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O JOGO E O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

Autor: Arlete Maria Arcego Martins1

Orientador: Melissa Rodrigues da Silva 2

RESUMO: Este artigo tem por objetivo analisar metodologias para o ensino da matemática, a serem trabalhadas com os alunos do segundo ano do Curso de Formação de Docentes do Colégio Estadual de Pato Branco, e, analisar os jogos matemáticos que possibilitem o desenvolvimento dessas atividades através de oficinas. Tem-se como problemática: Como propor uma metodologia que promova a aprendizagem por meio de jogos, e o ensino diferenciado aos alunos do curso de Formação de Docentes? Visto que o ensino da matemática de forma abstrata leva os alunos a encontrarem dificuldades de aprendizagem quando esta é trabalhada desta forma apenas. Assim os jogos são ferramentas diferenciadas que propiciam uma absorção dos conteúdos desta disciplina de forma lúdica e prazerosa. Para realização deste estudo utilizou-se de pesquisa bibliográfica e estudo de campo por meio de oficinas aplicadas às alunas do curso citado. Este trabalho seguiu as determinações do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, sendo que no primeiro momento foi aplicado o Projeto de Intervenção Pedagógica e da Unidade Didática e por fim chegou-se as considerações finais sobre o tema abordado, descritas por meio deste artigo. Palavras chaves: Matemática; jogo; lúdico; brinquedo; aprendizagem.

1. Introdução

O presente artigo vem registrar o resultado da aplicação da Unidade Didática,

que tem como título: O jogo e o processo de ensino e aprendizagem da matemática,

que foi aplicada no Colégio Estadual de Pato Branco, cujo público alvo foram os

alunos do 2º Ano do Curso de Formação de Docentes. O tema de estudo proposto

neste artigo foi: O Ensino da Matemática: produção e utilização de jogos didático-

pedagógicos como recurso de aprendizagem.

Através de experiências vivenciadas como docente no curso de Formação de

Docentes, foi possível observar que os alunos apresentam dificuldades na aplicação

1 Aluna do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – UNICENTRO. Professora Pedagoga

do Estado do Paraná – Pedagoga e aluna do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE.

2 Orientadora. Mestre em Educação, Pedagoga, Professora do Departamento de Pedagogia da

UNICENTRO.

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dos conteúdos de matemática, nas séries iniciais. E essas dificuldades nos instigam

e a partir disso levantou-se o seguinte questionamento: Como propor uma

metodologia que promova a aprendizagem da matemática por meio de jogos, para

ser desenvolvida com os alunos do curso de Formação de Docentes?

Historicamente a matemática passou a fazer parte da vida dos seres

humanos quando a necessidade de contar surgiu. Isto ocorreu a partir de quando o

homem começou a produzir mais do que necessitava como: alimentos, construir

suas casas, fortificações e a domesticar animais, trazendo transformações para o

ser humano e o tipo de vida que passaram a levar, por conta dessas

transformações. Os pastores usavam pedras para contar suas ovelhas, tal forma,

deu origem à palavra derivada do latim calculus, que significa pedrinha. Também

foram utilizados nós em corda (cada espaço entre os nós, era a medida usada),

marcas em paredes, talhes em ossos, desenhos nas cavernas

Com o advento da agricultura, o homem teve a necessidade de medir o

tempo, prever as estações do ano e conhecer as fases da Lua, e dessa necessidade

e observação no decorrer das décadas, surgindo assim o calendário. A partir dessas

descobertas, o homem começou a produzir mais do que necessitava para seu

consumo, e pode passar a organizar estas sobras, originando desta forma os

negócios.

Pode-se observar que os números não surgiram simplesmente como atributo

de contar, mas através de uma relação mental e física com o ser humano e de sua

necessidade de organização. Por conta desta evolução, o ser humano foi evoluindo

e criando situações cada vez mais complexas e com maiores necessidades. Para

resolver estas situações, o ser humano foi criando operações matemáticas que

foram evoluindo em complexidade conforme a necessidade.

