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    Auto-didatismoem 4 passosO mtodo Educare

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    Auto-didatismo em quatro passos

    O mtodo Educare

    1. Introduo

    2. O mtodo 4 passos

    3. Passo 1 reviso

    4. Passo 2 pesquisa

    5. Passo 3 debate

    6. Passo 4 sntese

    7. Aprendizado baseado em tutoria

    8. Outros itens essenciais para o aprendizado:

    1. organizao

    2. disciplina

    3. auto-estima

    4. motivao

    5. atividade fsica

    9. Uma palavra sobre liderana10. Uma palavra sobre dficit de ateno

    11. Concluso: percebendo-se capaz

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    Introduo o mtodo

    O que ns chamamos de Mtodo Educare algo to simples que pode-se pensar que apenas

    observamos a forma natural das pessoas estudarem e a associamos ao conhecimento sobre como ocrebro armazena informaes. Se pensarem isso, timo, porque exatamente isso.

    Em primeiro lugar, as pessoas realmente j executam uma sequncia naturalmente lgica de aes

    quando querem aprender algo. Esta sequncia to espontnea que normalmente no se percebe

    ocorre inconscientemente e, por isso, nem parece que existe: parece que as pessoas apenas tentam

    aprender, cada uma a seu jeito. No entanto, existe muito em comum entre os vrios jeitos das

    pessoas aprenderem.

    Foi exatamente observando o que h em comum, que pudemos elaborar o Mtodo Educare: ao

    identificamos esta sequncia e propormos sua sistematizao.

    Em segundo lugar, o crebro realiza processos especficos ao lidar com novas informaes, podendo

    descart-las ou armazen-las. H uma sequencia natural para que isso ocorra desde a captao

    da informao pelos rgos dos sentidos, a sua significao, a sua relao a outras informaes, o seu

    trnsito dentro de reas especficas no crebro, at a elaborao de uma informao pronta para ser

    armazenada e, a posteriori, recuperada e utilizada de vrias formas.

    Conhecendo esses 2 fenmenos (comportamental e cerebral), pudemos elaborar uma sequncia de

    aes (um mtodo) para facilitar o aprendizado.

    Consideramos, simplificadamente, que aprender significa memorizar. Assim, facilitar o

    aprendizado requer conhecer os vrios tipos de memria e compreender o processo de formao de

    memria de longo prazo.

    Ou seja: poderemos facilitar o processo de aprendizagem se apresentarmos informaes em uma

    sequncia coincidente com os processos cerebrais de formao de memria de longo prazo.

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    Esta a primeira parte da essncia do Mtodo Educare. A segunda parte fazer isso realando que o

    aluno capaz de aprender, buscando resgatar sua auto-estima e canalizar suas motivaes para o

    estudo.

    O efeito final que buscamos tornar o aluno auto-confiante o bastante para agir de forma auto-didata:o auto-didatismo no exatamente um mtodo e sim um estado ou uma atitude em que nem mesmo

    todas as dificuldades somadas conseguem abalar a auto-confiana do aluno.

    Mesmo as maiores dificuldades so enfrentadas com confiana em si mesmo, sem diminuir a auto-

    estima ou a motivao. Mesmo alunos com dficit de ateno conseguem excelentes resultados com

    o Mtodo Educare, porque ele funciona igualmente em alunos com ou sem TDAH.

    Um aluno motivado, com acesso a fontes de pesquisa e com a sistematizao do aprendizado atravs

    do Mtodo Educare, com ou sem a orientao de um tutor, consegue aprender por si s consegue se

    tornar auto-didata.

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    Os quatro passos do mtodo so:

    1. Reviso;

    2. Pesquisa;

    3. Debate;

    4. Sntese.

    Cada um tem caractersticas e detalhes que os tornam realmente um mtodo, algo que tem um efeito

    final claramente detectvel, onde 1 + 1 + 1 + 1 bem maior do que 4. Um efeito que vai muito alm da

    simples assimilao de informaes; um efeito que passa por auto-avaliaes, percepo de

    capacidades e reavaliao da auto-estima e do auto- conceito.

    Resumidamente, dizemos que a essncia do Mtodo Educare perceber-se capaz, pois um aluno

    que se percebe fazendo uma reviso e uma pesquisa, participando de um debate e elaborando uma

    sntese, acima de tudo, se v como alguem capaz. Algum que, apesar de algumas dificuldades,

    capaz de super-las e, atravs da ferramenta do mtodo, alcanar seus objetivos.

    Outros pontos essenciais para que ocorra a aprendizagem: 1. organizao; 2. disciplina; 3. auto-estima;

    4. motivao; 5. atividade fsica. Realar estes pontos tambm compem a essncia do mtodo.

    A simples existncia de um mtodo j implica em certa Organizao e Disciplina. Os efeitos

    secundrios citados acima (resumidamente: perceber-se capaz) tem um efeito direto positivo sobre a

    auto-estima e a motivao.

    Um aspecto em particular a ser abordado a Motivao. De nada adiantam informaes, mtodos,

    ferramentas, estmulos, apelos ou o que quer que seja se o aluno no encontra motivao para

    estudar. Motivao um tema complexo tem determinantes que esto muito alm da sala de aula mas

    precisamos abordar este tema, mesmo que brevemente.

    Perceber-se capaz, o efeito mais imediato do Mtodo Educare. Acreditamos que esse efeito tenha

    repercusses diretas sobre a motivao. Pois um dos principais (se no o principal) entrave ao

    progresso da aprendizagem um ciclo vicioso, composto por:

    1. baixo rendimento;

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    2. aumento no esforo de estudo;

    3. excesso de cobrana externa e interna;

    4. baixa auto-estima.

    5. profecia auto-realizada.

    O resultado uma desmotivao progressiva; quando esta se estabelece, entra-se em uma espiral

    descendente, em que o ciclo no apenas se mantm mas se acentua dia a dia e o resultado final

    que se poderia chamar de profecia auto-realizada.

