O linho

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O LINHO Culturas Arvenses Manuela Alves 2733 Docente: Helena Correia

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O LINHO

Culturas Arvenses

Manuela Alves 2733

Docente: Helena

Correia

Introdução

A fibra do linho

pode ser

classificada como

sendo uma fibra

natural, de origem

vegetal, obtida a

partir do caule das

plantas da família

das Lináceas –

Linum

usitatissimum L.

Origem

Primeiro grupo de plantas

cultivadas pelo homem

Origem no Médio Oriente

Vestígios com 9000 anos na

Síria do Linum bienne Miller

Vestígios com 8000 anos na

Síria do Linum usitassimum L.

Registos da cultura do linho

pelos egípcios, hebreus,

gregos e romanos

O Linho na Península Ibérica

Registos com 4500 anos em Almeria,

Espanha.

Em Portugal o primeiro indício surge no

neolítico com a descoberta de cossoiros ou

fusaiolas em castros pré romanos.

Enorme expansão na Idade Média.

Meados do séc. XIX tem um declínio

com a introdução do algodão.

No final do séc. XIX com a intervenção do

governo deu-se um aumento na produção

Importância Económica

Em 1871 eram dedicados à cultura do

linho 25000 ha(Perry, 1875)

Em 1940 restavam apena 1670 há

(Graça, 1943, Matos Sequeira, 1950)

Graça (1943) refere que o linho era

uma cultura com importância

económica em 66 das 110 freguesias

de Vila Real, e que em 1943 existiam

ainda 1049 teares em funcionamento

(9% do total do país).

Atualmente não existem variedades delinho no Catálogo Nacional deVariedades. No passado eramconhecidas as seguintes variedades delinho (Oliveira, 1978):◦ Mourisco ou temporão

◦ Galego ou serôdio

◦ Riga verdadeiro

◦ Real melhorado russo

◦ Riga Primavera

◦ Coimbrão

Hoje o cultivo do linhoem Portugal destina-se sobretudo ao artesanato

Classificação

Reino: Plantae

Classe: Rosidae

Ordem: Linales

Família: Linaceae

Género: Linum (cerca de 100 espécies)

Espécie: Linum usitassimum L.,1753

Morfologia Planta anual, erecta e glabra

Geralmente unicaule verde-acinzentado de 0,75-1,2 m de altura

Folhas sésseis, alternas, linear-anceoladas, achatadas, glaucas ecom 3 nervuras.

Raíz aprumada, poucodesenvolvida.

Inflorescência cimeira

Flores hermafroditas e pentâmeras(5 sépalas inteiras ovada-oblongas,5 pétalas azuis, brancas, lilases ourosa pálido, 5 estames e 5 carpelos).

Fecundação autogâmica.

Frutos, cápsulas com 5 lóculosglobosos ovoides, deiscentes namaturação.

Sementes amareladas, castanhasclaras ou escuras, lisas, brilhantes eoblongas.

A viabilidade da semente podechegar aos 17 anos(Hanson,1990) .

O peso de 1000 sementes varia

Planta e peças anatómicas de

Linum usitatissimum - Köhler–s

Medizinal-Pflanzen-088

Morfologia Interna

O caule tem um diâmetro quevaria entre 1 e 3 mm, contém15 a 40 feixes formados porum conjunto de 12 a 40 fibras.Cada fibra resulta do depósitode camadas sucessivas decelulose contra as paredes deuma célula inicial, processoque conduz aodesaparecimento do seucitoplasma e morte da célula,ficando um espaço vazio, olúmen.

Fibras do

floema do

caule de

Linnum sp -

teste com

lugol. Foto

de Menezes,

N. L.

Exigências Ambientais

Solo

◦ Solo profundo com boa reserva de água,

não argiloso

◦ Rico em matéria orgânica

◦ Sem excesso de cálcio

◦ pH óptimo entre os 5-7

◦ O linho é exigente em zinco

◦ Os linhos para produção de óleo

adaptam-se melhor a solos arenosos

Luz e temperatura

◦ Planta C3 e de dias longos

◦ Mínimo de germinação –> 5ºC

◦ Óptimo de germinação –> 28ºC

◦ Temperatura crítica na floração -> -2ºC

Água

◦ Cultura muito exigente em água.

