,3%.

Ainda, o Paraná é um dos estados mais competitivos do Mercosul, não só

pelo seu potencial econômico, mas por sua localização estratégica e pela ampla

infra-estrutura de transporte, que inclui rodovias, ferrovias, portos e aeroportos de

boa qualidade.

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No ano de 2003, o Paraná exportou US$ 7,1 bilhões, cerca de 10% das

vendas do Brasil ao exterior. Os produtos integrantes do chamado complexo soja –

grãos, farelo e óleo - foram responsáveis por um terço do volume das exportações

paranaenses. No mesmo ano, o agronegócio respondeu por cerca de 65% (US$ 4,7

bilhões) das vendas do Paraná ao exterior.

O montante das importações também cresceu consideravelmente nos últimos

anos, por conseqüência da expansão industrial, que leva o Paraná a adquirir mais

peças e insumos. O volume das importações paranaenses, no ano de 2003, foi de

quase U$ 4 bilhões, resultando um superávit comercial de US$ 3,7 bilhões no ano.

O produto interno bruto (PIB) do Estado, com esses avanços, multiplicou-se

de R$ 21 bilhões, em 1994, para quase R$ 95 bilhões no ano 2003, levando a renda

per capita no Estado a US$ 3,400.00. Do PIB paranaense, 40% têm origem no

agronegócio, sendo 29,8% originados somente na agropecuária, que registrou o PIB

de R$ 28 bilhões, em 2003.

3.2 O PARANÁ E A DISTRIBUIÇÃO DEMOGRÁFICA

Por ocasião do último recenseamento (Censo 2000), de acordo com os dados

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o número de habitantes do

Paraná era de 9,5 milhões, dos quais 7,7 milhões residentes na zona urbana e 1,7

milhão na zona rural.

A taxa anual de crescimento demográfico no Estado é moderada, de 1,2%.

No Paraná existem 399 municípios, que ocupam 199.554 km2,

correspondentes a uma área de 2,3% do território nacional. As maiores cidades, em

números absolutos de população, são: Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa,

Foz do Iguaçu e Cascavel.

O Estado do Paraná se destaca nacionalmente pelo seu potencial econômico,

condição natural de sua topografia, clima e localização. Com a ampliação da

fronteira agrícola brasileira sobre o território paranaense, sobretudo na cultura

cafeeira, no começo do século XX, o Paraná conquistou uma base econômica que

atraiu imigrantes, povoando uma região antes ocupada por densas florestas. Essas

florestas, dominadas por araucárias e outras árvores de grande valor, haviam sido

objeto de atenção dos madeireiros, abrindo espaços para a agricultura, ainda que,

por sua vez, em alguns lugares a pecuária dominasse.

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A partir da metade do século XX, o desenvolvimento econômico paranaense

transcorreu de modo acelerado, havendo, entretanto, passado por alguns

retrocessos entre os quais o maior, provavelmente, foi a erradicação do café. Tratou-

se de uma década em que cidades do interior viram diminuir suas taxas de

crescimento demográfico e, por outro lado, Curitiba passou a crescer

aceleradamente com o êxodo rural. Tal fenômeno passaria a ser objeto de estudo de

vários pesquisadores pois essa transferência em massa do campo para a cidade

selou um destino socioeconômico que mudaria substancialmente seu perfil histórico,

sem precedentes no Brasil.

Conforme o que preconiza NADAL (2000), O movimento migratório de origem rural veio sacrificar pesadamente o sistema de cidades do Paraná: 57% dos núcleos urbanos cresceram em taxas superiores ao crescimento vegetativo; a taxa de urbanização da população paranaense passou de 36% para 58%. E a concentração espacial da indústria resultou no crescimento desregrado da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), a que mais cresceu em todo o país durante o período (70-80), com taxas médias de 5,8% ao ano (IN Revista Educação e Tecnologia, N.7,2003, p.96).

De acordo com o IBGE, vislumbra-se como tem sido esse processo,

particularmente no Paraná, bem como no cenário nacional. QUADRO 1 - MOVIMENTO MIGRATÓRIO NO BRASIL

1950 1960 1970 1980 1991 2000

TOTAL 51.944.397 70.992.343 93.134.846 119.011.052 146.825.475 169.799.170

URBANO 18.782.891 32.004.817 52.097.260 80.437.327 110.990.990 137.953.959

RURAL 33.161.506 38.987.526 41.037.586 38.573.725 35.834.485 31.845.211

TOTAL 2.115.547 4.296.375 6.929.821 7.629.849 8.448.713 9.563.458

URBANO 528.288 1.327.982 2.504.253 4.472.506 6.197.953 7.786.084

RURAL 1.587.259 2.968.393 4.425.568 3.157.343 2.250.760 1.777.374

BRASIL

PARANÁ

ANOESPECIFICAÇÃO

FONTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA, 1994.

O gráfico apresentado na figura 4 mostra que até a década de sessenta o

Paraná possuía uma parcela de sua população na área rural maior que a média

brasileira. Esse cenário começou a mudar na década de setenta, quando o Estado

sofreu o fenômeno da geada negra de 1975 e a erradicação do café.

O resultado conjugado “erradicação do café / industrialização” promoveu um

forte processo de urbanização do Estado, fortalecido também pela elevação das

áreas urbanas, criando-se municípios abrangendo espaços praticamente rurais,

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detalhe este que não é priorizado no presente estudo. O gráfico apresentado na

figura 4 mostra essa tendência a partir da década de setenta do século passado,

onde pode-se notar uma forte inflexão na taxa de urbanização do Paraná,

aproximando-se do índice nacional. FIGURA 4 - VARIAÇÃO PERCENTUAL DA POPULAÇÃO RURAL E URBANA NO BRASIL

E NO PARANÁ

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

1945 1955 1965 1975 1985 1995 2005

Brasil - urbano Brasil - ruralParaná - urbano Paraná - rural

FONTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA, 1994.

Na década de oitenta do século passado o processo de migração em direção

às cidades continuou apesar dos esforços de fixação do trabalhador no campo com

a implementação de grandes programas de eletrificação rural.

3.3 A HISTÓRIA DA ENERGIA ELÉTRICA NO PARANÁ

As primeiras usinas elétricas do Brasil surgiram no ano de 1883, em Campos

(RJ), Juiz de Fora e Diamantina (MG).

No Paraná, a energia elétrica teve início em 9 de setembro de 1890, quando o

presidente da Intendência Municipal de Curitiba, Dr. Vicente Machado, assinou

contrato com a Companhia de Água e Luz do Estado de São Paulo, para iluminar a

cidade com "uma força iluminativa de onze mil velas". Com esse contrato e uma

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concessão de vinte anos, a Companhia instalou a primeira usina elétrica do Paraná

num terreno próximo à antiga estação ferroviária, localizada atrás do então

Congresso Estadual (hoje, Câmara Municipal de Curitiba), inaugurada em outubro

de 1892. Duas unidades a vapor fabricadas em Budapeste produziam 4.270 HP de

força, consumindo duzentos metros cúbicos de lenha por dia, biomassa que aqui era

abundante, ao contrário dos países europeus, onde o carvão era a base energética,

apoiada por um sistema de transporte eficaz.

Anos depois, em 18 de maio de 1898, a empresa José Hauer & Filhos

adquiria a concessão do contrato e da usina, cogitando aumentar a sua capacidade,

a considerar que Curitiba já contava com uma população estimada em 40 mil

habitantes.

Com a chegada do século XX, em 1901, foi instalada a primeira usina

termelétrica propriamente dita, num terreno situado na Avenida Capanema perto da

garagem ferroviária, também na Capital, onde hoje está a Estação Rodoferroviária. A

usina operava dois conjuntos geradores de 200 HP cada um, tendo sido ampliada

três anos mais tarde, com a incorporação de outro gerador de igual potência.

Enquanto isso, o contrato de concessão para a exploração e fornecimento de

energia elétrica era sucessivamente transferido. Em 1904, passou para a Empresa

de Eletricidade de Curitiba (Hauer Junior & Companhia), e, em 1910, para a The

Brazilian Railways Limited.

Somente depois de decorridos dez anos do surgimento da eletricidade em

Curitiba é que uma segunda cidade no Estado – Paranaguá – passou a contar com

tal benefício. Desse modo, em 1902, a família Blitzkow colocava em operação um

sistema de geração com dois grupos a vapor de 65 kVA. Dois anos mais tarde, foi a

vez de Ponta Grossa ter eletricidade, onde a primeira empresa a obter a concessão

foi a Guimarães & Ericksen Filho e, após conflitos, a substituta Martins & Carvalho. A

estas localidades pioneiras, seguiram-se: Campo Largo, Prudentópolis, Castro,

Guarapuava, Piraí do Sul e Campo do Tenente, todas em 1911.

Ainda pela ordem cronológica, sucederam-se: Palmeira, Irati, Ipiranga, São

Mateus do Sul, Jaguariaíva, Sengés, Tibagi, Araucária, Cambará, Rio Azul, Andirá,

Itambaracá, Santo Antônio da Platina, Antonina, Guarapuava, Rio Negro, Lapa e

Siqueira Campos, estas últimas já ao final da década de 1920.

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FIGURA 5 - USINA DE SERRA DA PRATA - PRIMEIRA HIDRELÉTRICA DO ESTADO DO

PARANÁ

FONTE: LIVRO “A CONQUISTA DA SERRA DO MAR” DE RUBENS R. HABITZREUTER,

EDITORA PINHA

Em1910, era inaugurada a primeira hidrelétrica do Estado, a Usina de Serra

da Prata, perto de Paranaguá, com potência de 360 KW e que fornecia eletricidade

ao município até o início da década de 1970, quando foi desativada.

FIGURA 6 - USINA PITANGUI

FONTE: FOTOGRAFIA ACERVO COPEL

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Um ano depois (1911) era colocada em operação no município de Ponta

Grossa a hidrelétrica de Pitangui, com potência de 360 kW, aumentada em 1929

pelo acréscimo de mais um grupo gerador com 450 KW, que permanece em

operação e vem a ser a mais antiga usina do parque gerador próprio da COPEL.

Outras centrais desse tipo continuaram a ser instaladas, mas foi somente em 1930

que se inaugurou uma usina considerada grande para os padrões da época, a de

Chaminé, com 9 MW, implantada na Serra do Mar, nas proximidades de Curitiba. A

usina passou mais tarde por ampliações e permanece em operação até hoje, com

potência instalada de 16 MW.

FIGURA 7 - USINA DE CHAMINÉ

FONTE: FOTOGRAFIA ACERVO COPEL

Algumas indústrias também começaram a instalar geradores para consumo

próprio, como, por exemplo, as Indústrias Reunidas F. Matarazzo, para movimentar

um moinho de trigo junto ao porto de Antonina, em 1921, e, em 1925, para fazer

funcionar um frigorífico e uma indústria têxtil em Jaguariaíva. A Companhia

Melhoramentos do Norte do Paraná instalou uma pequena usina em Cianorte para

atendimento restrito, e as Indústrias Brasileiras de Papéis, em Arapoti, passou a

contar com eletricidade em 1926.

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Fato importante para a história da energia elétrica no Paraná ocorreu em 18

de julho de 1928, quando foi assinado o contrato de concessão de distribuição de

energia elétrica em Curitiba, entre o Governo do Estado e o Grupo de Empresas

Elétricas Brasileiras que, em seguida, transferiu o compromisso à Companhia Força

e Luz do Paraná, constituída naquela ocasião. A área da capital paranaense contava

então com 2.590 kW de capacidade geradora e 7.543 unidades consumidoras.

Do ponto de vista dos avanços técnicos as primeiras usinas geradoras de

eletricidade instaladas no Paraná eram movidas a vapor, posteriormente com o

desenvolvimento desses avanços foram inseridos grupos geradores diesel

(Paranaguá, Maringá, Curitiba (bairro do Capanema),Foz do Iguaçu, e outras)

construída a termoelétrica de Figueira, a carvão, que entrou em operação em 1963

no município de Figueira.

Os empreendimentos no setor de energia já tinham, então, o respaldo do

Código de Águas, instituído pelo decreto-lei n.º 24.463, de 10 de julho de 1934; e do

Conselho Nacional de Águas e Energia Elétrica (lei n.º 185, de 1939), que permitiam

ao poder público o início da coordenação do setor, até então vulnerável e quase

integralmente dependente da iniciativa privada.

Assim, com o apoio do Plano Nacional de Eletrificação, que preconizava a

intervenção direta do Estado na área da produção de energia, foi criado o Serviço de

Energia Elétrica do Paraná, o qual, um ano depois, foi transformado no

Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE).

Por volta de 1948, a potência instalada em usinas no Paraná totalizava

43.195 kW. Fora da região de Curitiba, atendida pela Companhia Força e Luz do

Paraná, o Sul do Estado (regiões da Lapa, Rio Negro e Campo do Tenente) recebia

energia da Empresa Sul Brasileira de Eletricidade e da Empresa de Eletricidade

Alexandre Schlemm, esta, atendendo União da Vitória e Porto União.

Por sua vez, as cidades de Ponta Grossa, Castro e Piraí do Sul eram

abastecidas pela Companhia Prada de Eletricidade. A Companhia Hidro Elétrica do

Paranapanema atendia a vinte municípios do Norte Pioneiro. As cidades de

Londrina, Arapongas, Cambé, Ibiporã, Rolândia e Jataizinho eram abastecidas pela

Empresa Elétrica de Londrina S/A.

Para projetos de eletrificação, o Estado utilizava o seu Departamento de

Águas e Esgotos (DAE). Acima de tudo, contava ainda com empresas privadas que

produziam e distribuíam energia elétrica, em diversos sistemas isolados. Sob tais

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condições, o atendimento era precário, frágil e limitador do desenvolvimento.

Consciente dessa realidade, que não era exclusiva dos paranaenses, o Governo

Federal e os estaduais promoveram mudanças institucionais, criando as empresas

federais para produção e transmissão de energia elétrica a grandes distâncias e as

estaduais, para distribuição.

Por meio do decreto n.° 4.947, de 26 de outubro de 1954, o governo estadual

criou a Companhia Paranaense de Energia Elétrica (COPEL), tendo como base para

a integralização de seu capital o Fundo de Eletrificação. O reconhecimento do

Governo Federal deu-se pelo decreto n.° 37.399, de 27 de maio de 1955, que

concedia autorização para que a COPEL funcionasse como empresa de energia

elétrica nos termos da legislação federal que regulamentava o setor.

Como sociedade de economia mista, a COPEL procurava investir em obras

rentáveis. Contudo, por conceber energia elétrica como serviço público, muitas

vezes assumia obras deficitárias reclamadas pela população da capital e do interior

do Estado, cujo não-atendimento ocasionaria "problemas de ordem social".

Com o Decreto n° 1.412, em 1956, após dois anos de sua fundação, a

COPEL centralizou as ações governamentais de planejamento, construção e

exploração do sistema de produção, transmissão, transformação, distribuição e

comércio de energia elétrica e serviços correlatos. Ela incorporava todos os bens,

serviços e obras em poder de diversos órgãos e integralizava o capital aplicando os

recursos do Fundo de Eletrificação. Cabia à COPEL, portanto, a responsabilidade

pela construção dos grandes sistemas hidroelétricos previstos no Plano de

Eletrificação do Paraná.

Vale destacar que, durante a década de 1960, o maior desafio para a

Companhia era encontrar uma solução definitiva para o abastecimento de energia

elétrica em larga escala. A solução estava representada pelo aproveitamento de

Capivari-Cachoeira, projeto desenvolvido a partir de meados de 1961.

Além disso, a construção da Usina Termelétrica de Figueira, em 1963, foi

fundamental na implantação do Plano Estadual de Eletrificação. Em 1967, a COPEL

inaugurava a Usina Salto Grande do Iguaçu, que veio beneficiar dezoito municípios

e, finalmente, em 1974, inaugurava oficialmente a Hidrelétrica Capivari-Cachoeira.

Essa obra representou um passo fundamental na infra-estrutura para a aceleração

do desenvolvimento paranaense.

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No momento da sua inauguração, Capivari-Cachoeira era a principal unidade

geradora da COPEL e a maior usina em funcionamento no sul do Brasil. Anos

depois, em 1980, era inaugurada a Hidrelétrica Foz do Areia, com 1.676 MW, com

unidades geradoras que eram então as maiores do Brasil.

Nesse período, houve no Estado um intenso crescimento do mercado de

energia, exigindo-lhe cada vez maiores esforços para atender à demanda existente.

Foram elaborados novos projetos, destacando-se o início do projeto da Usina de

Segredo e a concessão para construir a Usina Hidrelétrica de Salto Caxias,

efetivamente consolidadas na década de 1990. Inaugurada em 29 de setembro de

1992, a Usina de Segredo reduziu a dependência paranaense de energia comprada

de outros estados. Em dezembro de 1998, entrou em operação a usina Salto

Caxias, denotando-se um novo avanço na geração de energia elétrica, com

conseqüências positivas no desenvolvimento do Estado do Paraná.

FIGURA 8 - POTÊNCIA INSTALADA - KW - COPEL

0

1.000.000

2.000.000

3.000.000

4.000.000

5.000.000

6.000.000

7.000.000

8.000.000

1950 1960 1970 1980 1990 2000

POTÊNCIA INSTALADA USINAS - KW HIDRÁULICA TÉRMICA

FONTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA, 1994.

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A figura 8 mostra nitidamente o impacto, a partir de 1970, da entrada em

operação de grandes hidroelétricas na capacidade de produção de energia no

Paraná, além da predominância da utilização do potencial hidroelétrico do estado do

Paraná.

3.3.1 Cronologia da COPEL Desde a sua idealização, concepção e fundação, até tornar-se uma das mais

desenvolvidas companhias de energia do país, a cronologia da COPEL pode ser

registrada, conforme os itens a seguir.

3.3.1.1 Década de 1950

Na década de 1950, a energia elétrica surgiu como sustentáculo do processo

de industrialização. O poder público passou a investir com mais determinação,

culminando sua política de crescimento com a criação da COPEL, em 1954, para

preencher as lacunas energéticas do Estado.

A Empresa passou a executar projetos de geração, transmissão e

distribuição, iniciando assim uma nova fase. Com a criação da COPEL, o Governo

do Estado assumiu claramente a sua posição de executor da política de eletrificação.

Em 1956, passam para a administração da Empresa os serviços de luz e força de

Maringá, Apucarana, Pirapó, Cambará e Campo Mourão, antes administrados pelo

Governo do Estado.

Nessa fase a empresa tinha como principal fonte de geração usinas diesel,

caras e de conservação difícil, criando inúmeras dificuldades tanto para seus clientes

quanto para o povo atendido. Também nesta década a empresa começou a ter

diretores (inaugurando a lista Pedro Viriato Parigot de Souza, diretor técnico entre

1955 e 1956 e futuro presidente da empresa) oriundos da Universidade Federal do

Paraná, onde lecionavam Hidrologia, tendo participado (fundador) do atual

CEHPAR, introduziram na empresa o sentimento da importância de laboratórios para

ensaios, pesquisa e desenvolvimento.

3.3.1.2 Década de 1960

Nessa década, foram construídas as usinas de Melissa, Ocoí, Chopim 1,

Mourão 1, Salto Grande do lguaçu e Figueira, além de um sistema elétrico que

interligava as usinas geradoras com diferentes regiões do Estado. No mesmo

período, foi também concluído o denominado Sistema Tronco Principal, que

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interligava o Estado de São Paulo ao norte do Estado do Paraná e à Usina de

Figueira e esta a Ponta Grossa e Curitiba.

O consumo na capital, no entanto, precisava ainda ser equacionado. Os

racionamentos eram constantes e o número de consumidores crescia

acentuadamente em todas as categorias. Entre 1960 e 1970, os consumidores

residenciais passaram de 17.055 para 126.528; o número de ligações industriais

cresceu de 96 para 1.833 e as localidades atendidas cresceram de 14 para 245.

Esses desafios foram enfrentados com investimentos consideráveis na construção

de grandes centrais elétricas, tanto na Serra do Mar como no Rio lguaçu.

A existência de muitas usinas e a necessidade de qualidade na medição de

faturamento e proteção de instalações levaram a COPEL a formar seus primeiros

ambientes rudimentares de laboratório.

3.3.1.3 Década de 1970 No início da década, já estavam concluídas as Usinas de Salto Grande do

Iguaçu, Júlio de Mesquita Filho e Capivari-Cachoeira, obra que representou um

passo fundamental na constituição da infra-estrutura para a aceleração do

desenvolvimento paranaense, pois, no momento da sua inauguração, Capivari-

Cachoeira era a principal unidade geradora e a maior usina em funcionamento no

sul do Brasil. Nesse período, a COPEL incorporou 23 empresas privadas, 47 órgãos

municipais fornecedores de energia e 123 empresas auto-produtoras.

Ao mesmo tempo, consolidava-se a implantação do sistema elétrico estadual

e a interligação deste com as Regiões Sul e Sudeste do país, além do Paraguai.

Salto Osório e Foz do Areia foram, nos anos de 1970, os dois maiores projetos da

Companhia. Em 1979, um decreto estadual alterou o nome da empresa para

Companhia Paranaense de Energia.

Essa fase da COPEL coincidiu com a oferta de financiamento para compra de

equipamentos de laboratório, o que foi plenamente aproveitado, colocando-a em

condições de se desenvolver rapidamente. Também nessa década encaminhou os

primeiros profissionais para cursos de mestrado em engenharia elétrica.

3.3.1.4 Década de 1980

Os anos 80 marcaram a inauguração da Usina Hidrelétrica de Foz do Areia,

hoje denominada Usina Governador Bento Munhoz da Rocha Netto (UGBM), em 12

de dezembro de 1980, com unidades geradoras que eram então as maiores do

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Brasil. Com a operação da Foz do Areia, a geração própria da COPEL atingiria 2,9

bilhões de kWh, contra 1,9 bilhões do ano anterior.

Nessa década, as atenções estiveram voltadas ao atendimento de zonas

rurais e da população de baixa renda, quando a COPEL desenvolveu estudos para

aproveitamento futuro dos rios Piquiri e Tibagi. Foram elaborados novos projetos,

destacando-se, em 1980, o início do projeto da Usina de Segredo e a concessão

para construir a Usina Hidrelétrica de Salto Caxias, usinas estas efetivamente

consolidadas na década de 1990.

Em 1982, o Laboratório Central (LAC) era inaugurado.

3.3.1.5 Década de 1990

Inauguradas as usinas de Segredo, hoje denominada Usina Governador Ney

Braga, e de Salto Caxias, a COPEL reafirmou seu conceito de concessionária de

energia modelo para o Brasil.

Na mesma década, em julho de 1997, foi realizado o lançamento das ações

da COPEL na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Em 1998, a COPEL tornou-se a

primeira empresa do setor elétrico brasileiro a obter licença da Agência Nacional de

Telecomunicações (ANATEL), para prestação de serviços de telecomunicações.

Das demandas verificadas e oportunidades constituídas, a Empresa criou, em

1994, o Laboratório de Materiais e Estruturas (LAME), responsável pela realização

de ensaios, análises e caracterizações de materiais, modelos estruturais,

geotécnicos, físicos e matemáticos, principalmente, aplicados em obras de

engenharia. Um ano antes, fora criado o SIMEPAR, (Instituto Tecnológico SIMEPAR) pelo

decreto estadual n.º 2152, de 17 de março de 1993, na forma de um convênio entre

o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e a COPEL. O Instituto Tecnológico SIMEPAR, entidade de direito privado e interesse público, unidade complementar do Serviço Social Autônomo Paraná Tecnologia, vinculado a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná, vem suceder o Sistema Meteorológico do Paraná, o qual foi instituído através do Decreto Estadual n.º 2152, de 17 de março de 1993, na forma de um convênio entre o Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR e a Companhia Paranaense de Energia - COPEL. Em 25 de maio de 2000, através do Decreto Estadual n.º 2047, as atividades do Sistema Meteorológico do Paraná foram transferidas para o Instituto Tecnológico SIMEPAR, empreendimento tecnológico que tem por finalidade consolidar uma infra-estrutura física e humana para o provimento de informações (dados e previsões) de natureza meteorológica, hidrológica e ambiental bem como conceber, desenvolver e executar atividades ligadas á pesquisa científica e tecnológica e formação e capacitação de pessoal, tendo em vista a promoção da competitividade empresarial e o desenvolvimento sócio-econômico e tecnológico do Paraná e do País. http://www.simepar.br/ 24 de julho de 2005

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A inspiração para criar o SIMEPAR veio do LAC, em face de problemas

enfrentados pela COPEL nas cheias do Rio Iguaçu, numa demonstração dos

diversos significados da existência de uma empresa paranaense, dedicada à

energia, com bases operacionais no próprio Estado e da existência de um pólo de

apoio de alto nível como era o LAC.

3.3.1.6 Os primeiros Anos do Século XXI Atualmente a COPEL pode ser considerada uma das maiores e melhores

empresas do setor elétrico brasileiro, fato este constatado pelos sucessivos prêmios

de qualidade gerencial recebidos ao longo das duas últimas décadas. Atende hoje a

mais de três milhões de clientes, em 393 municípios, compreendendo a quase

totalidade da população do estado do Paraná. Tem 18 usinas com 4.512 MW de

capacidade nominal instalada. São quase 7.000 km de linhas de transmissão, 360

subestações e 165 mil km de linhas de distribuição. As usinas e linhas de

transmissão da COPEL alimentam todas as regiões do Estado do Paraná e uma

significativa porção excedente é exportada para o resto do país. Em termos

percentuais, a COPEL, sozinha, responde por 5,5 % de toda a energia consumida

no Brasil.

Além das áreas de geração, transmissão e distribuição de energia, a Empresa

também está presente no setor de telecomunicações. Em junho de 2002, as ações

da Companhia passaram a ser negociadas também no mercado europeu pela

Latibex (Bolsa de Madri).

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3.3.2 Evolução do Atendimento em Energia Elétrica no Paraná

FIGURA 9 - NÚMERO DE LIGAÇÕES

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

1949 1959 1969 1979 1989 1999

DISTRIBUICAO DIRETA - MWh RESIDENCIAL INDUSTRIALCOMERCIAL PODERES PÚBLICOS

FONTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA, 1994.

Nota-se, no gráfico da figura 9 que a partir da década de setenta a

eletrificação ganha velocidade, mudando a inflexão da curva ilustrada.

O padrão de desenvolvimento do Estado do Paraná pode ser observado na

evolução do tipo de ligações, conforme demonstrado na Figura 10.

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60

FIGURA 10 - NÚMERO DE LIGAÇÕES INDUSTRIAIS, COMERCIAIS E RURAIS

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

300.000

350.000

1950 1960 1970 1980 1990 2000

INDUSTRIAL COMERCIAL RURAL

FONTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA, 1994.

Observa-se também, no gráfico da figura 10, o efeito do esforço a favor da

eletrificação rural, objeto de diversos programas de governo, que, na primeira etapa

criou a COPEL, consolidou-a, partiu para um programa de construção de usinas e na

seqüência promoveu a universalização do uso da energia elétrica no Paraná.

Percebe-se, entre outros fatores, o efeito dos programas de eletrificação rural

e a evolução gradual da indústria no território paranaense.

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4 CENTROS DE P&D EM ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL E O CEPEL COMO

INÍCIO DE UM MODELO

As ciências exatas nasceram devido à capacidade de observação e

experimentação do ser humano. Os povos que primeiro se fixaram à terra,

assumindo atividades agrícolas e pastoris, ganharam tempo para vigiar as estrelas,

descobrir os planetas e suas matemáticas. Nações mais estáveis tiveram pessoas

que dedicaram seu tempo a procurar deuses e descobrir matérias que deram

viabilidade a construções, em que a arte aliou-se à engenharia e à arquitetura, e

então começaram a ganhar forma.

Necessidades militares e civis cresceram com o aumento da população,

demandando novas ferramentas, máquinas e soluções para a vida e a morte. Ao

procurarem a pedra filosofal em seus experimentos, os alquimistas descobriram

fórmulas e soluções básicas, assim como, pouco a pouco, médicos desvelaram os

segredos do corpo humano. Em todos os casos, as descobertas e invenções

precisaram de ambientes adequados e motivações nem sempre sensatas, mas

eficazes, dependendo dos resultados.

O Brasil, país estruturado a partir da dominação colonial e terra de escravidão

tardia, paradoxalmente, não teve espaços para grande atividade criadora. Restrições

da metrópole mantiveram o Brasil à margem de uma inclusão social mais

significativa, sem liberdade de produzir uma base econômica forte. Astutamente,

Portugal criava impedimentos a qualquer atividade que pudesse desenvolver em sua

maior colônia alguma estrutura de independência.

Laboratórios e oficinas costumavam acompanhar indústrias que, pela

libertação gradativa dos impérios distantes, no Brasil demoraram a existir. Pode-se

verificar em diversos estudos e na própria observação dos fatos históricos a atuação

de grandes potências impedindo o desenvolvimento industrial brasileiro. Somente no

século XX, começou-se a criar ambientes um pouco mais dedicados à tecnologia,

capazes de estimular a criatividade de candidatos a cientistas.