    Quando o aluno no acredita mais na possibilidade de sucesso, passa a esperar de si apenas maus

    resultados; nesse ponto ele praticamente desiste de tentar, configurando a chamada profecia auto-

    realizada: pois ao prever (profetizar) apenas maus resultados, desiste de tentar, e acaba obtendo maus

    resultados que mostram que a profecia se cumpriu. Ora, prever maus resultados e desistir de tentar

    foi o que resultou nos maus resultados por isso, dizemos que a profecia realiza a si mesma.

    Nesse ponto, geralmente, as cobranas internas e externas se acentuam, acelerando a espiral,

    tornando o excesso de cobrana cada vez mais contra-producente e com efeitos cada vez mais

    negativos sobre a auto-estima, agravando os maus resultados o resultado: o aluno aprende cada vez

    menos por sentir-se incapaz de aprender. E, pior ainda, por estar desmotivado a um ponto de agir

    cada vez mais como se tivesse desistido, confirmando todos os maus prognsticos sobre ele (dos

    pais, dos professores e dele mesmo).

    fundamental lembrar que no apenas os pais cobram os filhos: os prprios alunos se cobram e

    muito! Se no existisse essa auto-cobrana, no haveria repercusso sobre a auto-estima e auto-

    conceito. Ou seja, sem auto-cobrana, o aluno no comearia a se sentir inferiorizado ele

    simplesmente no estaria nem a para seus resultados, no se esforaria para mud-los e no se

    frustraria quando no conseguisse: o ciclo vicioso de cobrana contra-producente e queda progressiva

    da auto-estima e formao de expectativas negativas (profecias) s pode ocorrer porque o prprio

    aluno se cobra um resultado e se frustra por no conseguir atender s cobranas externas e internas.

    Portanto, torna-se fundamental diferenciar o aluno desinteressado (irresponsvel, mesmo?) do

    aluno interessado mas desmotivado, com a auto-estima fragilizada, sentindo-se incapaz. Por vezes

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    muito difcil fazer essa distino e vemos pais investindo muito em alunos que simplesmente apenas

    fingem colaborar, enquanto outros exageram na cobrana de alunos que j esto dando o melhor de

    si, esforando-se muito mais do que a mdia.

    O Mtodo Educare simples, baseado em uma sequncia lgica, harmonizado com os processoscerebrais de aprendizado e que visa recuperar a auto-estima do aluno, ao apoiar-se no que eles so

    capazes de fazer, motivando-os a partir de se perceberem capazes de aprender e,

    consequentemente, de muito mais: de viver uma vida saudvel e produtiva!

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    Reviso

    Observando bem, pudemos perceber que os alunos iniciam tentando separar o que sabem do que no

    sabem ainda, para definir seu alvo de aprendizagem. o passo que ns chamamos no MtodoEducare de Reviso no exatamente rever tudo sobre o assunto e sim identificar o que j se sabe

    e o que ainda se precisa aprender. Para isso, necessrio rever mentalmente todo o contato que se

    teve sobre o tema, identificando reas de conhecimento sedimentado e reas de conhecimento

    flutuante. Este o passo 1 do Mtodo Educare.

    Um passo essencial porque geralmente ocorre de, nesse momento, os alunos perceberem que sabem

    muito mais do assunto do que imaginavam o perceber-se capaz! Ou seja, ao serem questionados

    pelo Tutor (ou por si prprios ou por algum do grupo de estudo) sobre o que lembram do assunto,

    muitos respondem que lembram pouco ou quase nada. Porm, quando o Tutor pede que digam pelo

    menos uma coisa que lembram o efeito de acabarem lembrando muito mais, pois as informaes

    esto sempre relacionadas a outras: ou seja, puxando uma, outras tambm vem e, com essas, outras

    e mais outras...

    Este um dos efeitos do Mtodo, que faz o aluno perceber-se capaz: o tutor vai estimulando os alunos

    a lembrarem, com dicas e apresentando perguntas e informaes relacionadas, para extrair o mximo

    possvel da sua memria. Quando os alunos se percebem falando muito mais do que imaginavam a

    princpio, ocorre um efeito interessante: eles agora j no pensam mais que sabem pouco ou quase

    nada do tema... agora sentem-se mais capazes de aprender porque perceberam que sabiam mais do

    que pensavam!

    Aps separarem o que sabem do que no sabem, os alunos vo aprofundar o que j sabem. Ou seja,

    ao invs de irmos diretamente estudar o que eles no sabem ainda, preferimos aprofundar um pouco

    a parte que eles j se sentem seguros. Por qu? Porqu quando partimos de um assunto que eles j

    aprenderam, reafirmamos que eles so capazes de aprender. E essa sensao de ser capaz vai fazer

    toda a diferena quando formos abordar os assuntos que eles ainda no sabem: se o nosso ponto de

    chegada o que eles ainda no sabem, nosso ponto de partida precisa ser o que eles j sabem.

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    H um outro motivo, importantssimo, pelo qual precisamos primeiro abordar o que eles j sabem: o

    crebro fixa uma informao nova em uma informao j fixada. Assim, quando revisamos as

    informaes j fixadas (o que eles j sabem) criamos as condies para fixar o objeto de estudo (o

    que eles vo aprender em seguida).

    Aps revisarem (separando o que sabem do que no sabem; ou: informaes j fixadas de

    informaes novas), os alunos podem passar ao prximo passo: pesquisar mais sobre o que ainda

    no sabem.

    Quando a Pesquisa (passo 2) precedida de uma Reviso (realizada da forma descrita acima), ocorrem

    alguns outros fenmenos interessantes: primeiro, o alvo do aprendizado identificado e o tempo de

    estudo otimizado; o processo de estudo comea a se tornar organizado, algo que tem consequncias

    diretas sobre o resultado: iniciar o estudo com o exerccio de uma reviso bem feita o incio da

    disciplina e da organizao, necessrias para os prximos passos.

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    Pesquisa

    Pesquisar inclui buscar dois tipos de informaes: 1. as que formaro o objetivo do aprendizado (alvo

    primrio); 2. as relacionadas a esse objetivo (alvo secundrio).

    As informaes do primeiro tipo compem o que o aluno precisa assimilar, ao final do estudo aquilo

    que ele diretamente precisa aprender. As informaes do segundo tipo (que chamamos aqui de alvo

    secundrio) so geralmente negligenciadas mas so extremamente importantes, so parte essencial

    do processo de criao de memria de longo prazo/ aprendizagem.

