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O mito da cidade global

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  • O mito da cidade-global

    Resenha Marina Scotelaro de Castro

    09 de Abril de 2011

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    O mito da cidade-global

    Resenha Marina Scotelaro de Castro

    09 de Abril de 2011

    A metrpole de So Paulo expressa hoje a marginalidade social de um pas que combina o atraso com o moderno, e uma abissal diferena entre os patamares extremos de renda. Em decorrncia deste fato, Joo Ferreira discorre acerca de um fenmeno amplamente conhecido nos dias atuais globalizao e como uma de suas manifestaes as cidades globais tem se infiltrado em todo o globo em busca da legitimao no modelo hegemnico neoliberal.

    fenmeno da paradiplomacia1 das cidades tem incitado vrias vertentes analticas, devido centralidade cada vez maior das mesmas na construo dos

    processos sociais. So nas cidades onde se concretizam polticas definidas desde conferncias internacionais at reunies de membros de pequenas comunidades. Grande parte da literatura que trata do processo de insero internacional das cidades est relacionada a uma ideia de competio internacional por recursos que viabilizem o desenvolvimento local. Entretanto, uma literatura crtica vem surgindo na medida em que os meios para alcanar uma posio internacional mais visvel mascaram e ignoram a continuidade dos problemas de desigualdade social que existem na marginalidade urbana, em especial nos pases em desenvolvimento. O mito da cidade-global: O papel da ideologia na produo do espao urbano, de Joo Sette Whitaker Ferreira2, um livro que

    1 A Paradiplomacia a modalidade de execuo de

    poltica externa pelos governos subnacionais (municpios ou estados) sem necessariamente passar pelo crivo da Unio. Ainda que no seja constitucional no caso brasileiro, estes atores buscam a concretizao dos objetivos de sua agenda local atravs de uma insero internacional fundamentada em seus prprios recursos.

    2 Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela USP e em Economia pela PUC-SP, Mestre em Cincia

    consegue sintetizar as teorias clssicas ligadas noo de globalizao e cidades globais de autores como Saskia Sassen, Manuel Castells e Jordi Borja, ao mesmo tempo em que questiona a aplicabilidade desses conceitos realidade brasileira e dos pases emergentes.

    Segundo Erminia Miricado, no prefcio do livro, a preocupao do autor demonstrar o mito de So Paulo como cidade global, contestando a tradio de mimetismo cultural combinada com a atitude de alienao em relao realidade do ambiente construdo local [que] impe ao pensamento crtico nacional uma tarefa de demonstrar cada construo das ideias fora do lugar. (FERREIRA, 2007, pg. 10). Ferreira critica a maneira como o Brasil, em especial So Paulo, absorveu os impactos da globalizao, fazendo com que o processo de reestruturao produtiva fosse comprometido pelos problemas de cunho social e pela perversidade do sistema patrimonialista brasileiro.

    Na apresentao do livro, Flvio Villaa aponta como sendo imperceptvel a ideia de que a globalizao vem substituindo de forma sutil o imperialismo do incio do sculo XX, renovando ideias e valores

    Poltica pela USP e Doutor em Arquitetura pela mesma universidade. Este livro ganhou o prmio de melhor tese de doutorado da ANPUR em 2005.

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    hegemnicos. A responsabilidade pela posio perifrica de alguns pases empurrada para uma suposta incompetncia dos mesmos em no se fazerem presentes nos conglomerados formados pela mdia/internet e pelo marketing urbano. Isso ilustra bem o foco do livro: elucidar a ideologia presente no fenmeno conhecido como cidade global, que legitima a ideia de globalizao para as cidades, que a tomam como porta de entrada para a modernidade, autonomia e respeito. As ideologias mascaram um processo social real, que, no caso de So Paulo, assim como de todas as cidades brasileiras, se caracteriza pela marginalidade dos urbanos, o atraso produtivo e a injustia social.

    Resultado de uma tese de doutorado em arquitetura e urbanismo, o livro agrega vrios campos do conhecimento, sendo multidisciplinar a ponto de se tornar referncia crtica para analistas internacionais, socilogos, economistas e tambm para arquitetos e urbanistas. O principal objetivo do livro desmitificar a ideia de que as cidades precisam seguir um modelo neoliberal hegemnico para sobreviver no mercado globalizado e que, para isso, devem se submeter a determinadas formas de planejamento de seu espao urbano, conhecido como modelo de cidade global, classificao em que comumente se v inserida So Paulo.