Assim, no Estado de São Paulo encontra-se o maior foco de atração de

imigrantes, indústrias e comércio – as primeiras iniciativas e os mais fortes pólos de

P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). O destaque maior veio por conta do Instituto

Tecnológico da Aeronáutica (ITA), Universidade do Estado de São Paulo (USP) e

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Universidade de Campinas (UNICAMP). Devido à atuação empresarial e política dos

paulistas, essas entidades nasceram e cresceram, tornando-se referências nacionais

em ciência e tecnologia.

A cidade do Rio de Janeiro, com o privilégio de ser a capital do Brasil na

primeira metade do século XX, e a sediar até hoje o Grupo Eletrobrás, fundou o

Centro de Pesquisas Elétricas (CEPEL), o principal centro de P&D em eletricidade

no país. Essa entidade merece destaque, pois sua existência propiciou um centro de

referência em engenharia elétrica, respeitado internacionalmente, ainda que

penalizado pelas últimas ondas neoliberais.

Com a reforma do ensino, na década de 1970, e a abertura de mais

universidades, públicas e privadas, esses centros de ensino se tornaram focos de

geração de indústrias e serviços, fato notável se observarmos os seus efeitos nas

cidades em que se instalaram.

No Paraná, estado novo em um país jovem, a pesquisa começou com a

Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde o Centro de Hidráulica Professor

Pedro Viriato Parigot de Souza (CEHPAR) foi o ponto de partida para a formação do

Laboratório Central (LAC) e outros laboratórios.

Nesse contexto e ainda com muitas oportunidades de consulta sobre origens

e efeitos da construção da base de P&D no Paraná, pretende-se analisar as

relações e resultados da criação do LACTEC, pessoa jurídica extremamente nova

mas construída a partir de laboratórios existentes no Centro Politécnico da UFPR.

Reconhece-se que o Paraná ainda está em processo de industrialização. A

instalação de montadoras de veículos automotores na Região Metropolitana de

Curitiba formou base segura de desenvolvimento industrial, antes alavancado pela

agroindústria e serviços. Desse modo, percebe-se a necessidade de mão-de-obra

qualificada em todos os níveis. No setor elétrico, ainda que perdendo algumas

indústrias, como, por exemplo, instalações da INEPAR, há indústrias principalmente

na área de automação e equipamentos para a distribuição de energias, muitas em

torno das necessidades da COPEL (fábricas de transformadores de distribuição,

chaves, postes etc).

Sob tal perspectiva, torna-se importante avaliar a capacidade de transmissão

dos conhecimentos de um instituto de P&D em plena época de globalização, quando

a competição e a capacitação são palavras de ordem e podem ser apontadas como

a regra de sobrevivência mais requerida. Esse indicativo demanda a importância de

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entender entidades de pesquisa e desenvolvimento mantidas pelo Estado, porque,

elas têm em seus estatutos uma das finalidades atuar de acordo com os interesses

sociais. Sendo mantidas pelo contribuinte ou aproveitando subsídios, deveriam

submeter-se a diretrizes estratégicas capazes de conduzir a nação para estágios

que propiciem a ampliação da qualidade de vida ao conjunto da sociedade.

Se o LACTEC, objeto deste estudo de caso, caminha para a auto-

sustentação, foi, acima de tudo, em função do esforço do povo paranaense e

brasileiro. Investimentos a fundo perdido foram utilizados para dar-lhe viabilidade,

assim como foram investidos recursos de incentivo a P&Ds provenientes das faturas

de energia de todos os brasileiros.

4.1 CENTROS DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM ENERGIA ELÉTRICA

NO BRASIL

A história da energia elétrica no mundo teve uma trajetória identificada a

cotidianos empíricos, cuja evolução ocorreu por efeito de comportamentos científicos

de alguns povos e ganhou dimensão econômica de caráter capitalista ao se

transformar em base para indústrias e poder, conforme historicamente verifica-se a

partir da revolução industrial.

O ambiente de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) teve substância em

nações que primeiro perceberam sua importância, mas teve bases mais fortes onde

a certeza de produzir ganhos materiais era característica nacional. Desse modo, não

é surpresa ver que Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos da América do Norte,

entre outros países, evoluíram rapidamente, tanto em termos científicos quanto na

indústria e comércio de equipamentos para produção e uso da energia elétrica.

Nesses países, a criação de centros de pesquisa era parte da base de

desenvolvimento que surgia em torno de universidades ou como instituição

totalmente fora desse ambiente (vide CEPEL no Brasil) ou, ainda, na estrutura de

grandes indústrias. Na história da General Electric (GE), Westinghouse e Siemens

descobriu-se a capacidade criativa e empresarial de pessoas que transformaram em

realidade sonhos que hoje iluminam a humanidade. Grandes universidades também

foram base para criação de empresas e cientistas No Brasil, país tardiamente

industrializado, o estudo da eletricidade veio com empreendedores que formaram

centros de formação de profissionais – IEI, atual UNIFEI e Mackenzie –, de início, e,

muito depois, já na década de 1960 e coincidindo com o período da ditadura militar,

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a real preocupação em se instalar laboratórios de apoio a cientistas dedicados a

empresas estratégicas para o Brasil.

O maior destaque deve ser dado ao Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

(CEPEL), criado em 1974, no auge de uma visão nacionalista, dominante à época.

Como o próprio nome indica, o CEPEL era dedicado a pesquisas relacionadas à

engenharia elétrica, o que lhe permitiu, com o apoio do Grupo Eletrobrás, participar

de grandes projetos nacionais e formar profissionais de destaque científico. Deve-se

registrar, contudo, que estes centros de P&D pouco se empenharam em desenvolver

tecnologia em engenharia elétrica, limitando-se, em geral, a análises de

desempenho, certificação e, mais recentemente, ao desenvolvimento de programas

de computador para estudos elétricos.

Torna-se pertinente considerar que a produção científica permanecia

basicamente por conta da publicação de artigos técnicos sobre estudos criados na

esteira dos processos em que se envolveram. Um indicador forte da ausência

brasileira na ciência em torno da engenharia elétrica é o fato de não ter registrado

qualquer patente, descoberta ou invenção de relevância internacional.

Essa característica brasileira é também uma conseqüência de decisões

ideológicas estratégicas que inibiram a formação de uma indústria nacional, que

torna dependentes de capital e patentes estrangeiras. Além disso, impede, cada vez

mais, o desenvolvimento auto-sustentável.

Enquanto as grandes nações do mundo criavam suas empresas estatais ou

privadas, fortemente apoiadas em incentivos de toda espécie, o Brasil permanecia à

deriva de multinacionais. Outro fator a se considerar foi a principal preocupação das

escolas técnicas de segundo e terceiro graus centradas na formação de profissionais

para obras, manutenção e operação, praticamente seguindo sempre um treinamento

de acordo com demandas das indústrias, quase sempre estrangeiras, excluindo a

mudança de paradigma de uma educação tecnológica mais voltada para um sujeito

com consciência crítica.

As principais concessionárias de energia, antes da década de sessenta do

século passado, potenciais clientes para qualquer indústria, eram estrangeiras, não

exercendo qualquer pressão a favor de indústrias nacionais. Houve longos debates

e discussões políticas em torno do assunto, mas, até a ação firme do governo militar

nos anos setenta, nada de concreto fora feito para o desenvolvimento da tecnologia

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brasileira em engenharia elétrica, “passar do conhecimento de know-how para o do

know-why.” (GAMA, p.12, 1985)

Com a estatização do setor elétrico e a criação de grandes empresas

concessionárias brasileiras e sob uma política restritiva às importações, começa a

ter espaço a pesquisa no Brasil, cujo destaque foi a criação de alguns centros de

P&D, seguindo o exemplo do CEPEL. Essa diretriz, contudo, durou pouco, pois logo

ocorreram crises intermináveis, culminando com a privatização das empresas

distribuidoras de energia e a abertura de fronteiras a produtos importados. Nos anos

oitenta, considerada por muitos analistas sociais como “década perdida”, estagnou-

se e não ocorreram avanços voltados para a formação de uma base que poderia ter

feito do Brasil uma grande potência em eletrotécnica.

Para ilustrar o que representou essa crise, segue gráfico 1, demonstrando

com o número de registros de diplomas no CREA/PR o efeito da crise durante a

década de oitenta. Pode-se notar a diminuição de interesse no estudo da

Engenharia, Arquitetura e Agronomia a partir da metade da década de oitenta,

refletindo a visão pessimista em relação ao futuro do Brasil à época e à falta de

condições de muitos estudantes que deixaram as universidades sem concluir seus

cursos.

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GRÁFICO 1 - REGISTRO DE DIPLOMAS - CREA/PR.

registro de diplomas no CREA/PR

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010

registro de diplomas

FONTE: CREA / PR

Então, além do ensino para qualificação profissional, torna-se evidente a

importância de aprender a pensar, a pesquisar, a desenvolver produtos, serviços e,

ainda, de valorizar o próprio trabalhador. No Brasil, algumas universidades e

ambientes de P&D desenvolvem esforços, ainda que tímidos, para essa sinergia

criativa, essencial ao desenvolvimento.

Sabe-se que os laboratórios das universidades, muitas vezes, ainda são

ambientes para aulas práticas, raramente utilizados para pesquisa realmente. Com a

preocupação do governo federal em desenvolver a pesquisa para apoio à indústria,

surgiram programas de apoio a universidades, entre eles um dedicado a cursos de

mestrado em engenharia elétrica.

Para o setor elétrico, a partir da década de 1970, entretanto, algumas

instituições de ensino superior, como a Universidade Federal de Santa Catarina

(UFSC), Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Escola Federal de Itajubá

(UNIFEI) começaram a ofertar mestrados em sistemas de potência, reunindo

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professores com competência reconhecida e criando laboratórios dedicados à

engenharia elétrica.

Posteriormente, com a reforma do ensino, na década de 1970, e a exigência

de cursos de pós-graduação para a docência, professores passaram a procurar

cursos de doutorado, iniciando-se aí uma efetiva preocupação com a pesquisa, no

interior das universidades.

Depreende-se, outrossim, que a desvinculação com a indústria e a ausência

de parcerias, diferentemente do que aconteceu em outros países, levaram a um

resultado desprezível na transformação prática desses estudos em patentes e

produtos reais, não colaborando, tampouco, para a valorização do quadro

acadêmico nacional.

4.2 CEPEL - O INÍCIO DE UM MODELO

Além de perceber a necessidade da criação de uma tecnologia endógena

pela crescente demanda, o pioneirismo do CEPEL pode ser assim explicitado: A criação do CEPEL, no início de 1974, situou-se, portanto, na confluência de duas perspectivas fundamentais: de um lado, tentar diminuir a carga exercida pelo pagamento de royalties e patentes no balanço de pagamentos e, de outro, dotar as empresas de energia elétrica de um centro de pesquisas tecnológicas exclusivo, tendo em vista as crescentes necessidades nesse campo. (História do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica-CEPEL, 1991, p.17.)

Resultado da área de infra-estrutura vinculada ao grupo Eletrobrás, o CEPEL

foi conseqüência do Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento (I PND), no qual

havia um Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PBDCT). Para

o período de 1973 a 1974, nele existiam duas prioridades: a pesquisa em tecnologia

industrial e a de infra-estrutura.

Conforme relatado, o CEPEL foi oficialmente criado para procurar diminuir o

pagamento de royalties e patentes e oferecer às empresas de energia elétrica um

centro de pesquisas exclusivo, capaz de apoiá-las nos desafios de criar a infra-

estrutura em energia elétrica de que o Brasil necessitava. Estava assim, porventura

pela primeira vez, tentando conceber as relações de trabalho para obter resultados

práticos através de tecnologia.

A conseqüência do apoio federal foi a criação de excelentes laboratórios e a

formação de pesquisadores não apenas de alto nível acadêmico mas, sobretudo,

por efeito do reconhecimento de demanda existentes.

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O CEPEL merece especial destaque por seu esforço de racionalizar o uso da

energia elétrica, dando viabilidade ao selo Procel, que aponta o consumo em

equipamentos elétricos e eletrodomésticos também, sutilmente sua graduação de

excelência em qualidade, orienta o usuário na economia de energia.

Vale ainda acentuar que grandes desafios foram conquistados pelos seus

pesquisadores em projetos do porte de usinas hidroelétricas como Itaipu e Tucuruí.

Do CEPEL saíram estudos e orientações para o projeto, construção e operação

dessas usinas e suas linhas de transmissão, significando o germe de uma produção

científica num centro próprio que pudesse gerar desenvolvimento auto-sustentável,

sonho de emancipação em um país dependente.

Ao final da década de 1970, década de 1980 e parte da década de 1990,

entretanto, as crises econômicas originadas dos choques provocados pelos preços

do petróleo marcaram intensamente o CEPEL, cujo início ocorreu em grande estilo,

mas desacelerou projetos por quase duas décadas, pela falta de recursos e

incentivos para continuar seus projetos.

Assim mesmo, a estrutura do CEPEL serviu de base para laboratórios

similares, ainda que de porte notadamente menor. A semente foi plantada, precisava

germinar.

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5 O LACTEC E SUA CONTRIBUIÇÃO EFETIVA NA GÊNESE DO PROCESSO

TECNOLÓGICO PARANAENSE

Subsídios obtidos do estudo da história da técnica e da tecnologia, sob o

tema energia elétrica, permitem estabelecer uma ligação histórica nesses

progressos que fizeram culminar no Brasil a instalação das primeiras fábricas. O

reordenamento dos espaços urbanos relativos à formação da atividade econômica

nas cidades e seu entorno no Estado do Paraná não pode ser dissociado da

importância desta constatação.

Os capítulos anteriores desta dissertação dão o alicerce para a construção

que se apresenta neste capítulo e que referenda os pressupostos e os relatos

contidos sob o viés da História da Técnica e da Tecnologia confrontando-os e

contextualizando-os.

Neste capítulo, no qual se aborda um estudo de caso, procura-se situar o

LACTEC no tempo e no espaço, paralelamente, e, antes de analisar os instrumentos

da pesquisa, busca-se aprofundar a historicidade da instituição-alvo da pesquisa,

para não apenas descrevê-la, mas para demonstrar e responder o questionamento

da investigação.

Vale transcrever, do livro “A Era dos Extremos, O breve século XX, 1914-

1991”: ... quanto mais complexa a tecnologia envolvida, mais complexa a estrada que ia da descoberta ou invenção até a produção, e mais elaborado e dispendioso o processo de percorrê-la. “Pesquisa e Desenvolvimento” [R & D em inglês] tornaram-se fundamentais para o crescimento econômico e, por esse motivo, reforçou-se a já enorme vantagem das “economias de mercado” sobre as demais. O país “desenvolvido típico” tinha mais de mil cientistas e engenheiros por milhão de habitantes na década de 1970, mas o Brasil tinha cerca de 250...o processo de inovação passou a ser tão contínuo que os gastos de desenvolvimento de novos produtos se tornaram uma parte cada vez maior e mais indispensável dos custos de produção...

5.1 DIMENSÃO

5.1.1 Cronologia do LACTEC e suas Origens

A partir da exploração intensiva do seu potencial hidroelétrico, o Paraná

entrou numa fase de desenvolvimento em que a formação de profissionais em

engenharia, dedicados à energia elétrica, passou a ser um fator decisivo à absorção

dessa oportunidade para constituição de um centro criador e transmissor de

conhecimento relativo às suas demandas. A consciência dessa condição apareceu

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já na criação do CEHPAR (1959), quando se constatou a necessidade de uma nova

geração de profissionais. A UFPR já tinha seus cursos na área de engenharia e o

CEHPARr formava especialistas em hidrologia e desenvolvia estudos de

aproveitamentos hidroelétricos em seus laboratórios.

As décadas de 1960 e de 1970 foram decisivas nessa marcha. A COPEL, a

Cesp, a ELETROSULl e ITAIPU se destacavam no Estado e em suas fronteiras,

empreendendo obras gigantescas, inconcebíveis poucas décadas antes. A

Universidade Federal do Paraná, única universidade pública federal paranaense, foi

o espaço em que o governo encontrou ambiente para criar pilares de preparação

dos profissionais, assim como de pesquisadores para a grande tarefa que se

iniciava. Nela, tanto cursos foram criados como, após o CEHPAR, outros

laboratórios surgiram e formaram o pólo de P&D lá existente nos dias atuais.

O Brasil da década de 70 do século passado vivia momentos do chamado

milagre econômico. Sob uma visão nacionalista, os governos militares procuraram

formas de criar uma base brasileira para produção de tecnologia. Na área de energia

elétrica, foi dada viabilidade para a instalação do CEPEL (Centro de Pesquisas de

Energia Elétrica), no Rio de Janeiro, e no Paraná houve incentivo e apoio financeiro

para a efetivação do Laboratório Central de Eletrotécnica e Eletrônica (LAC), cuja

inauguração se deu em 9 de março 1982.

Desse modo, a COPEL, o TECPAR, o IAPAR, a UFPR, o CEFET-PR, o LAC,

o CEHPAR obtiveram investimentos em infra-estrutura material e creditícia (BADEP

e BRDE) que permitiram alavancar o crescimento do Estado que, apesar da crise

dos anos oitenta, continuou se desenvolvendo com soluções próprias, devido aos

conhecimentos formados em seus espaços.

Torna-se digno de registro que a ciência nem sempre se revela em técnicas

caras e sofisticadas. Na década de 1980, os engenheiros da COPEL implementaram

lógicas simplificadas, de menor custo, no maior programa de eletrificação rural

existente à época no Brasil, possibilitando levar energia elétrica a milhões de

paranaenses, inserindo-os no século XX, de onde viviam segregados.

Consciente da importância da energia elétrica, o governo estadual sabia que

uma unidade monetária gasta diretamente pela COPEL, em eletrificação rural,

levaria a cinco de entrada indireta no caixa do Estado pelo consumidor atendido, em

menos de cinco anos, originadas de impostos (ICMS) na aquisição de

eletrodomésticos, equipamentos de trabalho, instalação elétrica e outros, razão pela

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qual, entre outras, foi estimulada a opção de investir para levar eletricidade ao

campo.

Considerando que a COPEL era empresa estatal, de economia mista, os

investimentos realizados pela empresa eram (e são) do governo que, por sua vez,

era compensado pelo aumento da arrecadação. Ou seja, ainda que a empresa de

energia viesse a ter prejuízos com a eletrificação rural, o Estado ganhava em

impostos o que ela gastava por meio da COPEL, sem falar do aumento da

produtividade, segurança, saúde e, principalmente nos objetivos e no papel social

implícitos nas metas de uma empresa estatal.

A eletricidade estimula o consumo, aumentando a arrecadação do ICMS; dá

viabilidade ao uso de máquinas no beneficiamento de produtos agrícolas e melhora

as condições sanitárias da população, além de permitir o uso de sistemas de

comunicação (rádio, televisão, telefonia), tornando a vida no campo mais atrativa e,

conseqüentemente, diminuindo o êxodo rural, talvez até criando uma via de mão

dupla, onde as metrópoles já apresentam sinais de falta de estrutura para absorver o

forasteiro que vem em busca de novas oportunidades, podendo com isso determinar

um reordenamento da população numa fase de globalização na qual quem não

participa de um mundo com certos níveis de conforto, sente-se excluído.

O LAC, posteriormente LACTEC, apoiou a eletrificação rural na análise -

ensaios, certificação, avaliação e outros – de componentes e no desenvolvimento de

produtos, sobretudo para a indústria instalada no Paraná. Seus laboratórios de alta,

média e baixa tensão, criados logo no início do LAC, possibilitaram ensaios de tipo e

pesquisas no aprimoramento de transformadores, isoladores e materiais isolantes.

Tendo áreas dedicadas à eletrônica, eletrotécnica, materiais e informática, o LAC

cobria uma ampla gama de objetivos, possibilitando pesquisas em que se fizesse

necessário e seus recursos o permitissem.

A preocupação com a privatização da COPEL no final da década de 1990 e

nos primeiros anos do século XXI levaram o governo do Estado a desligar o LAC e o

CeHpar da COPEL, criando no ano 1997 o LACTEC - Instituto de Tecnologia para o

Desenvolvimento - de maneira a unir esses dois institutos, mais o Laboratório de

Materiais e Estruturas - LAME, criado em 1994. Chegar a esse momento, contudo,

foi o resultado de um longo caminho, de acordo com o que se resume no quadro a

seguir.

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QUADRO 2 - CRONOLOGIA DA CULTURA TÉCNICA NO PARANÁ E DE

ALGUMAS USINAS

ANO DESCRIÇÃO

1892

Em 1892 Rocha Pombo, político e historiador, à época jornalista e professor, colocava no Largo Ouvidor Pardinho a pedra fundamental da Universidade do Paraná. O projeto, no entanto, não foi adiante. Motivo: o Movimento Federalista impediu a criação da Universidade.

1909 Criação da Escola de Aprendizes e Artífices do Paraná, origem do Cefet-PR.

1912

Em 1912 a intelectualidade do Paraná era reduzidíssima (tinha apenas nove médicos e quatro engenheiros) e o Estado, no entanto, precisava de massa crítica para defendê-lo. Um acontecimento na época fez as lideranças políticas se empenharem ainda mais pela criação da Universidade: o Paraná havia perdido, na Justiça, a Região do Contestado, que ficou para o Estado de Santa Catarina. Foi aí que o médico Victor Ferreira do Amaral, deputado e diretor de Instrução Pública do Estado, liderou a criação efetiva da Universidade. Era chegada a hora. O Paraná não podia mais esperar, pois se desenvolvia muito com a abundante produção de erva-mate.

1913

Em 1913, a Universidade começou a funcionar (no início como instituição particular). Os primeiros cursos ofertados foram Ciências Jurídicas e Sociais, Engenharia, Medicina e Cirurgia, Comércio, Odontologia, Farmácia e Obstetrícia. Após ter fundado a Universidade do Paraná, Victor Ferreira do Amaral, seu primeiro reitor, fez empréstimos e iniciou a construção do prédio central, na Praça Santos Andrade, em um terreno doado pela Prefeitura. Durante mais de trinta anos, foi uma longa luta para a restauração da Universidade. Somente no início da década de 50 é que as faculdades foram reunidas e formada novamente a Universidade do Paraná. Para conseguir essa unificação, foi fundamental o apoio da imprensa e da comunidade. Depois disso, veio a federalização. A partir daí, iniciou-se uma fase de grande expansão. Em oito décadas muita coisa mudou. Mudou também a Universidade Federal do Paraná. Ela acompanhou as transformações oriundas dos mais diversos setores.

1920

Em 1920, uma lei determinou o fechamento das Universidades. O Governo Federal não recebia bem as iniciativas surgidas de forma independente nos estados. Mesmo assim, apesar de contraditório, o Governo criou a Universidade do Rio de Janeiro. Era necessário criar alternativas para evitar o fechamento da Instituição. A forma encontrada na época para driblar a lei e continuar funcionando, foi desmembrar a Instituição em faculdades.

1937

A Escola de Aprendizes e Artífices do Paraná (futuro Cefet-PR) passou a ministrar o ensino de 1.º grau, sendo então denominada de Liceu Industrial de Curitiba. A mão-de-obra especializava-se nas atividades de alfaiataria, sapataria, marcenaria, pintura decorativa e escultura ornamental.

1940 Criado o Laboratório de Análises e Pesquisas do Departamento de Agricultura da Secretaria de Obras Públicas, Viação e Agricultura do Estado, origem do Tecpar.

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73

ANO DESCRIÇÃO

1944 A Escola de Aprendizes e Artífices do Paraná (futuro CEFET-PR) passou a chamar-se Escola Técnica de Curitiba. Nessa época, março de 1944, foi criado o primeiro curso de 2º ciclo na Instituição: o de Mecânica

1948

Com a redemocratização do país e o fim do Estado Novo, foi elaborada uma nova constituição para o país. As novas leis previam que uma universidade deveria ser composta no mínimo por quatro faculdades, nos moldes da Universidade do Brasil. Por força disso, em 1948, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras se incorpora às faculdades de Direito, Medicina e Engenharia, restaurando assim o antigo estatuto de Universidade do Paraná.

1959

Criado o CeHpar, como órgão vinculado ao Setor de Tecnologia da UFPR, desenvolvendo pesquisas básicas e aplicadas em hidráulica, hidrologia, mecânica dos fluídos, obras hidráulicas, recursos hídricos e energéticos, Informações georeferenciáveis e planejamento e comercialização de energia.

1959 Criada a Universidade Católica do Paraná (PUC/PR), reconhecida pelo Governo Federal em 17 de maio de 1960.

1971 Entrada em operação da Usina Governador Parigot de Souza e de Xavantes (fronteira PR/SP).

1972 Criado o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR).

1973 A Escola Técnica Federal de Curitiba passou a ofertar os cursos de Engenharia de Operação na área da construção civil e elétrica.

1975 Entrada em operação da Usina de Salto Osório.

1978 A Escola Técnica de Curitiba passou a chamar-se Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, passando a ministrar também o ensino superior.

1980 Entrada em operação das usinas Governador Bento Munhoz da Rocha Netto e Salto Santiago

1982 Inaugurado o LAC, laboratório com laboratórios nas áreas de eletricidade, eletrônica, materiais e química aplicada.

1984 Entrada em operação da Itaipu.

1993

Criado o Sistema Meteorológico do Paraná, Simepar, o qual foi instituído pelo decreto estadual n.º 2152, de 17 de março de 1993, na forma de um convênio entre o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e a Companhia Paranaense de Energia (COPEL).

1994

Inaugurado o Lame, Laboratório de Materiais e Estruturas, responsável pela realização de ensaios, análises e caracterizações de materiais, modelos estruturais, geotécnicos, físicos e matemáticos, principalmente, aplicados em obras de engenharia.

1997 Fundado o LACTEC, instituição com objetivo de promover o desenvolvimento econômico, científico, tecnológico e social. Neste ano, passou a coordenar a captação de recursos, vendas de serviços e parcerias do Laboratório Central de

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74

ANO DESCRIÇÃO Pesquisa e Desenvolvimento até então mantido pelo convênio entre a UFPR e a Companhia Paranaense de Energia.

1998

Inaugurado o condomínio tecnológico CETIS (Centro Tecnológico Industrial do Sudoeste Paranaense), convênio entre o LACTEC, a COPEL e Prefeitura Municipal de Pato Branco, contando também com apoio da Finep. O CETIS é um dos referenciais do início do desenvolvimento tecnológico do sudoeste do Paraná, conta com laboratórios, serviços e produção industrial. São seis módulos industriais, seis empresas em operação, duas em implantação e gera mais de 400 empregos diretos.

1999 O LACTEC assume as operações do LAC, incorporando 84 profissionais, passando a responder também pelos investimentos e por todas a despesas com custeio e pessoal.

2000

O LACTEC passa a responder pelas operações e quadro de pessoal do Lame (Laboratório de Materiais e Estruturas), até então mantido pelo convênio entre a UFPR e a COPEL. Inaugurado em 1994, conta com laboratórios de Estruturas Civis, Concreto e Solos. Assume as operações e quadro de pessoal do CEHPAR (Centro de Hidráulica e Hidrologia Professor Parigot de Souza).

2005 Criação da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR

FONTE: LACTEC-CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO

5.2 FATORES DETERMINANTES E FINALIDADES NA SUA ORIGEM, SEUS

RESULTADOS COMO AGENTE COORDENADOR DO DESENVOLVIMENTO

CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO PARA O SETOR.

Em cada contexto histórico, verifica-se a necessidade obstinada da

compreensão relativa a por que veio, a que veio e como veio este ou aquele

progresso. A energia elétrica surgiu no Brasil no início do século XX, por força de

demandas relacionadas à vida pública e privada. Sob tal conjuntura, houve

mudanças de hábitos sociais, culturais e, sobretudo, na relação da produção de

objetos e seu consumo, fruto do nascimento de uma nova era - a sociedade de

consumo. Criada a partir da revolução industrial e alvo principal de seus objetivos ao

sair da era feudal, passou a estimular atividades e instalações de várias ordens,

como tema e objeto de estudo.

Conforme mencionado na obra A vida cotidiana no Brasil moderno, (...) os limites cronológicos compreendem transformações importantes na sociedade brasileira. Na virada do século XIX para o século X, ocorre a mudança do eixo econômico, a abolição da escravidão e a consolidação do regime republicano. Daí até os anos 1930 desponta o desenvolvimento da sociedade industrial e de consumo, quando o país já assiste a disseminação das modificações provocadas pela utilização dessa nova forma de energia - a eletricidade - principalmente na vida doméstica e no efeito multiplicador dos

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recursos e serviços disponíveis nos grandes centros urbanos a uma parcela sempre crescente da população brasileira. (2001 p. 13 - 14)

Um dos resultados desse processo foi a criação do LAC, transformado no

LACTEC, que possibilitou este nova visão para essa área de pesquisa em torno da

energia elétrica e que busca também contribuir para a história da técnica e da

tecnologia. Por efeito de suas dimensões e desenvolvimento no setor elétrico, esta

instituição possibilitou ao Paraná a criação de relações entre a ciência e a

tecnologia. Por sua natureza e objetivos, é o exemplo perfeito da necessidade de

repasse de conhecimento do saber-fazer por meio dos centros de pesquisa e

desenvolvimento, criados a partir da energia elétrica. Na criação deste importante

centro de pesquisa, são disponíveis vários depoimentos dos objetivos com que ele

foi criado, os quais vêm ao encontro do que está publicado no trecho do livro Quinze

anos vencendo desafios em tecnologia, conforme BOSCHILIA E ARCHANJO (1997,

p.103-4): “(...) hoje diversas empresas já identificam o LAC - atual LACTEC - como

um local onde elas podem ter solução para seus problemas, tanto em ensaios, em

transferências de conhecimento, como na realização efetiva de projetos de pesquisa

e desenvolvimento”.