    To importantes e esse um ponto fundamental do Mtodo Educare que precisamos detalhar

    melhor esse ponto. O crebro s pode fixar uma informao a uma outra informao previamente

    fixada. Ou seja, para fixar uma informao nova A, ns precisamos de uma informao previamente

    fixada B. E, consequentemente, para que ocorra a fixao de A a B, necessrio apresentar as

    duas, simultaneamente, para que o crebro possa relacion-las fixando uma na outra.

    O que chamamos de Pesquisa no Mtodo Educare tem 2 objetivos:

    1. buscar mais informaes novas;

    2. buscar informaes relacionadas, j fixadas, que o crebro possa utilizar para fixas as

    informaes novas.

    A busca de informaes relacionadas (a pesquisa) cria um contexto, sobre o qual ser inserido o

    objetivo primrio. Sem o contexto, as informaes novas ficariam soltas, suspensas, sem poderem ser

    fixadas ou, em outras palavras, ficam apenas na memria primria, sem serem sedimentadas na

    forma de memria de longo prazo (o aprendizado).

    semelhante a uma relao figura-fundo: a figura o alvo primrio e as informaes relacionadas so

    o fundo; a figura destaca-se do fundo e pode ser compreendida, enquanto o fundo cria o contexto

    para essa compreenso.

    Uma outra forma de apresentar essa ideia a relao entre floresta e rvore: sabemos que

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    impossvel compreendermos o que uma floresta sem sabermos o que uma rvore. O que as

    pessoas em geral subestimam a necessidade de se conhecer algo sobre florestas no momento de se

    aprender sobre rvores. Ou seja, para aprender o que uma rvore, extremamente til apresentar o

    conceito de floresta porque criar o contexto para assimilao do conceito rvore.

    H pessoas que passam a vida inteira sabendo muito sobre rvores

    mas nunca compreenderam o que realmente uma floresta. Assim

    como ns observamos profissionais que sabem muito sobre

    medicamentos mas quase nada sobre as pessoas em que esses

    medicamentos fazem efeito; ou que sabem muito sobre leis mas quase

    nada sobre as condies em que as pessoas vivem; ou que sabem

    muito sobre construir casas mas quase nada sobre as pessoas que

    moram nelas; ou sobre tantos outros que veem bem as figuras mas no

    olham o fundo e sabem muito sobre coisas e quase nada sobre pessoas.

    Por isso, o que chamamos de Pesquisa precisa ir muito alm de coletar mais informaes. A essncia

    do mtodo : como utilizar essas informaes adicionais. Como criar um contexto a partir delas; no

    apenas lembrando que h diferenas nas bactrias no solo porque h diferentes tipos de solo mas

    tambm lembrando que isso resulta em diferentes tipos de vegetais disponveis, que formam hbitos

    alimentares e culturais diferentes, resultando em poderes econmicos e de representatividade

    diferentes, em consequncia disso tudo a cultura humana local determinada em grade parte pelo

    que aquela populao consegue produzir: de abacaxis a diamantes; de folhas de coca e papoulas a

    petrleo e gs natural; da agropecuria a prestao de servios.

    Quando falamos Pesquisar, falamos em algo que vai muito alm de relacionar bactrias e solos, em

    algo que vai at os muitos outros desdobramentos da relao entre as informaes incluindo os

    comportamentais, econmicos e polticos: assim, no apenas se sedimentam informaes na forma de

    aprendizado mas tambm se forma uma viso abrangente sobre os fenmenos, enfatizando as

    relaes de causa e consequncia.

    Este o papel do passo 2, a Pesquisa: alm de oferecer informaes para fixar o objetivo primrio do

    aprendizado ao mesmo tempo em que expande a viso sobre tudo.

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    A Pesquisa, no Mtodo

    Educare no apenas

    ajuda a fixar

    informaes: ajuda a

    formar uma nova viso

    sobre tudo.

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    Debate

    Enquanto nos passos 1 (Reviso) e 2 (Pesquisa) o objetivo buscar informaes, no passo 3, o Debate,

    o objetivo fazer essas informaes se encontrarem, para que possam ser relacionadas e, assim,sedimentadas na forma de aprendizado.

    Ou seja, atravs do debate que as informaes A e B, assim como outras, iro se encontrar. esse

    encontro de informaes relacionadas que leva sedimentao do conhecimento a formao de

    memria de longo prazo/ aprendizado.

    Durante o Debate, cada aluno oferece no apenas mais informaes: cada um oferece pontos de vista

    diferentes sobre as informaes e sobre como elas podem ser relacionadas. Ou seja, atravs do

    debate, se tornam evidentes relaes at ento no percebidas entre as informaes.

    a partir dos pontos de relacionamento, das reas de interseco, das relaes percebidas entre uma

    informao e outra, que uma informao nova pode ser colada uma informao previamente

    fixada e, assim, ser fixada tambm, ou sedimentada, passando a compor uma memria de longo

    prazo: quanto mais pontos de fixao entre as informaes, maior a chance de serem fixadas.

    O que o Debate faz : 1. disponibilizar informaes adicionais, a serem relacionadas; 2. apresenta

    pontos para o relacionamento das informaes; 3. fazer se encontrarem as informaes e os pontos de

    fixao, costurando ou colando as informaes novas s j previamente fixadas.

    Idealmente, o debate deve ocorrer em grupo, claro! Mas o aluno

    pode debater consigo mesmo; ao estudar sozinho, o aluno elabora

    questes para ele mesmo responder. O fato de ser capaz de elaborar

    questes um excelente indicativo de que aquele assunto est sendo

    assimilado. Elaborar e responder questes, mesmo sozinho, um

    excelente exerccio de aprendizado.

    Outros efeitos do debate quando ocorre em grupo so alguns

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    Atravs do debate,

    alm de fazer se

    encontrarem as

    informaes

    relacionadas, cria um

    ambiente de liberdade

    e respeito

    individualidade.

