O momento da inteligência

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10 Janeiro/Fevereiro/Março de 2013 STORE MAGAZINE “Temos de ser capazes de construir economias baseadas na inteligência”. A afirmação é de Augusto Mateus, economista, ex-ministro da Economia e fundador da consultora Augusto Mateus & Associados. Na sua opinião, este é o momento da inteligência. Até nas medidas de austeridade: “Austeridade inteligente é aquela que percebe que não há ganho nenhum para o País em que o Estado esteja organizado sem eficiência”. O momento da inteligência Augusto Mateus, economista e consultor Store | Tem defendido que a saí - da da crise não está no aumento dos impostos, mas no investi- mento privado. Como? Augusto Mateus | Estamos nesta situação de dificuldade por duas razões. A primeira é que virámos a economia demasiado para dentro de casa, quando devíamos tê-la virado mais para fora, uma vez que somos uma economia pequena. O mundo mudou muito nos últimos 20 anos, acelerou-se aquilo a que chamamos globalização, forma- ram-se mercados verdadeiramen- te globais, as cadeias de abaste- cimento e de valor tornaram-se também elas globais. Há hoje uma imensa fragmentação das ativi- dades das empresas por todo o mundo: é muito menos importante onde as coisas são feitas e muito mais importante quem distribui es- sas coisas junto dos consumidores finais. Temos uma inflexão imen- sa a fazer, que é passar de uma economia virada para dentro para uma economia mais virada para fora, mas numa perspetiva global – temos de perceber que tanto podemos levar bens e serviços a consumidores que estão no exte- rior como podemos trazer consu- midores do exterior para consumir as pessoas consumiram mais do que podiam, não no sentido de que faça mal às pessoas acederem a bens e serviços no consumo, mas faz mal aceder de forma não sus- tentável. Precisamos de fazer uma coisa muito fácil de enunciar mas difícil de concretizar que é revisitar os nossos modelos de consumo e ajustá-los. Para quem não está muito limitado nas suas escolhas pelo poder de compra, é possível melhorar o nível de vida eventual- mente até com uma redução da despesa de consumo. É completa- mente diferente uma família ter me- nos despesa de consumo porque Grande Plano Fátima de Sousa jornalista [email protected] bens e serviços. Por outro lado, há muito a fazer em Portugal concor- rencialmente para vender tão bem no mercado doméstico como no internacional: há muitas atividades em que fazer concorrência às im- portações é exatamente o mesmo que exportar, uma vez que esta- mos a disputar o mercado de bens e serviços transacionáveis. Store | Qual é a segunda razão que aponta para estarmos nesta crise? AM | Fomos longe demais no mo- delo de financiamento do consu- mo pela dívida. Seguramente que

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O momento da inteligência

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10 Janeiro/Fevereiro/Março de 2013 STORE MAGAZINE

“Temos de ser capazes de construir economias baseadas na inteligência”. A afirmação é de Augusto Mateus, economista, ex-ministro da Economia e fundador da consultora Augusto Mateus & Associados. Na sua opinião, este é o momento da inteligência. Até nas medidas de austeridade: “Austeridade inteligente é aquela que percebe que não há ganho nenhum para o País em que o Estado esteja organizado sem eficiência”.

o momento da inteligênciaAugusto Mateus, economista e consultor

Store | Tem defendido que a saí-da da crise não está no aumento dos impostos, mas no investi-mento privado. Como?Augusto Mateus | Estamos nesta situação de dificuldade por duas razões. A primeira é que virámos a economia demasiado para dentro de casa, quando devíamos tê-la virado mais para fora, uma vez que somos uma economia pequena. O mundo mudou muito nos últimos 20 anos, acelerou-se aquilo a que chamamos globalização, forma-ram-se mercados verdadeiramen-te globais, as cadeias de abaste-cimento e de valor tornaram-se

também elas globais. Há hoje uma imensa fragmentação das ativi-dades das empresas por todo o mundo: é muito menos importante onde as coisas são feitas e muito mais importante quem distribui es-sas coisas junto dos consumidores finais. Temos uma inflexão imen-sa a fazer, que é passar de uma economia virada para dentro para uma economia mais virada para fora, mas numa perspetiva global – temos de perceber que tanto podemos levar bens e serviços a consumidores que estão no exte-rior como podemos trazer consu-midores do exterior para consumir