A interpretação que o historiador e pesquisador faz do passado, sua seleção

do que realmente é relevante, desenvolve-se com o surgimento de novos objetivos e

necessidades. A partir da revolução industrial, os fins econômicos e sociais vieram

substituir os fins constitucionais, políticos e metafísicos.

No Estado do Paraná, mais precisamente na COPEL, não havia ainda um

ambiente em que a consciência da necessidade de um centro de P&D fosse

generalizada, era, contudo, um local onde havia essa preocupação entre pessoas

com responsabilidade técnica na área de manutenção e operação. Verificava-se que

a formação convencional dos engenheiros era insuficiente para solucionar os

problemas verificados, por exemplo, pela amplitude de usinas do porte da Usina

Governador Bento Munhoz da Rocha Neto e, depois, Salto Segredo e Salto Caxias.

Nessas instalações, clamava-se vigorosamente por áreas que pudessem resolver

problemas e criar soluções sem dependências exteriores, que permitissem resolver

problemas técnicos com auto-suficiência e competência técnica além da

convencional, ocasionadas obviamente pela ausência de centros de pesquisa à

semelhança do LACTEC.

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76

Com o propósito de construir um ambiente de desenvolvimento técnico e

científico, os primeiros a perceber a necessidade de um laboratório adequado foram

os especialistas da empresa com responsabilidades técnicas no projeto, construção

e operação das grandes usinas e subestações.

De fato, o uso seguro de instalações de grande porte requer conhecimentos e

ensaios que uma empresa comum não é capaz. Ainda carente de estruturas

técnicas mais consistentes, na década de 1970, o Paraná precisava criar infra-

estrutura para pretender relativa autonomia na realização de seus serviços

essenciais. Estes serviços eram prestados sempre por especialistas estrangeiros, o

que determinava uma dependência quase absoluta em termos de técnicos para

prestação de serviços e manutenção de seus equipamentos.

Desde sua criação estava previsto que o LAC não se definiria “como uma

oficina de experimentos, mas sim como um núcleo pensante...” que seria, conforme

o coordenador Rogério Moro, em 1982, quando o LAC foi criado, “uma usina de

idéias, de soluções”, para resoluções de problemas da COPEL. (Boschilia e

Archanjo,p.75,1997)

Na evolução do LAC, o LACTEC veio ao encontro dessas necessidades,

como um ambiente de formação de especialistas e local de ensaios especiais, que

muitas vezes deram sustentação à COPEL para definição de responsabilidades

com empresas nem sempre suficientemente capazes de produzir o que vendiam.

No LACTEC, também estava o CEHPAR, órgão criado muito antes do LAC e

responsável por estudos de grande responsabilidade no projeto de usinas

hidroelétricas. Pela sua natureza e relações com a Universidade Federal do Paraná,

constituiu pólo de formação de especialistas de elevado nível, chamados a prestar

serviços inclusive no exterior.

É interessante registrar, acima de tudo, a visão de algumas personalidades

paranaenses, graças às quais o Estado assumiu e construiu empresas com o porte e

o padrão da COPEL, assim como laboratórios e universidades onde a ciência e a

tecnologia foram objeto de atenção de especialistas e instrumento de formação

profissional.

Considerando que ciência caracteriza-se por descobertas e que ao contrário

de verdades absolutas, como pretendia a metafísica, constatam-se quase sempre

verdades transitórias - parâmetros para o avanço da ciência - um ambiente de

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pesquisa é necessário para progredir-se nessa afirmação e aproveitar o

conhecimento para construir uma sociedade melhor.

Considerando também que pelo que se constata como discurso corrente, o

conhecimento será a principal moeda de troca do terceiro milênio, os ambientes de

pesquisa e desenvolvimento serão o maior objeto de desejo das sociedades

hegemônicas.

Essas visões foram e são fundamentais na ação das lideranças de uma

determinada sociedade. A formação da infra-estrutura técnica e científica do povo

paranaense foram decisivas à arrancada econômica do Estado, a partir da metade

do século passado. Aproveitando satisfatoriamente uma série de circunstâncias

favoráveis, de ordem política, econômica e social, o Paraná viabilizou a COPEL e

seus desdobramentos, entre os quais está o LACTEC.

5.3 IMPORTÂNCIA DO LACTEC PARA O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO

DO PARANÁ

A importância do LACTEC pode ser avaliada lembrando-se as bases sobre as

quais foi formado. O CEHPAR (1959), LAC (1982), LAME (1994) e LEME (2000) são

laboratórios que surgiram de acordo com necessidades e oportunidades que o

Paraná teve, aproveitando-as e criando uma base tecnológica de primeira grandeza

no cenário brasileiro.

Conforme já se explicitou, o CEHPAR começou a existir em 1959, como

órgão vinculado ao Setor de Tecnologia da UFPR, desenvolvendo pesquisas

básicas e aplicadas em hidráulica, hidrologia, mecânica dos fluídos, obras

hidráulicas, recursos hídricos e energéticos, informações georeferenciáveis e

planejamento e comercialização de energia.

Atualmente, ocupa uma área coberta de 7.000 m2, para modelos e ensaios, e

outra de 5.000 m2 não coberta. Para a realização de estudos em modelos reduzidos,

conta com duas cisternas subterrâneas de dois mil metros cúbicos, e dois

reservatórios elevados de duzentos metros cúbicos. A capacidade de vazão do

sistema é de 1.600 l/s, o que dá uma visão de sua dimensão.

Abriga salas de aula e de estudos, oficinas de marcenaria e mecânica,

laboratório fotográfico, biblioteca especializada com 4.800 obras e periódicos, além

de laboratório didático de mecânica dos fluidos e hidráulica.

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Um ambiente de P&D exerce muitas formas de influência na comunidade em

que existir. Essas influências vão desde a mudança cultural até a viabilização de

indústrias, que encontram entre seus profissionais pessoas com preparo de alto

padrão e a possibilidade de uso de seus laboratórios para serviços especiais.

Do LAC e CEHPAR para o LACTEC, todas as possibilidades de atuação

foram percebidas a partir da criação desses laboratórios.

O CEHPAR viabilizou a apropriação do potencial hidroelétrico do Paraná, pela

estatal COPEL, assim como proporcionou às suas cidades o apoio no

desenvolvimento de estratégias de utilização de seus recursos hídricos. Também

formou profissionais que vieram a integrar os quadros técnicos do Estado e apoio a

projetos internos e externos ao Paraná.

O LAC, conforme também já se explicitou, foi inaugurado em março de 1982.

Com sede em Curitiba, capital paranaense, ocupava uma área de 4.500 m2 de

edificações num terreno de 18.000 m2. Dispunha de laboratórios nas áreas de

eletricidade, eletrônica, materiais e química aplicada, totalizando investimentos em

equipamentos, sistemas e correlatos da ordem de R$ 45 milhões.(valores

atualizados)

FIGURA 11 - FOTOGRAFIA DA INAUGURAÇÃO DO LAC

FONTE: ACERVO DA COPEL,-1982.

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O LAC tornou-se um ambiente de pesquisas multidisciplinares. Formou

laboratórios em eletrotécnica, física, química e informática, com equipamentos e

salas especiais para ensaios de alta e média tensão, padrões para aferição de

instrumentos de testes e medidas, ensaios gerais em eletrotécnica, laboratório para

ensaios físico-químicos, desenvolvimento de processadores e outros. Por sua

multidisciplinaridade e também por seu papel inicial de dar apoio à empresa-mãe,

COPEL, talvez não tenha valorizado a criação de uma política de apropriação de

novas pesquisas, não tendo registrado nenhuma patente em sua existência. Essa

concepção de valorizar resultados de pesquisa em produtos e patentes surgiram

com a criação do LACTEC, pela mudança de política de atuação, conforme

apresentamos na seqüência dos capítulos.

O LACTEC é um ambiente de P&D, que uma indústria comum não teria

condições de manter. Suas instalações abrigam aparelhos especiais, de alto custo,

que se justificam pela amplitude do serviço prestado, criando condições para

trabalhos especiais e pesquisas que acontecem por efeito da existência de um grupo

de doutores, mestres, especialistas em diversas áreas dedicados ao

desenvolvimento científico e tecnológico.

A seguir apresentar-se - á uma exposição do LACTEC com mais detalhes

para confirmação desta declaração.

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5.4 O LACTEC EM DETALHES

5.4.1 Número de Empregados / Número de Estagiários

Desde 1999 até 2005 (atualmente) o LACTEC mantém em seu quadro de

funcionários efetivos entre 200 e 300 colaboradores; e em seu quadro de estagiários

entre cinqüenta e 130 alunos.

5.4.2 Custo Operacional e Investimentos

QUADRO 3 - CUSTO OPERACIONAL E INVESTIMENTOS (R$ 1,00)

ANO 2001 2002 2003

ATIVO CIRCULANTE 20.696.537 26.193.309 13.934.063

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 1.959.149 479.845 900.060

PERMANENTE 39.006.149 50.328.402 77.161.327

TOTAL DO ATIVO 61.661.835 77.001.556 91.995.450

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO 10.057.647 8.728.485 8.344.573

RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA 42.053.662 54.922.232 49.093.724

CUSTO DOS SERVIÇOS PRESTA-DOS E PROJETOS (32.706.816) (46.546.807) (51.557.666)

RECEITAS E DESPESAS OPERA-CIONAIS (1.778.765) (3.486.420) (10.024.305)

RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 32.128 14.069 (150.593)

SUPERAVIT DO EXERCÍCIO 7.600.209 4.903.074 (12.638.840)

FONTE :LACTEC-CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO, 2005.

5.4.3 Artigos Publicados

Período de 1999 a 2004: 475 artigos publicados.

5.4.4 Convênios

• COPEL - Companhia Paranaense de Energia;

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• Universidade Federal do Paraná;

• Ministério de Ciência e Tecnologia;

• Universidade Federal do Rio de Janeiro;

• Universidade Federal de Santa Catarina;

• Procel - Programa de Combate ao Desperdício de Energia Elétrica;

• Paraná Metrologia - Rede Paranaense de Metrologia e Ensaios;

• INMETRO - Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade

Industrial;

• SBM - Sociedade Brasileira de Metrologia;

• Universidade de Strathclyde (Escócia);

• JICA - Japan International Cooperation Agency (Japão);

• University of Wales ( Inglaterra);

• Institut für Spektroskopie und angewandte Spectrochemie - ISAS

(Alemanha);

• Gesellschaft für Analytische Sensorsysteme (Alemanha);

• Gesellschaft für Analytische Sensorsysteme (Brasil);

• Projeto Rede de Centros Especializados em Gestão Tecnológica -

ABIPTI.

5.4.5 Principais Clientes:

• AMPLA (ex-CERJ-Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro);

• ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica);

• ANP (Agência Nacional do Petróleo);

• Grupo Rede - Celpa (Centrais Elétricas do Pará);

• Grupo Rede - Cemat (Centrais Elétricas Mato-grossense S/A.);

• COPEL (Companhia Paranaense de Energia);

• ELETROPAULO (CPFL-Companhia Paulista de Eletricidade);

• EXCELSA (Espírito Santo Centrais elétricas S/A);

• COELBA (Companhia Eletricidade da Bahia);

• COELCE (Companhia Eletricidade do Ceará);

• Electrolux;

• ENERGIPE (Empresa Energética de Sergipe);

• Furnas Centrais Elétricas;

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• Furukawa;

• IAP (Instituto Ambiental do Paraná);

• Indústria Balestro;

• Johnson Matthey Brasil;;

• Ministério da Saúde;

• NEC do Brasil;

• Renault do Brasil;

• RGE (Rio Grande Energia);

• Volvo do Brasil;

• WEG Indústrias S/A.

5.4.6 Considerações Gerais

É importante lembrar que a formação do LACTEC aconteceu a partir de

laboratórios que refletem a história do desenvolvimento do Estado do Paraná.

O LEME (Laboratório de Emissões Veiculares), por exemplo, inaugurado em

maio de 2000, com investimentos de 9 milhões de reais, acompanhou a instalação

da indústria automobilística no Paraná. No âmbito do programa de incentivos a essa

indústria, o Estado formou esse laboratório, que também dá suporte à pesquisa em

meio ambiente.

O LEME atua na pesquisa e desenvolvimento de motores de combustão,

avaliação de combustíveis e componentes automotivos e também análise da

qualidade de emissões gasosas de veículos.

O laboratório realiza ensaios qualificados de veículos e de motores, em

regime estacionário e transiente. Nessas condições, é quase uma extensão das

montadoras de veículos automotores embora também permita a formação de

pesquisadores - o que constitui o grande diferencial de um centro de P&D – que

poderão dar sua contribuição à tecnologia nacional. Assim, o LEME atende

fabricantes de veículos e auto-peças, institutos de pesquisa de meio ambiente,

universidades e órgãos ambientais. Para tanto, ocupa uma área de 30.000 m2,

destes, 5.050 m2 em edificações, para abrigar unidades de ensaios, preparação de

veículos e motores, além de armazenamento de combustíveis.

A criação desse braço no LACTEC remete à importância e emergência de um

suporte para as indústrias que conquistaram seu espaço na criação de um parque

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industrial, onde são necessários os progressos técnicos e tecnológicos, sustentáculo

da sociedade de consumo e da criação de novos empregos.

Por meio desses argumentos, o LACTEC desenvolve na pesquisa e na

transmissão do saber-fazer, prerrogativa de uma de uma sociedade democrática

com interesses em desenvolvimentos auto-sustentáveis, próprio de países

hegemônicos que souberam conquistar seu espaço pela criação da própria

tecnologia.

Por sua vez, o LAME resultou do aproveitamento da oportunidade de

construção da Usina de Segredo, para a qual a COPEL foi compelida a adquirir

equipamentos de ensaios mecânicos. Inaugurado em dezembro de 1994, possui

4.000 mil m de edificações, numa área total de oito mil metros.

O LAME realiza ensaios, análises e caracterizações de materiais, modelos

estruturais, geotécnicos, físicos e matemáticos, aplicados em obras de engenharia e

atua na qualificação de fornecedores, certificação de produtos, durabilidade e

recuperação de estruturas civis e na consultoria técnica em obras e projetos de

engenharia civil.

O LAME também faz pesquisas básicas e aplicadas ao desenvolvimento e

controle da qualidade de materiais civis, caracterização geotécnica de solos e

rochas, análise de fundações, modelos estruturais e recuperação de obras civis.

A criação recente dos laboratórios LEME e LAME ilustra a integração do

LACTEC ao Estado do Paraná, pois foram momentos oportunos para criar bases

tecnológicas para o país, com condições especiais de formação de profissionais de

alto nível, no território paranaense.

A partir de seu desligamento da COPEL, observação recorrente na pesquisa

realizada, um aspecto preocupante é a situação financeira do LACTEC, que

depende de recursos que deverá gerar, podendo prejudicar sua possível capacidade

de pesquisa em projetos de longo prazo ou sem rentabilidade comercial.

O balanço mostra que sua receita líquida está decrescente, colocando a

dúvida sobre a qualidade e condições de sobrevivência desse ambiente de P&D. O

LACTEC passa por uma fase cuja sobrevivência dependerá muito da compreensão

da importância de sua existência e do que se pretende com esse laboratório.

De fato, corre o risco de se tornar um simples prestador de serviços

sofisticados, perdendo oportunidades de desenvolvimento de pesquisas importantes

na luta pela própria existência, e da filosofia que explica a existência de um centro

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de P&D que faz de seu projeto maior - a pesquisa - uma conseqüência secundária e

alheia a seus projetos maiores.

LACTEC é uma instituição nova, ainda em processo de consolidação como

Centro de P&D, relativamente independente e necessitando se manter com os

resultados de seu trabalho. Nessas condições o LACTEC deve aplicar-se em

pesquisa e desenvolvimento atento aos resultados comerciais de seu trabalho, o que

explica, inclusive, a sua preocupação em mostrar publicamente suas competências.

FIGURA 12 - LACTEC

FONTE: FOTOGRAFIA DE TÂNIIA ROSA FERREIRA CASCAES, 2005.

Um destaque para essa instituição que presta serviços especializados é a

necessidade de apropriar ao Instituto o resultado das pesquisas, de modo a poder

garantir receita com seus inventos, que ainda são poucos sob a denominação

LACTEC, pois é uma entidade recente. À medida que o LACTEC garantir

remuneração com novos inventos, terá mais recursos para aplicação em P&D, sem

necessidade de manter um programa intenso de prestação de serviços de rotina.

A produção técnica deste Instituto tem, entretanto, o benefício das suas

origens. Devido ao trabalho dos centros de P&D que o formaram pôde já começar

com muitos processos e equipamentos em desenvolvimento, possibilitando uma

carteira de produtos que lhe permitem uma renda além da simples prestação de

serviços. A realização de trabalhos especializados em nome do LACTEC também

aconteceu desde a sua criação, pois o Instituto de Tecnologia para o

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Desenvolvimento, o LACTEC, iniciou com laboratórios montados, equipes formadas,

treinadas e atuando no Paraná e fora dele.

Os laboratórios que formaram o LACTEC propiciaram-lhe também forte

presença no setor elétrico. A grande maioria dos profissionais do LACTEC ou são

oriundos da COPEL ou trabalharam indiretamente para a empresa. Assim a

produção científica e material desse instituto é predominantemente dedicada a

empresas de energia elétrica ou indústrias a ela dedicadas. Muitos projetos não são

passíveis de apropriação tecnológica ou não foram aproveitados dessa forma.

Um aspecto a destacar é que antes da formação do LACTEC não existia no

pólo LAC/LAME/CEHPAR uma estratégia sólida de registro de propriedade

intelectual. Os melhores trabalhos com possibilidade industrial eram apropriados

pela indústria que motivava a pesquisa.

Os laboratórios que antecederam o LACTEC, sendo entidades sem

preocupações quanto a resultados financeiros, não desenvolveram procedimentos

de apropriação de cultura técnica. Independentemente dessa situação, desde a

formação do primeiro laboratório, esse ambiente de P&D criou bases para o

aprimoramento da cultura técnica no Paraná e para o Brasil, de modo geral.

Nesses laboratórios pôde-se realizar serviços especiais como, por exemplo,

avaliar respeito a especificações de equipamentos de grande porte através do

laboratório de alta tensão. Nele, exemplificando, a COPEL verificou que

transformadores adquiridos de uma grande multinacional estrangeira não atendiam

as especificações, estando com capacidade de transformação muito inferior à

mencionada na placa. Nesses laboratórios a COPEL também encontrou apoio para

disciplinar a fabricação de transformadores de distribuição, pequenos, mas em

volume tal que representariam prejuízo de vultosas somas se continuassem a ser

fabricados sem respeito às normas técnicas. Na área de materiais, durante muitos

anos a COPEL teve dificuldades de equacionar a avaliação e proteção de

superfícies metálicas em suas usinas. Condutos forçados, sempre úmidos, não

aceitavam pintura. O LAC estudou e desenvolveu procedimentos e recomendações

quanto às tintas para esse serviço de manutenção, servindo de base técnica

também para as novas instalações. Em medição o LAC chegou a desenvolver

padrões para aferição dos medidores de energia, um ponto importante na estratégia

comercial e técnica da empresa. Muito foi feito desde a criação do primeiro

laboratório, mas a espécie de serviço realizado sempre foi de alta complexidade, não

criando mídia nem sendo capaz de atingir a compreensão do mundo político. Essa

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dificuldade tem prejudicado esta Instituição na obtenção de recursos para o seu

desenvolvimento.

O diagrama da figura 13, seguir mostra essa origem que garantia a

sobrevivência dos laboratórios pré-existentes ao LACTEC e com o LACTEC a nova

condição de sobrevivência. Note-se que antes da criação do LACTEC os

laboratórios eram mantidos tacitamente pela UFPR e COPEL, eventualmente

aproveitando verbas de apoio à P&D e realizando serviços externos. Com a

privatização, criando-se o LACTEC, a existência dessa instituição passou a

depender principalmente dos resultados financeiros dos seus serviços e pesquisas.

FIGURA 13 - DIAGRAMA DA ORIGEM E ABRANGÊNCIA DO LACTEC

COPEL CONSULTORIA EXTERNA

VERBAS FEDERAIS

CEHPARLAC

LAME

RECURSOS ESPECIAIS (Verbas a fundo perdido,

outras)

COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS

(Inventos)

UFPR

P&D COM UTILIZAÇÃO DOS

FUNDOS SETORIAIS

MUDANÇA DE SUSTENTAÇÃO

COMERCIALIZAÇÃO DE SERVIÇOS

LACTEC

FONTE: PESQUISA TÂNIA ROSA FERREIRA CASCAES, 2005.

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5.4.7 Produtos Registrados

O LACTEC tem em seu portal (julho de 2005) a relação dos produtos e

serviços passíveis de registro para utilização sob licença. O atraso na obtenção dos

registros definitivos deve-se em parte em função da sobrecarga dos órgãos

dedicados ao assunto.

QUADRO 4 - PATENTE REGISTRADA

Nº do Pedido Título

MU 7600052 -4

Dispositivo localizador de faltas aplicável em redes aéreas de distribuição de energia elétrica

Fonte: Centro de Documentação do LACTEC, disponível no site:<http://www.Lactec.org.br/em> Acessado em 16 jul 2005.

QUADRO 5 - PATENTES: PEDIDO DE INVENÇÃO

Nº do Pedido Título

PI 9805374

Circuito de medição precisa de potência elétrica com termoconversores conectados em ponte

PI 9802955

Revestimento descartável para luminárias

PI 9802938

Dispositivo sensor de corrente e tensão aplicável para localização de faltas em redes aéreas de distribuição de energia elétrica

PI 9703181

Equipamento eletrônico integrado de sensoriamento e transmissão de falta de energia em baixa tensão

PI 9703180

Equipamento eletrônico integrado de alerta para motorista de veículos automotores

PI 9605628

Sistema fotoelétrico eletrônico de ciclo reduzido

PI 9501805

Fotocélula eletrônica n.a.

PI 9502888-9

Protetor catódico de grelhas de linha de transmissão aérea convencional

PI 9600116-0

Fotocélula eletrônica capacitativa integrada

PI 0006643-5

Aparelho eletrônico digital para detecção de isoladores perfuradores em linhas de distribuição de energia elétrica

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PI 0102507-4

Equipamento eletrônico programável para discagens telefônicas

PI 0106313-8

Processo de regeneração de óleos minerais lubrificantes industriais e isolantes

Fonte: Centro de Documentação do LACTEC, disponível no site:<http://www.LACTEC.org.br/em> Acessado em 16 jul 2005.

QUADRO 6 - PATENTES: MODELO DE UTILIDADE

Nº do Pedido Título

MU 7901357

Caixa para encapsulamento de reator eletrônico e outros equipamentos

MU 8102903-9

Equipamento registrador e sinalizador de faltas em linhas de distribuição e subtransmissão

MU 8101013-3

Sistema de monitoramento de ligações telefônicas

MU 8102978-0

Equipamento eletrônico localizador de cabos elétricos embutidos

MU 7800121-8

Transdutor ativo de corrente elétrica com linearidade estendia

MU 7702137-1

Medidor eletrônico monofásico de energia elétrica

MU 8102181-0

Aperfeiçoamento introduzido em protetor catódico para grelhas de linhas de transmissão aréas convencionais

MU 7601861-0

Dispositivo detetor de ligações clandestinas na entrada de consumidores de energia elétrica

MU 7601862-8

Reator aplicável a lâmpada de vapor de mercúrio ou sódio com regimes de potência diferenciados (reator inteligente)

MU 7901356

Reator eletrônico multi-volt com fotocélula para aplicações gerais e iluminação pública

MU 7901355

Equipamento identificador de fases

MU 7900346

Fotocélula eletrônica incorporada a reatores eletrônicos para iluminação pública com temporização

MU 7900171

Fotocélula diferencial eletrônica em estado sólido com temporizador

MU 7802359

Economizador de energia programável para iluminação pública

MU 7802320

Reator eletrônico bi-volt para lâmpadas vapor de sódio e multivapores metálicos com controle de potência sobre a lâmpada

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MU 7802319

Reator eletrônico bi-volt para lâmpadas vapor de sódio e multivapores metálicos

MU 7802318

Reator eletrônico com controle de potência para lâmpadas vapor de sódio e multivapores metálicos

MU 7802194

Reator eletrônico para lâmpadas vapor de sódio e multivapores metálicos

MU 7702137

Medidor eletrônico monofásico de energia elétrica

MU 7700863

Sistema de monitoramento do fornecimento de energia elétrica em baixa tensão

Fonte: Centro de Documentação do LACTEC, disponível no site:<http://www.Lactec.org.br/em> Acessado em 16 jul 2005.

QUADRO 7 – PATENTE: REGISTRO DE PROGRAMAS

Nº do Pedido Título

RP 99002371 Software autolab de gestão e automação de laboratórios

Fonte: Centro de Documentação do LACTEC, disponível no site:<http://www.Lactec.org.br/em> Acessado em 16 jul 2005.

QUADRO 8 - PATENTE: DESENHO INDUSTRIAL

Nº do Pedido Título

DI 6204051-0 Configuração aplicada em luminária pública

Fonte: Centro de Documentação do LACTEC, disponível no site:<http://www.Lactec.org.br/em> Acessado em 16 jul 2005.

Note-se a importância do registro de propriedade intelectual em nome do

LACTEC. Para manter seus quadros de pesquisadores o Instituto deverá gerar receita, o que poderá obter comercializando o resultado de invenções que puder apropriar a seu patrimônio.

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5.4.8 Exemplo - Alguns Produtos Desenvolvidos

FIGURA 14 - ARGOS - SISTEMA DE MONITORAMENTO DE INTERRUPÇÃO DE

ENERGIA ELÉTRICA

FONTE: PORTAL DO LACTEC, 2005.

Sistema que permite, de forma automática e on-line, obter e monitorar os índices de continuidade nos serviços de fornecimento de energia elétrica em baixa tensão. Possibilita à ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), agências reguladoras estaduais, concessionárias de energia elétrica e aos consumidores o acompanhamento das informações de interrupção de energia elétrica. Permite também a monitoração dos indicadores de qualidade DEC, FEC, DIC e FIC. A interrupção e os indicadores são obtidos pela Internet, no portal ARGOS. Disponibiliza informações sobre a data, hora, duração e freqüência das interrupções e restabelecimento do fornecimento de energia elétrica. Informa com rapidez e precisão os centros de operação de distribuição de energia elétrica sobre o estado de energização dos ramais de distribuição . Obtém automaticamente os indicadores de qualidade DEC, FEC, DIC e FIC. Determina com rapidez as regiões e ramais que se encontram sem energia elétrica. Diminui o congestionamento das linhas telefônicas dos serviços de emergência 120 ou 196. Conta com cobertura nacional. Foi totalmente desenvolvido pelo LACTEC, em convênio com a ANEEL.

Esse é o produto que deu ao LACTEC (após os laboratórios que o

antecederam) maior destaque junto à ANEEL, agência reguladora do setor elétrico.

Ele atendeu uma necessidade especial dessa agência e aconteceu por efeito da

sinergia entre COPEL e LACTEC. “Um dos produtos patenteados pelo LACTEC e mais conhecido em todo o país é o Sistema Argos (Sistema de Monitoração de Interrupção do Fornecimento de Energia Elétrica). Em caso de falta de luz, o Argos informa automática e instantaneamente, as concessionárias de energia elétrica, via Internet, o local onde foi interrompido o fornecimento de energia elétrica. O Argos permite ainda que a Aneel monitore com precisão a qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias de energia elétrica. O Argos permite analisar o tempo exato de um apagão, por exemplo, e é uma forma independente e efetiva de fiscalização e controle da sociedade. O consumidor tem um instrumento para sua defesa.

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A patente PI 9703181 trata de equipamento eletrônico integrado de sensoriamento e transmissão de falta de energia em baixa tensão.. Trata-se de um Sistema que permite, de forma automática, segura, confiável, auditável e instantânea (on-line e via Internet), obter e monitorar informações sobre as interrupções do fornecimento de energia elétrica e os índices de continuidade e qualidade dos serviços prestados pelas Concessionárias de Energia Elétrica, ... Para a ANEEL, Agências Reguladoras Estaduais e aos Consumidores em geral: Possibilita o acompanhamento e a fiscalização das informações sobre as interrupções do fornecimento de energia elétrica e os indicadores DEC, FEC, DIC, FIC e DMIC; Para as Concessionárias de Energia Elétrica: Nos CENTROS DE OPERAÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO - COD's disponibiliza, de forma on-line, informações sobre os trechos da Rede de Distribuição(circuitos, chaves, ramais, religadores automáticos) que se encontram com defeito(sem energia elétrica); ... Permite diminuir significativamente o Tempo de Espera para o atendimento emergencial” .