◦ São necessários 783 Kg de água para a

produção de 1 Kg de matéria seca de

linho(Hanson,1990).

◦ O linho têxtil tem maiores produções em

climas temperados húmidos.

◦ O linho grão tem maior sensibilidade à

falta de água no período que rodeia a

floração, pode perder-se 30% da

produção.

Variedades Variedade oleaginosa ou Linho de Inverno

◦ Porte mais rasteiro

◦ Caule curto (<60 cm)

◦ Muito ramificado

◦ Fase vegetativa mais demorada

◦ Necessidades moderadas em temperaturas vernalizantes

◦ Resistência ao frio

◦ Sementes maiores que a variedade têxtil (8 g/1000 sementes)

Variedade Têxtil ou Linho de Primavera◦ Porte mais erecto

◦ Caule longo (>60 cm)

◦ Pouco ou não ramificado e apenas no topo

◦ Não necessitam de vernalização

◦ Sensíveis ao frio

◦ Sementes de dimensão reduzida (4-6 g/1000 sementes)

Produtividade

O melhoramento da cultura visa

sobretudo resistência a doenças, à

acama e ao frio, bem como ao

aumento da produtividade e

qualidade.

A qualidade da semente parece estar

associada a sementes de cor amarela

e de menor dimensão, embora as

maiores tenham mais óleo.

Fatores Condicionantes da

Cultura Concorrência de outras fibras.

Exigência em termos de solos e clima

ideais.

A tecnologia do seu processamento é

de difícil mecanização, trabalhosa e

aprendizagem demorada.

Fatores Favoráveis à Cultura

A EU estabelece ajudas à produção e armazenamento.

Única fibra produzida na Europa Ocidental e utilizada em misturas com algodão e lã

O grão é rico em óleo e origina um bagaço de excelente qualidade (35-40% proteínas) para os animais.

Cultura de ciclo curto. A palha tem várias utilizações. Um ha de linho pode produzir mais que

o algodão.

Produção

A produção do linho grão pode ultrapassar as 3 t/ha e o linho têxtil as 7 t/ha.

A produtividade não atinge as 2 t/ha e as 3 t/ha.

1 t de palha pode originar 160 kg de tomento e 100 kg de estopa (Dupeux,1982).

O processamento da palha origina 13% de fibras longas (panos, fios), 16% de fibras curtas (estopa usada em oleados, serapilheiras), 40% de “shive” (rolhas), 13% sementes e 18% resíduos vários.

Tipos de Linho

Mourisco

Riga Nacional

Galego

As Fases do Linho

Maçagem

Sementes

Dobage

m

Branqueamen

to

FiaçãoEspadelage

m

SecagemMaceraçã

o

Arrinca

Tear

Sementei

raSecagem

Assedagem

Lenho

Cascas

Ripanço

Preparação do Solo

Estrumar com antecedência e comestrume bem curtido

Mobilizar(grades) repetidamente demodo a obter uma cama de sementesfina, sem vazios e sem grandes torrõesà superfície

Operar rapidamente de modo a evitar asecagem do perfil

Triturar e distribuir de modo uniformepelo perfil os resíduos(restolho) deculturas anteriores.

Fertilização

O azoto favorece o crescimento desordenadodas fibras e com lúmen maior, aumenta aramificação da planta, facilita a produção degrão mas também a acama ( Moule, 1972)

A aplicação de fertilizantes potássicos podemprecaver excessos de adubação azotada alémde favorecer a qualidade da fibra

O fósforo aumenta o número de fibras por feixe,favorece a regularidade do diâmetro das fibras,o teor em óleo das sementes e a precocidade

O excesso de cálcio reduz a riqueza em fibras eprejudica o crescimento das plântulas

A calagem pode originar carências de zinco quelevam à diminuição de produção de fibras, asplantas apresentam entrenós curtos eramificações na base

