O linho
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Introdução
A fibra do linho
pode ser
classificada como
sendo uma fibra
natural, de origem
vegetal, obtida a
partir do caule das
plantas da família
das Lináceas –
Linum
usitatissimum L.
Origem
Primeiro grupo de plantas
cultivadas pelo homem
Origem no Médio Oriente
Vestígios com 9000 anos na
Síria do Linum bienne Miller
Vestígios com 8000 anos na
Síria do Linum usitassimum L.
Registos da cultura do linho
pelos egípcios, hebreus,
gregos e romanos
O Linho na Península Ibérica
Registos com 4500 anos em Almeria,
Espanha.
Em Portugal o primeiro indício surge no
neolítico com a descoberta de cossoiros ou
fusaiolas em castros pré romanos.
Enorme expansão na Idade Média.
Meados do séc. XIX tem um declínio
com a introdução do algodão.
No final do séc. XIX com a intervenção do
governo deu-se um aumento na produção
Importância Económica
Em 1871 eram dedicados à cultura do
linho 25000 ha(Perry, 1875)
Em 1940 restavam apena 1670 há
(Graça, 1943, Matos Sequeira, 1950)
Graça (1943) refere que o linho era
uma cultura com importância
económica em 66 das 110 freguesias
de Vila Real, e que em 1943 existiam
ainda 1049 teares em funcionamento
(9% do total do país).
Atualmente não existem variedades delinho no Catálogo Nacional deVariedades. No passado eramconhecidas as seguintes variedades delinho (Oliveira, 1978):◦ Mourisco ou temporão
◦ Galego ou serôdio
◦ Riga verdadeiro
◦ Real melhorado russo
◦ Riga Primavera
◦ Coimbrão
Hoje o cultivo do linhoem Portugal destina-se sobretudo ao artesanato
Classificação
Reino: Plantae
Classe: Rosidae
Ordem: Linales
Família: Linaceae
Género: Linum (cerca de 100 espécies)
Espécie: Linum usitassimum L.,1753
Morfologia Planta anual, erecta e glabra
Geralmente unicaule verde-acinzentado de 0,75-1,2 m de altura
Folhas sésseis, alternas, linear-anceoladas, achatadas, glaucas ecom 3 nervuras.
Raíz aprumada, poucodesenvolvida.
Inflorescência cimeira
Flores hermafroditas e pentâmeras(5 sépalas inteiras ovada-oblongas,5 pétalas azuis, brancas, lilases ourosa pálido, 5 estames e 5 carpelos).
Fecundação autogâmica.
Frutos, cápsulas com 5 lóculosglobosos ovoides, deiscentes namaturação.
Sementes amareladas, castanhasclaras ou escuras, lisas, brilhantes eoblongas.
A viabilidade da semente podechegar aos 17 anos(Hanson,1990) .
O peso de 1000 sementes varia
Planta e peças anatómicas de
Linum usitatissimum - Köhler–s
Medizinal-Pflanzen-088
Morfologia Interna
O caule tem um diâmetro quevaria entre 1 e 3 mm, contém15 a 40 feixes formados porum conjunto de 12 a 40 fibras.Cada fibra resulta do depósitode camadas sucessivas decelulose contra as paredes deuma célula inicial, processoque conduz aodesaparecimento do seucitoplasma e morte da célula,ficando um espaço vazio, olúmen.
Fibras do
floema do
caule de
Linnum sp -
teste com
lugol. Foto
de Menezes,
N. L.
Exigências Ambientais
Solo
◦ Solo profundo com boa reserva de água,
não argiloso
◦ Rico em matéria orgânica
◦ Sem excesso de cálcio
◦ pH óptimo entre os 5-7
◦ O linho é exigente em zinco
◦ Os linhos para produção de óleo
adaptam-se melhor a solos arenosos
Luz e temperatura
◦ Planta C3 e de dias longos
◦ Mínimo de germinação –> 5ºC
◦ Óptimo de germinação –> 28ºC
◦ Temperatura crítica na floração -> -2ºC
Água
◦ Cultura muito exigente em água.