Nesta evolução histórica, nota-se que a matemática se faz presente e cada

vez mais necessária. O desafio é constante na aprendizagem da matemática, por

isso, a necessidade de propor e criar situações estratégicas, inovar métodos e

mostrar que todos esses conteúdos fazem parte de nosso dia a dia, e que não são

tão difíceis de absorvê-los quando trabalhados por meio de jogos matemáticos.

O ensino da matemática ainda é mistificado, como sendo uma disciplina difícil

e complicada. Ao ensinar a matemática o professor deve facilitar sua compreensão,

de modo que seus alunos construam o conhecimento lógico matemático, a partir de

suas vivências e ao inserir o conhecimento matemático científico levá-lo a refletir, e

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descobrir que a matemática não está longe dele, mas que está ligada a todos os

fatos e acontecimentos de seu cotidiano.

Assim D’Ambrósio (1991) propõe: “uma matemática viva, uma matemática

que vai nascendo com o aluno enquanto ele mesmo vai desenvolvendo os meios de

trabalhar a realidade na qual ele está agindo.” (D’AMBRÓSIO, 1991, p. 2) Ao

concordar com o autor, podemos levantar a seguinte problemática: Que matemática

ensinar? E como ensiná-la?

Propõem-se como tema de nosso artigo a importância do jogo que aproxima

a matemática de nossa realidade, que através do lúdico contribui para o ensino-

aprendizagem. Acreditamos que ensinar matemática por meio do jogo, é estimular o

raciocínio lógico, desenvolver a criatividade e estimular a capacidade na resolução

de problemas.

Dessa forma, o professor tem um importante papel como mediador nesse

processo, pois cabe a ele transmitir os conteúdos, e tão logo criar novos

conhecimentos, propor atividades que reforcem o conhecimento tornando-o mais

ativo e determinado em sua prática matemática.

Sendo assim, este estudo tem como objetivo geral, contribuir no ensino da

matemática por meio da construção de jogos, de forma que se apresente uma

metodologia que medie, entre a abstração e o concreto. E como objetivos

específicos seguem: propor metodologias para o ensino da matemática no Curso de

Formação de Docentes do Paraná, que propiciem a aprendizagem e também

analisar e construir os jogos matemáticos que possibilitem ações na construção do

raciocínio lógico.

Portanto, esta pesquisa tem como intuito, fazer com que os alunos

participem e encarem este desafio do ensino e aprendizagem da matemática,

tornando-a interessante, instigante, e que seus conteúdos façam parte de vida dos

educandos, usando o jogo como instrumento de ensino e que gerem momentos de

alegria, satisfação, prazer e aprendizagem. Além de proporcionar aos alunos do

curso de formação de docentes, um ensino que seja assegurado uma formação

básica de qualidade e ao mesmo tempo uma formação pertinente à função docente.

A escolha da temática, não foi aleatória, mas sim de um conhecimento pré

estabelecido, percebeu-se que os alunos do curso, apresentam dificuldades no que

diz respeito à prática docente para os conteúdos de matemática nas séries iniciais. É

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preciso que os futuros docentes resolvam as suas próprias dúvidas para depois

poder trabalhar com o educando da forma como se propôs esse trabalho.

Acredita-se que este artigo é de grande relevância para os professores que

atuam ou atuarão no ensino da matemática para as séries iniciais do ensino

fundamental, que ao abordarem conteúdos, busquem utilizar-se de jogos suas

práticas pedagógicas, isso de forma concreta, torna o ensino mais prazeroso e

facilita a aprendizagem dos educandos.

Acredita-se que este estudo contribuirá com os professores, em especial aos

da rede pública estadual, pois relata a importância da utilização dos jogos

matemáticos como prática pedagógica, para melhoria do ensino ofertado.

2. Fundamentação teórica

Muitos são os estudos sobre a importância e a finalidade dos jogos como

metodologia do ensino da matemática, Kishimoto (1994) afirma que “o jogo é

importante para o desenvolvimento infantil, porque propicia a descentralização, a

aquisição de regras, à expressão do imaginário e apropriação do conhecimento.”

(KISHIMOTO, 1994, apud SMOLE, 2000, p. 137).

