O juízo moral da criança com relação aos transgressores e às vítimas de injustiças estudo em...

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ISSNI41]·]8gX Te mas em Psic ologia da SBp· 2DOO. Vol ln'I. 21·34 o juizo moral da criança com relação aos transgressores e às vitimas de injustiças: estudo em crianças de diferentes meios sócio culturais 1 Resumo Antonio Roazzil • M a ri a da Gr aça s.s. Dias c A bigDCS R uybcrto da Silva Unil'ersidade Federal de Pernamhuco Dois estudos foram realizados visando melhor compreender as divergências parciais entre o estudo de Miller e Maceann (1979), sobre as reaçõcs de crianças a transgressores e a vitimas de injustiça, e wna réplica do mesmo rculi/.aUu pur Alencare cuh.(1984). 1\0 primeiro estudo, realu.adocom 24 crianças de c>co[a pública de I'e 4' de ou\'ircrn duas histórias. as crianças eram questionadas quanto ao grau de ma[dadc do transgressor e da recompensa a r.cr dada à vitima. O segwl\1o estudo, ulilizando o mesmo procedimento. foi realizado com wna amostra similar de escola panicu[ar. Os re5ultados mostraram que os aIOS intencionais de lransgressão cnlmjulgados com maior ,c\'cridade que os de acidenta I em ambas as amOSlras, Contudo, r.cgoodo as crianças dc escola pública. ao contrário das de escola particular. as vitimas mereciam maior compcnsaçãooacondiç,ão mtcnclOnal. Observou-se, lamb.:m, entrca,criançasmals velhasdeesco[a panicu[ar, julgarnenws mais severos para o tr ,msgressor, Enfim, os pontos de convergência c dc divergência entre os lrês esmdoss1lodiscUlidos PaluraHhail:juí/o moral, ju.,li<,:u, na Imn'grt'."ãn. Thechild's moraljudgeme ntontransg res sorsand vicli ms ofi njuslices: as tudyin chi ldrenfromdifle r ent socialcul turalBnvi ronmBnts Abstnc[ Twn ,Imlie" aI bclkr undeThla"ding lhe partial Miller and Ma<.'Cann', ,tudy (1979) about children's reaçtiuns lo transgressvns and injustice victims, and a rep[icalioll ofthe samc srudy carried out by Alcncaretal. (1984). The firsl study has been pcrfonned wilh 24 ehildrcn studying in the 1" and 4'" gradesofa Slale schoo!. lmmedialely after\wo stor;es ha\'ing bccn read, lhe clúldren were asked aboUI lhe dcgree ofthe transgressor's wickcdncss and lhe reward to be givcn 101lle vielim. The second study, using lhe same procedure. were accomplished \\'ith a similar samp[e fmm a 'eh"o!. have shm'iII thal intentionallransgrcssion acts havc becn judgcd wilh [arger sc"erity Ihan accidml:!l ones in both samp1es However, aecording lO the dú[drell from lhe state 5ehoo[, in contrasl to lhe ones fmm the private school, the v;ctims fmm lhe ;ntent;e>nal condition would deserve larger eompcnsation. It has also beco observcd mure sevcre judgemcnl on lhe transgrcssor, alnong the oldest chi[drcll from lhe priv3le ,eho"L Finally. convergence and d;vergencc roints ame>ng the thrce studies have becn discusscd. wC rll: moraljudgment.justice. intcntion and transgrcssion, social cuhum[ envÍroJ\lllent. Estudando o desenvolvimento moral, logo nos deraramos com a idéia de uma universalidade de princípios morais (Kohlbcrg, 1963; 1964), de uma progressão em estágios ou. mais precisamente, fases (Piagcl, 193211965; Koh[bcrg, 1964, 1976, 1985) e, espcdalmente. com a idéia de que as fases m ais L Trahalho apre,entado no Simpõ,io A i>ljlub>ria da,r vari<hâs sociocultllrai> >lO de,'envo/vimenlo moral, na XXIX Reunião Anual Psicologia da Sociedade Brasileira de Psiculugia. SI'. ournhro de 19')'). 2. Endereço para corrcspondéncia: Antonio Roazzi, Rua Francisco da Cunha, 654/801, EM. Villa das I' edras. Il oa Viagem - CEI' 5 1020·04 [ Recife - PE. fones (8!) 3271.0599 e 3271.8272 (Universidade). Fax (SI) 327 1. I S43 c-mail:roazzi@npd .ufpe.br

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ISSNI41]·]8gX Temas em Psicologia da SBp· 2D OO. Vol ln'I. 21·34

o juizo moral da criança com relação aos transgressores e às vitimas de injustiças: estudo em crianças de diferentes meios sócio culturais 1

Resumo

Antonio Roazzil • M a ria d a G r aça s.s. Dias c A b igDCS R uybcrto d a Silva Unil'ersidade Federal de Pernamhuco

Dois estudos foram realizados visando melhor compreender as divergências parciais entre o estudo de Miller e Maceann (1979), sobre as reaçõcs de crianças a transgressores e a vitimas de injustiça, e wna réplica do mesmo rculi/.aUu pur Alencare cuh.(1984). 1\0 primeiro estudo, realu.adocom 24 crianças de c>co[a pública de I'e 4' ~es, d~'f'Ois de ou\'ircrn duas histórias. as crianças eram questionadas quanto ao grau de ma[dadc do transgressor e da recompensa a r.cr dada à vitima. O segwl\1o estudo, ulilizando o mesmo procedimento. foi realizado com wna amostra similar de escola panicu[ar. Os re5ultados mostraram que os aIOS intencionais de lransgressão cnlmjulgados com maior ,c\'cridade que os de cOl1diç~o acidenta I em ambas as amOSlras, Contudo, r.cgoodo as crianças dc escola pública. ao contrário das de escola particular. as vitimas mereciam maior compcnsaçãooacondiç,ão mtcnclOnal. Observou-se, lamb.:m, entrca,criançasmals velhasdeesco[a panicu[ar, julgarnenws mais severos para o tr,msgressor, Enfim, os pontos de convergência c dc divergência entre os lrês esmdoss1lodiscUlidos PaluraHhail :juí/o moral, ju.,li<,:u, iTllcTl~inTlalidml~ na Imn'grt'."ãn. m~in sú~i ocul lural