    Partia-se do pressuposto de que as causas de excluso do espao brasileiro se relacionavam estruturao desigual da sociedade e da economia, culpa da burguesia que vendeu o Brasil internacionalmente, o conhecido patrimonialismo brasileiro, o que veio se juntar de forma satisfatria aos preceitos da nova ideologia dominante da globalizao, que invade a periferia mundial com ajustes e transformaes inaptos s suas especificidades. Ocorre que uma verificao mais detalhada do caso mostrou-se til para revelar no s as

    dificuldades da caracterizao de So Paulo como cidade global como, sobretudo, elucidar uma das estratgias de reproduo do sistema neoliberal vigente.

    A construo do argumento: inexequibilidade de conceitos

    Inicialmente, o autor apresenta o mito que gira em torno da classificao de So Paulo como uma cidade global. Apresenta a teoria da cidade global, cujo pressuposto se baseia na ideia de que as transformaes da dcada de 1970 alteraram o papel e a forma de organizao das cidades mundiais que se destacam no sistema econmico global, criando um novo papel estratgico para as grandes cidades (SASSEN, 1998).

    A ideia de cidade global se realiza por meio de um planejamento e marketing urbano que torna a cidade competitiva ao adaptar suas condies fsicas para a recepo de edifcios de ultima gerao. O ideal eliminar da cidade toda a marginalidade e informalidade existente, transformando-a em uma empresa. Entretanto, este planejamento no foi adotado em So Paulo, cujo propsito fora apenas de se inserir no mercado internacional, com um consenso legitimado apenas pela elite interessada junto com o governo.

    A classificao de So Paulo como cidade global, segundo o autor, incide sobre uma impreciso histrica. O que autores clssicos apontam como resposta da cidade demandas da globalizao, na verdade, j fazia parte do processo de desenvolvimento da cidade. H muitos anos So Paulo tem grande importncia econmica, mas exagero dizer que essa colocao foi uma consequncia da globalizao das ultimas duas dcadas. A centralidade globalizada da regio Marginal Pinheiros (centro da anlise do livro) na verdade sempre existiu. inegvel sua atual intensidade, mas a regio sempre comportou o setor tercirio,

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    naturalmente estruturado nesta grande metrpole que outrora fora o centro industrial do pas e tambm locus das grandes elites empresariais brasileiras (FERREIRA, 2007).

    Para dar suporte sua anlise, Ferreira lana mo do conceito de ideologia baseado na acepo marxista, sendo uma falsa representao terica da realidade que legitima o poder dos dominantes, aplicando-se ao urbano uma vez que a produo do espao reproduz no territrio, nas disputas pelo espao e pela apropriao da sua valorizao, as dinmicas da luta de classes (FERREIRA, 2007, pg. 47). A globalizao a ideologia das foras neoliberais que coopta as elites e mercados promissores dos pases subdesenvolvidos. O paradigma da cidade global aliou-se ao processo de entrada de multinacionais no territrio brasileiro e tambm com as aspiraes da elite nacional em perpetuar sua hegemonia interna.

    Em seguida, o autor empenha-se em desconstruir o argumento de que So Paulo tem a condio de alar-se globalmente como cidade referncia, j que os critrios no se verificam. feita uma reviso dos atributos da cidade global de So Paulo: os tradicionais fluxos econmicos, sedes de empresas multinacionais, o declnio do emprego industrial e o fortalecimento dos empregos no setor de servios. Considerando que a globalizao faz emergir uma sociedade informacional, caracterizada essencialmente pela desindustrializao e por um tercirio avanado (CASTELLS, 1995), Ferreira apresenta dados que demonstram que, acima de tudo, a concentrao do tercirio avanado na regio da Marginal Pinheiros ocorre essencialmente pela emergncia da economia informal e de precrias condies de trabalho. Muito mais do que o fortalecimento dos servios, fenmeno amplamente defendido pelos idelogos da cidade mundial, acreditamos que tenha ocorrido em So

    Paulo um aprofundamento do movimento de desestruturao do mercado de trabalho (FERREIRA, 2007, pg.59, grifo do autor).

    O que era de se esperar como algo novo, uma nova tendncia gerada a partir da globalizao, no passa de processos preexistentes com uma nova roupagem que legitima a polarizao entre pobres e ricos, a desigualdade socioespacial. E mais: o que ocorre hoje na Marginal Pinheiros aconteceu 30 anos atrs na regio da avenida Paulista, talvez com menos intensidade, mas com as mesmas causas, ou seja, antes do espao temporal de 1970 em diante, marcado como incio do processo de globalizao.

    No terceiro captulo o autor argumenta a problemtica que gira em torno da teoria cidade global e de sua relao inextrincvel do fenmeno da globalizao, que mesmo sendo inegvel pela reestruturao do sistema produtivo mundial, em termos de tempo-espao, tambm est imbuda de um discurso ideolgico que ajusta os percalos vividos pelo capitalismo, sugando os novos atores s rdeas do desigual sistema econmico mundial (FERREIRA, 2007, pg. 15).

