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O DIALOGADOR André Furlan

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O DIALOGADOR

André Furlan

Nos anos 1990 fui dialogador num Centro Espírita em Campinas.

Dialogador é a pessoa habilitada a conversar com os espíritos que se comunicam através do

médium.

Estudei durante anos a doutrina espírita, chegando a trabalhar como dialogador e também

na aplicação do passe energético.

Participei também de missas católicas, cultos evangélicos e rituais de umbanda.

Não tenho e nem defendo religião alguma, pois todas elas podem ser importantes em certos

momentos de nossa vida.

Este texto que vou escrever apenas quer nos dizer...

A VIDA CONTINUA!!!

André Furlan

O DIALOGADOR

Mais uma sexta-feira à tarde.

O trabalho de comunicações mediúnicas já vai iniciar.

Nossa equipe é formada pela dirigente, pessoal da sustentação energética, médiuns e

dialogadores. Claro que além de nós, encarnados, há a equipe espiritual que possibilita a

atividade mediúnica.

Há vários tipos de comunicações: Espíritos sofredores e perdidos, sendo que muitos

desconhecem que já desencarnaram, ou que morreram como dizemos na Terra; Espíritos

devotados ao mal, muitos sentindo muito ódio ou mágoa; Espíritos bondosos que nos

trazem mensagens muito bonitas e tem também espíritos enganadores, que querem se

passar pelo que não são.

As comunicações começam...

Intuitivamente me dirijo a uma médium que sinto envolvida mediunicamente.

Veja que a partir de agora vou conversar com alguém que já está sem o corpo físico,

ou como dizem aqui na Terra, que já morreu.

Sem que eu inicie o dialogo o espirito se adianta e me diz:

- Paz do Senhor, meu irmão!

- Paz do Senhor – respondo.

Acho tratar-se de uma mensagem de um espirito bondoso.

- Veio nos trazer uma mensagem? – indago respeitosamente.

- Sou o bom pastor! Veja estas ovelhas desgarradas dormindo!

Numa cena lúgubre, vemos milhares de espíritos, pessoas já desencarnadas, dormindo. Mas

em seus rostos vê-se o desespero dos encarcerados injustamente.

Noto não tratar-se de uma mensagem, nem de um espirito bondoso...

Graças a Deus, sinto a equipe espiritual bem forte e presente, pois se trata de uma

comunicação com um espirito culto, versado nas Escrituras, porém enganador.

- Por que eles dormem? – indago.

- Você não conhece a Bíblia? É o sono pós-morte! – ele responde agressivamente.

Ele então continua a falar ofensivamente:

- Aliás, nem sei por que estou falando com você! Tão ignorante e quer discutir comigo?

Realmente ele conhece a Bíblia em cada capítulo e versículo, mas usa este conhecimento

para escravizar almas inseguras e perdidas.

Às vezes quando eu me via ali como dialogador eu julgava não ser merecedor daquela

atividade, pois conversava com espíritos muito bondosos e também com irmãos tão

sofredores e carentes de Luz. Mas fui escolhido para ser dialogador e vou dar o melhor de

mim.

A equipe espiritual sempre nos intui e direciona nossas palavras. Não sinto medo, pois

estou amparado por espíritos bondosos e que tem o poder do amor em si.

Ele não para de insinuar minha ignorância religiosa e sua posição privilegiada de pastor das

ovelhas desgarradas.

Então sinto que sou intuído e minhas palavras direcionadas:

- O Bom Pastor é humilde. – digo.

- Não vou tolerar sua ignorância! – ele grita.

- Jesus Cristo disse para o bom ladrão na cruz que a vida continua e que ele estaria naquele

dia mesmo com Ele no Paraíso. – digo por intuição.

Neste instante a comunicação termina. Uma Luz fortíssima inunda aquele cenário ermo e

falanges de trabalhadores do bem iniciam o trabalho de resgate e auxílio médico daqueles

irmãos escravizados.

Quanto ao falso pastor não ficamos sabendo para onde foi encaminhado. Apenas tento não

julgar, pois também tenho defeitos e erros...

Algum tempo depois o trabalho mediúnico termina e vou para casa.

Que Deus nos abençoe!

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O DIALOGADOR

Tarde de sexta-feira, grupo de comunicações mediúnicas organizado.

Equipe de sustentação energética, médiuns e dialogadores prontos.

Após a oração, a atividade começa.