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    exerccios importantes de: desenvolver pontos de vista/ opinies prprios; expressar pontos de vista e

    conceitos, geralmente abstratos; perda da inibio em falar e em defender seus pontos de vista;

    aprender a ouvir; decodificar os pontos de vista alheios; respeitar as diferenas entre suas

    interpretaes e seus pontos de vista e os dos outros. Todos esses efeitos so essenciais para o

    desenvolvimento da auto-estima e da sensao de ser capaz de aprender e de se desenvolver.

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    Sntese

    Fazer uma Sntese bem diferente de fazer um resumo; uma Sntese feita com as prprias palavras

    do aluno, a partir da viso do assunto que o aluno desenvolveu no decorrer dos outros passos: apsrevisar, aps pesquisar e aps debater. Mas vai muito alm do tema central, incluindo a sua relao

    com o contexto. Ou seja, como um quadro em que no se pinta apenas uma figura e sim uma figura

    e um fundo: o tema e o contexto.

    A sntese muito mais que um resumo um conhecimento novo, porque decorre da soma de vrias

    informaes sobre o tema central e sobre temas relacionados. Por exemplo, em uma Sntese sobre os

    tipos de solo, se falaria tambm sobre consequncias alimentares, culturais e econmicas dos tipos

    de solo. Assim, um tema de Geografia se relaciona a temas de outras disciplinas, para compor mais

    que um resumo.

    A grande diferena algo que podemos chamar de criatividade: a capacidade de relacionar

    informaes a outras; assim, duas Snteses sobre o mesmo tema podem ser e geralmente so

    muito diferente uma da outra.

    Uma sntese no um esquema e sim uma pequena redao. No se

    faz lendo ou olhando um caderno e sim inteiramente de cabea,

    apenas lembrando o que se aprendeu sobre o tema central e os temas

    relacionados; sobre o objetivo e os desdobramentos sobre a figura

    central e o fundo. Ou seja, Sntese quando informaes e contexto se

    encontram, a partir do ponto de vista do aluno, aps uma reviso, uma

    pesquisa e um debate.

    Um aspecto essencial o ato de escrever: por ser um ato motor (com

    movimento) produzido e regulado em regies do crebro diferentes

    das que lidam puramente com informaes: ou seja, com o ato de escrever, estimulam-se vrias

    regies do crebro, a partir de uma informao, contribuindo para sediment-la. Por exemplo,

    sabemos hoje (atravs de estudos como a Ressonncia Magntica Funcional), que uma palavra que

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    A Sntese faz com que

    as informaes

    circulem entre as vrias

    reas do crebro, algo

    extremamente

    necessrio para a

    formao da memria

    de longo prazo.

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    expresse uma ideia de estar em movimento ativa reas do crebro diferentes de uma palavra que

    expresse uma ideia estar parado (por exemplo, a palavra avio e a palavra cadeira); algo

    semelhante ocorre quando se usa uma palavra de significado concreto de uma de significado abstrato

    (por exemplo, a palavra pedra e a palavra saudade); mais ainda, substantivos ativam reas

    diferentes de verbos.

    Ou seja, hoje sabemos que quanto mais uma informao circule ativando reas diferentes, maior a

    probabilidade de ser sedimentada na forma de memria/ aprendizado. Assim, quando escrevemos

    uma Sntese que inclua a palavra sentir saudade avio ativaremos reas diferentes de mesa, pedra,

    cadeira e estas diferenas tem implicaes sobre o processo de sedimentao de informaes.

    Parte do efeito da sntese vem simplesmente de fazerem circular informaes. Mas parte vem de um

    fenmeno importantssimo mas geralmente negligenciado: a relao entre movimento e a

    sedimentao de informaes. H muito se sabe que estudar ou pensar realizando algum movimento

    tem um efeito positivo, mais evidente em alumas pessoas que em outras. Ocorre que o planejamento

    e boa parte do movimento realizado pelo lobo frontal, o mesmo responsvel por boa parte do

    processamento de informaes na forma de conhecimento. Ativar o lobo frontal com movimento

    facilita o aprendizado pelo menos em algumas pessoas. Aristteles j havia percebido este fenmeno

    e preferia refletir estando em movimento (caminhando com seus alunos).

    Informaes novas chegam regio posterior (occipital), atravs da

    leitura, passam pelas regies laterais (temporais onde esto

    armazenadas as memrias, o conhecimento j sedimentado) e chegam

    parte anterior (frontal), de onde circulam da parte mais frente,

    voltando para se transformarem em movimento na parte mais central

    do crebro, no tronco cerebral e no cerebelo, que coordenam o

    movimento. Ou seja, ao adicionar-se o movimento no momento em

    que lidamos com informaes faz com que as mesmas circulem por

    praticamente todo o crebro: o resultado uma oportunidade maior

    se serem fixadas. Este um dos principais objetivos da Sntese:

    associar um ato motor ao lidarmos com informaes, aumentando a

    possibilidade de serem fixadas.

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    A Sntese transforma

    conhecimento

    (abstrato) em atos

    motores (escrita),

    sedimentando as

    informaes,

    transformando-as em

    conhecimento ou

    memria de longo

    prazo.

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    Aprendizado baseado em tutoria

    O Mtodo Educare foi idealizado para alunos que buscam o auto-didatismo sozinhos em em grupo

    com ou sem a orientao de Tutores, por Professores com comportamento de tutores.

    possvel algum se tornar auto-didata? Algum que sempre estudou com auxlio de professores?

    Claro que sim! Dispondo de um mtodo simples e auto-aplicvel como ferramenta e material de

    estudo (livros, revistas, sites e outras fontes) tudo o que necessrio para quem pretende estudar

    sozinho ou em grupo mas sem tutores ou professores. Mas, se houver a disponibilidade de um tutor

    que facilite a transio para o auto-didatismo, melhor ainda.

    H vrias diferenas entre professores e tutores; a principal delas que tutores se concentram em

    ensinar a aprender; ou seja, seu foco no o ensino e sim o processo de aprendizagem: seu maior

    objetivo tornar o aluno um auto-didata.