Thechild'smoraljudgementontransgressorsand viclims ofinjuslices: astudyin childrenfromdifle rent socialculturalBn vi ronmBnts

Abstnc[

Twn ,Imlie" aim~d aI bclkr undeThla"ding lhe partial di'Tr~';crl~~' bclwe~n Miller and Ma<.'Cann ' , ,tudy (1979) about children's reaçtiuns lo transgressvns and injustice victims, and a rep[icalioll ofthe samc srudy carried out by Alcncaretal. (1984). The firsl study has been pcrfonned wilh 24 ehildrcn studying in the 1" and 4'" gradesofa Slale schoo!. lmmedialely after\wo stor;es ha\'ing bccn read, lhe clúldren were asked aboUI lhe dcgree ofthe transgressor's wickcdncss and lhe reward to be givcn 101lle vielim. The second study, using lhe same procedure. were accomplished \\'ith a similar samp[e fmm a pri"al~ 'eh"o!. Th~ re ,ul t, have shm'iII thal intentionallransgrcssion acts havc becn judgcd wilh [arger sc"erity Ihan accidml:!l ones in both samp1es However, aecording lO the dú[drell from lhe state 5ehoo[, in contrasl to lhe ones fmm the private school , the v;ctims fmm lhe ;ntent;e>nal condition would deserve larger eompcnsation. It has also beco observcd mure sevcre judgemcnl on lhe transgrcssor, alnong the oldest chi[drcll from lhe priv3le ,eho"L Finally. convergence and d;vergencc ro ints ame>ng the thrce studies have becn discusscd. ~e, wCrll: moraljudgment.justice. intcntion and transgrcssion, social cuhum[ envÍroJ\lllent.

Estudando o desenvolvimento moral, logo nos

deraramos com a idéia de uma universalidade de

princípios morais (Kohlbcrg, 1963; 1964), de uma

progressão em estágios ou. mais precisamente , fases

(Piagcl, 193211965; Koh[bcrg, 1964, 1976, 1985) e,

espcdalmente. com a idéia de que as fases m ais

L Trahalho apre,entado no Simpõ,io A i>ljlub>ria da,r vari<hâs sociocultllrai> >lO de,'envo/vimenlo moral, na XX IX

Reunião Anual d~ Psicologia da Sociedade Brasileira de Psiculugia. Campina~ SI'. ournhro de 19')'). 2. Endereço para corrcspondéncia : Antonio Roazzi, Rua Francisco da Cunha, 654/801, EM. Villa das I' edras. Iloa

Viagem - CEI' 5 1020· 04 [ Recife - PE. fones (8!) 3271.0599 e 3271.8272 (Un iversidade) . Fax (SI) 327 1. IS43

c-mail:roazzi@npd .ufpe.b r

UOUIÍ, M. G. U DiaS! oU.h

amadurecidas da moralidade extrapolam a mera resultados com os estudos realizados cm outros

intcmalizaçiioda moral dacultura - corno pretendiam, países ocidentais. por exemplo, Durkheim (1974 a, b), Frcud (1914, Ncstadireção,procuramosnalitcraturaalguns 1915, 1929), os behavioristas, os antropólogos e estudos realizados no Brasi l que tivessem submetido outros. Nestc sentido, todos os indivíduos passariam a verificação o paradigma piagetiano de juízo moml, sucessivamente por uma série de fascs, indc- alIav~s da comparação simultânea das variáveis dc

pendcntemente do nível sócioeçonômico e do meio intcncionalidadc (intencional e acidental) e dano

cultural. Entretanto, existem evidências na literatura (grande e peq lleno) c que, ao mesmo tempo, de pesquisas, realizadas em crianças ocidentais, estivesscm fundamcntadoscm estudos realizados em apontando a importância das influências sociais, um outro país ocidental. culturais e educacionais no desenvolvimento moral Nessa pt:n;pectiva, encontra-se o estudo de (e.g., Panier Bagllt, 1977, 1982, 1985; Panier Bagat e Alencar, Maciel, Fernandes e Patriota (1984). Estes Di Gemma, 1987; Panier Bagat e ManlTcdi, 1990) e autores objetivaram, prioritariamente. replicar o questionando ni'lo só a passagem de uma moral estudo de Miller c MacCann (1979) sobre as reaçõcs hcteTÔnoma para woa moral autônoma, como também de crianças a transgressorcs c vitimas dc injustiças. a hipólt:se piagetiana da existência de invariantes Nestas duas investigações requeria-se, por parte das culturais no dominio do desenvolvimento moral. crianças, a comparação simultânea d", duas variáveis

Parece, então, que os fatores culturais podcm - intencionalidade e dano - depois de ouvirem duas

afetar a scqüência dos juízos morais de Piaget. Estes histórias: uma contendo um grande dano causado por resultados implicam que a validade das eonclusõcs, às acidente e outra contendo um pequcno dano causado quais Piaget chegou, pode estar delimitada no âmbito intencionalmentt:. Após ouvirem as histórias, as da cultura ocidental. Portanto, toma-se dificil uma crianças eram questionadas a respeito do grau de

simples aceitação ou rejeição do postulado teórico maldadedotransgressor,dapuniçãoaserdadaaclce piagetiano sobre a existência de invariantes culturais da recompensa a ser dada à vitima no dominio do desenvolvimento do juizo moral. Miller e MacCann (1979) realizaram três