SementeiraA época mais favorável à sua sementeira é a de meados de Abril

Temperatura considerada mínima para a germinação 4ºC

A temperatura do solo para a sementeira deve ser de 7ºC

No linho têxtil a densidade deve ser de 2000 a 2500 plantas/m2

No linho oleaginoso a densidade deve ser de 500 a 1000 plantas /m2

O risco da acama aumenta a partir das 1800plantas/m2

Quanto maior dor a densidade maior será a qualidade

A profundidade de sementeira não deve ultrapassar2 a 4 cm (Cardwell,1984)

Com semeadores de precisão deve usar-se

Arrinca

A sua colheita énormalmente emJunho, por arranquepela raiz da planta,quando estaapresentar coramarela em trêsquartos, incluindo ascápsulas, e as folhasdo terço inferior teremjá caído. Após oarranque é posto asecar (fenação) atéapresentar a cápsulabem seca.

Ripanço

Depois da cápsula

bem seca é ripado

no ripanço para

separar as

cápsulas que

libertarão as

sementes

Maceração

A maceração pode ser feitaem água, a seco e porprocessos enzimáticos. Amaceração em água,anaeróbia, consiste ememergir os feixes 9 a 10 dias.Nesta fase dá-se a curtimentapor fermentação bacterianaque visa libertar as fibras doselementos lenhosos e docimento (pectose) que osune. Na maceração em terra,aeróbica, a palha é estendidaem camadas e sob fatoresclimatéricos sofre adecomposição por fungos. Naausência de orvalho ou chuvadeve regar-se. Este processorequer 30 a 40 dias.

O processo industrial usa enzimas ou vapor que substituem a ação dos microrganismos

Secagem

O linho em feixes é

colocado a secar

ao sol durante 15

dias

Maçagem

Após a secagemmaça-se nomaçadouro.

A operação tambémpode consistir emtriturar a partelenhosa do linho,pela passagem doscaules entre rolos.Podem ser utilizadosengenhos comtração animal ouhidráulicos.

Engenho de linho de tração

hidráulica

Espadelagem

O linho é aquecido

aos molhos em

fornos similares

aos do pão, sendo

de seguida

espadelado

obtendo-se assim

a separação

completa do

material lenhoso

das fibras de linho

Espadeladouros e

Assedagem

É necessárioassedá-lo, noassedeiro. Separam-se as fibras deacordo com o seucomprimento, asfibras longaschamadas linhoassedado (maisnobre) e as fibrascurtas denominadasestopa assedada(mais grosseiras).Daqui resultam asestrigas.

Fiação

O fio é obtido puxandouma mecha de fibras domanelo, retorcendo-asentre o polegar e oindicador, enrolando estefio no fuso e fazendo-orodar. Estas fibras aosaírem do manelo da rocapuxam outras dandoassim continuidade àformação do fio.

Dos fios de linho obtidosnas maçarocas formam-se as meadas no sarilho

Feitura das

Branqueamento

As meadas sãosubmetidas a complexosprocessos debranqueamento em queos fios são levados àfervura, cozidos emgrandes potes depoisdas meadas terem sidoempapadas numa caldade água e cinza,deixadas arrefecer elavadas. Depois sãocolocadas a corar ao soldurante 15 dias,intercaladas comlavagens com água esabão.

Dobagem

Depois de seca a

meada é convertida

em novelos a fim de

facilitar a sua

utilização nos

teares, utilizando-se

para o efeito uma

dobadoura

Tear

Com os novelos urde-sea teia, na urdideira.Cada fio no seu dente.Instalar a teia no tear.Encheras canelas no caneleiro.As canelas sãosucessivamentealojadas na lançadeira,espécie de naveta quetransporta o fio, para umlado e outro, na teia.A perdizela é umpequeno eixo, dentro dalançadeira, que segura a

canela.Depois é só tecer,recolher as varas, epreparar o bragal.

Linhaça

As sementes foram consideradas

muito tempo como um subproduto do

linho, cultivado essencialmente para a

produção de tecidos.