Fonte: http://www.finep.gov.br/bv/noticias/vendadeeletro.htm http://www.LACTEC.org.br/lacte/prod_argos.html

http://www.finep.gov.br/premio/pre_1999.htm acesso em julho de 2005-07-16

http://inventabrasilnet.t5.com.br/argos.htm FIGURA 15 - ROBOTURB - SISTEMA AUTOMATIZADO PARA RECUPERAÇÃO DE

ROTORES DE TURBINAS HIDRÁULICAS DE GRANDE PORTE

FONTE: FOTOGRAFIA DE TÂNIIA ROSA FERREIRA CASCAES, 2005.

Sistema automatizado para recuperação de rotores de turbinas, cavitação.

Em operação as pás das turbinas perdem material que deve ser reposto através de

eletrodeposição durante as manutenções.

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O processo convencional é lento, dependendo de mão de obra difícil e em

condições de trabalho extremamente severas.

O equipamento desenvolvido poderá ter outras aplicações, a partir dos

desenvolvimentos realizados, aumentando a eficácia dos sistemas de manutenção à

distância via robôs.

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5.4.9 O LACTEC e o Setor Elétrico

Devido às fontes de recursos para P&D no setor elétrico e principalmente às

relações existentes entre os colaboradores do LACTEC e as concessionárias de

energia elétrica, vê-se que a informação destacada no portal do Instituto de

Tecnologia para o Desenvolvimento, o LACTEC “ possui uma grande experiência em

desenvolvimento de projetos de P&D para Concessionárias de Energia, tendo

atendido, de 1999 a 2002, cerca de 25 concessionárias, compreendendo 79

projetos, somente no âmbito do atendimento a LEI Nº 9991.”

Os projetos relacionados mostram a abrangência do LACTEC e sua amplitude

nacional:

• desenvolvimento de metodologia para monitoramento do grau de poluição nos alimentadores de 13,8 e 69 kV da ilha de São Luís.

• desenvolvimento e implementação de dispositivo para contagem e memorização de faltas momentânea em redes de distribuição.

• estudos de técnicas alternativas para o manejo da vegetação sob as linhas de distribuição de energia elétrica, em área de proteção ambiental (pantanal - MT).

• pesquisa do comportamento dos cabos protegidos e acessórios de rede protegida aérea compacta submetidos às solicitações típicas da região centro oeste do Brasil.

• desenvolvimento de modelo para aprimoramento, modernização e automação operacional de PCH´s através de novos processos de gerenciamento, supervisão, monitoramento e controle.

• regeneração de mata ciliar em reservatórios e/ou rios • sensor de surto de tensão com memória, para baixa tensão. • desenvolvimento de uma metodologia a para a caracterização e

diagnóstico de falhas no sistema de medição de energia elétrica da concessionária.

• dispositivo para a indicação visual de sobrecarga em transformador de distribuição.

• estudo do processo de envelhecimento natural e artificial de isoladores. • desenvolvimento de chave estática em estado sólido para sistemas de

distribuição. • estudo da degradação de materiais utilizados na rede de distribuição de

energia instalada na orla de Aracaju.

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• inovação do processo de avaliação de óleos minerais isolantes baseado na aplicação de um protótipo de sistema móvel de amostragem e análise.

• desenvolvimento sistema de comunicação alternativo para indicadores de interrupção de fornecimento de energia para áreas urbanas isoladas.

• pesquisa sobre o impacto de descargas atmosféricas na confiabilidade de linhas de distribuição, em região rural do Estado de Santa Catarina

• pesquisa do comportamento dos cabos protegidos e acessórios submetidos a alta poluição atmosférica, salinidade e ataque biológico, em áreas litorâneas do Estado de Santa Catarina.

• estudo de tecnologias para o desenvolvimento de uma metodologia para a calibração transformadores de potencial em campo.

• estudo sobre a qualidade e durabilidade de materiais utilizados em ferramentas para serviços em linha viva.

• avaliação da vida útil dos transformadores de distribuição da COPEL. • desenvolvimento de algoritmos matemáticos para a otimização do sistema

de distribuição de energia elétrica. • aplicação de tecnologia de filtragem ativa para melhoria da qualidade de

energia elétrica em baixa tensão. • avaliação dos impactos da poluição atmosférica correlacionados à

manutenção de estruturas utilizadas no setor elétrico. • procedimentos e metodologia para estudo geotécnico de terrenos e para

projeto de fundações de estruturas de suporte de linhas aéreas de distribuição e de transmissão de energia elétrica.

• estudos e diagnósticos dos materiais empregados nos sistemas de aterramento de subestações 34,5 kV / 13,8 kV.

• estudo da utilização de rejeitos de isoladores de porcelana, na fabricação de artefatos de concreto (postes e cruzetas).

• estudo do superaquecimento de conexões elétricas em subestações de distribuição.

• fatores de influência na compatibilidade de cabos protegidos, isoladores e acessórios utilizados em redes aéreas compactas de distribuição de energia elétrica, sob condições de multi-estressamento.

• desenvolvimento de materiais poliméricos uretânicos para purificação on-line de transformadores contaminados com ascarel.

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5.4.10 Os prêmios obtidos pelo LACTEC demonstram o sucesso de suas iniciativas

2004 - Conquista do Troféu Expressão de Excelência Tecnológica 2004 na

categoria Produto com o "Sistema Seqüenciador de Eventos" – SOE

2003 - Conquista do Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica 2003 (Nacional

e Região Sul), como melhor Instituição de Pesquisa. A Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, tem como objetivo promover e financiar a inovação e a pesquisa científica e tecnológica em empresas, universidades, institutos tecnológicos, centros de pesquisa e outras instituições públicas ou privadas, mobilizando recursos financeiros e integrando instrumentos para o desenvolvimento econômico e social do País. A FINEP privilegia, em sua atuação, o apoio a empresas e instituições que investem no desenvolvimento de novos produtos e processos, na busca contínua da inovação e da liderança tecnológica. O processo de inovação é apoiado em todas as suas etapas e dimensões: da pesquisa em laboratório ao desenvolvimento de mercados para produtos inovadores; da incubação de empresas de base tecnológica à estruturação e consolidação dos processos de pesquisa e desenvolvimento das empresas já estabelecidas. São inovações tecnológicas as implantações de produtos e processos tecnologicamente novos ou com substanciais melhorias tecnológicas. Uma inovação é considerada implantada se estiver introduzida no mercado ou usada no processo de produção.

Portal FINEP - Julho de 2005

2003 - Conquista do Prêmio Expressão de Ecologia na categoria Tecnologia

de Controle Ambiental.

2002 - Conquista do Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica 2002 (Região

Sul), como melhor Instituição de Pesquisa.

2001 - Aprovação de 24 projetos na Mostra Energia Brasil, promovida pelo

Ministério da Ciência e Tecnologia e pela FINEP, representando 42% do total de

projetos selecionados nacionalmente entre empresas, universidades e centros de

pesquisa.

2001 - Conquista do Troféu Expressão de Excelência Tecnológica na

categoria Centro de Pesquisa.

2000 - Conquista da Menção Honrosa no Prêmio FINEP de Inovação

Tecnológica (Regional Sul), pela apresentação do projeto Controle de Aditivação e

Degradação de Polietileno.

1999 - Conquista do Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica, na categoria

Produto - Tecnologia da Informação - pela apresentação do projeto Argos e uma

Menção Honrosa pelo conjunto dos trabalhos inscritos, principalmente, pelo case

Proteção Catódica de Pés de Torres de Linhas de Transmissão.

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5.4.11 Estrutura e Atuação

FIGURA 16 - ESTRUTURA DE ATUAÇÃO

Treinamento e orientação na qualificação de recursos humanos. Elaboração e execução de programas em vários níveis de formação. Ações educacionais para capacitação tecnológica.

Caracterização, diagnóstico e certificação de produtos, componentes, processos e sistemas.

LACTEC

AÇÕES EDUCACIONAIS

Estudos sobre fomento, demanda, aplicação, especificação e oferta de tecnologias. Estudos, engenharia básica e serviços técnicos especializados. Geração, adaptação, transferência e licenciamento de tecnologia. Assessoria e consultoria técnica em todas as áreas do conhecimento

SERVIÇOS TECNOLÓGICOS

TESTES, ENSAIOS E ANÁLISES

QUALIFICADAS

P&D

Projetos de pesquisa aplicada, desenvolvimento experimental e Engenharia do Produto. Desenvolvimento de protótipos e produção de produtos, processos e sistemas de base tecnológica.

O LACTEC concentra as atividades que antes eram desempenhadas pelos

laboratórios que lhe deram origem.

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As áreas de atuação do LACTEC atualmente são:

FIGURA 17 - ÁREAS DE ATUAÇÃO DO LACTEC

ELETRÔNICA ELETRICIDADE

LACTEC

ESTRUTURAS CIVIS

MEIO AMBIENTE

QUÍMICA

SERVIÇOS EM ENERGIA ELÉTRICA

MATERIAIS

RECURSOS HÍDRICOS

MECÂNICA E EMISSÕES TECNOLOGIA DA

INFORMAÇÃO

Essas atividades refletem a formação de pesquisadores que permitem e

possibilitaram ao longo do tempo atividades especiais na área de Engenharia.

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Para cumprir suas obrigações o LACTEC está estruturado da seguinte forma:

FIGURA 18 - COMPOSIÇÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DO LACTEC

3 representantes COPEL

Companhia Paranaense de Energia

3 representantes UFPR

Universidade Federal do Paraná

1 representante IEP

Inst. de Engenharia do Paraná 1 representante

FIEP Fed. das Indústrias do

Estado do Paraná

1 representante ACP

Associação Comercial do Paraná

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

1 representante LACTEC

Inst. de Pesquisa e Desenvolvimento EMPREGADOS

1 representante LACTEC

Inst. de Pesquisa e Desenvolvimento

LACTEC

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FIGURA 19 - ESTRUTURA DO LACTEC

SUPERINTENDÊNCIA

Diretoria de Operação TécnicaDOT

Diretoria de Administração

e Finanças DAF

Diretoria De Desenvolvimento

Tecnológico DDT

Departamento de Materiais - DPMA

Metálicos e Cerâmicos Polímeros e Dielétricos

Departamento de Química Aplicada -DPQA

Óleos Minerais Química Aplicada

Departamento de Mecânica e Emissões - DPME

Mecânica Emissões

Departamento de Estruturas Civis - DPEC

Ensaios e Análises Serviços em Estruturas Civis Pesquisa em Estruturas Civis

Departamento de Eletricidade - DPEL

Alta Tensão Baixa Tensão Metrologia Compatibilidade Eletromagnética Serviços em Energia Elétrica

Departamento de Eletrônica - DPEN

Microeletrônica Sistemas Eletrônicos

Departamento de Meio Ambiente - DPMB

Departamento de Recursos Hídricos - DPHR

Hidráulica Recursos Hídricos Geossoluções Gestão da Geração

Departamento de Empreendimentos Institucionais - DPEI

Departamento de Desenvolvimento Tecnológico - DPDT

Departamento de Recursos Humanos - DPRH

Departamento Contábil-Financeiro - DPCF

Departamento de Logística - DPLG

Coordenadoria Executiva de Negócios

Departamento de Gestão de Projetos - DPGP

Departamento de Tecnologia da Informação - DPTI

Departamento de Comercialização - DPCM

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5.4.12 Detalhes das Áreas Técnicas do LACTEC

Neste capítulo ´transcrito com alguns comentários e ilustrações os recursos

técnicos do LACTEC, divulgados em seu portal. Pela alta especialização e para não

excluir detalhes que mostrarão sua importância para quem tem condições técnicas

de compreendê-lo, o detalhamento na forma de sua apresentação original no portal

do LACTEC foi mantido com alguns comentários adicionais e cortes onde os

detalhes pouco acrescentavam. .

5.4.12.1 Diretoria de Operação Técnica

Esta Diretoria é responsável pela parte operacional do LACTEC sendo suas

atividades desenvolvidas pelos Departamentos que a compõem.

5.4.12.1.1 Departamento de Materiais - DPMA

Este departamento apresenta no portal do LACTEC uma descrição minuciosa

de suas atribuições e atividades, servindo como exemplo do que essa instituição é

capaz. Ele é um produto direto das necessidades geradas pela COPEL em suas

áreas de construção e operação, tornando-se uma área de ponta dentro do LACTEC

pelo aproveitamento inteligente e eficaz das oportunidades criadas. Do site do

LACTEC foi extraído o seguinte: É responsável pela realização de testes, ensaios e análises qualificadas, transferência de conhecimento, serviços tecnológicos e projetos de pesquisa e desenvolvimento na área de Engenharia e Ciência dos Materiais, para empresas do setor elétrico, automobilístico, eletro-eletrônico, telecomunicações, indústrias químicas, entre outros parceiros. Tem participação nos Programas de Graduação e Pós-Graduação da UFPR (Programa de Pós-Graduação em Engenharia, PIPE, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental e no Programa de Pós-Graduação da Engenharia Civil e da Construção Civil), PUC-PR, CEFET-PR e UNICENP, ministrando disciplinas e orientando estagiários de Iniciação Científica e alunos de Mestrado e Doutorado nos diversos programas. Possui interações técnicas com grupos de outras Universidades no âmbito brasileiro, como a Universidade de São Paulo e a Universidade Federal de São Carlos. Visando o melhor desempenho das atividades, estudo das propriedades e novos desenvolvimentos em Engenharia e Ciência dos Materiais, o departamento está dividido em duas grandes unidades: Tecnologia de Materiais Inorgânicos, compreendendo a Unidade de Tecnologia de Materiais Cerâmicos e Metálicos e a unidade de Tecnologia em Materiais Orgânicos, denominada Unidade de Tecnologia de Polímeros e Dielétricos. Serviços e produtos do DPMA O departamento apresenta uma grande experiência em desenvolvimento de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para Concessionárias de Energia, tendo aprovado, desde 1999, 42 projetos, somente no âmbito do atendimento à Lei 9991. Destes projetos, 12 foram concluídos, 19 encontram-se dentro do cronograma de execução estipulado e o restante foi mantido como reserva. Atua, também, em projetos de P&D em parceria com diferentes segmentos de mercado, como CNPq, Petrobrás e FINEP e outras instituições de fomento, órgãos governamentais e indústrias que necessitam de soluções para área de Materiais e Eletricidade, especialmente com os seguintes temas:

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FIGURA 20 – CÉLULA A COMBUSTÍVEL

FONTE: FOTOGRAFIA DO LACTEC, 2005

• fontes de energia alternativa:

Célula a combustível; painéis fotovoltaicos; dispositivos eletroquímicos – célula solar nanocristalina;patologias em estruturas de concreto (artefatos de concreto das redes de distribuição e transmissão de energia e de estruturas concretadas de barragens); dispositivos eletrocrômicos; dispositivos eletroluminescentes; desempenho dos materiais poliméricos de redes compactas; desenvolvimento de metodologias para qualificação e otimização de uso de materiais para processos e produtos; estudo de materiais poliméricos utilizados como dielétricos além de desenvolvimento de equipamentos que permitam a avaliação interna de peças e equipamentos; aprimoramento e aplicação de ensaios não-destrutivos e não-invasivos em materiais, tais como a radiografia e tomografia computadorizada de raios X; estudos de passivação, mecanismos e teorias, ruptura da passivação, fenômenos de transporte em tintas e esquemas de proteção anticorrosiva, novos materiais, materiais para dispositivos eletroquímicos de energia, sensores de gases; estudos para co-disposição e reciclagem de materiais em outras matrizes; desenvolvimento e teste de dispositivos com novos materiais para o setor elétrico; estudos em dispositivos eletroluminescentes; estudos envolvendo a corrosividade ambiental sobre os diversos materiais das redes de distribuição e transmissão de energia; estudos de desenvolvimento e testes de dispositivos conectores metálicos para as redes de distribuição e transmissão de energia; pesquisa e desenvolvimento com eletrólitos e materiais de eletrodo para diferentes dispositivos eletroquímicos como células combustíveis de óxido sólido; estudos de efeito de compatibilidade sobre as diversas alternativas de construção de dispositivos envolvendo materiais poliméricos disponíveis no mercado (cabos, isoladores, espaçadores, amarrações, etc.); análises termo-mecânicas de estruturas de concreto; modelagem dos efeitos da reação álcali-agregado em barragens; análise computacional de sistemas de proteção catódica; simulação da propagação de trincas; modelagem de problemas acústicos; desenvolvimento de sistemas protetivos de metais quanto à corrosão; P&D de operação e manutenção de células a combustível de ácido fosfórico (parâmetros de eficientização e custos); projeto Malha de sub-estações, para diagnóstico corrosivo das malhas de terra em subestações; P&D para entender os mecanismos envolvidos na degradação de materiais poliméricos e outras reações químicas que alteram as características químicas destes, principalmente, de polietileno.

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Transferência de conhecimentos a partir do DPMA Este item contém informações dos principais trabalhos de transferência tecnológica desenvolvidos no departamento, nos últimos 4 anos, além dos relatórios e laudos técnicos normalmente emitidos quando de uma solicitação externa. Seminários, Congressos e Cursos Dentro de suas atribuições é um dos propagadores da Ciência e Tecnologia na área de materiais para o setor elétrico, promovendo cursos de extensão, de especialização e, ministrando por meio dos seus colaboradores, cursos para alguns dos programas de pós graduação da UFPR, já descritos. Também, tem tido participação ativa na elaboração de eventos relacionados à área. Alguns dos destaques do DPMA encontram-se apresentados neste item. Eventos • CEMEE. I A IV edições do Curso de especialização de materiais para equipamentos

elétricos; SEMEL. I A VI edições do Seminário de Materiais Para o Setor Elétrico, realizados em Curitiba; CBECIMAT. 13º Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência de Materiais; I Curso de baterias; EBCA. I a V edições do Encontro em Baterias de Chumbo Ácido.

Orientações acadêmicas O DPMA participa do Programa de Pós-Graduação em Engenharia, PIPE, orientando alunos em Mestrado e em Doutorado, participa do Colegiado do Curso. Colabora com os Programas de Pós-Graduação na Construção Civil e em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental.

O DPMA se mostra na mídia do LACTEC, como um centro de P&D pode

transferir conhecimentos para a comunidade que o contém.

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FIGURA 21 - DIAGRAMA DE TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTOS DO LACTEC

EXEMPLO: SEMEL EXEMPLO: CEMEE

SEMINÁRIOS, CONGRESSOS, ENCONTROS

TÉCNICOS

EXEMPLO: INEPARCURSOS

Transferência para a indústria

TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTOS Transferência

para empresas de serviços

ORIENTAÇÃO E APOIO A ACADÊMICOS, MESTRANDOS, DOUTORANDOS

EXEMPLO: COPEL

PUBLICAÇÕES TÉCNICAS

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5.4.12.1.2 Departamento de Química Aplicada - DPQA

É responsável pelo desenvolvimento de projetos, pela prestação de serviços

técnicos e pela realização de ensaios químicos para o setor produtivo em geral.

FIGURA 22 - DEPARTAMENTO DE QUÍMICA APLICADA – DPQA

FONTE: FOTOGRAFIA CEDIDA PELO LACTEC, 2005

Competência: Apresenta uma grande experiência em desenvolvimento de projetos de P&D em Química para Concessionárias de Energia e para Industria em geral. Atua também em Pesquisa e Desenvolvimento para clientes de diferentes segmentos de mercado. São instituições, órgãos governamentais, indústrias que necessitam de soluções na área de Química, especialmente com os seguintes temas: - Fontes de Energia Renováveis. Desempenho de Materiais em Equipamentos. Desenvolvimento de Metodologias de Ensaios Químicos. Qualidade de Produtos. Polímeros Funcionalizados para fins específicos. Serviços e Produtos • Óleos Isolantes:

O LAC (antes do LACTEC) desenvolveu um programa de monitoramento da qualidade do óleo isolante dos grandes transformadores da COPEL, evitando grandes acidentes e prolongando a vida útil desses equipamentos. Os transformadores de grande porte são elementos essenciais ao atendimento energético de cidades e regiões do estado. Qualquer dano a um equipamento desse porte e significado representa um grande prejuízo para a concessionária e para a população atendida. - Assessoria na especificação de fluidos isolantes, minerais ou sintéticos. Apoio na

avaliação e/ou manutenção de equipamentos elétricos isolados a óleo mineral em instalações industriais, baseado nos resultados de análises físico-químicas e de gases dissolvidos no fluido isolante. Assessoria na recepção de equipamentos elétricos isolados e/ou refrigerados por líquidos minerais ou sintéticos. Ensaios em Óleos Isolantes. Ensaios de Campo. Óleos Lubrificantes com assessoria na

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especificação de óleos lubrificantes industriais. Apoio na avaliação e/ou manutenção de equipamentos industriais, baseado nos resultados de ensaios físico-químicos. Ensaios em Óleos Lubrificantes.

• Águas: A importância de um laboratório reside em seus recursos humanos e materiais e na utilização de que for objeto. Temos problemas sérios a serem estudados em nosso país.

A capacidade de realizar ensaios especiais evidencia-se quando sabemos

que:

Fator de risco: dados da ANDEF - Associação Nacional dos Defensivos

Agrícolas, dão conta de que em 1999 as vendas totais de agrotóxicos no Brasil

foram superiores a 288.000.000 de kg de produtos comerciais, o que significou um

valor total de vendas na casa dos US$ 2,329,067,000.00 (ANDEF, 2003),

A vigilância dos rios brasileiros é uma das ações mais eficazes a favor do

desenvolvimento, pois escolhendo-se criteriosamente tecnologia e locais de

monitoramento pode-se ter indicadores confiáveis do grau de adulteração do meio

ambiente e informações para medidas corretivas. Lembrando que ao longo dos rios

tem - se hidroelétricas, empresas de saneamento e outras formas de interferência,

seria perfeitamente lógico e realizável a implementação de sistemas integrados de

segurança e controle. Nesta tarefa o LACTEC está preparado para um apoio

integrado pois é um órgão multidisciplinar com áreas de concentração de

conhecimentos necessárias a um programa dessa espécie,.

O LACTEC tem, portanto, condições de apoiar autoridades e empresas na

preservação do meio ambiente. - Assessoria na especificação de parâmetros necessários para determinação da qualidade da água consumida. Apoio na avaliação de redes de distribuição de água, seja residencial, comercial ou industrial. Realização de ensaios para a execução de estudo de impacto ambiental e elaboração de relatório de impacto do meio ambiente (EIA/RIMA). Ensaios em Água: - Ensaios de Alcalinidade, Ânions (cloretos, fluoretos, nitratos, nitritos, fosfatos, sulfatos), Cátions (sódio, potássio, amônio, cálcio, magnésio), BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno), Condutividade, Cor, DBO, DQO, Determinação de Cianetos e Sulfetos, Determinação de Metais (ferro, manganês, cobre, alumínio, cádmio, chumbo, cromo total, cromo hexavalente, mercúrio, arsênio, selênio, bário, boro, estanho, estrôncio, níquel, prata, zinco, tungstênio, molibdênio), Determinação de Sulfitos, Dureza Total, Fósforo Total, Gás Carbônico, Índice de Fenóis, Nitrogênio Total, pH, Óleos e Graxas, Temperatura e Oxigênio Dissolvido, Sólidos Sedimentáveis, Sólidos Suspensos, Sólidos Dissolvidos, Sólidos Totais, Turbidez. Materiais Diversos: - Assessoria na especificação da composição química de diferentes materiais, polímeros, ligas metálicas e soluções não aquosas. Apoio na avaliação química de materiais para detecção de problemas em equipamentos industriais, peças ou para manutenção de equipamentos, bem como, para controle de qualidade industrial. Monitoramento da qualidade do ar e emissões gasosas.

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Ensaios em Materiais Diversos: Peças Automotivas: - Ensaios de Carbono Total, Fogging, Formaldeído. Polímeros: - Caracterização Química por Infra-Vermelho. Ligas Metálicas: - Ensaio de Metais (ferro, manganês, cobre, alumínio, cádmio, chumbo, cromo total, cromo hexavalente, mercúrio, arsênio, selênio, bário, boro, estanho, estrôncio, níquel, prata, zinco, tungstênio, molibdênio). Solos e Sedimentos: - Ensaio de BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xileno). Ensaio de Hidrocarbonetos Totais. Materiais Diversos: - Análises Orgânicas de Traços por Cromatografia Gasosa e Massas. Ensaio de Aldeídos e Cetonas por Cromatografia Líquida (emissões veiculares).

5.4.12.1.3 Departamento de Mecânica e Emissões - DPME

Compreende as unidades de Mecânica e Emissões. Os profissionais que

compõem o departamento têm como objetivo promover pesquisa e desenvolvimento,

ensaios e análises qualificadas e transferência de conhecimentos e serviços

tecnológicos, relacionados à tecnologia mecânica.

FIGURA 23 - DEPARTAMENTO DE MECÂNICA E EMISSÕES - DPME

FONTE: FOTOGRAFIA EXTRAÍDA DO SITE DO LACTEC

• Serviços A unidade de Mecânica atua na execução de projetos de pesquisa e realiza serviços de inspeção e manutenção envolvendo as seguintes áreas de conhecimento: projeto e construção mecânica, vibrações e acústica; medições de tensões e integridade estrutural; soldagem; automação; robótica e desempenho de máquinas voltados a componentes, equipamentos e instalações do setor elétrico tais como: cabos condutores e acessórios de linhas de distribuição e transmissão, barragens, tomadas d’água, comportas, unidades geradoras hidráulicas, aerogeradores, transformadores, sistemas de trocas térmicas e outros.

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FIGURA 24 - AVALIAÇÃO DE MOTORES

FONTE: FOTOGRAFIA DO LACTEC, 2005

A unidade de Emissões Veiculares avalia o desempenho de motores de

combustão interna, veículos automotores e componentes veiculares. Além de

realizar ensaios qualificados e consultoria na área automotiva, executa também

pesquisa e desenvolvimento de motores de combustão e agregados.

5.4.12.1.4 Departamento de Estruturas Civis – DPEC

É responsável pelo desenvolvimento de atividades de Engenharia Civil. Tem sua origem no LAME - Laboratório de Materiais e Estruturas, fruto de um convênio assinado em 1994 entre a COPEL e a UFPR. Em 2000 passou a integrar o LACTEC. Realiza uma ampla gama de atividades, envolvendo pesquisa e desenvolvimento, serviços tecnológicos de controle de qualidade de obras e consultoria, transferência de conhecimento e ensaios de estruturas, de materiais de construção e de geotecnia. Possui laboratórios equipados para realização de uma grande quantidade de ensaios e análises. A equipe responsável pelos ensaios é constituída por engenheiros e técnicos de grande experiência. Tais laboratórios realizam trabalhos para clientes externos, além de apoiar as atividades de pesquisa, ensino e prestação de serviços tecnológicos do departamento. O laboratório é credenciado junto o INMETRO desde 1999, fazendo parte da RBLE – Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios, sendo o único no sul do Brasil acreditado na área de construção civil para ensaios com concreto e bloco de concreto. • Serviços

Rotineiros e especiais, que requerem conhecimento direcionado. Esses elementos são o resultado da combinação de conhecimento científico e tecnológico, com a prática de controle tecnológico em obras e de projetos. Possui uma equipe de pesquisadores, engenheiros e técnicos altamente qualificados, e laboratórios equipados e estruturados para realizar serviços com garantia da qualidade. O resultado de tudo isso é uma engenharia de alto nível, aplicada a serviços tecnológicos e pesquisas.

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Soluções eficientes e inovadoras são resultados da interação do departamento com outras áreas do LACTEC, mecânica, ciência dos materiais, hidráulica e hidrologia, ambiental, química, elétrica e eletrônica. A capacidade dos profissionais e laboratórios do LACTEC em todas essas áreas, garante a formação de equipes multidisciplinares competentes para resolver problemas complexos. A experiência do departamento em atuação em temas inerentes a Estruturas civis de Usina Hidrelétricas é uma das maiores do Brasil atualmente.