Como csscs rcsultados restringem a validade experimentos em crianças canadenses (da I' ii 6' das conclusões de Piaget ao âmbito da cultura série) e encontraram que, não apenas o transgressor ocidental, seria produtivo comparar-se os resultados intencional era julgado com maior severidade que o de pesquisas idênticas realizadas em contextos aeidcntal, eomo também queaseriançasjulgavamos sócioculturais diferentes. Nesse sentido, o Brasil atos intcncionais mais merecedores de punição que oferece um contexto interessante para a vcrificação os acidentais. Encontrou-se. também, maior desse paradigma, viSl0 que possibilita a comparação dispnsição das crianças mais novas em considerar a de crianças com experiências sóeioculturais e vítima mais merccedora de recompensa. Além disso, educacionais diferentes. De fato, pelo menos para a foram encontradas diferenças significativas na

população de nível sócioeconômico médio e alto, compensação a ser dada às vitimas dc atos inten-podemos considerar o Brasil um país moldado de cionais ou acidentais, tendo a vítima de atos acidcn-acordo com os parâmetros da cultura ocidental. tais menor recomendação de recompensa que a usufruindo de bens de consumo mat~riais, culturais e vitima de atos intencionais. educacionais st:melhantes aos encontrados no As histórias envolvendo o dano material eram "primeiro mundo'·. Para a população pobre e julgadas com mais severidade qut: as histórias marginalizada, o acesso aos bens de consumo, em envolvendo o dano tisico. Não obstante, as medidas seus diferentes níveis, é reslrito. Além de compa- de punição e de recompensa eram bem menores raçõcs intcrelasses, é possível confrontar esses quando o transgressor já tinha recebido alguma

punição pan scu ato. do que quando não tinha Essaexplicaçãoébastanteplausivel.visloqueoulros recebido nenhuma punição. As crianças expressanlm estudos na literatura têm apontado que a saliência de

um maior desejo em punir o transgressor do que de um ato moral intencional dificulta a possibilidade de compensar a vitima, especialmente quando os danos detecção de diferenças em outras variáveIS (por causados A vítima eram severos. exemplo, ao comparar·se o julgamento de atos de

Alencar e eo1s. (1984). ao realizarem uma vandalismo em IUnçãode a propriedade scr pública réplica do estudo canadcnsc, visavam, princi- ouprivada:verRoat.zi,LoureiroeMonteiro, 1996).

palmente, avaliar o grau de gencralizaçJo dos Embora não tenham sido encontradas resultados obtidos pelos autores MIller e MacCann diferenças significativas entre os estudos de Miller e (1979) no experimento original com cnanças de um MacCann e de Alencar e colaboradores com relação contexto s6ciocultural diverso do originalmente ao julgamento do grau de maldade do transgressor,

investigado. A investigação foi realizada com uma nos dados referentes aOJulgamentoda compensação a amostra de criancas de [",J·eS"séries de uma escola ser dada ii. vítima, 05 dois estudos apresentam duas

pública localizada cm uma Arca habitada por uma diferenças fundamentais. Em primeiro lugar, populaçllo de S/aIllS sócioeconômico médio do enquantoquenocstudooriginaldcMillcrcMacCann, Distrito Federal. Forn.m observadas similaridades c com uma amostra de crianças canadenses, foram diferenças com o estudo original. Mais especifi- observadas diferenças em função da idade, no estudo cam ente, coincidiram os resultados refcrentes às de Alentar e tolaboradores as trianças mais novas medidas de maldadc do transgressor e de punição consideraram a vitima como mais merecedora de

merecida por este. Conforme o estudo original, o recompensa. Esta divergência de dificil interpretação transgressor da condição intencional foi julgado com eagravada pelQ fato de quea tendência encontrada por umaseveridadesignificatlvamentemaisaltaqueoda Alencar e colaboradores e exatamente oposta à condiçllo acidental. Além disso, como no estudo de preconizada. mas nao encontrada por Milkr c Miller e Maceann, o transgressor da condiç.1o MacCann (para esses últimos autores, a respon-

intencional foi considerado, também, mais mere- sividade da criança às necessidades de outras crianças cedor de punição que o da tondição acidenta!; não deveria aumentar com a idade). Assim, apesar de os obstante, as crianças mais novas consideraram a dois estudos apresentarem diferenças, em função da vitima mais merecedora de recompensa. Entretanto, idade, no julgamento da compensação a ser dada à cm relação ao nível de tompensação merecida pela vitima. OS dois estudos diferem quanto ii. di~ão dessa

vítima, diferentemente do estudo original, ocorreu diferença. Em segundo lugar, nllo roram entontradas um efeito de idade e, sobretudo, não foram obser- diferenças' significativas na compensação a ser vadas diferenças significativas na recompensa a ser atribuída às vitimas de atos intencionais ou acidentais dada às vítimas de atos ~cidentais ou intencionais. no estudo de Alencar c colaboradores, enquanto que.

Em linhas gerais. tanto os resultados de no estudo de Miller e MatCann, as trianças Alencar e cols.(1984)comoosde Miller c MacCann recomendaram uma recompensa menor à vitima de (1979) indicam que,jã a panir de sete anos de idade, alDS acidentais do que à vitima de atos intencionais. as crianças são capazes de considerar a inten- Como interpretar essas divcrgêntias relativas cionalidade do transgressor ao avaliarem o seu ato, ao julgamento do nível de recompensa recomendada em um periodo anterior àquele apontado por Piagel. ii vítima? Uma das características que diferenciam as Alencar e colaboradores. interpretaram esses resul- amostras desses dois estudos é o nível s6cio-tados como conseqüênda do fato de que, nas econômico das famílias de origem das crianças. histórias apresentadas, a intencionalidade do ato era Enquanto Alencar e tolaboradores informam um fator muito saliente, condição quc teria levado as claramente que a amostra era formada por crianças crianças mais novas a considerar a intendonalidade. de escola publica, Millere MacCano não informam o

tipo de escola frcqüentada pelas crianças. Além do

mais, Alencar e colaboradores., ao descreverem a amostra, informam que essa escola pública era "localizada em um setor habitado por uma população de statu~· sócioeconõmico médio" (p.26). Mesmo

com a faltade informações precisas, é possível inferir que as crianças do estudo brasileiro pertenciam a famílias de nível sócioeconômico baixo, enquanto as

crianças do estudo canadense, a famílias de nível

sócioeconômico médio. Outros estudos na literatura têm mostrado a relação enlre o tipo de escola rreqüentada e o nível sóciocconômico (e.g .. Nunes­Carraher e Schliemann, 1982; Roazzi, 1988). Assim,

se as duas amostras dc crianças que caracterizam

esses dois estudos diferem em termos de nível sócioeconômico das famílias de origem, justifica-se realizar uma investigação que controle esta variável,

já que essa variável, cm oulros estudos, tem desempenhadu llm impurt~nte papel nus tipos de

julgamentos apresentados (e.g. Haidt. Kollere Dias, 1993). De fato, se o nível sóciocconômico dos sujeitos afeta o sistema de valores (Tamayo 1994), valores estes que, pur sua vez, podem orientar explícita ou implicitamente a conduta humana (Horrocks, 1976; Kluckholm, 1951; Rokcach, 1973;