A semente contém 32 a 44% de óleo

rico em ácidos gordos não saturados

Óleo de linhaçaO óleo de linho constitui 40% da biomassa da semente. Dele fazem parte:

Ácido oleico(13-36%)

Ácido linoleico(10-25%)

Ácido linolénico(30-60%)

Ácido palmítico(6-16%)

Indicado para o uso de pinturas por formar uma espécie de película protetora. O óleo de linho é indicado para o uso de pinturas por formar uma espécie de película protetora, é usado como aditivo de tintas, vernizes, lacas e na produção de linóleo, mas também em tintas de impressão, impermeabilizantes e para produção de sabões. Recentemente o óleo do linho tem sido utilizado no tratamento de betão armado usado em pavimentação.

Doenças

Pragas

Controlo

Rotações longas (mais de 3 anos)

Uso de sementes certificadas

Desinfeção de sementes (fungicidas)

Uso de cultivares resistentes

Distribuição Geográfica

Países Produtores

Argentina

Austria Belgium-Luxembour

gBulgaria

Chile

China, mainland

Belarus

Egypt

Estonia

France

Croatia

Italy

Latvia

Lithuania

Netherlands

Czech Republic

Poland

Romania

Russian Federation

Slovakia

Spain

China, Taiwan

Turkey

United Kingdom

Ukraine

Belgium

China

Produção mundial do linho

Austria1%

Belgium-Luxembour

g4%

Bulgaria0%

Belarus15%

Estonia0%

France25%

Croatia0%

Italy0%

Latvia0%

Lithuania1%

Netherlands8%

Czech Republic

5%

Poland1%

Romania0%

Russian Federation

16%

Slovakia0%

Spain6%

Turkey0%

United Kingdom

7%

Ukraine5%

Belgium5%

Produção europeia do linho

Gráficos realizados a partir dos

dados disponibilizados pela FAO

Aplicações

Indústria vestuário

Indústria automóvel

Indústria mobiliário

Indústria desporto

Indústria cosmética

Indústria alimentação

Conclusão

O linho é o tecido mais ecológico que existe.Pesquisas comprovam que é 7 vezes maisecológico que o algodão. É necessário muitopouco fertilizante químico no seu cultivo.Praticamente todos os seus componentessão utilizados, desde a palha que envolve afibra (serragem) até à semente (alimentação,cosméticos). O cultivo é renovável nãoesgotando os solos. A procura crescente defibras naturais anuncia um futuro risonhopara a produção das fibras de linho. Quandotanto se fala em sustentabilidade há quereforçar a necessidade de aplicação emmateriais recicláveis.

Sites Consultados

http://dc250.4shared.com/doc/w1yx9fgE/preview.html

http://dc238.4shared.com/doc/fFi27V12/preview.html

http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Linum_usitatissimum_-_K%C3%B6hler%E2%80%93s_Medizinal-Pflanzen-088.jpg

http://www.uc.pt/fluc/iarq/pdfs/Pdfs_FE/FE_93_2012

http://faostat3.fao.org/browse/Q/QC/E

http://www1.agric.gov.ab.ca/$department/deptdocs.nsf/all/prm7704

http://www.flaxcouncil.ca/english/index.jsp?p=growing7&mp=growing

Bibliografia

“O Linho e a sua Cultura”Carlos Castro e Miguel Sequeira (1995) Vila Real UTAD

VideosPétalas que caem rapidamente https://vimeo.com/31782057

Arrinca e maceração https://www.youtube.com/watch?v=wDO2ah_Ke-M

Assedagem https://vimeo.com/31329976

Fiação https://vimeo.com/79316418

O linho em França https://vimeo.com/18044043

Óleo Sementes https://vimeo.com/43691016

Industrialização do linho https://vimeo.com/31776118

Publicidade ténis https://vimeo.com/9176665

Vídeos incluídos: http://www.matrizpci.dgpc.pt/MatrizPCI.Web/Inventario/Imateriais/ImateriaisConsultar.aspx?IdReg=280&EntSep=5#gotoPosition

ESAV, 10 Novembro 2014