5.4.12.1.5 Departamento de Eletricidade - DPEL

Atua no setor da engenharia elétrica, com destaque para as áreas de Sistema de Potência, Qualidade de Energia, Equipamentos de Alta e Baixa Tensão, Compatibilidade Eletromagnética e Metrologia. Está estruturado para oferecer soluções integradas, eficazes e econômicas para o cliente, que compreende desde ensaios e calibrações em geral até projetos de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias. Competências O LACTEC apresenta uma grande experiência em desenvolvimento de projetos de Pesquisa e Desenvolvimento para Concessionárias de Energia, tendo atendido, desde 1999, mais de 80 projetos somente no âmbito do atendimento à Lei 9991. Atua também em P&D para clientes de diferentes segmentos de mercado. São instituições, órgãos governamentais, indústrias que necessitam de soluções para área de Eletricidade, especialmente com os seguintes temas: - Fontes de Energia Renováveis - Geração Distribuída - Compatibilidade Eletromagnética, Descargas Atmosféricas, Vida Útil e Desempenho de Equipamentos, Desenvolvimento de Metodologias de Ensaios em Alta Tensão, Desenvolvimento de Equipamentos Elétricos de Alta Tensão, Qualidade de Energia, Compensação Reativa, Eficiência Energética, Conservação de Energia - Instrumentação e sensores

FIGURA 25 – LABORATÓRIO ALTA TENSÃO

FONTE: FOTOGRAFIA DE TÂNIIA ROSA FERREIRA CASCAES, 2005.

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O laboratório de ensaios de alta tensão elétrica foi um dos primeiros do LAC e

talvez aquele que lhe deu mais mídia em conseqüência das proporções físicas e

resultados a serviço da indústria. A partir dele e da experiência do CEPEL outros

foram construídos no Brasil.

FIGURA 26 - GERADOR DE IMPULSOS

FONTE: FOTOGRAFIA DE TÂNIIA ROSA FERREIRA CASCAES, 2005.

- Assessoria na especificação de equipamentos elétricos de alta tensão e na definição de ensaios necessários para garantir a qualidade do fornecimento ou dos materiais empregados; apoio na avaliação e/ou manutenção de equipamentos elétricos de alta tensão em instalações industriais, particularmente em subestações; assessoria na recepção de equipamentos elétricos nas instalações do fabricante; controle de qualidade por ocasião do recebimento de equipamentos elétricos de alta tensão; ensaios em Equipamentos Elétricos com ensaios de tipo e rotina em transformadores de força e distribuição, transformadores de corrente e potencial, reguladores de tensão, equipamentos de manobra, isoladores, cubículos, buchas, pára-raios, etc; impulso atmosférico de até 2.400 kV; impulso de manobra de até 2.000 kV, a seco e sob chuva; tensão aplicada em 60 Hz, com tensão de até 650 kV; ensaios combinados - BIAS; impulso de corrente de até 100 kA; tensão induzida em transformadores; perdas e elevação de temperatura em transformadores; estanqueidade em pára-raios; medição de capacitâncias; ensaios diversos como medição de relação de transformação, medição de fator de potência, resistência de isolamento, ruído audível, etc. Ensaios completos em transformadores de distribuição (exceto curto-circuito). Ensaios em isoladores, incluindo

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cadeias e chaves seccionadoras. Ensaios em pára-raios de distribuição. Ensaios em transformadores de instrumentos. Ensaios de elevação de temperatura com circulação de corrente e dielétricos em cubículos. Ensaios com a aplicação de impulsos de tensão e tensão em freqüência industrial. Ensaios com a aplicação de impulsos de corrente. Ensaios com a aplicação de correntes elevadas. Ensaios de Campo com ensaios especiais de tensão aplicada e medição de descargas parciais em subestações isoladas a gás SF6; ensaios de comissionamento em equipamentos de subestações tais como transformadores, disjuntores, transformadores de instrumentos, etc; ensaios de apoio a serviços de manutenção ou identificação de problemas. Calibração de Sistemas de Medição em Alta Tensão: Baixa Tensão - Ensaios de Tipo e Recebimento; luminotécnicos; climáticos; ciclos Térmicos; segurança elétrica em equipamentos eletroeletrônicos; certificação de produtos, componentes, processos e sistemas. - Cursos, Palestras e preparação de Workshops na Área de Qualidade de Energia, Compensação Reativa, Eficiência Energética, Conservação de Energia e Fontes de Energia Renováveis; - Auditoria de qualidade – Programa QUALICERT; - Estudos de fomento, demanda, aplicação, especificação e oferta de tecnologias para Baixa Tensão; - Estudos, engenharia básica e serviços técnicos especializados em Baixa Tensão; - Diagnósticos e estudos em Qualidade da Energia Elétrica: Harmônicos, Flicker, Desequilíbrios, VTCD, Compensação Reativa, etc. - Ensaios completos em: lâmpadas a vapor de sódio, mercúrio e vapores metálicos. Lâmpadas de luz mista. Lâmpadas fluorescentes (menos ensaio de vida). Lâmpadas fluorescentes compactas incluindo ensaio de vida. Lâmpadas incandescentes incluindo ensaio de vida. Reatores eletromagnéticos e eletrônicos para lâmpadas a vapor de sódio e mercúrio.Reatores eletromagnéticos e eletrônicos para lâmpadas fluorescentes, relés fotoelétricos. - Ensaios de eficiência em luminárias. Medições de iluminância em ambientes internos e externos. - Ensaios de envelhecimento, de suportabilidade à temperatura e umidade, de limites de funcionamento, de limites de suportabilidade e de durabilidade em equipamentos e componentes eletro-eletrônicos e em materiais. - Outros ensaios segundo especificações de fabricantes, dentro das limitações das câmaras existentes. - Ensaios de grau de proteção dentro dos limites existentes. - Ensaios elétricos de qualificação de conectores para linhas de distribuição/transmissão, do tipo cunha, perfurante e outros até 10 kA. - Ensaios em equipamentos e dispositivos os mais diversos, como fontes de alimentação, no-breaks, reguladores de tensão, pilhas elétricas, economizadores de energia elétrica, pequenos motores, consumo de eletrodomésticos e eletroeletrônicos em geral, eficiência energética em aparelhos diversos, elevação de temperatura em painéis e gabinetes, etc. - Os ensaios em conectores são complementados por outros laboratórios, como o de Intemperismo e por análises químicas. Compatibilidade Eletromagnética - Pacote completo de ensaios de homologação em produtos de telecomunicações segundo a resolução 237 da ANATEL; laudos para estações rádio-base de telefonia celular segundo a resolução 303 da ANATEL; pacote completo de ensaios de EMC em medidores eletrônicos de energia elétrica segundo a norma ABNT NBR 14520:2000; mapeamentos ambientais de campos eletromagnéticos com freqüências de 5 Hz a 18 GHz; ensaios de compatibilidade conforme normas IEC, CISPR, IEEE, ABNT e etc; resolução de problemas relacionados à EMC em produtos e instalações; simulação computacional de campos eletromagnéticos; consultoria especializada; treinamentos em EMC: Introdução à Compatibilidade Eletromagnética; técnicas de EMC para a Mitigação de Defeitos. Metrologia Calibração do mais alto nível em eletricidade com credenciamento pelo INMETRO - RBC .

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5.4.12.1.6 Departamento de Eletrônica - DPEN

É responsável pelo desenvolvimento de atividades que envolvem a aplicação dos conceitos de Engenharia Eletrônica no desenvolvimento de soluções voltadas para o Setor Elétrico. Tem sua origem no LAC - Laboratório Central de Pesquisa e Desenvolvimento, fruto de um convênio entre a COPEL e a UFPR. Em 1999 passou a integrar o LACTEC.

FIGURA 27 - DESENVOLVIMENTO ELETRÔNICO

FONTE: FOTOGRAFIA CEDIDA PELO LACTEC, 2005.

Realiza uma ampla gama de atividades, envolvendo pesquisa e desenvolvimento, serviços tecnológicos, consultoria, transferência de tecnologia, transferência de conhecimento e ensaios de dispositivos e sistemas eletrônicos. Possui equipe altamente qualificada e experiente no desenvolvimento de soluções integradas envolvendo desde a análise do problema até sua concepção, implementação e avaliação de desempenho no campo. Participando e auxiliando ainda no processo de transferência de tecnologia para o setor produtivo.

5.4.12.1.7 Departamento de Meio Ambiente - DPMB A área de meio ambiente do LACTEC foi criada em 1999, como unidade inserida no Departamento de Materiais. Em junho de 2000, passou a integrar o Departamento de Recursos Ambientais e desde março de 2003, foi elevada à condição de departamento, sendo criado então, o Departamento de Meio Ambiente, que atua em diversas atividades de pesquisa e desenvolvimento para a maioria das concessionárias nacionais do setor público e privado e para diversas indústrias nacionais e internacionais. O Departamento engloba as áreas de Gerenciamento de águas continentais, Gerenciamento costeiro, Planejamento ambiental, Gerenciamento da qualidade do ar, Gerenciamento de resíduos e Gerenciamento ambiental em empresas.

5.4.12.1.8 Departamento de Recursos Hídricos -DPHR O LACTEC CEHPAR desenvolve projetos de pesquisas científicas e tecnológicas e presta serviços nas áreas de hidráulica, hidrologia, mecânica dos fluidos, estudos ambientais, obras hidráulicas, informações georreferenciáveis, recursos hídricos e energéticos.

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FIGURA 28 - MODELO REDUZIDO DO VERTEDOURO DA USINA DE CAXIAS DA COPEL

FONTE: FOTOGRAFIA EXTRAÍDA DO SITE DO LACTE, 2005.

O LACTEC CEHPAR tem colaborado com a sociedade em temas tais como: Regionalização hidrometeorológica; Drenagem urbana e viária; Análise e mitigação de eventos extremos; Consistência, extensão e análise de séries hidrológicas; Modelagem qualitativa e quantitativa do ciclo hidrológico; Previsão de vazões; Soluções baseadas em informações georreferenciadas; Modelos reduzidos de obras hidráulicas; Hidromecânica de estruturas; Impacto de ruptura de barragens; Sistemas de irrigação; Hidráulica fluvial; Estruturas de saneamento; Modelagem física e matemática do escoamento de fluidos; Estudos sedimentológicos; Modelagem e diagnóstico da qualidade da água e do ar; Operação de sistemas de monitoramento da qualidade do ar; Monitoramento ambiental; Gestão ambiental de usinas de geração elétrica; Impactos Ambientais (EIA, RIMA, PBA e PCA); Plano diretor de uso das águas; Estudos hidrológicos e de regularização; Otimização de sistemas; Expansão, operação e comercialização em sistemas hidrelétricos de geração; Ensino e formação profissional.

FIGURA 29 - MODELO REDUZIDO DO DESVIO - USINA DE PAI-QUERÊ (RS)

FONTE: FOTOGRAFIA CEDIDA PELO LACTEC, 2005.

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Histórico do DPHR O Centro de Hidráulica e Hidrologia Professor Parigot de Souza – CEHPAR – foi organizado sob a inspiração e orientação do Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, em 1959, como órgão vinculado ao Setor de Tecnologia da UFPR. No ano de 2000, convênio estabelecido entre a UFPR, a COPEL e o LACTEC, dispõe, entre outros temas, sobre a relação do CEHPAR com os três partícipes e atribui ao LACTEC a representação legal do Centro. O LACTEC CEHPAR completará 45 anos de atuação em 2004, consolidando-se como centro de referência em pesquisas nas áreas de recursos hídricos no Paraná e no Brasil. Atuação Atende as demandas da sociedade nas áreas de Hidráulica, Recursos Hídricos e Recursos Energéticos, desenvolvendo pesquisas e serviços tecnológicos, com ênfase nos campos da Mecânica dos Fluidos, Hidráulica, Engenharia Hidrológica, Engenharia Ambiental, Simulação e Otimização de Sistemas. Marcos Reconhecimento nacional e internacional.

Mais de 50 estudos hidráulicos de usinas hidrelétricas, entre elas Itaipu, Xingo e todas as usinas hidrelétricas da COPEL.

Desenvolvimento de tecnologias em Hidráulica, tais como aeração em vertedouros e vertedouros em degraus, reconhecidas mundialmente.

Mais de 300 estudos realizados nas suas áreas de atuação. Mais de 400 artigos científicos publicados. Quadro profissional conta com 7 doutores e doutorandos e 17 mestres e mestrandos. Acima de 110.000 h de orientação de estagiários. Apoio ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Recursos Hídricos e Ambiental

– PGERHA, com mais de 40 dissertações defendidas. Biblioteca com 6.000 volumes e mais de 40 periódicos voltados a sua área de atuação.

O mais recente Laboratório implementado é o de Informações Georreferenciáveis que conta com alta competência em recursos humanos, um mapeador digital a laser aerotransportado, de última geração, e infra-estrutura computacional compatível, que permitem soluções integradas nas áreas de recursos hídricos, ambientais e de sistemas elétricos.

5.4.12.2 Diretoria de Desenvolvimento Tecnológico - DDT

5.4.12.2.1 Departamento de Desenvolvimento Tecnológico - DPDT É responsável pelo desenvolvimento de atividades que envolvem: Gestão da inovação tecnológica • Prospecção tecnológica • Planejamento tecnológico Gestão da informação e do conhecimento tecnológico • Memória técnica em P&D • Matriz de competências Gestão da propriedade intelectual • Processos para registros de patente • Licenciamentos e transferências de tecnologia Gestão da divulgação técnico-científica • Publicação de trabalhos e artigos técnicos • Memória técnico-científica Gestão da inserção acadêmica • Apoio e desenvolvimento acadêmico • Convênios de cooperação técnico-científica

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5.4.12.3 Coordenadoria Executiva de Negócios - CEN

5.4.12.3.1 Departamento de Tecnologia da Informação - DPTI Formada por profissionais altamente capacitados, o Departamento de Tecnologia da Informação (TI), atua com as mais novas tecnologias, nas áreas de desenvolvimento e implantação de sistemas, bem como a prestação de serviços tecnológicos. Seu núcleo de inteligência, propõe soluções para o Gerenciamento de Projetos e o Desenvolvimento de Software, criando e implementando sistemas corporativos junto a empresas do setor público e iniciativa privada. Serviços e produtos Outsourcing – através de modelos de alocação de mão-de-obra e prestador de serviços nas áreas de: - Administração de redes locais - Helpdesk e Suporte Técnico - Datacenter - Desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação - Integração de Sistemas Legados Implementação de soluções – atuando como instituição integradora em projetos de: - Sistemas de gestão empresarial (ERP/CRM) - Sistemas de gestão comercial - Automação de processos para geração, transmissão e distribuição de energia - Soluções geo-referenciadas - Mercado atacadista de energia Engenharia de Software – desenvolvimento de pesquisa aplicada utilizando: - Estado-da-arte em tecnologias - Alianças estratégicas - Metodologias (RUP, CMM) Características O LACTEC está credenciado pelo CATI - Comitê da Área de Tecnologia da Informação, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, como Instituição apta na execução de atividades de pesquisa e desenvolvimento para área de Tecnologia da Informação (TI). O título dá ao LACTEC condições de prestar serviços na área de TI para empresas que se utilizam dos benefícios da Lei 8.248/91 (Lei da Informática). O modelo de atuação em projetos de Tecnologia da Informação é apresentado pelos ciclos de vida: - Project Management Lifecycle - Software Development Lifecycle

5.5 PARCERIA DO LACTEC, UFPR E OUTRAS INSTITUIÇÕES PARANAENSES:

A DEMANDA E A FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE NÍVEL SUPERIOR

Mão-de-obra qualificada, preparada com educação afim, é o alvo principal e

imprescindível a qualquer empreendimento razoavelmente sofisticado. A formação

de engenheiros para projeto, construção, operação, manutenção e desenvolvimento,

antes de base para qualquer nação que pretenda alguma autonomia industrial, é

diferencial e esperança de desenvolvimento para uma determinada região e seu

entorno.

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Certamente, outras especializações são necessárias, no âmbito do tema

destacado nesta dissertação, contudo, restringe-se a tratar de um Centro de

Pesquisa e Desenvolvimento voltado à área da engenharia no setor de energia

elétrica que, como o próprio nome diz, é a arte de engenhar, de fazer, de saber

cuidar de máquinas.

No Paraná, os laboratórios na Universidade Federal do Paraná (UFPR) foram

o ambiente e o cenário que a empresa estatal de energia elétrica encontrou para

direcionar essa universidade na criação de espaços propícios ao ensino da

engenharia, qualificação profissional essencial a suas atividades.

Ao estudar a história da COPEL, depreende-se que ela trazia profissionais de

regiões distantes para formar seus quadros técnicos até que, com a criação de

cursos de engenharia elétrica na UFPR, começou a poder contratar engenheiros

formados no Paraná.

Até a década de 1970, a maioria dos profissionais admitidos na COPEL eram

formados fora do Estado, acima de tudo pela ausência de cursos que

possibilitassem o aproveitamento de técnicos e engenheiros paranaenses.

Sob tal ângulo, era perceptível na COPEL a predominância de profissionais

formados em Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Em engenharia civil,

porém, uma profissão basicamente generalista, a predominância era de profissionais

paranaenses já que a UFPR tinha condições de formá-los, até com especialização

em hidráulica, qualidade importante para as atividades de uma empresa que, no

início da década de 1960, começou a investir em geração, num Estado cujo

potencial hidroelétrico recomendava um dos maiores investimentos para seu macro-

desenvolvimento.

Está claro o fato de as especialidades acadêmicas serem fruto do

amadurecimento e das escolhas necessárias de uma sociedade, como

direcionamento econômico e profissional.

Par e passo, a UFPR formou sua primeira turma de engenharia elétrica em

1967, começando aí uma mudança que se refletiu na formação dos quadros

técnicos da COPEL e do desempenho do Estado do Paraná, à medida que outras

universidades e cursos foram sendo criados, fruto das demandas e anseios de uma

década que estava por vir com todo o potencial que era necessário para uma nova

realidade.

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Na década de 1970, a COPEL cresceu exponencialmente em tamanho e

complexidade, coincidindo com oportunidades nacionais de investimento em

tecnologia. Assim, a empresa aproveitou e formou o LAC, em parceria com a UFPR,

cuja nova fase somente não foi mais produtiva por efeito do impacto da crise

generalizada dos anos oitenta, quando o Brasil estagnou por vários motivos que aqui

não serão abordados.

Nesse momento foi muito importante a existência do CEPEL que, apesar de

suas dimensões muito maiores, serviu de referência para o LAC. É importante

registrar que a COPEL participava do Conselho de Administração do CEPEL,

trazendo e levando para lá a sua visão de P&D.

Apesar das dificuldades financeiras, da crise permanente, o LAC foi um pólo

de irradiação de tecnologia, destacando-se nessa época o seu laboratório de alta

tensão que, além de prestar serviços inestimáveis ao Estado, serviu de modelo para

outras instituições. Seus especialistas apoiaram a criação de outros laboratórios,

disseminando espaços de controle de qualidade e P&D.

Na área de físico-química, o LAC desenvolveu um laboratório que possibilitou

a criação de padrões de serviços importantes, atividades que entraram na rotina de

muitas empresas.

Desde seu início, o LAC, CEHPAR, LEME e LAME tiveram ambientes para

estagiários, principalmente de estudantes alunos da UFPR. A relação entre as duas

entidades teve problemas, sobretudo no conflito de interesses de um laboratório

dominado pela COPEL, frente aos interesses de uma universidade onde a prioridade

era a formação profissional.

Nesses laboratórios, enquanto eram sustentados pela COPEL, não se

duvidava da sobrevivência e aprimoramento de suas atividades. Atualmente, com a

necessidade de auto-sustentação, a tendência será o agravamento na atenção a

atividades não-rentáveis.

O relacionamento entre o LAC, a UFPR e a COPEL evidencia a falta de uma

estratégia clara, firme e contínua de apoio à pesquisa e ao desenvolvimento

tecnológico. O LAC teve longos períodos sem grande apoio a suas finalidades,

apesar de grandes investimentos que a COPEL fazia na expansão do seu sistema

de distribuição, transmissão e geração de energia elétrica.

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117

Ainda, o LAC conseguiu criar funções operacionais que o valorizaram perante

a comunidade, mas perdeu na integração com a UFPR e na produção científica. A

situação evoluiu negativamente, havendo, dentro da COPEL, sugestões de extingui-

lo por acreditarem que seria desnecessário.

A partir da década iniciada em 1990, com a recuperação do setor elétrico, a

COPEL encontrou formas de apoiar o LAC, levando-o a uma nova fase de

crescimento e produtividade, tendo, inclusive, servido de base para a criação do

SIMEPAR, LAME e LEME.

Envolta em seus próprios problemas, nesse contexto, a UFPR pouco interferiu

nas ações e decisões do LAC. De maneira lamentável, perdeu o controle sobre o

uso pedagógico de suas instalações, fato que atingiu gravemente seu corpo

discente. A COPEL decidia tudo, pouco se importando com interesses eventuais da

UFPR.

Um aspecto positivo a ser considerado é que a expansão do LAC, CEHPAR,

LAME e LEME, posteriormente reunidos no LACTEC, e a criação do SIMEPAR

aconteceram dentro do campus da UFPR, criando, pelo menos, vinculações físicas

com a UFPR, algo que mais cedo ou mais tarde poderá evoluir para um

relacionamento mais produtivo.

Em prosseguimento a esta pesquisa, verifica-se que a própria UFPR carece

de informações que auxiliem a visualizar concretamente esse relacionamento. A

ausência de dados e fatos sistematizados, essenciais à uma análise concreta, é

surpreendente, pois seria o mínimo a ilustrar os benefícios e prejuízos do Lactec, ao

longo da história que o precedeu.

De todo modo, é irrefutável que o LAC foi importante a indústrias mecânicas e

eletroeletrônicas que se instalaram no Paraná. Essas empresas sempre tiveram

possibilidade de tirar do LAC, e de outros laboratórios da UFPR, e COPEL

informações valorosas no desenvolvimento de suas atividades.

Desde o INEPAR até a indústria automotiva puderam, mesmo por ação

governamental, com a criação do Leme, em 2000, agir de forma pró-ativa dentro da

comunidade.

Por sua vez, ao entrar na área ambiental, o Lactec tem feito estudos

imprescindíveis sobre as questões ambientais paranaenses, participando, inclusive,

da análise do acidente da Petrobrás que contaminou o Rio Iguaçu há alguns anos.

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118

Nesse sentido o LACTEC tem a vantagem de ser uma instituição de P&D

multidisciplinar, simplificando análises e agrupando especialistas que podem

oferecer diagnósticos mais completos de qualquer situação em torno de sua vocação

inicial.

Outro evento foi a criação do Centro Tecnológico Industrial do Sudoeste

Paranaense (CETIS), situado na cidade paranaense de Pato Branco.

A respeito vale transcrever a notícia veiculada pelo portal da FINEP em julho

de 2005 (http://www.finep.gov.br/imprensa/noticia.asp?cod_noticia=522 ): Criado em 1998, o Centro Tecnológico Industrial do Sudoeste Paranaense (CETIS) já abriga oito empresas que, somente no ano passado, faturaram R$ 16,3 milhões. Instalado em uma área de 38 mil metros quadrados na cidade de Pato Branco, esse “condomínio tecnológico e industrial” é responsável por cerca de 300 empregos diretos e mil indiretos. Para viabilizar sua implantação, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) aportou no projeto cerca de R$ 20 milhões, provenientes da linha de crédito externa oferecida pelo Japan Bank for International Cooperation (JBIC). Mais de 80% desses recursos foram gastos com importações de maquinário. O projeto é resultado da articulação entre várias instituições. Além da FINEP, há o Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento - LACTEC, centro de pesquisas que é o coração do complexo (o LACTEC transfere conhecimentos e tecnologias para as empresas que estão no CETIS, o que permitiu a criação de dez produtos que já estão sendo comercializados). A prefeitura de Pato Branco participou do projeto ao ceder o terreno onde foi construído o condomínio. E o empreendimento também contou com o suporte da maior empresa do estado, a Companhia Paranaense de Energia - COPEL. As empresas localizadas no CETIS têm acesso a laboratórios de materiais, de eletrotécnica e de eletrônica, que possuem equipamentos para testes, ensaios e pesquisa tecnológica. Além disso, também usufruem da infra-estrutura industrial do complexo — e as máquinas compradas com os recursos liberados pela FINEP permitiram a redução do custo desses serviços. Um exemplo é o sistema de montagem de placas de circuito integrado (o SMD), conjunto de equipamentos que realiza a montagem automática de componentes em placas de circuito impresso. Desenvolvendo a região Um dos impactos previstos - e esperados - do apoio concedido pela FINEP foi o desenvolvimento da região sudoeste do Paraná, onde há 42 municípios. “Houve uma transformação do perfil socioeconômico da região”, diz Mário José Dallavalli, coordenador do projeto. “Antes, só existia uma instituição formadora de técnicos em Pato Branco, o Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET. Essa instituição acabava exportando mão-de-obra para cidades mais distantes, como Curitiba, porque seus alunos não encontravam empregos em locais mais próximos. Isso mudou com a instalação do CETIS. Além disso, foram surgindo outros centros de ensino na cidade, como uma unidade da Universidade Federal do Paraná, a Faculdade de Pato Branco e a Faculdade Mater Dei”, ressalta. Segundo Dallavalli, o condomínio tecnológico e industrial criado pelo LACTEC é responsável hoje por 300 empregos diretos (a maioria oriunda do CEFET) e cerca de outros mil indiretos. A atividade empreendedora e a inovação também são incentivadas no CETIS. Dois casos são exemplares: a CPM, empresa presente no condomínio, a partir da qual foram criadas 35 microempresas de desenvolvimento de software, e o Hotel Tecnológico do CETIS, que permitiu a criação de cinco produtos sob encomenda para a área de agropecuária, desenvolvidos por alunos do CEFET. “Esse modelo é fundamental para o desenvolvimento regional. O CETIS criou uma cadeia produtiva local que incentiva o empreendedorismo e a inovação. Como conseqüência, há geração de emprego e renda e melhoria da qualidade de vida”, diz Suely Branco, técnica do Departamento de Controles Financeiros de Contratos Nacionais e Internacionais da FINEP.

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Suely, que também é responsável pelo gerenciamento financeiro da linha de crédito do JBIC, destaca que o complexo do CETIS serviu de modelo para experiências similares em Sergipe e na cidade de Missiones, na Argentina. Linha de crédito estrangeira Flávia Maria Costa, advogada da FINEP, explica como os recursos do JBIC chegaram ao CETIS. “A linha de crédito oferecida pelo Japan Bank for International Cooperation (JBIC) foi viabilizada depois que o Governo Federal celebrou acordo com o Export-Import Bank of Japan. A partir de então, a linha passou a financiar o Projeto de Modernização de Infra-Estrutura de Ciência e Tecnologia, cujo objetivo é bancar os custos de importação de equipamentos para pesquisas destinados a universidades e instituições de pesquisa. E a FINEP foi designada como agente executor do acordo, em nome do Governo Federal, e instância decisória quanto à alocação de recursos”, conta Flávia. “Foi assim que o CETIS foi selecionado pela FINEP para receber o financiamento”, acrescenta. Suely Branco lembra que o CETIS é um dos projetos analisados pelo trabalho Avaliação dos Impactos da Linha de Crédito JBIC, ação que ela coordena. "Essa avaliação vem sendo realizada por uma equipe composta por um representante do Departamento de Fomento, Análise e Acompanhamento Técnico da FINEP, Sergio Leser, uma representante da Área Jurídica da FINEP, Flávia Maria Costa, uma repreentante da Secretaria Executiva do Ministério da Ciência e Tecnologia, Rita de Fátima Aragão, e dois consultores ad-hoc: o doutor pela UnB Rafael Timóteo de Sousa e a gerente de desenvolvimento regional da Fundação CERTI, Maria Angélica Jung Marques." Estas são as empresas instaladas no CETIS: - Green Lights - Desenvolve produtos para iluminação, relês eletrônicos, controle e racionalização do uso de energia. - Relm Chatral - Desenvolve equipamentos de radiocomunicação, transceptores bidirecionais e acessórios. Criada em São Paulo há 32 anos, investiu em um nova unidade no CETIS. - Metavision - Especializada em aparelhos para medição dos padrões de qualidade de energia elétrica (utilizados pela Agência Nacional de Energia - ANEEL), alarmes automotivos e sensores de presença. - Hosonic - Produz cristais osciladores de quartzo e unidades osciladoras para o mercado latino-americano. Esses componentes são utilizados em aparelhos de televisão, celulares e relógios digitais. - Visum - Fabrica placas de circuito impresso em SMT e THT, e desenvolve projetos e serviços voltados para a área eletrônica. - CPM - Desenvolve software para sistemas bancários e para grandes corporações. - MineralTech - Realiza a regeneração do óleos minerais isolantes e lubrificantes para o setor elétrico nacional. - Inovaduck - Empresa regional que produz peças injetadas em plástico e alumínio.

5.6 CONQUISTAS E BENEFÍCIOS NO PARANÁ VIABILIZADOS POR ESSE

PROCESSO TECNOLÓGICO - A PAVIMENTAÇÃO DO FUTURO

A existência de ambientes de P&D cria condições para a industrialização e

formação de outros pólos de pesquisa e desenvolvimento. Um exemplo recente e de

grande repercussão econômica e cultural foi a criação do Centro Tecnológico

Industrial do Sudoeste Paranaense (CETIS).