Smith, 1963; Williams, 1968), é de se esperar, também, que o nívcl sócioeconômico afete, de

alguma form~, u tipo de juízo moral e, mais especificamente, as rcaçõcs aos transgressores e vítimas de injustiça. Julga-se nt:Çcssáriu csdarecer

essa questilo antes de sugerir interpretações das divergências dos estudo~ colocados acima. Alem do

mais, uma comparação entre tais estudos possibi­litaria uma melhor eompreensilo da controvertida hipótese piagetiana da existência de invariantes culturais na área do dcsenvolvimento moral. As duas questões que se colocam silo: as influências socio culturais e educacionais são capazes de facilitar (apressar) ou dificultar (desacelerar) a passagem da moral heterônoma para a moral autônoma? As influências socioculturais e educacionais silo eapa-

l.Iawi.IU.I.I.lguU.SiIJ

zes de detenninar sistemas dico-cognitivos dife­renciados, isto é, as relações especificas entre a

compreensão e a avaliação das normas sociais? Neste sentido, esta investigação propõe-se a

replicar o estudo de Alencar e colaboradores que, por sua vez, replicaram um dos experimentos de Miller e MacCann (1979). Visa investigar a reação de crianças recifenses a transgressores e vítimas de injustiças, controlando não somentc o tipo de série

(I' e 4'), o tipo de dano3 (material e fisico) e o tipo de ato (intencional e acidental), mas também o tipo de escola frequentada, supondo que esta reflete o nivel sóciocconômico da familia de origem. Vislo que nenhuma diferença foi observada cm termos de maldade e punição do transgressor, apenas a primeira dessas variáveis foi avaliada, além, naturalmente, do nível de recompensa, já que, confonnc os estudos citados anteriormcntc, esta variável foi a que apresentou o maior número de discrepâncias

No primeiro experimento foram entre­vistadas crianças de I' e 4' series de uma escola pública que, tendo entllo ouvido as histórias contadas pelo experimentador, eram convidadas a responder, voluntariamente, duas questões: uma sobre o grau de maldade do transgressor e outra sobre a recompensa a ser dada ii vítima. Nu segundo experimt:nto, foram entrevistadas crianças de I' e 4' série, de uma escola particular; no restante, o material e o procedimenlo furam idênticos ao primeiro experimento.

O tipo de escola freqüentada no Brasil bem conllgura elou delimita o l·tatus familiar sócio cultural dos cursantes, justificando-se tomar uma escola pública por representante du NSE baixo e uma escola particular por representante do NSE médio. Por outro lado. para fim de controle das idades das crianças (crianças mais novas e crianças mais velhas) as séries em enfoquc foram a I' e 4' series, já que no âmbito da escola pública niln se observa demarcação t1l0 definida como acontece na escola particular.

3. Vari:hel nllo atendida por Miller c MacCann (1979) t: Al~ncare cols. (1984)

Estudo 1

MiTOUU

Participaram da investigaç;Io 24 crianças, doze da I' série (5 meninos e 7 meninas; idade média

7anose6meses)edozcda4'série(6mcninose6

meninas; idade média 10 anos e 7 meses), de uma escola publica localizada em um setor 113bitado por uma população de s/atuI s6cioeconômico baixo e situada na região metropolitana do Recilc.

Material

Quatro históri~s. Duas dessas histórias envolviam um dano fisicoe as outras duas um dano

material. Tanto as duas histórias envolvendo um dano fisieo como as duas envolvendo um dano

material eram apresentadas em duas versões. uma tratando de transgressão aeidental e outra de lTansgressão intencional. Uma escala, decineopon.

tos, foi usada para a avaliação da maldade do transgressor. Uma pilha de cinco moedas dc um real

Procedimento

As crianças foram entrevistadas indivi­

dualmentc em uma sala da própria escola onde estudavam. Depois de ter estabelecido um "rapport "

com a criança, o entreviswdor (E) convidava-a a ouvir umasériedchistóriasatravésdasseguintcsinstruçõcs

"Go.\·turia que mcê oU~'isse qIUl/'O hixtó,im·. Depois

de ouvi-las. quero que vu.::e me diga o que você acha

que de~'eria ser feito sobre o que acon/eC/:u na

hi.!fória". Cada sujeito ouvia. então, as quatro histórias. Cada história era apresentada em duas

\"ersõcs, envolvendo uma transgressão intencional e uma transgressllo acidental. A primeira história

en\"olvia um dano fisicoeasegundahistÓria.um dano

malerial. A seqüêneia das histórias era mmlomi.rnda

para evitar o efeito da ordem. As histórias foram

HISTÓRlA I (Dano Fisico I Transgressão Intencional). Um grupo de meni/Jo~' estava jogando futebol. Quando foi a ve: de Guilherme chutar, ele decidiu bater com a bofa no rosto de um menino de qu/!m ele não gostava e que era do outro time. O menino J"t' maL'hucau e começou a chorar.

HiSTÓRiA 2 (Dano Físico I Transgressão Acidental). Um f(rupo de meninol' estava jogando fu/ebol. Quando foi a vez de Guilherme chutar, ele sem querer bateu com a bola na rosto de um menino que era do outro time. O menino se machucou e começou a chorar.