Percebo intuitivamente que uma médium está envolvida, isto é, ela será a ponte que vai

possibilitar a comunicação com alguém que já não pertence a este mundo físico.

Veja que a partir de agora vou conversar com alguém que já está sem o corpo físico,

ou como dizem aqui na Terra, que já morreu.

- Onde estou?- me pergunta uma moça toda encolhida numa espécie de beco escuro.

- Tenha calma. A equipe de resgate já vai ajudar você. - respondo.

- Quem é você? Onde está meu noivo? – ela me pergunta, aflita.

- Sou seu irmão em Cristo. Já vai vir alguém para responder suas indagações.

Às vezes era difícil continuar uma conversa, porque eu não podia dizer simplesmente: você

morreu. Tudo tinha seu tempo certo e sempre tinha o apoio da equipe espiritual.

Sempre estavam ali espíritos trabalhadores do bem.

- Calma. Sinta a luz, a energia que vai te ajudar! – digo.

Energias de muita luz e amor são enviadas para esta moça, que começa a melhorar.

- Não é possível! Minha avó que já morreu há tanto tempo está aqui do meu lado, sorrindo

para mim!

- Agora você vai acompanhar sua avó e ela vai te explicar tudo que aconteceu. Fique com

Deus! – digo a ela.

Ela apenas esboça um sorriso e segue seu caminho.

Após uma hora, o trabalho mediúnico termina e vou embora com a alegria de ter

participado desta atividade e cada vez com a mais absoluta certeza de que a vida continua...

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O trabalho mediúnico começa e logo percebo que uma das médiuns está irrequieta, aflita.

Ao me aproximar, o espírito comunicante diz, aflito:

- Se abaixa! Estão atirando!

Percebo tratar-se de um moço fugindo da polícia.

Com certeza ele foi baleado e desencarnou, mas sua mente está presa a esta lembrança e

como num círculo vicioso, ele não consegue sair.

- Quase consegui roubar aquele carro. Tinha um pedido.

-Era uma encomenda? - pergunto.

- Então você conhece o esquema! Também rouba carros?

- Não. Vi no jornal. - digo.

- Sei... - diz ele sem acreditar.

- Estou aqui para ajudar você. Sabia que a vida continua? - afirmo.

- A vida continua para quem tem dinheiro, família. Para a gente é cadeia ou caixão...

Quando conversamos com espíritos perdidos assim, não podemos dizer simplesmente: -

você morreu. Temos que conduzir o diálogo com calma.

Intuído, digo para ele:

- A polícia já foi embora. Estamos aqui para ajudar você.

Agora ele pode ver toda equipe de resgate espiritual e liberto daquela cena lúgubre, ser

levado a uma casa de recuperação.

- Obrigado! Pare de roubar carros, hein... - ele me diz sorrindo.

- Pode deixar. Vai com Deus!

Então ele segue seu caminho...

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Nesta tarde chuvosa a sessão mediúnica começa. Sexta-feira, abril, temperatura amena.

Aproximo-me da médium e percebo uma energia tranquila vinda do espírito que vai

conversar comigo.

- Estou terminando minhas preces, irmão. - diz aquele espírito que percebo tratar-se de uma

religiosa.

- Sabia que devoto minha vida a Jesus Cristo? Nunca saio deste mosteiro. Faço orações

pelos sofredores. - continuou aquela irmã.

A energia que vinha dela era muito boa e suas palavras eram carregadas pelo poder do amor

incondicional. Falar com ela assemelhava-se a estar num bosque maravilhoso!

Mas só tem um porém... Ela não se deu conta que desencarnou. Sua disciplina referente às

orações era tão grande que ela se esqueceu de si mesma.

- A irmã não vai lanchar? - pergunto.

- Não. A prece me alimenta. Não sinto fome. - ela responde serenamente.

- A irmã vai orar com as outras religiosas?

- É engraçado... Parece que elas não me veem! Falo e não respondem. - ela diz com

estranheza.

- A irmã já viu o mar? - indago por intuição.

- Nunca... Gostaria muito de ver o mar! Deve ser lindo! - ela diz lacrimosa.

E numa visão espiritual sublime ela vê aquele mar maravilhoso de água cristalina e serena.

Vê também andando na areia da praia irmãs religiosas que a chamam para dali prosseguir

sua jornada.

- Estão me chamando! Será que posso ir?