◦ São necessários 783 Kg de água para a
produção de 1 Kg de matéria seca de
linho(Hanson,1990).
◦ O linho têxtil tem maiores produções em
climas temperados húmidos.
◦ O linho grão tem maior sensibilidade à
falta de água no período que rodeia a
floração, pode perder-se 30% da
produção.
Variedades Variedade oleaginosa ou Linho de Inverno
◦ Porte mais rasteiro
◦ Caule curto (<60 cm)
◦ Muito ramificado
◦ Fase vegetativa mais demorada
◦ Necessidades moderadas em temperaturas vernalizantes
◦ Resistência ao frio
◦ Sementes maiores que a variedade têxtil (8 g/1000 sementes)
Variedade Têxtil ou Linho de Primavera◦ Porte mais erecto
◦ Caule longo (>60 cm)
◦ Pouco ou não ramificado e apenas no topo
◦ Não necessitam de vernalização
◦ Sensíveis ao frio
◦ Sementes de dimensão reduzida (4-6 g/1000 sementes)
Produtividade
O melhoramento da cultura visa
sobretudo resistência a doenças, à
acama e ao frio, bem como ao
aumento da produtividade e
qualidade.
A qualidade da semente parece estar
associada a sementes de cor amarela
e de menor dimensão, embora as
maiores tenham mais óleo.
Fatores Condicionantes da
Cultura Concorrência de outras fibras.
Exigência em termos de solos e clima
ideais.
A tecnologia do seu processamento é
de difícil mecanização, trabalhosa e
aprendizagem demorada.
Fatores Favoráveis à Cultura
A EU estabelece ajudas à produção e armazenamento.
Única fibra produzida na Europa Ocidental e utilizada em misturas com algodão e lã
O grão é rico em óleo e origina um bagaço de excelente qualidade (35-40% proteínas) para os animais.
Cultura de ciclo curto. A palha tem várias utilizações. Um ha de linho pode produzir mais que
o algodão.
Produção
A produção do linho grão pode ultrapassar as 3 t/ha e o linho têxtil as 7 t/ha.
A produtividade não atinge as 2 t/ha e as 3 t/ha.
1 t de palha pode originar 160 kg de tomento e 100 kg de estopa (Dupeux,1982).
O processamento da palha origina 13% de fibras longas (panos, fios), 16% de fibras curtas (estopa usada em oleados, serapilheiras), 40% de “shive” (rolhas), 13% sementes e 18% resíduos vários.
As Fases do Linho
Maçagem
Sementes
Dobage
m
Branqueamen
to
FiaçãoEspadelage
m
SecagemMaceraçã
o
Arrinca
Tear
Sementei
raSecagem
Assedagem
Lenho
Cascas
Ripanço
Preparação do Solo
Estrumar com antecedência e comestrume bem curtido
Mobilizar(grades) repetidamente demodo a obter uma cama de sementesfina, sem vazios e sem grandes torrõesà superfície
Operar rapidamente de modo a evitar asecagem do perfil
Triturar e distribuir de modo uniformepelo perfil os resíduos(restolho) deculturas anteriores.