HISTÓRIA 3 (Dano Material I Transgressão Intencional). Pedro e BelO estavam pu;'seanda de bicicleta, um rodando com a bicicleta do Olllro. BelO viu uns cacos de vidro no chão e pôs a bicicleta por cima deles de tal forma que ele estourou, de propôs/to, os dois pneus da hicicleta de Pedro

HISTÓRIA 4 (Dano Matcrial/Transgressão Acidental). Pedro e Beto estovam passeando de bicicleta, um rodando com a biciclela do mitro. Beto passou, sem qUf"rer, pur cima de uns cacos de vidro que ele não tinha visto no chão e estourou os dois pneu.ç da bicicleta de Pedro.

Depois que () sujeito ouvia cada história, pedia-se para quc a repetisse, a fim de assegurara sua eompreensilo d~ mesma; se nllo repetisse o conteúdo básicocorrctamente, a história era relida. Aseguirfoi apresentada uma escala de cineo pontos para avaliaçllo da maldade do transgressor. As seguintes instruções roram utilizadas para avaliar tal aspecto:

"Agora veja: es/alinha e~·tá dil'idida em cinco purtes: ela é uma medida que vai de I a 5 pontos. Um é a medida menor e cinco é a medida maior. O número l significa "poll'luisúma maldade". 2 "pouco maldude ", 3 '"nem muita nem pouca maldade'. 4 "muitamaldade " e5 "wtalmentemal "

Perguntava-se a respeito da história I 'Se você tivesse que meclir a quantidade de maldade que

havia em Guilherme quando c/e mflchucou o outro

menino. que número ~vâi escolheria? "

Além da medida do grau de maldade do transgressor, utilizou-se também uma medida de reçompensa. Para tal. uma pilha de cinco moedas de RS 1,00 foi apresentada à criança através da seguinte instrução·

HI STÓRJA A: '"Eu e~·tava pensando em dar

ao outro garoto - aquele que se machucou com II

bola jogada por Guilherme - lllgum dinheiro extra.

Q/lamo (levo dar a ele: uma, duas. três. quatro ou

cinco moedos de R$ J,OO?··

O mesmo procedimento foi empregado para

cada uma das histórias que o sujeito ouvia. No final

dasessãoexpcrimental,pediu-seaosujeitoparanada

comentar com os seus colegas acerca do procedi­

mellloa que se submeteu.

RESULTADOS

Na Tabela 1 estão apresentadas as médias e

desvios-padrões das reações ao transgressor e à

vit ima de injustiça cm função da intenção do

transgressoredotipodedano,deacordocomidadel

sériedascrianças.Observa-.seelaramcntequeosatos

dc transgressão na condição intencional sãojulgados

A ... .,n.IU.I.I.liiuA.l.Sin

mais severamente do que os atas na condição

acidental. Observa-se também uma diferença mais

marcante entre as crianças de I' e 4' séries na

condição intencional doque na acidental. Em relação

aosatos intencionais, as crianças de 4'série sempre

julgam com maior severidade estes tipos de atas do

que as crianças de l ' série. Em relaçllo à com­

pensaçllomerecidapclavitima,asdiferençasentreos

atas intencionais e os acidentais são menos mar­

cantes. Além do mais. as crianças da I' série sempre

julgam que a vitima merece uma maior compensação

do que as de 4' sérico Enfim, é possivel observar

médias mais altas na compensação da vitima na

história envolvendo dano material do que naquela

que envolve dano fisico.

Para verificar estatisticamente as difcrcnças

acima observadas, os dados foram submetidos às

análiscsdevariãnciasdotipoSériel1dade(2: l' e4'

série), Tipo dc dano (2: tisico e material) e Tipo de

ato (2: intencional eacidental),considerandocomo

variáveis dependentes o nível de maldade do

transgressor e o nível de compensação merecida

pela vitima. Na Tabela 2 estllo apresentados os

resultados das duas análises de variância.

Tabela 1. Média e ± dcsvio-padrllo (DP) das reaçôes ao transgressor e ii vitIma de mjustiça em função da imcnção do transgressor e do tipo de dano de acordo coma idade/série das crianças de escola públiea,considcrando a VDnivelde maldade do transgressor (maldade) e o nível de compensação mereçida pela vítima (recompensa).

DUDfi$ÍCD DUltUllrial '" FU Sine Iltue •• AcI'IILlI III-*,I AtitI .. tJI li$Íct

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TIMI. 2. Análises de Variâncias (2 x 2 x 2: série, aio, dano) considerando como VD maldade e compensação para as crianças de e$Colapública.

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Constatou-se que o transgressor da condição

intencional foi ju lgado com uma severidade

significativamente maisaha (média 4.25) do que na

condição acidental [média 1.89; F(1,22) - 148.95;

p<.OOI]. Ao mesmo tempo, a compensação merecida

pela vítima foi julgada maior na condição intencional

(média 4.27) do que na condição acidental [média

3.65; F(1,22) - 5.56; p<.028]. Observa-se também

queotipode ato envolvendo dano material foi julgado

.. "UI 141tSi .111

0." 2.11 .o. .i1 .oH U5 2.41 .o.

." 1.11

... .1.

133.11 141.IS .133

UI 5.14

.11 .Tli

.11 .11 .In

.11

1.ll

1514.11 1It.ll .1.

U I 2.11 .o. l.1!

1.11 '.14 "' I.' ."' Ui

l.lI I." "' ,II ." .. lU

• , .. .H , ..

1.12

merecedor de uma maior compensaç1lo por pW1C da

vitima (média 4. 18) do que o tipo de ato envoh 'endo

dano fisico [média 3.72; F(1.22) - 4.74;p<.041].

O único efeito interativo que ocorreu foi entre

série e tipo de ato, considerando a variável dependente

nivel de maldade do transgressor [F(1,22) - 5.14;

1'<.033; Figura I]. Análise a posteriori das diferenças

cntrc as médias, através do teste de Tukey, indicou

haver uma compensação maior da vitima na condiç1lo

r:=.": Uouri, lU. I. I. Din. H,SiR

estudo de Alencar c coI5.(1984), ncm no estudo de

Miller e Maceann (1979). Estes últimos autores encontraram uma diferença no mesmo sentido ao ser julgado o nivel de maldade do transgressor.