Nessa perspectiva, buscamos junto aos autores alicerces para apresentar

novos recursos e possibilidades de utilização de jogos em sala de aula.

Em congruência com este raciocínio, o jogo vem explorar a livre expressão na

resolução de problemas por ser atividade natural que está presente no

desenvolvimento do ser humano, bem como na construção do conhecimento

matemático.

Para Santin (2001)

[...] o brinquedo é apresentado como um fator de desenvolvimento humano, o cérebro da criança se desenvolve graças às brincadeiras; literalmente dito, o cérebro cresce. Na área pedagógica cresce também a importância do lúdico, da criatividade e do desenvolvimento imaginário. (SANTIN 2001, p. 16)

Sendo assim, fica claro que este conhecimento, é complexo e se desenvolve

de forma gradativa e processual. Para isso, faz-se necessário partir da premissa de

que o aluno já vem com uma bagagem de conhecimentos, para então a partir destes

conceitos e concepções construir a aprendizagem.

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Diante disso, nos valemos dos estudos feitos por Oliveira (1992) quando

afirma que:

[...] o funcionamento do cérebro humano fundamenta-se em sua ideia de que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da história social do homem. Na sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, o ser humano cria formas de ação que o distinguem de outros animais. (OLIVEIRA, 1992, p. 24)

Entretanto Piaget, busca compreender o ser humano através de seu

desenvolvimento biológico e de acordo com o seu estágio de desenvolvimento. “O

ser social de mais alto nível é justamente aquele que consegue relacionar-se com

seus semelhantes de forma equilibrada.” (PIAGET apud LA TAILLE, 1992, p. 14)

Ainda afirma:

[...] o homem é um ser essencialmente social, impossível, portanto, de ser pensado fora do contexto da sociedade em que nasce e vive. Em outras palavras, o homem não social, o homem considerado como molécula isolada do resto de seus semelhantes, o homem visto como independente das influências dos diversos grupos que frequenta, o homem visto como imune aos legados da história e da tradição, este homem não existe. (PIAGET apud LA TAILLE, 1992, p. 11)

De acordo com este pensamento, o ser humano é essencialmente social, e

este relacionamento é visto como um processo biológico, intelectual, emocional e

social, que se adapta à medida que ele interage e aprende com seus iguais. Neste

sentido é de suma importância o ensino da matemática por meio de jogos, pois a

partir da visualização ele constrói a abstração, levando-o a elaboração do

pensamento lógico.

É no espaço da sala de aula que o aprendizado acontece, não como produto

pronto e acabado, mas, como algo novo passível de transformação, fazendo com

que o aluno sinta-se agente transformador, capaz de interferir no meio em que está

inserido como também construir sua própria história.

3. Metodologia da pesquisa

Conforme a problematização apresentada neste artigo, e mediante as

dificuldades na aplicação dos conteúdos de matemática pelos alunos do Curso de

Formação de Docentes, surge a necessidade do objeto do nosso estudo, abordar,

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através de oficinas o ensino da matemática, que venha a contribuir na melhoria da

prática docente.

O estudo delineia-se com a prática pedagógica, realizada em sala de aula

com alunos do Curso de Formação de Docentes, com o objetivo de propor uma

metodologia que promova a aprendizagem da matemática, por meio de jogos, um

ensino diferenciado, onde o professor tem um importante papel como mediador

neste processo, pois cabe a ele transmitir os conteúdos, e tão logo criar novos

conhecimentos, tornando o aluno mais ativo e determinado em suas práticas

matemáticas.

Para a realização deste estudo, optou-se pela pesquisa bibliográfica, que é o

primeiro passo de todo o trabalho científico. Para os autores, este tipo de pesquisa

tem por finalidade, oferece maiores informações sobre determinado assunto, facilitar

a delimitação de uma temática de estudo, definir os objetivos ou formular as

hipóteses de uma pesquisa ou, ainda, descobrir um novo enfoque para o estudo que

se pretende realizar.

Para o desenvolvimento deste trabalho, foi utilizada a pesquisa descritiva e

exploratória, que conforme Tomasi e Yamamoto (1999), a pesquisa descritiva deve

ter como objetivo principal registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem

manipulá-los, sendo estes do mundo físico e/ou humano, sem a interferência do

pesquisador.