    Todos os professores tentam ensinar os alunos a aprender, uns mais,

    outros menos. Mas seu foco apresentar o assunto, apresentar os

    objetos do conhecimento. Enquanto os tutores so focados em: 1.

    ensinar a aprender; 2. ensinar a aprender; e 3. ensinar a aprender. Ou

    seja, eles so obcecados em tornar os alunos auto-didatas!

    Partimos de duas premissas para preferir o caminho da tutoria rumo ao auto-didatismo.

    A primeira : estudar compreender um tema e encontrar respostas. Quem que est estudando? O

    aluno! Portanto, o aluno que tem que compreender os temas encontrar respostas! O que o tutor

    pode fazer facilitar esse processo; gui-lo rumo ao caminho das pedras; passar algumas

    coordenadas para que ele possa se orientar e encontrar a direo, o fio da meada. Da em diante,

    tem que ser com ele, aluno!

    Essa orientao ocorre muitas vezes na forma de pequenas perguntas. No seriam dicas diretas e sim

    perguntas simples, que na realidade so um passo em direo pergunta maior. Como nos ensinou

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    O maior objetivo de um

    tutor facilitar a

    transio do aluno para

    o auto-didatismo.

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    Descartes em seu discurso do mtodo, cada questo pode ser decomposta em questes menores, at

    encontrarmos questes to simples que no podem mais ser decompostas.

    Assim, quando o aluno tenta responder uma questo, o tutor faz perguntas simples, que na realidade

    compem a questo maior que o aluno est suando para tentar responder. Ao perceber-serespondendo uma questo sobre o tema, o aluno percebe-se capaz.

    Em seguida, mais uma questo simples respondida e j estamos avanando para a questo final. um

    processo em que o aluno acaba revisando o conhecimento necessrio para responder a questo;

    quando ele percebe, a resposta questo j apareceu, como consequncia de ter respondido s vrias

    questes simples.

    Se o aluno estiver estudando sozinho ou em grupo mas sem tutor, cada um deve procurar decompor a

    questo maior em questes simples (conforme sugerido por Descartes) e ir ativamente procurando

    compor passo a passo o caminho para a resposta.

    Aps as perguntas-simples ou perguntas-dicas do tutor, o aluno ativamente assume a conduo do

    processo: ele busca e encontra um ponto de vista para analisar o tema e compreend-lo ativamente,

    porque ningum responde questes passivamente!

    A segunda premissa para o aprendizado baseado em tutoria : tudo o que o aluno precisa, em termos

    de informao para compreender um tema, est nos livros-texto e em fontes outras de pesquisa; da

    mesma forma, tudo o que ele precisa para responder uma questo est nos livros e outras fontes.

    Portanto, ele precisa apenas ter acesso a essas fontes e receber uma orientao de como faz-lo, por

    onde comear ( exatamente este um dos papeis do Tutor). Fazendo-o, ele compreender o tema e,

    ativamente, encontrar as respostas. Se o aluno estiver estudando sozinho ou em grupo mas sem

    tutor, ele deve procurar o fio da meada preferencialmente em algum ponto daquele tema que o

    mesmo j domine; a partir desse ponto, vai estendendo a reviso, a pesquisa o debate, etc...

    Marcus Sabry pgina 17

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    Outros itens essenciais para o aprendizado

    1. organizao; 2. disciplina; 3. auto-estima; 4 motivao; 5. atividade fsica

    Organizao:A simples existncia de um mtodo um excelente comeo. E esse mtodo indicando uma forma clara

    de iniciar o estudo (com a Reviso), um por onde comear bem definido, seguido das outros 3

    passos tem o efeito de estabelecer um plano de estudo. O aluno comea j sabendo por onde

    comear e quais sero os prximos passos.

    Ter uma sequncia e um plano bem definidos de estudo: comeamos pelas disciplinas onde o aluno

    tem mais facilidade, para que se perceba capaz. Alm disso, pelo mesmo motivo, usa-se menos tempo

    com estas. Entre as que o aluno tem menos facilidade, seguimos com aquelas cuja avaliao esteja

    mais prxima.

    Material todo colocado desde o incio, vamos checar os temas que vamos estudar: nesta disciplina,

    vamos revisar primeiro este tema, depois aquele, passando por aquele outro e chegando a aquele

    outro. Ao iniciar o tema, uma passeada geral folheando o texto, por exemplo ajuda a ir ativando

    algumas informaes e despertando associaes, necessrias para quando vier o estudo em si.

    A cada tema, revisa-se mentalmente o que se sabe sobre ele; em seguida, o mesmo com o prximo

    tema e assim at o final. Em seguida-se, buscam-se as informaes necessrias atravs da Pesquisa e

    segue-se adiante, disciplina por disciplina; pausas conforme necessrio, para gua, para lanche, para

    esticar as pernas e a coluna, ou simplesmente para relaxar um pouco. Mais importante ainda, que as

    pausas so necessrias para o crebro processar o contedo, associando e sedimentando as

    informaes.

    Msica enquanto estuda: o efeito varia de pessoa para pessoa enquanto distrai e dificulta o estudo

    para alguns, pode estimular o crebro e facilitar, para outros; essencial que cada um tenha auto-

    crtica suficiente para usar este recurso ou evitar esse fator de distrao. O tutor tambm pode ajudar

    nessa avaliao.

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    Aparelhos celulares so sempre uma fonte de distrao e no podem ser includos no ambiente de

    estudo. Tablets podem ser utilizados como ferramenta de acesso internet durante a fase de

    pesquisa; durante a sntese, o aluno deve escrever mo, para que tenhamos o efeito de adicionar

    movimento (apenas teclar tem uma quantidade muito menor de movimento).

    Defina o tempo para cada etapa: ou seja, 30 minutos para Matemtica e 30 para Biologia; 10 minutos

    de intervalo; 60 minutos para Fsica; intervalo de 10 minutos; e assim por diante. Alm de distribuir

    bem o tempo, define metas e a sensao de urgncia em terminar, medida em que o tempo vai

    acabando, o que serve como um estmulo significativo.

    Um ponto essencial que o aluno comece, comece, comece! Na hora programada para comear a

    estudar, que comece! No caia na armadilha de comear daqui a 10 minutos... precisa ser na hora

    programada.