Apesar das diferenças observadas entre os resultados dos estudos de Miller e MacCann (1979) c dcAlcncarccols.(1984),edasdifcrençasentreesses dois estudos c os resultados aqui apresentados, em seu conjunto, todos estes resultados indicam, de

fonna clara, que crianças a partir de sete anos de idade são capazes de considerar a intenção do transgressor ao avaliar o seu ato. Embora de forma

menos acentuada, estes estudos apontam também que as crianças consideram relevante no seu

Figura I.Médiadcavaliaçõcsdamaldadedolransgrcsm. julgamento a intenção do transgressor (intencional

imencional tanto nas crianças dc la como de 43 série

(p< .OI). Nenhuma diferença significativa foi

observada entre crianças de la e 43 série tanto na

condição intencional como na condição acidental.

DlSCUSSAo

Esses resultados coincidcm com os de Alencar ecols.(1984) somente no que se refere às diferenças

entreosdoistiposdeatoquandosemedeamaldadedo transgressor. Em relação a esta última variável

dependente, foi também a intcração Série x Tipo de ato que apontou para uma tcndência em julgar com

maior severidade atos imencionais à mcdidaquea

criança toma-se mais adulta, e a tendência oposta

quando o ato é acidental. Esta interação não foi observada nem no estudo de Alencar e colaboradores, nem no estudo de Miller e MacCann (1979). Considerando a variàvel dependente recompensa,

também-se observou, como no estudo de Miller e MacCann, uma diferença entre os dois tipos de atos

Outra importante diferença em relação aos dois estudos acima citados, refere-se ã diferença

encontrada entre os dois tipos de Instórias. A história envolvendo um tipo de dano material foi julgada

como merecendo um tipo de recompensa m:.ior do que a história envolvendo um tipo de dano fisico. Também esta diferença não foi encontrada nem no

ou acidental),para recompensara vitima do dano.

Assim, é possivel afinnar que a reação da criança a

uma vitima de injustiça é realmente afetada pela

naturez.adaaçloquelevaaumnivelde sofrimento vivificado por parte da vitima.

Estudo 2

Apesar das similaridades encontradas no Estudo I com os estudos de Miller c MacCann (1979) e de Alencar e cols.(1984), foi encontrada também uma série de diferenças. Uma importante variável que caracteril.ll esteseSludos é oNSEdossl.ljeitos,ql.le,no C3SO do Nordeste do Brasil, tem correspondência com o tipo de escola freqüentada pelos alunos. Nesse

sentido, postula-se que o nível s6cioeconÔlllico das pessoas areta o seu sistema de \·alores (Tamayo, 1994), que, por sua vez, pode orientar explícita ou implicitamente sua conduta (Horrocks, 1976; Kluckholm, 1951; Rokeach, 1973; Smith, 1963;

Williams, 1968). Desse modo, seria de espe rarque as classes sociais mais baixascnfatb:assem os valores s6cioeconômicos culturais mais prementes de seu cotidiano. Neste caso as crianças investigadas lTeqOentavam uma escola pública, cujos alunos eram oriundos de farni1ia~ de um NSE baixo. No estudo de Alencar c colaboradores., as cnanças freqOentavam também uma escola pública, mas "localizada em um setor habitado por uma população de l"talUS

sócioeconômico médio do Distrito Federal". Portanto,

a amostra de Alencar e cols nilo pode ser equiparada à

nossa por causa da diferença do tipo de escola

freqücntada. Por último, preswnimos que a amostra investigada por M iller e MacCann seja de uma escola pública no Canadá (os autores nào fornecem este tipo de informação). Inúmeros estudos na área cognitiva tém mostrado que ~rianças atendidas cm escolas públicas de pa ises do "primeiro" mundo são facihnente comparáveis com crianças atendidas em

eseolas paniclllares de países do "terceiro" mundo, como é o caso do Brasil (e.g. , Roazzi, 1988). Consi­derando as diferenças entre as amostras ac ima

apontadas, antes de tirar conclusões definitivas, julga-se importante replicar o estudo em uma amostra de crianças de escola particular, cujoo alunos silo

oriundos de familias de NSE médio

Mate~al e procedimento

Idêntico ao apresentado no Estudo I .

RESUlTADOS

Na Tabela 3 estàoapresentadas as médiaseos

dcsvios-padrõcsdasreaçõcsaotransgressoreàvitima

de injustiça, em função da intençllo do lransgressore

dotipodedanodeacordoeomidadclsériedaserianças

de escola partieular. Como visto, para as crianças dc escola pública,

observa-semuitoclaramcntequeosatosdctransgrcssão

na condição intencional são julgados mais severamente

do que os atos na condição acidental. Observa-se

também wna diferença mais marcante enlrC as crianças de I' e 4' série na condição intencional do que na

METOOO acidental. Em relação aos atos intencionais, as crianças de 4' série sempre julgam com maior severidade esses

Participantes tipos de atos do que as crianças de l'série. Em rclação à compensação merecida pela

Participaram da investigação 24 crianças, vítima, as diferenças entre os atos intencionais são

doze da I" série (5 meninos e 7 meninas; idade média muito menos acentuadas. Além do mais, ao contrário

6.4) e doze da 4' série (8 meninos e 4 meninas; idade das erian\4s de escola particular, as crianças da \' série média 9.5), de uma escola particular localizada em julgam que a vítima merece uma menor compensação

um bairro habitado por uma população de NSE doqucasde4'série, com exccçilo da condição acidcn-médio, situada na região metropolitana do Recife tal com dano material

TI~la J. Média ± dcsvio-padrlio (DP) das rcaçôc:s ao lransgressor c à vít ima de injustiça cm fWlçlo da intenção do transgressor c do tipo de dano de aeordo com idadclsérie das crianças de /!Scola parficular coru;iderando a VO nível de maldade do transgressor (maldade) e o nível de compensaçao merecida pela vitima (r"compen~a)