Fertilização
O azoto favorece o crescimento desordenadodas fibras e com lúmen maior, aumenta aramificação da planta, facilita a produção degrão mas também a acama ( Moule, 1972)
A aplicação de fertilizantes potássicos podemprecaver excessos de adubação azotada alémde favorecer a qualidade da fibra
O fósforo aumenta o número de fibras por feixe,favorece a regularidade do diâmetro das fibras,o teor em óleo das sementes e a precocidade
O excesso de cálcio reduz a riqueza em fibras eprejudica o crescimento das plântulas
A calagem pode originar carências de zinco quelevam à diminuição de produção de fibras, asplantas apresentam entrenós curtos eramificações na base
SementeiraA época mais favorável à sua sementeira é a de meados de Abril
Temperatura considerada mínima para a germinação 4ºC
A temperatura do solo para a sementeira deve ser de 7ºC
No linho têxtil a densidade deve ser de 2000 a 2500 plantas/m2
No linho oleaginoso a densidade deve ser de 500 a 1000 plantas /m2
O risco da acama aumenta a partir das 1800plantas/m2
Quanto maior dor a densidade maior será a qualidade
A profundidade de sementeira não deve ultrapassar2 a 4 cm (Cardwell,1984)
Com semeadores de precisão deve usar-se
Arrinca
A sua colheita énormalmente emJunho, por arranquepela raiz da planta,quando estaapresentar coramarela em trêsquartos, incluindo ascápsulas, e as folhasdo terço inferior teremjá caído. Após oarranque é posto asecar (fenação) atéapresentar a cápsulabem seca.
Ripanço
Depois da cápsula
bem seca é ripado
no ripanço para
separar as
cápsulas que
libertarão as
sementes
Maceração
A maceração pode ser feitaem água, a seco e porprocessos enzimáticos. Amaceração em água,anaeróbia, consiste ememergir os feixes 9 a 10 dias.Nesta fase dá-se a curtimentapor fermentação bacterianaque visa libertar as fibras doselementos lenhosos e docimento (pectose) que osune. Na maceração em terra,aeróbica, a palha é estendidaem camadas e sob fatoresclimatéricos sofre adecomposição por fungos. Naausência de orvalho ou chuvadeve regar-se. Este processorequer 30 a 40 dias.
O processo industrial usa enzimas ou vapor que substituem a ação dos microrganismos
Maçagem
Após a secagemmaça-se nomaçadouro.
A operação tambémpode consistir emtriturar a partelenhosa do linho,pela passagem doscaules entre rolos.Podem ser utilizadosengenhos comtração animal ouhidráulicos.
Engenho de linho de tração
hidráulica
Espadelagem
O linho é aquecido
aos molhos em
fornos similares
aos do pão, sendo
de seguida
espadelado
obtendo-se assim
a separação
completa do
material lenhoso
das fibras de linho
Espadeladouros e
Assedagem
É necessárioassedá-lo, noassedeiro. Separam-se as fibras deacordo com o seucomprimento, asfibras longaschamadas linhoassedado (maisnobre) e as fibrascurtas denominadasestopa assedada(mais grosseiras).Daqui resultam asestrigas.
Fiação
O fio é obtido puxandouma mecha de fibras domanelo, retorcendo-asentre o polegar e oindicador, enrolando estefio no fuso e fazendo-orodar. Estas fibras aosaírem do manelo da rocapuxam outras dandoassim continuidade àformação do fio.
Dos fios de linho obtidosnas maçarocas formam-se as meadas no sarilho
Feitura das
Branqueamento
As meadas sãosubmetidas a complexosprocessos debranqueamento em queos fios são levados àfervura, cozidos emgrandes potes depoisdas meadas terem sidoempapadas numa caldade água e cinza,deixadas arrefecer elavadas. Depois sãocolocadas a corar ao soldurante 15 dias,intercaladas comlavagens com água esabão.
Dobagem
Depois de seca a
meada é convertida
em novelos a fim de
facilitar a sua
utilização nos
teares, utilizando-se
para o efeito uma
dobadoura
Tear
Com os novelos urde-sea teia, na urdideira.Cada fio no seu dente.Instalar a teia no tear.Encheras canelas no caneleiro.As canelas sãosucessivamentealojadas na lançadeira,espécie de naveta quetransporta o fio, para umlado e outro, na teia.A perdizela é umpequeno eixo, dentro dalançadeira, que segura a
canela.Depois é só tecer,recolher as varas, epreparar o bragal.
Linhaça
As sementes foram consideradas
muito tempo como um subproduto do
linho, cultivado essencialmente para a
produção de tecidos.