    Se puder ser tudo organizado e planejado, conforme descrito acima, timo. Mas, se no for, que o

    aluno comece de qualquer forma, desde que no horrio estabelecido. Comear essencial, um

    passo que no pode faltar; comear da melhor forma possvel mesmo que distante da ideal e ir

    ajustando a sequncia, medida em que o hbito de estudar se estabelece. Quando o hbito de

    estudar se estabelece, tudo comea a melhorar!

    Disciplina:

    Consideramos a disciplina no como seguir orientaes - geralmente sem questionamento. Ao

    contrrio, disciplina no teria muito a ver com seguir orientaes e sim em manter a organizao

    iniciada no passo 1 (a Reviso).

    Ou seja, Disciplina seria mais ou menos o mesmo que saber perseverar uma vez iniciado um

    processo, ele precisa ser mantido: a disciplina refere-se a manter-se fazendo todas as etapas do

    Mtodo, todas os dias, todas as vezes que se for estudar.

    Pois de nada adiantaria fazer as 4 etapas do mtodo uma vez ou outra, quando se estivesse mais

    disposto... muito menos fazer de qualquer jeito s hoje, por estar mais apressado... A disciplina que

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    o Mtodo Educare precisa no a disciplina de cumprir o que se manda e sim a disciplina de manter

    as 4 etapas do mtodo fazer da mesma forma, todas as vezes.

    Auto-estima:

    Por ser um aspecto essencial para um bom rendimento escolar e por ser pouco debatido, nos

    estenderemos um pouco mais sobre o tema auto-estima.

    Para um bom rendimento, alm de estudar de forma organizada e disciplinada, perseverando no

    mtodo, necessrio que a auto-estima esteja preservada. Se no estiver e frequentemente no

    est necessrio restaur-la. Para isso, sempre necessria a ajuda dos pais e amigos, assim como

    pode ser a participao de psiclogos.

    Para que o aluno no assimile seus resultados ruins como significando que ele incapaz de resultados

    bons (ou seja, para que seus resultados atuais no comprometam sua auto-estima e a expectativa

    negativa sobre os prximos resultados no os faam desistir de tentar a profecia auto-realizada)

    preciso que o aluno seja orientado sobre o processo de ensino-aprendizagem-avaliao, suas

    premissas e suas imperfeies. E, se o aluno estiver com a auto-estima comprometida por outros

    motivos (sem especificar quais), papel do tutor/ professor auxiliar nessa percepo e orientar bem

    aos pais/ cuidadores.

    Alm disso, necessria uma reflexo mais geral, sobre o mundo, para que o aluno perceba que suas

    inquietaes (que o esto fazendo sentir inferiorizados) so prprias da idade e, mais ainda, prprias

    dos seres humanos de maneira geral. Que nada torna um ser humano inferior ou superior a outro

    nem notas ruins ou notas boas... sua auto-estima no precisa variar tanto em funo dos altos e baixos

    das notas, porque h um horizonte muito mais abrangente frente.

    Parece simples mas para que uma criana ou adolescente com desempenho escolar ruim no se sinta

    diminudo em relao aos colegas e ao mundo desafiador que ele v bem sua frente, preciso uma

    certa noo de como as coisas so e funcionam algo que, embora seja extremamente difcil na idade

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    escolar, extremamente necessrio e pode fazer toda a diferena.

    Por isso, uma caracterstica do Mtodo Educare um convite permanente reflexo... e o quanto

    antes esse processo que levar a uma compreenso geral do mundo se iniciar, melhor

    considerando as especificidades de cada idade e de cada aluno em particular.

    Todos ns refletimos sobre tudo. Desde qual roupa usar at qual o sentido da vida. Os alunos

    geralmente refletem apenas sobre a utilidade do conhecimento que a escola e os pais tentam quase

    desesperadamente fazer com que eles aprendam.... E sabemos que para crianas e adolescentes a

    ideia meio bvia de se no estudar, no arruma um bom emprego ou uma boa profisso, etc no faz

    muito sentido porque eles ainda no desenvolveram totalmente a noo de consequncia ou uma

    viso em perspectiva.

    necessrio, ento, refletir sobre o momento, sobre o futuro, sobre o sentido de estudar, sobre o que

    seja crescer, sobre o que seja liberdade, sobre o papel dos pais, sobre o seu papel cada vez mais ativo

    em cuidar de si mesmo, sobre o valor da oportunidade de estudar e todas as suas inmeras

    consequncias... Inclusive sobre no se poder avaliar o valor de cada ser humano pelo seu boletim!

    Que, apesar das notas serem importantes, no classificam as pessoas em nveis... Que uma

    comparao entre as suas notas e as do seu colega no uma comparao entre ele e seu colega e

    sim apenas entre suas notas... Que mesmo um desempenho escolar ruim no o torna uma pessoa

    ruim... Que notas refletem um momento, no uma pessoa... Que as notas desse bimestre so desse

    bimestre no prximo, podem ser totalmente diferentes... Que um resultado anterior ruim apenas

    nos leva a continuar tentando um resultado melhor em seguida, nunca a esperar um resultado ruim e

    desistir... Que devemos estar alertas para o fenmeno real da profecia auto-realizada...

    Mas quem vai discutir esses temas com eles? A famlia, sim mas cada vez menos? A religio, sim

    mas jovens mais escolarizados so cada vez menos religiosos. Sobrou para a escola! E a escola no

    pode ignorar esse fato muito menos se omitir nesse momento to crucial!

    O Mtodo Educare oferece algo especificamente no sentido de convidar reflexo? A Pesquisa, o

    Debate e, principalmente, a Sntese por acrescentar uma viso pessoal do tema certamente

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    estimulam a reflexo. Os tutores, ao oferecerem perguntas simples, que levam a raciocnios, tambm

    estimulam a reflexo. E o aluno que estuda sozinho ou em grupo mas sem tutores ou professores

    pode fazer diariamente exerccios de reflexo.

    A reflexo sobre os temas citados acima, nas oportunidades que o mtodo oferece, pode levar a umacompreenso mais abrangente e profunda de si mesmo, do significado e utilidade do estudo, do

    comportamento humano e do funcionamento geral do mundo algo necessrio para a manter a auto-

    estima e evitar a profecia auto-realizada.