as pessoas consumiram mais do que podiam, não no sentido de que faça mal às pessoas acederem a bens e serviços no consumo, mas faz mal aceder de forma não sus-tentável. Precisamos de fazer uma coisa muito fácil de enunciar mas difícil de concretizar que é revisitar os nossos modelos de consumo e ajustá-los. Para quem não está muito limitado nas suas escolhas pelo poder de compra, é possível melhorar o nível de vida eventual-mente até com uma redução da despesa de consumo. É completa-mente diferente uma família ter me-nos despesa de consumo porque

Grande Plano

Fátima de [email protected]

bens e serviços. Por outro lado, há muito a fazer em Portugal concor-rencialmente para vender tão bem no mercado doméstico como no internacional: há muitas atividades em que fazer concorrência às im-portações é exatamente o mesmo que exportar, uma vez que esta-mos a disputar o mercado de bens e serviços transacionáveis.

store | Qual é a segunda razão que aponta para estarmos nesta crise?AM | Fomos longe demais no mo-delo de financiamento do consu-mo pela dívida. Seguramente que

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percebeu a importância de poupar e, perante a incerteza do futuro e do modelo social, tomou uma de-cisão. Mas se uma família tiver de consumir menos porque lhe cor-taram rendimento, isso é um ato negativo, visto como de destruição e não de construção. Mesmo do ponto de vista subjetivo há aqui uma grande diferença, que é fun-damental em períodos como este.Devia haver incentivos à poupança. Aumentar certos impostos devia ter como contrapartida baixar ou-tros, porque se trata de reorientar a economia. Qual era a grande van-tagem? Com mais poupança há mais recursos no setor financeiro, mais facilmente os bancos podem preencher os requisitos da conver-são dos depósitos em crédito, logo há mais crédito para conceder e há mais capacidade de investimento.Verdadeiramente, se estou inte-ressado em que exista mais cres-cimento e mais emprego, tem de haver mais investimento privado e para isso tem de haver mais con-dições de financiamento e maior capacidade empresarial.Tenho insistido muito numa ideia simples: endividámo-nos todos demasiado – o Estado, as famílias, as empresas. A história em que muitos acreditaram revelou-se mal contada – a Europa, no seu con-junto, viveu quase duas décadas

blica tem de estar concentrada na-quilo que é absolutamente crucial e que tem a ver com a democracia, a equidade, a confiança dos agen-tes económicos e dos cidadãos no funcionamento da economia. Está presa a coisas como a saúde, a educação, o ambiente.É preciso um grande esforço de refundação global onde o inves-timento público tem o seu papel, mas no essencial do futuro cresci-mento, dos futuros empregos está o investimento privado. É feito por investidores nacionais e estrangei-ros, mas no centro desse investi-mento estão as empresas e se as empresas não tiverem rendibilida-de não investem, apenas assistem a uma crise económica em que vão perdendo mercado, onde vão gerando desemprego. É crucial saber o que estamos a fazer. Vejo muitas pessoas desvalorizarem o exercício da austeridade: eu tenho dito que, como na vida, há a auste-ridade estúpida e há a inteligente, a boa e a má – estúpida e má dis-pensamos, mas inteligente e boa devemos exigir.

store | Austeridade inteligente?AM | É, por exemplo, perceber que não se vai a lado nenhum com um Estado forte e uma economia fraca e uma população enfraquecida. Só se vai a algum lado se se equilibrar

“É completamente diferente uma família ter menos despesa

de consumo porque percebeu a importância de poupar e, perante a incerteza do futuro e do modelo

social, tomou uma decisão. Mas se uma família tiver de consumir

menos porque lhe cortaram rendimento, isso é um ato

negativo, visto como de destruição e não de construção”