    A globalizao, segundo Ferreira, manipulou o imaginrio brasileiro acerca da modernizao e integrao da economia global capitalista. O autor apresenta a crise do capitalismo ps-guerra e os supostos novos padres tecnolgicos, a reestruturao produtiva e o aprimoramento da diviso internacional do trabalho. Contudo, essa revoluo foi mais percebida nos pases industrializados, com a superao do modelo fordista3. Entretanto, no h nada

    3 O modelo fordista uma forma de organizao de

    trabalho baseado na produo em massa por meio de linhas de montagem, com mo de obra desqualificada, que perdurou de 1945 at 1973 no perodo de grande expanso e recuperao do capitalismo aps a II Guerra Mundial. (SANTOS, 2009).

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    de to novo assim na globalizao. possvel enxergar sim uma complexificao da modernizao e da prpria crise estrutural do capitalismo iniciada em 1929, sem nenhum processo significativo de internacionalizao e disperso global de recursos.

    A cidade global, em seu tipo ideal, no existe, e por isso deve ser construda, ao menos ideologicamente. Entretanto, o resultado mais concreto disso a perpetuao das desigualdades. O Consenso de Washington4 marcou definitivamente a dependncia dos pases subdesenvolvidos ao modelo capitalista neoliberal. Os mercados consumidores do sul foram conquistados sob os preceitos modernizantes que na verdade, no passavam de uma transferncia da produo com mo de obra barata, sem qualquer compartilhamento de tecnologia de ponta, minando qualquer possibilidade de melhoria das condies sociais.

    A cidade das sociedades capitalistas perifricas reflete a marginalidade e dualidade resultantes do princpio de perpetuar a subordinao do desenvolvimento manuteno da ordem elitista vigente, combinando o atrasado com o moderno. (FERREIRA, 2007, pg. 127). Aplicando-se a um caso, a cidade de So Paulo agrega o que h de melhor e pior na sociedade brasileira, onde crescem as desigualdades sociais concomitantemente concentrao de ilhas de excelncia econmicas.

    Expostas mais claramente as teorias, o autor tenta ento verificar que relao pode existir entre esses novos conceitos de globalizao/cidade global com o boom

    4 O Consenso de Washington o nome dado s

    medidas resultantes da negociao que envolveu os pases desenvolvidos no final da decada de 1980 sobre a crise da Amrica Latina do perodo. Dentre as reformas definidas, esto a liberalizao e privatizao das economias latino-americanas, a fim de conter a excessiva interferncia do Estado em assuntos econmicos bem como controlar os dficts pblicos gerados pela sua ineficincia (BRESSER-PEREIRA, 1991).

    imobilirio de edifcios que sustentam os escritrios do setor de servios e tambm com o fenmeno mundial de urbanizao. Ferreira analisa o processo de reestruturao produtiva e a produo do espao urbano e regional nos pases desenvolvidos criticando aqueles que os relacionam diretamente com a terceirizao da economia, interesses imobilirios e do poder pblico. A renovao urbana de So Paulo um exemplo emblemtico da independncia dessa viso, j que o que se verifica uma elitizao urbana sem grandes sedes multinacionais ou outros atributos que a classificariam como cidade global. Para David Harvey, outro expoente de criticas urbanizao, esse boom veio como um ajuste natural dentro do sistema de acumulao capitalista, j que reproduz mais uma vez as imperfeies desse sistema o que leva o autor a argumentar que isso no tem nada de novo, mas apenas mais um repetio circunstancial de uma estratgia para manuteno do sistema.

    O principal problema da interpretao cnone do fenmeno globalizante e da emergncia de cidades globais sua metodologia estruturalista, ou seja, as cidades que se adaptam segundo o contexto global. Ferreira critica duramente essa viso, demonstrando por meio da Teoria da Mquina do Crescimento a importncia das dinmicas scio-histricas morfolgicas de cada cidade como determinantes de sua condio. preciso levar em conta o indivduo como reclamante pelo espao, que cria coalizes para alcanar seus objetivos, anlise importante para se determinar quem de fato controla a cidade. Junto com o Estado, a classe dominante ou rentista canaliza os fundos pblicos em favor de uma apropriao dos ganhos que o espao propicia, fenmeno historicamente conhecido no Brasil, o patrimonialismo.

    Por fim, o autor aplica as discusses anteriores a So Paulo, comparando a Marginal Pinheiros como outras regies

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    da cidade, utilizando de vrios dados empricos, os nveis de fundos de penso e o incentivo atividade imobiliria para demonstrar que no houve uma modernizao ou de sua internacionalizao do setor tercirio na regio. Uma das causas apontadas de cunho estrutural, uma clara falta de experincia no desenvolvimento do setor. O que houve de novos empreendimentos deveu-se s iniciativas individuais, e no por uma centralidade tercirias. Os shoppings, rede de hotelaria e at novos desenhos urbansticos, apesar de se apresentarem sob o discurso dominante proferido especialmente pela mdia e pelos governos de resposta s demandas dos atributos para ser uma cidade global no esto causalmente ligados globalizao.