- Pode ir! Acompanhe estas irmãs de fé! - digo com alegria.

Então ela sorri, agradece e segue com as religiosas.

Que comunicação linda! Agradeço por poder conversar com um espírito tão bondoso...

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Esta semana foi atribulada. Um peso na cabeça, problemas...

Acabei me desequilibrando e falando coisas impensadas, sem motivos, para minha esposa.

Mas os dias correram e estou aqui para participar do trabalho mediúnico.

Aproximo-me da médium e sinto uma energia muito forte. O rosto dela está fechado,

seguro, bravo. É um índio guerreiro que vai se comunicar. Também estão com ele vários

outros índios a cavalo.

- Flecha lançada não volta. - ele diz com a autoridade de um soldado combatente.

- A água do rio que vai para o mar não volta. - continua a dizer.

Então ele faz uma pausa enfática, olha energicamente para mim e diz com muita seriedade:

- Palavra dita não volta!

Entendo imediatamente que o recado é pessoal. Devo tomar mais cuidado com o que falo,

pois a palavra também ofende e destrói.

Sem mais palavras, chama todos índios guerreiros e vai embora.

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Gosto muito de conversar com os desencarnados. São pessoas como nós, só não tem mais o

corpo físico. Eles também têm qualidades e defeitos, acertos e erros. São reais, como eu e

você. São alegres, tristes. Também choram e riem. Onde vivem?

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Tarde ensolarada e fria.

O trabalho mediúnico começa e a dirigente pede muita concentração para a equipe de

sustentação.

Nosso mundo passa por momentos delicados. Ataque às Torres Gêmeas e a ameaça

crescente de conflitos mundiais.

O trabalho mediúnico parece refletir o caos mundial. Comunicações de socorro a vítimas de

ataques terroristas acontecem.

Sou direcionado a um atendimento então.

- Seja bem vindo! - digo.

Sem obter resposta repito a saudação.

Algum tempo passa e começo a pensar que o diálogo não vai acontecer.

- Estou ouvindo você. - o espírito diz.

- Seja bem vindo! - repito.

- Não quero conversar. Preciso voltar ao trabalho. - a entidade afirma resoluta.

Logo vejo tratar-se de uma mulher que viveu e continua vivendo um mundo de sofrimentos

e aprendeu a viver sem prazer, voltada a atitudes extremas de assassinatos terroristas.

Sem a julgar, pois não tenho este direito, digo:

- Matar não é um bom caminho.

- Ninguém morre de verdade! Você não está falando comigo? - ela diz enfática.

Percebo nela o sofrimento de uma vida triste. Perdeu seus filhos para a guerra e viveu e

vive sem expectativas. Quero ajuda-la.

Neste momento sinto que a equipe espiritual tem que a levar a um centro de recuperação e

digo apenas:

- Acompanhe agora estes amigos que vão te ajudar.

Ela sem nada dizer ou sorrir segue seu caminho.

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Por mais que a gente tente não pensar ou até desacreditar, a continuidade da vida após a

morte do corpo físico é uma realidade.

As Escrituras Sagradas do Cristianismo e doutrinas orientais como o Taoísmo afirmam a

certeza da vida sem fim.

Os diálogos com os desencarnados são apenas uma pequena parte da realidade do mundo

espiritual e da interação entre nosso plano físico e o plano espiritual.

Como aqui no mundo físico, no além também tem cidades, paisagens naturais lindas,

hospitais, centros de recuperação e também tem lugares sombrios e tristes.

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Sexta-feira fria e nebulosa.

O trabalho mediúnico começa.

Logo percebo uma médium intranquila e com expressão de muito sofrimento, pois a

sensitiva tem uma ligação tão forte com o espírito comunicante que até a feição do rosto

muda.

Perceba que a partir deste momento irei conversar com alguém que já não tem o

corpo físico.

- Pelo amor de Deus me tire daqui! - uma moça desencarnada e muito sofrida diz.

Não vou mentir para você. A energia deste lugar é tão pesada e triste que se não fosse o

amparo da equipe espiritual teria desmaiado.

- Eu me matei! Não suportava mais! - diz a jovem suicida.

- Já pedi perdão a Deus muitas e muitas vezes! Será que vou ficar para sempre aqui neste

lugar escuro, triste e fétido? - ela continua a falar apavorada.

Sem julgamentos ou acusações, penso. Sempre me recordo que tenho meus erros também.