Conforme orienta as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (2008), o

Curso de Formação de Docentes, objetiva formar docentes para atuarem na

educação infantil e nas cinco primeiras séries do ensino fundamental, (ensino de

nove anos) assegurando-lhes uma formação básica nacional comum de qualidade e

também as inerentes à função docente.

O Curso pretende formar profissionais reflexivos, investigativos,

pesquisadores que sejam comprometidos com o ensino e a aprendizagem, com um

conhecimento satisfatório e em contínuo processo de autoformação, além de

autônomos e competentes para desenvolver o trabalho interdisciplinar,

especialmente neste caso, com metodologias diferenciadas para o ensino da

matemática, pois estão se preparando para um trabalho com características

especiais – a educação de crianças.

O Curso Normal, em Nível Médio divide-se em três partes: a Formação

Básica, onde se contempla a Base Nacional Comum, a Formação Específica, onde

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se contempla os Fundamentos da Educação, a Gestão Escolar, e as Metodologias,

e a Prática de Formação que especifica o Estágio Supervisionado.

Em relação a esta conjectura, aponta-se que a Metodologia do Ensino de

Matemática deverá contribuir para o aprimoramento do pensamento reflexivo, ou

ainda, concebê-lo como elemento constitutivo da consciência, para que se possa de

maneira cada vez mais elaborada, pensar e interferir na realidade na vida em

sociedade (Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Matemática, 2008).

Cabe aos professores trabalhar a Metodologia do Ensino da Matemática,

destacando os conteúdos, as formas, os métodos e as técnicas, de modo a superar

a polaridade entre a teoria e a prática, sujeito e objeto, concreto e abstrato,

promovendo unidade dialética através da tonalidade entre ambas. (Diretrizes

Curriculares da Educação Básica de Matemática, 2008).

Desta forma, ao apresentar-se o estudo ao Programa PDE, pensou-se em

aproveitar esta produção lúdica, por meio de uma Unidade Didática que foi aplicada

aos alunos do segundo ano do Curso de Formação de Docentes para relatar os

resultados em relação ao uso de jogos em suas práticas pedagógicas no ensino da

matemática. O resultado coletado servirá de ferramenta para os alunos do curso de

formação de docentes e para os professores, podendo através dos relatos estarem

refletindo e analisando a metodologia utilizada atualmente por eles.

4. Implementação didático pedagógica

A implementação aconteceu entre os meses de agosto e setembro de 2011,

na turma do segundo ano do Curso de formação de docentes, no Colégio Estadual

de Pato Branco Ensino Fundamental, Médio e Profissional, como parte das

atividades do PDE.

A apresentação desta atividade aconteceu na semana pedagógica do colégio

no segundo semestre de 2011. No momento da exposição foram abordados os

seguintes itens: título, tema, objetivos, conteúdos, metodologia e instrumentos que

seriam utilizados para despertar o interesse e motivar os alunos.

Também foi um momento para referenciar os autores que deram suporte

teórico-metodológico na realização deste trabalho, despertando novos olhares para

esta metodologia.

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Após a exposição alguns alunos relataram sobre a importância de trabalhar a

matemática desta forma, pois segundo eles, se em suas séries iniciais tivessem sido

ensinados desta forma, com certeza teriam absorvido melhor os conteúdos

matemáticos. Na seqüência informamos sobre o objetivo do projeto e a razão desta

prática pedagógica.

Iniciamos a prática da Unidade Didática intitulada: O jogo e o processo de

ensino e aprendizagem da Matemática, através da apresentação de slides

detalhando os objetivos e atividades que seriam realizadas. Em seguida foi

trabalhado o texto: O desafio de explicar como as crianças aprendem matemática3,

com o objetivo de observar que a forma como as crianças aprendem matemática é

um desafio a ser considerado pelo professor na sua prática. Após a leitura foi

realizado questionamentos e discussão sobre os conteúdos abordados. E finalmente

apresentamos os jogos matemáticos que seriam construídos no decorrer da

aplicação da Unidade Didática. O objetivo dessa atividade foi provocar uma reflexão

e discussão a respeito das diversas situações de nossa vida, onde se percebe a

presença da matemática e a utilização de materiais lúdicos e brincadeiras que

facilitam a aprendizagem.