Dauffsitt Uaao.ateriaJ Une

3.13 1.It 1.13 I. 3.11 '" 1.13

'" UI " 1.11

,,,' 111 UI 1.1! UI 1.11 1.IJ

RlC"PIIU

4.l1 3.11 '" 4.25 t.II U3 l. UO .. ,I 4.54 1.1/ U3

I ~ A - Imcnci<>ol~ Acidcmal; f + M

". 2.13

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1.11 3.1

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1.1

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3.IJ

4.12

4.14

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Hl

F+M ., lII"ia

1.13

1.15

1.19

4. ]1

1.1

4.15

UnuiM.U.I.liu.A.I.SiIn

Para verificar estatisticamente as diferenças Constata-se que o transgressor da condição

acima observadas, os dados foram submetidos a intencional foi julgado com uma severidade análises de variâncias tipo Série/ldade (2: I" e 4" signifieativamente mais alta (média 4.24) do que na série), Tipo de dano (2: tisico e material) e Tipo de condição acidental [média 1.89; F(I,22) - 55.32; ato (2: intencional e acidental), considerando como p<.OOI]. Ao contrário do que foi observado para as variáveis dependentes o nível de maldade do crianças de escola pública, a compensação merecida

transgressor e o nível de compensação merecida pela pela vítima nllo foi significativamente maior na

vitima. Na Tabela 4 estão apresentados os resultados condição intencional (média 4.43) do que na das duas análises de variância. condição acidental [média 4.16; F(I,22) = 2.00;

Tabeta 4. Análises de Variâncias (2 x 2 x 2: série. ato. dano) considerando como VD maldade e compensação par .. as crianças de escola panicular

FiaI. SO "' MJlUit

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p-n.s.J. Qbscr-ou-se também que o grau de maldade

atribuído ao \r.lnSgressor variou slgIllficatlvamente

segundo a série das crianças, isto~, as crianças mais

novas, de I' sêne, o Julgaram menos se\iel1lJl1ente

(médi.2.85)doqueasmaisvelhM,de4'sénelmcdia

3.28;F(I,22)-11.05;p-.OO3]

DlSCUSSÃD

o que seobscr-a em comum entre os Estudos

1 e 2, neste artigo, e os estudos de MIller e Maceann

(1979)e de Alencarecols.(1984) éojulgamentodo

transgressor de fonna mais severa na condição

intencional do que na condição aCidentaI. Esses

resultados apontam no mesma direçAo de uma série

de outros estudos encontrados na literatura (e.g.,

Annsby, 1971; l3erg-Cross, 1975; Keasey, 1977;

Gruen. Doherty e Cohen, 1979; Feldman, Klosson,

Parsoos, Rholes e Ruble, 1976; Nelson, 1980;

Rybash c Kmin, 1978) sugerindo que as crianças

consideram a intencionalidade do ato em seus

Julgamentos cm um perlodo anterior IIquele que hll

maia tempo era ressaltado. Discute assim, a

tendênCIa descrita por Pt.get (193211965) de que a

criança, iii medida que se desen ... olve, ê capaz de

considerar com mais assiduidade a intençAo do

transgressor do que as conseqUências do aiO,

julgando as açõc5 com base na r<'sponsabilidade

subjetiva, isto é, com base n0(5) moti ... o(s) que

orienlou(-aram) a transgress~o, supernndo, dessa

forma. o estágio do obJcÜ ... ismo moral ou realismo

moral.

Esta similaridade entre os eSludos realizados com grupos de crianças tão heterogêneos possivel­

mente reflete, como anolado por Alencar e cols.

(1984, p.29), alguns valores enfatizados, tanto na

famllio como na escola durante o processo desocia­

linçlio da criança, e queparecenl ser semelhantes

em difcrentes eontell.tos culturais investigados. É pro ... lIvel que, independente do NSE correspon·

dente, exista uma tendência em avaliar os atosda

criança a partir do nível motivacional da mesma

(inlencional versus acidental). Os pais, os profes·

son~s e toda a scrie de agentes socializadores da

criança (Boehm, 1957), lnelusive05 v'nos6rg1os

de infonnaçllo e mais especificamente. televislo

(Peterson, Pelet'SOn e Seeto, 1983), levanam em

conta, em seus julgamentos e no n'vel de inten­

sidade da repreensllo. o rato de o aio ter sido

realizado intencionalmente ou nllo. O fato desses agenles socializadores considerarem a varillvel

inlencionalidadetenderiaaserprontamenteperce-­

bido desde pequena por parte da criança que, dessa

forma, assimilaria os mesmos critérios de julga-

Nilo obstante as similaridades aelma des­

critas enlIe os vll.rios estudos analisados, várias

diferenças foram lambêm observadas especial­

meote entre o grupo de crianças de escola publica e

particular.

Antcs de tudo,observou·se que as crianças de

escola publica julgaram a vitima de danos materiais

mais merecedora de recompensa (4.18) do que a de

danos flsicos (].72), ao contrário das crianças de

escola particular. Essa difet"CT1ça nlo foi observada no estudo de Alencar e coI5.(1984). Por outro lado,

no eSludo de MIller c MacCann (1979), uma dife­

rença na mesma direçlo foi encontrada entre 05 dois

tipos de histórias (tipo de danos) em termos de

maldade do transgressor e nlio em termos de

recompensa da .. itima. Ou stJa, o trans&f"CSSOT da história envol\iendo dano material (3.07) foi Julgado

com uma severidade sigmficativamente mais alta do

que o transgressor da história en\iolvendo danos

fisicos(2.75).

Este quadro dIvergente entre os diferentes

estudos precisa scr investigado no fUluro com mats

cuidado. Além do maIS, visto que a diferença em

nossocstudo foi encol1trada SOllltnte nas erianças de

escola publica, é possfvcl que este grupo de crianças

julgue merecedores de uma menor recompensa

danos de tipo fisieo do que danos de tipo material.