Quem sou eu para julgar ou acusá-la?

- Acredito que Deus ouviu suas preces e súplicas sinceras. Ele sabe seus motivos. - digo

fortemente intuido.

- Mas sou suicida! Tenho que padecer para sempre neste inferno! - ela diz soluçante.

- Não. Você vai sair daqui agora. Veja esta luz e a equipe de resgate. - digo.

Uma forte luz inunda aquele ambiente lúgubre. Resgatistas socorrem aquela triste moça

com todo cuidado. Ela olha para mim e sorri agradecida.

Neste vale dos suicidas milhões de almas jazem aguardando seu momento de ajuda.

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- Tudo bem, tio?

Logo percebo tratar-se de um garoto que se comunica. É a primeira vez que dialogo com

uma criança aqui no trabalho mediúnico. Fico um pouco emocionado pensando num

desencarne tão precoce, mas me controlo para prosseguir o diálogo.

- Não fique triste! Eu estou bem! Olha que lugar bonito que moro. Aqui tem a escola, tem o

parquinho para brincar. - ele fala alegre.

Realmente é um lindo bosque com a escola e o parquinho. Lugar realmente muito bonito!

- Que escola bonita! Você tem bastante amigos? - digo.

Logo vemos muitas crianças e uma moça muito alegre, simpática e bonita, Orientadas pela

professora, começam a brincar no parquinho.

- Olha a tia! Ela é bem legal! Ensina para a gente que um dia a mamãe vem morar aqui!

Aquela moça sorri para mim e entendo que a comunicação tem que finalizar.

- Tchau tio!!! - ele se despede e corre de encontro a seus amigos.

Hoje tem poucos diálogos. Quando é assim, me sento e concentrado auxilio a equipe de

sustentação.

Há alguns meses venho sentindo embaçamento forte na visão do olho esquerdo. Os

médicos apenas fecharam o diagnóstico de esclerose múltipla anos depois.

Começo a sentir que meu olho esquerdo começa a ser tratado pelos médicos espirituais.

Sem que eu sinta dor, como que bisturis espirituais tratam o olho doente, que após esta

cirurgia começa a melhorar.

A esclerose múltipla acabou evoluindo em mim, porque tem coisas que a gente tem que

passar, mas meu olho esquerdo voltou ao normal e nunca mais tive problemas nos olhos.

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Acredito que conversar com os espíritos mostra que ao desencarnar não ocorre nenhum

milagre e que continuamos com acertos e defeitos. Ninguém vira anjo ou demônio, somos o

que somos.

Acima de tudo há a certeza da continuidade da vida e a esperança de reencontrar os que

amamos. Laços do amor são eternos.

Deus nos envia seus anjos sempre que pedimos com fé. Mas ELE também nos respeita

quando nos afastamos dele.

Em muitos diálogos percebo o quanto somos amparados por espíritos bondosos. Mesmo

quando descrente e sem rumo, sempre buscam nos amparar. Geralmente não os vemos,

assim como não vemos o ar. Mas eles estão sempre ao nosso lado.

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Tem espíritos tão tristes e sofridos que rejeitam auxílio. Às vezes vivem em lugares escuros

e sujos e não querem sair...

- Seja bem vindo, irmão! - digo.

- Por favor, me deixe aqui quieto. Não quero sair. - diz aquele espírito sem luz, triste.

- Tem pessoas que se importam com você! Venha conosco para um lugar melhor!

Converso bastante com este moço triste, sem obter avanço. Até que uma luz muito suave

inunda aquele beco escuro e uma moça muito bonita estende suas mãos para ele, Trata-se

de uma antiga amiga deste moço. Espírito muito bondoso e de muita luz em quem ele

confia e segue.

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Pelas cenas de minha vida que pude ver no aparelho de recordações, nunca estive só em

meus momentos de dificuldade. Há duas semanas do natal inicia o trabalho mediunico nesta

sexta à tarde.

Espíritos bondosos de várias comunidades de auxílio espiritual se comunicam. Atendo um

espírito da ordem dos franciscanos. Ele traz uma mensagem de muita paz e fala sobre a

importância da fé, esperança e caridade.

Os outros dialogadores também recebem mensagens muito bonitas e todos nós recebemos

de presente energias de muita paz e o nosso grupo recebe uma linda flor fluidica, presente

dos espíritos de luz presentes.

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A vida continua...