O CETIS, instalado no município de Pato Branco, Paraná, é um condomínio

industrial para pesquisa e desenvolvimento de estudos para reduzir custos

operacionais e administrativos de novas indústrias, oferecendo produtos

tecnológicos, a todas as empresas instaladas na região.

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Foi fundado em julho de 1998 e conta com a participação do LACTEC (84%)

e COPEL (16%), além do apoio da Prefeitura Municipal de Pato Branco. As

universidades federais do Paraná e Santa Catarina também participam com recursos

humanos, o que lhe dá uma característica regional, explicável pela sua situação

geográfica, no sudoeste paranaense. Nessas condições, o CETIS é uma sociedade

civil de direito privado, sem fins lucrativos e atua como uma incubadora para o

desenvolvimento de empreendimentos em tecnologia.

Em sua estrutura, estão agregados laboratórios de desenvolvimento

tecnológico voltado para as áreas de eletrotécnica, eletrônica e materiais; hotel

tecnológico (incubadora); serviços industriais; apoio para negócios; laboratório P&D

para ensaios e testes, e setor de desenvolvimento empresarial.

Ainda, é um condomínio tecnológico que abriga serviços de administração

empresarial, laboratoriais em eletrotécnica, eletrônica, materiais e industriais no

apoio à produção. O modelo é pioneiro no Brasil, por meio do qual pretende-se

desenvolver a região via empresas de desenvolvimento tecnológico.

Em sua primeira etapa de funcionamento, o CETIS está equipado com

laboratórios para pesquisa, desenvolvimento e ensaios de produtos eletro-

eletrônicos. O empreendimento estimula a inovação e a capacitação industrial na

região de Pato Branco.

Como é de praxe, por suas proporções continentais, o Brasil contém espaços

físicos amplos. Esse empreendimento ocupa uma área física de 38.000 m2. São

7.500 m2 de edificações, divididos em 1.700 m2 para unidades laboratoriais e

administrativas e 5.800 m2 para seis módulos industriais. Seu desenvolvimento,

contudo, mede-se pelos recursos humanos disponíveis e qualidade de seus

laboratórios. Ou seja, é um exemplo concreto de como se pode ampliar os efeitos de

um centro de P&D criando-se alternativas distribuídas de acordo com conveniências

políticas e econômicas, sob uma visão estratégica de desenvolvimento do Estado.

Na história dos laboratórios que formaram o LACTEC, há inúmeros exemplos

de sinergia entre eles e a COPEL; contudo, as universidades aqui instaladas

ganharam também profissionais mais bem preparados, assim como indústrias e

empresas de serviços aproveitaram os investimentos feitos em P&D, no Paraná, a

fim de criar as próprias atividades.

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121

Torna-se pertinente entender que uma parte do processo de desenvolvimento

de um Estado é a atração de indústrias, mais uma vez chamando à atenção para as

atividades econômicas que priorizam o mercado de consumo, que são sempre mais

valorizadas pelo seu valor agregado.

Entre os critérios que empreendedores devem considerar está o

desenvolvimento da região, com evidentes sinalizações de crescimento, de recursos

humanos qualificados, e, se possível, de laboratórios que possam auxiliar o

processo produtivo.

No Paraná, existem laboratórios em diversos níveis de qualidade, sendo o

LACTEC, conceituado na área de engenharia. Em conseqüência disto o Paraná tem

recebido investimentos importantes, destacando-se a instalação de diversas

montadoras do setor automobilístico, que aqui encontraram infra-estrutura por

intermédio do LACTEC, essencialmente responsável para uma mudança de

paradigma num Estado essencialmente agrícola, sem abandonar, contudo, o

agronegócio.

Importa reconhecer que o Paraná já possui uma infra-estrutura de ensino

razoável. De acordo com o IPARDES, no início de 2004, existiam no Estado, oitenta

instituições de ensino superior, sendo oito federais e 29 estaduais.

Nesse cenário, consolida-se a formação de uma base capaz de suportar o

desenvolvimento industrial assim como todas as atividades relativas à formação de

uma sociedade moderna. Nesse contexto, o LACTEC e sua origem certamente

tiveram importância fundamental ao desenvolvimento da cultura técnica no Paraná.

Evidentemente, o LACTEC e seus laboratórios afetaram de modo especial a

indústria eletromecânica e de energia, considerando-se esta como insumo

necessário para qualquer progresso e, por indução, estimularam outras atividades e

laboratórios.

De acordo com o IPARDES, obteve-se, no início de 2004, a seguinte relação

de instituições ligadas à tecnologia no Paraná.

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5.7.1 Instituições com Relação Formal à Pesquisa no Paraná

QUADRO 9 - INSTITUIÇÕES COM RELAÇÃO FORMAL À PESQUISA NO PARANÁ

INSTITUIÇÃO MUNICÍPIO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) - Centro Nacional de Pesquisa de Soja – CNPSo LONDRINA FEDERAL

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) - Centro Nacional de Pesquisa Florestal – CNPF COLOMBO FEDERAL

Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Regional Sul CURITIBA FEDERAL

Incubadora Tecnológica de São Mateus do Sul SÃO MATEUS DO SUL

FEDERAL

Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) - Regional Paraná CURITIBA FEDERAL

Centro de Diagnóstico Marcos Augusto Enrietti CURITIBA ESTADUAL

Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Paraná (HEMEPAR) CURITIBA ESTADUAL

Centro de Hidráulica e Hidrologia Prof. Parigot de Souza (CEHPAR) CURITIBA ESTADUAL

Centro de Medicamentos do Paraná (CEMEPAR) CURITIBA ESTADUAL

Centro de Produção e Pesquisas de Imunobiológicos (CPPI) CURITIBA ESTADUAL

Companhia de Informática do Paraná (CELEPAR) CURITIBA ESTADUAL

Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER/PR) CURITIBA ESTADUAL

Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (CLASPAR) CURITIBA ESTADUAL

Fundação Araucária CURITIBA ESTADUAL

Incubadora Tecnológica de Curitiba (INTEC) CURITIBA ESTADUAL

Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) LONDRINA ESTADUAL

Instituto Ambiental do Paraná (IAP) CURITIBA ESTADUAL

Instituto de Biologia Molecular CURITIBA ESTADUAL

Instituto de Pesos e Medidas do Paraná (IPEM) CURITIBA ESTADUAL

Instituto de Saúde do Paraná (ISEP) CURITIBA ESTADUAL

Instituto de Tecnologia do Paraná (TECPAR) CURITIBA ESTADUAL

Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e S i l (IPARDES)

CURITIBA ESTADUAL

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INSTITUIÇÃO MUNICÍPIO

Social (IPARDES)

18 Laboratório Central do Estado (LACEN) CURITIBA ESTADUAL

Minerais do Paraná S/A (MINEROPAR) CURITIBA ESTADUAL

Paraná Tecnologia CURITIBA ESTADUAL

Sistema Meteorológico do Paraná (SIMEPAR) CURITIBA ESTADUAL

Centro Tecnológico Industrial do Sudoeste Paranaense (CETIS)

PATO BRANCO MUNICIPAL

Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNDETEC) CASCAVEL MUNICIPAL

Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNTEC) TOLEDO MUNICIPAL

Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Marechal Cândido Rondon (FUNDEMARC)

MAR. CÂNDIDO RONDON

MUNICIPAL

Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC) CURITIBA MUNICIPAL

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) Escritório do Paraná (DRS-PR) CURITIBA NÃO-GOV.

Associação de Desenvolvimento Tecnológico de Londrina (ADETEC) LONDRINA NÃO-GOV.

Associação Paranaense de Empresas de Biotecnologia (APEBI) CURITIBA NÃO-GOV.

Centro de Integração de Tecnologia do Paraná (CITPAR) CURITIBA NÃO-GOV.

Centro Internacional de Tecnologia de Software (CITS) CURITIBA NÃO-GOV.

Companhia de Desenvolvimento de Curitiba – CIC CURITIBA NÃO-GOV.

Cooperativa Central Agropecuária de Desenvolvi-mento Tecnológico e Econômico Ltda – (COODETEC) Centro de Pesquisa Eloy Gomes

CASCAVEL NÃO-GOV.

Departamento intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-econômicos (DIEESE) Escritório Regional do Paraná CURITIBA NÃO-GOV.

Fundação ABC para Assistência Técnica e Divulgação Agropecuária CASTRO NÃO-GOV.

Fundação da Universidade Federal do Paraná para o Desenvolvimento da Ciência, da Tecnologia e da Cultura (FUNPAR)

CURITIBA NÃO-GOV.

Fundação de apoio à Pesquisa e ao Desenvolvi-mento do Agronegócio (FAPEAGRO) LONDRINA NÃO-GOV.

Fundação de Pesquisa Florestais do Paraná (FUPEF) CURITIBA NÃO-GOV.

Instituto de Bioengenharia Erasto Gaertner (IBEG) CURITIBA NÃO-GOV.

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INSTITUIÇÃO MUNICÍPIO

Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Paraná (IBQP/PR) CURITIBA NÃO-GOV.

Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) CURITIBA NÃO-GOV.

Instituto de Tecnologia e Desenvolvimento Econômico e Social (ITEDES) LONDRINA NÃO-GOV.

Instituto "Euvaldo Lodi" do Paraná (IEL/PR) CURITIBA NÃO-GOV.

Instituto Tecnológico de Automação e Informática – (ITAI) FOZ DO IGUAÇÚ NÃO-GOV.

Instituto Tecnológico do Laboratório Central de Pesquisa e Desenvolvimento (LACTEC) CURITIBA NÃO-GOV.

Liga Paranaense de Combate ao Câncer CURITIBA NÃO-GOV.

Serviço de Apoio às Pequenas Empresas do Paraná (SEBRAE-PR) - Escritório Regional de Curitiba CURITIBA NÃO-GOV.

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – (SENAI-PR) Departamento Regional do Paraná CURITIBA NÃO-GOV.

Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – (SBPC) Regional do Paraná CURITIBA NÃO-GOV.

FONTE: IPARDES-2004

Na relação acima, há instituições com níveis diferentes de competência e

condições de qualificação, mas, de todo modo, cada uma delas implica a extensão

de um processo de formação importante. Pela precedência, lembrando as datas de

sua criação, pode-se considerar o CEHPAR e LAC legítimas fontes de inspiração e

pioneirismo para muitas dessas entidades.

Outro efeito fundamental da infra-estrutura educacional e de P&D é a

versatilidade que propicia na região onde se situa. Profissionais com escolas

adequadas e centros de pesquisa têm mais facilidade para se reposicionar em

relação ao mercado de trabalho.

Num ambiente como o do LACTEC, pode-se rapidamente mobilizar

especialistas alternativos, criando-se mídia para outros vetores de desenvolvimento.

Em sua curta história, o LACTEC já apresentou diversos encontros técnicos, debates

e análises que dão ao povo paranaense a possibilidade de descobrir outras

atividades profissionais.

O desenvolvimento econômico requer bases que podem ser ilustradas

conforme a Figura 30.

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FIGURA 30 - 0 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Globalização

Saturação ambiental

Concentrações humanas elevadas

Desafios : Meio ambiente

Ecologia Segurança

Desenvolvimento econômico

Sociedade século 21

Demanda por tecnologia Mão de obra abundante e qualificada

Formação profissionalCientífica

Infra-estrutura materialUniversidades

Escolas técnicas Centros de P&D

Infra-estrutura técnica e cultural

Sociedade século 19 Revolução industrial

Mercantilista Agropecuária ainda primária

Organização do aprendizado

Reestruturação do trabalho

Aprimoramento de ferramentas

Descobertas e invenções básicas

Sociedade primária, extrativista, agricultura sem tecnologia

Assim, torna-se factível afirmar que o Paraná possui uma base adequada

para viabilizar seu desenvolvimento econômico, de forma que os seus laboratórios

construídos na relação entre a COPEL e a UFPR tiveram papel significativo, se não

decisivo em muitos projetos que se realizaram e que, certamente, serão realizados.

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6 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS EM DADOS E GRÁFICOS

6.1 A CONTEMPORANEIDADE DO LACTEC FACE AOS DESAFIOS DO

TERCEIRO MILÊNIO

Considerando que este capítulo destina-se à análise dos depoimentos dos

Entrevistados, coletados a partir de questionário elaborado conforme o interesse

desta investigação já explicitado no momento da introdução deste relatório de

pesquisa e, com o objetivo de informar o resultado deste estudo, optou-se por

agrupar as respostas da totalidade dos 9 (nove) entrevistados.

Como procedimento inicial foram substituídos os nomes dos entrevistados

pelos respectivos códigos alfabéticos A, B, C, D, E, F, G, H.I.

Isto porque, resguardar a privacidade e a identidade dos colaboradores além

de denotar respeito pelo entrevistado, mantendo sigilo sobre o que se revela em

confiança, atende às recomendações mencionadas em estratégias metodológicas.

6.1.1 Sobre os Atores Sociais e Atuação

Foram consultados e analisados conteúdos das respostas dos questionários

aplicados junto a 9 (nove) profissionais com formação específica, todos engenheiros

e que participaram de forma ativa ou na concepção, na formalização ou na criação

deste laboratório objeto deste estudo.

Parte dos entrevistados ainda exerce funções e são vinculados à Instituição-

alvo, outros se encontram alocados em outro órgão de pesquisa e alguns exercem

outra função, ligada à pesquisa ou exercício comum da profissão. São dirigentes,

gestores, técnicos, pesquisadores, educadores que, de forma direta ou indireta,

sonharam, construíram, trabalharam, ou ainda estão presentes, de modo pró-ativo,

na trajetória do LACTEC, ou das instituições que o precederam.

Pela possibilidade de referendar os pressupostos que valorizam a existência

dos P&D como fator de promoção humana, em sua dimensão de cidadania, torna-se

pertinente destacar e transcrever trechos selecionados da entrevista estruturada em

questionário com perguntas abertas, constitutivas do estudo de caso em questão.

Cabe pontuar que as opiniões histórico-críticas apresentadas e a visão da

situação atual por demandas que persistem refletem posições consubstanciadas na

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127

experiência do trabalho cotidiano, cada um em sua área de atuação. Tal

disponibilidade e tal presteza para o êxito deste estudo de caso ensejaram a

condição de uma análise dos dados obtidos, que também está presente neste

capítulo.

6.2 ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

O questionário foi efetuado com profissionais que na sua diversidade - fato

este que já foi mencionado - sujeitos que de um universo de pesquisa adotado

tiveram de alguma forma e/ou mantêm relações com o LACTEC e suas origens. As

amostras são proporcionais ao número de profissionais em relação à sua atuação,

com a devida proporcionalidade, fato este que consta de manuais dedicados à

pesquisa qualitativa, na modalidade adotada.

GRÁFICO 2 - PARTICIPAÇÃO DOS ENTREVISTADOS NA FORMAÇÃO E EXISTÊNCIA

DO LACTEC

0 1 2 3 4 5 6

gerência do LAC e/ouLACTEC

Conselho de Administração doLAC

Conselho de Administração doLACTEC

diretoria na COPEL

diretoria do LACTEC

pesquisador no LACTEC e/oulaboratórios de origem

As respostas mostram o enorme envolvimento das pessoas com a formação

do LACTEC, onde alguns tiveram cargo de direção.

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Destaque-se, inicialmente, a seguinte resposta que resume muito do que se

pretende demonstrar: H - O estado do Paraná, através da COPEL e da inserção de professores da UFPR, tem

sido altamente inovadora (sic) em termos de geração hidrelétrica. Como exemplo temos as obras de Capivari Cachoeira, Foz do Areia, Jordão e Caxias, que se notabilizaram pelo desenvolvimento tecnológico e a utilização de tecnologias novas. Este desenvolvimento gerou a formação de ambiente técnico de ponta e equipes altamente treinadas. Os laboratórios tiveram como motivação a preservação deste patrimônio intelectual, a formação de profissionais de alto nível no setor de energia e a geração de talentos para a UFPR e a COPEL.

Ou seja, graças aos laboratórios que foram criados a partir da COPEL e

posteriormente em conseqüência destes, o Paraná apropriou-se de cultura técnica

que lhe permite expressão junto à comunidade científica.

A vontade daqueles que decidiram pela criação do LACTEC (fato

relativamente recente) pode ser inferida pelas respostas ao questionário, pois muitos

daqueles que atenderam a consulta tiveram participação direta ou indireta nesse

processo.

Basicamente deduz-se pelas respostas que a intenção foi preservar um

ambiente de pesquisa diante da provável privatização da COPEL, formando um pólo

de P&D de interesse do estado do Paraná. Existia a convicção de que o pólo de

pesquisa formado pelo LAC, LAME e CEHPAR era de alto valor para o setor elétrico

(principalmente) devendo sobreviver às mudanças prováveis na condição societária

da COPEL.

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129

GRÁFICO 3 - FATORES DE CRIAÇÃO DOS CENTROS DE P&D

0 1 2 3

Não respondeu

Visão gerencial

Desenvolvimento tecnológicodo Paraná

Necessidades da COPEL esetor elétrico

Desenvolvimento profissional,apoio ao ensino superior,

UFPR

Criação do LACTEC diante daprivatização da COPEL

O gráfico 3 mostra a visão estratégica dos responsáveis pela administração

estadual (COPEL, governo do estado etc) e da UFPR, procurando formas de

viabilização da criação de uma base de desenvolvimento tecnológico no estado do

Paraná.

Duas diretrizes dominaram a criação do LACTEC, primeiro criar um pólo de

P&D no Estado do Paraná e a segunda preservar empregos e projetos dos

pesquisadores que lá trabalhavam, pois com a privatização havia a compreensão de

que os novos proprietários da COPEL teriam pouco interesse em manter a estrutura

existente.

A legislação brasileira e os critérios de relacionamento entre instituições de

fomento à P&D no Brasil e no mundo externo também contribuíram para a convicção

da necessidade de se criar o LACTEC como instituição independente, totalmente

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dedicada à P&D e mantendo atividades que lhe sustentassem, sem depender

essencialmente de uma empresa com as características da COPEL. As respostas ao

questionário de referência mostram essa situação.

A perspectiva da privatização da COPEL deve ter sido mandatária na decisão

de desconectar o LACTEC da COPEL, colocando-o, ainda assim, sob o comando de

uma série de entidades paranaenses, inclusive a COPEL, de modo a garantir o

respeito aos interesses do estado.

GRÁFICO 4 – MOTIVAÇÃO PARA A CRIAÇÃO DO LACTEC

0 1 2 3

Não respondeu

Aprimoramento técnico da COPEL

Maior agilidade na captação e aplicação de recursos

Redução de custos da COPEL e preservação do ambientede p&D

Ambiente favorável e Importância de um laboratório comessas características

Sobrevivência dos pesquisadores

4

Naturalmente deve-se questionar o que tantos laboratórios deram ao Paraná

e à ciência. Uma das respostas talvez expresse com fidelidade essa contribuição: D - O conhecimento permite que melhor sejam deslocados os investimentos no setor

elétrico. Um país que simplesmente contrate licitações internacionais para obras de geração, transmissão ou distribuição de energia, sempre será dependente do conhecimento externo e talvez não venha a ter competência para visualizar as soluções que apresentem a melhor relação custo benefício para o país, mas acaba "engolindo" aquelas que maximizam o lucro dos fornecedores internacionais.

O setor elétrico, entre outros, depende da compreensão das novidades

técnicas, do custo e validade da utilização dos melhores recursos para poder se

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131

desenvolver com segurança. Um bom exemplo é a automação, um recurso amplo

com possibilidades diversas, inclusive de criar problemas enormes se for utilizado

inadequadamente. O LACTEC tem sido um ambiente de estudos em torno da

automação, dando à COPEL e às indústrias que utilizam os serviços do LACTEC

maior segurança na transformação de seus procedimentos e aquisição de sistemas.

A dependência de pólos industriais distantes é um grande risco de aquisição

de produtos inadequados ou dimensionados erroneamente.

A otimização de investimentos depende muito do acerto e respeito a normas e

especificações. Uma empresa sem condições de medir, testar, avaliar, verificar

produtos poderá ser ludibriada pelo fornecedor. O LAC, principalmente, tem muitos

relatos de ensaios que demonstraram o não respeito a condições pré estabelecidas

de fabricação.

O rigor na aquisição e instalação de equipamentos é necessário a que se

tenha o máximo proveito do dinheiro gasto nesses projetos.

Naturalmente um ambiente de P&D viabiliza a criação de novos processos e

produtos. Esse efeito foi apontado pelos entrevistados e pode ser constatado na

relação de serviços e produtos em processo de registro de propriedade intelectual,

conforme mostrado no corpo desta dissertação.

O gráfico 5 demonstra essas visões na resposta a uma das questões

apresentadas.

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GRÁFICO 5 - PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES DOS CENTROS DE P&D PARA O SETOR

DE ENERGIA ELÉTRICA

0 1 2 3 4 5

Agregação de valor nos processos

Gerar soluções tecnológicas

Incentivos à pesquisa

Otimização de custos e investimentosno setor elétrico

Capacitação profissional

Apoio às instituições de ensino

Outra resposta merece destaque: G - O setor de energia elétrica tem um amplo leque de Especialidades que, evidentemente,

se entrelaçam em suas aplicações práticas no cotidiano da humanidade. Somente o desenvolvimento de novos materiais, específicos para aplicações nos equipamentos e instalações, permitiu que se universalizasse o uso da energia elétrica. Quer criando as condições para o transporte de grandes volumes de energia, vencendo longas distâncias, quer iluminando as grandes cidades, somente a pesquisa de soluções tecnológicas em centros de P&D permitiu o salto que se verificou nos últimos 50 anos.

A relação de atividades do LACTEC mostra como um laboratório dessa

espécie pode ser útil ao setor de energia elétrica.

Na opinião dos entrevistados, a criação dos “Fundos Setoriais de Ciência e

Tecnologia”, criados a partir de 1999, com certeza foi o que de mais importante

aconteceu nesses últimos vinte anos a favor da pesquisa e desenvolvimento no

Brasil. Essa fonte de recursos mais os encargos sobre as tarifas de energia elétrica,

associados à sustentação da ANEEL e outras entidades relativas ao setor elétrico

geraram recursos importantes à manutenção de ambientes de P&D no Brasil.

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133

GRÁFICO 6 - O QUE ACONTECEU DE MAIS RELEVANTE

0 1 2 3 4 5

Criação dos Fundos Setoriais

Aprimoramento técnico das empresasde energia

Regulamentação dos Fundos Estaduaisde Tecnologia

Criação de novos centros de P&D

Criação de encargos sobre a energiaelétrica dedicados à P&D

Desenvolvimento de novos produtos

Formação de massa crítica em P&D

Com os recursos existentes foi possível multiplicar-se laboratórios.

As receitas desses Fundos são criadas a partir de contribuições incidentes

sobre o resultado da exploração de recursos naturais pertencentes à União, parcelas

do Imposto sobre Produtos Industrializados de certos setores e de Contribuição de

Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) incidente sobre os valores que

remuneram o uso ou aquisição de conhecimentos tecnológicos/transferência de

tecnologia do exterior, praticamente todos à disposição de uma entidade de

pesquisa com as características do LACTEC.

O LACTEC tem utilizado esses recursos assim como outras fontes de

recursos.

As dificuldades enfrentadas por um centro de P&D são permanentes e

ilustramos a seguir:

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GRÁFICO 7 - PRINCIPAIS DIFICULDADES DE UM CENTRO DE P&D

0 2 4 6 8 10 12

Política inadequada ou inexistente

Falta de recursos

Não sabe

Burocracia de serviços públicos

Profissionalização inadequada

A maior parte das respostas dá indicações claras de que a ingerência política

e a descontinuidade por efeito da alternância de poder têm sido danosas às

atividades do LACTEC e dos laboratórios que o antecederam. Essa perturbação

acontece pela falta de uma política sustentada de desenvolvimento tecnológico do

Paraná.

Vale destacar a seguinte resposta: E - Os centros de P&D do Paraná sofrem do mesmo mal dos centros de P&D espalhados

pelo Brasil, ou seja: a) carência de recursos e b) alternância de rumos, devido a freqüentes mudanças na sua direção, sendo que algumas vezes a direção dos centros de pesquisa é entregue a leigos, sem vivência na área de P&D.

Os centros de P&D brasileiros nasceram e se desenvolveram dentro de um

processo de maturação natural nesses casos.

Registre-se a resposta: B - Foram particularmente relevantes a realização de ensaios, testes e correlatos, que foram

os primeiros serviços dos centros de pesquisa, ainda então na fase "laboratorial". Tais serviços contribuíram para o controle de qualidade de equipamentos e produtos adquiridos pelas concessionárias, contribuíram para normatização do setor elétrico e também para a melhoria da competitividade da indústria nacional.

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135

A partir desse início os laboratórios empreenderam outras atividades, em

especial a pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos.

A resposta: G - Somente quando a pesquisa básica se torna instrumento para o desenvolvimento

tecnológico é que se obtém o retorno do investimento feito. O setor de energia elétrica paranaense e brasileiro tem sido enormemente afetado pelas idéias e resultados de outros centros de P&D, geralmente do exterior, onde os investimentos são gigantescos e vem sendo feitos há muito tempo nesses centros. Acredito que pouca coisa de exclusivo desenvolvimento nacional tenha sido feita. Entretanto, a formação de pessoal de alto nível, reconhecido internacionalmente, seja um excelente produto dos nossos centros.

Destaque-se nessa contribuição a opinião de que não se produz “coisas”

inéditas mas que a formação de pessoal de alto nível é algo importante e

significativo, apesar dessa observação parecer uma compensação pequena para o

que o Brasil poderia ter feito no setor de energia elétrica.

Os laboratórios que formaram o LACTEC e o próprio LACTEC têm sido

importantes para o desenvolvimento da P&D no Brasil, a partir deles ou com eles

outros laboratórios foram criados (exemplos mais recentes: o CETIS, desenvolvido

em parceria com o LACTEC e o Núcleo de Estudos e Pesquisas do Nordeste –

NEPEN, com a participação de profissionais que se desligaram do LACTEC para

atuação naquela região), técnicas de ensaios e fabricação evoluíram de acordo com

o ambiente brasileiro, tropical, com restrições de recursos etc..

A relação desses laboratórios com o ensino superior no Brasil é natural pois

dentro deles pode-se criar condições para a realização de cursos de mestrado e

doutorado com suporte em profissionais dedicados à P&D e equipamentos mais

caros, complexos. A viabilização desses pólos torna-se possível graças ao efeito

econômico sobre o país e às finanças do próprio laboratório, capaz de prestar

serviços e levantar recursos essenciais a suas atividades.

As incubadoras e o apoio à indústria são elementos fundamentais ao

desenvolvimento da região.

Acima de tudo ao ganhar credibilidade perante empresas estrangeiras nossos

laboratórios formaram um novo padrão de relacionamento extremamente necessário

à qualidade e seriedade de produtos que, de outra forma, poderiam ter prejudicado o

desenvolvimento do Brasil.

O diagrama apresentado a seguir mostra de forma simplificada qual foi a

contribuição do LACTEC e os laboratórios de origem ao desenvolvimento do Paraná.

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136

GRÁFICO 8 - CONTRIBUIÇÃO DO LACTEC PARA O SETOR DE PESQUISA E

DESENVOLVIMENTO

0 1 2 3

Normatização do setor elétrico

Aprimoramento de processos e produtos

Criação de demanda de pesquisadores

Controle de qualidade

Sucesso empresarial da COPEL

Atração de indústrias

Redução da dependência de empresas fora doBrasil

Apoio na análise e solução de problemas maiscomplexos

Formação de massa crítica para o desenvolvimentode produtos no Brasil

Desenvolvimento de tecnologias adaptadas àrealidade brasileira

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137

Dentro de um ambiente de P&D o desafio é distribuir recursos financeiros,

escolher áreas para investimentos na compra de equipamentos de ensaios,

preparação de pesquisadores, manutenção e operação etc.

O LACTEC, tendo surgido como entidade independente, precisa de muita

atenção para a gerência dos seus recursos financeiros pois deles sairá o dinheiro

necessário à sua sustentação. Assim é natural que essa entidade seja altamente

dependente dos seus clientes.

Basicamente, em função das respostas, conclui - se que o critério é de

oportunidade, ou seja, o dinheiro é gasto em função de quem paga, conforme

demonstrado no Gráfico 9. Com a criação dos Fundos Setoriais as empresas

geradoras desses recursos passaram a decidir sobre a utilização do dinheiro assim

como os clientes, indústrias de modo geral, sempre definiram que tipo de pesquisa

um laboratório, dependente de recursos de contratantes, pode desenvolver.

Um dos entrevistados, excepcionalmente, afirmou que 30% dos recursos

obtidos são utilizados para projetos com base estratégica, ou seja, criando

conhecimentos que darão base para desenvolvimentos posteriores enquanto 70%

têm finalidade econômica, levantar fundos para manutenção do LACTEC. GRÁFICO 9 - PRINCIPAIS CRITÉRIOS DE DISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS

Critérios estabelecido pela fonte de

recursos56%

Não respondeu33%

Estratégicos (30%) e

econômicos (70%)11%

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138

A omissão de alguns não respondendo a essa questão foi compreendida

como natural pois já estão distantes da administração do LACTEC ou não

participaram de sua gerência.