Nas crianças de escola particular ambos os tipo~ de

danos foram julgados de fonna similar (fisico 4.]5

"'5. material 4.24). Ponanto, é preciso que, nas futuras investigações, se dê maior atençlo a esle llpo de

varill.vel, especialmente em eomparaçOes trans-

A.RUZlUI.G.llliiSlA.I.Sil"

culturais. E interessante observar que essas dife- sido acidental, mas não 110S exime da necessidade de

renças o entre dano tisico c o dano material, earac- compensar o dono do outro carro terizando as histórias A e B, respectivamente, não Em terceiro lugar, confinnou-se, no grupo de foram exploradas no estudo de Miller e MacCann crianças de escola particular, que as crianças mais (1979). Nesse sentido, sugere-se que outros tipos de velhas consideraram o transgn:ssur com maior danos sejam avaliados como, por excmplo, os scveridade que as mais novas. Apesar desta psicológicos. ~unrlITIlaçil.o em nosso estudo envolvendo crianças

Em segundo lugar, apcsarde o transgressor de escola particular, este fenômeno nllo foi intencional ter sido julgado com maior severidade observado no estudo de Alencar e cols. (1984). Estes

que o acidental, em ambos os grupos de crianças, últimos autores encontraram exatamente o oposto observou-se que as crianças julgaram os atos considerando o nível de recompensa da vítima intencionais como merecedores de uma maior (crianças mais novas julgando a vitima mais recompensa que as acidentais somente para o grupo merecedora de recompensa que as mais velhas). de crianças de escola pública (e nllo de escola Dado que a extenslloda faiJla etária neste estudo era particular). Enquanto Alencar e coI5.(1984) não menor do que no estudo de Alencar c colaboradores, encontraram esta diferença, a mesma foi observada e possivel sugerir-se que esta tendência ocorra com no estudo de Miller e MacCann (1979). Alencar e mais facilidade em crianças de escula p~rticul~r (a colaboradores, ao discutircm estas diferenças entre variável que diferenciava a presente amostra do

os resultados, levantam a possibilidade de o tipo de estudo de Alencar e colaboradores). Por outro lado, dano sofrido pela vítima ter sido relativamente leve, estc fenômeno tem sido sugerido por Miller e

ou o tipo de recompensa utilizada (o dinheiro) ser MacCann (1979) quando afirmam, com base em uma fonna adcquada de compensação. Dado quc no investigações sohre o comportamento pró-social, presente estudo as histórias eram idênticas, cstcs q~c a disposição da criança para responder às questionamentos não procedem e levam a acreditar exigências e às necessidades dos outros deveria que as diferenças possam estar relacionadas a ampliar-se com a idad~.

experiencia s6cioculturaldas crianças. Enquamoas Ao consideraras difcrcnças cncontradas entre crianças de escola pública mostraram uma maior criançasdeescolapúblicaeparticulareaoconsiderar

preocupação em recompensar a vitima de um ato que estas duas amostras pertencem a estratos intencional (4.27) do que a de um ato acidental sócioeconômicos diferentes, pode-se levantar a (3.65), as crianças de escola particular nilo apre- hipótese de que tais discrepâncias sc devam a fatores sentaram esta diferença e tenderam a recompensar da relativosãclassesocialeãexperiênciasociocultural mesma forma tanto a vílima de aIOS intcncionais c educacional diferenciada que as caracteriza. (4.43) como a vítima de atos acidentais (4.16). As Diferenças nllo somente em termos da classe social crianças de escola particular, desta forma, respon- de origem (e.g., Boehm e Nass, 1962; Kohn, 1969; deram de acordo com a norma-padrão vigente em Roaui e Dias, 1992), da cultura (e.g., Fonseca, 1987;

nossa sociedade, a qual nomom~ntodejulgaronível Panier BagaI, 1985) como também do estilo de maldade do transgressor considera a inten- educacional (c.g., McKinlcy, 1964; Panicr Bagat, cionalidade do sujeito mas, ao mesmo tempo, no 1977,1991) nào sào novidades na literatura, apon-momento de recompensar as vítimas de ato tando para a necessidade de ulteriores aprofun-acidentais não considera a intencionalidade das damentos. pessoas. Por exemplo, o fato de bater sem querer no Concluindo, o principal objetivo do presente carro de OUlra pessoa nos exime de eventuais estudo foi investigar o julgamento feito por crianças responsabilidades morais pelo fato de a batida ter de diferentes níveis s6ciocconômicos de transgres-

sores e vitimas de injustiças. visando mdagar as

divergências e o grau de generalizaçlo dos resultados

encontrado nos estudos realizados por MIller e

MaeCann ( 1919), com uma amostra canadense, e

Alencar e cols. (1984), com uma amostra brasileIra.

Observou-se que os resultados encontrados, com

uma amostra de crianças brasileu as de escola pública

e particular. foram. só em parte. parecidos com

aqueles encontnldos nos estudos origmals. Dessa forma. tanto as crianças canadenses como as crianças

brasIleIras julgaram o transgressor da condição

Intencional com maior severidade que o da condiçAo

acidental. Entrctanto. no presente estudo. foi encon­

tradllliuma série de discrepáncias com 05 estudos de

Millcre MacCann (1919) e Alencar c cols.(1984)

relativas ao tipo de dano tisico e material, ao tipo dc

recompensa de atos intencionais e acidentais, e ao

nlvel de severidade emjulgar o ato transgressor em

funÇlO da idade. Tais discrepâncias nos resuhados

dos estudos analisados sugerem a n«essidade de

continuar com replicaçõcs com grupos sociais

diferentes, como no presente estudo. le\ando em

cont. um maior controle das histórias apresentadas,

em te""os. tanto do tipo de dano envolvido (tisico.

material, psicológico etc.), como do nlvel do dano

(pequeno e grande) e do nlvel de sali~ncia da

intencionalidade do transgressor Enfim, como

sugerido por Alencar e colaboradores. visto que em

nossa sociedade existe a tendência a preocupar-se

mais em punir o tnms· gressordo que cm compensar

as vitimas de injustiça, seria também de extrema

Importlncia que fosse também comparado. mais

diretamente, o nível de gnlvidade da transgresslo

com o n["el de recompensa a serofcn .. 'Cida' vítima, visando explorar qual destes dois aspectos ê mais

valorizadoevolutlVamente na criança.

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Recebido em: 301/0/99 Aceiroem:09/0410J