Um olhar na primeira pessoa

DistRiBuição

“Qualquer pessoa atenta à realidade da dis-tribuição percebe que não está fácil a vida nos centros comerciais, nas grandes super-fícies, que há novos modelos de comércio, que é cada vez mais claro um diálogo con-correncial entre propostas comerciais cen-tradas numa grande capacidade de com-prar e vender com margens pequenas e pro-postas comerciais centradas numa grande capacidade de distribuir serviço e valor com margens maiores mas quantidades meno-res. Entre a especialização e o grande sortido, entre a margem pequena do grande volume e a margem grande da capacidade de prestar serviço, há variadíssimos modelos.Se fizemos algumas interrogações objeti-

vas sobre vendas por metro quadrado, os hipermercados têm grande dificuldade em sair bem nessa fotografia comparativamen-te com outras realidades. Não é por acaso que os supermercados hoje têm um desem-penho melhor do que os hipermercados, não é por acaso que os centros comerciais também se diferenciam, os de personalida-de têm um desempenho muitíssimo melhor do que os parecidos em qualquer parte do mundo. Veja o que foi uma distribuição que comer-cializa marcas da indústria, que começou a perceber que podia ter um papel naquilo que vieram a ser os produtos brancos e que depois percebeu que podia haver as marcas

da produção e as da distribuição. Na eco-nomia em que vivemos há uma maior pro-ximidade do consumidor ao distribuidor do que ao produtor e, portanto, as marcas do distribuidor eram realidades que podiam ter muita força. Agora vai-se descobrindo que não são para retirar mercado às da produ-ção e que há mesmo um efeito de satura-ção: a partir de um certo nível de crescimen-to das marcas da distribuição, a operação global vai perder rentabilidade, porque há uma margem mais atrativa naquilo que são os grandes produtos de referência das mar-cas industriais e se eles forem ameaçados pelo progresso das marcas da distribuição toda a gente é prejudicada”.

em que mantiveram os seus níveis de vida praticamente intocados perante uma redução drástica do ritmo de crescimento, o envelhe-cimento fortíssimo da população e, portanto, uma subida das des-pesas sociais, com desequilíbrios muito importantes ao nível dos orçamentos de Estado. As econo-mias mais vulneráveis acumularam dívidas substanciais e agora temos pela frente um processo de desa-lavancagem, um processo em que é preciso responder a essa dívida com desendividamento, porque não só não é possível continuar a pedir emprestado ao ritmo a que se pedia, como é preciso pagar parte da dívida.

store | Vê uma saída?AM | No essencial, a solução desta crise passa pela sua componente construtiva, por um novo modelo económico, uma nova forma de produzir, de vender, de consumir. Que não é radicalmente diferente, mas tem elementos muito novos. Estamos numa grande mudança e desse ponto de vista o papel da política pública é definir boas re-gras do jogo, bons incentivos que orientem as famílias, as empresas e os investidores na boa direção. Mas, obviamente, não há a possi-bilidade de a despesa pública ser o motor da economia. A despesa pú-

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Grande Plano

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a relação entre Estado, famílias e empresas: não pode haver um Estado que melhora à custa das famílias e das empresas, que pio-ram. O tipo de medidas de auste-ridade que têm sido tomadas não é encaixado pelas famílias e pelas empresas de forma adequada e os efeitos secundários queimam os efeitos positivos. São precisas medidas de acompanhamento. As empresas estão muito penali-zadas e vão revendo em baixa os seus planos de investimento: por mais que se converse sobre cres-cimento e sobre emprego, acon-tece o contrário.Austeridade inteligente é aquela que percebe que não há ganho nenhum para o País em que o Estado esteja organizado sem eficiência. O nosso Estado foi construído numa lógica centrada no emprego e não na eficiência. O que precisamos é de usar bem os nossos impostos, de usá-los para produzir bens e serviços que o mercado não produz e que são essenciais – educação, saúde, al-gumas infraestruturas no sentido de serviços e não de equipamen-to. Infelizmente, há muitos conce-lhos em Portugal onde o Estado é o maior empregador. Vamos ter de fazer uma coisa que é inteligente e que é boa, mas difícil: organizar um Estado com melhores solu-ções de eficiência, eventualmente com menos emprego. Se calhar, precisamos de aumentar empre-go nalgumas entidades públicas e noutras, se calhar, precisamos de destruir completamente o em-prego. Isto vai gerar problemas de emprego no setor público, mas têm de ser acautelados com políti-cas sociais. O erro é ter medo das consequências e converter o que devia ser gerido pela eficiência no primado do social. Estragam-se as duas coisas.Não conseguimos escapar a esta restruturação. O modelo social europeu não é possível. Estamos confrontados com isto: necessi-dades do século XXI, tecnologias do século XX e organizações do século XIX. Precisamos de melho-rar drasticamente a organização. Com uma pirâmide etária comple-tamente invertida, o modelo social não tem hoje suporte demográfi-co. Temos de ter outro modelo de

