O Itamaraty

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Universidade de Brasília SISTEMAS ESTRUTURAIS ESTRUTURA E PLÁSTICA NAS OBRAS DE OSCAR NIEMEYER

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O Palácio do Itamaraty é uma das obras mais icônicas do arquiteto Oscar Niemeyer, construído entre 1963 e 1970, com o intuito de abrigar o Ministério das Relações Exteriores, coroa a Esplanada dos ministérios e reforça a transição dos poderes ministeriais para o centro dos poderes políticos do país, a Praça dos Três poderes. Com sua arquitetura caracterizada por arcos plenos nas quatro fachadas e a utilização de concreto aparente como material, o Palácio do Itamaraty salta aos olhos de quem o vê ao longe, “destoando” do conjunto branco e retangular que os demais ministérios fazem

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Universidade de Brasília

SISTEMAS ESTRUTURAIS

ESTRUTURA E PLÁSTICA NAS OBRAS DE OSCAR NIEMEYER

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Sistema Estruturais 2 –

Danielle Córdova – 140018743

Isabella Goulart – 120013461

Ricardo Ribeiro – 120041235

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O Itamaraty -

O Palácio do Itamaraty é uma das obras mais icônicas do arquiteto Oscar

Niemeyer, construído entre 1963 e 1970, com o intuito de abrigar o Ministério das

Relações Exteriores, coroa a Esplanada dos ministérios e reforça a transição dos poderes

ministeriais para o centro dos poderes políticos do país, a Praça dos Três poderes. Com

sua arquitetura caracterizada por arcos plenos nas quatro fachadas e a utilização de

concreto aparente como material, o Palácio do Itamaraty salta aos olhos de quem o vê

ao longe, “destoando” do conjunto branco e retangular que os demais ministérios fazem

(figura - 01).

(Fig. 01 – Itamaraty na esplanada e simetria aparente -

http://www.grandefraternidadebranca.com.br/invocacao_brasilia.htm)

O nome Itamaraty é herança do antigo palácio onde situava-se o Ministério das

Relações Exteriores, o Palácio do Barão do Itamaraty, situado no Rio de Janeiro e que

serviu de sede da diplomacia brasileira de 1898 até 1970 quando o novo edifico fica

pronto. Do antigo palácio o Itamaraty não carrega apenas o nome, em sua arquitetura

também encontramos algumas características do palácio antigo, a exemplo a sua

arcada, seu pátio com vista para a Esplanada, e as múltiplas salas de jantares e de estar.

Os arcos remetem aos arcos das portas e janelas da antiga sede, janelas essas que por

vezes davam acessos a sacadas de onde os diplomatas podiam ter vista de todo o sítio

onde se encontrava o MRE, essa sacada dá origem ao pátio no último piso da nova sede

que da mesma forma que os balcões antigos, mesclam o interior e o exterior com a vista

para o “sítio” do novo edifico (figura - 02).

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(Fig. 02 – Palácio do Barão do Itamaraty RJ -

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pal%C3%A1cio_do_Itamaraty_(Rio_de_Janeiro)#/media/File:Rio-PalacioItamaraty5.JPG)

A arquitetura da nova sede do MRE é marcada por uma grande integração entre

os espaços, com suas divisões flexíveis e pela leveza do seu interior, sendo quase natural

a mescla entre interior e “exterior” dos ambientes. O palácio é dessa forma um cartão

de visitas do governo brasileiro, como quem recebe um convidado com a melhor louça

da casa, o edifício em questão é a “sala de estar” da diplomacia, reservando-se na maior

parte do seu programa como salão de solenidades e eventualmente como acomodações

a convidados ilustres, restringindo as funções administrativas ao seu anexo que fica logo

atrás, na fachada sul.

(Fig. 03 – Croquis do arquiteto - https://peganarquitetura.files.wordpress.com/2013/01/sede-do-itamaraty-1962-

brasc3adlia1.jpg)

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A Arquitetura -

O Palácio do Itamaraty é concebido por Oscar Niemeyer de forma a dialogar com

os demais palácios de Brasília, ele busca manter uma unidade com a forma que essas

sedes de poder tomaram, e opta mais uma vez por explorar O Módulo das colunas, dessa

vez ele opta por criar uma arcada que envolve todas as fachadas do palácio. Formadas

por 12 arcos plenos de concreto aparente, idênticos de raio igual a 2,80 m que partem

de um espelho d’água, e arrematadas por dois arcos ligeiramente menores com o seu

raio reduzido a 2,497 m, as arcadas contém um total de 14 arcos por fachada, e

envolvem uma caixa de vidro que aparenta estar completamente independente da

estrutura de concreto, totalizando uma área de 84 m², distribuídos em uma planta

quadrada com 17,57 m de altura (figura - 04).

Fig. 04 – Os arcos - http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/226/imagens/i367965.jpg)

As formas do Itamaraty aparentam destoar do restante da Praça dos três poderes

e dos ministérios próximos, porém seu conjunto dialoga com ambos os dois conjuntos

de obras ao passo que tem suas colunas bem marcadas e sua forma quadrada bem

definida pelo volume central de vidro, é o marco da transição entre os poderes, entre o

administrativo e “residencial” , entre ministérios e palácios, é a coroa da cabeceira da

Esplanada dos Ministérios e a chamada para a praça dos três poderes. O Palácio não faz

esse papel sozinho na Esplanada, ele dialoga diretamente com o Palácio da Justiça que

também é composto por uma estrutura de concreto aparente e uma caixa de vidro,

mantendo assim a unidade e “simetria aparente” entre os lados norte e sul da Esplanada

dos ministérios (figura – 01).