A semente contém 32 a 44% de óleo
rico em ácidos gordos não saturados
Óleo de linhaçaO óleo de linho constitui 40% da biomassa da semente. Dele fazem parte:
Ácido oleico(13-36%)
Ácido linoleico(10-25%)
Ácido linolénico(30-60%)
Ácido palmítico(6-16%)
Indicado para o uso de pinturas por formar uma espécie de película protetora. O óleo de linho é indicado para o uso de pinturas por formar uma espécie de película protetora, é usado como aditivo de tintas, vernizes, lacas e na produção de linóleo, mas também em tintas de impressão, impermeabilizantes e para produção de sabões. Recentemente o óleo do linho tem sido utilizado no tratamento de betão armado usado em pavimentação.
Controlo
Rotações longas (mais de 3 anos)
Uso de sementes certificadas
Desinfeção de sementes (fungicidas)
Uso de cultivares resistentes
Países Produtores
Argentina
Austria Belgium-Luxembour
gBulgaria
Chile
China, mainland
Belarus
Egypt
Estonia
France
Croatia
Italy
Latvia
Lithuania
Netherlands
Czech Republic
Poland
Romania
Russian Federation
Slovakia
Spain
China, Taiwan
Turkey
United Kingdom
Ukraine
Belgium
China
Produção mundial do linho
Austria1%
Belgium-Luxembour
g4%
Bulgaria0%
Belarus15%
Estonia0%
France25%
Croatia0%
Italy0%
Latvia0%
Lithuania1%
Netherlands8%
Czech Republic
5%
Poland1%
Romania0%
Russian Federation
16%
Slovakia0%
Spain6%
Turkey0%
United Kingdom
7%
Ukraine5%
Belgium5%
Produção europeia do linho
Gráficos realizados a partir dos
dados disponibilizados pela FAO
Aplicações
Indústria vestuário
Indústria automóvel
Indústria mobiliário
Indústria desporto
Indústria cosmética
Indústria alimentação
Conclusão
O linho é o tecido mais ecológico que existe.Pesquisas comprovam que é 7 vezes maisecológico que o algodão. É necessário muitopouco fertilizante químico no seu cultivo.Praticamente todos os seus componentessão utilizados, desde a palha que envolve afibra (serragem) até à semente (alimentação,cosméticos). O cultivo é renovável nãoesgotando os solos. A procura crescente defibras naturais anuncia um futuro risonhopara a produção das fibras de linho. Quandotanto se fala em sustentabilidade há quereforçar a necessidade de aplicação emmateriais recicláveis.
Sites Consultados
http://dc250.4shared.com/doc/w1yx9fgE/preview.html
http://dc238.4shared.com/doc/fFi27V12/preview.html
http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Linum_usitatissimum_-_K%C3%B6hler%E2%80%93s_Medizinal-Pflanzen-088.jpg
http://www.uc.pt/fluc/iarq/pdfs/Pdfs_FE/FE_93_2012
http://faostat3.fao.org/browse/Q/QC/E
http://www1.agric.gov.ab.ca/$department/deptdocs.nsf/all/prm7704
http://www.flaxcouncil.ca/english/index.jsp?p=growing7&mp=growing
VideosPétalas que caem rapidamente https://vimeo.com/31782057
Arrinca e maceração https://www.youtube.com/watch?v=wDO2ah_Ke-M
Assedagem https://vimeo.com/31329976
Fiação https://vimeo.com/79316418
O linho em França https://vimeo.com/18044043
Óleo Sementes https://vimeo.com/43691016
Industrialização do linho https://vimeo.com/31776118
Publicidade ténis https://vimeo.com/9176665
Vídeos incluídos: http://www.matrizpci.dgpc.pt/MatrizPCI.Web/Inventario/Imateriais/ImateriaisConsultar.aspx?IdReg=280&EntSep=5#gotoPosition
ESAV, 10 Novembro 2014