O brincar é, portanto uma atividade natural, espontânea e necessária para a criança, constituindo-se para isso, em peça importantíssima na sua formação. Seu papel transcende o mero controle de habilidades. É muito mais abrangente. Sua importância é notável, já que através dessas atividades a criança constrói seu próprio mundo. (SANTOS, 1995, p. 4)

Diante do entusiasmo dos alunos, verificamos e confirmamos que as

proposições das aulas de matemática podem e devem ser mais agradáveis,

objetivas e de fácil compreensão.

O interesse e a participação aconteceram em todos os momentos das

oficinas. E assim a maneira de ensinar matemática, através do lúdico foi

comprovada, como a melhor. A pesquisa comprovou os autores e o questionamento

proposto.

A fim de subsidiar mais um instrumento de analise de dados para esse

artigo, aplicou-se também um questionário aos alunos do segundo ano do curso de

formação de docentes, onde responderam questões pertinentes à importância da

construção do raciocínio lógico matemático através de jogos , brinquedos e

3 GOLBERT, Clarissa S. Matemática nas Séries Iniciais – O Sistema Decimal da Numeração. Porto

Alegre: Mediação, 1999

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brincadeiras. Vale lembrar que a aplicação do questionário preservou a ética do

consentimento livre esclarecido antes e assinado pelos alunos.

O resultado obtido através dos questionários, após a participação nas

oficinas, destacamos que:

a) Em relação a terem tido aulas de matemática com materiais concretos:

observou-se que 78% dos alunos responderam que tiveram aulas com material

lúdico e que esses materiais contribuíram para ter noção do que se quer trabalhar e

para um maior entendimento dos conteúdos; despertou a curiosidade; trabalhou os

conteúdos de forma diferente e interessante, proporcionando uma aprendizagem

facilitada.

Enquanto que 12% dos alunos responderam que nunca tiveram aulas com

material lúdico, muitas vezes por que a escola não disponibilizava, ou os professores

eram despreparados para utilizar este tipo de material; faltavam recursos financeiros

e materiais, e a maioria dos professores não tinha noção da importância desses

materiais.

Conforme as constatações, certificamos que o jogo é importante e

necessário na aprendizagem, pois muda a rotina da classe e desperta o interesse

dos envolvidos. De acordo com os índices apresentados podemos perceber que o

jogo contribui e ajuda na prática dos professores em sala de aula.

Em relação à porcentagem levantada dos alunos que não tiveram aulas com

materiais lúdicos, deve-se ao fato de que muitas escolas ainda não estão

preparadas para a utilização desses materiais, portanto o professor necessita de

uma capacitação continuada que lhe de suporte para aplicação desta prática.

“Os jogos e brinquedos, embora sendo um elemento sempre presente na

humanidade desde seu início, não tinham a conotação que tem hoje eram vistos

como fúteis e tinham como objeto a distração, o recreio”. (SANTA, 2004, p. 5)

b) Ao levantar sobre a necessidade do uso de materiais lúdicos para o

ensino da matemática nas séries iniciais registramos as seguintes considerações:

acelera o raciocínio, e por esta razão se aprende mais; incentiva os alunos a gostar

da matemática; maior compreensão dos conteúdos; forma diferente de ensinar;

maior atenção e interação; aprende brincando; aulas mais prazerosas e associa a

realidade com as brincadeiras e os jogos.

Estas afirmações vêm comprovar quando D’Ambrósio (2003) nos coloca:

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Pensar em números é abstrato, diferente de pensar em balas. O ensino da matemática assumiu a postura de se encaminhar para o abstrato e se libertar do espontâneo. É daí que vem o distanciamento entre as crianças e a matemática. (D’AMBRÓSIO 2003, p 17)

Em seguida questionamos: c) Qual a sua preocupação quando você (aluno

do curso de formação de docentes) se encontra diante de uma turma para explicar

um conteúdo de matemática?