financiamento – só vamos ter todos acesso à saúde quando tirarmos da cabeça a ideia de que a saúde só se paga quando temos necessida-de dela, temos de a pagar desde o início da vida ativa.

store | Mas encontra uma estra-tégia para as atuais medidas, isto é, para os cortes?AM | Há uma estratégia que tem ideologia a mais – é uma ideologia que surge nestes momentos de crise. As economias não são dife-rentes das pessoas: entusiasmam--se, entram em depressão, voltam a entusiasmar-se… As políticas

públicas são boas quando evitam que estas oscilações sejam muito amplas. O que temos de perceber é que há momentos em que a crise é mais profunda e estamos a viver um desses momentos. A econo-mia não recupera por si. E as pes-soas percebem que há muita coisa em causa – daí a sua desesperan-ça. Quanto mais passar para que percebamos que é preciso fazer um conjunto de reformas de fundo mais tarde saímos da crise. A ide-ologia a que me refiro é a ideologia da deflação. É uma ideologia das pessoas habituadas a pensar de uma maneira e que têm uma enor-me dificuldade em pensar a trans-formação da sociedade. São como o surfista que está em cima da água e, de repente, fica sem onda, sem água… demora algum tempo a perceber…Há uma incompreensão da di-mensão da crise. Pensa-se que basta fazer deflação, desvalorizar salários para, sobre coisas que se tornaram mais baratas, surgir a atratividade do novo período. Mas isso era se fosse para recomeçar tal como estávamos, mas agora é para recomeçar diferente. A defla-ção é um perigo.É preciso pôr esta ideologia na ordem. Não é substituindo auste-ridade pelo crescimento. É perce-bendo que precisamos de desen-dividar, de ganhar eficiência, de cortar despesas, de reduzir défi-ces. Tudo isto é destrutivo, para ser feito precisa de um conjunto de medidas de acompanhamento que produzam resultados em pessoas que arriscam investir, em empre-sas que arriscam encontrar novos produtos, novos serviços, novos mercados.Há uma enorme dificuldade da po-pulação em perceber as medidas que estão a ser tomadas. Porque uma coisa é tributar as empresas, outra é tributar as pessoas que têm como fonte de rendimento os lucros das empresas. Não posso confundir as duas coisas: os rendi-mentos do capital que devem ser chamados a ter um papel forte no esforço de austeridade são os ren-dimentos apropriados pelos parti-culares com origem nos lucros ge-rados pelas empresas, não os que são mantidos nas empresas para fazer investimento. Se a empresa

“Se decidir pelo mercado o que devo decidir pelo mercado e pela democracia o que devo decidir pela democracia, consigo o pequeno milagre de o interesse privado convergir com o interesse geral. É preciso parar para pensar”

“A despesa pública tem de estar concentrada naquilo que é absolutamente crucial e que tem a ver com a democracia, a equidade, a confiança dos agentes económicos e dos cidadãos no funcionamento da economia. Está presa a coisas como a saúde, a educação, o ambiente”