    Motivao

    Como definir motivao ou, mais importante ainda, como diferenciar motivao de interesse? Se

    no o fizermos precisamente, como diferenciar um aluno desmotivado de um desinteressado?

    Digamos que uma pessoa que tem o objetivo de aprender e outra que no deseja e sim apenas

    divertir-se, sem pensar no amanh. fcil perceber que o segundo est desinteressado. Mas no

    necessariamente o primeiro ir atingir seu objetivo ele pode simplesmente no ter motivao

    suficiente, mesmo tendo interesse.

    Esse algo que se soma ao interesse e deciso de buscar um objetivo, no algo especificamente

    ligado a nenhum objetivo em particular ao contrrio, o que chamamos de Motivao algo geral,

    que apenas pode ser canalizado para um objetivo especfico. Cada um traz as suas motivaes e o

    papel do tutor facilitar o direcionamento desse energia para o estudo. Profissionais e empresrios de

    sucesso no tem apenas uma boa qualificao tcnica e uma viso apurada do seu mercado tambmsouberam canalizar suas motivaes de forma produtiva.

    Um aluno desmotivado sinaliza claramente que h algum problema srio: desde depresso at

    traumas pessoais e/ ou relacionados ao estudo. O papel do professor/ tutor o de reconhecer a

    desmotivao (diferenciado-a do desinteresse) e chamar a ateno dos pais e cuidadores para o

    problema. Apenas corrigindo a desmotivao o estudo pode passar a ter um rendimento satisfatrio.

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    Os determinantes das motivaes so amplos e de base tanto biolgica quanto psicolgica; o que nos

    interessa : estimar a motivao (diferenciando do aluno desinteressado); tentar canaliz-la para os

    objetivos do estudo. O papel do tutor essencial nestes aspectos: apenas com uma observao e

    interao individualizada, possvel reconhecer e canalizar as motivaes dos alunos. O aluno que

    estuda sozinho pode faz-lo atravs do exerccio dirio de reflexo.

    E como fazer para tentar canalizar a motivao para o estudo, ligando o estudo ao futuro algo que

    sempre parece distante, para o adolescente que vive o agora? Acreditamos que o principal o

    exemplo dos pais como eles se relacionam ao trabalho, ao estudo e perspectiva de futuro.

    Conversas em casa, com amigos e, se necessrio, com psiclogos tambm ajudam.

    Cabe a todos os envolvidos (pais e cuidadores, tutores, professores e colegas), convid-los a reflexo, a

    perceber as prprias motivaes e a canaliz-las de forma produtiva, direcionando-a aos seus

    objetivos.

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    Atividade fsica

    O exerccio fsico, especialmente aerbico, tem um efeito significativo sobre a formao de conexes

    cerebrais (sinapses) nas regies relacionadas a memria. Mesmo pessoas com doenas degenerativas

    (como Alzheimer e outras demncias) apresentam um efeito benfico evidente do exerccio.

    Alm disso, alunos com rendimento no satisfatrio no estudo frequentemente apresentam-se tensos

    pelo excesso de cobranas externas e auto-cobrana; muitos tem ansiedade determinada

    biologicamente, principalmente se apresentam tambm TDAH/ dficit de ateno. E a atividade fsica

    regular, especialmente aerbica (exerccios lentos e duradouros, como esteira/ bicicleta e natao),

    contribuem significativamente para reduzir a ansiedade e, consequentemente, melhorar o

    aprendizado e a auto-estima.

    Portanto, a prtica de regular de exerccios, especialmente aerbicos, imprescindvel no

    acompanhamento de todos os alunos com baixo rendimento no estudo assim como para alunos com

    rendimento normal.

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    Uma palavra sobre liderana

    Todos ns precisamos de liderana. E frequentemente tambm precisamos saber liderar. Se alunoscom rendimento normal precisam de uma boa liderana, alunos com rendimento abaixo da mdia e

    alunos com TDAH/ dficit de ateno, demandam ateno especial neste tema: simplesmente porqu

    uma liderana inadequada muitas vezes a causa principal do baixo rendimento no estudo.

    H vrias definies de liderana, todas elas imperfeitas. Uma definio simples poderia ser:

    influenciar pessoas para que faam algo voluntariamente. Ou seja, liderana pressupe respeito

    vontade, s decises do aluno. Mas o que fazer se o aluno simplesmente aparenta no querer ou no

    tomar a deciso de estudar como achamos que ele precisa?

    Neste ponto, torna ainda mais evidente a importncia de distinguirmos alunos desmotivados de

    alunos desinteressados (irresponsveis, mesmo?). Ambos requerem uma liderana muito bem

    orientada mas com estratgias completamente diferentes: 1. como despertar a motivao? 2. como

    despertar o interesse pelo estudo? Este segundo item talvez seja ainda mais difcil.

    E como fazer isso sem atropelar o aluno, sem desrespeitar sua vontade, sem cair na tentao simplista

    de tentar mandar ou de ameaar punies ou prometer recompensas... Embora tudo isso possa

    ter seu papel, lidar com alunos desmotivados ou desinteressados um enorme desafio para tutores,

    professores, pais e cuidadores.

    Acreditamos no ser possvel motivar pessoas e sim apenas despertar e canalizar motivaes j

    existentes um efeito bem menor do que gostaramos.

    Provavelmente poucas coisas tem um efeito maior para despertar a motivao do que encontrar algo

    que o aluno saiba fazer bem, o que tambm tem um efeito direto na auto-estima e a melhora da

    auto-estima que desperta a motivao e a canaliza para o que estiver provocando este efeito.

    Perceber-se fazendo algo bem feito faz o aluno perceber-se capaz, o ponto-chave do Mtodo

    Educare.

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    O que chamamos de liderar no Mtodo Educare simplesmente facilitar esse processo: aproveitar

    cada oportunidade de ocupar o aluno com algo que ele saiba fazer bem ou temas que ele tenha mais

    conhecimento estabelecido; e, em seguida, associar essas atividades com aquelas que ele precisa

    realizar como estudar alguns temas de matemtica...!