    A mquina do crescimento paulistana existe devido a grupos extremamente polarizados e inao do estado. Uma luta mais ampla e endgena, a luta pela construo da nao, mascarada por faces organizadas da burguesia, ora voltadas para melhores condies de habitao, ora ligadas a utilizao puramente econmica do espao da cidade, que caracterizam a suposta luta exgena por um lugar no capitalismo global. A tendncia que a natureza desses investimentos privados e governamentais em megaprojetos de higienizao e modernizao da cidade continue at quando existirem espaos livres para novos edifcios que suportem os escritrios de grandes empresas internacionais e at quando sua ideologia seja tomada como legitima por polticos, empresrios e acadmicos no s brasileiros, mas de todos os marginais ao processo.

    Consideraes finais

    Ainda que as crticas sobre o conceito de cidade global tenham se iniciado ainda na

    dcada de 1990 com outros autores5, Joo Ferreira reaviva a discusso em sua obra analisando um longo perodo e construindo assim argumentos bem sustentados. A falsa realidade na qual se baseia grande parte das produes acadmicas vindas de pases liberais contestada realisticamente no livro.

    Alguns processos so inexorveis, mas os cursos de ao definidos a partir deles so opcionais. O principal argumento do livro aponta para o fato de que os tericos da cidade global limitam-se a dizer que as estratgias adotadas pelas cidades so apenas respostas a uma demanda maior, que determina os padres de interao globais. relativamente descomplicado inserir So Paulo no rol de cidades globais sem realizar nenhuma anlise meticulosa daquilo que se constituem os atributos de sua definio, como bem demonstra Ferreira.

    Os fundadores da modernidade formam a ideologia e esta amplamente disseminada pelo globo sob vrias formas. Princpios democrticos, direitos humanos e cidades globais. A imagem de cidade moderna serve como ideologia perfeita para legitimar megaprojetos arquitetnicos, redefinio espacial e empreendimentos culturais. Embora possa ter havido alguma influncia da globalizao econmica, especialmente na dcada de 1990, o autor defende que isso no foi determinante na construo do espao tercirio da cidade de So Paulo. Temos ento, uma absoluta subordinao do desenvolvimento urbano lgica do capital, sob o patrocnio do Estado patrimonialista. Este o verdadeiro perfil da produo da arcaica cidade-global que So Paulo. (FERREIRA, 2007, pg. 222).

    5 Jos Luis Fiori, Maria da Conceio Tavares, Paulo

    Nogueira Batista Jr, Otlia Arantes, Carlos Vainer, Ermnia Maricato dentre outros que se dedicam a produes crticas sobre a globalizao no sul e planejamento urbano.

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    Referncia

    FERREIRA, Joo Sette Whitaker. O mito da cidade-global: o papel da ideologia na produo do espao urbano. Vozes: So Paulo, SP. 2007.

    Leitura complementar

    BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. A Crise da Amrica Latina: Consenso de Washington ou Crise Fiscal. Pesquisa e Planejamento Econmico, 21 (1), abril 1991. Disponvel em: http://www.bresserpereira.org.br/papers/1991/91-AcriseAmericaLatina.pdf. Acesso em: 2 de mar. 2011

    BORJA, Jordi. Las ciudades en la globalizacin: planificacin y proyecto de la ciudade. In: Ciclo de conferncias: La planificacin estratgica, un instrumento integral e integrador de desarollo. Municipalidade de Bahia Blanca. Direccin de Planificaci estratgica. Argentina, dez./1999

    CASTELLS, Manuel. La ciudad informacional: tecnologas de la informacin, reestruturacin econmica y el processo urbano-regional. Madri: Alianza, 1995.

    HARVEY, David. Condio ps-moderna. So Paulo: Loyola, 1992.

    SASSEN, Saskia. As cidades na economia mundial. So Paulo: Estudio Nobel, 1998.

    SANTOS, Vinicius Correia. Da era fordista ao desemprego estrutural da fora de

    trabalho: mudanas na organizao da produo e do trabalho e seus reflexos. VI Colquio Internacional Marx e Engels. So Paulo, 2009. Disponvel em: http://www.ifch.unicamp.br/cemarx/coloquio/Docs/gt9/Mesa1/da-era-fordista-ao-desemprego-estrutural-.pdf. Acesso em: 2 de mar. 2011

    Palavras chave: cidade global, modernizao, globalizao, ideologia.