De qualquer modo, uma parte dos projetos que o LACTEC desenvolve são de

iniciativa e responsabilidade do próprio laboratório. São considerados estratégicos.

Um laboratório que precisa conquistar clientes depende do que se denomina

“mercado” para seu potencial de trabalho. As respostas mostram claramente essa

condição do LACTEC, criando limitações que precisarão ser avaliadas ao longo do

tempo.

O Gráfico 10, mostra essa situação.

GRÁFICO 10 - MOTIVOS DE CRIAÇÃO DOS PROJETOS

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Demanda e negociação com omercado

Iniciativa do LACTEC

Solicitação do mercado sobestimulação do LACTEC

Não respondeu

São criados em função dos FundosSetoriais e outros recursos

disponíveis

As respostas convergem para algo tão simples quanto a declaração de um

dos entrevistados:

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E - Os projetos de desenvolvimento industrial no LACTEC nascem da necessidade do Mercado, das empresas, ou seja, o LACTEC acompanha os movimentos da indústria, especialmente do Paraná, sem, entretanto limitar suas atividades ao Estado.

Note-se que o LACTEC, por essa informação e por outras, tem uma dimensão

nacional, não se limitando ao Paraná.

Com relação à indústria vale destacar: I - Ela não participa dessa fase. Só entra na fase de prototipagem e de desenvolvimento

industrial do produto. Não participa porque não tem capital para arriscar.

Refletindo uma condição da maioria das empresas privadas brasileiras, as

decisões do LACTEC envolvem uma avaliação de risco muito especial pois quando

se dedica a alguma indústria deverá fazê-lo com um grau elevado de segurança pois

as empresas privadas brasileiras não têm, de modo geral, capital para arriscar em

pesquisa e desenvolvimento.

Ainda para garantir remuneração o LACTEC preocupa-se com a apropriação

dos direitos autorais do que produz, tendo um dos maiores acervos junto ao Instituto

Nacional de Propriedade Intelectual, INPI.

Não existe critério pré definido para escolha de parceiros, denunciando,

talvez, uma falta de política estratégica que poderá não ser tão ruim diante da

necessidade de se aproveitar oportunidades.

O LACTEC é uma entidade relativamente nova, precisando criar produtos e

desenvolver clientes que dêem segurança operacional. Muitas oportunidades foram

criadas mas também, diante das mudanças políticas, sofreram variações que devem

ter prejudicado entidades como o LACTEC.

Merece destaque, contudo, a criação de pólos de fomento industrial com o

apoio do LACTEC.

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140

GRÁFICO 11 - PRINCIPAIS CRITÉRIOS DE SELEÇÃO DE EMPRESAS

0 1 2

Representatividade da empresa em seu mercado

Consonância com os interesses do LACTEC

Comprometimento com o resultado e colocação doproduto no mercado

Princípios de transparência, isonomia, capacidadetécnica, qualidade, prazo e preço.

Afinidade na área de conhecimento

Capacidade econômica

Não existem critérios pré definidos

O LACTEC não está focado em "grandesempresas"

Não respondeu

O LACTEC fomentou um pólo industrial paraabsorção de seus desenvolvimentos

Nas incubadeiras o critério é o interesse estratégicono desenvolvimento de tecnologia.

Em função de contrato

Critérios definidos pela fonte de recursos

Uma preocupação essencial à sobrevivência de um pólo independente de

P&D é saber que áreas de P&D devem ser motivo de atenção prioritária. O

planejamento estratégico de um centro dessa espécie é importantíssimo pois dele

dependerá o sucesso ou não da entidade.

As respostas mostram predominantemente a conveniência de se dedicar às

energias alternativas e à geração distribuída, basicamente a novas formas de

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141

produção de energia elétrica. Apontando para uma área de excelência do LACTEC

vemos também a conveniência de se dedicar à tecnologia de materiais, onde o

LACTEC herdou uma base excelente. O gráfico 12 mostra que alguns entrevistados

indicaram mais do que uma alternativa

GRÁFICO 12 - CAMPOS PROMISSORES PARA O LACTEC

0 1 2 3 4 5

Geração distribuída

Fontes alternativas de energia

Energias renováveis

Tecnologia do hidrogênio

Desenvolvimento de materiais para geradores etransformadores

Compatibilidade magnética

Supercondutividade

Software

Otimização de instalações

Técnicas de manutenção preventiva

Corrosão

Inteligência competitiva e gestão do conhecimento

Automação, mecatrônica

Geração, transporte, distribuição e utilização de energia

Semicondutores

Meio ambiente

Nanotecnologia

Biotecnologia

Tecnologia de materiais

Qualidade de energia

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142

A Gráfico 12 mostra a visão dos entrevistados em relação ao futuro do

LACTEC, se pretender avançar em P&D.

A possibilidade de se desenvolver em torno de tecnologia de interesse

ambiental é um destaque nas respostas além da possibilidade de aplicação dos

conhecimentos de automação. Entende - se como promissores porque estão dentro

da competência dos pesquisadores do LACTEC e atendem, de acordo com

especialistas, focos de desenvolvimento necessários ao país.

A relação criada ilustra o potencial de criação, desenvolvimento e

transferência do saber fazer à sociedade paranaense. Nota-se que muitas áreas

foram apontadas, significando espaços que os entrevistados consideram passível de

atenção pelo LACTEC. O LACTEC surgiu diante de uma situação política distinta das lógicas

técnicas, ou seja, como disse um dos entrevistados: I - No caso do LACTEC a criação foi um fator de SOBREVIVÊNCIA. Se não se criasse o

LACTEC, 93 colaboradores da COPEL, mestres e doutores, estariam na rua.

GRÁFICO 13 - IMPORTÂNCIA DE NOVAS PESQUISAS E PRODUTOS

0 1 2 3 4 5

Não entendeu ou não respondeu apergunta

Não surgiu da necessidade de uma ououtra tecnologia

Necessidade de um apoio de alto nívelem questões relativas à tecnologia

Foi importante

A ausência de planos de desenvolvimento tecnológicos para o estado do

Paraná, planos aceitos e aplicados indistintamente por governos que se sucederam,

criaram inconsistência às razões e resultados. A informação apresentada acima foi

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143

dada por um dos principais executores das decisões de governo à época, mostrando

a lógica dominante.

Transcrevendo: D - O LAC foi criado inicialmente não para geração de novas tecnologias mas para a

validação ou qualificação das chamadas tecnologias importadas. A este tipo de serviço denominamos "ensaios qualificados" e servem para que as empresas brasileiras não adquiram "gato por lebre". Posteriormente com a crescente capacitação de seu corpo técnico, reais inovações foram sendo criadas no LACTEC.

Deve-se destacar a área de meio ambiente onde o LACTEC poderá

desenvolver competências úteis à sociedade de modo geral.

As respostas ao questionário mostram claramente a indicação de que a

necessidade de se sustentar não prejudicou o LACTEC, algumas delas, ao contrário,

destacando essa condição como sendo favorável à entidade.

GRÁFICO 14 - PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

0 1 2 3 4 5 6

Não

Sim

É útil

Muda o foco dotrabalho

Não respondeu

A alta concentração de respostas em “não” mostra que, se atrapalha, não é

uma condição sensível à maioria dos entrevistados. Uma das razões é a criação de

maior contato com o público externo, possibilitando uma compreensão melhor das

áreas mais interessantes para P&D.

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É prudente transcrever, contudo, a seguinte afirmação de um dos

entrevistados: G - Eu diria que esse aspecto é uma das delicadas mudanças de rumo e foco por que

passou a instituição. A necessidade de geração de recursos financeiro para sua sobrevivência levou a se priorizar essa prestação de serviços. Geralmente essa prestação de serviços é uma situação mais cômoda do que aquela de pesquisa, conduzindo a mente dos pesquisadores para um campo de produção mais imediata do que de longa e exaustiva maturação. Talvez tenha sido um recurso de sobrevivência, porém trouxe suas conseqüências menos nobres (competição por desempenho financeiro entre as áreas, o que não deixa de ser interessante, porém não pode ser o foco principal).

O LACTEC é o resultado de um processo evolutivo, onde experiências

gerenciais conduziram à convicção de que a entidade teria melhores resultados se

independente da COPEL.

Deve - se destacar a seguinte resposta: B - Os resultados nesses seis primeiros anos do LACTEC demonstraram que é possível

transformar tecnologia em empregos, qualificação profissional, novas empresas e tantos outros benefícios. Ao contrário da grande maioria das universidades e outros centros de pesquisa brasileiros, o LACTEC se orientou para o mercado e para a sociedade, conquistando clientes e apresentando resultados práticos, pelos quais os interessados se dispunham a pagar.

O LACTEC, pelos prêmios conquistados, mostra sucesso e potencial para

crescer. Na fase em que os laboratórios que lhe deram origem estiveram dedicados

à COPEL, foram ofuscados pela existência de uma empresa muito maior,

eventualmente sem condições de apresentarem suas melhores qualidades. Ainda

nesse período correram o risco de deixarem de existir diante de dificuldades

eventuais que a COPEL, na condição de concessionária de um serviço público, teve

de enfrentar.

Com relação ao passado deve - se destacar a seguinte contribuição: C - Naturalmente em cada etapa de existência dos laboratórios que precederam o LACTEC

e o LACTEC a visão da importância desses laboratórios foi diferente. O maior obstáculo sempre foi a ignorância do potencial de realização desses laboratórios a favor do estado do Paraná. Pode-se, analisando os investimentos feitos, medir esse interesse, podendo-se descobrir longos períodos de abandono dessas instituições.

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GRÁFICO 15 - COMPARATIVO DA CONCEPÇÃO ORIGINAL E A PRÁTICA ATUAL DO

LACTEC

0 1 2 3 4

Aconteceu uma evolução

O LACTEC se orientou para o mercado e para asociedade

Ainda com fragilidade institucional frente às ingerênciaspolíticas.

Descontinuidade

Não respondeu

A interferência política mudou o perfil da instituição e seufoco.

A ingerência política ainda é mal vista, sendo apontada como um grande

problema para o LACTEC. Um exemplo foi a descontinuidade causada pela

mudança de governo em 2003.

A transcrição abaixo de parte de uma das respostas apresenta um cenário

que pode ser constatado de diversas maneiras (prêmios, referências, participações,

contratos etc). B - ...até 2002, o LACTEC rapidamente avançou, mantendo a trajetória iniciada desde sua

criação. Apresentou um expressivo crescimento do faturamento, aumento sustentado na geração de empregos diretos e indiretos, excelente lucratividade todos os anos, ampliação do seu patrimônio, conquista de clientes em todo o país, se tornando um dos maiores centros tecnológicos brasileiros em porte e produção tecnológica, recebendo inúmeras premiações. Foram adotadas várias práticas inovadoras na gestão de um centro de pesquisa que contemplaram, em especial, um envolvimento do corpo funcional. Para promover o desempenho, geração de resultados e atenuação das perdas salariais, foi implantado um sistema de remuneração variável, baseada em indicadores de desempenho e

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resultados superavitários da entidade. As últimas pesquisas junto ao corpo funcional, realizadas nessa primeira fase, indicaram um clima extremamente favorável, com as pessoas tendo orgulho do LACTEC, reconhecendo um excelente ambiente de trabalho e com alto grau de confiança nos dirigentes e nos rumos da instituição. Os resultados nesses seis primeiros anos do LACTEC demonstraram que é possível transformar tecnologia em empregos, qualificação profissional, novas empresas e tantos outros benefícios. Ao contrário da grande maioria das universidades e outros centros de pesquisa brasileiros, o LACTEC se orientou para o mercado e para a sociedade, conquistando clientes e apresentando resultados práticos, pelos quais os interessados se dispunham a pagar. Nos últimos anos dessa primeira fase, o LACTEC ofertava mais de 100 mil horas anuais de estágios, dezenas de bolsas para alunos de mestrado e doutorado, tinha atraído empresas para o Paraná e criados novos empreendimentos tecnológicos. Os recursos da operação superavitária permitiram investir em projetos estratégicos, ampliar e modernizar laboratórios, ofertar bolsas e auxílios à pesquisa e tantos outros benefícios. No início de 2000, o LACTEC foi qualificação como OSCIP, sendo umas primeiras entidades brasileiras a receber tal qualificação e a primeira na área de ciência e tecnologia. O LACTEC assumiu a liderança nacional em várias temáticas estratégicas e estabeleceu um vigoroso ritmo de intercâmbio técnico-científico recebendo pesquisadores, profissionais e alunos de diversas partes do país e do exterior; bem como promovendo seminários, cursos e eventos correlatos. Em momento nenhum nesse período, o LACTEC recebeu subvenções ou dotações orçamentárias para pagar seu pessoal e seu custeio. O LACTEC é um exemplo forte da relação de um centro de pesquisa e desenvolvimento com o poder político. Nele encontraremos exemplos de atitudes positivas e negativas, com destaque para a violência com que os políticos podem interferir numa entidade que precisa de estabilidade e credibilidade para conquistar seus objetivos.

A descontinuidade estratégica na condução do pólo de pesquisas criado na

UFPR entre a COPEL e a UFPR e a ainda dependência de decisões de estado têm

sido vistas como prejudiciais ao LACTEC, diminuindo e neutralizando eventuais

preocupações quanto à necessidade de levantar recursos pela prestação de

serviços externos. À questão “... nos últimos anos a comercialização de serviços

comprometeu as atividades de pesquisa e desenvolvimento do LACTEC?” as

respostas deram o seguinte resultado:

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GRÁFICO 16 - EFEITOS DA COMERCIALIZAÇÃO

0 1 2 3 4 5

Não

Sim

Não com cuidado

Não respondeu

A dependência da vontade política do governo do Estado do Paraná, ainda

que menor, cria uma grande incerteza em relação ao futuro do LACTEC.

GRÁFICO 17 - FUTURO DO LACTEC

0 1 2

Depende do cenário político

Só o futuro dirá

Viver da sua "inérciacompetitiva"

Retorno às origens

O futuro dependerá muito dacredibilidade do LACTEC

O LACTEC depende doconsenso dos associados

Pesquisa aplicada

Não respondeu

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148

Destacando uma resposta: B - ...As mudanças políticas compreendendo, especialmente, a mudança no governo

estadual no início de 2003, demonstraram a fragilidade da entidade, especialmente frente à ingerência política. Com as mudanças impostas, veio um novo modelo de gestão com um viés "estatal", com indicação política de novos diretores...

A interferência política, que deveria respeitar interesses de estado, acaba

sendo negativa à medida que desrespeita pressupostos mínimos de competência e

seriedade.

Colocada a questão “Quais seriam as principais funções de um centro de

pesquisas como o LACTEC?”, extremamente importante considerando a qualidade

dos entrevistados, obteve - se a seguinte relação de respostas:

GRÁFICO 18 - FUNÇÕES DE UM CENTRO DE P&D TIPO LACTEC

0 1

Transformar o conhecimento cientifico emprodutos ou processos tecnológicos que sejam de

uso e melhoria de vida da sociedade

Oferecer soluções e respostas para demandastecnológicas do setor produtivo

Apoiar o desenvolvimento do estado do Paraná

Transformar conhecimento em tecnologia

Fazer a "ponte" entre a pesquisa pura, que seencontra no meio acadêmico e a indústria, com

ênfase à Copel

Propiciar soluções tecnológicas para aengenharia e para a manutenção

Atuar com fator de desenvolvimento tecnológico

Desenvolvimento de recursos humanos

Não respondeu

Fazer P&D

Prospecção, geração e internalização de novastecnologias, serviços e processos.

Gerar tecnologia para a geração de emprego edivisas

2

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149

O LACTEC tem um amplo espectro de possibilidade científicas e

tecnológicas, podendo criar soluções e obter resultados em muitas áreas de

especialização, tudo dependendo de como for conduzido ao longo dos anos.

Vale transcrever: I - É estratégica. Sem instituições como o LACTEC PURO não se tem avanços e progressos

na sociedade, sendo ela refém de outras sociedades mais evoluídas tecnologicamente falando, através da necessidade de novos serviços e produtos (dependência tecnológica).

A resposta acima diz tudo, sem necessidade de outras considerações. Deve-

se, contudo, destacar que no pólo de P&D existente no campus da UFPR foram

feitos enormes investimentos em equipamentos, instalações e recursos humanos,

merecendo máxima atenção dos responsáveis pelos destinos do LACTEC. Sendo

gerenciado de forma adequada poderá trazer grandes benefícios ao estado do

Paraná e ao Brasil, pois lá existe um grande patrimônio intelectual capaz de produzir

e agregar conhecimentos de extremo valor aos brasileiros.

Questionados quanto ao futuro do LACTEC, que espaços deveria ocupar, as

respostas, ainda que algumas não pertinentes à questão proposta, foram as

seguintes:

GRÁFICO 19 - FUNÇÃO SOCIAL

0 1 2 3

Extremamente importante

Depende da militância política de seuscomponentes

Interface entre as universidades e centros depesquisa pura com as indústrias e empresas

Empresa cidadã

Não respondeu ou perdeu o foco

A nucleação do desenvolvimento tecnológico,priorizando o desenvolvimento social do país,

estando aderente às políticas do estado.

Ser empresa estratégica - relevância estratégica

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Nota-se uma preocupação quanto à visão política de muitos entrevistados,

alguns com certeza mais conscientes do significado dessa instituição para o país e o

povo de modo geral.

O tema da dissertação é complexo à medida que estabelece uma visão mais

sociológica e menos de Engenharia às questões formuladas, a própria compreensão

do trabalho é prejudicada pela especialização dos entrevistados que, entretanto,

perguntados “Considerando o referencial teórico de minha pesquisa, em que a

importância de um desenvolvimento auto sustentado é referenciada na transmissão

do saber fazer e desenvolver tecnologia própria para maior soberania tecnológica, é

um centro de pesquisa e desenvolvimento uma base fundamental a este processo?”

responderam:

GRÁFICO 20 - PAPEL DO LACTEC

0 2 4 6 8 10

Sim

Fundamentais na geração do conhecimento queirá contribuir para o desenvolvimento auto

sustentado do país

Ser a ponte transformando ciência emtecnologia para melhoria dos nossos processosprodutivos (industrias) e conseqüente qualidade

Complementar às Universidades que tem comofunção a geração e transmissão do

conhecimento às novas gerações, os centros de

O desenvolvimento de tecnologia própria éfundamental ao país

Naturalmente um centro que cria e dispõe seus conhecimentos à

comunidade, que apóia o ensino através de cursos, laboratórios, treinamento

informal etc é fundamental ao desenvolvimento auto sustentado e à transmissão do

saber fazer. O LACTEC pode demonstrar essa eficácia ao longo da sua história e

dos laboratórios que o constituíram.

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Finalmente vale destacar as seguintes contribuições: B - Na criação da citada "holding tecnológica", o LACTEC tinha por objetivos ampliar as

fontes de sustentação financeira, aumentar as sinergias operacionais e os benefícios para a sociedade. A primeira iniciativa foi a criação, em 1998, do CETIS (Centro Tecnológico Industrial do Sudoeste Paranaense), uma instituição sem fins lucrativos, localizada em Pato Branco, chegou a gerar cerca de 350 empregos diretos, atraiu várias empresas para a cidade e foi considerada pela FINEP um empreendimento de concepção inovadora, recebendo US$ 7 milhões em investimentos> Um pontos fortes do empreendimento foi o uso da tecnologia para atrair empresas, gerar empregos e promover o desenvolvimento regional no curto prazo. Sem paralelos no Brasil, a concepção do CETIS - condomínio tecnológico, baseada na transferência de tecnologia e suporte técnico do LACTEC, estaria se tornando um referencial de estudos para sua reprodução em outras localidades. Entretanto, a partir de 2003 o CETIS começou a enfrentar algumas dificuldades, num momento particularmente crítico para sua consolidação e para conclusão do Projeto FINEP. Esse fato também prejudicou o início das medidas para conquistar sua auto-sustentabilidade, cujo custeio desde sua implantação, tem ficado à cargo exclusivo do LACTEC. Além do CETIS, o LACTEC teve (ou ainda tem) uma pequena participação na COPEL AMEC, uma joint venture da COPEL Participações e uma grande empresa canadense de engenharia. A idéia era criar um novo canal de serviços para o LACTEC, especialmente na área de geração de energia, e ainda contribuir com a COPEL na gestão da empresa. Outra joint venture, em fase de encerramento, foi a Fuel Cell Brasil - FCB, criada para ser a pioneira no Brasil em termos de desenvolvimento de mercado, comercialização de células a combustível e prestação de serviços especializados nesse segmento de vanguarda mundial. Também sediada em Pato Branco está a MINERALTEC, um pequena empresa com participação do LACTEC e do CETIS, que realiza serviços de regeneração de óleos minerais. Apesar de investimentos recentes para ampliação de suas instalações, é estimado que a empresa esteja operando com menos de 20% de sua capacidade. No início de 2002, por proposição da COPEL o LACTEC adquiriu 60% da Escolectric. Com novo controlador foi efetuada uma reestruturação estratégica e operacional, que possibilitou, já 2002, a reversão do quadro deficitário e que proporcionou em 2003, um lucro após IR de aproximadamente R$ 500 mil. Atualmente, existe um conjunto de ações no sentido de transferência para terceiros das participações do LACTEC.

C - A necessidade de mobilização da sociedade paranaense a favor de seus centros de P&D.

E- Ressalto a importância do LACTEC para a COPEL, Paraná e Brasil, aliada ao referencial teórico da pesquisa em questão. Creio que a simples existência de uma pesquisa acadêmica envolvendo profundamente o LACTEC, por si só é um reconhecimento a sua importância.

F - Tanto a ciência como o desenvolvimento tecnológico tem sido obtido em diversos exemplos no mundo através e políticas e estratégias de longo prazo. As questões formuladas a respeito do foco, funções bem como do futuro da instituição dependem basicamente destes aspectos.

G - Acredito que fui um tanto impreciso em alguns pontos, porém refletem a perda de contato com a área e o prazo que me afastei do LAC. Considero que nunca tivemos tantos recursos para P&D como agora, com os aportes compulsórios que as empresas vinculadas às diversas agencias nacionais (ANEEL, ANP, ANATEL, ANVISA, ANA, etc.) estão fazendo. É preciso não perder a oportunidade e trazer grupos de especialistas para debate das oportunidades, gerando idéias que sejam "vendáveis" para essas agências (por exemplo, projetos "ANEELizáveis"), partindo de propostas que os agentes ofereçam como propostas de P&D após "comprarem" essas idéias dos centros que as geraram. Agradeço a oportunidade de expor essas idéias.

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I - O LACTEC precisa e deve voltar às bases e origens da sua concepção e ter uma ação menos política e mais tecnológica.

Conclui - se com a visão de que o LACTEC precisa continuar seu trabalho

com mais cuidado por parte do governo estadual pois tem condições de produzir

muito mais desde que seja apoiado de forma pró ativa por aqueles que têm poder

sobre os seus destinos.

6.3 CONCLUSÃO DA ANÁLISE DAS ENTREVISTAS

Os entrevistados tinham o seguinte perfil (qualificação máxima):

Quadro 10 – Perfil dos entrevistados

A Gerente B Direção LACTEC C Direção Copel D Pesquisador E Direção da Copel F Pesquisador G Direção da Copel H Direção da Copel I Pesquisador

Diante do resultado obtido, relativo ao questionário com perguntas abertas

pode-se considerar que a pergunta de pesquisa deste trabalho foi satisfatoriamente

respondida pelas entrevistas individuais dirigida aos membros selecionados da

Empresa, no estudo de caso em questão, bem como aos responsáveis pela criação

desse Centro de Pesquisa e Desenvolvimento.

Foram levantados dados importantes na aplicação do questionário, tanto

quanto à pergunta de pesquisa quanto aos objetivos gerais e específicos.

Informações adicionais às apresentadas nos questionários indicam que o

LACTEC tem obtido sucesso nacional, ainda que prejudicado por ações externas

conduzidas inadequadamente. (políticas e administrativas), conforme relatado pelos

questionados.

É importante apontar a criação dos Fundos Setoriais como instrumento

relevante às atividades desse centro de P&D, assim como de outros similares no

Brasil.

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Devido ao LACTEC e aos laboratórios que o precederam, atualmente o

Estado do Paraná e empresas brasileiras podem encontrar suporte para maior

desenvolvimento neste segmento.

No que se refere tanto à questão fundamental de pesquisa e aos objetivos

gerais e específicos, tem-se a considerar que os questionários foram pertinentes,

esclarecedores e importantes às considerações finais.

Quanto ao Apoio Bibliográfico no item documentos disponibilizados para

consulta, tem-se a destacar que, abandonando-se os aspectos administrativos

exaustivamente descritos, constam na ata de criação do LACTEC subsídios que

possibilitam averiguar que este importante Centro de P&D muito contribuiu para a

evolução da história da técnica e da tecnologia.

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6.4 CONTRIBUIÇÕES EFETIVAS DO LACTEC E PROPOSTAS DE P&D

Na avaliação do LACTEC e dos laboratórios que o antecederam conclui-se

que o pólo de P&D existente no campus da UFPR foi de grande valor para a

eletrificação do estado e desenvolvimento do Paraná pois deu base técnica local e

confiável para:

• o aproveitamento do potencial hidroelétrico do estado,

• contribuiu para o aprimoramento das hidroelétricas construídas (análise

e ajuste de projeto de vertedores, ensecadeiras, barragens e outras

estruturas afetadas pelas águas),

• permitiu também ganhos em estudos ambientais e propostas de

monitoração dos rios (enchentes, estiagens),

• viabilizou tecnicamente o SIMEPAR, que hoje oferece serviços de alta

qualidade em meteorologia e climatologia,

• criou laboratório de alta, média e baixa tensão em que equipamentos

elétricos são ensaiados, garantindo qualidade e segurança

• a área de físico química realiza ensaios especiais e desenvolve produtos

importantes para a indústria, COPEL etc

• as equipes de automação criam produtos com tecnologia própria,

reduzindo-se custos e aumentando a confiabilidade da modernização de

instalações da COPEL e de outras empresas

• foi criado ambiente para aferição de alta precisão de equipamentos

• a área de estruturas civis estudam a qualidade dos insumos para a

construção de barragens, estruturas eletromecânicas etc

• equipes treinadas em eletrônica criam produtos e dão suporte a outras.

• viabilização de cursos de terceiro grau, aperfeiçoamento, pós graduação,

mestrado e doutorado

• Inspiração e modelo para criação de outros centros de P&D.

Naturalmente o LACTEC tem como vocação básica o desenvolvimento

de produtos e serviços para a geração, transmissão e distribuição de

energia elétrica. Tem atuado nesta área devendo evoluir dentro de uma

visão mais empresarial, à medida que depender de resultados para

sobreviver como instituição de P&D independente da COPEL e UFPR. A

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dedicação à indústria de energia elétrica, de modo geral, continuará

diante dos enormes investimentos existentes em suas instalações e da

base cultural dominante no LACTEC. Novos conceitos tais como

conservação de energia, geração distribuída e aproveitamento de

energia alternativa além da avaliação e controle da qualidade serão

básicos nas atividades do LACTEC.

Nesse ambiente o LACTEC tem condições de desenvolver outros produtos e

de se dedicar a pesquisas pioneiras e ainda participar de equipes internacionais no

desenvolvimento de produtos e descobertas científicas. É interessante saber que o

LACTEC reserva uma parcela de seus recursos para desenvolvimentos estratégicos

e outra para pesquisa aplicada, separando, assim, com consciência, o que é

necessário à sua evolução e o que precisa para se sustentar.

Das respostas oferecidas ao questionário que foi elaborado, obteve-se como

proposta de desenvolvimento e dedicação do LACTEC uma relação de sugestões.

1. A Geração Distribuída, de acordo com definição encontrada no portal do

Instituto Nacional de Eficiência Energética - INEE (http://www.inee.org.br/

forum_ger_distrib.asp em 30 de julho de 2005): Geração Distribuída (GD) é uma expressão usada para designar a geração elétrica realizada junto ou próxima do(s) consumidor(es)independente da potência, tecnologia e fonte de energia. as tecnologias de GD têm evoluído para incluir potências cada vez menores. a gd inclui:

• Cogeradores; • Geradores que usam como fonte de energia resíduos combustíveis de processo • Geradores de emergência; • Geradores para operação no horário de ponta; • Painéis foto-voltáicos; • Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCH's.

O conceito envolve, ainda, equipamentos de medida, controle e comando que articulam a operação dos geradores e o eventual controle de cargas (ligamento/desligamento) para que estas se adaptem à oferta de energia.

Esse é um tema atual, tendo a atenção do setor elétrico quando atende

uma série de condições de desenvolvimento energético com as restrições

existentes a grandes centrais de energia elétrica.

2. Preservação do Meio Ambiente é uma preocupação que se insere na

estrutura do LACTEC e que deve crescer e merecer mais atenção. Dentro

dessa diretriz encontramos uma legislação nova que se aperfeiçoa e

exige mais e mais de qualquer empreendimento novo ou velho. Assim,

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nesse contexto, é mais do justo registrar essa sugestão oriunda do

questionário formulado nesse trabalho.

