O JAVALI DE UMA VIDA - 1º Grupo de Caçadores com Arco ou ... ·...
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O JAVALI DE UMA VIDA Este relato que lhes vou contar vai ser narrado na segunda pessoa não podendo dar muitos pormenores do lance em si mas podendo relatar a parte de pistear com grande afinco.
Algures em Portugal foi cobrado pela técnica de Arco um troféu de javali digno de se lhe tirar o chapéu.
Tudo começou com o combinar do dia de caça, o primeiro dia de lua, para mim o meu favorito. Estando tudo combinado partimos três arqueiros (António, Rui e Ruca ). Pela viagem muito se falou sobre lances e comportamentos dos animais, sendo que eu e o Ruca sempre estivemos atentos às sábias palavras do Rui pois arrisco-‐me a dizer que em Portugal deve de ser a pessoa que mais javalis tem cobrados de arco. Numa dessas conversas e sendo o Ruca a pessoa menos experiente nestas andanças, referiu que a sua mira estaria no máximo para 25m, fiquei preocupado, pois conheço o local e em dois sítios que já estive, o mais perto estava a 30m sendo que o outro estava nos 34m. Teríamos de tentar conciliar as coisas e colocar este nosso amigo no cevadouro que desse a menor distância.
Chegados ao local toca a andar até ao bar para comer alguma coisa e depois rumar aos locais. O Rui ficou num local onde anda a namorar um respeitado exemplar. Eu escolhi o local de 34m pois não iria deixar uma pessoa com pouca experiência aqui, e deixámos o Ruca num cevadouro que estava a 27m. Demos os conselhos da praxe e toca de jogar às estátuas.
Eu tive três farropos. A mãe nunca se mostrou, resolvi não atirar, pois queria esperar pelo pai destes pequenos, que resolveu não aparecer. Mais tarde tive um saca rabos, um texugo e uma raposa.
Por volta das 23h recebo uma mensagem que dizia o seguinte: “o Ruca já atirou duas vezes, temos tenda”.
Claro está que a partir desse momento eu queria era ir pistear, pois o silêncio já se fazia sentir há mais de uma hora e meia, mas ainda tive de esperar até as 24h30 para sermos recolhidos pelo gestor.
Chegados ao local temos o feliz contemplado no caminho à nossa espera. Contou que tinha entrado um bom porco às 21h a que atirou, e um outro maior que o primeiro às 22h a que também tinha atirado. Perguntas da praxe, se lhe tinha dado, se achou sangue, mas qual quê apenas sabia que tinha atirado e que ficou com a sensação de ter acertado.
Rumámos ao local à procura de sangue, flechas ou alguma coisa que revelasse os impactos. Resolvemos seguir o primeiro porco que fugiu para a esquerda. Entrámos numa gateira e nada, uns 20m depois e nem pinga de sangue. O que é feito da flecha? Nada e mais uns 10m encontramos a flecha partida logo atrás da ponta sem uma única gota de sangue. Este sobrevive, foi um tiro de pata nem vale a pena continuar a busca. Partimos para o segundo disparo, tendo sido dito que o porco andou na direcção do posto e entrado nas estevas. Corremos tudo e nada de rasto de sangue; mas aqui o nosso professor desconfiado que o porco tivesse fugido na direcção
do posto, foi uns 5m para a frente do cevadouro e descobriu uma minúscula pinga de sangue e desengane-‐se alguém que duvide pois mais parecia um ponto final.
Toca de seguir o possível local de fuga. Mmis um mini rasto de sangue. Aquilo era quase imperceptível eram mini pingas e depois de uns bons 50 ou 60m deste rasto pensei para comigo: “este porco com este rasto pode até morrer, mas vai morrer onde Judas perdeu as botas”. Mais uns 5m e nada de rasto; aqui novamente o Rui pensou como um “javali”: por onde fugiria eu? E com este pensamento lá se deu com a pista novamente. Nisto surge um muro antigo com umas pedras derrubadas e mais uma mini gota de sangue nas pedras. Já levávamos uns bons 70m de rasto, o gestor só dizia, ele foi para o pinhal, aquilo está tudo sujo, vai ser impossível continuar lá dentro. Mas o pinhal estava mais limpo que as estevas que deixámos para trás e aqui sim. Depois de termos passado o muro um rasto de sangue que até um cego seguia, depois de mais uns bons 40m de bom rasto de sangue disse-‐se que seria melhor vir de dia pois já levávamos os seus 130m de rasto de sangue. Podia ser arriscado continuar não fosse o animal estar com vida. Mas nesse momento pensei: “com este rasto de sangue o animal tem de estar aí à frente”. Nisto sinto o cheiro intenso a javali. Sigo o rasto mais uns 10m e novamente o cheiro ainda mais intenso; comento “o porco está perto. É ver debaixo das estevas”, e quando aponto a luz uns 5m à minha frente lá estava ele. Atiramos-‐lhe duas pedras para confirmar que estava morto.
Quando nos abeiramos do javali constatamos que era um macho imponente com um bonito troféu. Foram dados os parabéns ao feliz arqueiro pelo seu primeiro javali cobrado, tiradas as fotos da praxe feito o baptismo de sangue e todos os abraços que um momento como este proporciona. A ponta utilizada foi uma Rage de duas lâminas, tendo partido uma costela e entrado sómente 10cm. O tiro era perfeito, ligeiramente alto mas muito bom.
E sem mais demoras aqui deixo as fotos do resultado de um iniciado com os conselhos dado pelo professor.