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Arquitetura e Estrutura –

Sua estrutura chama a atenção tanto externa quanto internamente, os arcos

parecem ser a principal fonte de sustentação da laje que cobre o grande bloco de vidro,

e geram uma grande tensão pela esbelteza com que surgem do espelho d’água, porém

essa não é a fonte de sustentação da superestrutura que é o Palácio do Itamaraty,

internamente às arcadas existem 15 pilares em cada fachada, com seção retangular de

0,25m x 1,20m, dispostos de seis em seis metros e pilares nas extremidades de seção

também retangular de 0,20m x 1,00m. Os esforços se concentram quase que por inteiro

nesses pilares internos a superestrutura, concedendo assim maior leveza aos pilares

externos e consequentemente maior liberdade plástica para trabalha-los (Figura – 05).

(Fig. 05 – Plasticidade do pilar - http://www.vitruvius.com.br/media/images/magazines/grid_9/23f1_arq106-02-16.jpg)

Internamente grandes vãos de 30 a 36m são vencidos por vigas dispostas no

sentido leste oeste do palácio. As vigas dimensionadas para vencer o vão de 36m da

cobertura tem apenas 1,20m e as dimensionadas para vencer os vãos de 30m dos

demais pavimentos têm apenas 0,70m (Figura -06 e 07).

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(Fig. 06 – disposição das vigas principais) (Fig. 07 – Vista interna das vigas secundárias

http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/226/artigo275973-

2.aspx)

Concebida por Joaquim Cardozo e Milton Ramos, a escada helicoidal também é

um elemento que se destaca na arquitetura do palácio, situada no salão principal de

2500m² e feita em concreto aparente é a escada que, ao unir o pavimento térreo ao

primeiro andar, chama a atenção dos olhos dos visitantes do palácio por sua leveza e

conforto. Concebida como quem projeta uma viga helicoidal hiperestática a escada se

lança pra fora de seu centro deixando aparentemente suspenso seus degraus, por terem

suas laterais em balanço, pois sua viga de sustentação é tão esbelta que mal aparece no

conjunto, eliminando assim todo o peso do elemento estrutural (Figura – 08).

(Fig. 08 Escada salão principal - http://farm9.staticflickr.com/8450/8017164048_4286a73022.jpg)

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A Estrutura –

O palácio do Itamaraty tem sua estrutura em concreto armado duplamente

simétrica em planta, suas lajes são compostas por vigas de seção retangular máxima

de 1,2m de altura por 84m de comprimento que vão da fachada leste a oeste do

edifício vencendo vãos de 36m e 30 m. Na estrutura de cobertura foram concebidas

vigas em dois sentidos. As vigas no sentido Norte-sul têm seção com 4m de largura e

0,60m de altura, enquanto as vigas transversais têm seção de 0,20m de largura por

1,20m de altura (Figura – 09). Os esforços da estrutura se concentram nas duas fileiras

de pilares internos, que são a principal fonte de sustentação do Itamaraty, dispostos

de 6m em 6m , são esses pilares que de fato distribuem os pesos das lajes, vigas e

carga acidental para o solo 17,57m abaixo da laje de cobertura.

Os pilares externos são os principais elementos visuais do palácio do Itamaraty,

apesar de parecer que são eles quem sustentam a estrutura do prédio, na verdade eles

tem apenas função estética, suportando somente o próprio peso. Mesmo assim a

concepção desses pilares é um grande avanço nas técnicas construtivas da época, com

mais de 16m de altura e com seção trapezoidal de apenas 0,05m na base menor e

0,40m na base maior e medindo 1,50m de comprimento (Figura – 10), essas formas

enganam os olhos de quem a priori visita o palácio, parecendo partir do “nada” para

sustentar a cobertura da caixa de vidro do palácio.

(Fig. 09 – disposição das vigas de sustentação da estrutura)

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(Fig. 10 – Seção dos pilares das fachadas)

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Bibliografia –

O Sistema Estrutural na Obra de Oscar Niermeyer – Leonardo da Silveira Pirillo

Inojosa - repositorio.unb.br/bitstream/.../1/2010_LeonardoSilveiraPirilloInojosa.pdf

A ESTRUTURA DO PALÁCIO DO ITAMARATYEMBRASÍLIA: ASPECTOS HISTÓRICOS

E TECNOLÓGICOS DE PROJETO, EXECUÇÃO, INTERVENÇÕES EMANUTENÇÃO – Evaristo

C. Rezende Santos, João Carlos Teatini Clímaco, Antonio Alberto Nepomuceno - academic.uprm.edu/laccei/index.php/RIDNAIC/article/view/135/134

Histórico do concreto em Brasília: Uma visão sobre a estrutura de obras em

concreto armado na Capital – Luana Leyendecker de Andrade e Carlos Eduardo Luna

de Melo - http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.161/4913

Palácio do Itamaraty: questões de história, projeto e documentação (1959-70) –

Eduardo Pierrotti Rossetti - http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/09.106/65

O Itamaraty, em artigo de Guilherme Wisnik – Guilherme Wisnik - http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/226/intima-varanda-para-o-brasil-mais-rigoroso-que-os-275973-1.aspx