3. Fontes alternativas de energia, não obrigatoriamente dentro do conceito

de geração distribuída mas com atenção especial para as restrições

ambientais, é uma linha de P&D importante pois trata de busca de outras

formas de produção de energia elétrica. Nessa situação pode-se

encontrar a produção de energia elétrica com processos de fusão nuclear

(ao contrário da fissão nuclear, base para as usinas nucleares existentes).

Energias renováveis, incluindo-se hidroelétricas onde as turbinas

existentes podem ser substituídas por outras de maior rendimento, a

energia solar, talvez em grandes centrais instaladas em locais adequados

etc. A necessidade de se garantir o abastecimento de energia

permanentemente dá às energias renováveis uma condição de interesse

especial pois as demandas de energia tendem a crescer muito e

continuamente.

4. Tecnologia do hidrogênio onde existe uma esperança razoável de máximo

aproveitamento de usinas que têm períodos em que a ausência de carga

leva a desperdício de sua capacidade de produção, como, por exemplo,

grandes hidroelétricas que vertem água fora de horário de ponta ou que

simplesmente, tendo carga reduzida por não terem a quem entregar esta

energia, deixam de turbinar uma parcela considerável da água retida

pelas suas barragens. Nesse item há espaço para muita pesquisa, ainda

que de retorno a longo prazo pois a utilização do hidrogênio exige

equipamentos com padrões de construção muito elaborados, agravando

consideravelmente os seus custos.

5. Desenvolvimento de materiais para geradores e transformadores é uma

área de P&D permanente. Sempre existe algo que pode ser feito para

maior rendimento, redução de custos, mais segurança e qualidade dos

transformadores e máquinas elétricas (motores, geradores, etc). o

LACTEC, aproveitando potenciais humanos e materiais que

eventualmente possua poderá encontrar nessa área produtos e aprimorar

serviços para retorno a médio prazo, principalmente em parceria com

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indústrias dedicadas à produção e manutenção de equipamentos

elétricos..

6. A compatibilidade eletromagnética, sugerida por um dos entrevistados, é

apresentada da seguinte forma: A Compatibilidade Eletromagnética (CEM) é uma área técnica moderna e em desenvolvimento rápido no Brasil e internacionalmente devido à evolução constante da complexidade nos projetos eletro-eletrônicos e de telecomunicação. A Compatibilidade Eletromagnética é uma matéria cada vez mais preocupante para qualquer pessoa que opere equipamentos e sistemas elétricos, eletrônicos ou de telecomunicações e, ainda que a sua designação seja algo pesada (pelo menos à primeira abordagem para pessoas sem formação específica em eletricidade), está associada a alguns efeitos que fazem parte do nosso dia a dia, e que são do conhecimento geral, decorrentes do fato de qualquer aparelho elétrico gerar perturbações radioelétricas. Exemplos desses efeitos são as perturbações visíveis na imagem de um televisor quando um veículo motorizado ruidoso (em radiação eletromagnética) passa nas proximidades ou quando ouvimos no nosso receptor de rádio perturbações oriundas de um aspirador elétrico. (portal http://www.wirelessbrasil.org/thomas_krzesaj/emcrf.html em 30 de julho de 2005).

7. A supercondutividade é uma área de P&D com aplicações em potencial

em muitas atividades humanas e motivo de muitas pesquisas nos grandes

centros de P&D em eletrotécnica. Do portal http://pt.wikipedia.org/wiki/

Supercondutividade em 30 de julho de 2005 depreende-se que:

Supercondutividade (SC) é a característica intrínseca de certos materiais, quando se esfriam a temperaturas extremamente baixas, para conduzir corrente sem resistência nem perdas. Esta propriedade foi descoberta em 1911 pelo físico Alemão H. Kamerlingh Onnes, quando observou que a resistência elétrica do mercúrio desaparecia quando resfriado a 4K (-452°F). A supercondutividade existe só sob: • A Temperatura Crítica • A Corrente Crítica • O Campo Magnético Crítico

Este fenômeno físico é apresentado por certas substâncias, como metais ou cerâmicas especiais, caracterizado pela diminuição da resistência elétrica em temperaturas muito baixas. Com isso a corrente elétrica pode fluir pelo material sem perda de energia. Teoricamente, a supercondutividade permitiria o uso mais eficiente da energia elétrica. O fenômeno surge após determinada temperatura de transição, que varia de acordo com o material utilizado. ... C). As aplicações são várias, embora ainda não tenham revolucionado a eletrônica ou a eletricidade, como previsto pelos entusiastas. Têm sido usados em pesquisas para criar eletromagnetos capazes de gerar grandes campos magnéticos sem perda de energia ou em equipamentos que medem a corrente elétrica com precisão. Podem ter aplicações em computadores mais rápidos, reatores de fusão nuclear com energia praticamente ilimitada, trens que levitam e a diminuição na perda de energia elétrica nas transmissões.

8. Software, naturalmente existe sempre espaço para desenvolvimento de

programas de computador para todo tipo de aplicação. O LACTEC, pela

excelência de seus pesquisadores, poderá desenvolver inúmeros

produtos nessa área, tendo, contudo, atenção para a maximização de

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resultados aproveitando a sinergia de seus colaboradores e oportunidades

de financiamento e colocação de seus produtos no mercado.

9. Otimização de instalações será sempre uma área de atuação do LACTEC,

desde projetos hidroelétricos até os eletromecânicos. Nesse setor entra a

eficientização do uso da energia assim como a aplicação de recursos para

maior qualidade, confiabilidade e segurança.

10. Em Técnicas de Manutenção Preventiva o LAC e posteriormente o

LACTEC criaram muitas orientações e produtos de interesse da COPEL,

principalmente. Instalações metálicas, por exemplo, exigiram muitos

estudos, análises e ajustes de procedimentos para prolongamento de vida

útil. Na origem dessa diretriz registra-se os trabalhos de apoio à

manutenção preventiva das hidroelétricas da COPEL, onde sabe-se que

muitas contribuições dos laboratórios em torno do atual LACTEC deram

diversas soluções importantes, algumas em desenvolvimento, como por

exemplo, o Roboturb, mostrado neste trabalho, que deverá significar um

grande avanço na recuperação de turbinas de grande porte, afetadas pelo

fenômeno denominado “ cavitação” .

11. Corrosão, como vimos na explicação do item Manutenção Preventiva, é

um tema importante merecendo a existência de uma Associação

Brasileira de Corrosão - ABRACO, de onde (http://www.abraco.org.br/

corros11.htm) foi extraída a seguinte conceituação e classificação: A corrosão consiste na deterioração dos materiais pela ação química ou eletroquímica do meio, podendo estar ou não associado a esforços mecânicos. Ao se considerar o emprego de materiais na construção de equipamentos ou instalações é necessário que estes resistam à ação do meio corrosivo, além de apresentar propriedades mecânicas suficientes e características de fabricação adequadas. A corrosão pode incidir sobre diversos tipos de materiais, sejam metálicos como os aços ou as ligas de cobre, por exemplo, ou não metálicos, como plásticos, cerâmicas ou concreto. A ênfase aqui descrita será sobre a corrosão dos materiais metálicos. Esta corrosão é denominada corrosão metálica. Dependendo do tipo de ação do meio corrosivo sobre o material, os processos corrosivos podem ser classificados em dois grandes grupos, abrangendo todos os casos deterioração por corrosão: Corrosão Eletroquímica; Corrosão Química.

12. Tecnologia de materiais, de modo geral, é um espaço de P&D ilimitado.

Qualquer atividade humana utiliza materiais que podem ser aprimorados,

tornando-os melhores e mais eficientes conforme a diretriz aplicada.

Atualmente tem-se uma atenção especial pela preservação do meio

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ambiente, redução do lixo, reaproveitamento de materiais, impacto

ambiental de modo geral, forçando a indústria a rever processos e

produtos. Cria-se, assim, um espaço importante à P&D que o LACTEC

pode aproveitar em seu desenvolvimento.

13. Qualidade de Energia é assunto que merece atenção e deve constar dos

planos de desenvolvimento do LACTEC. As perdas pelo uso inadequado

da energia na rotina do usuário da energia, seja ela elétrica, do petróleo

ou outra forma é calculada em centenas de bilhões de dólares anuais, em

todo o mundo. O aprimoramento dos combustíveis e do serviço das

concessionárias de energia elétrica, assim como o refinamento dos

produtos industriais, vem a favor da redução dos custos, dos impactos

ambientais etc. a pesquisa em torno da qualidade da energia é, pois,

assunto estratégico de alta relevância.

14. A biotecnologia, é uma área de atuação que interessa ao Paraná de uma

maneira especial, graças à sua vocação agropecuária. Um parceiro que

poderá ser agregado aos esforços do LACTEC nesse caminho pode ser a

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA, de onde

tiramos sua visão apresentada abaixo sobre a biotecnologia, que também

poderá ser agregada aos planos do LACTEC (http://www.cenargen.

embrapa.br/biotec/biotec.html): ...estratégia de pesquisa e desenvolvimento está ancorada nos seguintes objetivos globais: • Agregação de valor a biodiversidade; • Desenvolvimento de soluções tecnológicas; • Estabelecimento de parcerias de base tecnológica; • Geração e proteção de conhecimentos e inovações em biotecnologia; • Transferência de conhecimentos, produtos e tecnologias. Os objetivos específicos do Núcleo de Biotecnologia incluem: • Desenvolvimento e aplicação da tecnologia genômica, proteômica e de análise

bioquímica e biofísica para a identificação de características especiais, como substâncias bioativas, gerando alternativas para a diversificação da produção e produtos de alto valor agregado;

• Desenvolvimento e aplicação das tecnologias de genôma funcional, proteôma, sistemas de bioinformática e pós-genoma para a determinação da função de novos genes e seus constituintes;

• Introdução de genes em plantas animais e microrganismos, gerando eventos elites de interesse para a agricultura;

• Caracterização dos mecanismos biológicos, associados à reprodução e desenvolvimento animal e vegetal, visando o estabelecimento de processos, produtos e inovações tecnológicas;

• Desenvolvimento de tecnologias biológicas associadas à reprodução animal e vegetal, para a conservação, multiplicação e transformação genética;

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• Desenvolvimento de sistemas de expressão gênica em plantas, animais e microrganismos, como biofábricas moleculares, para produção de compostos de alto valor agregado;

• Desenvolvimento de novas tecnologias de análise molecular para a detecção de pragas e doenças e para garantir a segurança alimentar e ambiental;

Desenvolvimento das Nanotecnologias associadas à liberação controlada de drogas e antígenos;

15. Nanotecnologia é uma das fronteiras de P&D em desenvolvimento nos

países mais fortes em P&D. Registrando a sugestão, descobriu-se que a

nanotecnologia é uma ciência nova mas em franco desenvolvimento.

Do portal http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/ nano

10.htm , obtém-se o seguinte: O objetivo da nanotecnologia, seguindo a proposta de Feynman, é o de criar novos materiais e desenvolver novos produtos e processos baseados na crescente capacidade da tecnologia moderna de ver e manipular átomos e moléculas. Os países desenvolvidos investem muito dinheiro na nanotecnologia. Mais de dois bilhões de dólares por ano, se somarmos os investimentos dos Estados Unidos, Japão e União Européia. Países como Coréia do Sul e Taiwan, que têm sido muito melhor sucedidos que o Brasil na utilização de tecnologias modernas para gerar bons empregos e riquezas para seus cidadãos, também estão investindo centenas de milhões de dólares nessa área. nanotecnologia não é uma tecnologia específica, mas todo um conjunto de técnicas, baseadas na Física, na Química, na Biologia, na ciência e Engenharia de Materiais, e na Computação, que visam estender a capacidade humana de manipular a matéria até os limites do átomo. As aplicações possíveis incluem: aumentar espetacularmente a capacidade de armazenamento e processamento de dados dos computadores; criar novos mecanismos para entrega de medicamentos, mais seguros e menos prejudiciais ao paciente dos que os disponíveis hoje; criar materiais mais leves e mais resistentes do que metais e plásticos, para prédios, automóveis, aviões; e muito mais inovações em desenvolvimento ou que ainda não foram sequer imaginadas. Economia de energia, proteção ao meio ambiente, menor uso de matérias primas escassas, são possibilidades muito concretas dos desenvolvimentos em nanotecnologia que estão ocorrendo hoje e podem ser antevistos. ... A nanotecnologia é extremamente importante para o Brasil, por que a indústria brasileira terá de competir internacionalmente com novos produtos para que a economia do país se recupere e retome o crescimento econômico. Esta competição somente será bem sucedida com produtos e processos inovadores, que se comparem aos melhores que a indústria internacional oferece. Isto significa que o conteúdo tecnológico dos produtos ofertados pela indústria brasileira terá de crescer substancialmente nos próximos anos e que a força de trabalho do país terá de receber um nível de educação em ciência e Tecnologia muito mais elevado do que o de hoje. Este é um grande desafio para todos nós. Cylon Gonçalves da Silva é físico, ex-diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron e idealizador do Centro Nacional de Referência em Nanotecnologia

16. A proposta de aplicação de recursos de P&D em semicondutores

entendemos que seja para desenvolvimento de produtos e materiais

nessa área. Essa é uma atividade já muito desenvolvida exigindo grandes

recursos para descoberta e aprimoramento de novos materiais. É uma

opção oportuna para promoção de parcerias com centros mais

desenvolvidos, num esforço de absorção de competência técnica.

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Podemos qualificar como materiais semicondutores os materiais que apresentam uma condutividade entre a alta dos condutores e a baixa dos isolantes. Exemplos mais comuns e utilizados de tais materiais são o silício (Si) e o germânio (Ge). Para serem utilizados industrialmente estes materiais devem ser tratados e modificados com a introdução de "impurezas" especiais que lhe dão algumas características distintas. Citaremos estas características mais posteriormente. Os materiais semicondutores são largamente utilizados na indústria eletrônica devido as suas características ímpares. Os exemplos mais claros são o diodo, o transistor e os circuitos integrados (CIs), dispositivos imprescindíveis na fabricação e desenvolvimento de equipamentos e maquinários eletrônicos.

17. Automação e Mecatrônica são ciências modernas com espaço ilimitado de

P&D. no Paraná, de uma maneira especial, tivemos na COPEL uma

empresa pioneira em automação na área de concessionárias de energia

elétrica, tendo aplicado equipamentos e lógicas desenvolvidas dentro da

própria empresa. Em Mecatrônica (Ciência e curso que forma um

profissional de múltiplos talentos. Um profissional que sai especializado

em áreas como mecânica, eletrônica, informática e instrumentação.

Depois de formados, os engenheiros são capacitados a trabalhar com

automação e controle) o Paraná já dispõe de diversos cursos de formação

e especialização, criando um contingente crescente de profissionais que

podem, tendo ambiente adequado, desenvolver mais produtos e serviços.

o LACTEC tem essas condições de apoio e desenvolvimento, devendo

continuar nesse caminho em que é fácil obter apoio (financiamento,

parcerias etc).

18. Inteligência competitiva e gestão do conhecimento são qualidades e

ciências que devem merecer atenção especial do LACTEC, inclusive na

preparação de seus colaboradores em ambiente aberto, sem a tutela de

uma grande empresa. Gestão do Conhecimento é tema atual merecendo,

inclusive, seminários específicos promovidos pela própria Agência

Nacional de Energia Elétrica - ANEEL. a importância do conceito Gestão

do Conhecimento justifica a transcrição seguinte(http://www.cidade.usp.br/

projetos/dicionario/gestao.php em julho de 2005): É o conceito que cria rotinas e sistemas para que todo o conhecimento adquirido num determinado ambiente cresça e seja compartilhado. Uma importante função da GC é explicitar, registrar e disseminar por toda a organização maneiras de fazer que estão restritas a indivíduos, propiciando a geração de novos conhecimentos. Nas organizações, a criação, explicitação, compartilhamento, apropriação e aplicação do conhecimento, são algumas etapas que ilustram o processo de GC. Quando se considera as micro e pequenas empresas, dimensões como a visão estratégica dos sócios e diretores, cultura organizacional e aprendizado com o ambiente externo, são consideradas fundamentais para a GC. Uma questão prática na gestão do conhecimento nas empresas está em como

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transformar informação em conhecimento, e considerando-se que o conhecimento tácito também inclui dados que muitas vezes nem são percebidos pelos indivíduos, tem-se uma questão mais abrangente: como transformar experiência e/ou vivência em conhecimento? A busca pela obtenção de conhecimento, além da informação e da prática, mostra que o fator humano e sua interação com o ambiente são fundamentais no enriquecimento e manifestação dos conhecimentos tácito e explícito dos membros da organização, colocando as pessoas em interação produtiva, tornado-as parceiras na socialização, combinação, compartilhamento e apropriação de conhecimento produzido em equipes. Na GC, o conhecimento explícito, ou aquele que pode ser mais facilmente codificado, tem uma característica mais voltada às tecnologias da informação e comunicação, principalmente através do uso de ferramentas (intranets, grupos de discussão, datawarehouse, etc.) que facilitam integrar e trocar informação e conhecimento, sofisticar projetos, olhar a informação em vários contextos, entre outros. Os trabalhadores do conhecimento gerenciam a si mesmos, têm a aprendizagem e o ensino contínuos como parte de sua função, têm alta mobilidade e são parceiros do empreendimento. O profissional de GC precisa conhecer bem tanto os negócios quanto as tecnologias. Outra questão para se pensar a GC é a criatividade, que pode ser classificada em três focos: econômico, visto nas inovações de produto e tecnologia; empreendedorismo visto na criatividade de novos negócios e estratégias; e cultura e arte, visto na criatividade em novas fronteiras da arte e inovações culturais. As empresas são mais focadas no primeiro e segundo focos, porém, de forma limitada ao negócio em que atua. No espaço público, cabe às políticas públicas incorporar os três focos atuando em incubadoras, políticas de ciência e tecnologia, serviços de apoio aos negócios, promovendo cultura e educação, ou seja, criando espaços de interação e promoção da criatividade e do conhecimento, podendo esse ser um dos caminhos para a política pública que considere a GC.

A aplicação de técnicas automatizadas e lógicas avançadas na gerência de

documentos, inclusive na gestão da P&D, transformam-se em ciência elaborada com

desdobramentos, que devem merecer máxima atenção por uma entidade com as

características do LACTEC.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

VI – DE Em virtude da relevância e da amplitude do tema escolhido para esta

dissertação, procurou-se, durante a extensão da pesquisa, criar uma atmosfera

literária propícia a fim de realçar os itens considerados mais significativos para o viés

proposto.

Deste modo, estabeleceu-se o critério de apresentar algumas considerações

relativas ao processo de industrialização no Paraná, cujo desenvolvimento ocorreu

tardiamente em relação ao país. Em 1947 a potência instalada no Paraná (total de

usinas existentes somando-se a capacidade nominal de produção de todas elas) era

de 34.696 kW, enquanto no Estado de São Paulo era então calculada em 650.000

kW. Pode-se inferir, entre outras, as seguintes causas dessa defasagem:

- falta de preparo para o processo industrial;

- existência de densas florestas na região mais fértil e a esterilidade

agrícola principalmente da região central do Estado;

- falta de riquezas minerais mais atraentes – ouro, pedras preciosas;

- competição com regiões de ocupação mais antiga;

- falta de infra-estrutura em estradas, energia, comunicação, entre outras.

Com o declínio do ciclo do café, veio a exportação sob a égide da

monocultura, com grãos vendidos sem maior trabalho além da colheita, secagem,

ensacamento e transporte, desprovida de valor agregado, como toda economia do

setor primário.

A partir da década 1970, do século passado, a monocultura e a dependência

de uma agricultura primária foram motivos para o Estado iniciar um processo de

industrialização tardio. Impulsionado pelo êxodo rural originado da redução da

exploração do café, em função, sobretudo, das fortes geadas e outras motivações

econômicas que aqui não cabem ser analisadas, o Paraná passou a industrializar-

se, processo que se acentuou com a vinda das montadoras da indústria

automobilística, na década de 1990.

Vale ainda destacar que na década de 1970, foi criada a Cidade Industrial de

Curitiba (CIC), com a finalidade de absorver parte da mão-de-obra emergente e

proveniente da lavoura. Ao final dessa década decidiu-se criar o LAC, especialmente

para reforçar essa capacidade de atração de indústrias, aproveitando as

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necessidades de rotina da COPEL, o que dava condições técnicas e econômicas

para a formação, em convênio com a UFPR, de um laboratório capaz de serviços

especiais em energia elétrica e mantendo pesquisadores que contribuiriam com o

desenvolvimento de cultura técnica no estado.

Ainda, importa mencionar que outros pólos no Paraná ganharam forma, como

Ponta Grossa, Londrina e outros, sobretudo em torno da agroindústria. Na Região

Metropolitana de Curitiba essa diretriz era diferente, procurando-se outro padrão de

industrialização. A refinaria de petróleo em Araucária, além de viabilizar fábrica de

fertilizantes da Petrobrás, foi sinal de uma transformação, que se prolonga e se

acentua nos relatórios econômicos atuais. Indústrias eletromecânicas, a

automobilística (iniciada pela Volvo), de equipamentos de informática, têxteis etc se

instalaram na Região Metropolitana de Curitiba formando a base para a estrutura

industrial existente atualmente.

Considerando a importância da criação de centros de P&D, o Estudo de

Caso ora apresentado, relativo ao Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento

(LACTEC), situado na capital do estado do Paraná e voltado ao setor de energia

elétrica, buscou-se ratificar a importância de um lócus, onde a transmissão desse

saber-fazer materializasse a prática sob uma perspectiva endógena, a qual amplia

condições de uma predominância de atores preparados para uma atuação

profissional, fruto dessa aquisição de conhecimento e inseridos no seu contexto

geográfico. Embora se saiba que o progresso proveniente das descobertas e da

ciência não se concretiza por isolamento cultural, mas sim por uma rica troca de

experiências, que sempre se confirmaram ao longo das civilizações, seja pelo

inconsciente coletivo, seja pela internacionalização das conquistas que foram

imprescindíveis para o avanço científico, nota-se que as razões políticas e as

estratégias econômicas tendem a direcionar as pesquisas atuais para a valorização

do espaço, contemplando-o com seus resultados, justificando, assim nosso estudo.

Pode-se afirmar que a criação de centros de excelência em P&D, no Paraná,

notadamente do LACTEC, localizado em Curitiba, representa a importância do

esforço conjunto para o enfrentamento de desafios relativos à busca da qualidade de

vida por meio da técnica e da tecnologia.

Neste caso, trata-se de reconhecer que, em algum ponto de sua trajetória, a

Universidade Federal do Paraná e a Companhia Paranaense de Energia bem

souberam incluir em sua missão o trabalho a favor do desenvolvimento humano.

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Torna-se necessário conservá-lo, pela valorização do já construído, em benefício

dos interesses sociais.

Enquanto na atualidade está posto o conjunto de seus acertos consagrados e

equívocos a serem superados, vale destacar que o LACTEC, apoiado por seus

gestores e pesquisadores na curiosidade de aprender, na persistência para

descobrir, bem que deve manter o foco – a luz – de se determinar as políticas de

P&D que acrescentem qualidade de vida ao maior número possível de pessoas.

Sabe-se, entretanto, que essa ação depende, sobretudo, da vontade política de

dirigentes governamentais, o que também implica um desafio a ser superado.

Ainda, por sua contribuição de grande alcance social já efetivada, torna-se

meritório o reconhecimento público ao LACTEC (antes LAC, LAME e CEHPAR), por

ter participado ativamente da formação de uma infra-estrutura técnica e cultural, cuja

resposta tem se dado por meio do surgimento de novas universidades e centros de

pesquisa que, somados à infra-estrutura física do Estado, têm possibilitado um

crescimento socioeconômico significativo na perspectiva das transformações

exigidas.

Assim, esta dissertação atinge seu ponto de chegada, não sem antes ter

percorrido caminhos históricos, teóricos e práticos, sempre perseguindo aspectos

relacionados a uma abordagem humanística da tecnologia.

Rumo aos tempos ditos modernos, a humanidade fez longo percurso no

acúmulo de conhecimentos no campo da arte, da técnica e, finalmente, da

tecnologia. A ruptura dos segredos do saber-fazer foi precedida por grandes

períodos de obscuridade no campo do trabalho, tanto nas estratégias das

corporações quanto na perseguição por soberania, em detrimento de políticas que

incluíssem no saber científico o que pode ser entendido como bem maior dos povos:

a solidariedade.

De fato, a cooperação, marca constituinte da racionalidade humana, deveria

prestigiar mais a função social dos avanços técnicos. Seria isto um sonho? Talvez.

Mas tal noção de desenvolvimento deve, sim, ser reconhecida como um grande

desafio a ser compartilhado por todos os envolvidos com o saber-fazer. Entende-se,

desse modo, que tal exercício - a ruptura dos mistérios do trabalho – possa afirmar e

reafirmar, na práxis, a importância do que cada um tem a contribuir para um mundo

melhor.

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7.1 SUGESTÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES

O recorte e o viés adotado nesta investigação em face ao tema escolhido é

apenas um dos possíveis objetos de estudo e análise para o grande universo de

investigação propiciado pelo importante assunto que é a História da Técnica e da

Tecnologia no Paraná.

Em virtude de estarmos diante de um cotidiano em que as questões relativas

à historicidade sempre deixam os atores sociais da contemporaneidade sujeitos à

reflexão do passado, seria possível ampliar o universo desta temática com as

seguintes sugestões:

• Verificar perante a sociedade paranaense a percepção da importância dos

seus centros de pesquisa.

• Quantificar e analisar os impactos de pesquisas realizadas no Paraná na

indústria brasileira.

• Avaliar a instrumentação e eficácia dos laboratórios paranaenses.

• Analisar os programas de pesquisa e desenvolvimento promovidos pelo

Estado

• Pesquisar quanto à efetividade e realização dos propósitos que

nortearam esses programas.

• Na substituição da monocultura pela industrialização, qual o papel dos

Centros de Pesquisa para o aumento da qualificação profissional no foco

da energia elétrica.

• Economia real proporcionada pela substituição de mão de obra importada.

• Verificar e registrar o histórico das interfaces que contribuíram para

avanços técnicos no Estado do Paraná.

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_____. NBR-6024: Informação documentação - Numeração progressiva das seções de um documento escrito- Apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

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APÊNDICE 1

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QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA Nome:

Função

Data de Atuação no LACTEC

1. Qual foi a sua atuação (relacionamento, vivência profissional) em relação ao

LACTEC?

2. Quais os principais fatores que levaram a COPEL e a UFPR a tomar a iniciativa

de criar centros de pesquisa?

3. Quais os fatores determinantes que possibilitaram a criação do LACTEC e com

que finalidade ele foi criado?

4. Quais as principais contribuições dos centros de pesquisa para o

desenvolvimento do setor de energia elétrica?

5. Na sua opinião, o que aconteceu de mais relevante neste segmento de pesquisa

nos últimos vinte anos?

6. Quais as principais dificuldades enfrentadas pelos centros de P&D paranaenses

para a execução das suas atividades?

7. Quais as contribuições dos centros de pesquisa e desenvolvimento para o

desenvolvimento tecnológico do setor de energia elétrico paranaense e

brasileiro?

8. Quais os critérios utilizados na alocação de recursos para a pesquisa e

desenvolvimento?

9. Como nascem os projetos de desenvolvimento industrial no LACTEC? Como se

dá a participação da indústria na fase inicial dos projetos de desenvolvimento

tecnológico industrial, que é a que comporta maiores riscos?

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171

10. Quais os critérios usados na seleção das maiores empresas para as quais será

transferida a tecnologia desenvolvida no LACTEC?

11. Na sua opinião, quais os campos mais promissores em que o LACTEC poderá

se desenvolver nos próximos anos?

12. Até que ponto a necessidade de desenvolvimento de uma tecnologia maior foi

determinante para a criação do LACTEC?

13. A captação de recursos por meio da prestação de serviços comprometeu a

atividade de pesquisa e desenvolvimento do LACTEC?

14. O senhor poderia fazer uma comparação entre a concepção original do LACTEC

e as práticas desenvolvidas por este centro ao longo dos últimos anos?

15. O senhor acredita que nos últimos anos a comercialização de serviços

comprometeu as atividades de pesquisa e desenvolvimento do LACTEC?

16. Considerando a trajetória do LACTEC durante esses anos, quais os rumos que

ele tende a tomar futuramente?

17. Quais seriam as principais funções de um centro de pesquisas como o LACTEC?

18. Qual é o espaço a ser ocupado na sociedade por uma instituição com essas

características?

19. Considerando o referencial teórico de minha pesquisa, em que a importância de

um desenvolvimento auto sustentado é referenciada na transmissão do saber

fazer e desenvolver tecnologia própria para maior soberania tecnológica, é um

centro de pesquisa e desenvolvimento uma base fundamental a este processo?

20. Há mais alguma coisa que o Senhor considere importante registrar e acrescentar

nesta oportunidade?

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