Pudemos constatar que as limitações se apresentaram: em saber lidar com

a turma; coerência e relevância dos conteúdos; planejamento; respeito às

individualidades; facilitar o desempenho e a aprendizagem dos alunos de maneira

correta para que obtenham melhor entendimento dos conteúdos e relacioná-los com

o seu dia-a-dia.

Com referência a esta questão nota-se que existe uma preocupação em

saber o que fazer, bem como estar preparado para trabalhar os conteúdos

matemáticos.

Dessa forma questionamos: d) Para ser um bom professor nas séries iniciais

é necessário? Ser estimulador (35%), por que os alunos necessitam de estímulos

para desenvolver o conhecimento; ajudando no entendimento de novos conteúdos;

chama a atenção dos alunos para se interessar e estudar mais. Enquanto 32%,

responderam que deve ser crítico e criativo, chamar a atenção para novos

conhecimentos; criar novas maneiras de ensinar e desenvolver o pensamento e o

raciocínio. Já 33%, destacaram que é necessário ser mediador, instigador,

questionador, problematizador, estimulador, ser crítico e criativo, pois quando o

professor usa destas características em suas práticas, os alunos se interessam mais

pelas aulas e pelos conteúdos e isso torna as aulas mais atrativas.

e) Em relação ao erro dos alunos, percebemos variadas formas de se

trabalhar com a correção: 2% responderam que devem apresentar a forma certa ao

aluno e estimulá-lo para que ele perceba por si só onde errou. Enquanto 20%

responderam que se deve relacionar o erro ao acerto, partindo dos princípios:

explicar o correto; relacionar o correto para perceber seu erro; partindo do erro para

o acerto. 78% responderam que se deve partir do erro para o acerto, por que

mostrar o erro e explicar o certo é de extrema relevância para que o aluno observe

por si próprio onde errou e porque errou e assim procure respostas para a

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construção do conhecimento de forma correta e a utilização de materiais concretos

na reconstrução da atividade facilita a aprendizagem.

f) No que se refere ao sistema de avaliação utilizada constatou-se que: 3%

responderam que as avaliações devem ser periódicas, 5% responderam que as

avaliações dever ser orais e escritas e 92% responderam que o aluno deve ser

acompanhado em suas ações durante todo o processo. Dessa forma consideramos

que as aferições são sempre necessárias e constantes, de acordo com o sistema de

avaliação, destacamos que o sistema de ensino estadual faz-se dessa prática, a

avaliação diagnóstica e formativa.

g) Quando questionados sobre os materiais lúdicos, 70% indicaram que não

encontram dificuldades, e destacam: os materiais ajudam na atenção e instigam o

aluno em aprender e tornam as aulas mais atraentes. Permite ao professor maior

domínio e segurança, simplifica as explicações e permite maior apropriação do

conteúdo. É mais simples para explicar aos alunos. Desperta maior interesse por

que eles gostam dos jogos e se entregam totalmente a essa prática, além do que os

alunos se divertem aprendendo, através das brincadeiras, das músicas e jogos.

Entretanto, 30% dos alunos questionados relataram que encontram

dificuldades na prática com o material lúdico: Falta ao professor o conhecimento de

como trabalhar ludicamente, dificuldade em aprender os conteúdos de matemática,

relacionando-os com sua prática diária, a matemática parece muito abstrata.

Materiais desconhecidos e falta condições da escola em proporcionar os materiais.

Em consonância com as respostas acima, percebe-se que o material lúdico

é importante por isso é necessário respeitar a individualidade da criança, nesse

processo tão significativo da construção do seu conhecimento. Sendo assim, é

necessário sempre capacitar os futuros professores, para que os mesmos possam

conciliar a alegria da brincadeira com a aprendizagem escolar.

Os 30% das respostas que encontram dificuldades em trabalhar com material

lúdico vem afirmar nossa pesquisa, que o professor precisa de capacitação para

manusear e trabalhar com segurança, melhorando assim a aprendizagem e o prazer

em aprender matemática.

Mediante análise das respostas percebemos que uma grande maioria

conhece o material (jogos e brinquedos) e que esses contribuem para aumentar a

motivação da aprendizagem e desenvolver a autoconfiança, organização,

concentração, estimulando interação e socialização.