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não distribui e investe naquilo que serve a saída da crise, devia ser in-centivada.Sem investimento privado, a eco-nomia não consegue dar um senti-do útil à austeridade. O crescimen-to não vai acontecer por acontecer, vai acontecer com investimento e privado, porque o público é muito escasso e tem de ser concentrado em coisas de outro tipo, que fazem mais coesão e equidade.Store | Diria que os próprios em-presários têm noção deste papel que podem desempenhar?AM | Verdadeiramente onde está o valor é na capacidade empreende-dora, de ver mais longe, de ver a partir de cima, de misturar coisas que estão separadas. De ligar o que não estava ligado, a universi-dade com o mercado, a tecnologia com o produto, os materiais com a forma de consumir. É muito por aí que a economia portuguesa tem de fazer o seu caminho. E temos de separar mais propriedade, ges-tão e capacidade empreendedora. Temos falta de empreendedores e proprietários a mais do ponto de vista da sua presença no mundo empresarial, não do acesso à pro-priedade. E muitas vezes temos uma gestão amadora que conduz a ineficiência, que conduz a fraca competitividade.E competitividade é vender o que não se compra. A Renova pôs cor no papel higiénico – é tipicamente uma coisa de empreendedorismo, de inovação. Para o fazer precisou de gestão. A propriedade para aqui não foi muito chamada, a não ser no sentido de avalizar esta aventu-ra. Precisamos de muito mais cria-tividade na nossa vida empresarial.

Store | Um conceito que anda de mãos dadas com a competitivi-dade é a concorrência. somos uma economia concorrencial?AM | Ás vezes, achamos que po-demos ter empresas competitivas sem concorrência, mas sem con-corrência não há competitividade. Temos de estimular a concorrên-cia, o que, num país pequeno, tem desafios. Temos algumas ativida-des em que precisamos apenas de uma empresa, porque se fos-sem duas seríamos menos com-petitivos. Mas é completamente diferente ter uma empresa mono-

subida dos preços: os operadores mais pequenos tentam captar mer-cado e vão baixando os preços, mas há um limite a partir do qual não há rendibilidade e então são os grandes operadores que iniciam o ciclo ascendente; como são maio-res, a subida é mais rápida do que a descida que se faz através dos pequenos. Por isso é que no mer-cado português se sente que os preços descem mais devagar do que sobem.É um mercado concorrencial, em-bora pareça às pessoas que há uma concertação permanente por-que andam sempre a mexer nos preços. Só deixa de ser concorren-cial quando os operadores, para travarem a contestação e a deses-perança, passam a não repercutir no mercado os custos e decidiram não ser razoáveis e vender abaixo do que o mercado exigiria. Depois, há períodos em que tentam recu-perar, com preços um pouco aci-ma. O que nos leva a pensar de forma errada é termos um vizinho com uma política fiscal mais favo-ráveis para os combustíveis, que os torna mais baratos.

store | Quando fala de austerida-de, distingue entre a inteligente e a estúpida. este é o momento da inteligência?AM | É, é o momento da inteligên-cia. Se quisermos escolher uma característica humana que seja mais inclusiva duvido que se en-contra outra melhor do que a inte-ligência. Temos é de ser capazes de construir economias baseadas na inteligência, em coisas que são fáceis de entender – o interesse geral, o bem comum e uma pro-cura do interesse privado, pessoal em articulação com esse interesse geral e esse bem comum. A articu-lação entre a democracia e o mer-cado é isto. Um mercado dinâmico e bem regulado e uma democra-cia a funcionar bem é um mundo onde eu tenho as pessoas a de-cidir umas coisas pelo mercado e outras pela democracia. Se decidir pelo mercado o que devo decidir pelo mercado e pela democracia o que devo decidir pela democra-cia, consigo o pequeno milagre de o interesse privado convergir com o interesse geral. É preciso parar para pensar.

“Temos falta de empreendedores e proprietários a mais do ponto de

vista da sua presença no mundo empresarial, não do acesso à

propriedade. E muitas vezes temos uma gestão amadora que conduz a ineficiência, que conduz a fraca

competitividade”

“É preciso um grande esforço de refundação global onde o investimento público tem o seu papel, mas no essencial do futuro crescimento, dos futuros empregos está o investimento privado”

polista bem regulada ou ter uma empresa monopolista não regula-da. Posso ter uma empresa única sujeita a concorrência por política de regulação.Há mercados em que pode não ha-ver diferenças. Como o dos com-bustíveis. É claramente o drama da diferença entre o simples olhar para a realidade e o conhecimen-to da realidade. Há concorrência. Mas não pode haver divergência. Os preços andam sempre a dançar e essa dança é um sinal de con-corrência. Há ciclos de ascensão e