    Quanto ao aluno desinteressado, antes mesmo de liderana,

    preciso reflexo: alunos desinteressados precisam urgentemente ser

    convidados a perceber que a Terra no para de girar aguardando sua

    boa-vontade para fazer algo; que ningum tm todo o tempo do

    mundo e sim que h um tempo para cada coisa.

    Os tutores e professores podem e devem participar dessa estimulao

    mas este um papel fundamentalmente exercido pela famlia. Os

    lderes familiares (pais, mes e cuidadores) precisam assumir ativamente o papel de dosar cobrana

    e reflexo; o papel de despertar e canalizar as motivaes dos filhos para que eles ativem seus

    interesses geralmente latentes, apenas esperando uma oportunidade de se manifestarem.

    Marcus Sabry pgina 26

    O Mtodo Educare

    uma ferramenta para o

    que o tutor, o professor

    e a famlia aperfeioe o

    processo da liderana

    em cada oportunidade.

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    Uma palavra sobre TDAH/ dficit de ateno

    Todos ns sabemos que h crianas, adolescentes e adultos com graus variados de dificuldade demanter o foco da ateno; boa parte deles apresenta inquietao motora concomitante. Apesar de

    terem inteligncia normal ou acima da mdia frequente haver um

    desencontro entre sua forma de aprender e a forma das escolas

    ensinarem e avaliarem o aprendizado.

    bastante comum que esses alunos sofram rotulamento e bullying,

    agravados por algum grau de negligncia ou mesmo de abandono por

    parte das prprias escolas. Alm disso, boa parte sofre com excesso de

    intervenes mdicas, incluindo uso de medicamentos que, apesar de

    efeitos imediatos na ateno, tem efeitos questionveis sobre o

    resultado final, alm de frequentes efeitos colaterais (irritabilidade,

    perda do apetite, insnia, desencadeamento de sintomas ansiosos e

    depressivos) e contra-indicaes cardiolgicas. Mais ainda, o efeito

    negativo sobre a auto-estima e auto-conceito so consequncias

    inevitveis do uso de qualquer medicamento e do rotulamento em um

    diagnstico.

    O que o Mtodo Educare pode oferecer de forma especfica para

    alunos que realmente apresentem TDAH?

    O que o mtodo oferece para alunos com TDAH que ele funciona,

    independente de TDAH ou no-TDAH... Ou seja, o mtodo funciona porque baseia-se no

    funcionamento do crebro que o mesmo para TDAH ou no-TDAH!

    E Justamente por no ser especfico para quem quer que seja, o Mtodo Educare contribui para

    diminuir os efeitos do rotulamento. O mtodo de estudo, no de tratamento! O mtodo serve a

    quem precisa estudar, a quem precisa aprender, a quem precisa se tornar auto-didata embora,

    Marcus Sabry pgina 27

    preciso lembrar que

    muitas crianas

    simplesmente no

    apresentam TDAH e so

    equivocadamente

    diagnosticadas o que

    torna particularmente

    desastrosa qualquer

    tentativa de

    tratamento,especialmente se

    medicamentoso: todos

    os riscos fsicos e

    efeitos negativos sobre

    a auto-estima, sem

    qualquer benefcio.

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    indiretamente, ao atenuar o rotulamento, o mtodo ajude a retirar um obstculo significativo ao

    aprendizado de alunos com o diagnstico de TDAH.

    possvel que pessoas atualmente rotuladas de portadores de TDAH tenham um desempenho

    melhor com o mtodo, do que no-portadores, por alguns motivos:1. por ser uma sequncia de estudo mais individualizada, mais subjetiva incluindo a

    proporo de tempo utilizada para cada passo;

    2. por haver um grande espao para a criatividade, nos passos Pesquisa, Debate e,

    principalmente , no passo Sntese;

    3. por privilegiar a associao entre informaes, algo que os alunos com TDAH no

    tem dificuldade alguma ou at uma habilidade superior mesmo aparentemente

    distantes.

    Enfim, justamente por no ser especfico para portadores de TDAH que o Mtodo Educare lhes

    particularmente benfico: ao contribuir para desfazer o rtulo, o conceito inteiramente equivocado de

    que portadores de TDAH precisam de medidas adicionais, de mtodos especiais, de ferramentas

    poderosssimas para lidar com seu dficit, com sua falta de capacidade de algo...

    O que alunos que realmente tenham dificuldade de ateno precisam de uma forma de estudar que

    considere sua individualidade, que lhes deixe espao para sua criatividade, que lhes permita

    memorizar informaes ao associ-las livremente! Algo que lhes mostre que, embora possam ter

    alguma dificuldade na escola, frequente que tenham um desempenho acima da mdia na Faculdade

    e, mais ainda, no mercado de trabalho. Que sua eventual dificuldade de manter o foco em apenas um

    tema, durante o estudo, acompanhada de uma facilidade de relacionar informaes abstratas o

    que altamente valioso no mercado de trabalho.

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    Concluso: percebendo-se capaz

    Em todas os passos do Mtodo Educare h algo que mostra ao aluno que ele capaz. No apenas

    capaz de aprender um assunto mas de aprender a aprender. Capaz de aprender a cuidar de si mesmo ou seja, capaz de crescer. Capaz de elaborar e responder perguntas, capaz de captar dicas em

    perguntas simples, capaz de se orientar em um tema e de encontrar a melhor forma de abord-lo; de

    elaborar um ponto de vista e defend-lo respeitando o ponto de vista do colega.

    Capaz de escrever uma sntese do conhecimento sobre um tema, acrescentando sua viso pessoal.

    Capaz de refletir sobre a utilidade de saber matemtica e de refletir sobre o sentido da vida. Capaz de

    observar o exemplo dos pais e no apenas aprender com eles como agir e como no agir mas

    tambm expressar suas opinies a aprender a seguir seu prprio caminho.

    Se na escola o aluno

    precisa se tornar um

    auto-didata, na vida o

    adolescente precisa

    aprender a cuidar de si

    mesmo, assumindo

    uma vida mais que

    produtiva: saudvel e

    feliz!