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Segundo D`Ambrósio (2003) “ o natural seria a matemática ser tratada como

um conhecimento presente em todas as coisas do cotidiano das pessoas com um

instrumento que trouxe de sua vida.” (D`AMBRÓSIO , 2003, p. 15).

Numa análise geral de todas as respostas percebemos que a maioria dos

alunos questionados tem um conhecimento sobre os materiais lúdicos, mas com

finalidades diferentes ao que foi proposto neste trabalho. Os materiais chamam

atenção pelas cores ou simplesmente pelo brinquedo ou jogo em si, sem uma

análise ou questionamento. Percebe-se também que estes materiais não são

explorados pelos professores em sala de aula, mesmo estando disponível na escola.

Outro item importante foi sobre a aplicação de jogos, levantando a questão do

ganhar e perder, do jogo como competição, assinalando as diferenças e

semelhanças entre eles, dos alunos que só perdem e os que só ganham e do fato

de que é necessário aprender a ganhar e a perder.

Percebeu-se também durante as oficinas a dificuldade de certas alunas em

manipular a confecção e produzir seu material, mas mesmo na dificuldade houve um

grande comprometimento na tentativa de sua produção. No decorrer do trabalho e à

medida que se desenvolviam as oficinas, surgiam novos jogos, melhorando os já

produzidos e apresentados.

5. Considerações Finais

Este estudo contemplou os objetivos propostos no projeto inicial, e pudemos

observar ao final das oficinas e da aplicação do questionário que os alunos do

segundo ano do Curso de Formação de Docentes, ainda não estavam aptos a usar

os jogos e brinquedos como estratégia metodológica em sua prática docente, não

conseguindo mediar o real e o imaginário, deixando assim de compreender a

importância do lúdico na vida social e na aprendizagem da criança.

A partir das estratégias utilizadas para a coleta de dados, contatamos que as

alunas compreenderam a importância da utilização dos jogos na prática pedagógica

para o ensino da matemática, para a absorção dos conteúdos de forma prazerosa e

com maior interesse por parte dos educandos.

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Observou-se também que a escola além de abordar os conteúdos, deve ser

um espaço que proporcione a criatividade, imaginação, comunicação e a expressão

na construção do conhecimento.

Neste sentido, destacamos que o lúdico deve facilitar a compreensão das

abstrações matemáticas, sem desestimular a seriedade do trabalho de ensinar e

aprender. É preciso que o educando saiba que estudar requer seriedade e atenção,

mesmo quando é por meio de jogos e ou brincadeiras, pois estes são um meio para

que o cérebro alcance mais rapidamente as conclusões desejadas.

Podemos considerar que diante dos questionários e das oficinas, foi possível

perceber que as respostas apresentadas pelos alunos do segundo ano do curso de

formação de docentes, estão acordando com os autores utilizados para fundamentar

esse trabalho, percebemos claramente que as dificuldades na aprendizagem da

matemática deve-se a forma abstrata de ensinar, o que retira as operações

matemáticas do cotidiano dos alunos e os leva a crer que ninguém consegue

entender a ciência matemática. Ao transpor a forma de ensinar para uma forma

lúdica e concreta, inserindo a matemática em suas vidas, em operações desde as

mais simples até as mais complexas, o educando passa apropriar-se do

conhecimento e então ele mesmo pode abstrair as conclusões

6. Referencias

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AMARAL, Arleandra Cristina do. Ensino Fundamental dos Nove Anos. Curitiba-Pr-SEED, 2010. Distribuição Gratúita

D’AMBROSIO. Beatriz S. Como ensinar matemática hoje? Temas e Debates. SBEM. Ano II. n. 2. Brasília. p 15 a 19, 2003.

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GOLBERT, Clarissa S. Matemática nas Séries Iniciais – O Sistema Decimal da Numeração. Porto Alegre: Mediação, 1999.

KISHIMOTO, Tizuk Morchida. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a educação. São

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MEC, Secretaria de Ed. Básica. Pró-Letramento: Programa de Formação

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